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MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS DE IMPORTÂNCIA EM ALIMENTOS Bacillus cereus Estácio – FIB Curso de Graduação em Nutrição Disciplina: Microbiologia de Alimentos As bactérias pertencentes ao gênero Bacillus compreendem um grande número de espécies, estando relatadas, até o momento, 48 espécies diferentes. As bactérias deste gênero caracterizam-se por uma intensa atividade metabólica, já que produzem enzimas que degradam muitos substratos orgânicos. CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS bacilo Gram (+) grande, aeróbio, mesófilo, com flagelos peritríquios, e produtor de esporos que podem ser centrais ou subterminais. Cepas de B. cereus são capazes de utilizar vários carboidratos; glicose, frutose, trealose, sacarose, salicina, maltose, manose, m-inositol e lactose. São capazes de hidrolizar amido, caseína e gelatina. São catalase positivos e oxidase variável. Todas as cepas são produtoras de hemolisinas, sendo conhecidas pelo menos duas: cereolisina (termoestável) e hemolisina termolábil. B.cereus multiplica-se bem entre 10o.C e 48o.C, apresentando um ótimo de temperatura entre 28o.C e 35o.C. A atividade de água mínima necessária para seu crescimento é 0,95 sendo o crescimento bastante reduzido quando a concentração de NaCl do meio é 7,5%. A faixa de pH em que ocorre a multiplicação varia de 4,9 a 9,3. Características da doença B.cereus pode causar duas formas distintas de gastroenterite: a síndrome diarréica e a síndrome emética. Síndrome diarréica caracteriza-se por um período de incubação que varia de 8 a 16 horas Sintomas: diarréia intensa, dores abdominais, tenesmos retais, raramente ocorrendo náuseas e vômito. Duração da doença: de 12 a 24 horas. Alimentos envolvidos nos casos de gastrenterite diarréica por B. cereus: vegetais crus e cozidos, produtos cárneos, pescado, massa, leite, sorvete, pudins á base de amido, entre outros. A síndrome emética Caracteriza-se por um período de incubação curto (de uma a cinco horas), Sintomas: vômitos, náuseas e mal-estar geral e, em alguns casos, diarréia com seis a 24 horas de duração. Esta síndrome está quase que exclusivamente associada a alimentos farináceos, contendo cereais, principalmente arroz. Um número bastante significativo de casos já foi descrito envolvendo o arroz preparado a moda chinesa, ou seja, cozido no vapor e mantido á temperatura ambiente. Nestas condições, o aquecimento é insuficiente para destruir os esporos, que são comuns nos cereais. Os esporos germinam, e, devido á temperatura favorável, ocorre a multiplicação rápida das células vegetativas resultantes. A mistura do arroz preparado desta forma com outros ingredientes (carne, ovos, vegetais, frango), comum na comida oriental, agrava ainda mais o problema. Mecanismo de patogenicidade A maioria das cepas de B.cereus é capaz de produzir uma série de metabólitos extracelulares (toxinas diarréica e as toxinas eméticas). Segundo vários pesquisadores, estas síndromes só se manifestam quando um alimento contém número elevado de células viáveis de B.cereus (entre 107 e 109 células). TOXINA DIARRÉICA Enterotoxina de natureza protéica, termolábil, sendo destruída pelo aquecimento a 55o. C por 20 minutos. É inativada pela tripsina, pepsina e pela proteinase, e instável em pH inferior a 4,0. Age provocando acúmulo de sais e eletrólitos (Na+ e Cl) e interferindo na absorção de glicose e de aminoácidos. A toxina é também fortemente necrótica. A enterotoxina é produzida durante a fase logarítmica do crescimento bacteriano. TOXINA EMÉTICA Não é tão conhecida quanto a enterotoxina, devido à falta de um modelo biológico sensível adequado. Esta toxina não tem os mesmos efeitos biológicos apresentados pela toxina diarréica, mas induz vômitos em curto período de tempo após a ingestão. É resistente ao aquecimento a 126o.C por 90 minutos, pH ácido e as enzimas proteolíticas (pepsina e tripsina). Sua produção ocorre na fase final da fase logarítmica de crescimento, sendo liberada em grandes quantidades durante a lise celular. Alguns estudos sugerem que a produção desta toxina ainda não é conhecida até o momento, não existem evidências suficientes sobre a produção simultânea das toxinas eméticas e diarréicas por uma mesma cepa de B.cereus. Epidemiologia B.cereus é largamente distribuído na natureza, sendo o solo o seu reservatório natural. Por esta razão, contamina facilmente alimentos como vegetais, cereais, condimentos, etc. Dentre os vegetais, destaca-se o arroz, que tem sido o alimento mais freqüentemente envolvido em surtos de origem alimentar. Várias espécies de Bacillus estão presentes no solo úmido no qual se cultiva o arroz, e B.cereus, em especial, permanece associado com a planta durante todo o seu desenvolvimento. A freqüência de isolamento de B.cereus em arroz cru é de 40% a 100%. B cereus é também encontrado na superfície de carne bovina, suína e de frango, certamente devido á contaminação com o solo. B. cereus é um problema sério também em laticínios (queijos e sorvetes), sendo seus esporos muito comuns em leite em pó. No Brasil, B.cereus tem sido isolado de vários tipos de alimentos: queijos, farinhas, amidos, alimentos desidratados, carne moída, com índices de positividade entre 18% e 97%. Vários estudos têm demonstrado que B.cereus faz parte da flora fecal de indivíduos normais, havendo algumas indicações que sua presença é mais comum nos meses de verão, e dependente dos hábitos alimentares. Entretanto, B.cereus não coloniza o intestino, não persistindo por longos períodos. Medidas de Controle O consumo de alimentos recém-preparados não oferece risco. Das várias formas de tratamento térmico, o cozimento em vapor sob pressão, a fritura e o assar em forno quente destroem tanto células vegetativas quanto esporos. Cozimento em temperaturas inferiores a 100o.C pode não ser eficaz para destruição de todos os esporos de B.cereus. Referências Bibliográficas FRANCO, G. M. B.; Landgraf, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Editora Atheneu, 1996. Cap.4, p.41-43. JAY, J. M. Modern Food Microbiology, 4 th ed.New York, 1992. Silva, N.;Junqueira, V. C.A.; Silveira, N. F.A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Editora Varela, 1997.Cap.7,p. 59-64.
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