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Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 21 PÊNDULO SIMPLES 1. Resumo Um pêndulo é largado de uma determinada altura, medindo-se a sua velocidade linear quando passa pela posição mais baixa. Este procedimento é repetido para diferentes alturas. Os dados assim obtidos são processados de modo a verificar a conservação da energia mecânica do sistema e a calcular o valor da aceleração gravítica. 2. Tópicos teóricos Considere-se um pêndulo simples. Se desenharmos o diagrama de forças (ver fig. 1) que lhe estão aplicadas, facilmente se observa que a resultante dessas forças não é constante no tempo. Basta para tanto reparar que se o peso se mantém constante, a tensão varia consoante a posição do pêndulo. Por este motivo, torna-se um pouco mais difícil recorrer ao formalismo newtoniano para descrever o movimento do pêndulo. Assim, este sistema é, muitas vezes, estudado com base no princípio da conservação da energia mecânica. Fig. 1 Recorde-se que este princípio se traduz pela expressão: te PCM c=+= EEE (1) onde as variáveis têm o seguinte significado: A B T r P r Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 22 EM – energia mecânica EC – energia cinética EP – energia potencial Se aplicarmos (1) às posições mais alta (A) e mais baixa (B) de um pêndulo simples, é possível provar que: Aghvmvmgh 22 1 2 B 2 BA =⇔= (2) Deste modo, a expressão (2) relaciona a velocidade do pêndulo no ponto mais baixo com a altura máxima do mesmo, chegando-se a este resultado através apenas da conservação da energia mecânica do sistema. 3. Problemas propostos Pretende-se estudar o movimento de um pêndulo no sentido de: 3.1. verificar experimentalmente a conservação da energia mecânica; 3.2. determinar o valor experimental da aceleração da gravidade. 4. Material Pêndulo simples composto por um fio e uma esfera opaca. Detector fotoeléctrico. Relógio electrónico. Régua graduada com cursores. Disparador mecânico. Craveira Bases e suportes. Fios de ligação. 5. Procedimento experimental Tenha o cuidado de anotar os erros de leitura de escala associados a todos os aparelhos de medida que usar. Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 23 5.1. Verifique a montagem experimental: Fig. 2 5.2. Meça com a craveira o diâmetro da esfera constituinte do pêndulo e anote o valor. 5.3. Fixe uma altura máxima para o pêndulo. Utilize os cursores da régua graduada para a medir. Tenha em atenção os erros sistemáticos que pode cometer nessa determinação. 5.4. Largue o pêndulo 10 vezes. De cada vez o relógio medirá automaticamente o tempo que a esfera demora a passar pelo detector fotoeléctrico. 5.5. Registe numa tabela, para a altura escolhida, os 10 valores obtidos para o tempo de passagem da esfera. 5.6. Fixe uma nova altura de queda (menor que a anterior) e repita os passos anteriores. 5.7. Proceda como indicado, realizando, pelo menos, 10 alturas diferentes. 6. Análise dos resultados obtidos 6.1. A partir dos resultados obtidos calcule os valores médios e estime os erros estatísticos associados às medidas de tempo correspondentes a cada altura. Anote estes cálculos numa tabela. 6.2. Anote numa outra tabela os valores de v, v2 e h (sem esquecer os erros associados a cada uma das grandezas). Legenda: 1. Régua graduada 2. Cursores 3. Pêndulo 4. Disparador mecânico 5. Detector fotoeléctrico 6. Relógio electrónico 1 2 3 4 5 6 Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 24 6.3. Construa, a partir da tabela anterior, um gráfico de v2 em função de h. Represente também, se possível, as barras de erro associadas a cada ponto. Verifique a forma do gráfico obtido. Como relaciona estes resultados com a expressão (2)? 6.4. Calcule o declive e a ordenada na origem da recta que melhor se ajusta aos pontos experimentais do gráfico anterior, utilizando o método dos mínimos quadrados. 6.5. Represente a recta obtida sobre o mesmo gráfico. 6.6. Estime o erro associado ao declive da recta e à ordenada na origem. 6.7. Calcule, a partir da regressão linear, o valor experimental da aceleração da gravidade. 6.8. Tendo em conta o erro associado ao declive da recta, determine o erro experimental associado à aceleração da gravidade. Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 25 Apêndice Estudo da conservação da energia mecânica de um pêndulo Se definirmos energia mecânica (EM) como a soma da energia cinética (EC) com a energia potencial (EP), então, é possível dizer que a energia mecânica de um corpo se mantém constante, desde que sobre ele actuem apenas forças que não realizem trabalho ou cujo trabalho seja independente da trajectória do corpo1. Concentremo-nos no pêndulo simples. Observe-se que sobre ele actuam duas forças: a tensão do fio e o peso. Se recordarmos que o trabalho realizado por uma força F r é dado pela expressão: ∫= sdFW rr . (A.1) onde sdr é o elemento infinitesimal da trajectória do corpo, facilmente se verifica que a tensão do fio não realiza trabalho, uma vez que é sempre perpendicular à trajectória. Quanto ao trabalho da força gravítica virá dado por: hmgW gF ∆=r (A.2) Tomando as variáveis o seguinte significado: m – massa do pêndulo g – aceleração da gravidade ∆h – variação na altura do pêndulo Ou seja, não depende da trajectória, mas apenas da posição inicial e final do corpo. De onde se conclui que o peso é uma força conservativa. Nestas condições, é possível afirmar que a energia mecânica de um pêndulo simples se mantém constante: te PCM c=+= EEE (A.3) Atente-se no facto de a energia cinética de um corpo se poder escrever sob a forma: 2 C 2 1 mvE = (A.4) onde v é a velocidade linear do corpo (neste caso, será a velocidade do pêndulo). E considere-se que a energia potencial é dada por: mghE =P (A.5) onde h é a altura do pêndulo. Substituindo (A.4) e (A.5) em (A.3), obtém-se: te2 c 2 1 =+ mghmv (A.6) 1 Às forças cujo trabalho não depende da trajectória do corpo ao qual estão aplicadas, dá-se o nome de forças conservativas. Física Geral I – MIEET Departamento de Física – Universidade do Algarve Protocolos das Aulas Práticas PS - 26 Aplique-se, então, o resultado (A.6) às alturas máxima (à qual corresponde o índice A) e mínima (à qual corresponde o índice B) (ver fig. A.1): B 2 BA 2 A 2 1 2 1 mghmvmghmv +=+ (A.7) Fig. A.1 À direita da equação, em virtude da velocidade na altura máxima ser nula, desaparece o termo respeitante à energia cinética. À esquerda da equação, se a origem de eixos for colocada na posição mais baixa do pêndulo, desaparece otermo respeitante à energia potencial. Assim, é possível escrever: 2 BA 2 BA 2 1 2 1 vghmvmgh =⇔= (A.8) Ou seja: A 2 B 2ghv = (A.9) que é a expressão (2) do protocolo. T r gF r sdr B A
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