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PERGUNTAS PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1- Defina Planejamento Tributário R. É um conjunto de sistemas legais que visa diminuir o pagamento de tributos. É uma ferramenta estratégica e fundamentada. É também denominada de elisão fiscal. 2- Podemos dizer que o Planejamento Tributário é uma tarefa simplificada? R. Não. Vale dizer que o planejamento não nasce da noite para o dia. Tem que conhecer cada etapa do processo produtivo da empresa, passo a passo de cada transação, procurando identificar/analisar a carga tributária. Envolve praticamente o conhecimento do direito como um todo, direito empresarial, constitucional, penal, civil, tributário, etc. 3- O que é Evasão Fiscal e dê exemplos R: é adoção de procedimentos após o fato gerador, é ação ilícita, é tipificada como crime contra a ordem tributária. . Exemplos: omissão de registros em livros fiscais próprios, falta de recolhimento de tributos apurados, omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias, Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal, Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável, etc. 4- Qual atenção inicial se deve ter para a pretensão de um planejamento tributário R. – O planejamento tributário não deve ter como único objetivo evitar a incidência de tributação. 5- Do ponto de vista do planejamento tributário, o que são Ilegalidades Diretas e Indiretas. R. Ilegalidades diretas são os ilícitos típicos, aquelas condutas que vão de encontro às disposições expressas na lei. Ilegalidades indiretas - são aquelas que não estão previstas expressamente como ilegais, mas, indiretamente, acabam por ferir a lei, como Fraude à Lei, simulação, falta do propósito negocial, etc. 6- Qual a diferença entre fraude a lei e a simulação R. Fraude a lei nada é aparente. Tudo o que aparece é querido, especialmente o resultado. Os atos em si, considerados isoladamente, são válidos e eficazes. Na simulação, há uma falsa declaração, confissão, condição ou cláusula. 7- O que é Abuso de Direito R. – A figura do abuso de direito trata de um limite do exercício do direito, refere-se a um direito subjetivo que o contribuinte possui desde que sua aplicação não extrapole os limites da boa fé, bons costumes e outras estabelecidas no artigo 187 do Código Civil. A configuração de um ato ilícito, por ser abusivo, implica não estarmos mais diante de um caso de elisão, mas sim de evasão fiscal. Exemplo: Pensemos num contrato de locação. É comum, em tais negócios jurídicos, inserir-se cláusula que faculta ao locador, há certo tempo (digamos que a cada seis meses), comparecer ao imóvel para verificar lhe o estado de conservação. Normalmente tais cláusulas não preveem a hora em que tal visita se fará. Se o locador aparece às três horas da madrugada no imóvel, exigindo que o cumprimento da cláusula contratual se dê àquela hora, naturalmente teremos abuso de direito, ultrapassando os limites do possível. Todos os direitos devem ser exercidos com razoabilidade e dentro de limites recíprocos. Ex. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul já teve oportunidade de afirmar: “Constitui abuso do exercício de direito, após manter o contrato de assistência médico-hospitalar por vários anos, invocar cláusula contratual e resili-lo, justamente no momento em que o segurado, por sua idade avançada, mais carece de cobertura” (TJRS, 6a. Câmara Cível, Rel. Des. Décio Antônio Erpen, Ap. Cível 596.177.501, j. 26/11/96). Ex. Entrada de sócio seguida de operação de cisão: Ao invés de adquirir um imóvel de uma pessoa jurídica, o interessado ingressa como sócio nessa pessoa jurídica e em seguida, se faz uma operação de cisão. O sócio antigo fica com a participação societária de uma sociedade cujo ativo é o dinheiro aportado em aumento de capital. Aquele que queria adquirir o imóvel, por sua vez, fica com uma sociedade cujo ativo é o imóvel. Dessa forma, evita-se a tributação do imposto de renda sobre a apuração de ganho de capital na operação. 8- Qual a diferença entre Sonegação Fiscal e Inadimplência Fiscal R. - A sonegação fiscal é o ato simulado após a ocorrência do fato gerador, onde o individuo adota procedimentos ilícitos como artifício para mascarar, impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência da obrigação tributária de modo a reduzir o montante do imposto devido. Ex. nota “calçada", onde o sonegador lança um valor na primeira via (a que se destina à circulação da mercadoria ou comprovação do serviço prestado) diferentes nas demais vias (as que serão exibidas ao fisco, numa eventual fiscalização). Inadimplência Fiscal é caracterizada pela falta de pagamento. O simples fato de não pagar um tributo, dentro do prazo de vencimento, caracterizará uma mera inadimplência fiscal ou inadimplemento de uma obrigação tributária. 9- Quais são os fundamentos legais que sustentam a pretensão/direito ao Planejamento Tributário R.. O direito ou a liberdade de planejamento tributário nasce da reunião dos princípios da legalidade e da autonomia da vontade, que surge do princípio da livre iniciativa que é uma ordem constitucional. Assim, o contribuinte é livre para se colocar numa situação menos oneroso do ponto de vista tributário, reduzindo sua carga fiscal Todavia, deve obedecer aos limites do planejamento tributário. O contribuinte deve fazer tudo o que a lei permite e não estar obrigado a fazer o que a lei não impõe. É lícito que ele procure realizar os atos e negócios jurídicos não inseridos nas situações legais de tributação, ou colocados em situações legais de menor tributação. 10- Informe se há limites objetivos trazidos pela lei antielisiva, para a execução do Planejamento Tributário. R. Primeiramente, vale ressaltar que nenhum direito é absoluto. O texto constitucional prevê a liberdade de agir como princípio fundamental, por isso, o contribuinte possui a capacidade de praticar atos ou negócios jurídicos livremente, só encontrando limitações na lei. A Lei Complementar 104/01, foi uma tentativa de o governo fazer uma norma geral antielisiva, e introduziu o parágrafo único ao artigo 116 do Código Tributário Nacional. Até hoje não houve uma regulamentação, não há ainda definição objetiva dos critérios ou dos limites de como funciona o planejamento tributário, o que causa uma insegurança jurídica. Obs. Observando as decisões administrativas e judiciais, vale salientar que o planejamento tributário, além de fundamentado juridicamente, deve ser elaborado vinculado ao planejamento financeiro da empresa, estando intimamente relacionado ao controle do seu fluxo de caixa, à apuração dos custos e à formação do preço de venda dos bens ou dos serviços relacionados às atividades próprias do empreendimento, caso contrário pode ser desconsiderado. 11- Qual foi a intensão do legislador com a Norma Geral Antielisiva - lei complementar 104/01, que inseriu o parágrafo único do artigo 116 Código Tributário Nacional (CTN). R. - A intenção do legislador foi dar um instrumento à autoridade fazendária para que pudesse ser exigido o tributo, mesmo naqueles casos que fora evitado por meio de planejamento tributário, ou seja, através da elisão fiscal. O dispositivo confere ao fiscal de tributos total liberdade para, de acordo, com sua percepção desconsiderar atos ou negócios jurídicos que entender serem simulados. Nota-se que a legislaçãoconferiu ao agente público amplo poder discricionário, pois ele age de acordo com seus pré-conceitos, e poderá entender pela ilegalidade de determinado ato sem, contudo, ter provas suficientes. Parágrafo único. – “A autoridade administrativa poderá desconsiderar ato ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.”. 12- A aplicação desse parágrafo único do artigo 116 CTN, é restritiva ou extensiva? R. Sempre restritiva. O agente fiscal age através de uma Presunção relativa, por que cabe prova em contrário. 13- O que é Presunção absoluta (iuris et de iure) R. – Presunção é a dedução de um fato. Presunção absoluta ocorrer quando a lei afirma a situação presumida pelo legislador, não comportando prova em contrário, é absoluta. As presunções absolutas não admitem prova em contrário, constituindo-se em exceções, visto que é a própria lei que estabelece como verdades indiscutíveis determinados fatos, dados, circunstâncias, etc., tendo em vista a estabilidade do sistema jurídico e a segurança das instituições sociais. Por exemplo, presume-se que o menor de 16 anos seja absolutamente incapaz; mesmo havendo um menor que aos 15 anos seja um modelo de responsabilidade, que se sustente e a outros, etc., será considerado incapaz. Ex. O entendimento é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar um processo em que o réu se recusou por duas vezes a fazer o exame DNA, e o juízo de primeiro grau reconheceu a presunção absoluta por considerar que seria impossível ao autor da ação apresentar provas por outros meios, tendo em vista se tratar de um relacionamento esporádico e clandestino. 14- O que é Presunção relativa (iuris tantum) R. Igualmente afirmada em lei, mas que comporta prova em contrário; podendo ser substituídas por outras provas, como as documentais, periciais, testemunhais, etc. Não é por que houve uma fiscalização e não concordou com o planejamento tributário proposto ou um ato realizado que se desconsidera tudo que foi feito, sem defesa. Isso se justifica pelo principio da tipicidade cerrada, onde a obrigação tributária é constituída por hipóteses colocadas na lei. Assim, não pode ter a desconsideração de um ato jurídico determinado por um agente fiscal e impor outra tributação não prevista em lei ou mais gravosa se não houve simulação. Caso ocorra essa situação, o contribuinte deve buscar os recursos cabíveis. Exemplo: declaração de pobreza no beneficio da justiça gratuita. Exemplo: FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA ENTRE SEUS INTEGRANTES. PRESUNÇÃO RELATIVA. DEPENDÊNCIA DOS PAIS FRENTE AOS FILHOS. VITALICIEDADE. PRESUNÇÃO RELATIVA. Art. “185- Código Tributário Nacional “– “ Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa”. Fato Conhecido: existência do crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa + qualidade de devedor + Alienação ou Oneração de bens ou rendas + estado de insolvência. Alienação - todo e qualquer ato que tem o efeito de transferir o domínio de uma coisa para outra pessoa, seja por venda, por troca ou doação; a título oneroso ou gratuito. Oneração de bens - significa impor ônus, encargos ou obrigações. São os casos, por exemplo, da hipoteca, do penhor, usufruto, etc. 15- Atualmente três critérios são considerados essenciais para se validar o planejamento tributário, quais são eles. a) Existência de propósito negocial b) A substância sobre a forma c) A não existência de simulação no negócio praticado 16- O que significa Propósito negocial R. - significa que qualquer negócio jurídico deve perseguir uma finalidade econômica, tendo como objetivo principal otimizar os negócios da empresa. Verificar se a operação vai proporcionar aumento das vendas, entrada em novos mercados, alteração efetiva da composição societária, redução de despesas ou custos, acesso a financiamentos junto a instituições governamentais e privadas, renegociação de dívidas, pagamentos efetivos, etc. Todo contrato possui uma função social. Logo, caso a finalidade do contribuinte seja única e exclusivamente a redução da carga tributária, o planejamento corre o risco de não ser acolhido pelo Fisco. O órgão julgador pode entender que a ausência de propósito negocial está ligada a um tipo de ilícito: o abuso de direito, abuso de forma etc. Ex.: o caso de se criar uma empresa “veículo” apenas com o fim de reduzir tributos. Isso porque abrir e fechar uma empresa, sem que a mesma tenha realizado sua atividade fim, e sequer tenha tido esta intenção, leva a crer que seu contrato social não restou cumprido. Vale ressaltar: . Alguns tributaristas defendem que o propósito negocial não pode ser critério para avaliação de um planejamento tributário, pelo simples fato de não haver tal previsão em nossa legislação. No entanto diversos são os julgadores administrativos (vide Acórdãos 103-23.290 e 101-95.552) que abomina a ideia de que o planejamento tributário pode ser utilizado sem propósito negocial. . Há, por outro lado, julgados favoráveis ao contribuinte, entendendo que a única finalidade de economia de tributos é por si sós propósito negocial (vide Acórdão 1402-001.252), mas ainda não é forte este entendimento. Por excesso de zelo, ao pensar num planejamento tributário, o contribuinte não deve visar apenas à redução tributária, devendo perseguir, em primeiro plano, um objetivo negocial, qual seja, otimizar os negócios da empresa, em observância de seu contrato social, afastando eventual abuso de direito. 17- O que é Substância sobre a forma R. - Por trás do negócio jurídico materializado fisicamente por um documento (um contrato de venda de mercadorias, por exemplo), existe uma realidade econômica oculta, profunda, implícita. A análise da tributação não é baseada no que está escrito, mas no fato econômico praticado pelo sujeito passivo da obrigação tributária, significa o principio da primazia da realidade. O que prevalece é a substância sobre a forma. A realidade econômica que não reflete o negócio jurídico está intrinsecamente ligada ao instituto da simulação. A operação aos olhos do Fisco, se ficar claro uma operação meramente fiscal, na economia tributária, tem grande chance do planejamento tributário não prosperar. Tomando como exemplo uma cisão de empresa (este tipo de planejamento tem a finalidade de dividir o faturamento total, possibilitando a adesão ao Simples). A organização societária não deve se dar somente no papel (forma), mas também relativo ao fato (substância), ou seja, com relação ao fato jurídico. As empresas que surgiram após a cisão devem manter patrimônios distintos, quadro de funcionários distintos, contabilidades distintas, registros fiscais distintos, enfim, direitos e obrigações próprias. Haveria simulação se a empresa levasse a registro os documentos societários, mas, na prática, mantivesse a empresa funcionando como se apenas uma fosse. Percebendo isto, o Fisco poderia desconsiderar o negócio jurídico, ignorando-lhe existência, e invalidando o planejamento tributário. 18- Como tem sido a análise sobre o Planejamento Tributária das organizações por parte do Fisco R. A autoridade fazendária não tem considerado planejamentotributário lícito à economia conseguida pela prática de transações que não ocorreram de forma real, mas apenas de forma artificial e demonstradas somente em documentação ou na escrituração da sociedade. Desta forma, na estruturação do planejamento tributário deve ser considerado, se além da economia tributária, existem motivos de outra ordem, tais como comerciais, financeiros, econômicos ou mesmo societários, e se a transação tem relação com o objeto social da sociedade. 19- Qual providencia devem a empresa se atentar antes de iniciar um planejamento tributário. R. Entender bem o parágrafo único do artigo 116 CTN. Perseguir o proposito negocial, se atentar sobre a substancia sobre a forma, excluir operações simuladas. Além disso, importante ter uma boa assessoria contábil e tributária, antes da realização da operação, deve se submetê-la à análise de profissionais da área para que elaborem pareceres, consultas, laudos sobre a viabilidade da transação, as empresas devem guardar e apresentar provas para demonstrar o propósito negocial. Planos de negócios encomendados antes ou durante a operação que demonstram a estruturação do projeto empresarial, tais como, planos estratégicos, planos de investimentos, planos de expansão, planos operacionais, planos internos, planos de crescimento, planos de custos. Pesquisas e estudos realizados para identifica, para perceber o mercado-alvo, principais concorrentes nacionais e internacionais, para buscar a melhor logística e forma de distribuição de bens. Estudos que expliquem a análise do capital disponível para investimentos. Contratos, cartas, e-mails, e demais documentos trocados entre os envolvidos na operação que demonstrem o propósito da negociação. Adotando essas cautelas, a operação realizada terá boas chances de ser considerada legal e confirmada pelos Tribunais em caso de desconsideração pela fiscalização. 20- O que é um planejamento tributário judicial R. - O planejamento tributário judicial trata-se do processo de obtenção de economias tributárias por meio de processos judiciais, podendo ser feito através de mandado de segurança, ações cautelares, ações declaratórias de inconstitucionalidade, ações anulatórias, ações de repetição de indébito, etc. 21- A partir do momento em que se instaura um processo administrativo tributário, surge a forma contenciosa, e a partir daí, devem ser observados os princípios que nortearam a prova no processo administrativo tributário. Quais são eles? R. - Princípio do devido processo legal - É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais Princípio da Ampla Defesa - direito da parte de se utilizar de todos os meios em direito admitidos para alcançar seu direito, provas ou recursos. Princípio do contraditório - o princípio do contraditório é uma consequência imediata do princípio do devido processo legal, e significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita, utilizando todos os meios de defesa admitidos em direito. Ninguém será condenado sem ser ouvido. Princípio da Publicidade – a regra é que o processo é público, salvo se, por requisição legal ou do interessado, se justificar sua conversão em sigiloso. Visa proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos. E mais, as partes envolvidas no processo tomam conhecimento das obrigações, cumprimento de prazos processuais, por meio da publicação dos atos processuais. Princípio da prova obtiva ilicitamente – art. 5º, LVI CF. artigo 30 da lei 9.784/99. Não é permitida a produção de provas ilícitas.
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