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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.39-42, set. 2011 39 Colorimetria em ovos de codornas japonesa e americana 1 1 2Emanuel Neto Alves de Oliveira , Dyego da Costa Santos , Jeane Karla de Mendonça Mota , 1 3 Joabis Nobre Martins e Renilson Targino Dantas 1Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Área de Concentração em Processamento de Produtos Agrícolas, UAEA/CTRN/UFCG (emanuelnetoliveira@ig.com.br; dyego.csantos@gmail.com; martins_ta@hotmail.com) 2 Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Área de Concentração em Construções Rurais e Ambiência, UAEA/CTRN/UFCG (motajkm@yahoo.com.br) 3 Professor, Doutor, UAEA/CTRN/UFCG (renilson@dca.ufcg.edu.br) Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar a coloração dos principais componentes de ovos comerciais de codorna japonesa (Coturnix coturnix japonica) e americana (Calinus virginianus). Foram coletados 50 ovos de cada espécie. Em seguida, foram lavados, secos e determinado a cor dos principais componentes (albúmen, gema e casca) além do mix (mistura clara e gema), com utilização de espectrofotômetro portátil Hunter Lab Mini Scan XE Plus, modelo 4500 L, com obtenção dos parâmetros L*, a* e b*. Quanto à luminosidade, a maior intensidade foi verificada nas cascas seguida do albúmen, para os ovos de ambas as espécies. Os valores de luminosidade vaiaram de 0,30 ± 0,10 (mix da espécie japonesa) a 46,57 ± 0,51 (casca da espécie americana). As maiores intensidades de vermelho (a*) e amarelo (b*) foram verificados no mix e gema, respectivamente, e os menores no albúmen e na casca de ambas as espécies. Para o albúmen a cromaticidade (a*) foi negativa, confirmando a ausência de tonalidade vermelha. Houve diferença significativa para a cor do albúmen, gema e mix, no entanto, não houve diferença para a cor das cascas de ambas as espécies. Concluiu-se que os ovos de codorna da espécie americana apresentam os maiores valores de luminosidade e cromaticidade, com exceção dos valores encontrados para cromaticidade (-a*) no albúmen e luminosidade e cromaticidade (+b*) encontradas na casca, que foram maiores nos ovos da espécie japonesa. Palavras-chave: coloração do ovo, albúmen, gema, mix, luminosidade, cromaticidade Colorimetry in Japanese and American quail eggs Abstract – The objective of the study was evaluate the color of the main components of commercial eggs of Japanese (Coturnix coturnix japonica) and American (Calinus virginianus) quails. 50 eggs of each species were collected. Then they were washed, dried and had the color of the main components (albumen, yolk and shell) determined in addition to the mix (albumen with yolk), using a portable spectrophotometer Hunter Lab Mini Scan XE Plus, model 4500 L, obtaining parameters L*, a* and b*. As for brightness, the highest intensity was found in the bark, followed by albumen, for the eggs of both species. The luminosity values ranged from 0.30 ± 0.10 (mix of the Japonese specie) to 46.57 ± 0.51 (eggshell of the American specie). Higher intensities of red (a*) and yellow (b*) were observed on mix and yolk, respectively, and lowest in the albumen and shell of both species. For the albumen the chromaticity (a *) was negative, confirming the absence of red tint. There was a significant difference in the color of the albumen, yolk and mix, however, there was no difference in the color of the shell of both species. It is concluded that quail eggs of the American species present the highest values of brightness and chromaticity, with the exception of values for chromaticity (-a*) in the albumen and luminosity and chromaticity (+ b*) found in the eggshell, which were higher in eggs of the Japanese specie. Keywords: staining of the egg, albumen, yolk, mix, brightness, chromaticity Introdução A coturnicultura é uma atividade avícola em expansão, responsável pela geração de emprego e renda em todos os níveis de sua cadeia produtiva. Além disso, seu principal produto, o ovo, é uma fonte de proteína animal de alto valor biológico (Moura et al., 2010). A criação de codornas para a produção de ovos tem se desenvolvido de forma expressiva no Brasil (Togashi et al., 2008). De acordo com Murakami & Furlan (2002), é um setor da avicultura que está em franco crescimento com grande produtividade e rentabilidade, que resultam do rápido crescimento das aves, da maturidade precoce, da alta taxa de postura e do baixo consumo de ração. Oliveira (2007), baseado em dados do IBGE, observou que nos últimos anos houve aumento significativo da produção de ovos, sem grandes variações no tamanho da população de aves. Esse aumento de produtividade pode ser atribuído ao uso de tecnologias na atividade, ao melhoramento genético a que as aves estão sendo submetidas e melhorias na nutrição, manejo e sanidade aplicadas nas criações. Segundo Biscaro & Canniatti-Brazaca (2006), o ovo é um alimento completo, possuindo todas as vitaminas, aminoácidos e minerais que irão constituir um ser vivo. De acordo Sobral et al. (2009), o ovo de codorna apresenta teor médio de 74,6% de umidade, 13,1% de proteína, 1,1% de minerais e 11,2% de lipídeos. Os teores de cálcio, fósforo, ferro, vitamina A e energia, em 100g de ovo, estão na faixa de Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.39-42, set. 201140 59 mg, 220 mg, 3,8 mg, 300UI e 158 kcal, respectivamente. Em escala comercial e de forma idêntica à produção de ovos de galinhas poedeiras, os ovos de codornas são produzidos por meio do fornecimento ininterrupto de rações para postura à base de milho amarelo e farelo de soja, o que tem garantido uma pigmentação de gema que pode variar do amarelo ao laranja (Oliveira et al., 2007). Segundo Biscaro & Canniatti-Brazaca (2006), a intensidade da cor das gemas é decorrente da deposição de pigmentos naturais, entre elas às xantofilas (grupo de pigmentos carotenóides), principalmente a luteína e a zeaxantina presentes no milho (principal componente das rações). Segundo Hencken (1992), quanto mais às aves consumirem alimentos que contenham pigmentos carotenóides em sua constituição, tanto maior será a deposição destes pigmentos nas gemas dos ovos e a intensidade da sua coloração. Para Lucotte (1976), a cor e o desenho dos ovos são dependentes da genética da ave e variam demasiadamente de uma poedeira para outra, podendo ser claro, amarelo, marrom claro, esverdeado ou escuro, e ter manchas marrons escuras ou negras, que podem ser pequenas, médias ou grandes. Entre os atributos sensoriais, a cor tem sido relacionada como indicador de qualidade, exercendo papel importante na aceitação dos alimentos pelos consumidores (Silva et al., 2000; Tocchini & Mercadante, 2001). Segundo Moura et al. (2009), a cor da gema é comumente relacionada à qualidade nutricional do ovo e muitas vezes é ferramenta decisória para a aquisição do produto pelo consumidor. Porém, é o sabor a característica sensorial que determina a preferência do consumidor pelo produto em questão. Na literatura estão disponíveis poucas pesquisas referentes ao estudo da coloração em ovos de codorna por espectrofotometria. A maioria das pesquisas determina a cor dos ovos utilizando escore colorimétrico (leque ou abanico), na qual a cor da gema é comparada a uma escala de cores do abanico e, de acordo com a semelhança visual obtida por três ou mais avaliadores, é atribuído um valor médio entre 1 e 15. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a coloração dos principais componentes de ovos comerciais de codorna das espécies japonesa (Coturnix coturnix japonica) e americana (Calinus virginianus) com utilização de espectrofotômetro portátil. Material e Métodos A pesquisa foi desenvolvida no primeiro semestre de 2011, em um aviário comercial localizado na cidade de João Pessoa, PB. Onde foram coletados100 ovos de codornas, 50 da espécie japonesa e 50 da espécie americana. As codornas receberam dieta única, constituída de ração à base de milho. As amostras foram analisadas no Laboratório de Armazenamento e Processamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA), da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola (UAEA), do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na cidade de Campina Grande, PB. Após recepção no Laboratório, os ovos foram submetidos à lavagem, com a finalidade de remover possíveis resíduos aderidos e secos com papel toalha. Em seguida foi determinado a cor dos componentes principais dos ovos (albúmen, gema e casca), além do mix (mistura da clara e gema), com utilização de espectrofotômetro portátil Hunter Lab Mini Scan XE Plus, modelo 4500 L. Foram avaliados 3 valores do croma: a*, b* e L. O valor de a* caracteriza coloração na região do vermelho (+a*) ao verde (-a*), o valor b* indica coloração no intervalo do amarelo (+b*) ao azul (- b*). O valor L nos fornece a luminosidade, variando do branco (L = 100) ao preto (L = 0) (Biscaro & Canniatti- Brazaca, 2006). O colorímetro foi previamente calibrado em superfície branca e preta, de acordo com padrões pré- estabelecidos por Bible & Singha (1997). O delineamento experimental das análises calorimétricas dos ovos foi inteiramente casualizados com dois tratamentos e cinquenta repetições, utilizando-se o software Assistat. Os dados foram submetidos à análise de variância e a comparação de meias foi feita pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os resultados da avaliação colorimétrica do albúmen e da gema dos ovos de codornas americana e japonesa estão apresentados na Tabela 1 e do mix e da casca na Tabela 2. Houve influência de espécies de codornas sobre todas as variáveis colorimétricas do albúmen e da gema, bem como +no mix e na casca, com exceção da cromaticidade ( a*) na casca dos ovos. Com relação à determinação de luminosidade (L*), observa-se que a maior intensidade foi verificada na casca seguida do albúmen e da gema dos ovos de a ambas as espécies de codornas estudadas. Os valores de luminosidade vaiaram de 0,30 ± 0,10, no mix da espécie japonesa e a 50,52 ± 0,43, na casca da espécie americana (Tabela 2). Os valores encontrados para luminosidade nos ovos de codorna foram inferiores aos dados de Harder et al. (2007), que verificaram luminosidade em ovos de galinhas poedeiras variando de 57,48 ± 3,66 a 63,23 ± 5,46. As maiores intensidades de vermelho (a*) foram verificadas no mix e de amarelo (b*) na gema e no albúmen dos ovos de ambas as espécies estudadas. Observa-se que para o albúmen a cromaticidade (a*) foi negativa, confirmando a ausência de tonalidade vermelha. Analisando-se a cromaticidade (a*) nos ovos de ambas as espécies, verifica-se que houve diferença significativa, ao nível de 1% de probabilidade, para a cor do albúmen, gema e mix, no entanto, não houve diferença para a cor da casca de ambas as espécies. Harder et al. (2007) estudando a cor de ovos de galinhas poedeiras alimentadas com urucum (Bixa orellana) através 41 de colorímetro digital, obtiveram valores de cromaticidade (a*) nas gemas variando de 2,23 ± 3,25 a 9,61 ± 1,69 e de cromaticidade (b*) variando entre 49,15 ± 4,29 e 53,42 ± 7,02. Os valores revelados na presente pesquisa para cromaticidade (a*) da gema estão dentro da variação dos resultados verificados por Harder et al. (2007). No entanto, os valores de (b*) da gema encontram-se inferiores aos encontrados pelos mesmos autores. Segundo Freitas et al. (2011), a pigmentação da gema pode variar de amarelo levemente claro a laranja escuro, de acordo com a alimentação e características individuais da ave. Os valores revelados para o parâmetro +b* das gemas dos ovos de ambas as espécies estudadas (41,34 ± 0,31 para os ovos da espécie americana e 39,10 ± 0,05 para ovos da espécie japonesa) foram superiores aos encontrados por Moura et al. (2010) que, ao estudarem a cor de ovos de codornas japonesas alimentadas com rações contendo sorgo em substituição ao milho, obtiveram uma variação de 19,50 ± 3,02 a 30,99 ± 1,51. Paz et al. (2010), citando alguns autores, relataram que a cor da gema de ovos, principalmente o valor b*, deve ser maior que 47,0 para que sua aceitação pelo consumidor não seja prejudicada, o que não foi verificado no presente trabalho, onde as gemas dos ovos apresentaram menos de 42,0 para b* . No entanto, Moura et al. (2010) afirmaram que o ovo de codorna, geralmente, é consumido cozido e inteiro, ao contrário do ovo de galinha, que é submetido à cocção, fritura ou processamento pela indústria alimentícia. Isso torna a cor da gema do ovo de codorna um atributo de importância econômica secundária ou de pouca relevância. Tabela 1. Avaliação colorimétrica do albúmen e da gema dos ovos de codornas americana e japonesa. Tabela 2. Avaliação colorimétrica do mix e da casca dos ovos de codornas americana e japonesa. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estaticamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey DMS= Diferença mínima significativa; CV= Coeficiente de variação. *significativo a 5%, **significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem significativamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey DMS= Diferença mínima significativa CV= Coeficiente de variação nsnão significativo *significativo a 5% **significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F Média geral DMS CV (%) Teste F 0,50 0,23 20,00 24,00** 33,00 0,45 0,61 337,50** 0,50 0,23 20,00 24,00** 48,55 1,06 0,97 106,27** 1,26 0,28 9,76 ns7,41 15,00 0,49 1,44 791,97** Americana Japonesa a0,70 ± 0,10 b0,30 ± 0,10 a34,50 ± 0,26 b31,50 ± 0,10 a0,70 ± 0,10 b0,30 ± 0,10 b46,57 ± 0,51 a50,52 ± 0,43 a1,40 ± 0,15 a1,12 ± 0,10 b12,52 ± 0,13 a17,47 ± 0,28 Mix (Mistura de albúmen e gema) Casca L* L*+a* +a*+b* +b* Amostra Média geral DMS CV (%) Teste F 34,91 0,34 0,43 350,59** -1,87 0,25 5,84 41,86** 33,88 0,34 0,44 33,19** 33,76 0,52 0,68 60,87** 4,21 0,17 1,77 154,28** 40,22 0,35 0,38 319,82** Americana Japonesa a36,06 ± 0,03 b33,76 ± 0,21 a-2,16 ± 0,12 b-1,58 ± 0,09 a34,23 ± 0,18 b33,52 ± 0,12 a34,49 ± 0,32 b33,02 ± 0,08 a4,59 ± 0,03 b3,83 ± 0,10 a41,34 ± 0,31 b39,10 ± 0,05 Albúmen Gema L* L*+a* +a*+b* +b* Amostra Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.5, n.3, p.39-42, set. 2011 42 Conclusões 1. Os ovos de codorna da espécie americana apresentam maiores valores de luminosidade e cromaticidade, com exceção dos valores encontrados para cromaticidade (-a*) no albúmen e luminosidade e cromaticidade (+b*) encontradas na casca dos ovos, que foram maiores nos ovos da espécie japonesa. 2. A espécie tem influência nas características colorimétricas do albúmen, da gema, do mix e da casca, com exceção da cromaticidade (+a*) na casca dos ovos de codornas. Referências BIBLE, B.B.; SINGHA, S. Canopy position influences cielab coordinates of peach color. Hortscience, v.28, n.10, p.992-993, 1997. BISCARO, L.M; CANIATTI-BRAZACA, S.G. Cor, betacaroteno e colesterol em gema de ovos obtidos de poedeiras que receberam diferentes dietas. Ciência e Agrotenologia, v.30, n.6, p.1130-1134, 2006. FREITAS, L.W.; PAZ, I.C.L.A.; GARCIA, R.G.; CALDARA, F.R.; SENO, L.O.; FELIX, G.A.; LIMA, N.D.S.; FERREIRA, V.M.O.S.; CAVICHIOLO, F. 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