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Atividade eletromiográfica e cocontração dos músculos do tronco durante exercícios realizados com haste oscilatória: uma análise do efeito de diferentes posturas A dor lombar de origem inespecífica apresenta-se como umas das disfunções músculo- esqueléticas que mais acometem adultos. Entre as prováveis causas mais atribuídas ao aparecimento dessa disfunção está a redução da estabilidade da região lombar. Estudos tem indicado exercícios que promovam a ativação dos músculos estabilizadores do tronco, tais como o oblíquo interno (OI) e multifidos (MU), como tratamento e prevenção da dor lombar inespecífica. Entre as diversas técnicas de exercícios físicos estão os exercícios com haste oscilatória, cuja vibração promove a contração dos músculos do segmento superior e é transmitida a todo o corpo do indivíduo que realiza o exercício, causando perturbações no centro de massa do praticante do exercício que, para manter a estabilidade, adota ajustes posturais tais como a contração dos músculos profundos do abdômen, entre eles o transverso abdominal (TrA) e obliquo interno (OI). Como o exercício com haste oscilatória pode ser uma importante ferramenta clínica para fisioterapeutas na prevenção e tratamento da dor lombar inespecífica este estudo teve por objetivo analisar a atividade eletromiográfica (EMG) e cocontração dos músculos do tronco durante a realização de exercícios com haste oscilatória em duas diferentes posturas (pelve neutra e pelve em retroversão), levando em conta a hipótese inicial de que a realização do exercício na posição neutra da pelve pode promover maior atividade da musculatura estabilizadora. Para o estudo, foram selecionadas vinte mulheres jovens de uma população universitária, sem dores lombares. Os exercícios foram realizados com as voluntárias em pé, em duas posturas distintas: coluna lombar retificada, com retroversão pélvica e semi-flexão de joelhos; coluna lombar em posição neutra da pelve e joelhos em extensão completa. A coleta de dados foi realizada através de eletrodos posicionados bilateralmente sobre os músculos oblíquo interno (OI), reto abdominal (RA), iliocostal lombar (IL) e multifidos (MU). Os resultados obtidos apresentaram diferenças estatisticamente significativas na interação entre músculos e posturas, tais como ativação de IL e de OI maiores nas posturas neutra e retrovertida, respectivamente. Esses resultados refutam a hipótese inicial, pois foram contrários ao esperado. Possivelmente a maior atividade do músculo IL está relacionada com o fato de que na posição neutra o músculo está num posicionamento comprimento-tensão ótimo para gerar torque e assim, sua ativação promove maior estabilidade à coluna no plano sagital. Já para a postura com pelve retrovertida, como alguns músculos estabilizadores lombo-pélvicos, tais como o iliopsoas e IL, encontram-se alongados e a eficiência estabilizadora de contração desses músculos se encontra reduzida, ocorre um maior recrutamento do músculo OI durante o exercício para compensar. Além disso, uma possível explicação para os resultados não corroborarem com os de outros estudos, é que além da instabilidade causada pela postura em pé, a posição de retroversão da pelve e a oscilação da haste acrescentaram desafios à estabilidade da coluna, alterando as respostas do recrutamento muscular. Portanto, mais estudos são necessários para o entendimento do posicionamento da pelve mais adequado para a realização de exercícios com haste oscilatória e seus possíveis efeitos na prevenção e tratamento da dor lombar, além de estudos utilizando outras populações. COMENTÁRIO: O artigo apresenta um assunto relevante a ser investigado pelos profissionais de saúde, mais especificamente fisioterapeutas, e que ainda se encontra somente no início. Assim como colocado pelos autores, seria interessante uma investigação futura mais abrangente da relação entre o posicionamento da pelve na ativação dos músculos através dos exercícios com haste oscilatória e seus efeitos na prevenção e tratamento da dor lombar, visto que verifica-se na literatura que a posição da pelve está relacionada com o comprimento muscular dos músculos IL e OI, contribuindo ou prejudicando a eficiência da contração muscular. Além disso, também é importante abranger o estudo para outras populações, para verificar a influência de outros fatores, tais como idade, peso, sexo, prática de atividade física, presença/ausência de dor lombar, entre outros. MARTINS, Luis Renato Garcia Martinez et al . Atividade eletromiográfica e cocontração dos músculos do tronco durante exercícios realizados com haste oscilatória: uma análise do efeito de diferentes posturas. Fisioter. Pesqui., São Paulo , v. 22, n. 2, p. 119-125, June 2015 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809- 29502015000200119&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 Nov. 2017.