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A psicologia social e uma nova concepção do homem para a Psicologia

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A PSICOLOGIA SOCIAL E UMA NOVA CONCEPÇÃO DE HOMEM
Silvia Tatiana Maurer Lane. In: O homem em movimento p. 10-19
“Quase nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo isolado. O sujeito da ação é um grupo, um “Nós”; mesmo se a estrutura atual da sociedade, pelo fenômeno da reificação, tende a encobrir esse “nós” e a transforma-lo numa soma de várias individualidades distintas e fechadas umas às outras” 
Lucien Goldman, 1947 
Relação entre Psicologia e Psicologia Social deve ser entendida numa perspectiva histórica.
Década de 50, sistematizações em termos de Psicologia Social surgem dentro de duas tendências predominantes:
1) tradição pragmática dos EU, visava alterar e/ou criar atitudes, interferir nas relações grupais p/ harmoniza-las e garantir a produtividade do grupo, atuação caracterizada pela minimização de conflitos, tornando os homens “felizes” reconstrutores da humanidade depois da destruição da segunda Guerra Mundial.
2) Tradição filosófica européia, procura conhecimentos c/ raízes na fenomenologia, buscando modelos científicos totalizantes que evitem novas catástrofes mundiais, c/ Lewin e sua teoria de Campo.
Na França, a tradição psicanalítica é retomada após o movimento de 68 e critica a psicologia social norte-americana c/ uma ciência ideológica, reprodutora dos interesses da classe dominante, e produto de condições históricas específicas, o que invalida a transposição tal e qual deste conhecimento para outros países, em outras condições histórico-sociais.
Movimento tem repercussões na Inglaterra, Israel e Tajfell criticam o positivismo, que em nome da objetividade perdeu o ser humano.
Na América Latina, Terceiro Mundo, dependente econômica e culturalmente, a Psicologia Social oscila entre o pragmatismo norte-americano e a visão abrangente de um homem que só era compreendido filosoficamente ou sociologicamente, ou seja, um homem abstrato.
1976- Congressos interamericanos de Psicologia (Miami) – críticas e novas propostas.
Associação Venezuelana de PS, grupo da Venezuela (AVEPSO) coexistindo c/ a Associação Latino-Americana de Psicologia Social (ALAPSO). Psicólogos brasileiros também faziam suas críticas, procurando novos rumos para uma PS que atendesse à nossa realidade. 
1979 – Lima-Peru, propostas concretas de uma Psi S em bases materialista-históricas e voltadas p/ trabalhos comunitários.
Primeiro passo p/ superação da crise: constatação da tradição biológica da psicologia. Indivíduo considerado um organismo que interage no meio físico, sendo que os processos psi (o que ocorre “dentro” dele) são assumidos c/ causas que explicam seu comportamento. Logo bastaria conhecer o que ocorre “dentro dele” quando ele se defronta c/ estímulos do meio.
Porém o homem fala, pensa, aprende e ensina, transforma a natureza; o homem é cultura, é história. Seu organismo é uma infra-estrutura que permite o desenvolvimento de uma superestrutura que é social e, portanto histórica. Esta desconsideração da Psicologia em geral, do ser humano c/ produto histórico-social é que a torna uma ciência que reproduziu a ideologia dominante de uma sociedade.
É indiscutível que o reforço aumenta a probabilidade de ocorrência de um cpto, assim c/ a punição extingue cptos. Porém em que condições sociais ocorre a apdz e o que ela significa no conjunto das relações sociais que definem concretamente o indivíduo na sociedade em que ele vive.
O ser humano traz consigo sua dimensão social e histórica que não pode ser descartada, sob o risco de termos uma visão distorcida (ideológica) de seu cpto.
A IDEOLOGIA NAS CIÊNCIAS HUMANAS
O positivismo na procura da objetividade dos fatos perdera o humano, enquanto descrição de cpto não dava conta do ser humano agente de mudança, sujeito da história.
A psicanálise enfatizava a história do indivíduo, a sociologia recuperava, através do materialismo histórico, a especificidade de uma totalidade histórica concreta na análise de cada sociedade.
A ideologia, c/ produto histórico se cristaliza nas instituições e traz consigo uma concepção de homem necessária p/ reproduzir relações sociais fundamentais p/ a manutenção das relações de produção da vida material, gerando uma contradição fundamental, que ao ser superada produz uma nova sociedade, qualitativamente diferente da anterior.
Porém, p/ que esta contradição não negue a todo o momento a sociedade que produz, é necessária a mediação ideológica, ou seja, valores, explicações tidas c/ verdadeiras que reproduzam as relações sociais necessárias p/ a manutenção das relações de produção.
Assim quando as ciências humanas se atêm apenas na descrição, seja macro ou microssocial, das relações entre os homens e das instituições, sem considerar a sociedade c/ produto histórico-dialético, elas não conseguem captar a mediação ideológica e a reproduzem c/ fatos inerentes à “natureza” do homem.
Os teóricos esqueceram-se que este homem, junto c/ os outros, ao transformar a natureza, se transformava ao longo da história.
A PSICOLOGIA SOCIAL E O MATERIALISMO HISTÓRICO
Positivismo- contradição entre objetividade e subjetividade, perdeu o humano, produto e produtor da história, se tornou necessário recuperar o subjetivismo enquanto materialidade psicológica. 
A dualidade físico x psíquico implica uma concepção idealista de ser humano, ou então caímos num organicismo onde homem e máquina são imagem e semelhança.
Tornou-se necessária uma nova dimensão espaço-temporal p/ se apreender o Indivíduo c/ um ser concreto, manifestação de sua totalidade histórico-social – uma psicologia social que partisse da materialidade histórica produzida por e produtora de homens.
Dentro desse materialismo histórico e da lógica dialética – pressupostos p/ a reconstrução de um conhecimento que atenda à realidade social e ao cotidiano de cada indivíduo e que permita a intervenção efetiva na rede de relações sociais que define cada indivíduo – objeto da Psicologia Social.
CRÍTICAS À PSICOLOGIA SOCIAL TRADICIONAL
O homem não sobrevive a não ser em relação c/ outros homens, portanto a dicotomia Indivíduo X Grupo é falsa – desde seu nascimento (mesmo antes) está inserido em grupo social;
A sua participação, as suas ações, por estar em grupo, dependem fundamentalmente da aquisição da linguagem que preexiste ao indivíduo c/ código produzido historicamente pela sua sociedade, que ele apreende na sua relação específica com outros indivíduos. Se a língua traz em seu código significados, p/ o indivíduo as palavras terão um sentido pessoal decorrente da relação entre pensamento e ação, mediadas pelos outros significativos.
A atividade implica ações encadeadas, junto c/ outros indivíduos, p/ a satisfação de uma necessidade comum. Para haver um encadeamento é necessária a comunicação (linguagem) assim c/ um plano de ação (pensamento) que por sua vez decorre de atividades anteriormente desenvolvidas. 
O homem, ao agir, transformando o seu meio se transforma, criando características próprias que se tornam esperadas pelo seu grupo no desenvolver de suas atividades e de suas relações c/ outros indivíduos. 
Na especificidade psicossocial, caberia uma análise das relações grupais, porque mediadas pelas instituições sociais e exercendo uma mediação ideológica na atribuição de papéis e representações decorrentes de atividades e relações sociais tidas c/ “adequadas, corretas, esperadas” etc.
A consciência da reprodução ideológica inerente aos papéis socialmente definidos permite aos indivíduos no grupo superarem suas individualidades e se conscientizarem das condições históricas comuns aos membros do grupo, levando-os a um processo de identificação e de atividades conjuntas que caracterizam o grupo c/ unidade.
Quando o grupo se percebe inserido no processo de produção material de sua vida e percebe as contradições geradas historicamente, leva-o a atividades que visam á superação das contradições presentes no seu cotidiano, tornando-se um grupo-sujeitoda transformação histórico-social.
DECORRÊNCIAS METODOLÓGICAS: A PESQUISA-AÇÃO ENQUANTO PRÁXIS
Pesquisador-produto-histórico parte de uma visão de mundo e do homem comprometida e neste sentido não há possibilidade de se gerar um conhecimento “neutro”, nem um conhecimento do outro que não interfira na sua existência. Pesquisador e pesquisado se definem p/ relações sociais que tanto podem ser reprodutoras c/ transformadoras das condições sociais onde ambos se inserem, conscientes ou não, sempre a pesquisa implica intervenção, ação de uns sobre os outros. 
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