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Denunciação da Lide Lia Batista Cintra AASP OABPR

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Apresentação 
Sob a coordenação dos professores José Rogério Cruz e Tucci, Ricardo de Carvalho Aprigliano, 
Manoel Caetano Ferreira Filho, Rogéria Dotti e Sandro Gilbert Martins, a obra tem um viés 
prático, voltado ao dia a dia do foro. Justamente por isso, todos os comentadores são professores de 
processo civil com efetiva atuação na advocacia. Buscou-se, assim, oferecer reflexões práticas 
para os principais questionamentos que certamente surgirão. Isso porque, uma vez sancionada a 
lei, devem os advogados trabalhar e contribuir para que sua aplicação ocorra da melhor maneira 
possível. Trata-se de verdadeira complementaridade, a qual foi muito bem retratada nas palavras 
de Piero Calamandrei: 
“O autor, em muitos anos de exercício da profissão forense, convenceu-se de que qualquer 
aperfeiçoamento das leis processuais permaneceria letra morta, onde, entre juízes e advogados, 
não fosse ouvida, como lei fundamental da fisiologia judiciária, a inexorável complementaridade 
de suas funções, rítmica como a dupla batida do coração [...]”.1 
Nesse sentido, o advogado é indispensável à administração da justiça não apenas como procu-
rador da parte que requer em juízo, mas, também, como um qualificado colaborador que atende o 
dever ético de contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis. Tal colabo-
ração deverá criar um ambiente cultural favorável a resultados mais efetivos. É o que se espera 
com essa importante mudança legislativa. 
São Paulo, primavera de 2015.
 Leonardo Sica Juliano Breda
 Presidente da AASP Presidente da OAB Paraná
1. Elogio dei giudici da um avvocato, prefácio à 2ª edição, p. XXXVII-XL, São Paulo: Martins Fontes, 1996, apud TUCCI, José 
Rogério Cruz e. Piero Calamandrei – Vida e obra: contribuição para o estudo do processo civil, Ribeirão Preto: Migalhas, 2012, 
p. 43.
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Art. 125 - É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer 
das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi 
transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da 
evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em 
ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
§ 1º - O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a 
denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for 
permitida.
§ 2º - Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo 
denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem 
seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo 
promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso 
será exercido por ação autônoma.
Autora
Lia Carolina Batista Cintra
I. Introdução
Importante salientar logo de início que o Código de Processo Civil de 2015 não promoveu 
modificações substanciais na disciplina da denunciação da lide, mas certamente fez importantes 
escolhas em relação a algumas polêmicas surgidas na doutrina e na jurisprudência sob a vigência 
do Código de Processo Civil de 1973.
A denunciação da lide é tradicionalmente estudada como uma das espécies de intervenção de 
terceiros previstas no ordenamento brasileiro; é intervenção provocada (não voluntária), porque 
a iniciativa de ingresso no processo não parte do terceiro, e há ampliação subjetiva e objetiva do 
processo por meio da introdução de uma demanda incidente movida pelo denunciante ao denun-
ciado veiculando direito regressivo. 
Anote-se, contudo, que só é possível falar em verdadeira intervenção de terceiro quando pro-
movida pelo réu; a denunciação da lide de iniciativa do autor nada mais é do que a formação 
originária de um litisconsórcio eventual, pois o direito em face do denunciado só pode existir 
se o denunciante for vencido na demanda principal. Como quer que seja, a denunciação da lide 
depende sempre da iniciativa de uma das partes. Não havendo denunciação da lide, o potencial 
denunciado poderá intervir voluntariamente como assistente simples, mas aí as consequências 
processuais desse ingresso serão absolutamente diversas (CPC/2015, arts. 119 a 123).
II. Cabimento no processo de conhecimento e no pedido de tutela provisória antecedente
Tendo a denunciação da lide natureza de demanda condenatória – obrigação de ressarcir – 
a doutrina entende que se trata de instituto de aplicação exclusiva ao processo de conhecimento. 
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A expressão “processo de conhecimento” não deve ser confundida com a expressão “procedi-
mento comum”, de modo que não se afasta aprioristicamente o cabimento da denunciação da lide 
em alguns procedimentos especiais, inclusive no monitório. Na vigência do Código de Processo 
Civil de 1973 havia dúvida sobre a possibilidade de trazer para o processo cautelar, em alguns 
casos (especialmente quando se tratasse de produção antecipada de prova), mediante uma espé-
cie de assistência provocada, aquele que poderia figurar como denunciado no processo principal. 
Esse entendimento foi acolhido na jurisprudência:
“É admissível a intervenção de terceiro em ação cautelar de produção antecipada de prova, na 
forma de assistência provocada, pois visa garantir a efetividade do princípio do contraditório, de 
modo a assegurar a eficácia da prova produzida perante aquele que será denunciado à lide, pos-
teriormente, no processo principal” (STJ, 3ª T., REsp nº 213.556/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, 
unânime, j. em 20/8/2001, DJ de 17/9/2001).
“[...] denunciação da lide - incabível referido instituto na ação cautelar de produção anteci-
pada de prova - a denunciação da lide pressupõe a possibilidade de uma eventual condenação, 
o que não se coaduna com o processo cautelar - assistência provocada - possibilidade - a fim de 
garantir o pleno exercício do princípio do contraditório e assegurar a eficácia da prova produzida 
nestes autos perante terceiro [...]” (TJSP, 27ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Instrumento 
nº 992.09.068247-4, Rel. Des. Berenice Marcondes Cesar, unânime, j. em 20/10/2009).
“DENUNCIAÇÃO DA LIDE - Medida cautelar - Produção antecipada de provas - Descabi-
mento - Medida que não tem natureza litigiosa - Intervenção de terceiro admitida na forma de 
assistência provocada - Agravo improvido” (TJSP, 3ª Câmara de Direito Privado, Agravo de Ins-
trumento nº 295.974.4/7, Rel. Des. Luiz Antonio de Godoy, unânime, j. em 5/8/2003).
“ASSISTÊNCIA PROVOCADA. PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. PRETENSÃO 
A CITAÇÃO DE TERCEIRO PARA QUE INTERVENHA, QUERENDO, NA CONDIÇÃO DE 
ASSISTENTE, POSSIBILITANDO EVENTUAL DENUNCIAÇÃO DA LIDE NA AÇÃO PRIN-
CIPAL, SE PROPOSTA. ADMISSIBILIDADE. DEFERIMENTO DA OFERTA DE QUESITOS 
E INDICAÇÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO” (1ª TAC/SP, 12ª Câmara, Agravo de Instrumento 
nº 1.039.091-7, Rel. Des. José Araldo da Costa Telles, unânime, j. em 4/12/2001).
Essa discussão não está superada com a eliminação do processo cautelar autônomo pelo Có-
digo de Processo Civil de 2015, uma vez que há a possibilidade de se pleitear tutela cautelar em 
caráter antecedente (CPC/2015, arts. 305 e ss.). Nesses casos, parece que tanto autor quanto réu 
podem indicar os futuros denunciados para que também possam participar desse procedimento 
antecedente quando for o caso.
III. Facultatividade (ou não obrigatoriedade) da denunciação da lide
O art. 125 do CPC/2015 corresponde ao art. 70 do CPC/1973 e prevê as hipóteses em que a 
denunciação da lide é admissível. Destaque-se que aqui se fala em admissibilidade, e não em 
obrigatoriedade, como se cogitava diante da redação legal anterior.
Mesmo na vigência do CPC/1973, dúvida real só havia a respeito da obrigatoriedade ou não 
da denunciação da lide em casos de evicção, menos em razão da redação de seu art. 70, que pre-
via ser obrigatória a denunciaçãonas hipóteses ali arroladas, e mais em razão da redação do art. 
456 do Código Civil. Ainda assim, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-
-se no sentido de não ser obrigatória a denunciação da lide mesmo nos casos de evicção:
Art. 125
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“A jurisprudência do STJ é no sentido de que o direito do evicto de indenizar-se do pagamento 
indevido diante do anterior alienante não se condiciona à denunciação da lide em ação de terceiro 
reivindicante. Precedentes” (STJ, 4ª T., AgRg no Ag nº 1.323.028/GO, Rel. Min. Marco Buzzi, 
unânime, j. em 16/10/2012, DJe de 25/10/2012).
Para não deixar qualquer dúvida, o CPC/2015, além de utilizar a palavra admissível em lugar 
de obrigatória, revogou, em seu art. 1.072, inciso II, o art. 456 do Código Civil. E para o bem da 
clareza, o § 1º do art. 125 do CPC/2015 prevê expressamente a possibilidade de a parte pleitear 
seu direito regressivo em ação autônoma sempre que, por qualquer motivo, não ocorrer denun-
ciação da lide – se for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
Sendo indeferida a denunciação da lide, será cabível agravo de instrumento (CPC/2015, art. 
1.015, inciso IX), mas o denunciante não precisa esgotar as vias recursais para poder se valer 
da ação autônoma; deverá avaliar a conveniência de recorrer ou não, inclusive levando em con-
sideração que o agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático e que o Superior 
Tribunal de Justiça entende que, mesmo nos casos em que a denunciação da lide é mal indeferida, 
o processo não deve ser anulado, porque isso violaria uma das próprias finalidades do instituto, 
que é a economia processual (ver, nesse sentido, STJ, 2ª T., REsp nº 170.318/SP, Rel. Min. Ari 
Pargendler, unânime, j. em 18/6/1998, DJ de 3/8/1998 e STJ, 1ª Seção, EREsp nº 128.051/SP, 
Rel. Min. Franciulli Netto, unânime, j. em 25/6/2003, DJU de 1º/9/2003).
IV. Admissibilidade da denunciação da lide
Apesar de o caput do art. 125 do CPC/2015 ter menos incisos em comparação com o caput 
do art. 70 do CPC/1973, as hipóteses em que é admissível a denunciação da lide em um e outro 
diploma são rigorosamente as mesmas. A redução de três para dois incisos deveu-se à necessária 
adequação da técnica legislativa, pois no Código revogado o inciso II estava claramente contido 
no inciso III – e se assim não fosse interpretado, tratar-se-ia de hipótese de nomeação à autoria 
e não de denunciação da lide, agora contemplada nos arts. 338 e 339 do CPC/2015. Assim, a de-
nunciação da lide já era e ainda é admissível em duas hipóteses: (I) evicção (CC, art. 447 e ss.) 
e (II) direito regressivo, previsto em lei ou no contrato.
Em relação ao inciso I, a lei deixa claro que a denunciação deve ser feita ao alienante ime-
diato, o que significa a inadmissibilidade da denunciação per saltum; ou seja, não é possível que 
autor ou réu denunciem a lide a outros alienantes da cadeia. No Código de 1973, cogitava-se da 
possibilidade de denunciação per saltum porque o art. 70 referia-se apenas a alienante, e não a 
alienante imediato, e o art. 456 do Código Civil previa a denunciação ao “alienante imediato, ou 
qualquer dos anteriores”. A expressa referência ao alienante imediato também afasta a possibili-
dade de uma denunciação coletiva em face de todos os alienantes anteriores da cadeia.
Já em relação ao inciso II, o CPC/2015 deixou de se posicionar sobre a talvez mais relevante polê-
mica sobre denunciação da lide verificada na vigência do CPC/1973. É necessário saber se a denun-
ciação da lide é ou não admissível quando houver inserção de questões novas que ampliem o objeto 
do processo. São conhecidas na doutrina as teses ampliativa e restritiva, sendo majoritária a primeira. 
Na jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça tem prevalecido a tese restritiva:
“Afigura-se inviável a denunciação da lide, fundada no art. 70, III, do CPC, nos casos em que 
o alegado direito de regresso exige o reconhecimento de fundamento novo não constante da lide 
originária” (STJ, 3ª T., REsp nº 934.394/PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, unânime, j. em 
26/2/2008, DJe de 10/3/2008). 
Art. 125
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“Nos termos do art. 70, III, do CPC, para que se defira a denunciação da lide, é necessário 
que o litisdenunciado esteja obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar a parte vencida, em 
ação regressiva, sendo vedado, ademais, introduzir-se fundamento novo no feito, estranho à lide 
principal. Precedentes” (STJ, 4ª T., REsp nº 701.868/PR, Rel. Min. Raul Araújo, unânime, j. em 
11/2/2014, DJe de 19/2/2014).
Essa tese ganhou força especialmente nos casos de responsabilidade civil do Estado e em 
demandas envolvendo relação de consumo em razão das especificidades de direito material que 
envolvem essas duas situações.
No tocante às ações contra o Estado, decidiu o Supremo Tribunal Federal no seguinte sentido:
“O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas jurídicas 
de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos, é que 
poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão dos 
respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e não como pessoas comuns.
Esse mesmo dispositivo constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do 
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, dado 
que bem maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofri-
do. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa 
e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular” (STF, 1ª T., RE nº 
327.904/SP, Rel. Min. Carlos Britto, unânime, j. em 15/8/2006, DJ de 8/9/2006).
Esse entendimento gera bastante estranheza por vários motivos, dentre os quais: (I) embora 
a solvabilidade da pessoa jurídica seja maior, em muitos casos o pagamento é feito por meio de 
precatório e a condenação da pessoa física poderia ser mais efetiva; (II) é no mínimo estranho 
entender que a Constituição veda a propositura de demanda contra o próprio causador do dano; 
(III) há casos em que a própria defesa do Estado traz para o processo discussão sobre a culpa e 
isso se dá quando alega culpa exclusiva da vítima ou culpa concorrente.
Assim, a denunciação da lide em demandas envolvendo responsabilidade civil do Estado por 
atos de seus agentes não deve ser excluída de maneira apriorística.
O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de não ser obrigatória a de-
nunciação da lide nesses casos (STJ, 1ª Seção, EREsp nº 313.886/RN, Rel. Min. Eliana Calmon, 
unânime, j. em 26/2/2004, DJ de 22/3/2004), discussão que perde o sentido na vigência do 
CPC/2015. Já com relação à admissibilidade da denunciação, há significativo julgado em sentido 
positivo afirmando ser casuística a análise: 
“O cabimento da denunciação depende da ausência de violação dos princípios da celeridade e da econo-
mia processual, o que implica na valoração a ser realizada pelo magistrado em cada caso concreto” (STJ, 
2ª T., REsp nº 975.799/DF, Rel. Min. Castro Meira, unânime, j. em 14/10/2008, DJe de 28/11/2008).
Em relação às demandas envolvendo relação de consumo, o Código de Defesa do Consumi-
dor, em seu art. 88, veda a denunciação da lide em demanda fundada em fato do produto (CDC, 
art. 13). Ocorre que existe responsabilidade solidária entre todos os participantes da cadeia pro-
dutiva (CDC, art. 7º, parágrafo único), de modo que eventual demanda de regresso deveria ser 
veiculada por meio de chamamento ao processo e não de denunciação da lide, a despeito de texto 
legal expresso mencionando essa segunda figura. Como quer que seja, nesses casos fica então ve-
dado trazer o terceiro para oprocesso. Anote-se, ainda, que o Superior Tribunal de Justiça amplia 
a proibição para todos os casos de responsabilidade civil por acidente de consumo:
Art. 125
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“A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à responsabilidade 
de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também nas demais hipóteses 
de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC)” (STJ, 3ª T., REsp nº 
1.165.279/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, unânime, j. em 22/5/2012, DJe de 28/5/2012).
O Código de Defesa do Consumidor prevê uma única exceção para admitir o “chamamento ao 
processo” do segurador em caso de seguro de responsabilidade civil contratado por fornecedor 
de produtos ou serviços (CDC, art. 101).
Não existindo vedação legal expressa à denunciação da lide, como ocorre nos Juizados 
Especiais (Lei nº 9.099/1995, art. 10), a adoção de uma ou outra tese passa necessariamente pelo 
exame das vantagens da denunciação da lide. A principal delas sem dúvida é a harmonia de 
julgados, mas é também relevante a economia processual encarada sob o aspecto macro, uma vez 
que se resolve em um processo só algo que, não fosse a denunciação da lide, seria resolvido em 
dois. A desvantagem do instituto é o eventual comprometimento da duração razoável do processo, 
uma vez que é mais complexo o processo com denunciação da lide. 
Como nenhuma novidade trouxe o Código em relação a essa questão específica, a tendência é 
que as posições se mantenham na doutrina e na jurisprudência. Anote-se que só se cogita desse 
problema em relação à denunciação da lide feita pelo réu e que uma correta análise da admis-
sibilidade ou não da denunciação da lide deve ser necessariamente casuística, levando-se em 
consideração que a denunciação não se dá apenas em benefício do denunciante, mas também da 
parte contrária, que poderá, ao fim da fase de conhecimento, ter à sua disposição título executivo 
em face tanto do denunciante como do denunciado.
Ainda em relação ao inciso II, a previsão é extremamente ampla ao tratar de direito regressivo. 
Não se nega que, em casos de solidariedade ou de fiança, aquele que paga a dívida tem também 
direito regressivo em face dos codevedores ou do devedor principal. Nesses casos, contudo, 
como se verá adiante, a lei prevê o cabimento do chamamento ao processo, pois aí há relação 
direta entre o autor da demanda e os chamados, diferentemente do que se passa na denunciação 
da lide promovida pelo réu. Como quer que seja, diante da possível confusão entre os dois ins-
titutos, é imperativa a aplicação da fungibilidade, facilitada em razão de o cabimento de uma 
ou outra intervenção dar-se no mesmo momento processual. Ao aplicar a fungibilidade, deverá 
o juiz necessariamente esclarecer de que modo deve ser processada a intervenção, pois há entre 
elas algumas diferenças de regime jurídico.
V. Possibilidade de uma única denunciação sucessiva
Há ainda, por fim, uma importante novidade a ser destacada no § 2º do dispositivo ora comentado. 
O Código passa a prever expressamente a possibilidade de uma única denunciação sucessiva, limitan-
do uma potencial cadeia de denunciações que em tese era permitida pelo art. 73 do CPC/1973.
Art. 126 - A citação do denunciado será requerida na petição inicial, 
se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, 
devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.
I. Procedimento da denunciação requerida pelo autor
Trata-se de regra procedimental afinada com o objetivo de simplificação do procedimento, 
uma das linhas mestras do Código de Processo Civil de 2015.
Art. 126
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Em se tratando de denunciação promovida pelo autor, já foi dito que se trata de um litisconsór-
cio eventual e, portanto, é óbvio que isso deve ser feito desde logo na inicial; afinal, seria abso-
lutamente ilógico que – em qualquer caso de litisconsórcio, aliás – fossem apresentadas petições 
distintas em relação a cada um dos réus.
II. Procedimento da denunciação requerida pelo réu
Já no tocante à denunciação requerida pelo réu, é extremamente saudável a previsão segundo 
a qual deve ser feita na própria contestação. O CPC/1973 dispunha que a denunciação deveria ser 
requerida “no prazo para contestação”, o que podia gerar dúvida a respeito de eventual necessi-
dade de petição autônoma, já que a denunciação da lide é exercício do direito de ação.
Vale esclarecer, contudo, que em regra o réu não é obrigado a efetivamente contestar a demanda, 
impugnando a pretensão do autor, para poder promover a denunciação da lide. Poderá limitar-se 
a requerer a denunciação da lide. Uma possível exceção a essa regra está no art. 787, § 2º, do 
Código Civil, que impede o segurado de “reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação”. 
O Superior Tribunal de Justiça já vinha entendendo ser desnecessária petição autônoma para 
a denunciação da lide requerida pelo réu (ver, nesse sentido, STJ, 3ª T., REsp nº 476.670/SP, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, unânime, j. em 2/9/2013, DJ de 20/10/2013). De todo modo, ganha 
a segurança jurídica com a clareza do CPC/2015. Além disso, o sistema fica mais coerente, uma 
vez que agora nenhuma outra defesa será apresentada em petição autônoma. Com o CPC/2015, 
aquilo que era exceção converte-se em preliminar de contestação (CPC/2015, art. 337) e mesmo 
a reconvenção deve ser apresentada na mesma peça da contestação (CPC/2015, art. 343).
Recomenda-se, todavia, que a denunciação seja requerida em um capítulo autônomo da peti-
ção inicial, de forma bem destacada, para não gerar dúvidas de que está sendo de fato requerida.
III. Ausência de denunciação e preclusão
O momento adequado para a denunciação é a inicial, no caso do autor, e a contestação, no caso 
do réu; não requerida nesses momentos específicos, haverá preclusão dessa faculdade e eventual 
direito do autor ou do réu; em face dos potenciais denunciados deverá ser discutido em ação autô-
noma.
IV. Prazos para citação do denunciado
O art. 131 do CPC/2015, que está no capítulo relativo ao chamamento ao processo, prevê os prazos 
para que seja efetivada a citação do denunciado: 30 dias se o denunciado residir na mesma comarca, 
seção ou subseção judiciária e 2 meses se residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, 
ou ainda em lugar incerto. O dispositivo se aplica tanto para a denunciação requerida pelo réu quanto 
para a requerida pelo autor, uma vez que, como se verá melhor adiante, embora não haja previsão 
legal expressa, o processo deverá ficar suspenso para a citação do denunciado e, no caso de ser reque-
rida pelo autor, o denunciado deverá ser citado antes mesmo do réu da demanda principal.
Para que a denunciação fique sem efeito por descumprimento dos prazos previstos no art. 131, 
é necessário que o atraso seja imputável ao denunciante, que deverá providenciar o necessário 
para a citação. Se o atraso for imputável ao órgão judiciário ou ao próprio denunciado, o denun-
ciante não poderá ser apenado com a ineficácia da denunciação.
Caso a denunciação fique de fato sem efeito por descumprimento dos prazos acima referidos, 
evidente que ainda assim poderão autor e réu pleitear eventual ressarcimento em ação autônoma, 
apesar de essa hipótese não estar expressamente disciplinada no § 1º do art. 125; intepretação 
diversa é inaceitável.
Art. 126
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Art. 127 - Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a 
posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos 
à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
I. Denunciação feita pelo autor: o denunciado deve ser citado antes do réu
Para que essa faculdade possa se concretizar, o denunciado deverá ser citado antes do réu, 
como prevê a lei; caso odenunciado acrescente novos argumentos à petição inicial, o réu, ao ser 
citado, deverá ser notificado não só da inicial, mas também da manifestação do denunciado.
II. Duplo papel exercido pelo denunciado no processo
Para bem interpretar esse dispositivo, é necessário diferenciar a demanda originária e a 
demanda visando ao ressarcimento. Evidentemente, o denunciado só poderá assumir a posição 
de litisconsorte do denunciante na demanda originária, já que, sendo réu na demanda de regresso, 
não teria qualquer sentido demandar contra si próprio. 
Assim, ainda que a lei preveja que o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do 
denunciante, ele não será litisconsorte para todos os efeitos naquele processo que contém duas 
demandas; terá necessariamente um duplo papel. Será litisconsorte do denunciante na demanda 
originária e réu na denunciação (demanda visando ao ressarcimento).
III. Poderes do denunciante-litisconsorte
Importante anotar que o denunciado apenas poderá acrescentar novos argumentos à petição 
inicial; não poderá, assim, promover modificações no pedido ou na causa de pedir. O art. 74 do 
CPC/1973 falava em possível aditamento da petição inicial, o que provocou polêmicas a respei-
to da extensão dos poderes do denunciado. A alteração da redação deve ser levada em conta na 
interpretação do dispositivo.
Anote-se por fim que, optando por acrescentar novos argumentos à petição inicial, assumindo 
a posição de litisconsorte do autor, o denunciado poderá ser condenado ao pagamento de eventuais 
verbas de sucumbência. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça na vigência do 
CPC/1973:
“Responde também pelos ônus da sucumbência o litisdenunciado que comparece aos autos e adita 
a petição inicial, assumindo a posição de litisconsorte do denunciante (art. 74 do CPC)” (STJ, 4ª T., 
REsp nº 115.894/DF, Rel. Min. Barros Monteiro, unânime, j. em 23/10/2001, DJ de 25/3/2002).
IV. Formação do litisconsórcio e prazo em dobro
Formando-se o litisconsórcio entre denunciante e denunciado, será aplicável o caput do art. 
229 do CPC/2015, que prevê prazo em dobro para litisconsortes com procuradores distintos. Ne-
cessário, contudo, atentar para o fato de que a regra do prazo em dobro não tem aplicação quando 
se trata de processo eletrônico (CPC/2015, art. 229, § 2º).
V. Outras possíveis posturas do denunciado
Nem sempre o denunciado desejará tornar-se litisconsorte do autor. Assim, o denunciado po-
derá se limitar a contestar a denunciação da lide ou mesmo permanecer inerte, quando será con-
siderado revel em relação à denunciação da lide.
Art. 128 - Feita a denunciação pelo réu:
Arts. 127 e 128
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I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo 
prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e 
denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com 
sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo 
sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação 
principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a 
tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Parágrafo único - Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, 
se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o 
denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
I. Denunciação feita pelo réu I: denunciado como litisconsorte
A redação do art. 128 do CPC/2015 é muito superior à confusa e incompleta redação do 
art. 75 do CPC/2013, mas ainda apresenta algumas falhas.
Na vigência do CPC/1973, surgiu relevante controvérsia na doutrina a respeito da real posição 
ocupada pelo denunciado no processo em relação à demanda principal: parte da doutrina aderia à 
literalidade da lei, afirmando tratar-se de litisconsorte; outra parte, no entanto, afirmava tratar-se 
de assistente.
O CPC/2015, no art. 128, inciso I, insiste em prever que, contestando o pedido formulado 
pelo autor (uma das possíveis posturas que pode adotar no processo), o denunciado será litiscon-
sorte do denunciante na demanda principal (ou originária). Considerando que agora o Código 
consagrou orientação jurisprudencial no sentido de que o autor pode promover cumprimento de 
sentença diretamente em face do denunciado (parágrafo único), o que será aprofundado adiante, 
ganha força a tese segundo a qual o denunciado é litisconsorte do denunciante.
Formando-se o litisconsórcio, será aplicável o caput do art. 229 do CPC/2015, que prevê pra-
zo em dobro para litisconsortes com procuradores distintos. Vale mais uma vez que a regra não é 
aplicável em se tratando de processo eletrônico (CPC/2015, art. 229, § 2º).
Anote-se que a preexistência de efetivo litisconsórcio entre denunciante e denunciado não 
afasta a possibilidade da denunciação. Assim, mesmo quando o potencial denunciado já for réu 
na demanda principal, é cabível a denunciação da lide:
“Nada obsta a denunciação da lide requerida por um réu contra outro, porque somente assim 
se instaura entre eles a lide simultânea” (STJ, 3ª T., REsp nº 8.185/SP, Rel. Min. Cláudio dos 
Santos, unânime, j. em 28/5/1991, DJU de 24/6/1991).
II. Denunciação feita pelo réu II: revelia do denunciado
O inciso II reproduz a ideia contida no parágrafo único do art. 456 do Código Civil, que, antes 
de ser revogado pelo Código de Processo Civil de 2015, era aplicável aos casos de evicção: “não 
atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o 
adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos”. Além de a redação do inciso II 
ser mais técnica, a regra agora é aplicável a todas as hipóteses de denunciação da lide.
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III. Denunciação feita pelo réu III: confissão dos fatos pelo denunciado
Por fim, o inciso III dá a entender que a confissão do denunciado somada à adesão do denun-
ciante leva imediatamente à procedência da demanda principal, o que não é verdade. A confissão 
não é prova plena e deverá ser apreciada pelo juiz em conjunto com os elementos constantes dos 
autos. Além disso, ainda que a confissão leve de fato à aceitação dos fatos alegados pelo autor 
como verdadeiros, o juiz deverá aplicar o direito e isso pode levar ao julgamento de improcedên-
cia da demanda principal.
IV. Denunciação da lide e efeitos da sentença: possibilidade de se requerer cumprimento 
de sentença diretamente em face do denunciado
O Superior Tribunal de Justiça, ao menos em relação às denunciações da lide envolvendo 
contrato de seguro, já havia consagrado esse entendimento em julgamento de recurso especial 
repetitivo:
“Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, 
a Seguradora denunciada pode ser condenada direta e solidariamente junto com este a pagar a in-
denização devida à vítima, nos limites contratados na apólice” (STJ, 2ª Seção, REsp nº 925.130/
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, unânime, j. em 8/2/2012, DJe de 20/4/2012).
Uma análise da fundamentação do acórdão revela que o fundamento da decisão não está ne-
cessariamente no direito material (CC, art. 787), embora algumas vozes na doutrina defendam 
que o caso do contrato de seguro se encaixaria melhor na figura do chamamento ao processo, pois 
haveria a possibilidade de o segurado ser diretamente demandado pela vítima. De fato, o autor da 
demanda poderá optar por demandar tão somente o causador do dano ou este em litisconsórcio 
com a seguradora.
Vale observar, contudo, que em nenhuma hipótese a demanda poderá ser ajuizada exclusivamen-
te em face da seguradora, sem a participação do causador do dano no processo. O Superior Tribunal 
de Justiça afastou expressamente essa possibilidade em julgamento de recurso especialrepetitivo:
“1. Para fins do art. 543-C do CPC: 
1.1. Descabe ação do terceiro prejudicado ajuizada direta e exclusivamente em face da Segu-
radora do apontado causador do dano.
1.2. No seguro de responsabilidade civil facultativo a obrigação da Seguradora de ressarcir 
danos sofridos por terceiros pressupõe a responsabilidade civil do segurado, a qual, de regra, não 
poderá ser reconhecida em demanda na qual este não interveio, sob pena de vulneração do devido 
processo legal e da ampla defesa” (STJ, 2ª Seção, REsp nº 962.230/RS, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, unânime, j. em 8/2/2012, DJe de 20/4/2012).
E referido entendimento foi recentemente sumulado:
“no seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo tercei-
ro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano” 
(Enunciado nº 539 da súmula da jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça).
O raciocínio adotado pelo Superior Tribunal de Justiça para permitir o cumprimento de sen-
tença diretamente em face do denunciado está fundado muito mais em razões de Direito Pro-
cessual, o que ampara a generalização legislativa presente no parágrafo único do art. 128 do 
CPC/2015 no sentido de permitir que o autor da demanda promova o cumprimento da sentença 
em face do denunciado em qualquer caso:
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“No caso da controvérsia ora examinada, é de se ter em vista que, se é verdade que a de-
nunciação da lide busca solução mais expedita relativamente à situação jurídica existente entre 
denunciante (segurado) e denunciado (seguradora), dispensando ação regressiva autônoma, não 
é menos verdadeira a afirmação de que a fórmula que permite a condenação direta da litisdenun-
ciada possui os mesmos princípios inspiradores desse benfazejo instrumento processual. 
E ainda mais, com a vantagem de não se beneficiar exclusivamente o segurado, exatamente 
o causador do dano injusto, mas também o autor, a vítima do dano causado injustamente pelo 
denunciante” (p. 12 do acórdão).
Vale anotar, contudo, que a autorização legislativa para requerer cumprimento de sentença 
em face do denunciado deixa claro que esse deve se dar nos limites da condenação deste na ação 
regressiva.
Art. 129 - Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará 
ao julgamento da denunciação da lide.
Parágrafo único - Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não 
terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante 
ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
I. A denunciação da lide é uma demanda eventual
O caput do art. 129 apenas deixa claro que a denunciação da lide é uma demanda eventual; 
ou seja, só terá a possibilidade de ter seu mérito julgado na eventualidade de o denunciante 
sucumbir na demanda principal. Saindo-se vencedor o denunciante, deixa de haver interesse no 
julgamento da denunciação da lide.
II. Denunciação da lide e sucumbência
O parágrafo único traz importante regra a respeito da sucumbência, pois poderia haver dúvida 
legítima a respeito de quem deveria arcar com as verbas de sucumbência em favor do denuncia-
do em caso de vitória do denunciante: o próprio denunciante ou seu adversário, sucumbente na 
demanda principal?
De um lado, poder-se-ia entender que tendo o adversário do denunciante dado causa à instau-
ração da demanda, deveria arcar com todas as verbas de sucumbência, inclusive as devidas ao de-
nunciante, que se valeu da denunciação para exercer seu direito de defesa com a maior amplitude 
possível. De outro lado, é possível entender que sendo a denunciação da lide facultativa e não obri-
gatória, foi o denunciante quem deu causa a uma demanda inútil, devendo, portanto, arcar com as 
verbas de sucumbência em favor do denunciado a despeito de ser vencedor na demanda principal.
Anote-se que outras situações relativas à sucumbência que podem gerar dúvida não foram dis-
ciplinadas na lei. É possível, por exemplo, que o denunciante sucumba na demanda principal sem 
que o denunciado tenha oferecido resistência à denunciação da lide. Nesse caso, mesmo que seja 
reconhecido o dever de ressarcimento do denunciado, não deverá arcar com as verbas sucumben-
ciais em favor do denunciante. Nesse sentido, há precedentes do Superior Tribunal de Justiça:
“Inexistindo resistência do denunciado, que aceitou a sua condição e se colocou como litis-
consorte da denunciante, é descabida a sua condenação em honorários de advogado pela denun-
Art. 129
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ciação da lide. Precedentes do STJ” (STJ, 4ª T., REsp nº 579.386/RJ, Rel. Min. Barros Monteiro, 
unânime, j. em 17/11/2005, DJ de 19/12/2005).
“A falta de resistência à denunciação da lide enseja o não cabimento de condenação da denun-
ciada em honorários advocatícios quando sucumbente o réu denunciante. Precedentes” (STJ, 4ª 
T., AgRg no AREsp nº 486.348, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, unânime, j. em 8/5/2014, DJe 
de 22/5/2014).
Art. 130 - É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de 
alguns o pagamento da dívida comum.
I. Introdução
Em relação ao chamamento ao processo, o Código de Processo Civil de 2015 não trouxe nenhu-
ma inovação. O projeto aprovado na Câmara tinha dispositivo que ampliava consideravelmente seu 
cabimento, admitindo também o chamamento “daqueles que, por lei ou contrato, são também corres-
ponsáveis perante o autor”, mas isso foi infelizmente rejeitado no Senado na aprovação do texto final.
O chamamento ao processo é modalidade de intervenção de terceiro provocada (não voluntária), 
porque a iniciativa de ingresso no processo não é do terceiro, e há ampliação subjetiva do proces-
so; diverge a doutrina a respeito de haver ou não ampliação objetiva. O ingresso do chamado no 
processo dá origem a um litisconsórcio ulterior, que poderá ser comum, quando a obrigação for 
divisível, ou unitário, quando a obrigação for indivisível. Formando-se o litisconsórcio, haverá 
incidência do caput do art. 229 do CPC/2015, que prevê prazo em dobro para litisconsortes com 
procuradores distintos; necessário, contudo, atentar para o fato de que a regra do prazo em dobro 
não tem aplicação quando se trata de processo eletrônico (CPC/2015, art. 229, § 2º).
II. Cabimento no processo de conhecimento e no pedido de tutela provisória antecedente
Valem aqui as mesmas observações feitas com relação à denunciação da lide (v. item II dos 
comentários ao art. 125): tendo natureza de demanda condenatória, o chamamento ao processo 
é instituto de aplicação exclusiva ao processo de conhecimento. A expressão “processo de co-
nhecimento” não deve ser confundida com a expressão “procedimento comum”, de modo que 
não se afasta aprioristicamente o cabimento da denunciação da lide em alguns procedimentos 
especiais, inclusive no monitório. Será também possível trazer para o procedimento mediante 
o qual se pleiteia tutela cautelar antecedente, em alguns casos (especialmente quando se tratar 
de produção antecipada de prova), mediante uma espécie de assistência provocada, aquele que 
poderia figurar como chamado no processo principal. 
III. Admissibilidade do chamamento ao processo
Embora o artigo tenha três incisos, seria suficiente dizer que o chamamento é admissível em 
caso de solidariedade, pois as previsões dos incisos I e II nada mais são do que exemplos de so-
lidariedade. E havendo solidariedade, evidente que o chamado é alguém que já poderia ter sido 
incluído no polo passivo desde o início. No tocante ao inciso I, contudo, vale deixar claro que 
apenas o fiador pode promover o chamamento, nunca o afiançado.
Art. 130

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