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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química CADERNO DE EXPERIMENTOS QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL Elaborado pelo Prof. Dr. Antônio Eduardo Miller Crotti 1º. SEMESTRE/2018 Apresentação Este caderno de experimentos contém o curso prático de Química Orgânica Experimental que será ministrado em nosso departamento no primeiro semestre de 2018. O conjunto de experimentos foi selecionado de forma a contemplar, na medida do possível, os diferentes tipos de mecanismo de reação e organizado de forma a seguir, de maneira aproximada, a sequência com que o conteúdo é abordado nas disciplinas teóricas de Química Orgânica. Para o bom aproveitamento do curso é indispensável que o estudante leia os roteiros e responda às questões no final de cada roteiro. Cada roteiro deverá ser entregue ao final da aula experimental correspondente. Algumas das questões devem ser respondidas com antecedência; outras dependem dos resultados obtidos durante e ao final do experimento. É importante ressaltar que a avaliação do desempenho do estudante em laboratório não está restrita à análise dos relatórios de cada experimento. Outros pontos serão também considerados para esta avaliação, tais como assiduidade, organização, postura em laboratório e domínio das técnicas de laboratório. Todos os experimentos foram previamente testados por monitores e foram bem sucedidos, porém o êxito dos mesmos dependerá do empenho do estudante ao executá-los. Bons experimentos! Antônio Eduardo Miller Crotti Cronograma de experimentos – 1º. Semestre/2018 Data* Atividade* 26/02 Semana de Recepção aos Calouros 27/02 Semana de Recepção aos Calouros 05/03 Apresentação do curso e do experimento 1 06/03 Exp. 1: Análise de grupos funcionais orgânicos 12/03 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 2 13/03 Exp. 2. Estudo cinético da solvólise do cloreto de t-butila 19/03 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 3 20/03 Exp. 3. Redução da ciclo-hexanona com NaBH4 26 a 31/03 SEMANA SANTA - NÃO HAVERÁ AULA 02/04 Discussão dos resultados e Apresentação Exp4 03/04 Exp.4. Desidratação do ciclo-hexanol 09/04 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 5 10/04 Exp.5. Preparação do ácido adípico 16/04 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 6 17/04 Exp. 6. Preparação do adipato de dietila 23/04 Discussão dos resultados 24/04 AVALIAÇÃO 07/05 Discussão da avaliação e apresentação do Exp 7 08/05 Exp. 7: Preparação do índigo 14/05 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 8 15/05 Exp. 8. Sínteses de corantes AZO 21/05 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 9 22/05 Exp. 9. Condensação de Benzaldeido com acetona (Claisen-Schmidt) 28/05 Discussão dos resultados e Apresentação Exp10 29/05 Exp.10. Síntese de Polímero 04/06 Discussão dos resultados e Apresentação Exp 11 05/06 Exp.11 Preparação da acetanilida 11/06 Discussão dos resultados e Apresentação Exp12 12/06 Exp.12 Preparação da p-nitroanilina 18/06 Discussão dos resultados e apresentação Exp13 19/06 Exp.13 Síntese do Luminol 25/06 Discussão dos resultados 26/06 AVALIAÇÃO Livros utilizados para a elaboração deste material: [1] Dias, A. G.; Costa, M. A.; Guimarães, P. I. C. Guia prático de Química Orgânica – vol 1: Técnicas e procedimentos – aprendendo a fazer. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. [2] Braibante, H. T. S. Química Orgânica – um curso experimental. Campinas: Editora Átomo, 2015. [3] Marques, J. A.; Borges, C. P. F. Práticas de Química Orgânica – 2ª. Ed. Campinas: Editora Átomo, 2012. [4] Engel, R. G.; Kriz, G. S.; Lampman, G. M.; Pavia, D. L. Química Orgânica Experimental: técnicas de pequena escala. São Paulo: Cengage Learning, 2012. [5] Zubrick, J. W. Manual de sobrevivência no laboratório de Química Orgânica: guia de técnicas para o aluno. Rio de Janeiro: LTC, 2005. SUMÁRIO Segurança em laboratório..................................................................................................................................... 6 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais............................................................................................... 8 Experimento 2: Solvólise do cloreto de terc-butila................................................................................................ 16 Experimento 3: Redução da ciclo-hexanona com NaBH4..................................................................................... 21 Experimento 4: Desidratação do ciclo-hexanol ..................................................................................................... 24 Experimento 5: Preparação do ácido adípico ...................................................................................................... 26 Experimento 6: Preparação do adipato de dietila................................................................................................. 31 Experimento 7: Preparação do índigo ................................................................................................................. 35 Experimento 8: Síntese de corante Sudan I......................................................................................................... 39 Experimento 9: Síntese da dibenzilidenoacetona.................................................................................................. 42 Experimento 10: Síntese de polímeros intercruzados........................................................................................... 45 Experimento 11: Preparação da acetanilina.......................................................................................................... 49 Experimento 12: Preparação da p-nitroanilida....................................................................................................... 52 Experimento 13: Síntese do Luminol..................................................................................................................... 56 6 II. Segurança em laboratório 1. Segurança em laboratório: acima de tudo e sempre Se você gosta de perigo, você está no lugar certo: o laboratório de Química Orgânica é um dos mais perigosos laboratórios de graduação. Por isso, para que você sobreviva ao curso, não basta apenas estudar: é indispensável seguir uma série de regras de segurança. Essas regras, diferente de outras, não devem ser burladas. Não há meio termo: você pode ferir-se gravemente! A seguir listamos algumas dessas regras. Você já deve estar familiarizado com elas, mas não custa nada relembrá-las. Regra no 1: Proteja-se! O uso do avental, de mangas e até a altura do joelho, é o seu “traje de festa” obrigatório para as aulas experimentais, não importa se está limpo ou sujo; E por falar em festa, considere-se avisado: nada de sandálias de dedo, chinelos ou calçados de lona enquanto estiver no laboratório! Mulheres ficam lindas de cabelos soltos e de vestido, mas durante as aulas todos devem usar cabelos presos e calças longas cobrindo até os tornozelos; Não se esqueça de trazer também seus óculos de segurança. Sem eles sua entrada no laboratório é proibida! Os óculos são para proteger seus olhos, e não sua cabeça ou seu pescoço! Os alunos que jamais se machucam em laboratório são aqueles que, ao final da aula, apresentam uma marca vermelha contínua no rosto ao removerem seus óculos. E já que estamos falando em cuidado com os olhos, evite utilizar lentes de contato enquanto estiver no laboratório. Você lidará com substânciasvoláteis e os vapores provenientes desses produtos podem alojar-se sob suas lentes de contato e você pode não ver uma luz no fim do curso... Não toque em si mesmo! Suas mãos podem estar contaminadas com produtos químicos numa concentração muito baixa para ser percebida. Imagine o que aconteceria se você, instintivamente, esfregasse os olhos sob os óculos de segurança... Por isso, sempre que possível, use luvas. Regra no 2: Comporte-se! Concentre-se! Não fique vagueando ou papeando pelo laboratório nem seja descuidado ou distraído. Quando terminar os experimentos, peça orientação ao professor sobre o que deve ser feito em seguida; Desconecte-se! Para estar “ligado” ao experimento você precisa desconectar-se do que está acontecendo fora do laboratório. Por isso, o uso de telefone celular e de notebook é expressamente proibido durante as aulas. Para fazer os cálculos use sua calculadora ‒ o uso do celular como calculadora também não é permitido; Comporte-se defensivamente: trabalhe como se alguém fosse sofrer um acidente que pudesse afetar você. Por exemplo: você está usando óculos porque alguém pode apontar um líquido em ebulição para os seus olhos; 7 II. Segurança em laboratório Trabalhe usando a capela. Capelas possuem, pelo menos, um poderoso exaustor para levar os vapores tóxicos para longe de você. Mas lembre-se: ela só irá cumprir sua função se você abaixar o vidro de segurança! Não seja curioso! A curiosidade é uma qualidade muito importante nos estudantes, mas no laboratório de Química Orgânica pode custar caro. Por isso, parta do princípio de que o que você não conhece pode machucá-lo. Se não estiver seguro sobre as operações ou procedimentos que precisam ser seguidos, liberte-se da ideia de que perguntar fará de você um tolo e pergunte ao seu professor. Não fume, beba ou se alimente no laboratório. A esta altura do curso você já deve saber disso, mas não custa lembrar. Regra no 3: Seja um bom samaritano! Seja organizado. Mantenha sua bancada organizada. Há reagentes que são de uso comum e você deverá ter a consciência de que outros usarão depois de você. Por isso, seja cuidadoso para não contaminar os reagentes. Mantenha os fracos que contêm os produtos químicos sempre fechados. Quando utilizar um equipamento de uso comum, limpe-o (exemplo clássico: a balança!). Feche a água e desligue os equipamentos elétricos. Ao terminar os experimentos, lave seu material e deixe tudo limpo. Não deixe sua bagunça para os outros! As aulas são uma ótima oportunidade para você mostrar que é um bom samaritano e que se preocupa com seus colegas. (extraído de Manual de sobrevivência no laboratório de Química Orgânica.) 8 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais Experimento 1 Identificação de grupos funcionais 1. Introdução A identidade de uma substância orgânica desconhecida pode, na maioria das vezes, ser estabelecida com base em dados espectrais (IV, UV, EM e RMN). Entretanto, com frequência, torna- se necessário complementar os dados espectrais com outras informações, tais como: constantes físicas, análise elementar, rotação ótica específica, solubilidade, etc. Além disso, em determinadas circunstâncias, também pode ser necessária a realização de testes para caracterização de grupos funcionais e preparação de derivados cristalinos, com pontos de fusão bem definidos. Em geral, uma lista de identidades possíveis para uma substância desconhecida pode ser estabelecida mediante consideração de exames preliminares de determinação das constantes físicas, de análise qualitativa elementar (fusão com sódio), de exame da solubilidade em solventes selecionados e de testes para grupos funcionais. Porém, a determinação segura e precisa da identidade de uma amostra requer, na maioria das vezes, a conversão do composto desconhecido em um derivado adequado. Na proposta de Cooley e Williams (Analysis in the Beginning Organic Chemistry Laboratory; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1117) recomenda-se uma combinação de testes de solubilidade com testes de classificação de grupos funcionais. O pesquisador pode, assim, selecionar algumas poucas possibilidades para a amostra desconhecida, as quais serão, então, avaliadas com base em constantes físicas tabeladas. Ao final do processo de análise por meio dos “testes úmidos”, é recomendado o uso de espectroscopia de RMN de 1H e de IV para confirmação da estrutura Essa abordagem permite o estudo sistemático da reatividade de vários grupos funcionais e não apenas o estudo de alguns grupos funcionais isolados, como é geralmente apresentado nos livros textos de Química Orgânica. A solubilidade dos compostos orgânicos pode ser dividida em duas categorias principais: 1. Solubilidade motivada por uma reação química, como por exemplo, uma reação ácido-base: 2. Solubilidade na qual está apenas envolvida a miscibilidade (ex.: dissolução de éter etílico em tetracloreto de carbono). Apesar de interligados, o primeiro conceito é aquele que é principalmente utilizado na identificação de compostos orgânicos; enquanto que o segundo serve de base para a escolha de solventes para recristalização, análise espectral e reações químicas. O objetivo deste experimento é identificar qual é o grupo funcional de amostras desconhecidas, mediante a combinação de testes de solubilidade e de grupos funcionais (veja fluxograma na p. 6), que estão descritos nas próximas páginas. 9 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais Bigliografia: 1. Engel, R. G.; Kriz, G. S.; Lampman, G. M.; Pavia, D. L. Química Orgânica Experimental: técnicas de pequena escala. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 2. Braibante, H. T. S. Química Orgânica – um curso experimental. Campinas: Editora Átomo, 2015. Figura 1. Fluxograma de para identificação de compostos orgânicos baseado em testes de solubilidade e reatividade de grupos funcionais. (+) Significa resultado positivo para os testes; () significa resultado negativo. 10 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais 2. Procedimento Experimental Reagentes: Soluções aquosas de HCl a 5%, 1 mol/L e 6 mol/L, NaOH a 5%, a 10% e 6 mol/L; NaHCO3 a 5%, HNO3 5%, H2SO4 a 20%, NH4OH 2%, NaNO2 a 10%, KMnO4 a 2%, I2+KI. AgNO3 a 2% em etanol, Solução de Br2/DCM, H2SO4 concentrado, reagente de Jones (CrO3), reagente de Lucas (HCl + ZnCl2),; DNPH (Reagente de Brady), FeCl3 a 2,5% e 5%, solução de cloridrato de hidroxilamina 0,5 mol/L em etanol 95%, H2SO4 concentrado, β–naftol. Solventes: éter, THF, acetona, etanol a 95%. Para a realização dos experimentos foram selecionadas as substâncias listadas a seguir, que foram aleatoriamente identificadas com letras de A a L: Ciclohexeno, cloreto de terc-butila, etilenoglicol, terc-butanol, β–naftol, ácido acético, formaldeído, benzofenona, acetofenona, dimetilamina, toluidina e benzoato de etila. I. Solubilidade em água: 1. Adicione uma gota do composto desconhecido a 1 mL de água e verifique a solubilidade de cada um deles. Anote suas observações. 2. Em seguida, faça uma medida do pH de cada uma das soluções dos compostos solúveis em água utilizando o papel de pH. Anote suas observações. 3. Adicione uma gota dos compostos desconhecidos que você classificou como ácidos (ver item 2) a 1 mL de solução de NaHCO3 a 5%. Anote suas observações. 4. (a) Adicione uma gota dos compostos desconhecidos que você classificou como ácidos (ver item 2) a 1 mL de solução de NaOH a 5%. Anote suas observações. (b) Teste com cloreto férrico: Se tiver dificuldade em observar a liberação de gás nos testes das amostras ácidas (ácidos carboxílicos ou fenóis) com NaHCO3 5%e NaOH 5% (item 2), utilize o ensaio com cloreto férrico. Para realizar este ensaio, dissolva 50 mg (se sólido) ou 5 gotas (se líquido) da amostra desconhecida em 1 mL de água. Agite a mistura de modo a dissolver o máximo da amostra desconhecida. Adicione várias gotas de uma solução aquosa de cloreto férrico a 2,5 %. Resultado positivo: fenóis solúveis em água produzem cor vermelha intensa, azul, violeta ou verde. Algumas cores são transitórias e pode ser necessário observar a solução cuidadosamente à medida que as soluções são misturadas. A formação de cor pode ser imediata, mas a cor pode não durar por grande período. Indique a quais substâncias correspondem as amostras desconhecidas que você classificou como ácidos. 5. Teste com ácido nitroso: Em um tubo de ensaio grande (tubo 1) contendo 2 mL de água, dissolva 0,1 g (amostras sólidas) ou 8 gotas (amostras líquidas) das amostras desconhecidas que você classificou como bases (questão 2). Adicione 8 gotas de ácido sulfúrico concentrado. Dissolva o sólido formado com 4 mL de água. Esfrie a solução a 5 oC ou menos, em banho de gelo. Em outro tubo de ensaio (tubo 2), resfrie 2 mL de solução aquosa de nitrito de sódio a 10%. Em um terceiro tubo de ensaio (tubo 3), prepare uma solução de 0,1 g de -naftol a 10% em 2 mL de NaOH aquoso e coloque 11 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais em um banho de gelo para esfriar. No tubo 1, que contém a amina esfriada, adicione a solução de nitrito de sódio frio (tubo 2), gota a gota, mantendo a agitação. Observe se há bolhas de gás nitrogênio (incolor). Não confundir com óxido de nitrogênio (marrom). Resultado positivo: evolução de gás a 5 oC ou menos indica amina primária (RNH2). Formação de óleo amarelo ou de um sólido geralmente indica amina secundária (R2NH). Aminas terciárias não reagem ou se comportam como aminas secundárias. Se não houver nenhuma ou se houver pouca formação de gás a 5 oC, pegue metade da solução e aqueça-a lentamente, à temperatura ambiente. As bolhas de gás nitrogênio a esta temperatura elevada indicam que o composto original era um aromático primário (ArNH2). Pegue a outra metade da solução e, gota a gota, adicione a solução de -naftol em base (tubo 3). A precipitação de um corante vermelho demonstra que a substância desconhecida é um aromático primário. Anote suas observações. 6. Teste de Lucas: Em tubos individuais, coloque 2 mL do reagente de Lucas (HCl + ZnCl2) e acrescente 3 a 4 gotas das amostras desconhecidas que você classificou como “neutras” (item 2). Tampe o tubo de ensaio e agite-o com bastante força. Espere 15 min e anote o tempo gasto para a separação do haleto de alquila. A turvação do sistema é o primeiro sinal de reação. Se o composto não reagir, deixe na estante por cerca de uma hora. Resultado positivo: Álcoois terciários formam haleto de alquila imiscível após curto período; Álcoois secundários produzem turvação após dois a cinco min. Álcoois primários se dissolvem no reagente formando uma solução clara, sem turvação. Nota: pode ser necessário aquecer levemente alguns álcoois secundários para estimular a reação com o reagente. Anote os resultados. 7. Teste do ácido crômico: (a) Preparo do ácido crômico (deve ser preparado na hora): Dissolva 20 g de trióxido de cromo (CrO3) em 60 mL de água fria em um béquer. Agitando, adicione lenta e cuidadosamente 20 mL de ácido sulfúrico concentrado à solução. (b) Realização do teste com ácido crômico: Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de acetona, dissolva uma gota (se líquido) ou 10 mg (se sólido) do composto que deu resultado positivo no teste de Lucas (item 6). Adicione, gota a gota, várias gotas da solução de ácido crômico preparada no item 7a, enquanto agita a mistura. Resultado positivo: formação de precipitado verde e perda da cor laranja do reagente. Detalhe importante: faça também o teste do ácido crômico com a acetona utilizada com solvente, para confirmar sua pureza (álcoois presentes como impurezas também podem ser oxidadas pelo ácido crômico). Se o resultado der negativo, a pureza da acetona é adequada para o teste. II. Teste de solubilidade em NaOH 8. Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de hidróxido de sódio a 5%, adicione uma gota de cada um dos compostos desconhecidos insolúveis em água (item 1) e verifique a solubilidade de cada um deles. Anote suas observações. 12 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais III. Teste de solubilidade em NaHCO3 9. Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de solução de NaHCO3, adicione uma gota de cada uma das amostras desconhecidas que você classificou como ácidos (item 8) e verifique a solubilidade de cada um deles. Anote suas observações. IV. Teste de solubilidade em HCl 10. Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de solução HCl 5%, adicione uma gota de cada uma das amostras que você classificou como básicas ou neutras (item 8). Anote suas observações. 11. Em tubos de ensaio individuais, adicione 2 gotas das amostras desconhecidas que foram solúveis em HCl (item 10) a 1 mL de solução aquosa de ácido clorídrico 6 mol/L. Resfrie a mistura em um banho de gelo e adicione, gota a gota, 1 mL de solução aquosa fria de nitrito de sódio (NaNO2) a 10%. Mantenha o sistema resfriado e sob agitação constante. Anote suas observações. V. Teste de solubilidade em H2SO4 concentrado 12. Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de solução de H2SO4 concentrado adicione uma gota de cada uma das amostras que deram resultado negativo no teste de solubilidade em HCl (item 10). Anote suas observações. Se ao invés da dissolução ocorrer uma mudança de cor após a adição de H2SO4, o resultado deve ser considerado positivo. 13. Teste de Brady (a) Preparo do reagente de Brady (deve ser feito na hora): Dissolver 3,0 g de 2,4- dinitrofenilhidrazina em 15 mL de ácido sulfúrico concentrado. Em um béquer, adicione lentamente, sempre misturando, 23 mL de água até que o sólido se dissolva. Adicione 75 mL de etanol a 95% à solução aquecida, enquanto continua a agitar. Após ter misturado completamente, filtre a solução se algum sólido permanecer. (b) Realização do Teste de Brady: Em tubos de ensaio individuais coloque de 3 a 4 gotas das amostras desconhecidas que você classificou como “neutras” no ensaio anterior (questão 12). Em seguida, adicione 1 mL de 2,4-dinitrofenilhidrazina (DNPH). Agite a mistura intensamente e deixe repousar por alguns minutos. Resultado positivo: formação de precipitado vermelho ou amarelo, dependendo da estrutura do composto. Anote suas observações. 14. Realização do teste com ácido crômico: Em tubos de ensaio individuais contendo 1 mL de acetona, dissolva uma gota (se líquido) ou 10 mg (se sólido) da amostra desconhecida que deu resultado positivo no teste de Lucas (item 6). Adicione uma gota do reagente ácido crômico e anote o resultado do que ocorre dentro de dois segundos. Resultado positivo: um teste positivo para um álcool primário ou secundário é o surgimento de uma cor azul esverdeada. Para evitar falsos positivos devido à presença de impurezas na acetona utilizada como solvente, adicione uma gota de ácido crômico a 1 mL de acetona que não tenha uma substância desconhecida dissolvida nela. A cor laranja do reagente deverá persistir por, pelo menos, três segundos. Anote suas observações. 13 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais 15. Teste do iodofórmio: Em um tubo de ensaio contendo 2 mL de éter ou THF, dissolva 6 gotas (se líquido) ou 0,06 g (se sólido) das amostras desconhecidas que deram resultado positivo no teste de Brady (item 13) mas que deram resultado negativo no teste do ácido crômico (itens14 e 15). Em seguida, adicione 2 mL de solução aquosa de NaOH a 10% e aqueça o tubo de ensaio em um banho com água a 60-70oC. A seguir, adicione ao tubo de ensaio 4 mL de solução de iodo-iodeto de potássio em porções de 1 mL. Tampe o tubo e agite-o depois de adicionar cada porção do reagente de iodo. Aqueça a mistura em água quente por cerca de 5 min, agitando ocasionalmente o tubo de ensaio, até ocorrer descoloração da cor escura do reagente de iodo. Se a cor persistir após o aquecimento, adicione mais solução de NaOH a 10% e agite até que a cor escura desapareça. Após a perda de coloração, encha o tubo de ensaio com água até atingir 2 cm do topo. Tampe-o, agite-o com força e deixe o tubo repousar por pelo menos 15 min. Resultado positivo: formação de precipitado amarelo-claro para metil-cetonas. Outras cetonas vão descolorir a solução, mas não formarão precipitado. Nota: se a cor amarela for encoberta por uma substância preta, tampe o tubo de ensaio e agite-o com bastante força. Se persistir a cor preta, adicione mais solução de NaOH a 10%, agite novamente e deixe o tubo em repouso. Anote suas observações. 16. Teste com nitrato de prata: Em tubos individuais contendo uma gota dos compostos que você classificou como “inertes” no item 12, adicione 2 mL de uma solução de nitrato de prata 2% em etanol. Aguarde 5 min em repouso à temperatura ambiente. Resultado positivo: formação de precipitado branco. Se não observar qualquer reação, aqueça a solução até a ebulição. Se observar um precipitado, anote qual é a sua coloração. Adicione 2 gotas de HNO3 a 5% e observe se houve dissolução do precipitado. Anote suas observações. (Nota: os halogenetos de prata são insolúveis em ácido nítrico diluído, enquanto os sais de prata dos ácidos orgânicos são solúveis). 17. Teste de Baeyer: Em tubos individuais contendo 10 gotas das amostras desconhecidas que você classificou como “neutras” no item 12, adicione 2 mL de etanol a 95% ou diclorometano. Em seguida, adicione, gota a gota, uma solução de permanganato de potássio a 2%, agitando lentamente até que a cor púrpura do permanganato persista. Resultado positivo: cor violeta do reagente é descolorida e ocorre formação de precipitado marrom, geralmente no período de 1 min. Se a cor do permanganato não se alterar entre 0,5 e 1 min, aguarde mais 5 min, agitando vigorosamente de vez em quando. Anote seus resultados. 18. Teste com solução de Br2 em diclorometano. Em tubos de ensaio individuais contendo 10 gotas de diclorometano, dissolva 10 gotas das amostras desconhecidas (os que você classificou como “inertes” no item 11). Em seguida, adicione, gota a gota, uma solução de Br2 em diclorometano a 2%. Resultado positivo: desaparecimento da cor vermelha da solução de Br2. Anote suas observações. 19. Teste com hidroxamato férrico. Antes de iniciar, é necessário determinar se o composto a ser testado já tem caráter enólico suficiente em solução ácida para dar um teste positivo com o cloreto férrico. Para isso, dissolva uma ou duas gotas do líquido desconhecido ou alguns cristais do sólido desconhecido em 1 mL de etanol a 95% e adicione 1 mL de ácido clorídrico 1 mol/L. Adicione 14 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais uma ou duas gotas de solução de cloreto férrico a 5%. Caso se forme uma cor laranja, vermelha, azul, violeta ou marrom avermelhado, o teste com hidroxamato férrico não pode ser utilizado, pois o composto contém caráter enólico. Se o composto não mostrar caráter enólico, dissolva cinco ou seis gotas de um éster líquido, ou cerca de 40 mg de um éster sólido, em uma mistura de 1 mL de cloridrato de hidroxilamina 0,5 mol/L (dissolvida em etanol a 95%) e 0,4 mL de hidróxido de sódio 6 mol/L. Aqueça a mistura até que entre em ebulição por alguns minutos. Esfrie a solução e, então, adicione 2 mL de ácido clorídrico 1 mol/L. Se a solução ficar turva, adicione 2 mL de etanol a 95% para clareá-la. Adicione uma gota de solução de cloreto férrico a 5% e observe se alguma cor é produzida. Se a cor desaparecer, continue a adicionar cloreto férrico até que a cor persista. Resultado positivo: produção de uma cor de vinho, carmim ou marrom avermelhado. Anote suas observações. 3. Roteiro para relatório 1. Classifique os compostos a seguir como ácidos ou bases orgânicos: anilina, ácido acético, acetona, fenol. 2. Coloque em ordem crescente de acidez: etanol, ácido acético, fenol e acetona (propanona). Há diferença entre a acidez destes compostos em solução e em fase gasosa? Explique. 3. Represente a reação entre o ácido acético e o bicarbonato de sódio. 4. Considere um composto orgânico que apresente em sua estrutura uma hidroxila fenólica e uma carboxila. Onde ocorrerá a desprotonação quando você utilizar uma solução de NaHCO3? Justifique sua resposta. 5. Como você explicaria o fato de um fenol e/ou um ácido carboxílico ser(em) insolúvel(is) em água e ser(em) solúvel em uma solução aquosa de NaHCO3 e/ou NaOH? 6. Como você explicaria o fato de uma amina ser insolúvel em água e ser solúvel em uma solução de HCl 5%? 7. Represente o mecanismo da reação entre o nitrito de sódio e a anilina. 8. Represente a reação entre -naftol e um sal de diazônio. 9. Represente a equação envolvida no teste de Lucas. Explique como os tempos envolvidos na formação dos haletos podem ser utilizados para diferenciar álcoois primários, secundários e terciários. 10. Represente o mecanismo da oxidação de álcoois com ácido crômico. Quais álcoois não são oxidados pelo ácido crômico? 11. O que é o teste de Brady? Mostre as reações envolvidas e explique por que este teste pode ser usado para diferenciar aldeídos e cetonas de ácidos carboxílicos e seus derivados 12. Represente a equação química envolvida no teste com iodofórmio. 13. Mostre a reação envolvida na reação de nitrato de prata com haletos orgânicos. Qual é o resultado positivo neste teste? 14. O teste de Baeyer é utilizado para a identificação de que classe de compostos orgânicos? Represente a reação envolvida e mostre a estereoquímica relativa do produto. 15 Experimento 1: Identificação de grupos funcionais 15. Mostre através de equações químicas por que uma solução de Br2 em diclorometano (cor violeta) descolore quando em presença de cicloexeno. 16. Com base nos testes realizados nos experimentos desta aula, associe as amostras desconhecidas A-M com as substâncias listadas no início do experimento. 16 Experimento 02: Cinética Química Experimento 2 Estudo cinético da solvólise do cloreto de terc-butila em mistura de acetona-água 1. Introdução Define-se como mecanismo de uma reação, uma descrição detalhada, passo por passo, de uma reação química. A cinética - ramo da Química que estuda as velocidades de reações - tem sido uma ferramenta imprescindível para a elucidação dos mecanismos de reação. Em outras palavras, não é possível propor nenhum tipo de mecanismo para uma dada reação química, se este mecanismo não for consistente com os dados de velocidade da reação. Dessa forma, os dados cinéticos são particularmente úteis para descartar os candidatos mais improváveis de um conjunto de mecanismos propostos para uma dada reação. Uma grande variedade de fatores pode afetar a velocidade de uma reação. Entre eles, podemos citar: (1) a(s) estrutura(s) da(s) substância(s) envolvida(s) na reação; (2) a temperatura da reação; (3) a natureza do meio no qual a reação ocorre e (4) a(s) concentração(ões) do(s) reagente(s). A investigação do item (4) é muito útil no estudo do mecanismo da reação. Neste experimento, iremos estudar alguns desses efeitos na solvólise do cloreto de terc-butila em uma misturade solvente água-acetona. O produto principal desta solvólise é o álcool terc-butílico, com uma pequena quantidade de isobutileno, que se forma como produto secundário. A determinação da velocidade da reação será feita anotando-se o tempo necessário para realizar a neutralização de uma quantidade fixa de hidróxido de sódio adicionado na mistura reacional. Esta quantidade de NaOH representará exatamente 10% em mol da quantidade total do cloreto de terc-butila. O início da reação será exatamente o momento no qual ocorrer a mistura da solução do cloreto de terc-butila em acetona com a solução aquosa de hidróxido de sódio. Será adicionado também o indicador azul de bromofenol para visualizar a reação de neutralização do NaOH. Bibliografia: 1. Landgrebe, J. A. A simple kinetic investigation of an organic reaction mechanism. J. Chem. Ed. 1964, 41, 567-568. 2. Solomons, T.W.G.; Fryhle, C.B. Organic Chemistry, 9th Ed., John Wiley & Sons: New York, 2007. 2. Procedimento experimental Todos os itens deverão ser repetidos, no mínimo, 3 (três) vezes. Se houver alguma medida muito discrepante, será necessário repetir o experimento. Tempo de experimento: ~4 h 17 Experimento 02: Cinética Química Reagentes: Solução 0,1 mol/L de cloreto de terc-butila em acetona; Solução 0,1 mol/L de brometo de isopropila em acetona; Solução 0,1 mol/L de NaOH; Solução de azul de bromofenol (1,5 x 10-3 mol/L em mistura de etanol/ água). Cuidados: Antes de realizar cada estudo cinético, lave os frascos com acetona e seque-os. Descarte a acetona e o produto da reação nos frascos destinados para o descarte de resíduos, localizados no interior de uma das capelas. I. Medida do tempo necessário para realizar a solvólise de 10% de cloreto de terc-butila em 70% água e 30% acetona. Em um frasco Erlenmeyer de 25 mL, pipete 3 mL de uma solução 0,1 mol/L de cloreto de terc- butila em acetona. Coloque este frasco sobre uma folha de papel branco para observar melhor as variações de cor. Em um segundo Erlenmeyer, pipete 0,3 mL da solução 0,1 mol/L de NaOH e adicione 6,7 mL de água destilada. Nesta segunda solução, adicione uma gota de indicador azul de bromofenol. Adicione a solução aquosa de hidróxido de sódio sobre a solução de acetona e agite para misturar as soluções. Acione o cronômetro para dar início à contagem do tempo de reação. Se não tiver um cronômetro em mãos, anote o tempo no qual ocorreu a mistura das soluções. Mantenha o Erlenmeyer sob agitação contínua sobre a folha de papel branco. Quando ocorrer a mudança de cor, pare o cronômetro ou anote o tempo decorrido e o valor da temperatura ambiente medida nesse instante. Repita este procedimento experimental três vezes. Se houver algum tempo que esteja muito discrepante dos demais, repita novamente a medida. II. Medida do tempo necessário para realizar a solvólise de 10% de cloreto de terc-butila em 70% água – 30% acetona, na metade da concentração usada em I. Siga exatamente o procedimento experimental do item anterior (procedimento I) com a seguinte modificação: antes de misturar as soluções, no frasco Erlenmeyer que contém 0,3 mL da solução 0,1 mol/L de NaOH e o indicador e 6,7 mL de água destilada, adicione 10 mL de uma solução de 30% de acetona em água. Observe que esta última solução de 30% de acetona em água não contém cloreto de terc-butila. Misture ambas as soluções e mantenha o Erlenmeyer sob agitação contínua sobre uma folha de papel branco. Anote a temperatura do experimento e o tempo necessário para ocorrer a mudança de cor do indicador. Repita este procedimento experimental três vezes. III. Efeito da temperatura sobre a velocidade de solvólise do cloreto de terc-butila. III.a. Temperatura de reação abaixo da temperatura ambiente: 18 Experimento 02: Cinética Química Prepare um banho com aproximadamente 700-800 mL de água e gelo moído num grande béquer. Faça com que a temperatura atinja cerca de 10 C abaixo da temperatura ambiente. Prepare as soluções como descrito no procedimento I, mas antes de misturá-las permita que a temperatura do conteúdo dos dois frascos entre em equilíbrio com a temperatura do banho de água- gelo, deixando-as nesse banho durante cerca de 10 minutos. Proceda novamente como no procedimento I, misturando as soluções e agitando. Anote a temperatura da reação e o tempo após o qual ocorreu a mudança de cor. Repita este procedimento experimental mais duas vezes. III.b. Temperatura de reação acima da temperatura ambiente: Aqueça um béquer (ou cuba) grande contendo água a uma temperatura de aproximadamente 10 C acima da temperatura ambiente. Repita o procedimento I fazendo com que o conteúdo dos frascos entre em equilíbrio com a nova temperatura. Anote a temperatura da reação e o tempo após o qual ocorreu a mudança de cor. Repita este procedimento mais duas vezes. IV. Efeito do solvente sobre a velocidade de solvólise do cloreto de terc-butila. Pipete 2 mL de uma solução 0,1 mol/L de cloreto de terc-butila em acetona em um frasco Erlenmeyer. Em um outro frasco, pipete 0,2 mL da solução 0,1 mol/L de hidróxido de sódio. Adicione 7,8 mL de água destilada e uma gota de indicador azul de bromofenol. Nesta nova proporção de solvente, repita três vezes o procedimento de mistura das soluções, mantendo uma agitação contínua sobre uma folha de papel branco. Anote o tempo após o qual ocorreu a de mudança de cor do indicador. V. Efeito do solvente sobre a velocidade de solvólise de 10% de cloreto de terc-butila. Projete e realize um experimento para realizar a determinação do tempo da reação de solvólise de 10% de cloreto de terc-butila na mistura de solvente 60% água – 40% acetona. Repita este procedimento experimental mais duas vezes. VI. Efeito da estrutura sobre a velocidade de solvólise de um haleto de alquila. Repita o procedimento I, substituindo a solução 0,1 mol/L de cloreto de terc-butila, pela mesma quantidade (3 mL) de uma solução 0,1 mol/L de brometo de isopropila. Depois de 5 minutos de agitação à temperatura ambiente, aqueça a mistura reacional em um banho-maria a uma temperatura entre 60 e 70oC por, no máximo, 10 minutos. Anote os resultados observados. 3. Roteiro para relatório 1. (a) Represente os mecanismos envolvidos na solvólise do cloreto de terc-butila e mostre a estrutura de todos os possíveis produtos formados. (b) Qual é o produto que permitiu o acompanhamento da reação? 19 Experimento 02: Cinética Química 2. (a) Qual é o ponto de viragem do indicador azul de bromofenol? (b) Quais são as suas cores de viragem e em quais meios? 3. (a) Mostre todos os resultados obtidos dos itens I a VI do roteiro, na forma de tabelas. (b) Para cada um dos itens a seguir, obtenha o valor médio de tempo necessário para ocorrer a solvólise de 10% do cloreto de terc-butila em uma mistura de água-acetona. 4. (a) Mostre como é calculada a constante de velocidade para a reação de solvólise do cloreto de terc-butila em uma mistura de água-acetona. (b) Para cada tempo médio obtido na questão 3b, calcule a constante de velocidade da solvólise de 10% do cloreto de terc-butila em uma mistura de água-acetona. 5. (a) Calcule o número de moles do cloreto de terc-butila e de hidróxido de sódio que foram utilizados nesta parte (I) do experimento. (b) Qual foi a razão molar desses dois reagentes? 6. Qual a proporção de solvente utilizada na parte IV do experimento? 7. Mostre quais são os novos volumes de 0,1 mol/L de cloreto de terc-butila em acetona, do hidróxido de sódio 0,1 mol/L e da água, utilizados na parte V do experimento. 8. Com basenos resultados dos procedimentos I e II, quais são as conclusões que podem ser tiradas sobre o mecanismo de solvólise do cloreto de terc-butila? 9. Quais as conclusões que podem ser tiradas sobre o efeito da temperatura sobre a solvólise do cloreto de terc-butila? 10. (a) A água e a acetona aparecem no passo determinante do mecanismo para a reação de solvólise do cloreto de terc-butila? (b) Como se explique que as porcentagens relativas dos solventes apresentam um efeito marcante sobre a velocidade da reação? (c) Existe um solvente que facilita a reação? Qual é esse solvente e como ele age? 20 Experimento 03: Redução da Ciclo-hexanona com NaBH4 EXPERIMENTO 3: Redução de Ciclo-hexanona com NaBH4 Introdução Teórica: A redução de compostos carbonílicos constitui um importante método de síntese de álcoois. Das três principais formas de executar reduções em laboratório, hidrogenação catalítica, redução com hidretos de metais e redução com metais, a mais usada na redução de cetonas é a redução com hidretos de metais, destacando-se o uso do boro-hidreto de sódio (NaBH4). O borohidreto transfere um íon hidreto para o carbono carbonílico e o oxigênio do grupo carbonila liga-se ao boro. No final teremos a transferência dos quarto íons hidreto e a ligação a quatro moléculas do composto orgânico. Este, por hidrólise ou alcóolise, é transformado no respectivo álcool. (Fig.1). Figura 1. Redução de cetonas com NaBH4. I. Material e Reagentes: Erlenmeyer de 125 mL Ciclo-hexanona Barra magnética Boro-hidreto de sódio Provetas de 10 e 30 mL Solução aquosa a 10 % de hidróxido de sódio Pipetas Pasteur Solução aquosa de HCl 6 mol/L Funil de separação Sulfato de magnésio anidro Balão de fundo redondo ~100 mL Éter etílico Material para destilação Cloreto de sódio sólido CUIDADOS: Esta reação envolve a liberação de hidrogênio gasoso e, portanto, deve ser realizada em capela com boa ventilação. O boro-hidreto de sódio é um sólido corrosivo e inflamável. A ciclo-hexanona é tóxica e corrosiva. O ciclo-hexanol é irritante e higroscópico. BH3 R OH H R O H BH3 -]Na+ R O H Reduzido por NaBH4 Aldeído Cetona éster amida Ácido carboxílico Reduzido por LiAlH4 Não reduzido por NaBH4 21 Experimento 03: Redução da Ciclo-hexanona com NaBH4 Procedimento: Em um erlenmeyer de 125 mL, contendo uma barra magnética de agitação, adicionar 30 mL de água destilada e cerca de 0,25 mL (aproximadamente 5 gotas) de solução aquosa a 10 % de hidróxido de sódio. Resfriar a solução em um banho de gelo e, sob agitação, adicionar 1,5 g (0,04 mol) de boro- hidreto de sódio. Adicionar gota a gota 9,8 g (10,3 mL, 0,1 mol) de ciclo-hexanona mantendo a temperatura do meio reacional abaixo de 40oC. Depois de completada essa adição (5 a 10 minutos), remova o banho de gelo, agite a solução por mais 10 minutos e, após esse tempo, adicione lentamente 10 mL de solução aquosa de HCl 6 mol/L. Atenção: pode ocorrer uma vigorosa evolução de hidrogênio gasoso, a qual pode ser parcialmente controlada pela velocidade de adição do ácido. Após a adição de todo o ácido, verifique o pH da solução com papel indicador para confirmar se o meio reacional foi acidificado. Sature o meio reacional pela adição de cerca de 10 g de cloreto de sódio sólido, sob constante agitação. Transfira todo o conteúdo para um funil de separação. Lave o frasco de reação com 15 mL de éter etílico e adicione o éter ao funil de separação. Feche o funil de separação e agite-o com despressurizarão freqüente. Separe as fases e extraia a fase aquosa com duas porções de 15 mL de éter etílico. Combine os extratos etéreos em um outro erlenmeyer. Seque a solução etérea sobre sulfato de magnésio anidro e filtre a solução por gravidade para dentro de um balão de fundo redondo. Evapore o éter em evaporador rotativo e destile cuidadosamente o produto obtido (ciclo-hexanol), coletando as frações que destilarem entre 155 e 165oC. Questões: 1) (a) Anote a temperatura de ebulição das frações obtidas (b) Pese-as e calcule o rendimento da reação. 2) (a) Registre os espectros de infravermelho e de RMN da ciclo-hexanona e do ciclo-hexanol. (b) Comente as diferenças observadas nos dois tipos de espectros do material de partida e do produto de reação. 3) Discuta todos os aspectos (práticos e mecanísticos) envolvidos na redução de cetonas com hidretos metálicos. 4) Quantos equivalentes em hidreto foram utilizados nessa reação? 5) Quais são as características estruturais que podem ser observadas pela espectroscopia de infravermelho? 6) Com relação a estereoquímica do produto formado qual seria o produto majoritáro? ESTE PRODUTO SERÁ UTILIZADO NO PRÓXIMO EXPERIMENTO. BIBLIOGRAFIA 1. Zaczek, N. M. J. Chem. Ed., 1986, 63, 909. 22 Experimento 03: Redução da Ciclo-hexanona com NaBH4 2. Solomons, T. W. G.; Fryhle, C. B. “Organic Chemistry”, 7th Ed., John Wiley & Sons, Inc., New York, 2000. 3. House, H. O., “Modern Synthetic Reactions”, 2nd Ed., W. A. Benjamin, Menlo Park, 1972. capítulo 2. 23 Experimento 04: Desidratação do ciclo-heaxol EXPERIMENTO 4: Desidratação do Ciclo-hexanol Parte Teórica: Reações de eliminação E1 e E2 Reagentes: Ciclo-hexanol (obtido no experimento anterior) Ácido sulfúrico concentrado (98%) Solução saturada de cloreto de sódio Solução 10 % de carbonato de sódio Cloreto de cálcio anidro Materiais: Material para destilação Funil de separação Cuidados: O ácido sulfúrico concentrado é altamente corrosivo e oxidante. O ciclo-hexanol é irritante e higroscópico. O ciclo-hexeno é um líquido inflamável e irritante. Procedimento: Adicionar 5 mL (4,7 g) de ciclo-hexanol e 10 gotas de H2SO4 concentrado (98%) em um balão de fundo redondo, misturando os reagentes com movimentos circulares do balão. Adicionar ao balão uma barra de agitação magnética ou fragmentos de porcelana porosa. Adaptar o balão a um sistema de destilação no qual o frasco coletor do destilado será imerso em um banho de água gelada. Fazer a destilação da mistura e coletar o destilado. Em um tubo de ensaio, lavar o destilado com 2 mL de solução aquosa saturada de NaCl e com 1 mL de solução aquosa 10 % de carbonato de sódio (responder questão 1). Separar as fases e coletar o produto final (responder questão 2). Seque o produto com cloreto de cálcio anidro. Filtre e destile o filtrado no mesmo equipamento de destilação usado anteriormente (responder questão 3). Anote a temperatura de ebulição do produto. Efetue as análises necessárias: teste de Baeyer, espectroscopia de infravermelho e cromatografia gasosa. 24 Experimento 04: Desidratação do ciclo-heaxol Questões: 1. Explique o motivo das lavagens do primeiro destilado com a solução aquosa saturada de NaCl e, posteriormente com a solução aquosa de carbonato de sódio. 2. Na separação de fases: (a) Qual é a fase aquosa? (b) Em qual fase está o produto? 3. A presença de água no produto final pode afetar a segunda e última destilação? Explique o motivo. 4. (a) Como é feito o teste de Baeyer? (b) Qual é a sua finalidade? 5. Quais são as reações envolvidas neste experimento? 6. Discuta o mecanismo de desidratação de álcoois por catálise ácida. 7. Quais são os tipos de técnicas analíticas que poderiam ser utilizados para confirmar se a reação de desidratação ocorreu ou não? 8. (a) Existem outros produtos possíveis na reação? (b) Quais são as condições que deveriam ser utilizadas para direcionara reação no sentido da formação desses subprodutos? Referências: 1. Mano, E.B.; Seabra, A.P. “Práticas de Química Orgânica”, 3ª Ed., Editora Edgard Blücher, São Paulo, 1987. 2. McMurry, J. “Química Orgânica – vol. 1 e 2”, Tradução técnica Ana Flávia Nogueira e Izilda Aparecida Bagatin, 6a. edição norte-americana, Pioneira Thomson Learning: São Paulo, 2005 3. Constantino, M. G. “Química Orgânica – Curso Básico Universitário – Vols. 1 a 3”, LTC, Rio de Janeiro, 2008. 4. Solomons, T.W.G.; Fryhle, C.B. “Organic Chemistry”, 7th Ed., John Wiley & Sons, Inc., New York, 2000. 5. Morrison, R.T.; Boyd, R.N. “Química Orgânica”, 13ª edição (traduzida da 6ª ed. original), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1996. 25 Experimento 05: Preparação do ácido adípico EXPERIMENTO 5 Preparação do ácido adípico 1. Introdução A ligação dupla carbono-carbono é um grupo com densidade eletrônica relativamente elevada e, portanto, susceptível à oxidação. A estrutura do produto de oxidação de uma ligação C=C depende da estrutura original do alceno (olefina), dos reagentes e das condições experimentais utilizadas. No caso da clivagem oxidativa da ligação C=C, o processo se dá pela oxidação inicial da ligação π, formando um 1,2-diol (glicol). A oxidação contínua do 1,2-diol resulta na clivagem da ligação carbono- carbono σ e formação de compostos carbonilados. Vários métodos podem ser utilizados para realizar a clivagem oxidativa de alcenos, tais como a ozonólise e soluções quentes de KMnO4 concentrado. O uso de KMnO4 envolve uma oxidação bastante severa, que produz MnO2 como resíduo sólido da reação. Nas preparações industriais de larga escala, utiliza-se o ácido nítrico (HNO3), um oxidante muito forte que apresenta vários problemas de segurança e riscos ambientais, pois o ácido nítrico pode reagir violentamente com vários compostos orgânicos, podendo causar sérios acidentes. Além disso, o uso de ácido nítrico resulta na emissão de óxido nitroso (NO2), um gás que vem sendo associado ao aumento do efeito estufa, que pode levar ao aquecimento global. Neste experimento, será utilizado um procedimento alternativo para promover a oxidação de ciclo-hexeno ao ácido adípico empregando tungstato de sódio (Na2WO4) como catalisador. Este procedimento evita o uso de meios fortemente alcalinos (como o usado no procedimento com KMnO4, por exemplo) e gera somente água como subproduto da reação. Presumivelmente, o tungstato age como um agente oxidante ativo, por ser estruturalmente semelhante ao permanganato. Agindo de maneira catalítica, o tungstato (WO42–) é reduzido a uma forma intermediária de tungstênio (W reduzido), que depois é reoxidado ao estado de oxidação do tungstato pelo peróxido de hidrogênio (H2O2) presente no meio reacional. Além disso, este procedimento utiliza um catalisador de transferência de fase (CTF), um composto que possui propriedade tanto hidrofílica quanto hidrofóbica e que aumenta a velocidade de reação entre as espécies químicas presentes nas fases aquosa e orgânica. Uma pequena quantidade do CTF transporta um dos reagentes, geralmente um ânion, através da fase aquosa até a interface da fase orgânica, de maneira que a reação possa ocorrer. O tungstato de sódio é solúvel em água, mas o ciclo-hexeno é insolúvel. Quando o ciclo- hexeno e uma solução aquosa de tungstato de sódio com peróxido de hidrogênio são misturados, formam-se duas fases distintas e nenhuma reação pode ocorrer. Para que a reação ocorra, na presença dessas duas fases, é necessária a adição de um catalisador de transferência de fase (CTF). Os CTF são solúveis tanto em soluções aquosas (porque são espécies iônicas) quanto em solventes orgânicos (porque contêm grandes porções não polares em sua estrutura). Os sais de 26 Experimento 05: Preparação do ácido adípico amônio quaternários ligados a grupos alquílicos hidrofóbicos são solúveis em sistemas orgânicos pouco polares. Através de pares iônicos, esses sais podem trazer espécies carregadas negativamente da fase aquosa até a fase pouco polar, permitindo que uma reação química ocorra. Como os sais de amônio quaternários podem repetir esse processo várias vezes, geralmente são utilizados em quantidade catalítica como CTF. Neste experimento será usado um CTF comercial, formado a partir de Aliquat 336 (cloreto de trioctilmetilamônio) {[CH3(CH2)7]3(CH3)N+Cl–} e hidrogeno sulfato de potássio (KHSO4). A troca de íons permitirá que o CTF carregue o oxidante tungstato (WO42–) da fase aquosa para a fase orgânica (reação 1 da Figura 1). Este oxidante (WO42–) pode então oxidar o ciclo-hexeno ao ácido adípico (reação 2 da Figura 1), sendo por sua vez reduzido a tungstênio com um menor estado de oxidação (W reduzido). O CTF então carrega o tungstênio reduzido de volta para a fase aquosa (reação 3 da Figura 1). O peróxido de hidrogênio (H2O2) presente na fase aquosa reoxida o tungstênio ao estado de oxidação do tungstato (reação 4 da Figura 1) e o ciclo catalítico recomeça. Como tanto o Aliquat 336 quanto o hidrogenosulfato de potássio (KHSO4) funcionam cataliticamente, somente o peróxido de hidrogênio (H2O2) é necessário como reagente estequiométrico (porém, nesse caso, é utilizado em grande excesso). Além disso, é possível reutilizar a fase aquosa contendo o oxidante tungstato em quantidades catalítica, o que torna esse experimento bastante limpo do ponto de vista ambiental (princípio da Química Verde ou Green Chemistry). Figura 1. Preparação do ácido adípico por CTF. 27 Experimento 05: Preparação do ácido adípico 2. Procedimento experimental Reagentes: Composto Massa Molar P.F. (oC) P.E. (oC) Densidade (g/cm3) Concentração Ciclo-hexeno 82,15 ‒104 83 0,811 Peróxido de hidrogênio 34,02 ‒11 141 1,2 30% (m/m) Tungstato de sódio di-hidratado (Na2WO4.2H2O) 329,86 698 4,18 Aliquat 336 404,17 ‒20 225 0,884 Hidrogeno sulfato de potássio (KHSO4) 136,17 214 2,322 Ácido adípico 146,14 152-154 337 1,360 Cuidados: Evite o contato da solução de peróxido de hidrogênio a 30% com a pele, pois o mesmo é corrosivo e causa queimaduras graves. Use luvas para manipular o H2O2. O Aliquat 336 é tóxico e muito irritante: caso ocorra contato com a pele lave imediatamente com bastante água, pois o mesmo pode transportar contaminantes através da pele. O ciclo-hexeno é inflamável, possui odor desagradável e irritante. Todo o experimento deverá ser conduzido no interior da capela! Em um balão de 100 mL de fundo redondo, equipado com uma barra magnética bastante eficiente (o rendimento da preparação depende muito da eficiência da agitação!), adicione 0,5 g de Aliquat 336 (líquido muito viscoso, pese-o diretamente no balão de reação) e 0,5 g de tungstato de sódio di-hidratado. Sob agitação, adicione 12 g de uma solução de peróxido de hidrogênio a 30%, seguido de 0,37 g de hidrogeno sulfato de potássio e 2 mL de ciclo-hexeno (a ordem de adição é importante!). Adapte um condensador de refluxo e aqueça o balão em um banho de óleo, ajustando a temperatura até ocorrer um refluxo suave do ciclo-hexeno (cuidado: para que não ocorra perda de ciclo-hexeno através do condensador, monitore a temperatura do banho de óleo próxima ao seu ponto de ebulição!). Após 1h30min de refluxo, verifique se a reação se completou (no final da reação a mistura reacional deverá estar homogênea devido ao consumo total do ciclo-hexeno). Com uma pipeta de Pasteur transfira o conteúdo ainda quente do balão para um béquer de 50 mL, deixando o catalisador de transferência de fase (aspecto amarelado) no fundo do balão (cuidado, pois nem sempre essa separação ocorre com facilidade).Caso haja nítida separação do CTF, é importante não carreá-lo para o béquer, pois o ácido adípico ficará contaminado. Resfrie o béquer em um banho de gelo até ocorrer a precipitação total do ácido adípico. Filtre o produto formado em um funil de Büchner sob pressão reduzida, lave o filtrado com pequena quantidade de água gelada e seque-o ao ar. Purifique o produto obtido por recristalização em pequena quantidade de água quente. Determine seu ponto de fusão. Anote suas observações. 28 Experimento 05: Preparação do ácido adípico 3. Roteiro para relatório 1. Desenhe a estrutura dos compostos A-H representados, que são produtos das reações de oxidação mostradas a aseguir. 2. (a) O que é catálise homogênea? E catálise heterogênea? O que é um catalisador de transferência de fase? 3. Qual é a principal utilização do ácido adípico na indústria? 4. O que você entende por Green Chemistry? Inclua na sua resposta alguns dos princípios da “Química Verde” 5. Registre o peso do produto obtido e calcule o rendimento da reação. 6. Qual o intervalo de fusão do produto obtido? 7. Por que o ponto de ebulição do ácido adípico é maior que o ponto de ebulição do ciclo-hexeno? 8. Cite algumas vantagens da utilização das condições experimentais empregadas neste método em relação às condições industriais de preparação do ácido adípico. 9. Considerando todos os reagentes e solventes utilizados, estime o custo aproximado deste experimento. 10. Interprete os espectros de massas, de IV e de RMN de 1H do produto de reação e faça a atribuição dos principais picos, bandas e sinais. 29 Experimento 05: Preparação do ácido adípico (a) Espectros de massas do ácido adípico (IE, 70 eV) (b) Espectro de absorção na região do infravermelho do ácido adípico (pastilha em KBr) 128 100 87 4143 45 55 60 69 73 ac-adipico_1 Nome Amostra 186 por djalma data segunda-feira, outubro 20 2014 Descrição 4000 4003500 3000 2500 2000 1500 1000 500 89 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 cm-1 %T 2963,7 2668,2 1694,3 1407,2 1278,2 1195 924,4 732,95 691,33 512,37 30 Experimento 05: Preparação do ácido adípico (c) Espectro de RMN de 1H do ácido adípico (MeOH, 400 MHz) Bibliografia: 1. Reed, S. M.; Hutchison, J. E. Green Chemistry in the organic teaching laboratory: an environmentally benign synthesis of adipic acid; J. Chem. Educ. 2000, 77, 1627. 2. Hulce, M.; Marks, D. W. Organic-solvent-free phase-transfer oxidation of alcohols using hydrogen peroxide. J. Chem. Educ. 2001, 78, 66. 3. Noyori, R.; Aoki, M.; Sato, K.. Green oxidation with aqueous hydrogen peroxide. Chem. Commun. 2003, 1977. 31 Experimento 06: Preparação do adipato de etila Experimento 06 Preparação do adipato de dietila 1. Introdução As reações de esterificação de ácidos carboxílicos com álcoois em meio ácido constituem-se em uma das reações mais típicas dos ácidos carboxílicos. Essas reações ocorrem através de várias etapas, sendo que todas são etapas de equilíbrio. A constante de equilíbrio de uma reação de esterificação normalmente tem valor muito pequeno, isto é, se uma quantidade equimolar de ácido e álcool for utilizada, quando o equilíbrio for atingido ainda haverá ainda uma grande quantidade de material de partida, ou seja, dos reagentes. Neste experimento o adipato de dietila será preparado por esterificação do ácido adípico, obtido no experimento 3, utilizando-se um álcool, o etanol, e um ácido mineral, anidro ou concentrado (o ácido sulfúrico. Essas condições caracterizam uma reação de esterificação de Fischer-Speier. Deverá ser utilizado um grande excesso de etanol para se obter um bom rendimento do adipato de dietila. 2. Procedimento experimental Reagentes: Composto MM PF (oC) PE (oC) Quantidade mmol Densidade Ácido adípico 146,1 151-153 ----- 2,0 g 13,7 ----- Etanol absoluto 46,06 ----- 78,4 30 mL 51,4 0,789 g/cm3 H2SO4 98,08 10,4 337 1 mL 1,835 g/cm3 Adipato de etila 202,2 ----- 150-160 ----- 1 Em um balão de fundo redondo, adicionar 30 mL de etanol e 2 g do ácido adípico (13,7 mL). Colocar 1 mL de ácido sulfúrico. Deixar a mistura reacional em refluxo por duas horas. Resfriá-la à temperatura ambiente, neutralizá-la com solução de bicarbonato de sódio. Extrair com diclorometano, secar com MgSO4 anidro, filtrar e evaporar o solvente. Calcule o rendimento percentual e determine seu ponto de fusão. 3. Roteiro para relatório 1. Represente a equação química de preparação do adipato de dietila a partir do ácido adípico e represente os mecanismos. as equações químicas envolvidas em cada reação. 2. Por que se utilizou um grande excesso de etanol? 3. Calcule o rendimento e determine o ponto de fusão do produto obtido. 32 Experimento 06: Preparação do adipato de etila 4. Considerando todos os reagentes e solventes utilizados, estime o custo aproximado deste experimento. 5. Analise e faça a atribuição dos espectros de massas (EI-EM) e de RMN de 1H (a), de 13C (b) e DEPT 135 (c) do adipato de dietila (CDCl3, 400 MHz). Espectro de massas do produto da adipato de etila (EI-EM, 70 eV). 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 202 157 128 115 111 45 55 73 88 (a) (b) 33 Experimento 06: Preparação do adipato de etila Bibliografia: 1. Barbante, H. T. S. Química Orgânica – um curso experimental. Editora Átomo: Campinas, 2015, p. 193. (c) 34 Experimento 07: Preparação e uso do Índigo EXPERIMENTO 07: Preparação e Uso do Índigo Parte Teórica: Corantes têxteis, compostos orgânicos coloridos usados para o tingimento de tecidos, são conhecidos pela humanidade há milhares de anos. Antigamente, os corantes eram extraídos de raízes, plantas e até mesmo de moluscos e insetos. Atualmente, são todos sintetizados e uma boa definição para os corantes têxteis é serem substâncias químicas solúveis que penetram nas fibras do tecido ou trama, reagindo ou não durante o processo de tingimento. Uma das características essenciais para ser um bom corante na indústria têxtil é ter uma boa fixação no tecido para permitir a durabilidade da cor após o uso prolongado e diversas lavagens. Os corantes têxteis diferem-se dos pigmentos têxteis pois os últimos são substâncias químicas sólidas, que são aplicadas sobre o tecido ou trama, por meio de formulações pastosas, durante o processo de estamparia. De uma forma geral, a divisão dos corantes têxteis em classes de produtos é feita com base nas características do componente que controla a fixação da molécula cromófora, responsável pelas cores no tecido. A variedade de cores obtidas decorre de diferentes cromóforos e cada tipo de fibra requer uma diferente base química para a ligação ao substrato. Os corantes podem ser agrupados em 10 classes de produtos (dispersos, ácidos, básicos, diretos, à cuba, à tina, reagentes, sulfurosos, azóicos e índigo), enquanto os pigmentos agrupam-se em apenas uma classe de produtos (pigmentos orgânicos). Quanto à aplicação dos corantes têxteis nas diversas fibras, podemos dividi-los em corantes à cuba (ou à tina – “vat dyes”), corantes mordentes (“mordant dyes”) e corantes diretos (“direct dyes”). Índigo é um exemplo de um corante a cuba e era originariamente obtido pela fermentação das plantas Isatis tinctoria ou da espécie Indigofera. Ambas as plantas contém um glicosídeoque pode ser hidrolisado a glicose e a indoxila, o precursor incolor do índigo. No processo de tingimento a cuba, o corante é aplicado no tecido em sua forma solúvel e subseqüentemente sofre uma reação química para sua forma insolúvel. O índigo é aplicado na sua forma solúvel e reduzida leuco que ao sofrer exposição ao ar, é reoxidada para a forma insolúvel azul. Atualmente, o índigo é produzido sinteticamente e é reduzida a forma leuco usando o ditionito de sódio. CHO NO2 H N N H O O H N N H O- -O Indigo [O] Na2S2O4 Forma Leuco 35 Experimento 07: Preparação e uso do Índigo Reagentes: 2-nitrobenzaldeído 0,25 g Solução aquosa de hidróxido de sódio (2 mol/L) 1,5 mL Acetona 5 mL Etanol 5 mL Solução aquosa de ditionito de sódio (0,04 mol/L) 20 mL Solução aquosa de detergente (0,5% em massa) ~ 50 mL Materiais: Béquer (25 ou 50 mL) Provetas (10 ou 20 mL) Filtração à vácuo em trompa de água Agitador magnético Vidro de relógio Pipetas Pasteur Bastão de vidro Pedaços de pano de algodão (de preferência, pré-lavado) Precauções: O 2-nitrobenzaldeído é irritante. A acetona é inflamável. O etanol é inflamável e tóxico. O hidróxido de sódio é corrosivo e higroscópico. O ditionito de sódio é higroscópico e possui odor característico. Realizar o experimento na capela com boa ventilação. Procedimento: Preparação do Índigo: Pese cerca de 0,25 g de 2-nitrobenzaldeído e dissolva-o em 5 mL de acetona em um béquer de 50 mL. Dilua a solução com 8,5 mL de água destilada. Agite a solução vigorosamente com o auxílio de um agitador magnético, ou com um bastão de vidro, tomando os devidos cuidados para não quebrar o recipiente. Enquanto estiver agitando, adicione 1,5 mL de solução de hidróxido de sódio 2,0 mol/L. A solução inicialmente é amarela e torna-se mais escura. Cerca de 20 segundos depois da adição da solução de NaOH, surgirá um precipitado escuro. Continue a agitação da mistura por mais 5 minutos e colete o precipitado por filtração por sucção. Lave o produto com água até que esta água de lavagem esteja sem incolor (são necessários aproximadamente 25 mL). Depois, lave o precipitado com 5 mL de etanol. Seque o produto obtido na própria trompa usada na filtração por sucção, durante 5 a 10 minutos. Posteriormente, transfira o produto para um vidro de relógio e seque em estufa (100-110 °C) por 30 a 40 minutos. Registre o rendimento. 36 Experimento 07: Preparação e uso do Índigo Tingimento do Tecido de Algodão: Coloque cerca de 15 mg de índigo em um béquer de 100 mL, adicione cerca de 5 gotas de etanol e faça uma pasta, mexendo bem a mistura com um bastão de vidro. Suspenda esta mistura com 1 mL de água e adicione 3 mL de solução de hidróxido de sódio 2 mol/L. Faça uma solução de 0,30 g de ditionito de sódio (ou hidrosulfito de sódio) em 20 mL de água destilada e adicione a mistura do béquer. Aqueça a solução até 50°C em um banho-maria e assim que obtiver uma solução amarela claro, adicione 10 mL de água destilada. Mergulhe o pedaço de pano de algodão nesta “cuba” de tingimento e deixe por 1 hora a 50 °C, mexendo ocasionalmente para obter um bom tingimento. Remova o pedaço de pano, torça, seque e estenda-o no ar por 30 minutos, para desenvolver a cor. Para dar mais brilho a cor, mergulhe o tecido tingido em 50 mL de solução de detergente em um béquer de 100 mL e aqueça a 50 °C em um banho-maria por 15 minutos. Enxágüe o tecido em água corrente e estenda-o para secar. Questões: 1. Cite 3 corantes e suas respectivas fontes naturais utilizados na antiguidade. 2. Quem foi que sintetizou o primeiro corante? Quando isso ocorreu? Qual foi o primeiro corante sintético? 3. Quem elucidou a estrutura do índigo e quando isso aconteceu? O que são os corantes mordentes e diretos? Cite exemplos. 4. Explique o que são corantes ácidos, dispersivos, reativos, azóicos e branqueadores e para qual tipo de fibras eles são apropriados. 5. O pau-brasil também gera um corante vermelho utilizado na época colonial para tingir tecidos. Qual é a estrutura e o nome deste corante? 6. Quais são os problemas ambientais envolvidos nos efluentes de indústrias de corantes ou de processos que envolvem o tingimento de tecidos? 7. Índigo pode existir em duas formas isoméricas. Quais são estas formas? Como se chama este tipo de isomerismo? 8. O mecanismo de formação do índigo é complexo. Como você poderia estabelecer a origem do átomo de carbono no anel presente entre os átomos de O e de N? 37 Experimento 07: Preparação e uso do Índigo Referências: 3. Harwood, L.M.; Moody, C.J. “Experimental Organic Chemistry” Blackwell Scientific Publications, Oxford, 1989, pág. 660-662. 4. Fessenden, R.J.; Fessenden, J.S. “Organic Chemistry”, 3rd Ed., Brooks/ Cole Publishing Company, Monterey, 1986, pág. 974-976. 5. Streitwieser Jr, A.; Heathcock, C.H. “Introduction to Organic Chemistry” 3rd Ed. Macmillan, Collier Macmillan, New York, 1985, pág. 1099 6. Guaratini, C.C.I.; Zanoni, M.V.B. Química Nova 2000, 23, 71. 7. http://www.abiquim.org.br/corantes/cor.asp 8. http://www.sbq.org.br/PN-NET/causo7.htm 9. http://www.globaltrees.org/reso_part.asp 38 Experimento 08: Sintese do corante Sudan I Experimento 8 Síntese do corante Sudan I 1. Introdução Os compostos azo (Ar‒N=N‒Ar) são comumente utilizados como corantes. Esses compostos são preparados a partir da reação de um sal de diazônio com fenol em presença de hidróxido de sódio, ou a partir da reação de um sal de diazônio com uma amina em presença de acetato de sódio. Neste experimento será feita a síntese do corante Sudan I por meio do acoplamento de sais de diazônio. Bibliografia: 1. Marques, J. A.; Borges, C. P. F. Práticas de Química Orgânica, 2ª. Edição. Campinas: Editora Átomo, 2012, p. 207 2. Marques, J.A.; Borges, C.P.F. Práticas de Química Orgânica, Editora Átomo: Campinas, 2007. 3. Engel, R.G.; Kriz, G.S.; Lampman, G.M.; Pavia, D.L. Química Orgânica Experimental – Técnicas de Escala Pequena, 3ª Ed., Cengage Learning, São Paulo, 2013. 2. Procedimento Experimental Reagentes: Composto MM PF (oC) PE (oC) densidade Quantidade Anilina 93,13 ----- 184,1 1,02 g/cm3 2,3 g HCl (conc.) 36,46 ----- 271 1,18 g/cm3 4,0 mL NaNO2 68,99 271 ----- 2,17 g/cm3 1,0 g β‒naftol 144,17 123 286 1,22 g/cm3 2,0 g NaOH(sol. 10%) 39,99 318 ----- 2,16 g/cm3 13,0 mL Etapa 1. Em um béquer ou Erlenmeyer, dissolva 1,3 g de anilina em 4 mL de ácido clorídrico concentrado e 4 mL de água destilada sob agitação magnética. Manter sob agitação em banho de gelo. Coloque um termômetro na solução e mantenha o Erlenmeyer imerso em um banho de gelo; esfrie até que a temperatura da solução agitada caia abaixo de 5 oC. Etapa 2. Dissolva 1,0 g de nitrito de sódio (NaNO2) em 5 mL de água destilada e esfrie a solução em um banho de gelo. Adicione lentamente a solução de nitrito de sódio em pequenas porções (0,5 mL de cada vez) à solução fria de cloridrato de anilina (etapa 1) e mantenha sob agitação constante. A reação libera calor. Não se deve permitir que a temperatura ultrapasse 10 oC (adicione um pouco de gelo à mistura reacional, se for necessário), pois poderá ocorrer a decomposição do sal de diazônio. Adicione os últimos 5% (cerca de 0,5 mL) da solução de nitrito de sódio mais vagarosamente e, depois de agitar por 5 min, faça um ensaio com papel indicador universal utilizando uma gota da mistura 39 Experimento 08: Sintese do corante Sudan Ireacional, diluída com 3-4 gotas de água. Se o pH não estiver ácido, adicione mais 0,5 mL da solução de NaNO2 e faça um novo ensaio após 5 min. Continue, até que haja um ligeiro excesso de ácido nitroso. Etapa 3. Em um béquer de 250 mL, sob agitação magnética, adicione lentamente 2,0 g de - naftol em 13 mL de uma solução de NaOH 10%. Esfrie a solução até 5 oC em banho de gelo e adicione cerca de 13 g de gelo triturado. Com o auxílio de uma pipeta, adicione lentamente a solução de sal de diazônio frio à solução de β‒naftol. Agite vigorosamente para facilitar a homogeneização. Irá surgir uma cor vermelha e, logo, se separam cristais vermelhos de fenil-azo-beta-naftol. Quando toda a solução de sal de diazônio tiver sido adicionada, deixe a mistura em repouso em um banho de gelo por 30 min, com agitação ocasional. Filtre o corante a vácuo, lave bem com água destilada gelada e deixe secar bem. Se necessário, recristalize em ácido acético glacial, filtre a vácuo, lave com um pouco de álcool etílico para eliminar o ácido acético, seque ao ar, pese e determine o ponto de fusão. O fenil-azo--naftol possui coloração vermelha (p.f. 131 oC). Calcule o rendimento. Determine o ponto de fusão do Sudan I obtido e o analise por cromatografia em camada delgada usando como fase móvel uma mistura de hexano:acetato de etila 7:3. Se o ponto de fusão estiver baixo, recristalize o produto seco com álcool etílico. 1. Roteiro para relatório 1. Represente o mecanismo da reação entre a anilina e o ácido nitroso. 2. Represente o mecanismo da reação entre o produto da reação entre a anilina e o ácido nitroso com o β‒naftol. 3. Quais características estruturais do Sudan I são importantes para que o composto seja considerado como corante? 4. Calcule o rendimento e forneça o ponto de fusão do produto obtido. 5. Considerando todos os reagentes e solventes utilizados, estime o custo aproximado deste experimento. 6. Analise os espectros de RMN de 1H e de EM do composto obtido. 40 Experimento 08: Sintese do corante Sudan I Espectro de massas do corante 1-fenilazo-2-naftol (EI-EM, 70 eV). Espectro de RMN de 1H do corante 1-fenilazo-2-naftol (CDCl3, 400 MHz). 100 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 38 51 65 77 89 101 115 128 143 165 171 189 201 219 231 248 8 .5 8 .0 7 .5 7 .0 6 .5 6 .0 5 .5 5 .0 4 .5 4 .0 3 .5 3 .0 2 .5 2 .0 1 .5 1 .0 0 .5 0 C h e m ic a l S h if t (p p m ) 1 .0 0 1 .0 7 1 .0 5 2 .0 8 1 .0 6 1 .0 1 2 .0 5 0 .9 8 0 .9 9 C D C L 3 H 2 O e m C D C l3 6.87 6.89 7.32 7.33 7.41 7.42 7.48 7.50 7.61 7.73 7.75 7.76 8.57 8.59 8 .6 0 8 .5 5 8 .5 0 C h e m ic a l S h if t (p p m ) 0 .9 9 4287.30 42996.94 6 .9 0 6 .8 5 6 .8 0 C h e m ic a l S h if t (p p m ) 1 .0 0 3437.68 3447.29 7 .8 5 7 .8 0 7 .7 5 7 .7 0 7 .6 5 7 .6 0 7 .5 5 7 .5 0 7 .4 5 7 .4 0 7 .3 5 7 .3 0 C h e m ic a l S h if t (p p m ) 1 .0 7 1 .0 5 2 .0 8 1 .0 6 1 .0 0 2 .0 8 1 .0 2 C D C L 3 3650.74 3658.52 3666.32 3698.23 3706.05 3713.85 3740.78 3749.79 3758.82 3777.37 3785.16 3792.96 3805.66 3813.45 3864.31 3873.31 3882.47 41 Experimento 9: Sintese da dibenziledenoacetona Experimento 9 Síntese da dibenzilidenoacetona 1. Introdução Cetonas e aldeídos que não possuem hidrogênios na posição α (como o benzaldeído, por exemplo) não sofrem reações de autocondensação do tipo aldólica. Entretanto, tais compostos podem ser atacados por carbânions derivados de outras fontes e participar de reações de condensação aldólica cruzada. O uso de uma solução aquosa diluída de NaOH para catalisar a reação de uma cetona com um aldeído aromático (sem hidrogênios na posição α) é chamada de condensação de Claisen-Schmidt. Em temperaturas elevadas o aldol, produto de adição aldólica, geralmente sofre desidratação espontânea para formar uma dupla ligação C=C que estende a conjugação da carbonila até o anel aromático, tornando essa reação muito útil em síntese orgânica para preparar cetonas α,β- insaturadas. Há uma estereosseletividade neste processo de desidratação, que será investigada através dos espectros de RMN de 1H do produto obtido. Neste experimento será realizada a síntese da dibenzilidenoacetona utilizando a reação de condensação de Claisen-Schmidt entre acetona e benzaldeído. Bibliografia: 1. Hawbecker, B. L.; Kurtz, D. W.; Putnam, T. D.; Ahlers, P. A.; Gerber, G. D. The aldol condensation: a simple teaching model for organic laboratory. J. Chem. Ed. 1978, 55, 540-541. 2. Procedimento Experimental Reagentes: Composto MM PF (oC) PE (oC) densidade Quantidade Benzaldeído 106,12 -26 178,1 1,04 g/cm3 3,5 mL Etanol absoluto 46,06 -114,3 78,4 0,789 g/cm3 9 mL NaOH (sol. 0,5 mol/L) 39,99 318 ----- 2,16 g/cm3 10 mL Acetona 58,08 -95 56 0,79 g/cm3 4 mL Reagente de Jones (CrO3 + H2SO4) ----- ----- ----- ----- 1 g CrO3 + 1 mL H2SO4 + 30 mL H2O Metanol 32,04 -97,6 64,7 0,792 g/cm3 1 mL Cuidados: 1. O benzaldeído e o etanol são inflamáveis e tóxicos. A acetona é inflamável. 2. A solução aquosa de hidróxido de sódio é corrosiva. O éter etílico e o acetato de etila são inflamáveis e irritantes. O éter de petróleo é altamente inflamável. 42 Experimento 9: Sintese da dibenziledenoacetona 3. Todo o procedimento deverá ser realizado na capela. 4. Tome cuidado ao medir o ponto de fusão. Em um frasco Erlenmeyer de 50 mL, dissolva 2,5 g de hidróxido de sódio (pastilhas) em 25 mL de água. Adicione 20 mL etanol e resfrie a mistura com água corrente. Em um segundo Erlenmeyer de 100 mL, Pese 2,5 mL (2,6 g, 25 mmol) do benzaldeído e, em seguida, dicione 0,9 mL (0,75 g, 13 mmol) de acetona através de uma pipeta graduada, seguida pela solução alcalina em etanol. Agite a mistura por 15 minutos a 20-25 oC (um resfriamento externo com banho de gelo pode ser necessário). Filtre o precipitado com sucção, lavando-o cuidadosamente com água gelada para remover qualquer resíduo alcalino. Deixe o produto secar a temperatura ambiente sobre o papel de filtro. Recristalize-o a partir de acetato de etila (aproximadamente 2,5 mL/g). Analise o produto por cromatografia em camada delgada. Anote o rendimento e o ponto de fusão do produto (PF esperado: 112 oC). 3. Roteiro para relatório 1. Represente o mecanismo da reação entre o benzaldeído e a acetona em presença de hidróxido de sódio, com excesso de benzaldeído. 2. Por que se utiliza excesso de benzaldeído? 3. Dê o rendimento e o ponto de fusão o Rf da análise por camada delgada do composto obtido. 4. Analise os espectros de massas e de RMN de 1H dos dois compostos. 43 Experimento 9: Sintese da dibenziledenoacetona Espectro de RMN de 1H do produto obtido (CDCl3, 400 MHz Espectro de massas do produto da etapa 2 (EI-EM, 70 eV). 8 .0 7 .5 7 .0 6 .5 6 .0 5 .5 5 .0 4 .5 4 .0 3 .5 3 .0 2 .5 2 .0 1 .5 1 .0 0 .5 0 C h e m ic a l S h if t (p p m ) 1 .0 0 3 .0 6 2 .0 3 1 .0 0 H 2 O e m C D C l3 7.09 7.12 7.43