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Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social e outro

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Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
Lição 01: Introdução
Lição 02: Formação e Exercício Profissional do Assistente Social
Lição 03: O Assistente Social como Profissional na Gestão Pública
Lição 04: Gestão e Trabalho Profissional
Lição 05: O Assistente Social na Gestão das Políticas Sociais
Lição 06: Conclusão
Lição 07: Referências Bibliográficas
LIÇÃO 01: INTRODUÇÃO
O curso tem como tema central “a gestão do trabalho do assistente social e os fundamentos da gestão que contribuem para o planejamento da ação profissional” no campo de atuação. Objetiva “compreender a importância do processo de gestão do trabalho do Assistente Social na Política de Assistência Social”.
O interesse pela temática materializou-se após uma série de questionamentos teóricos e práticos relacionados à gestão do trabalho do assistente social e sua aplicabilidade no setor público, mais especificamente na esfera municipal da Política de Assistência Social. Neste sentido, questionou-se, se os princípios teóricos e metodológicos da gestão aplicam-se no setor público municipal, onde o trabalho a ser realizado já obedece a uma agenda previamente planejada e orquestrada pela esfera federal, por obedecer a planos e metas estabelecidas pelos órgãos gestores das políticas públicas sociais.
Em seguida foi questionado, “se seria possível construir o processo teórico-prático da gestão” e “como efetiva-lo no campo de atuação profissional”, onde a supervalorização trabalho burocrático interfere diretamente na ação profissional, processo esse que contribui para a construção de uma prática profissional esvaziada e acrítica. Esse processo de valorização do trabalho burocrático vem gradativamente “estimulando a burocratização da prática e o vazio profissional” (IAMAMOTO, 2003, p.161), fato que condiciona o exercício profissional ao tarefismo burocrático e rotineiro.
Ainda nesta diretriz de questionamentos, também se perguntou, “quais os princípios teóricos e práticos da gestão que o assistente social poderia se apropriar enquanto instrumento de trabalho em sua atuação no setor público”, onde o profissional, rotineiramente, esbarra-se nos limites institucionais e nas relações de poder estabelecidas no aparelho estatal.
Observou-se que diante das complexidades que envolvem a realização do assistente social, o profissional se depara com dificuldade de criar, recriar e implementar propostas de trabalho condizentes com a realidade apresentada cotidianamente. Entretanto, mediante a leitura da realidade e considerando o compromisso e posicionamento ético político da profissão em defesa dos direitos sociais e humanos, faz-se necessário à construção de planos de trabalhos concretos e coerentes que viabilize aos usuários da Política de Assistência Social, o acesso aos direitos constitucionalmente garantidos.
Sob esta perspectiva, considerou-se que a gestão do trabalho e a capacidade de planejar e organizar propositivamente a ação profissional tornam-se instrumentos de grande importância na formulação de propostas de enfrentamento aos desafios postos ao profissional de Serviço Social. Isto porque, a necessidade de uma ação previamente planejada em fundamentos teóricos e práticos, faz-se necessária perante as complexidades apresentadas pelas diversas expressões da questão social, emergentes do conjunto de desigualdades deliberadas pelo capitalismo contemporâneo. Neste sentido, a atual conjuntura que envolve o trabalho do assistente social exige do profissional uma prática propositiva, embasada em estratégias de enfrentamento consistentes, que seja capaz de se opor as desigualdades disseminadas pela materialidade da sociedade capitalista.
Vale ressaltar também que o assistente social enquanto profissional que intervém diretamente nas relações sociais, dispõe de relativa autonomia para formular e planejar propostas de trabalho. Para tanto, deve lançar mão de teorias que lhe possibilite o aperfeiçoamento do conhecimento já adquirindo na formação profissional. Possibilitando assim, a construção de uma prática propositiva capaz de consolidar os valores e princípios fixados no projeto ético-político profissional.
Ainda nesta direção, agrega-se o papel privilegiado que os assistentes sociais ocupam nas políticas sociais, especialmente na Política de Assistência Social. Na qual, notoriamente os assistentes sociais participam do processo de elaboração, implementação e operacionalização dos programas e serviços, enquanto direito social e política pública de Estado. Os profissionais inseridos neste contexto “socializam informações que subsidiam a formulação/gestão de políticas e o acesso aos direitos sociais” (IAMAMOTO, 2003, p. 69). Constituindo assim, um cenário legal que, permite transformações e integração de populações pauperizadas aos programas e serviços sociais previstos legalmente.
Mediante a breve reflexão aqui apresentada e, com o intuito de oferecer subsídios teóricos da gestão para o Serviço Social, este estudo buscou o aprofundamento teórico e a construção de conhecimento em torno da temática apresentada, bem como contribuir para o crescimento do Serviço Social na área da pesquisa, especialmente, na área de gestão e trabalho profissional.
A proposta de estudo partiu do pressuposto que a categoria ainda apresenta relativa resistência em reconhecer a gestão como instrumento de trabalho e de domínio do assistente social. A não apropriação de determinados princípios da gestão parte do desconhecimento que a categoria ainda apresenta sobre a temática em questão. Contudo, a partir da revisão das Diretrizes Curriculares da formação acadêmica em 1996, o currículo mínimo dos cursos de Serviço Social no Brasil, passou a contar com a gestão, como importante disciplina no conjunto da organização curricular que, também é entendida como instrumento de trabalho e de domínio do assistente social no exercício profissional.
O curso propõe um novo olhar sobre a gestão e suas implicações no trabalho do assistente social. Todavia este novo olhar deve perpassar pelo prisma de uma visão crítica-reflexiva e construtiva para o profissional, sobre as atribuições do assistente social, no desempenho de suas funções profissionais no campo de atuação. Propiciando, assim a construção de um perfil profissional, capaz de responder conscientemente as demandas emergentes no espaço sócio ocupacional, através do exercício profissional propositivo pautado em ações previamente planejada, fundada no conhecimento e domínio das dimensões teórico-prático da profissão. Contribuindo assim, para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais capaz de propiciar a superação de práticas assistencialistas e conservadoras, ainda cultivadas na esfera da Assistência Social, especialmente na esfera municipal.
Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
LIÇÃO 02: FORMAÇÃO E EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Considerando o processo de intervenção estatal nas expressões da questão social, localiza-se a inserção dos Assistentes Sociais na gestão pública das políticas sociais. Inicialmente, esses profissionais eram contratados apenas para a operacionalização das políticas públicas/sociais e nos anos posteriores, com a reformulação teórico-metodológica, ético política e técnico-operativo do Serviço Social, os mesmos se deslocaram ao âmbito do planejamento. Para isso, é necessário refletir historicamente sobre esse processo de conquista profissional, até a articulação dessa demanda com a ética profissional estabelecidas nos princípios do Código de 1993.
Foi na década de 1980, que projeto de ruptura alterou o discurso teórico-metodológico da profissão, tanto no espaço acadêmico quanto na produção científica; expandiu-se também a organização política, surgindo por todo o país associações e sindicatos dos Assistentes Sociais (SILVA, Ozanira, 1995). Nesse processo de esforço pela ruptura, o Serviço Social buscou fundamentação das categorias Estado, Instituição e Política Social nas novas teorizações que se dão no campomarxista e das ciências sociais com forte influência teórica de Gramsci.
Só foi a partir da ruptura com as vertentes conservadoras que o Serviço Social gesta-se numa “nova racionalidade”, definida com rigor teórico metodológico na produção de conhecimento cientifíco, em que se abdica a visão micro social para um olhar voltado à totalidade. Esta nova racionalidade que está posta nas Diretrizes Curriculares, Código de Ética e Lei que regulamenta a profissão n° 8662/93 para maiores patamares na qualidade de intervenção no enfrentamento das sequelas das expressões da Questão Social (Guerra, 1997, p.29).
Ao adentrar em 1990, os profissionais necessitam e reclamam por novas formas de intervenção prática na sociedade por conta das mudanças estruturais ocorridas no Brasil no período ditatorial e que deixaram heranças profundas no cenário político social brasileiro. Foram nessas circunstâncias que o Estado propôs políticas sociais assistencialistas e fragmentadas para atender as questões mais emergenciais da população. Esse caráter imediatista, não prevê uma gestão pública com características voltadas à proposição e ao fortalecimento da participação e da descentralização política-administrativa das políticas públicas.
Localizado nesse contexto de mudança política no Brasil, os profissionais, como já citado anteriormente, necessitam reformular suas práticas de intervenção na sociedade para responder as demandas das expressões da questão social e para isso, o processo de estruturação teórico/prática dos assistentes sociais  segue novas formas, principalmente na construção do novo Código de Ética de 1993 e da construção do projeto ético-político que será citado posteriormente.
2.1 PROJETO ÉTICO-POLÍTICO
As mudanças ocorridas no sistema econômico, político e social durante as últimas décadas, que resultaram como consequência em expressões estruturais da questão social vivenciada por toda a classe trabalhadora brasileira, requisitaram dos profissionais de Serviço Social habilidades teórico prática, como também uma postura ética, que fossem coniventes para lidar com essas demandas de acordo com seus conhecimentos adquiridos na academia; para isso, os mesmos passaram por uma maior qualificação profissional para intensificar a qualidade de sua intervenção, com elaboração do seu projeto ético-político profissional.
Para mencionar o projeto ético-político profissional dos assistentes sociais, é necessário refletir sobre o projeto societário, que “representam a imagem de uma sociedade, que reclamam determinados valores para justificá-las e que privilegiam meios materiais e culturais para concretizá-las” (NETTO, 1999, p.95), sendo ela mutável de acordo com as demandas sociais. Para o Serviço Social esse projeto reflete os condutos para o comportamento profissional em qualquer local de trabalho, bem como sua relação com os usuários.
O principal ingrediente para a construção de um projeto profissional é o respeito da diversidade de pensamentos e ideias existentes em cada pessoa e que assim, contribui para a elaboração de um projeto democrático que atenda a diferentes formas de interpretação da realidade. O projeto ético-político do Serviço Social foi construído pelos profissionais para atender de forma ética as demandas vigentes da sociedade, ele se baseia em “seus valores, suas funções sociais, nos objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos, as normas e as práticas” para a atuação diária profissional (NETTO, 1999, p.103).
Em 1990 foi realizada a revisão do Código de Ética elaborado em 1986, por meio de debates ocorridos em diversas oficinas locais, regionais e nacional, que quebrou parcialmente com o conservadorismo teórico e ético profissional, cristalizando o projeto profissional dos assistentes sociais. Esse código que possui em seu cerne o princípio da liberdade, com defesa à emancipação, autonomia, e a defesa dos direitos humanos através do esforço pela consolidação da cidadania, através da universalização ao acesso aos bens e serviços relativos aos programas e as políticas sociais, e a recusa do arbítrio e do autoritarismo, contemplando o pluralismo  (OLIVEIRA, 2002). São a partir desses princípios, que o Assistente Social se debruça para a construção e consolidação da sua intervenção profissional na gestão pública das políticas sociais.
Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
LIÇÃO 03: O ASSISTENTE SOCIAL COMO PROFISSIONAL NA GESTÃO PÚBLICA
Segundo Gimenez e Albanese (2005) historicamente e socialmente, a atuação profissional do assistente social é determinada pela prestação de serviços sociais em instituições públicas, privadas ou de terceiro setor, como também em entidades e organizações que implementam políticas setoriais e assistenciais tais como, educação, saúde, trabalho, segurança social, habitação, assistência a pessoa idosa, à criança, ao adolescente, entre outros; atuando ainda, na administração de serviços sociais, elaboração de projetos, diagnósticos e pesquisas na área de Serviço Social e planejamento social, essas últimas atribuições que foram conquistadas recentemente e que são vinculadas ao processo de gestão pública/social.
O maior empregador do Serviço Social é o Estado. E dentro do Governo, ele pode atuar em qualquer nível, tanto municipal, estadual ou federal na gestão pública; espaço esse, conquistado pelos profissionais com maior ênfase na década de 1990, através das lutas pela melhoria da qualificação profissional na adoção de novas teorias para que desse suporte ao aprimoramento teórico metodológico, técnico-operativo e ético-político. Isso se deu como forma de favorecer a conquista de novos patamares de atuação profissional na gestão, com a importante atribuição de fortalecer o exercício democrático na socialização de informações no âmbito da gestão de políticas públicas por meio de avaliações e monitoramento das mesmas.
A gestão pública tem por finalidade o planejamento democrático dos serviços para a prestação dos mesmos com qualidade, com objetivo de atendimento às demandas que lhes são requeridas pela sociedade, visando garantir a cidadania e a dignidade da pessoa humana.
Ainda nos apoiando em Gimenez e Albanese (2005), os assistentes sociais na gestão pública atuam como articuladores e negociadores dos interesses das classes subalternas por intermédio do Estado para atender e responder de maneira efetiva as condições essenciais ao exercício da cidadania. Contudo, algumas mazelas que se vinculam ao modo de como é organizado o setor estatal no que se refere à consolidação histórica de um Estado autoritário, a desarticulação da sociedade civil aliados a uma cultura de serviços que não revela os interesses da administração pública, dificultam a construção da cidadania.
Diante desses entraves construídos historicamente e socialmente no setor Estatal, o assistente social tem como dever, de acordo com suas atribuições e princípios que foram elaborados coletivamente pelos mesmos para responder de forma ética as necessidades sociais, construir alternativas para enfrentar as expressões da questão social por meio da formulação, planejamento e execução de políticas sociais de âmbito municipal, estatal, federal e até mesmo privado, que inscrevam as demandas sociais nas agendas públicas dos diferentes governos e que suas ações sejam pautadas com competência técnica e ético política.
Para isso, cabe aos profissionais defenderem um modelo de gestão democrático e participativo que condiz ao seu projeto ético-político profissional para que criem condições de melhoria na efetividade, eficiência e acessibilidade nas políticas públicas através de monitoramento e avaliações constantes que inclua a participação popular como fator de materialização da democracia.
Nessa perspectiva, com a reformulação do código de ética e os princípios estabelecidos pelo mesmo, cabe ressaltar que, dentro da política de assistência social, a organização da categoria para a consolidação e efetivação dos pressupostos encontrados na Lei Orgânica de Assistência Social - LOASem 1993 através da Política Nacional de Assistência Social - PNAS (2004) e da construção do Sistema Único de Assistência Social - SUAS (2005), propôs os princípios para melhoria na gestão pública, tais como, descentralização, municipalização, territorialidade, redes, financiamento, controle social, sistema de informação, monitoramento e avaliação, suscitando novas bases para a relação entre e o Estado e a sociedade civil.
Nesse contexto, para a defesa dos princípios democráticos encontrados no código de ética, no que tange à construção de uma sociedade mais justa e igualitária que amplia e efetiva a consolidação da cidadania, cabe mencionar, o processo de avaliação e monitoramento das políticas públicas e sociais. Essas categorias vem sendo amplamente debatidas dentro da Política de Assistência Social a partir da PNAS e do SUAS e, localizando-a dentro da gestão estadual com a inserção profissional dos Assistentes Sociais nesse processo, foi no ano de 2006 que o Estado do Paraná, iniciou a organização de um sistema de monitoramento e avaliação com objetivo de melhorar a qualidade dos serviços socioassistenciais. As categorias supracitadas que também são embutidas no contexto da participação social, do controle social e da democracia para a garantia da efetividade dessas políticas.
A participação social nos espaços de articulação política, no processo de monitoramento e avaliação da política de assistência social, o fortalecimento do controle social através de capacitações oferecidas em âmbito estatal reforçam “a ampliação e consolidação da cidadania [...] o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”. (Código de ética Profissional dos Assistentes Sociais, 1993).
Dessa forma, percebe-se como a categoria profissional dentro do espaço de atuação dessa política pública, luta para a efetivação e consolidação dos pressupostos que fazem jus, principalmente, ao conceito de democracia frente a todos os impasses políticos no cenário brasileiro, desde 1993.
Com isso, postas as novas demandas no cenário político, o que requer a aplicação dos conceitos e das diretrizes propostas pelo referido Sistema Único, é que os assistentes sociais se fortalecem no âmbito da gestão pública estadual, voltada ao planejamento das ações dessa Política. É correto afirmar, que o Estado burocrático, as correlações de força e poder que influenciam no processo decisório, muitas vezes prejudicam a implementação dessa política. Contudo, mesmo diante desses impasses, uma grande parcela dos profissionais de Serviço Social ligados à gestão pública/social luta para a defesa e consolidação de todos esses princípios já mencionados, com objetivo de concretizar o seu projeto ético-político profissional.
Portanto, a necessidade de fortalecer os novos mecanismos de gestão no setor público, somada a atuação do Serviço Social na gestão da política de assistência social, aponta para um futuro com garantia de direitos de cidadania, através de políticas públicas mais eficientes e embasadas no princípio participativo, e na ética profissional.
Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
LIÇÃO 04: GESTÃO E TRABALHO PROFISSIONAL
Na trajetória histórica da profissão, os assistentes sociais dedicaram-se à implementação das políticas públicas sociais, mantendo assim, uma intrínseca relação com o Estado e suas demandas. Considerando que desde o surgimento da profissão, o Serviço Social esteve presente nas diversas áreas de intervenção estatal, como mediador e executor das políticas sociais, desenvolvidas e implementadas como estratégia de enfrentamento e principalmente de controle as desigualdades sociais. No âmbito governamental, o profissional sempre foi chamado a intervir junto às manifestações da questão social, nas áreas da saúde, educação, assistência, habitação entre outras políticas sociais.
No enfrentamento as desigualdades sociais, o Estado atribui legitimidade à instituições, políticas sociais e profissionais, entre os quais o assistente social, que requisitado e reconhecido, enquanto profissional que intervém diretamente nas relações sociais e atua na gestão das políticas sociais, tanto no âmbito municipal, estadual e federal.
Dessa forma, o Estado se qualificou como maior empregador de assistentes sociais, isto é, se constituiu como campo privilegiado de contratação do trabalho do assistente. Para Iamamoto: O setor público tem sido o maior empregador de assistentes sociais, sendo a administração direta a que mais emprega, especialmente na esfera estadual, seguida da municipal. Constata-se uma clara tendência à municipalização da demanda o que coloca a necessidade de maior atenção à questão regional e ao poder local (IAMAMOTO, p. 119, 1999).
Observa-se que interiorização das demandas se deve ao fato dos municípios absorverem á carga maior na implementação das políticas púbicas, especialmente as políticas sociais, e consequentemente a esfera municipal termina por contratar mais profissionais para o planejamento, implementação e operacionalização dos serviços públicos.
A descentralização político-administrativa das políticas públicas para os municípios, prevista pela Constituição Federal de 1988, atribuiu uma nova dimensão ao trabalho do assistente social. Visto que, os espaços sócio-ocupacionais vêm aumentando consideravelmente em virtude da responsabilização dos municípios no provimento dos serviços prestados a população usuário, e nessa órbita os assistentes sociais passam a desempenhar papel fundamental no desenvolvimento e operacionalização das políticas sociais.
O trabalho do assistente social no âmbito da gestão pública tem se mostrado importante para implantação das políticas sociais. Contudo, a complexidade da demanda estatal requisita um profissional em que a atuação vá além da execução terminal dos serviços públicos, mas que atue também, na formulação, planejamento, avaliação e gestão das políticas, programas e serviços sociais.
Conforme Lewgoy, a atual conjuntura exige um profissional que: “saiba planejar, avaliar, implantar e executar os serviços incutidos nas políticas sociais. Que também se evidencie na esfera dos planos, programas e projetos sociais e na prestação de serviços no âmbito de benefícios e serviços sociais, nas habilidades de elaborar, implementar, organizar, administrar, pesquisar, encaminhar, coordenar e assessorar (LEWGOY, 2010, p. 198).”
O desenvolvimento de competências técnicas e habilidades gerenciais voltadas à realização do trabalho profissional na esfera da gestão pública das políticas sociais contribuem para substituição do agente subalterno e executivo por um profissional competente e qualificado para as novas funções requisitadas ao assistente social.
Verifica-se, que a mudança nas funções profissionais decorre de um conjunto de novas configurações que exige dos assistentes sociais novas formas de realizar o trabalho profissional. Considerando que, a relação estabelecida entre as mudanças contextuais verificadas no modo de organização dos mecanismos de produção e reprodução da vida social e material, nos meios de inserção do profissional no mercado de trabalho e as novas situações que emergem desse conjunto de relações, exigem um profissional propositivo e articulado com as novas formas de organização e gestão do trabalho profissional.
Neste contexto, observa-se que, apesar do crescimento dos espaços sócio-cupacionais dentro do Estado, o trabalho do assistente social na gestão pública das políticas sociais, se depara com os desafios apresentados pelo movimento que propõe a reforma do Estado. Pois, enxugamento da máquina pública, tanto no que se refere à contratação de mão-de-obra, como no enxugamento das políticas sociais através da redução dos serviços sociais públicos prestados a população, vemapresentando novos de desafios à profissão.
Assim, as mudanças verificadas na sociedade e no aparelho estatal exigem não mais um profissional executor terminal de políticas sociais, mas é necessário ser um profissional qualificado na execução, gestão e formulação de políticas sociais públicas, com uma postura crítica e ao mesmo tempo, criativa e propositiva, ou seja, um profissional que possa responder com ações qualificadas que detectem tendências e possibilidades impulsionadoras de novas ações, projetos e funções, rompendo com atividades rotineiras e burocráticas (SARMENTO, 1999, p.100).
Nesse sentido, para a realização do trabalho do assistente social no âmbito da gestão pública, torna-se indispensável, que a ação profissional fundamente-se e um planejamento organizado, baseado nas diretrizes das políticas públicas sociais e em conhecimento teórico-prático amplo e crítico sobre a gestão do trabalho profissional nas políticas sociais. Que oportunamente contribuirá para direcionar a ação profissional, para além das ações antes voltadas e limitadas à execução terminal de políticas sociais.
Para tanto, a atuação dos profissionais que operam as políticas sociais, deve perpassar à apreensão das novas dinâmicas de trabalho e das possibilidades instrumentais da gestão, que devidamente apropriadas viabilize ao profissional a superação de práticas conservadoras e minimalistas. Para Sarmento, as novas formas de gestão verificadas na esfera das políticas sociais:
Vem exigindo um nível de conhecimento técnico bem mais amplo, tanto para a compreensão crítica das condições políticas em que estas exigências são colocadas, principalmente no que se refere ao desmonte das políticas sociais por parte do Estado – como da fragilização dos direitos sociais (SARMENTO, 1999, p. 100). Contudo, esse processo de apropriação implica em conhecimento sobre os contextos de gestão e capacidade técnica do profissional em desenvolver funções gerenciais propositivas no campo de atuação, considerando sempre a realidade conjuntural que permeia o desenvolvimento do trabalho profissional.
A função gerencial dos profissionais inseridos no âmbito das políticas sociais, especialmente na Política de Assistência Social, destaca-se como tendência, que precisa ser percebidas com grande clareza pelos assistentes sociais, pois implica em novas formas de realizar o trabalho profissional sem se abstrair dos princípios e diretrizes que norteiam a profissão. De acordo com Paiva, o tema gestão e todo o seu aporte teórico metodológico é revestido de detalhadas e recomendações técnicas, em virtude de advir da área da administração, entretanto:
A conceituação de noções como eficiência, eficácia e efetividade; o detalhamento das diferentes funções gerenciais, planejamento, organização, direção e controle; a caracterização dos diferentes níveis organizacionais – estratégicos, tático, operacional – encontram na bibliografia pertinente uma série de orientações, análise e exercícios que podem ser úteis e facilitadores da organização do projeto de intervenção do assistente social, que desempenha a função de gestor na área social, dependendo do uso que se faça deles (PAIVA, 1999, p.90).
É preciso compreender que a administração se consolida como processo intrínseco a qualquer atividade que envolva recursos e que visa atingir algum objetivo. Portanto, compreende-se que administração ou a gestão consiste em uma atividade inseparável de qualquer situação que envolve pessoas, recursos e a intenção de desenvolver e realizar objetivos. Isto é, o processo de tomar decisões sobre os objetivos e a utilização de recursos é entendido por administração ou gestão. Desta forma, a administração ou a gestão constitui-se de todo processo que tem a finalidade de garantir a eficiência e a eficácia de ações realizadas pelas organizações.
Na administração o processo administrativo compreende quatro funções básicas para que uma organização consiga a concretização de objetivos: o planejamento, a organização, a direção, o controle e avaliação.
A função do planejamento conceitua-se como processo que visa definir e estabelecer situações futuras desejadas, além de considerar os recursos e os meios necessários para alcançar essa situação. A organização constitui-se como processo de definir e detalhar o trabalho a ser realizado, as responsabilidades para a realização e distribuir os recursos disponíveis segundo critérios racionais. A função de direção compreende o processo de mobilizar e acionar os recursos, especialmente as pessoas, para concretização das atividades meio e fim. A função do controle volta-se a garantir a realização dos objetivos, bem como, identificar e apontar necessidades de mudanças. Geralmente o controle origina avaliações continuadas o que influencia diretamente no desenvolvimento dos profissionais, das pessoas garantindo a qualidade dos resultados das ações planejadas.
A administração é uma ciência organizada por uma série de teorias, possui um corpo sistematizado de conhecimentos, baseados em princípios e conceitos que tratam diretamente dos seres humanos. As teorias que fundamentam a administração demonstram que as funções gerenciais podem ser desempenhadas por qualquer pessoa responsável por algum tipo de atividade organizada no âmbito organizacional.
Sob esta diretriz e sendo o assistente social um agente que intervém diretamente nas relações e na realidade social, o profissional dispõe de relativa autonomia para formular e planejar propostas de trabalho. O assistente social demanda competência e habilidade para construir modalidades interventivas no cotidiano de trabalho. E para tal proposição, deve lançar mão de teorias que lhe possibilite o aperfeiçoamento do conhecimento adquirindo, voltando-se para o desenvolvimento de competências e habilidades no âmbito da gestão, enquanto instrumento de trabalho e de domínio do assistente social.
Os instrumentos de gestão podem contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades profissionais no âmbito da Assistência Social, considerando que esses instrumentos podem favorecer a construção de planos de trabalho nas diferentes etapas da Política de Assistência Social. No entanto, o profissional deve estar aberto às possibilidades de incorporar os princípios da gestão no cotidiano de trabalho, agregando-os enquanto recurso legal no desenvolvimento do trabalho. Mas, compreende-se que este processo de apropriação, perpassa pela necessária aquisição ou aperfeiçoamento de conhecimentos sobre os conceitos e princípios que fundamentam a gestão enquanto metodologia de realização do trabalho profissional.
Entretanto, ressalta-se que preciso competência crítica para discernir exigências burocráticas puramente executivas de funções gerenciais que são requeridas do profissional. Pois, as particularidades que envolvem o trabalho do assistente social postula uma postura crítica e comprometida com a consolidação dos direitos dos direitos sociais e não com a execução burocrática e alienada dos serviços sociais na esfera pública.
 
As funções gerenciais desempenhadas pelos assistentes sociais devem estar alinhadas com os princípios e valores fixados no Projeto Ético Político profissional e com as prerrogativas legais que regulamentam a profissão, objetivando assim, afastar o trabalho profissional de abordagens funcionalistas e meramente executivas.
Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
LIÇÃO 05: O ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
A gestão das políticas sociais significa a gerência e direção da coisa pública, este exercício de administrar e conduzir deve garantir o acesso da sociedade a benefícios e serviços de natureza pública. Para tanto analisar a gestão das políticas sociais sugere referenciar à gestão de ações públicas como resposta, as necessidades sociais que tem origem na sociedade e são incorporadas e processadas pelo Estado em diferentes esferas de poder.
Portanto, se faz necessário analisar a gestão como fenômeno sócio histórico, ou seja, compreendê-lacomo expressão de uma totalidade social, observando suas possibilidades e limites. Em outros termos, a gestão das políticas, programas e projetos sociais não se autonomizam dos contextos históricos em que se realizam (BARBOSA, 2004 apud BORDIN 2013).
Em termos gerais, a complexidade dos problemas sociais se torna necessária à integração dos diversos atores na gestão das politicas sociais com já afirmada. A sua execução se expressa na parceria entre o Estado, sociedade civil e demais organizações, possuindo na intersetorialidade um fator de inovação na gestão da política, que possibilita a articulação com as diversas organizações que atuam com políticas sociais.
De acordo com Junqueira (2004, p.9) a intersetorialidade constitui uma concepção que deve informar uma nova maneira de planejar, executar e controlar a prestação de serviços como forma a garantir um acesso igual dos desiguais. Nesse contexto, apresentam-se, então novas tendências na gestão das políticas sociais, sendo uma delas a gestão compartilhada, na qual:
“Há uma clara percepção de que os atores sociais e sujeitos coletivos presentes na arena política são corresponsáveis na implementação de decisões e respostas às necessidades sociais. Não é que o Estado perca a centralidade na gestão do social, ou deixe de ser o responsável na garantia de oferta de bens e serviços de direito dos cidadãos; o que se altera é o modo de processar esta responsabilidade”. (CARVALHO, 1999, p.25).
Segue afirmando que nesse contexto a descentralização, a participação, o fortalecimento da sociedade civil pressionam por decisões negociadas, por políticas e programas controlados por fóruns públicos não estatais, em uma execução em parceria (CARVALHO, 1999). Aliado a isso, os gestores assistentes sociais deverão ser lideranças capazes de atuar na gestão pública como agentes potencializadores na adesão do projeto democrático de sociedade e de gestão que se pretende o gestor público devendo ter competência teórico-metodológica, ético política e técnico-operacional tanto para analisar os movimentos da economia, da política, da sociedade e de seus grupos e indivíduos (FILHO, 2013 p.225). Para tanto Mioto (2001 apud Lima, 2004 p. 61) chama atenção para o projeto ético político dos assistentes sociais que:
[...] contém tanto uma dimensão operativa quanto uma dimensão ética, e expressa no momento em que se realiza o processo de apropriação que os profissionais fazem dos fundamentos teórico-metodológico e ético políticos da profissão em determinado momento histórico. São as ações profissionais que colocam em movimento, no âmbito da realidade social, determinados projetos de profissão. Estes, por sua vez, implicam diferentes concepções de homem, de sociedade e de relações sociais (MIOTO, 2001 apud LIMA, 2004 p. 61).
Dessa forma Torres e Lanza (2013, p.207 ) considera a gestão das políticas sociais como sendo um dos principais campos de trabalho do assistente social, os autores destacam ainda dois pontos considerados importantes: a Lei de regulamentação da profissão a as discussões sobre a origem da profissão no Brasil. De acordo os incisos dispostos na lei, esse profissional deve realizar ações características do planejamento e da gestão de serviços vinculados as políticas públicas, ao estabelecer como competência:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 1993, p. 36-37).
Segundo Iamamoto, (2011 p.425) historicamente a atuação dos profissionais assistentes sociais se consolida em espaços de instituições públicas, privadas, entidades socioassistenciais. Espaços esses reconhecidos por possibilitar a universalização de direitos sobre uma gestão democrática.
Sendo assim do ponto de vista de Silva (2014 apud Bordin 2013 p.45): A gestão social e tida como um processo social permeado por contradições e disputas oriundas das expressões das desigualdades sociais geradas por uma sociedade capitalista madura, que demandam e pressionam as instâncias que compõem a sociedade e os projetos societários que representam, a um processo de construção e implementação de ações e estratégias, firmados por pactos sociais formais e/ou informais, que visem o desenvolvimento social num determinado território. (SILVA 2014 APUD BORDIN 2013 P.45):
Dessa forma Cardoso e Fagundes (2013) concluem que: os profissionais assistentes sociais gestores devem aliar seus princípios éticos profissionais aos princípios éticos norteadores dos trabalhadores. Para termos no processo de gestão o papel de politizar e dar visibilidade aos interesses da população usuária no país, sabendo que não basta tão somente a alta qualidade técnica de nosso trabalho, pois corremos o risco de sermos bons gestores despolitizados (YAZBEK 2008).
Para tanto, o exercício da profissão requer um profissional informado, crítico, culto e atento ao mundo contemporâneo, competente na gestão e elaboração de projetos, avaliação de programas e projetos sociais, capacitação de recursos, gestão de pessoas, socializando informações e conhecimentos, propondo novos serviços e ampliando o espaço do Serviço Social (PEREIRA E BENETTI, 2014, p.7)
No entanto para Trindade (2012) tais atribuições exigem do profissional a necessidade de elaborar procedimentos e lidar com instrumentos que possuem um perfil diferenciado daqueles utilizados no relacionamento direto com os usuários. Dessa maneira, os assistentes sociais na gestão de política pública atuam como articuladores e negociadores dos interesses das classes subalternas por intermédio do Estado para atender e responder de maneira efetiva as condições essenciais ao exercício da cidadania (GIMENEZ E ALBANESE, 2015).
Sendo assim, o trabalho desenvolvido pelos profissionais nas esferas de formulação, gestão e execução da política social é, indiscutivelmente, peça importante para o processo de institucionalização das políticas públicas, tanto para a afirmação da lógica da garantia dos direitos sociais, como para a consolidação do projeto ético político da profissão. Portanto, o enfrentamento dos desafios nesta área torna-se uma questão fundamental para a legitimidade ética, teórica e técnica da profissão (MIOTO E NOGUEIRA 2013 p.65).
Neste aspecto Souza (2012, p.12) aponta que ao compreendermos que o Serviço Social é uma profissão historicamente constituída, percebemos também que ela é mutável e, portanto, suas determinações estão dadas na realidade.
A autora segue, afirmando que compreender a realidade em toda a sua complexidade é um desafio apresentado ao assistente social, que tem sido convocado a dar novas respostas no âmbito do exercício profissional, não apenas na execução, mas também na formulação e gestão das políticas públicas (SILVA 2014 APUD BORDIN 2013 p.45), assim como na formulação de novas elaborações teóricas, compreendendo que:
[...] o esforço está, portanto, em romper qualquer relação de exterioridade entre profissão e realidade, atribuindo-lhe a centralidade que deve ter no exercício profissional [...] e o reconhecimento das atividades de pesquisa e o  espírito indagativo como condições essenciais ao exercício profissional. (IAMAMOTO, 2001, p.55-56).
Note-se que “novas possibilidades de trabalho se apresentam e necessitam ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o fizerem, outros o farão absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles reservados” (IAMAMOTO, 2001, p. 48).
A própria compreensão da função do assistente social nesses novos espaços já se configura como um desafio para a profissão, de forma que os mesmos sejam conscientemente ocupados e sirvam de instrumentos de consolidação dos princípios da ética profissional e de superação da ordem social do capital.
Curso Gestão e Fundamentos para oTrabalho de Assistente Social
LIÇÃO 06: CONCLUSÃO
O processo de formulação e implementação das políticas sociais é uma dimensão privilegiada de atuação do assistente social e a instrumentação propositiva do profissional, fundamentada em princípios teóricos e práticos da gestão podem contribuir para o desenvolvimento técnico-operacional dos assistentes sociais inseridos no processo de formulação e implementação dos serviços públicos.
Sob esta perspectiva, a apropriação dos instrumentos de gestão para a realização do trabalho profissional, no âmbito da Assistência Social, tornam-se estratégia e recurso legal no enfrentamento das demandas apresentadas ao assistente social, tanto pela população usuária dos serviços públicos como pelo Estado, enquanto instituição empregadora.
Fundamentando-se em recursos teóricos e práticos da profissão, o assistente social pode lançar mão dos princípios que orientam a gestão, como instrumento de trabalho e de domínio do profissional. Considerando que a capacidade de analisar, refletir, planejar e organizar a ação profissional se tornam instrumentos importantes na construção de uma prática propositiva, capaz de superar as contradições postas pelo sistema vigente e consolidar os valores e princípios fixados no projeto ético-político da profissão.
O trabalho do assistente social na Política de Assistência Social, como em qualquer outra área, demanda competências e habilidades para construir planos de trabalho condizentes com as demandas emergentes no cotidiano profissional. Os instrumentos de gestão podem contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades profissionais, ponderando que estes instrumentos favorecem a construção de planos de trabalho nas diferentes etapas de operacionalização e implementação da Política de Assistência Social.
Entretanto, o profissional deve estar aberto a incorporar os princípios da gestão no cotidiano de trabalho. Visando assim, contribuir para a construção de um novo perfil profissional, capaz de responder conscientemente as demandas emergentes na sociedade, através do exercício profissional propositivo pautado em ações previamente planejadas, fundadas no conhecimento e domínio dos princípios de gestão, bem como sobre as dimensões teórico-prático postulados pelo Serviço Social e que fundamentam o exercício profissional.
Curso Gestão e Fundamentos para o Trabalho de Assistente Social
LIÇÃO 07: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social em tempo de capital fetiche. São Paulo: Cortez, 2007.
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PAIVA, Beatriz Augusto. reflexões sobre pesquisa e processos de formulação e gestão .In. Capacitação em Serviço Social e Política Social: Módulo 4: O trabalho do assistente social e as Políticas Sociais. Brasília: CEAD, 1999.
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RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social Métodos e Técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Curso Conhecendo o Sistema Único de Assistência Social
Lição 01: Introdução
Lição 02: Características da Assistência Social
Lição 03: Princípios e Garantias da Assistência Social
Lição 04: Níveis de Proteção Social
Lição 05: Entidades e Organizações de Assistência Social
Lição 06: Recursos Sociais
Lição 07: Responsabilidade dos Entes Federativos junto ao SUAS
Lição 08: Financiamento
INTRODUÇÃO
Os antecedentes históricos da assistência social no Brasil remontam ao período colonial, quando a assistência aos pobres era ligada à filantropia e a ações isoladas ou fragmentadas de grupos religiosos ou particulares, normalmente voltadas a crianças, adolescentes, idosos, gestantes, pessoas com deficiência. Mais tarde, alguns governantes também começaram a atuar no campo do que se acreditava ou se definia como assistência social. Predominavam as práticas assistencialistas, demagógicas e descontinuadas que não primavam pelo desenvolvimento social do cidadão.
A assistência social caracterizava-se pelo público que atendia: os pobres e não como política pública setorial com características próprias. Nesse contexto, a assistência englobava qualquer atuação voltada ao público carente de recursos financeiros não contemplada pelas demais políticas públicas, como saúde e educação.
A Constituição de 1988 promoveu bruscas e positivas mudanças no contexto normativo da assistência social, tornando-a direito do cidadão e política pública de proteção articulada a outras políticas sociais destinadas à promoção da cidadania. A legislação editada com fundamento na nova ordem constitucional, especialmente a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, Lei 8.742/93, fundamento de validade dos diversos regulamentos expedidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, tratou de redesenhar a organização da assistência social no Brasil através da instituição do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Em julho de 2011, foi publicada a Lei 12.435/2011, que alterou a LOAS para instituir, em nível de legislação ordinária, o SUAS, já previsto nas Resoluções do CNAS. A partir de então, o SUAS ganha status de lei e, com isso, mais força, sinalizando o legislador pela aprovação do sistema antes regulamentado em nível infralegal. Ratifica-se, assim, o caráter obrigatório do SUAS, deixando evidente o sistema como a única alternativa correta para o funcionamento e oferta da assistência social em todo país.
Atualmente, portanto, além da Constituição da República (em especial, seus artigos 203 e 204) e da LOAS (Lei 8.742/93, modificada pelas Leis 12.101/09 e 12.435/11), destacam-se os seguintes diplomas normativos na área de assistência social:
LEIS
Lei 12.101/09 (dispõe sobre certificação de entidades beneficentes de assistência social)
DECRETOS
Decreto 6.308/07 (dispõe sobre as entidades e organizações de assistência social)
Decreto 7.053/09 (dispõe sobre a Política Nacional para a População em Situação de Rua)
Decreto 7.636/11 (Cria o índice de Gestão Descentralizada do SUAS) Decreto nº 7.788, de 15 de agosto de 2012 (Regulamenta o Fundo Nacional de Assistência )
RESOLUÇÕES DO CNAS
145/04 (Aprova a Política Nacional de Assistência Social) 130/05 (Aprova a Norma Operacional Básica do SUAS de 2005 - NOB/SUAS)
237/06 (Estabelece diretrizes para a estruturação, reformulação e funcionamento dos Conselhos de Assistência Social)
269/06 (Aprova Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS - NOB/SUAS-RH)
109/09 (Aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais)
33/12 (Aprova a Norma Operacional Básica do SUAS de 2012 - NOB/SUAS)
A principal norma infralegal do SUAS, já destacada acima, é a Norma Operacional Básica do SUAS - NOB/ SUAS, atualizada pela Resolução 33/12 do Conselho Nacional de Assistência Social.
A Resolução n° 33,de 12 de dezembro de 2012, revogou a Resolução n° 130, de 15 de julho de 2005 publicada no Diário Oficial da União de 25 de julho de 2005. Dessa forma, esta Resolução n° 33, (NOB/ SUAS 2012) passou a vigorar desde a sua publicação.
Nela estão definidos os principais pontos do sistema, como a forma de cofinanciamento, as responsabilidades dos entes, os objetivos, diretrizes, instrumentos de gestão, etc.
 
Além dessa, a Resolução 109/09 e a NOB/SUAS-RH também são imprescindíveis ao funcionamento do sistema. A primeira estabelece como devem ser prestados os serviços socioassistenciais, servindo de norte para todos os atores e fiscais da rede, a segunda traz os princípios e diretrizes para a gestão do trabalho no SUAS, inclusive os quantitativos mínimos de profissionais de equipes de referência para alguns equipamentos.
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CARACTERÍSTICAS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
A assistência social é direito do cidadão e dever do Estado, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade visando a garantir o atendimento às necessidades básicas do cidadão. Segundo dispõe a NOB/SUAS 2012, são funções da política de assistência social: a proteção social, a vigilância socioassistencial e a defesa de direitos, organizando-se sob a forma de um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo, denominado SUAS3 Organiza-se, segundo dispõe a LOAS, com base nas seguintes diretrizes:
• descentralização político-administrativa;
• comando único em cada esfera de governo; participação da população na formulação de políticas e controle de ações; e primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo.
Nesse contexto, o SUAS caracteriza-se como um sistema público não contributivo, descentralizado e participativo, que tem por função a gestão das ações na área de assistência social.
A compreensão desse sistema, suas características e finalidades, é fundamental não apenas para direcionar o gestor na execução da política pública ou a entidade privada em sua atuação na área, mas também para a fiscalização do sistema, quando será necessário distinguir quais atividades podem ser caracterizadas como de assistência social e, por consequência, estariam aptas a serem financiadas com verbas previstas no orçamento desta política.
A DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Em primeiro lugar, cabe esclarecer o que é gestão: “gestão é o processo por meio do qual uma ou mais ações são planejadas, organizadas, dirigidas, coordenadas, executadas, monitoradas e avaliadas visando ao uso racional e a economia de recursos disponíveis (eficiência), a realização dos objetivos planejados (eficácia) e a produção de impactos esperados sobre a realidade de seu público-alvo (efetividade)”.
O modelo de gestão trazido pelo sistema pressupõe: o cofinanciamento das ações pelas três esferas de governo (União, Estados e Município), um mecanismo de gestão compartilhada com definição clara das competências técnico-jurídicas de cada um dos entes, bem como a participação e mobilização da sociedade civil na sua implantação e implementação. Nesse modelo, integram o SUAS, além dos entes federativos, os conselhos, as organizações e as entidades de assistência social.
O cofinanciamento concretiza-se a partir de transferências automáticas de recursos financeiros, via fundos de assistência social da União, Estados e Municípios, que asseguram a regularidade orçamentária para a manutenção das ações socioassistenciais. Dentre outras exigências, como condição para receber recursos (federais e estaduais), os Estados e Municípios devem ter instituídos e em funcionamento, Conselhos de Assistência Social, Fundos de Assistência Social e Planos de Assistência Social em cada esfera de governo. Além disso, para receber recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), Estados e Municípios ainda devem comprovar a alocação de recursos próprios em seus respectivos Fundos de Assistência Social. No Estado do Rio de Janeiro, os requisitos para a transferência de recursos do FEAS para os Fundos Municipais estão previstos no Decreto Estadual 42.725/10.
O Fundo de Assistência Social deve constituir unidade orçamentária própria e contemplar todos os recursos destinados à Política de Assistência Social.
As responsabilidades de cada ente federativo estão definidas nos artigos 12 a 15 da Lei 8.742/93, com a nova redação dada pela Lei 12435/11, bem como nos artigos 12 a 17 da NOB/SUAS 2012. Nessa esteira, as responsabilidades dos municípios podem variar de acordo com seu porte e com a demanda pelos serviços, o que será objeto de um capítulo adiante.
A PARTICIPAÇÃO POPULAR
A participação da sociedade civil, por sua vez, está prevista na LOAS na integração do sistema com as entidades e organizações de assistência social, na formulação de políticas públicas e no controle social das ações de cada esfera de governo.
A formulação de políticas e o controle social são exercidos pela sociedade civil regularmente através de sua representação em Conselhos de Assistência Social.
Os Conselhos de Assistência Social devem ter composição paritária de segmentos governamentais e não governamentais. Tais conselhos compõem um Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social, atuando de forma específica em cada esfera de governo. Assim, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão instituir os conselhos por meio de edição de lei específica, conforme determina a LOAS.
Nesse Sentido, o Sistema Único de Assistência Social possui 4 instâncias de deliberação de caráter permanente: o Conselho Nacional de Assistência Social, os Conselhos Estaduais de Assistência Social, o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal e os Conselhos Municipais de Assistência Social.
Os Conselhos de Assistência Social, dentre outras atribuições, devem participar da elaboração e aprovar as propostas de Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual no que se refere à assistência social, bem como o planejamento e a aplicação dos recursos destinados às ações de assistência social, nas suas respectivas esferas de governo, tanto os recursos próprios quanto os oriundos de outros entes federativos, alocados nos respectivos fundos de assistência social O controle social pode ser exercido, também, nas Conferências de Assistência Social, convocadas ordinariamente a cada 4 (quatro) anos, organizadas e sustentadas pela respectiva esfera de governo. As Conferências de Assistência Social, por sua vez, são espaços amplos e democráticos de discussão e articulação coletivas, aos quais incumbe avaliar a Política de Assistência Social e propor diretrizes para aperfeiçoamento do SUAS, definindo metas e prioridades. São eventos abertos à participação da população, de instituições públicas e de organismos privados.
Destacam-se, ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais não definidos na LOAS, mas acertadamente mencionados no art. 116 da NOB/SUAS 2012, subsidiados, através de dados e informações concernentes às demandas e as necessidades sociais.
A sociedade civil pode, ainda, participar da execução da política propriamente dita. A LOAS prevê, já em seu artigo 1º, que “a assistência social será realizada pelo conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade”. Organizações e entidades privadas de assistência social podem, portanto, compor a rede socioassistencial prestando serviços, projetos e programas.
SERVIÇOS, PROGRAMAS, PROJETOS E BENEFÍCIOS
Como visto, a integração é característica fundamental do sistema e compreende não só a relação entre a rede pública e privada de serviços, mas também de programas, projetos e benefícios oferecidos, sendo mencionada na LOAS como um dos objetivos estruturantes do SUAS.
A rede socioassistencial, portanto, é composta do conjunto integrado de ações de iniciativa pública e privada queofertam e operam serviços, benefícios, programas e projetos.
Os conceitos de serviços, programas e projetos de assistência social podem ser extraídos da LOAS, conforme se destaca abaixo:
Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos na LOAS.
Art. 24. Os programas de assistência social compreendem ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.
Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreendem a instituição de investimento econômico-social nos grupos populares, buscando subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de gestão de melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do padrão da qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e sua organização social.
Os benefícios de assistência social, quais sejam: o benefício de prestação continuada e os benefícios eventuais, também encontram regramento nos artigos 20 e 22 da LOAS. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Já os benefícios eventuais, são as provisões suplementares e provisórias que integram organicamente as garantias do SUAS e são prestadas aos cidadãos e às famílias em razão de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública.
A compreensão desses conceitos é importante para distinguir as ações que se incluem na rede de assistência social e, por conseguinte, podem, em princípio, ser suportadas pelo orçamento da assistência social.
Outra característica que deve ser destacada diz respeito às funções da assistência social nesse novo prisma: a proteção socioassistencial – a que faz jus qualquer pessoa que necessitar - ocupa-se das fragilidades, vitimizações, vulnerabilidades e contingências que os cidadãos e suas famílias enfrentam durante a vida, devendo, em suas ações, produzir aquisições materiais, sociais, socioeducativas e desenvolver capacidades, talentos, protagonismo e autonomia.
Dessa forma, o SUAS rompe com ideias tutelares e de subalternatividade, realizando a garantia de proteção social ativa, isto é, volta-se à conquista de condições de autonomia, resiliência e sustentabilidade, protagonismo, oportunidades, capacitações, serviços, condições de convívio e socialização, de acordo com a capacidade, dignidade e projetos pessoais e sociais dos usuários.
A assistência social hoje, portanto, não pode se confundir com o assistencialismo do passado, já que apresenta características e objetivos próprios, como se depreende abaixo:
Assistencialismo
• Filantropia
• Fragmentação
• Segmentação
• Práticas eventuais/eleitoreiras
• Foco nas necessidades individuais;
Assistência Social
Política Pública
• Sistema
• Continuidade
• Base normativa concreta
• Direito do cidadão
• Desenvolvimento de capacidades, talentos, protagonismo e autonomia
• Foco nas necessidades coletivas
Atenção: Práticas que não se enquadrem nas ações e objetivos acima não podem ser consideradas de assistência social e, portanto, não podem ser financiadas pelo orçamento da assistência social, nem servem para caracterizar a entidade como de assistência social. A NOB/SUAS 2012, em seu art.6º, inciso II, recusa práticas de caráter clientelista, vexatório ou com intuito de benesse ou ajuda.
INSTÂNCIAS DE PACTUAÇÃO
Por fim, dentro da diretriz de descentralização – característica do SUAS – cabe destacar, ao lado das instâncias de articulação (fóruns, conselhos, associações comunitárias, etc.) e deliberação (Conselhos e Conferência de Assistência Social), as instâncias de pactuação estabelecidas na NOB/SUAS 2012.
Estas consistem em um espaço de debates e negociações entre gestores para operacionalização da política de assistência social. Não há votação ou deliberação, só sendo possível a pactuação quando houver consenso entre todos os entes envolvidos. Nelas, pactuam-se procedimentos de gestão e operacionalização do SUAS.14 Na NOB/SUAS2012, são previstas duas instâncias de pactuação:
1. CIB- Comissão Intergestores Bipartite, no âmbito estadual com participação de representantes estaduais indicados pelo gestor estadual da Assistência Social e gestores municipais;
2. CIT - Comissão Intergestores Tripartite, no âmbito nacional, envolvendo as três esferas de governo, com representantes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
A CIT é composta pelas seguintes representações: a União, representada pelo Orgão Gestor Federal da política de assistência social; os Estados e o Distrito Federal, representados pelo Fórum Nacional de Secretários (as) de Estado de Assistência Social –FONSEAS e os Municípios representados pelo Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social- CONGEMAS.
 
A CIB é composta pelas seguintes representações: o Estado, pelo Órgão Gestor Estadual da política de assistência social e os Municípios representados pelo Colegiado Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social- COEGEMAS. 
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PRINCÍPIOS E GARANTIAS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
A proteção social de Assistência Social, por direcionar-se ao desenvolvimento humano e social, através da garantia dos direitos inerentes ao exercício pleno da cidadania, foi estruturada sobre princípios que devem orientar toda a elaboração e execução dessa política. Para a compreensão do sistema, é fundamental conhecer alguns desses princípios e respectivas garantias. Nesse contexto, merecem destaque os seguintes princípios:
• Da matricialidade sócio familiar (a família é o núcleo social básico, devendo ser apoiada e fortalecida para a efetividade de todas as ações e serviços de assistência social).
• Da territorialização (expressa o reconhecimento do território como fator determinante - fator social e econômico - para compreensão e enfrentamento das situações de vulnerabilidade e risco social.
Esse princípio determina, ainda, que os serviços socioassistenciais devem ser ofertados em locais próximos aos usuários).
• Da proteção pró-ativa (o sistema deve constituir-se por um conjunto de ações capazes de reduzir a ocorrência de riscos e danos sociais).
• Da integração à seguridade social
• Da integração às demais políticas sociais e econômicas
• Da mesma forma, destacam-se as garantias abaixo:
• A segurança de acolhida (provida por meio da oferta pública de espaços e serviços para a realização da proteção social básica e especializada);
• A segurança social de renda;
• A segurança do convívio ou vivência familiar, comunitária e social;
• A segurança do desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social;
• A segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais. Assim, atuações que desconsiderem os princípios e garantias acima estarão em confronto com as normas que pautam a assistência social e, assim, podem ser objeto de ajuste, através de instrumentos extrajudiciais, ou mesmo de intervenção do Poder Judiciário para fazer cumprir o regramento contido na legislação própria no bojo de ação civil pública proposta com esse fim.
 
Nesse ponto, é importante frisar que toda a normativa da assistência social não pode ser confundida com mera recomendação de atuação para o gestor ou para os demais integrantes do SUAS. Trata-se, como não podia deixar de ser, de legislação que obriga o ente público. O direito à assistência social é direito subjetivo público assegurado pela Constituição da República, concretizado pela LOAS e consolidado pelas Resoluções do CNAS.
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NÍVEIS DE PROTEÇÃO SOCIAL
Para a consecução de suas finalidades, a assistência socialno SUAS é organizada por níveis de proteção social, a saber: i) proteção social básica; e ii) proteção social especial (esta, dividida em média e alta complexidade).
- Proteção Social Básica
A proteção social básica é formada pelo conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visam a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, entre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos. Este nível de proteção é operado por meio de:
i) Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), territorializados de acordo com a demanda do município;
ii) Rede de serviços sócioeducativos direcionados para grupos geracionais, integeracionais, grupos de interesse, entre outros;
iii) Benefícios eventuais;
iv) Benefícios de prestação continuada; e
v) Serviços e projetos de capacitação e inserção produtiva.
A principal unidade onde são prestados os serviços continuados de proteção básica é o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), caracterizando-o como a porta de entrada do SUAS. Esse pode ser definido como sendo a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos sócio assistenciais de proteção social básica às famílias.
O CRAS deve se localizar, como dito, em áreas de maior vulnerabilidade social. E, assim, constitui-se como a principal porta de acesso à rede socioassistencial, sendo também responsável pela organização e oferta de serviços de proteção social básica. Deve realizar o referenciamento a outros equipamentos e serviços de proteção básica e especial.
Cada município deverá ter CRAS em quantidade suficiente para atendimento à sua demanda. Após ser revisada, em 2012, a NOB/SUAS deixou de fazer referência a um número mínimo de CRAS por município, de acordo com seu porte, como era previsto na NOB/SUAS 2005. Essas referências deixaram de ser utilizadas porque cada município tem uma necessidade diferente do outro e, sendo assim, não se pode generalizar uma situação padrão.
Nessa lógica, o número de CRAS que o município precisa ter será determinado pela sua demanda por assistência social, ou seja, enquanto houver família precisando de atendimento, a rede de equipamentos precisará ser ampliada para garantir cobertura a todos que dela necessitarem. Reafirmando esta lógica, a NOB/SUAS 2012, obriga os municípios a realizarem a cada quatro anos um diagnóstico sócio territorial para pautar a elaboração do Plano de Assistência Social, afirmando que a identificação das demandas locais irá orientar a implantação dos novos equipamentos. Outro fator importante para avaliar o número de CRAS que um município precisa ter é a capacidade de referenciamento de cada equipamento. A capacidade de referenciamento de um CRAS está relacionada:
I. Ao número de famílias do território;
II. À estrutura física da unidade;
III. À quantidade de profissionais que atuam na unidade, conforme referência da NOB RH.
Dessa forma, a capacidade de referenciamento diz respeito ao porte do equipamento, à sua potencialidade de atender um número maior ou menor de famílias. Assim, cada CRAS servirá de referência para um número específico de famílias, que deverá ser determinado com base nas reais condições e necessidades de atendimento, no número de famílias que vivem no território, na capacidade física e no número de profissionais existentes no equipamento.
Partindo deste raciocínio, a NOB/SUAS 2012 previu três possibilidades diferentes de capacidade de referenciamento, definidas a partir de uma estimativa do número de famílias referenciadas que cada uma delas comportará.
No §3°, do art. 64 a NOB/SUAS estabelece que os CRAS serão organizados conforme o número de famílias a ele referenciadas, observando a seguinte divisão:
I. Até 2.500 famílias;
II. De 2.501 famílias a 3.500 famílias;
III. De 3.501 famílias a 5.000 famílias.
IV. Dessa forma, um território que apresente menor demanda poderá receber um equipamento com menor capacidade de referenciamento e locais de maior demanda, necessitarão de equipamentos de maior porte ou, até mesmo, de mais de um equipamento.
Essa é uma divisão importante porque estabelece um teto para a capacidade de referenciamento do CRAS, oferecendo um parâmetro de quantificação. Vejamos: se há a estimativa de que existem no território 10.000 famílias com perfil para serem referenciadas, este território precisará de 04 CRAS com capacidade para referenciar até 2.500 famílias, ou de 03 CRAS com capacidade para referenciar 2.500 a 3.500 famílias, ou, ainda, de 02 CRAS com capacidade para até 5.000 famílias. A escolha entre essas opções dependerá das condições ofertadas pelo município no que refere-se à estrutura física e aos recursos humanos.
Entende-se por famílias referenciadas aquelas que vivem em áreas caracterizadas como de vulnerabilidade, e as que, embora não vivam nessas áreas, necessitem de proteção social. Devem ser incluídas nesse conceito famílias que recebam benefícios sociais e auxílios financeiros e as que possuem membros em situação de risco. Na prática, o Ministério do Desenvolvimento Social - (MDS) considera como número de famílias referenciadas o número de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. O CadÚnico, conforme dispõe o art. 2o do Decreto 6.135/07, que o regulamenta, pode ser definido como sendo “o instrumento de identificação e caracterização sócio econômica das famílias brasileiras de baixa renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal voltados ao atendimento desse público.”
Entretanto, considerando a grande dificuldade encontrada por alguns Municípios no cadastramento de famílias no Cadastro Único do Governo Federal, têm-se cotejado seus dados com o número de famílias pobres estimado pelo IBGE com este perfil, atentando para eventual disparidade.
Os serviços de proteção social básica são:
a) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);
 b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (voltado a crianças, adolescentes e idosos);
c) Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas;
Esses serviços são descritos (seus objetivos, destinatários, provisões, condições e formas de acesso, unidade, período de funcionamento, abrangência, articulação em rede, impacto social esperado) no Anexo da Resolução 109/09 do CNAS, chamado de Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. O mais importante serviço de proteção básica é o de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e deve ser prestado necessariamente no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Os demais serviços devem ser referenciados a este equipamento (o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para idosos pode ser prestado no CRAS ou em outro centro de idosos, e o serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosos deve ser prestado no domicílio do usuário) e manter articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família, sempre obedecidas as regras que regulam os serviços, inclusive quanto ao espaço físico e equipe técnica.
Dessa forma, possibilita-se a organização e a hierarquização da rede socioassistencial no território, cumprindo a diretriz de descentralização da política de assistência social.
SERVIÇOS DA PROTEÇÃO BÁSICA
- Serviço de proteção e atendimento integral à família
Consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva daquelas, prevenindo a ruptura de seus vínculos,promovendo seu acesso e usufruto de direitos e contribuindo na melhoria de sua qualidade de vida.
- Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos.
Tem por finalidade, em síntese, complementar o trabalho social com famílias prevenindo a ocorrência de situações de exclusão social, risco e a institucionalização. O serviço é organizado de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários de acordo com seu ciclo de vida, destinado a crianças, adolescentes e idosos.
- Serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosos
Objetiva prevenir, também complementando o trabalho social com famílias, o isolamento e confinamento de idosos e pessoas com deficiência e agravos que possam desencadear rompimentos de vínculos familiares e sociais.
PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
A proteção social especial é formada pelo conjunto de serviços, programas e projetos que têm por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. Tem por referência a ocorrência de situações de risco ou violação de direitos.
Os serviços de proteção social especial podem ser classificados em dois níveis de acordo com a complexidade: proteção social especial de média complexidade e proteção social especial de alta complexidade. A primeira destina-se às situações em que os vínculos familiares e comunitários, apesar da violação de direitos, continuam preservados, a segunda aos casos em que em que esses vínculos estão rompidos.
A principal unidade onde são materializados os serviços continuados de proteção especial é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), podendo este ser implantado com abrangência local ou regional, de acordo com o porte e necessidade dos municípios, aliados ao grau de incidência e complexidade das situações de violação de direitos. O CREAS destina-se à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontrem em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingências, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial.
Os CREAS são a principal porta de entrada das famílias na rede de proteção especial do Sistema Único de Assistência Social, promovendo, também, o encaminhamento da população local para as demais políticas públicas e sociais. Possibilitam o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem à sustentabilidade, de forma a romper o ciclo de reprodução intergeracional do processo de exclusão social, e a evitar que estas famílias e indivíduos voltem a ter seus direitos violados, recaindo em situações de vulnerabilidade e riscos.
Assim como os CRAS, as unidades de oferta de serviços de proteção social especial também poderão ter distintas capacidades de atendimento e composição, em função das dinâmicas territoriais e da relação entre estas unidades e as situações de risco pessoal e social, as quais deverão estar previstas nos planos de assistência social.
Apesar disto, ainda que a definição do número necessário de CREAS deva se pautar pela demanda do município, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ainda utiliza, como um parâmetro de referência para estabelecer o número mínimo de CREAS, o porte do município.
Pequeno Porte - I Cobertura de atendimento em CREAS Regional ou implantação de 01 CREAS, quando a demanda local justificar
Pequeno Porte II - Implantação de pelo menos 01 CREAS
Médio Porte - Implantação de pelo menos 01 CREAS
Grande Porte - Metrópoles e DF Implantação de 01 CREAS a cada 200.000 habitantes
O próprio MDS ressalta, contudo, nessas orientações, que esses são meros parâmetros de referência e que a realidade local – conhecida a partir do diagnóstico socioterritorial e dados de vigilância socioassistencial – deve orientar, se for o caso, a implementação de outros CREAS no município.
A demanda pelo equipamento e seus serviços, portanto, deve ser o norte do gestor na implementação da rede de proteção especial, em que se incluem os CREAS.
Outro ponto de que não se pode olvidar diz respeito à obtenção de financiamento federal ou estadual, pactuado ou decorrente de habilitação em nível de gestão plena, para implementação do CREAS ou de qualquer outro serviço ou equipamento. Nesse caso, estando o município recebendo verbas para esse fim não pode se escusar de ofertar o serviço/unidade.
De qualquer sorte, tendo em vista o princípio da territorialidade, a construção dos CREAS deve ocorrer em locais de fácil acesso aos usuários e em territórios com grande incidência de população em situação de vulnerabilidade. O objetivo é permitir a descoberta de potencialidades ligadas aquele território e facilitar a acolhida e aderência dos indivíduos e família, aumentando assim, a efetividade dos serviços oferecidos e as chances de sucesso da intervenção.
Os CRAS e os CREAS devem possuir interface com as demais políticas públicas, além de articular, coordenar e ofertar serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social.
Os serviços de proteção social especial são:
I - de média complexidade:
 a. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos - PAEFI;
 b. Serviço Especializado em Abordagem Social;
c. Serviço de Proteção Social a Adolescentes em cumprimento de medida Socioeducativa de Liberdade Assistida – LA e de Prestação de Serviços à Comunidade – PSC;
d. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos (as) e suas Famílias; e. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua;
II - de alta complexidade:
a. Serviço de Acolhimento Institucional nas seguintes modalidades:
- Abrigo Institucional;
- Casa Lar;
- Casa de Passagem;
- Residência Inclusiva
b. Serviço de Acolhimento em República;
c. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
d. Serviço de Proteção em Situação de Calamidades Públicas e de Emergências.
Assim como os serviços de proteção social básica, esses serviços são previstos detalhadamente no Anexo da Resolução 109/09 do CNAS, na chamada Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.
Apenas o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) deve ser prestado necessariamente no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Os demais serviços listados podem ser prestados tanto no CREAS quanto em unidades a ele referenciadas. A exceção fica por conta do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, que deve ser prestado necessariamente no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CENTRO-POP). Desta forma, possibilita-se a organização e a hierarquização da rede socioassistencial no território, cumprindo a diretriz de descentralização da política de assistência social.
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO ESPECIAL MÉDIA COMPLEXIDADE
- Serviço de proteção e atendimento especializado a família e indivíduos (PAEFI)
Consiste no trabalho de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social.
- Serviço especializado em abordagem social
É aquele ofertado de forma continuada e programada com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras situações de violação de direitos, devendo buscar a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia dos direitos.
- Serviço de

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