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monografia nova O SILÊNCIO COMO FORMA DE DISCURSO

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O SILÊNCIO COMO FORMA DE DISCURSO – PAUSAS ENTRE A ORALIDADE EM SALA DE AULA
A presente monografia analisou a falta de diálogo entre professor - aluno e entre aluno – aluno no interior da sala de aula na disciplina de Língua Portuguesa, que, o silêncio apresentou-se num pequeno grupo de cinco alunos, numa sala de quarenta e cinco alunos matriculados na oitava série, numa faixa etária entre catorze a dezesseis anos. Os alunos que trabalhamos foram dois do gênero feminino e três do gênero masculino, cujos alunos são oriundos da educação do campo no quais as limitações do local escolar os forçaram a vir para a escola urbana em busca de conhecimento e detectamos que o silêncio apresentou-se presencialmente nesses alunos provando que a educação diferenciada levou-os a repressão manifestando em pausas na oralidade como forma de discurso.
Freire (2001, p.35) coloca que: 
Partimos do entendimento de que as práticas informacionais em sala de aula são constituídas pelas ações verbais e não verbais de sujeitos sociais que interagem para construir a informação. Nesses termos, a informação é uma prática social que tende a contribuir para a formação crítica dos sujeitos que interagem no ambiente escolar. 
Concordando com Freire, que pensamos que a falta de diálogo tem causas, têm causas a serem investigadas oriundas do cotidiano familiar, sendo que, dessa educação resultou em problemático silêncio. 
Com isso pretende-se mostrar a sociedade que essa forma de discurso tem de ser averiguada para minimizar as dificuldades em que se encontram os alunos em sala no momento da aprendizagem, seja ela causada pelo professor ou pelos colegas de turma.
A presente monografia contempla a análise da observação em uma sala de aula, cujo objeto ser analisado foi o silêncio em um grupo de alunos de oitava série do Colégio (na cidade de Cascavel, que optamos por não divulgar o nome), em que observamos especialmente para a verificação do silêncio em alunos oriundos do campo em que, limitado o ensino em suas comunidades obrigatoriamente os fizeram estar aqui no grande centro, em busca de seus ideais. 
Orientamos nossas observações considerando que às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno, um simples gesto do professor, aparentemente insignificante, valer como força formadora? Gesto cuja a significação mais profunda talvez tenha passado despercebida por ele, o professor, e que teve importante influência sobre aqueles alunos instaurando o silêncio, longa pausa, a ponto de sua presença, representar uma ausência. Se formava ai, adolescentes inseguros percebendo-se menos capazes do que os outros, fortemente incertos de suas possibilidades. Alcançados pelos nossos olhares, analisamos nos alunos que qualquer observação feita aos outros colegas do meio urbano já lhes parecia chamamento à atenção de suas fragilidades e suas inseguranças. 
Diga-se em parênteses que essa monografia irá apresentar os resultados obtidos com a observação e análise do silêncio, proposto ou imposto em que, a educação diferenciada leva a exclusão transformando em silêncio a insegurança dos mesmos.
Por saber que esses gestos se multiplicam seriamente nos espaços escolares, que foi objetivo de nosso estudo o silêncio entre aluno-aluno e professor-aluno, que discorremos na seqüência dessa monografia.
Se protestando ou reprimindo; contudo é possível escapar da linguagem estereotipada que poderia ser definida como uma espécie de grau zero da fala, reduzida à pura eficácia. Desde antiguidades teorias têm sido propostas a respeito da origem e a natureza da linguagem humana e do universo; e bem assim observar como o silêncio se articula com a linguagem, como intervalos entre marcas da oralidade se estruturam e são apreendidas pelos sujeitos falantes.
Essa monografia discutiu os quatro pilares da educação: ser, fazer, conhecer e conviver. Como isso, se adapta ao conhecimento no grupo desses cinco alunos e esse comportamento como é visto principalmente na disciplina de língua portuguesa. O silêncio presente no grupo levantou também a hipótese de vínculo educacional. O tema é importante para refletir a falta de diálogo entre professor – aluno e aluno – aluno. A partir daí a solução foi apontada. Paulo Freire (1996, 47) diz que:
(...) O que importa na formação docente, não é a repetição mecânica de gestos, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos das emoções do desejo da insegurança pela segurança do medo que, ao ser “educador” vai gerando a coragem.
Já no início das aulas, quando se começa a trabalhar é importante colocar esses alunos nas atividades iniciais já de imediato, oportunizando um diálogo envolvendo esses alunos nas formas mais abrangentes tendo como raciocínio que todo comando vai ser incorporado por eles, será um passo nas busca de sua identidade, ou seja, em busca do que são por destinos excluídos dos meios sociais por advirem de uma cultura periférica e dessa forma diferenciada e por serem do campo perceberam que seu dialeto é pejorativo ou seja, são muitas vezes, motivo de risos inoportunos no qual os diminui, podendo ser um desses o resultado do silenciamento do grupo, no qual o estudo, a pesquisa se enquadra como importante. 
Dessa forma, é importante mostrar em sala de aula que existem as variantes dentro da língua portuguesa de acordo com a descendência de cada um e que elas devem ser respeitadas no seu modo de falar. E também ressaltar que somos seres diferentes uns dos outros e que isso equivale à originalidade como ser único assim como ele é, devemos vê-lo na sua simplicidade como todos nós o somos, simples seres viventes, porém todos em busca de conhecimento em uma mesma socialização e que cada um deve ter o devido respeito pela presença do outro. 
MOREIRA JOSÉ (2002, p.11) nos diz que:
Há que se pensar em uma escola do diálogo, onde todos são reconhecidos, não em sua individualidade, mas em sua unicidade. Uma escola em que cada aluno seja percebido e respeitado em sua maneira de pensar e expressar seus desejos e, neles, suas potencialidades. 
O importante é que uma escola que desenvolva o ouvir, o falar, o comunicar, entenda que em cada cultura existe uma relação específica com o mundo que marca uma relação com o saber que lhe é própria. Nosso cuidado será o de defender a manutenção dessas diferenças e de perspectivas, visualizando o espaço urbano e rural em que vivem os alunos e de sublinhar sua complementaridade, ao mesmo tempo enriquecedora para a formação docente e necessária para evitar certos desvios racionalizantes ou consumistas que o convívio social tende a instaurar, temos de mostrar que nos igualamos mesmo porque estamos todos em uma mesma sala de aula. Dessa forma, ninguém é melhor que ninguém, dando vozes ao outro, ou ao diferente geograficamente. 
Possenti (1996, p. 85) lembra que: 
(...) Acrescenta-se que é o momento em que o aluno começa a reconhecer sua variedade lingüística como uma variedade entre outras, que ele ganha consciência de sua identidade lingüística e se dispõe à observação das variedades que não domina.
É importante dizer que, em nosso trabalho nos propusemos a conhecer o outro é a oportunidade que temos quando nos encontramos num mesmo local porque e principalmente na instituição escolar, nos dá antecipadamente a oportunidade de fazê-lo. Aproveitar esse espaço para fazer amigos. É no interior da sala de aula, no fazer do professor, que se materializa essa interação e, por que não o mais complexo - o fazer pedagógico. É por ele que podemos sonhar com uma Educação socializada, possível sim, de ser materializada e vivida nas escolas, é assim que o professor deve enxergar a sua relação aluno – professor, conduzindo a interação comunicativa partindo do pressuposto de que a linguagem é constituída da interação social (Bakhtin, 1979). Com base na teoria de gêneros do discurso, dos dados de interação em sala de aula é, até onde saibamos inexistente na literatura, sobretudo psicológica, sobre este
tópico. E ele quase sempre tem sido discutido mais de uma perspectiva da aprendizagem que de uma perspectiva discursiva, daí o nosso interesse em levantar esses dados, pois a interação seja ela somente entre duas pessoas ou em um grupo e que dessa forma, o evento, ou seja, a comunicação como evento da fala é constituído de seqüência de ato de fala limitando-nos a preservar o outro de qualquer preconceito como disposto a ferir aquele que nesse grupo se encontra porque percorreu o mesmo caminho e conseguiu chegar aonde nós chegamos e como cidadãos, vêm que são também deles o direito de ali estarem. 
É oportuno dizer que, a professora deve encaminhar esse discurso dizendo que a diferença está em nós urbanos, como grupo desprovidos da relação interativa e sendo individualistas a diferença se instaurou nos privando de conhecer o novo, trazendo consigo a riqueza de seu cotidiano e, perdemos, assim, a oportunidade de passarmos o conhecimento de nossas experiências, nos atrofiando quando não comunicamos o que vivemos, acabamos nos esquecendo dessa forma matando o que de melhor temos e ainda, ás vezes dando lugar á futilidades que podem nos destruir sem refletir, pois nós só descobrimos nossos potenciais quando enfrentamos desafios. Não existe sociedade dinâmica com ensino racionado, se os professores não renovarem suas missões, e enxergarem para que vieram, o que são, como estão, o que fazem e o que deviam fazer. 
Como resgate, é importante atermos ao convívio não padrão da escola e sim no convívio como irmãos que somos e adotando uma postura de cidadania. A professora pode conduzir as aulas expondo conteúdos com interpretação textualidade, oportunizando o diálogo aos mesmos, trabalhando em grupos, fazendo uma rotatividade dos membros para interpretação diferenciada, os alunos revezam-se nos grupos, enriquecendo o trabalho em sala de aula, atingindo assim, uma melhor interação em sala, descontraindo o aluno e socializando-o com os demais colegas, buscando desta maneirata findo assim, uma melhor interçrabalho nos pqumenos cpazeste os fizeram estar aqui no grande centro, em busca de seus ideais. amenizar as dificuldade de compreensão textual. Com o novo olhar desse membro entrante dando novas dimensões, enriquecem com novas possibilidades pelo seu conhecimento de mundo, podendo os membros do grupo perceberem as diferenças entre o rural e o urbano e observando que a experiência vivida no campo ou na cidade vem com o trabalho, mais desenvolvimento, minimizando dessa forma o silenciamento do diferente e aos poucos tornando-os iguais como expondo conteúdos diversos como leitura e interpretação de textos, contos, analise de poemas e juntamente com obras de artes plásticas.
	Propomos didaticamente a análise de um poema ao qual foi trabalhado com quarenta alunos em grupos de oito, onde os alunos analisaram um poema e uma arte plástica abstrata comparando as diferenças e semelhanças.
	A pesquisa de investigação, qualitativa, interpretativa e interacional, quando na observação desse pequeno grupo pode-se reforçar a idéia de ter existido aí uma lacuna no estudo anteriormente, quando em silêncio dessa forma, permanecendo os alunos, dando voz a outras vozes em busca de entendimento como já mencionado anteriormente o silencio levantou a hipótese de vinculo educacional, a naturalidade da situação. Foi dessa forma que observamos o silêncio imposto no grupo de alunos.
Como o silêncio pode ter sido uma lacuna, foi observada também a professora quando estava explicando o conteúdo, contudo podendo ser uma das causas dos alunos mencionados. Tomando assim observação como um todo em sala de aula, pois Tarallo (p.2) a partir de Labov coloca que, “a sociolingüística constitui uma ciência que prima pela relação língua e sociedade, mostrando que o fenômeno lingüístico sofre influências dos aspectos sociais, culturais, econômicos, étnicos e políticos.
Em última análise foi possível colocar o aluno em condições de sociabilidade e interação não só com os demais, como também, com os alunos da escola como um todo e a sociabilização do professor que nas aulas anteriores não havia percebido sua forma de comunicação na qual que não interagia com os alunos, principalmente o grupo que observamos.
A partir desse estudo podemos contribuir com o aprendizado, pois o professor pode ter acesso aos nossos apontamentos e com isso optou por tentar mudar a sua metodologia de ensino, para atingir o seu objetivo e o do aluno em sala de aula. Outro dado importante foi o diálogo que se instaurou em sala de aula entre os colegas de turma que anteriormente ao nosso trabalho não tinham, e a partir do grupo se privará de seus direitos.
Com o silêncio era ênfase maior nesses alunos, a situação se agravava nos momentos do grupo de estudo, como em sala de aula, na convivência e dessa forma todos acabavam padecendo desse mal despercebidamente.
ANÁLISE DA POESIA 
A poesia “A mão suja” inserida na obra “Antologia poética” de Carlos Drummond de Andrade que trabalha nas suas obras literárias a vida e os acontecimentos do mundo a partir dos problemas pessoais, familiares, e os embates sociais, a sua forma de escrever em versos que ora focalizam o indivíduo, ora a terra natal, a família e os amigos são assuntos típicos do movimento contemporâneo. 
Definição do que é poesia:
Como é sabido poesia lírica, antes de ser uma forma estética, é uma forma de recortar o mundo é a arte de escrever em verso, o que desperta, o sentimento do belo. Todos os seres humanos são capazes disso, muitos não escrevem alguns sentam e escrevem e dão forma objetiva, dão espaço a este sentimento lírico do mundo. É a mesma expressão de uma emoção, inserida numa fórmula, num invólucro. Esse invólucro é o poema. Um soneto é um poema - e a alegria ou a angústia nele presente - é a poesia. 
Segundo Bosi “é deste recorte que constitui o poema, pois nele não reconhece somente ações e atitudes dos personagens, mas também é um estado ou uma emotividade estética.” (BOSI, 2000, p. 163). É na perspectiva da emotividade que trabalhamos neste artigo o personagem mão suja no qual delineamos no início deste artigo e que daremos continuidade ao falar desse personagem dentro de nossa sociedade.
O poema traz em si experiências sensíveis e emocionai amortecidas, indefiníveis às vezes; que ultrapasse a pura intelecção, que calibre o olhar, e despertar nos seres os sentimentos. A partir das colocações abordadas aqui, podemos ver que esse sentimento de culpa, que foi desperto neste ser na sua tomada de consciência quando no poema diz:
 
“Não adianta lavar. 
A água está podre. 
Nem ensaboar. 
O sabão é ruim. 
A mão está suja, 
suja há muitos anos.”
Nesse trecho, como podemos observar, o personagem se vê sem saída para resolver seu problema delineando seu sentimento expressado através das palavras contidas neste poema em que, ao lê-lo, nos enchemos de compaixão ao se tratar de um ser humano que a partir desse momento tenta reparar seu erro com humildade reconhecendo a gravidade do cometido e pune-se ao ver que o que ele retrata nesta passagem, faz menção às mãos sujas, citada na bíblia sagrada. 
A partir desta noção, ele busca ser um homem novo.
“A Mão Suja” de Carlos Drummond de Andrade, fazendo a análise voltada primeiramente para o viés sociológico, usando a contribuição de Adorno, quando ele coloca que : 
(...) o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber . 
Esta colocação do citado autor vem de encontro com a análise como vimos anteriormente, se volta para um viés sociológico em que se encontra este ser dentro de uma sociedade que reprime e exclui, colocando em sua mente as sementes negativas, as quais ficam nítidas dentro deste poema, pois o cidadão que
não consegue se manter firme socialmente, que não têm o controle para não se deixar abater pelas mazelas da sociedade fica da forma que está descrita e em que se encontra o personagem dentro desta obra, e a mesma retrata uma realidade em que vivemos e vivenciamos, ocultando do indivíduo a real oportunidade de regenerar-se, excluindo-o de inserir-se nesta mesma sociedade, fazendo assim com que ele se transforme interiormente em o pior dos seres.
A escolha desta poesia para trabalharmos em sala foi justamente a de mostrar ao cidadão que existem portas abertas na nossa sociedade e que podem ser adentradas e não fechadas, a partir dessa concepção de análise literária 0efetuamos a atividade em sala de aula.
DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DE ENSINO
A poesia foi apresentada, através da sua contextualização, mas primeiramente fazendo contextualização com autor, com suas obras e quais as semelhanças com a vida do autor, pois a maioria das obras de Carlos Drummond de Andrade é fruto de sua vivência, ou da de um vicino a leitura da poesia “A mão suja”, nesta poesia podemos colocar que Drummond à escreve como denúncia dessa sociedade, pois:
“Drummond conseguia, a um só tempo, ser Chefe de Gabinete do ministro Gustavo Capanema, do Estado Novo, e usar suas palavras para destruir o capitalismo. Do gabinete ministerial, saiu direto para a condição de simpatizante do Partido Comunista Brasileiro. Agnóstico, conseguia clamar aos céus uma ajuda aos irmãos necessitados numa prece bem brasileira: como no poema Prece do brasileiro” 
Sua obra era em formato de denúncia, os seus versos rimados com melodias assimétricas, seus dizeres que fazem parte do nosso dia-a-dia até hoje como no caso da poesia “José”, em que o jargão ficou: “E agora José?”
Logo após a exposição do autor passamos para um dinâmica de leitura, fizemos a primeira leitura para entronizar a poesia firmemente para que os alunos pudessem assimilar e também com a intenção de chocá-los, pois o foco principal seria a análise. Pois, se eles tivessem o conhecimento da temática da poesia, o interesse maior não era trabalhar a leitura ou a oralidade e sim tínhamos a finalidade de que os alunos conseguissem identificar dentro da poesia os aspectos gramaticais, lexicais, semânticos e pragmáticos dentro da obra, a interpretação, a leitura das imagens dando ao poema a característica plurissignificativa. Mas o maior dos nossos objetivos foi a análise de cunho social, de denúncia, onde os alunos puderam perceber a sociedade, enquanto espaço físico de direito e não sé de deveres e de restrições, de aberrações, vistas através de discriminações sempre presentes em suas vidas.
Focamos a criação de imagens pós-leitura, pois só através dali poderíamos tocá-los, ou seja a análise do poema enquanto descrição de espaço, personagens, seria importante, mas não tanto a descrição da imagem através o imaginário de cada um ou através de imagens retratadas do seu cotidiano, pois Alfredo Bosi coloca que: 
“As imagens, quando assumidas e recodificadas pelo discurso, dão a este uma textura complexa cujo modos de base, os fantasmas, se põem “entre o puro pensamento e a intuição da natureza”. (BOSI, 2000: 46). 
	Usamos a dinâmica de releitura da poesia “A Mão Suja” de Carlos Drummond de Andrade, na seqüência do trabalho com imagens, despertando-os para uma análise voltada para o social, primeiramente para o viés sociológico. Optamos por esta primeira análise pelo fato que os alunos que trabalhamos dão conta deste tipo de discussão, e conseguiram desta forma analisar a poesia, pois eles já têm consciência da marginalização do cidadão, sempre presente nas contribuições destacadas por eles. Por outro lado passamos para eles que todos nós temos o direito a uma segunda chance, ou quem sabe a primeira chance, concordamos com Adorno quando ele coloca que : 
“(...) o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber .” 
Foi nesse viés que trabalhamos com os alunos, despertando neles o interesse por uma vida melhor, mostramos para eles, através desta poesia que o homem pode chegar no fundo do poço, mas também têm várias maneiras de sair dele. Ou ainda, as oportunidades que o homem tem ou as oportunidades que se criam, através do trabalho, do estudo. Dessa forma o cidadão despertar e sentimos neles o interesse um despertar para a vida e a vontade de viver em meio a uma sociedade onde a justiça social seja um pouco menor. 
Paria isso explicamos que todo ser social faz parte de uma sociedade, onde se aprende ler, escrever, conseguimos isso a partir da análise forma da poesia, observamos que a sua escrita não têm ejambeman, as estrofes são soltas, visto que não há objetivo de encadeamento raciocinativo, mas de simples oportunidade de criação de estímulos para as posteriores interpretações. Destacando seus aspectos semânticos, psicológicos, sociais e pragmáticos dentro da obra. Dando maior ênfase ao topos, as imagens, a sintaxe e a parataxi. 
 	Explicamos que a poesia “A mão suja” é polissêmica que permite mais de uma interpretação concomitante. No primeiro instante a sua natureza pode surpreender por causa dos seus procedimentos alógicos, e por isso mesmo colocamos que ela é plurissignificativa, permitindo análises variadas, sendo definidas cada uma a seu modo, podendo ser de maneiras subjetivas.
	Solicitamos aos alunos que destacassem as imagens vistas na poesia, que são perfeitamente destacadas através do signo lingüístico. A mão é o símbolo da consciência e através daí trabalhamos o conjunto de imagens. Trabalhamos o poema embora seja lírico, como uma narrativa. Pudemos explicar-lhes que representa a dialética entre a parte e o todo, pois a mão significa o corpo e o cérebro. Fizemos a seguinte análise:
	Figuras de imagens - levantamento de seis figuras;
	Levantamento dos adjetivos – com a repetição da vogal “U' fechada – que remete a penumbra, a tristeza; 
	Continua tentando limpara a mão, e vemos que aqui ele é sem par no mundo, sem a mão de ninguém;
	Os recursos de pontuação (reticências, interrogação) usados dentro do poema remete a anunciação, ou seja, ao “eu” lírico ou a afetividade;
	O sentido moral conotativo, ímpio, impuro;
	Não sujo de terra, sujo de carvão – denota - que é só no Brasil que tem carvoaria, tem jeito de Brasil, dessa forma vemos que a questão é local, bem próximo de nós;
	A sujeira não é de carvão, mas vil;
	sujo pardo, cardo – remete ao racismo;
	Jogá-la no mar – metafórico, chegou o momento em que ele vai refletir;
	O tom é a emoção;
	A imagem maior é a da sujeira junto com o sofrimento;
	Trabalha o contraste preto – branco;
	A vocação aqui é a do humano;
	A mão suja remete intertextualmente da bíblia;
	É uma figuração da realidade, repetição com diferença crítica;
	Precisa cortá-la – conflito (a mão) é o símbolo da consciência; 
	Mão sobre a mesa - símbolo do congresso nacional;
	Após termos feito a análise comentada do poema, feita pelos 05 grupos solicitamos que os alunos se reunissem em duplas para refazerem a análise a partir dos nossos apontamentos e depois fizessem a rotatividade de um aluno nas duplas, logo que terminada a análise voltassem suas duplas depois passarem para todas num tempo suficiente para conhecer a análise de cada dupla. Feito essa atividade demos seqüência pedindo que as duplas fizessem a exposição. Usamos esse momento também para diminuir o medo deles em falar em público.
Colocamos abaixo as análise na íntegra:
	Figuras de imagens - levantamento de seis figuras – as imagens apresentadas pelos alunos foram as seguintes:
. a mão suja, eles já além do sentido literal de sujeira, já fizeram o comentário da sujeira
da alma, da sujeira do roubo, da sujeira do corpo, da sujeira social, da sujeira do político; quando remeteram ao corte da mão – colocaram que tiveram consciência do pecado; a água podre seria o que não tem conserto, não teriam condições de regenerar; outros disseram esta água é somente para ilustração do poema, não tendo outro sentido, etc.; a mão no bolso da calça: remete ao ser escondido, querendo não ser visto ou não querendo ver ninguém; o seu escuro rastro – significava a sujeira impregnada no corpo, ou ainda, a mão que chegou do trabalho e não foi lavada; lavar a mão na seqüência – remete para o pecado percebido, e que ser perdoado, ou ainda, outros coisas erradas, que querem ser regeneradas; a sujeira vil – a sujeira de carvão – eles disseram que poderiam ser sujeiras de carvão no sentido literal, sem se ater em outros aspectos, como em sujeira de alma. Ou ainda, poderia a partir daí ilustrar outra raça (o afro-descendente) que continua na seqüência, quando coloca a sujeira parda, quando se refere a mão branca e mão parda; mão posta sobre a mesa – remete aos políticos que estão no congresso nacional, em fase de processo de cassação, ou ainda, a pessoa que está se regenerando e refere-se ao corte da mão e a colocação de outra como uma vida nova.
	Levantamento dos adjetivos – com a repetição da vogal “U' fechada – que remete a penumbra, a tristeza – eles se deslumbraram com essa colocação e nos perguntaram se quando são usadas as vogais abertas, os poemas sempre são de tom alegres ; 
	Continua tentando limpar a mão, e vemos que aqui ele é impar no mundo, sem a mão de ninguém - eles fizeram colocações semelhantes as já colocadas nas figuras;
	Os recursos de pontuação (reticências, interrogação) usados dentro do poema remete a anunciação, ou seja, ao “eu” lírico ou a afetividade – eles colocaram que também achavam muito interessantes, pois haviam trabalhado outros poemas do Carlos Drummond de Andrade, mas que a professora não fez essa observação, disseram que iriam retomar os poemas e analisá-los novamente;
	O sentido moral conotativo, ímpio, impuro – fizeram colocações semelhantes as já colocadas nas figuras, pensamos que iriam passar despercebidos e não colocar mais nada de novo, nos surpreenderam, pois este item foi o que mais falaram, colocaram sobre a sujeira da sociedade, dos vizinhos de bairro que são pessoas de comportamento duvidoso e que infelizmente não estão preocupados, ainda, com a sua regeneração;
	Não sujo de terra, nem sujo de carvão – denota - é só no Brasil que tem carvoaria, tem jeito de Brasil, dessa forma vemos que a questão é local, bem próximo de nós – os alunos disseram que não tinham conhecimento que o carvão era produzido somente no Brasil, e que vários deles já haviam ido até o Bairro Jardim Itália e que conheciam as carvoarias que lá existem – Essa parte foi muito importante, pois a partir dali os alunos colocaram a vivência deles com pessoas daquela região e pessoas semelhantes na região deles, abrindo espaço para o debate social;
	A sujeira não é de carvão, mas vil – fizeram colocações semelhantes as já colocadas nas figuras e no sentido moral;
	Jogá-la no mar – metafórico, chegou o momento em que ele vai refletir – fizeram colocações semelhantes as já colocadas nas figuras e concordaram que há esperanças para as pessoas que querem se regenerar, até mesmo para os pecados mais duros, os pecados mortais;
	O tom é a emoção – não sentiram emoção só tristeza;
	A imagem maior é a da sujeira junto com o sofrimento – concordaram e disseram que conseguiam visualizar bem esta imagem;
	Trabalha o contraste preto – branco: não conseguiram entender direito, só relacionaram o racismo, o homem brancos e o homem negro ;
	A vocação aqui é a do humano: concordaram também que o homem deveria vir ao mundo somente para o melhor e não para o pior, lembraram novamente dos corruptos, bandidos, etc.;
	A mão suja remete intertextualmente a bíblia - eles colocaram a regeneração, somente;
	É uma figuração da realidade, repetição com diferença crítica - – fizeram colocações semelhantes as já colocadas nas figuras e mais explicações;
	Precisa cortá-la – conflito (a mão) é o símbolo da consciência - admitiram que a mão significa a pessoa como um todo, no momento do conflito a consciência o aflige.
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos perceber com esta atividade de ensino da poesia, principalmente devido a temática que os alunos no geral estão bem informados sobre os seus deveres, seus direitos e principalmente o que querem para um amanhã. Para que não precisem esfregar tanto suas mãos, para limpá-las, conseguimos mostrar através do texto, das análises e das imagens criadas por eles, ou ainda de imagens levadas por nós para a sala de aula que “tudo vale a pena se a alma não é pequena” e percebemos que de pequena a alma deles não têm nada, eles têm sim, uma vontade muito grande de estudar, trabalhar e acima de tudo cada vez mais, oferecer uma oportunidade maior para si e para o seu próximo.
REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética (organizada pelo autor). Rio de Janeiro: Record, 2001
BAKHTIN, M. (1979a) Os gêneros do discurso. In M. Bakhtin (1979b): 277-326.
_____ (1979b) Estética da Criação Verbal. SP: Martins Fontes, 1992.
FREIRE, Bernardina Maria Juvenal; Aquino, Mirian de Albuquerque. A construção da informação em sala de aula: Uma prática alfabetizadora no Projeto Escola Zé Peão. In: Linguagem & Ensino, Vol. 4, No. 2, 2001 (35-60)
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
http://www.memoriaviva.com.br/drummond/opoeta.htm, Acessado em 02/06/2008.
LENOIR, Yves . Três interpretações da perspectiva interdisciplinar em educação em função de três tradições culturais distintas. Revista E-Curriculum, São Paulo, v.1, n.1, dez-jul.2005-2006. http://www.pucsp.br/ecurriculum.
MOREIRA JOSÉ. Mariana Aranha Interdisciplinaridade: As disciplinas e a interdisciplinaridade brasileira. In: http://www.planetaeducacao.com.br
RODRIGUES, Ângela Cecília Souza. Língua falada e língua escrita. In: PRETI, Dino (org.) Análise de textos orais. 2 ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1995.

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