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Atenção Farmacêutica em Pediatria Professora Franciana Rosa O paciente pediátrico Peculiaridades fisiológicas da criança: Função hepática Função renal Função Hematológica Sistema Digestivo Via Oral dificultosa QUADRO 1.1 Terminologia dos grupos etários em pediatria TERMINOLOGIA DEFINIÇÃO Neonato Até1 mês de vida Neonato prematuro < 37 semanas degestação Lactente 1 mês a 1 ano de idade Criança 1 a 12 anos de idade Adolescente 12 a 18 anos de idade Atenção Farmacêutica em Pediatria Histórico Pouca informação no uso de medicamentos em crianças (1960) Órfãos terapêuticos (NAHATA, 2006) – falta de informações sobre segurança e eficácia Desastres terapêuticos SÍNDROME DO BEBÊ CINZENTO Cloranfenicol Antibacteriano de amplo espectro(febre tifóide e salmonelose). É contra-indicada no terceiro trimestre de gestação SÍNDROME DO BEBÊ CINZENTO vômitos, distensão abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte. Falta de capacidade do recém-nascido conjugar e eliminar a droga. Atravessa a placenta e é encontrada no leite, seu uso deve ser evitado em gestantes e lactantes TALIDOMINA A talidomida foi introduzida, no final dos anos 1950, como um sedativo. A droga era dada às mulheres grávidas para combater os sintomas do enjoo matinal. Mas o uso durante a gestação restringiu o crescimento dos membros dos bebês, que nasceram com má formação nas pernas e braços. Em torno de 10 mil bebês nasceram com defeitos físicos em todo o mundo até que a droga fosse tirada de circulação em 1962. TALIDOMIDA No Brasil a droga foi reintroduzida em 1965 como tratamento das lesões da pele, uma das complicações da hanseníase. Casos de Hanseníase são mais recorrentes do que em qualquer outra parte do mundo, exceto a Índia (Mais de 30 mil casos /ano) Atualmente há cem casos de crianças com defeitos físicos em função da talidomida. http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/07/130725_brasil_talidomida_gm TALIDOMIDA – TERMO DE CONSENTIMENTO http://www.anvisa.gov.br/servicos/form/med/gemec/Anexo7.pdf A partir da década de 1980, o panorama de falta de informações sobre segurança começou a mudar. Publicações de estudos contendo indicações posológicas, farmacocinéticas e eventos adversos em crianças (BUCK, 2003) Atenção Farmacêutica - Desafios Falta de formulações adequadas ao uso infantil ( NUNN, 2003) Altenativas: xaropes, suspensões ou soluções orais manipuladas a partir de cápsulas e comprimidos – Biodisponibilidade ou bioequivalência??? Falta de evidências científicas dos fármacos preconizados para uso adulto em uso pediátrico. Quando não aprovado, há informação técnica relevante para administração? Colaboração dos pais Aceitação e entendimendo do papel do Farmacêutico dentro da equipe de saúde Seguimento do paciente pediátrico Fármaco correto Dose correta Hora correta Via de administração correta Paciente correto (nome, localização do paciente no leito hospitalar) 5 “C’’s Seguimento do Paciente Pediátrico Cuidado redobrado na administração de: DIGOXINA INSULINA HEPARINA SANGUE E HEMODERIVADOS ADRENALINA PSICOTRÓPICOS Farmacêutico deve conhecer as interações fármaco-fármaco e fármaco-alimento e deve ser consultado pela equipe multidisciplinar de saúde Seguimento do paciente pediátrico Quem é o Farmacêutico Clínico e como ele pode ajudar? Garantir o uso correto dos fármacos, reduzindo o tempo de internação e melhorando a adesão de pacientes hospitalizados ao tratamento. Atua na gestão da farmacoterapia revisando aspectos da seleção, administração e resultados terapêuticos obtidos. Fornece educação e orientação ao paciente e recomendações ao médico para ajustes no tratamento. Histórico da Atenção Farmacêutica e Farmácia Clínica Nahata 1979 – Hospital Pediátrico: Médicos e demais profissionais questionavam a presença de um Farmacêutico Farmacêuticos trabalhavam exclusivamente nas Farmácias Hospitalares, localizadas nos subsolos. Primeiras perguntas Quanto custa este medicamento? Quais apresentações e dosagens é comercializado? Benefícios da Atenção Farmacêutica em Pediatria Ao passar do tempo... “ O paciente está com infecção urinária e diminuição da função renal. Qual antimicrobiano pode ser prescrito com segurança no caso de transplante?” Redução dos erros de medicação e dos custos hospitalares Farmacêuticos trabalhando como autores em pesquisas com novos medicamentos Publicação de relatos de casos sobre interações medicamentosas e reações adversas. Atribuições do Farmacêutico na Atenção à população pediátrica Hospitalar, ambulatorial e em farmácias públicas Farmacêutico pediátrico generalista (crianças em diferentes idades e variadas doenças) Farmacêutico especialista (determinada doença ou faixa etária): Neonatologista Oncologia pediátrica Terapia Intensiva Atribuições do Farmacêutico na Atenção à população pediátrica American Society of Hospital Pharmacists (1994) – normas: Programa de treinamento de RH focando em: cálculo de doses, seleção de formas farmacêuticas para a idade, condição da criança Técnicas de preparo e administração de medicamentos Atenção às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas em função da idade, condições ou doenças. Atribuições do Farmacêutico na Atenção à população pediátrica Sistema de Distribuição de Medicamentos por DOSE UNITÁRIA Fracionamento de sólidos Diluição de injetáveis em central de misturas intravenosas (evitando erros de medicação, preservando esterilidade e estabilidade) Conhecimento sobre fluidos (hidratação venosa, medicamentos IV) em pediatria, técnicas de administração, materiais correlatos envolvidos (seringas, bolsas, equipos, buretas, bombas de infusão) Atribuições do Farmacêutico na Atenção à população pediátrica Cuidado extra com relação à diluição de injetáveis, maximizando concentrações para pacientes com restrição hídrica Evitar uso de soluções hiperosmolares em danos vasculares e hemorragia intraventricular em neonatos Materiais correlatos em Uso Hospitalar Seguimento do Paciente Pediátrico Metodologia Dáder Trabalhos publicados envolvendo Atenção Farmacêutica e Farmácia Clínica Pediátrica (BUCK, CONDREN, FORTESCUE, LUCAS) sem metodologia padronizada. Raspanti e Uthurry adaptaram o Método Dáder para seguimento de paciente pediátrico hospitalizado Procedimentos normatizados que identificam e resolvem Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM) Seguimento do Paciente Pediátrico Metodologia Dáder Metodologia: Seleção de pacientes Primeira visita (coleta de dados a partir de entrevista com pais e cuidadores) Análise de prescrição e prontuários Análise das informações obtidas Detecção de PRM Planejamento e realização de intervenções farmacêuticas Avaliação de resultados documentação Trabalhando em Atendimento a Paciente Pediátrico Aquisição de conhecimento sobre os principais temas e doenças em pediatria Temas sugeridos para estudo Crescimento e desenvolvimento Cálculo de doses Administração de Medicamentos em Crianças Nutrição Infantil DiarréiaAguda, Desidratação eFluidoterapia Calendário de Vacinação e uso deImunobiológicosespeciais Doenças infecciosas Nível Hospitalar Qual a complexidade do atendimento realizado no hospital? Hospital geral, maternidade, pediátrico? Há Unidade de Terapia Intensiva pediátrica ou neonatal? Instituição Pública ou Privada? Há especialidades médicas como infectologia, pneumologia, endocrinologia ou oncologia infantil? É Hospital de ensino ( universitário)? Há atendimento ambulatorial aos pacientes pediátricos? Qual o sistema de dispensação de medicamentos? Unitário, coletivo, individual? Há prescrição eletrônica e rastreabilidade dos medicamentos? Dispensa medicamento de alto custo? Triagem técnica das prescrições pediátricasAvaliação da farmacoterapia Prevenir erros de medicação Diminuição do tempo empregado na separação de medicamentos no setor de dispensação Racionalização de recursos materiais e humanos Triagem técnica das prescrições pediátricas Consultar informações no relatório de seguimento de pacientes (nome, peso, farmacoterapia prescrita, parâmetros de monitorização de eficácia e segurança, evolução clínica do paciente e programação da alta hospitalar). Anotações na via da Farmácia Conferir os dados de identificação do paciente com a 1º via ( etiquetas contendo nome, sexo, peso, leito, idade etc) Pacientes Gemelares – ATENÇÃO na etiqueta contendo “RN, nome da mãe” e indicando a qual gêmeo se refere ( p.ex., 1º gemelar) Erros de Medicação em Pediatria Falta de informação sobre posologias pediátricas. Individualização dos cálculos dose/peso, idade, superfície corpórea Preparações extemporâneas Medicamentos em concentrações para uso adulto ( fracionamento e diluição) (GHALEB et al, 2006) Comunicação entre os profissionais de saúde Evitando erros de prescrição Letra legível Peso correto do paciente Verificar histórico de alergias e suspeita de eventos adversos Não prescrever frações ½ comp ou ½ ampola Prescrever pelo nome genérico sem siglas ou abreviações Identificar o paciente pelo nome correto, idade, peso, número do leito, matrícula e registro hospitalar Seguimento do Paciente Pediátrico Nível Ambulatorial A família deve conhecer e ser orientada sobre: Nome do fármaco Objetivo da administração Quantidade administrada do fármaco Frequência de administração Duração Efeitos previstos do medicamento Sinais indicativos de efeito secundário Seguimento do Paciente Pediátrico Avaliar o grau de compreensão da família Fazer demonstração e pedir repetição Instruções por escrito, recomendando um calendário para evitar erros e omissões Ajustar o horário de administração segundo ritmo familiar (horário do colégio, trabalho, sono) Assegurar que a família saiba como proceder e a quem recorrer em caso de urgência Seguimento do Paciente Pediátrico Em administração oral: Seguir precauções de segurança de administração Meio adequado de administração (copo, colher medidora, quantidade de gotas, seringa oral) Preparar o medicamento Administrar. Em caso de paciente internado, o medicamento deve ser rotulado com nome e número do LEITO, NOME DO FÁRMACO, DOSAGEM E VALIDADE. CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS PARA PACIENTES LACTENTES LACTENTE PEQUENO Postura semi-inclinada Colocar seringa, colher medidora, conta-gotas na boca, atrás da língua Administrar lentamente, evitando engasgar ou aspirar Em caso de mamadeira, permitir que o lactente sugue a medicação LACTENTE MAIOR Oferecer o medicamento em um copo ou colher Administrar com seringa, colher medidora ou conta-gotas Não forçar a criança resistente à medicação por risco de aspiração Modelo de orientação sobre medicamentos para cuidadores FENOBARBITAL Esse remédio serve para evitar crises de convulsão Pode dar com água, leite ou suco. Respeitar os horários de dar o remédio. Gotejar o remédio em uma colher e dar pela boca. Não gotejar diretamente pela boca da criança Dar esse remédio todos os dias. Só o médico poderá dizer quando o tratamento termina. Avisar ao médico se a criança ficar muito sonolenta Esse medicamento é adquirido com receita branca em 2 vias, ficando a primeira retida na farmácia. Esse remédio é distribuído em alguns postos de saúde, conforme a orientação do seu farmacêutico. TABELA 1.1 -WEBSITES ÚTEIS PARA PRÁTICA DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA EM PEDIATRIA Fonte Endereço eletrônico ANVISA www.anvisa.gov.br AmericanAcademyofPediatrics www.aap.org Foodanddrugsadministration www.fda.gov Organização Mundial de Saúde www.who.int Portal Periódico CAPES http://periodicos.capes.gov.br U. S.Pharmacist www.uspharmacist.com Portal da Pesquisa www.portaldapesquisa.com.br Conclusão Nas últimas décadas, a Atenção Farmacêutica em Pediatria ganha seu espaço. Benefício dos estudos sobre eficácia e segurança dos medicamentos em crianças Publicação de livros Melhor relacionamento com equipe multidisciplinar Residência Farmacêutica em Pediatria Extinção do termo “órfãos terapêuticos” Obrigada!
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