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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
Unidade II
Unidade II
3. Processo epidêmico: endemia, epidemia e pandemia. Aspectos diferenciais dos níveis de intervenção. 
4. Prevenção das doenças transmissíveis. Medidas referentes à fonte de infecção, às vias de 
transmissão e ao hospedeiro. 
5. Levantamentos, fontes de dados demográficos e de morbidade. Importância no diagnóstico de 
saúde da coletividade. 
6. Indicadores de saúde.
Conceitos de epidemia e endemia
Endemia pode ser conceituada como a ocorrência de um agravo dentro de um número esperado de 
casos para aquela região, naquele período de tempo, baseado na sua ocorrência em anos anteriores não 
epidêmicos. Desta forma, a incidência de uma doença endêmica é relativamente constante, podendo 
ocorrer variações sazonais no comportamento esperado para o agravo em questão. 
Epidemia representa a ocorrência de um agravo acima da média (ou mediana) histórica de sua 
ocorrência. O agravo causador de uma epidemia tem, geralmente, aparecimento súbito e se propaga 
por determinado período de tempo em determinada área geográfica, acometendo, frequentemente, 
elevado número de pessoas. Quando uma epidemia atinge vários países de diferentes continentes, 
passa a ser denominada pandemia. No Brasil, o incremento de casos de dengue no período chuvoso 
do ano é comum, mas, em alguns locais, ocorre aumento excessivo de casos, resultando em uma 
situação epidêmica.
O primeiro passo para se definir uma condição como epidêmica ou endêmica é estabelecer quais 
seriam os níveis habituais de ocorrência dessa doença ou condição de saúde na população de determinada 
área naquele período de tempo. Para tal, deve-se realizar o levantamento do número de casos novos 
(incidência) desse agravo em um período não epidêmico.
Fatores determinantes e condicionantes de epidemias e endemias
Epidemias e endemias têm como fatores determinantes e condicionantes diversas situações 
econômicas, culturais, ecológicas, psicossociais e biológicas (Quadro 1). A compreensão desses 
determinantes e condicionantes é importante para o planejamento de ações de prevenção e controle 
dos agravos com potencial endêmico e epidêmico. Alguns fatores estão mais sob a governabilidade 
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Unidade II
da população ou da equipe de Saúde da Família, enquanto outros determinantes são mais amplos, de 
menos governabilidade por parte da equipe. Uma condição imprescindível para a ocorrência epidêmica 
ou endêmica de uma doença infecciosa é a presença de significativo número de indivíduos suscetíveis 
ao agente causador.
• Determinantes econômicos: miséria, privações resultando em habitações precárias, falta de 
saneamento básico e de água tratada e ocupação do território de forma desordenada.
• Determinantes culturais: hábito de defecar próximo de mananciais, hábitos alimentares de risco, 
como ingestão de peixe cru ou ostras.
• Determinantes ecológicos: poluição atmosférica, condições climáticas e ambientais favoráveis à 
proliferação de vetores.
• Determinantes psicossociais: estresse, uso de drogas, ausência de atividades e locais para lazer.
• Determinantes biológicos: indivíduos suscetíveis, mutação do agente infeccioso, transmissibilidade 
do agente.
Os determinantes variam de acordo com as características do agente etiológico e estão intimamente 
relacionados à sua forma de transmissão. As doenças infecciosas podem ser transmitidas por contato 
direto (secreções respiratórias, fecal-oral, sexual) ou contato indireto (vetor, ambiente contendo formas 
infectantes do agente etiológico, objetos ou alimentos contaminados).
As doenças transmitidas por contato direto são favorecidas por condições de habitação e de 
saneamento precárias, além de situações que favoreçam aglomeração. A transmissão sexual é favorecida 
pela falta de informação e por barreiras culturais, como, por exemplo, resistência ao uso de preservativo.
As doenças transmitidas por contato indireto, entre as quais se incluem as transmitidas por vetor, 
requerem a existência de um ambiente favorável para a replicação de mosquitos ou carrapatos. A 
maioria dos vetores se reproduz bem em regiões com clima quente e úmido, mas enquanto alguns 
utilizam água limpa parada para sua reprodução (ex.: Aedes aegypti, vetor da dengue), outros se 
reproduzem em matéria orgânica, sendo favorecido pelo acúmulo de lixo ou fezes de animais no 
peridomicílio (ex.: Lutzomyia, vetor da leishmaniose visceral). As doenças que são transmitidas por 
formas infectantes presentes no ambiente (ex.: esquistossomose) também estão relacionadas à falta 
de saneamento básico adequado.
Nos dias atuais, a globalização constitui outro determinante importante, resultado do intenso fluxo 
de pessoas e alimentos por todo o mundo. Alimentos produzidos na América do Sul e América Central, 
por exemplo, podem causar surtos de intoxicação alimentar na América do Norte ou Europa. A rapidez 
de deslocamento das pessoas proporcionada pela facilidade de acesso ao transporte aéreo permite que 
agentes causadores de epidemias sejam transmitidos rapidamente para pessoas de várias regiões do 
planeta em curto espaço de tempo. O influenza H1N1, por exemplo, causou, em 2009, pandemia em 
menos de seis meses.
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
Lembrete: Conhecer os fatores determinantes das epidemias e endemias é crucial para o seu 
enfretamento. A equipe de Saúde da Família deve conhecer os agentes etiológicos, o modo de transmissão 
das doenças, suas características clínicas e as condições ambientais em que elas ocorrem.
Controle, eliminação e erradicação de doenças infecciosas
A incorporação dos conceitos de controle e de ações de controle de doenças é muito importante 
para entendermos, mais à frente, a distinção entre as ações de controle e vigilância como instrumentos 
de saúde pública.
Podemos entender o termo controle, quando aplicado a doenças transmissíveis, como a redução da 
incidência e/ou prevalência de determinada doença por meio de diferentes tipos de intervenções, a níveis 
muito baixos, de forma que ela deixe de ser considerada um problema importante em saúde pública. No 
controle, aceita-se a convivência com determinadas doenças, porém em níveis toleráveis ao homem.
Alguns autores propõem um conceito mais amplo de “controle de doenças”, definindo-o como 
“uma série de esforços e intervenções integradas, dirigidas à população ou a subgrupos de alto risco 
nela existentes, visando prevenir, diagnosticar precocemente ou tratar um agravo à saúde, assim como 
limitar os danos por ele gerados”.
Segundo Evans (1985), existem três níveis biológicos de controle:
• controle da doença clínica, das sequelas e mortalidade a ela associadas;
• controle da infecção, quer ela se manifeste clinicamente ou como infecção assintomática;
• controle da presença do agente causal no ambiente e na fonte de infecção.
• Salienta, também, que todos esses níveis devem ser atingidos antes que a erradicação seja possível.
A erradicação é uma forma radical de controle que, de modo sucinto, pode ser definido como 
a extinção, por métodos artificiais, do agente etiológico de um agravo, ou de seu vetor, sendo, por 
consequência, impossível sua reintrodução e totalmente desnecessária a manutenção de quaisquer 
medidas de prevenção.
A erradicação é atingida quando não mais existir o risco de infecção ou doença, mesmo na ausência 
de vacinaçãoou qualquer outra medida de controle, sendo inclusive indicada a suspensão da vigilância. 
Cumpre salientar que a erradicação é um objetivo raramente atingido – a erradicação da varíola é uma 
exceção e não uma regra em saúde pública.
Uma alternativa próxima à erradicação, porém mais viável, é a eliminação de uma doença, que é 
atingida quando se obtém a cessação da sua transmissão em extensa área geográfica, persistindo, no 
entanto, o risco de sua reintrodução, seja por falha na utilização dos instrumentos de vigilância ou 
controle, seja pela modificação do comportamento do agente ou vetor.
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Unidade II
Um exemplo de eliminação é a do poliovírus selvagem nas Américas, onde, desde 1993, não 
ocorre um caso de poliomielite por transmissão autóctone, ainda que tenha sido comprovada, por 
duas vezes, a reintrodução do poliovírus selvagem no Canadá após a certificação da eliminação. 
Tanto na eliminação como no controle de doenças, é indispensável a manutenção regular e contínua, 
não só das medidas de intervenção pertinentes à prevenção e ao controle, mas também as da vigilância, 
visando à avaliação do impacto das ações de controle ou de mudanças por diversas causas no 
comportamento das doenças ou de seus agentes etiológicos.
Finalmente, cabe conceituar ações de controle, que podem ser entendidas como “a aplicação de um 
conjunto de medidas de intervenção visando ao controle”.
Sem entrar em detalhes, pois foge aos objetivos deste livro, pode-se dizer que os instrumentos 
utilizados para as ações de controle de eventos adversos à saúde dependem do tipo da estrutura do 
serviço de saúde que as implementará.
São dois os tipos polares de organização de serviços de saúde. De um lado, os de estrutura 
denominada “vertical”, em que cada órgão desenvolve atividades voltadas ao controle de um 
único agravo ou de um número restrito de doenças, cujas medidas de intervenção utilizem 
tecnologias idênticas ou muito semelhantes. Neste caso, o instrumento utilizado são as campanhas. 
O termo campanha surge no início do século e pode ser entendida como uma intervenção institucional 
temporária e localizada, planejada e centralizada, que parte da concepção de que é possível controlar 
problemas coletivos de saúde, sejam eles epidêmicos ou endêmicos, através de ações que interromperiam 
o processo de contaminação da coletividade pelo bloqueio da cadeia de transmissão.
A outra alternativa é a estrutura “horizontal” dos serviços, que são organizados de forma 
descentralizada e hierarquizada, com atribuição de implementar programas de saúde, isto é, voltados ao 
desenvolvimento regular de ações de promoção, prevenção, controle e recuperação da saúde.
Texto extraído: Moura, Alexandre Sampaio; Rocha, Regina Lunardi. “Endemias e epidemias: dengue, 
leishmaniose, febre amarela, influenza, febre maculosa e leptospirose”. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 
2012. 78p.
Prevenção das doenças transmissíveis. Medidas referentes à fonte de infecção, às vias de transmissão 
e ao hospedeiro
Uma doença transmissível (ou infecciosa) é aquela causada pela transmissão de um agente patogênico 
específico para um hospedeiro suscetível. Agentes infecciosos podem ser transmitidos para humanos:
• diretamente, de outros humanos ou animais infectados;
• indiretamente, através de vetores, partículas aéreas ou outros veículos.
Os vetores são insetos ou animais que carregam o agente infeccioso de pessoa para pessoa. Veículos 
são objetos ou elementos contaminados, tais como, roupas, talheres, água, leite, alimentos, sangue, 
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plasma, soluções parenterais ou instrumentos cirúrgicos. Doenças contagiosas são aquelas que podem 
ser transmitidas pelo toque, contato direto entre os seres humanos, sem a necessidade de um vetor ou 
veículo interveniente. A malária é, portanto, uma doença transmissível, mas não contagiosa, enquanto 
o sarampo e a sífilis são tanto transmissíveis quanto contagiosas. Alguns agentes patogênicos causam 
doença não apenas através de infecção, mas também através do efeito tóxico de compostos químicos 
que produzem. Por exemplo, o Staphylococcus aureus é uma bactéria que pode infectar diretamente os 
seres humanos, mas a intoxicação estafilocóccica é causada pela ingestão de alimentos contaminados 
com uma toxina que a bactéria produz.
As doenças transmissíveis são uma ameaça à saúde dos indivíduos e têm potencial de ameaçar 
a segurança das populações. Enquanto os países em desenvolvimento continuam a lutar contra as 
doenças transmissíveis, as mortes por doenças crônicas estão aumentando rapidamente, especialmente 
nos centros urbanos. Apesar de os países desenvolvidos terem, proporcionalmente, menor mortalidade 
por doenças transmissíveis, eles ainda sofrem com a morbidade elevada por este tipo de doença. Por 
exemplo, nos países desenvolvidos, as infecções do trato respiratório superior causam mortalidade 
importante apenas nos grupos etários extremos (crianças e idosos). Entretanto, a morbidade associada é 
substancial e afeta todos os grupos etários. O uso de métodos epidemiológicos na investigação e controle 
das doenças transmissíveis ainda é um desafio para os profissionais de saúde. As investigações devem 
ser feitas rápida e frequentemente com recursos limitados. As consequências de uma investigação de 
sucesso são recompensadoras, mas a falha em agir efetivamente pode ser perigosa. Na pandemia de 
AIDS, 25 anos de estudos epidemiológicos ajudaram a caracterizar o agente, o modo de transmissão 
e os meios efetivos de prevenção. Entretanto, apesar desse conhecimento, em 2006 a estimativa da 
prevalência global de HIV foi de 38,6 milhões de casos, com 3 milhões de óbitos a cada ano.
Infecções emergentes e reemergentes
Nas últimas décadas do século 20, emergiram ou reemergiram mais de 30% das doenças transmissíveis 
até então desconhecidas ou que estavam sob controle, isso teve consequências devastadoras. Dentre 
todas, o HIV/AIDS teve o maior impacto. As febres virais hemorrágicas, incluindo: Ebola, Marburg, 
Crimeia-Congo, febre amarela, febre do oeste do Nilo e dengue. Outras doenças virais problemáticas 
incluem a poliomielite, a SARA e a influenza A. Também ocorreu uma pequena epidemia da nova variante 
da doença de Creutzfeldt-Jacob em humanos, após um surto de encefalopatia bovina espongiforme. 
Entre as doenças bacterianas, antraz, cólera, febre tifoide, praga, doença de Lyme, brucelose e úlcera de 
Buruli têm sido de difícil controle. Entre as doenças parasitárias, a malária lidera em termos de carga, 
mas tripanossomíase, leishimaniose e dracunculose também desafiam os esforços de erradicação. Essas 
ameaças para a saúde da humanidade no século 21 necessitam de uma coordenação internacional para 
o efetivo controle e resposta. Enquanto algumas doenças emergentes parecem ser genuinamente novas, 
outras como a febre viral hemorrágica podem ter existido por séculos, apesar de apenas recentemente 
terem sido reconhecidas em decorrência de mudanças ecológicas ou ambientais que aumentaram o 
risco de infecções em seres humanos, ou de melhoria na capacidade de detectar tais infecções. Isso 
é conhecido como viés de aferição e é difícil de ser mensurado. Mudanças no hospedeiro, agente ou 
condições ambientais são, geralmente, consideradas como responsáveis por epidemias como as de difteria, 
sífilis e gonorreia, que aconteceram no início dos anos 1990 nos países do leste europeu, recentemente 
independentes. As pandemias de influenza surgem quando aparece um novo vírus influenza, que infecta 
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Unidade II
os seres humanos e se espalha rapidamente e de forma eficiente. O vírus que recentemente causou 
preocupação foi a variedade H5NI da influenza A, um dos muitos vírus que, normalmente, infecta as 
galinhas e pássaros migratórios. Pandemias severas de influenza em 1918, 1957 e 1968 ocasionaram 
a morte de dezenas de milhões de pessoas; por exemplo, entre 40 e 50 milhões de pessoas morreram 
na pandemia de 1918. Com base em projeções da pandemia de 1957, poderiam ocorrer entre 1 e 4 
milhões de óbitos em seres humanos se as variantes mutantes do vírus H5NI originassem uma forma 
transmissível da influenza humana.
Cadeia de infecção
As doenças transmissíveis ocorrem como resultado de uma interação entre:
 • agente infeccioso;
• processo de transmissão;
• hospedeiro;
• ambiente.
O controle dessas doenças pode envolver mudanças em um ou mais desses componentes, os 
quais são influenciados pelo ambiente. Essas doenças podem ter um grande número de efeitos, 
variando de uma infecção silenciosa – com sinal ou sintoma – até doença severa ou morte. A principal 
contribuição da epidemiologia nas doenças transmissíveis é esclarecer o processo de infecção a 
fim de desenvolver, implementar e avaliar medidas de controle. O conhecimento de cada fator em 
uma cadeia de infecção pode ser necessário antes de que uma intervenção efetiva possa acontecer. 
Entretanto, isso nem sempre é necessário. Pode ser possível controlar uma doença somente com 
um limitado conhecimento de sua cadeia específica de infecção. Por exemplo, melhoramentos no 
suprimento de água em Londres, por volta de 1850, preveniram novas epidemias de cólera décadas 
antes da identificação do agente responsável. Somente o conhecimento também não é suficiente 
para prevenir epidemias. A cólera permanece como uma importante causa de doença e morte em 
muitas partes do mundo. O agente infeccioso é um grande número de micro-organismos causador 
de doenças em humanos. Infecção é a entrada e o desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente 
infeccioso no hospedeiro. Infecção não equivale à doença, pois algumas infecções não produzem 
doença clínica. As características específicas de cada agente são importantes para determinar a 
natureza da infecção, que é determinada por fatores tais como:
• Patogenicidade do agente: é a capacidade de produzir uma doença; é medida dividindo-se o 
número de pessoas que desenvolveram a doença clínica pelo número de pessoas expostas à infecção.
• Virulência: uma medida de gravidade da doença, pode variar de muito baixa a muito alta. Uma 
vez que um vírus tenha sido atenuado e seja de baixa virulência, pode ser usado para imunização, como 
ocorre com o vírus da poliomielite.
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
• Dose infectiva: é a quantidade requerida para causar infecção em um indivíduo suscetível.
• Reservatório de um agente: é o seu habitat natural e pode incluir humanos, animais e fontes ambientais.
• Fonte de infecção: é a pessoa ou objeto de onde o hospedeiro adquire a doença. O conhecimento 
tanto do reservatório quanto da fonte é necessário para o desenvolvimento de medidas efetivas de 
controle. Uma importante fonte de infecção pode ser o portador – uma pessoa infectada que não 
mostra qualquer evidência de doença clínica. A duração do estado de portador varia entre diferentes 
agentes. Os portadores podem ser assintomáticos durante todo o período de infecção, ou o estado de 
portador pode ser limitado a uma fase da doença. Os portadores desempenham um importante papel 
na disseminação global do vírus da imunodeficiência humana em decorrência da transmissão sexual 
durante os longos períodos assintomáticos. O segundo elo na cadeia de infecção é a transmissão ou 
difusão do agente infeccioso para o ambiente ou para outra pessoa.
A transmissão pode ser direta ou indireta
Transmissão direta – a transmissão direta é a transferência imediata do agente infeccioso de um 
hospedeiro ou reservatório para uma porta de entrada através da qual a infecção poderá ocorrer. Esta 
pode ser pelo contato direto através do toque, beijo, relação sexual ou pela disseminação de gotículas 
ao tossir ou espirrar. A transfusão de sangue e a infecção transplacentária da mãe para o feto são outras 
importantes formas de transmissão direta.
Transmissão indireta – a transmissão indireta pode ser através de veículo, vetor ou aérea. A 
transmissão por veículos ocorre através de materiais contaminados, tais como alimentos, vestimentas, 
roupas de cama e utensílios de cozinha. A transmissão por vetor ocorre quando o agente é carregado 
por um inseto ou animal (o vetor) para um hospedeiro suscetível; o agente pode ou não se multiplicar 
no vetor. A transmissão aérea de longa distância ocorre quando há disseminação de pequenas gotículas 
para uma porta de entrada, usualmente o trato respiratório. As partículas de poeira também facilitam a 
transmissão aérea, por exemplo, através de esporos de fungos.
A distinção entre os tipos de transmissão é importante quando são escolhidos os métodos de 
controle de doenças. A transmissão direta pode ser interrompida pela prevenção do contato com a 
fonte, enquanto a transmissão indireta requer abordagens diferentes, tais como, o fornecimento de 
mosquiteiros, ventilação adequada, armazenamento de alimentos sob refrigeração e fornecimento de 
agulhas e seringas descartáveis.
O hospedeiro – o hospedeiro é o terceiro elo na cadeia de infecção e é definido como uma pessoa 
ou animal que proporciona um local adequado para que um agente infeccioso cresça e se multiplique 
em condições naturais. O ponto de entrada no hospedeiro varia de acordo com o agente e inclui pele, 
mucosa, e tratos respiratório e gastrointestinal. A reação do hospedeiro à infecção é extremamente 
variável, sendo determinada pela sua interação com o agente e o modo de transmissão. A reação varia 
desde a infecção inaparente (sem sinais e sintomas visíveis) até as formas clínicas severas, com todas as 
variações possíveis entre esses extremos.
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O período de incubação – tempo decorrido entre a entrada do agente infeccioso e o aparecimento dos 
primeiros sinais e sintomas da doença – varia de poucas horas (intoxicação alimentar por estafilococos) 
até muitos anos (AIDS). O grau de resistência do hospedeiro é um importante determinante do desfecho 
de uma infecção. A resistência é, normalmente, adquirida através de exposições prévias ou pela 
imunização contra o agente. A imunização (vacinação) é a proteção dos indivíduos suscetíveis a doenças 
transmissíveis através da administração de vacinas, que podem ser:
 • um agente infeccioso vivo modificado (como no sarampo);
• uma suspensão de organismos mortos (como na coqueluche);
 • uma toxina inativada (como no tétano);
 • um polissacarídeo bacteriano.
Para algumas doenças (tais como, raiva, difteria, varicela-zóster e hepatite B), os anticorpos 
formados como parte da resposta imune natural aos patógenos podem ser coletados através da doação 
de sangue e aplicados como uma forma de profilaxia pós-exposição em pessoas que não tenham sido 
adequadamente imunizadas. Isso é chamado de imunização passiva e é feito em uma escala menor 
do que a imunização ativa, em virtude dos seus riscos, indicações e custo. A transmissão passiva de 
anticorpos através da placenta pode também proteger o feto contra infecções. 
O ambiente desempenha um papel importante no desenvolvimentodas doenças transmissíveis. 
Condições sanitárias, temperatura, poluição aérea e qualidade da água estão entre os fatores que podem 
influenciar os estágios na cadeia de infecção. Além disso, fatores socioeconômicos, tais como, densidade 
populacional, aglomeração e pobreza são de grande importância.
Levantamentos, fontes de dados demográficos e de morbidade. Importância no diagnóstico de 
saúde da coletividade
Bases históricas e conceituais
As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de doenças, desenvolvidas 
sob bases científicas modernas, datam do início do século XX e foram orientadas pelo avanço da era 
bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias. 
Essas intervenções consistiram na organização de grandes campanhas sanitárias com vistas ao controle 
de doenças que comprometiam a atividade econômica, a exemplo da febre amarela, peste e varíola. 
As campanhas valiam-se de instrumentos precisos para o diagnóstico de casos, combate a vetores, 
imunização e tratamento em massa com fármacos, dentre outros. O modelo operacional baseava-se em 
atuações verticais, sob forte inspiração militar, e compreendia fases bem estabelecidas – preparatória, 
de ataque, de consolidação e de manutenção.
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças transmissíveis 
na década de 50, para designar uma série de atividades subsequentes à etapa de ataque da campanha 
de erradicação da malária, vindo a designar uma de suas fases constitutivas. Originalmente, significava 
“a observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de 
seus contatos”. Tratava-se, portanto, da vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento ou 
quarentena, aplicadas individualmente, e não de forma coletiva.
Na década de 60, o programa de erradicação da varíola também instituiu uma fase de vigilância 
epidemiológica, subsequente a de vacinação em massa da população. Simultaneamente, o programa 
disseminou a aplicação de novos conceitos que se firmavam no âmbito internacional e não se 
vinculavam à prévia realização de uma fase de ataque. Pretendia-se, mediante busca ativa de casos de 
varíola, a detecção precoce de surtos e o bloqueio imediato da transmissão da doença. Essa metodologia 
foi fundamental para o êxito da erradicação da varíola em escala mundial e serviu de base para a 
organização de sistemas nacionais de vigilância epidemiológica.
A vigilância epidemiológica foi o tema central da 21ª Assembleia Mundial de Saúde, realizada em 1968, 
na qual se estabeleceu a abrangência do conceito, que permitia aplicação a variados problemas de saúde 
pública, além das doenças transmissíveis, a exemplo das malformações congênitas, envenenamentos na 
infância, leucemia, abortos, acidentes, doenças profissionais, comportamentos como fatores de risco, 
riscos ambientais, utilização de aditivos, dentre outros.
No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola (CEV) − 1966-73 − é reconhecida como o marco 
da institucionalização das ações de vigilância no país, tendo fomentado e apoiado a organização de 
unidades de vigilância epidemiológica na estrutura das secretarias estaduais de saúde. O modelo da CEV 
inspirou a Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) a organizar, em 1969, um sistema de notificação 
semanal de doenças selecionadas e disseminar informações pertinentes em um boletim epidemiológico 
de circulação quinzenal. Tal processo fundamentou a consolidação, nos níveis nacional e estadual, de 
bases técnicas e operacionais que possibilitaram o futuro desenvolvimento de ações de impacto no 
controle de doenças evitáveis por imunização. O principal êxito relacionado a esse esforço foi o controle 
da poliomielite no Brasil, na década de 1980, que abriu perspectivas para a erradicação da doença no 
continente americano, finalmente alcançada em 1994.
Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, o Ministério da 
Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio de legislação 
específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76). Esses instrumentos legais tornaram obrigatória a 
notificação de doenças transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por portaria. 
Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica, reunindo e 
compatibilizando as normas técnicas então utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de 
programas de controle específicos.
O atual Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo em seu texto legal (Lei nº 
8.080/90) a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, 
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde 
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das 
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doenças ou agravos”. Além de ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser 
operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada 
pela descentralização de responsabilidades e integralidade da prestação de serviços.
Por sua vez, as profundas mudanças no perfil epidemiológico das populações, no qual se observa 
declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento das mortes 
por causas externas e doenças crônico-degenerativas, têm propiciado a discussão da incorporação de 
doenças e agravos não-transmissíveis ao escopo de atividades da vigilância epidemiológica. Iniciativas 
nesta direção estão sendo adotadas tanto pelo Ministério da Saúde/SVS como por algumas secretarias 
estaduais e municipais de saúde.
Propósitos e funções
Por propósito, a vigilância epidemiológica deve fornecer orientação técnica permanente para os 
profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle 
de doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência 
dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população 
definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se importante instrumento para o 
planejamento, organização e operacionalização dos serviços de saúde, bem como a normatização das 
atividades técnicas correlatas.
A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas 
e intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o 
comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, de forma que as medidas de 
intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia.
São funções da vigilância epidemiológica:
• coleta de dados;
• processamento dos dados coletados;
• análise e interpretação dos dados processados;
• recomendação das medidas de controle apropriadas;
• promoção das ações de controle indicadas;
• avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
• divulgação de informações pertinentes.
As competências de cada nível do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) abarcam todo 
o espectro das funções de vigilância epidemiológica, porém, com graus de especificidade variáveis. 
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aFUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
As ações executivas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige conhecimento analítico da 
situação de saúde local, mas cabe aos níveis nacional e estadual conduzir as ações de caráter estratégico 
e longo alcance.
A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmônico das funções realizadas nos diferentes 
níveis. Quanto mais capacitada e eficiente for a instância local, mais oportunamente podem ser 
executadas as medidas de controle. Os dados e informações aí produzidos serão mais consistentes, 
possibilitando melhor compreensão do quadro sanitário estadual e nacional e, consequentemente, o 
planejamento adequado da ação governamental. Nesse contexto, as intervenções oriundas dos níveis 
estadual e federal tenderão a tornar-se seletivas, voltadas para questões emergenciais ou que, por sua 
transcendência, requerem avaliação complexa e abrangente, com participação de especialistas e centros 
de referência, inclusive internacionais.
A atual orientação para o desenvolvimento do SNVE estabelece, como prioridade, o fortalecimento 
dos sistemas municipais de vigilância epidemiológica, dotados de autonomia técnico-gerencial para 
enfocar os problemas de saúde próprios de suas respectivas áreas de abrangência.
Coleta de dados e informações
O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que 
sirvam para subsidiar o processo de produção de informação para a ação. A qualidade da informação 
depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dado 
coletado). É também nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e estruturados para se 
constituírem em um poderoso instrumento – a informação –, capaz de subsidiar um processo dinâmico 
de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.
A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A força e o valor da 
informação (dado analisado) dependem da precisão com que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis 
pela coleta devem ser preparados para aferir a qualidade do dado obtido. Tratando-se, por exemplo, 
da notificação de doenças transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos 
e a realização de investigações epidemiológicas correspondentes. Outro aspecto relevante refere-
se à representatividade dos dados, em relação à magnitude do problema existente. Como princípio 
organizacional, o sistema de vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, 
cuidando-se de assegurar a regularidade e oportunidade da transmissão dos dados. Geralmente, não é 
possível nem necessário conhecer a totalidade dos casos. A partir de fontes selecionadas e confiáveis, 
pode-se acompanhar as tendências da doença ou agravo, com o auxílio de estimativas de subenumeração 
de casos.
O fluxo, periodicidade e tipos de dados coletados devem corresponder às necessidades de utilização 
previamente estabelecidas, com base em indicadores adequados às características próprias de cada 
doença ou agravo sob vigilância. A prioridade de conhecimento do dado sempre será concedida à 
instância responsável pela execução das medidas de controle. Quando for necessário o envolvimento de 
outro nível do sistema, o fluxo deverá ser suficientemente rápido para que não ocorra atraso na adoção 
de medidas de controle.
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Tipos de dados
Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são os seguintes:
Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos
Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à definição de 
denominadores para o cálculo de taxas. Dados sobre o número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser 
discriminados segundo características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, 
ocupação, condições de saneamento, etc. A disponibilidade de indicadores demográficos e socioeconômicos 
é primordial para a caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, às quais se 
vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância. Dados sobre aspectos climáticos e 
ecológicos também podem ser necessários para a compreensão do fenômeno analisado.
Dados de morbidade
São os dados mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata 
ou precoce de problemas sanitários. Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de 
portadores de infecções ou patologias específicas, como também de sequelas. Trata-se, em geral, de 
dados oriundos da notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, 
de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre 
outras formas. Seu uso apresenta dificuldades relacionadas à representatividade e abrangência dos 
sistemas de informações disponíveis, à possibilidade de duplicação de registros e a deficiências de 
métodos e critérios de diagnóstico utilizados. Merecem, por isso, cuidados especiais na coleta e análise. 
O SNVE deve estimular, cada vez mais, a utilização dos sistemas e bases de dados disponíveis, 
vinculados à prestação de serviços, para evitar a sobreposição de sistemas de informação e a consequente 
sobrecarga aos níveis de assistência direta à população. As deficiências qualitativas próprias desses 
sistemas tendem a ser superadas à medida que se intensificam a crítica e o uso dos dados produzidos.
Dados de mortalidade
São de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, sendo ainda, 
no caso particular de doenças de maior letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade, por se 
referirem a fatos vitais bem marcantes e razoavelmente registrados. Sua obtenção provém de declarações 
de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. Essa base de dados apresenta variáveis graus 
de cobertura entre as regiões do país, algumas delas com subenumeração elevada de óbitos. Além 
disso, há proporção significativa de registros sem causa definida, o que impõe cautela na análise dos 
dados de mortalidade. Atrasos na disponibilidade desses dados dificultam sua utilização na vigilância 
epidemiológica. A disseminação eletrônica de dados tem contribuído muito para facilitar o acesso a 
essas informações. Considerando tais fatos, os sistemas locais de saúde devem ser estimulados a utilizar 
de imediato as informações das declarações de óbito.
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
Notificação de surtos e epidemias
A detecção precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local 
está bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de 
casos de cada doença e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a constatação de qualquer 
indício de elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças não 
incidentes no local e, consequentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial para a adoção 
imediata das medidas de controle. Em geral, esses fatos devem ser notificados aos níveis superiores do 
sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração, quando necessária.
Fontes de dados
A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões – informação para a 
ação. Este princípio deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que 
podem ser utilizadas para o fornecimento de dados. Dentreessas, a principal é a notificação, ou seja, a 
comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à autoridade sanitária por 
profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes.
Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a 
partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação.
A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo Ministério da Saúde entre as consideradas 
de maior relevância sanitária para o país. Os dados correspondentes compõem o Sistema de Informação de 
Agravos de Notificação (Sinan). Estados e municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse 
regional ou local, justificada a sua necessidade e definidos os mecanismos operacionais correspondentes. 
Entende-se que só devem ser coletados dados para efetiva utilização no aprimoramento das ações de saúde, 
sem sobrecarregar os serviços com o preenchimento desnecessário de formulários.
Dada a natureza específica de cada doença ou agravo à saúde, a notificação deve seguir um 
processo dinâmico, variável em função das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados 
obtidos com as ações de controle e da disponibilidade de novos conhecimentos científicos 
e tecnológicos. As normas de notificação devem adequar-se, no tempo e no espaço, às 
características de distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, 
aos critérios de definição de casos, à periodicidade da transmissão dos dados, às modalidades 
de notificação indicadas e à representatividade das fontes de notificação.
Os parâmetros para a inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem 
obedecer aos seguintes critérios:
Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais e 
se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos;
Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de transmissão da doença, por meio 
de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva;
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Transcendência – expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância especial à 
doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de 
sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor imputado pela sociedade à ocorrência 
da doença e que se manifesta pela sensação de medo, repulsa ou indignação; e relevância econômica, 
avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo 
escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, etc.;
 Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e 
controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades;
Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais de 
controle, de eliminação ou de erradicação de doenças, previstas em acordos firmados pelo governo 
brasileiro com organismos internacionais. Esses compromissos incluem obrigações assumidas por força 
do Regulamento Sanitário Internacional, estabelecido no âmbito da Organização Mundial da Saúde, 
que ainda exige a notificação compulsória dos casos de cólera, febre amarela e peste. Entretanto, este 
regulamento está sendo objeto de revisão e, possivelmente, os Estados-Membros da OMS passarão a 
notificar eventos inusitados que possam ter repercussões internacionais;
Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde – são situações emergenciais em que 
se impõe a notificação imediata de todos os casos suspeitos, com o objetivo de delimitar a área de 
ocorrência, elucidar o diagnóstico e deflagrar medidas de controle aplicáveis. Mecanismos próprios de 
notificação devem ser instituídos com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento.
No processo de seleção das doenças notificáveis, esses critérios devem ser considerados em conjunto, 
embora o atendimento a apenas alguns deles possa ser suficiente para incluir determinada doença. 
Por outro lado, nem sempre podem ser aplicados de modo linear, sem considerar a factibilidade de 
implementação das medidas decorrentes da notificação, as quais dependem de condições operacionais 
objetivas de funcionamento da rede de prestação de serviços de saúde.
O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para todo cidadão, e uma 
obrigação inerente ao exercício da medicina, bem como de outras profissões na área da saúde. Mesmo assim, 
sabe-se que a notificação nem sempre é realizada, o que ocorre por desconhecimento de sua importância 
e, também, por descrédito nas ações que dela devem resultar. A experiência tem evidenciado que o 
funcionamento de um sistema de notificação é diretamente proporcional à capacidade de se demonstrar 
o uso adequado das informações recebidas, de forma a conquistar a confiança dos notificantes.
O sistema de notificação deve estar permanentemente voltado para a sensibilização dos profissionais 
e das comunidades, visando melhorar a quantidade e qualidade dos dados coletados mediante o 
fortalecimento e ampliação da rede. Todas as unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) 
devem fazer parte do sistema, bem como os profissionais de saúde e mesmo a população em geral. Não 
obstante, essa cobertura universal idealizada não prescinde do uso inteligente da informação, que pode 
basear-se em dados muito restritos para a tomada de decisões oportunas e eficazes.
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
Aspectos que devem ser considerados na notificação:
• notificar a simples suspeita da doença. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se 
efetuar a notificação, pois isto pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente;
• a notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico sanitário em 
caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos;
• o envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, 
configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de 
eficiência do sistema de informações.
Além da notificação compulsória, o Sistema de Vigilância Epidemiológica pode definir doenças 
e agravos como de notificação simples. O Sinanb é o principal instrumento de coleta dos dados de 
notificação compulsória.
Outras bases de dados dos sistemas nacionais de informação
O registro rotineiro de dados sobre saúde, derivados da produção de serviços ou de sistemas de 
informação específicos, constitui valiosa fonte de informação sobre a ocorrência de doenças e agravos 
sob vigilância epidemiológica. Com a progressiva implementação de recursos informacionais no setor 
da saúde, esses dados tendem a tornar-se cada vez mais acessíveis por meios eletrônicos, sendo de 
primordial importância para os agentes responsáveis pelas ações de vigilância, em todos os níveis. Seu 
uso para a vigilância epidemiológica deve ser estimulado, objetivando aprimorar a qualidade do registro 
e compatibilizar as informações oriundas de diferentes fontes.
Laboratórios
Os resultados laboratoriais vinculados à rotina da vigilância epidemiológica complementam o 
diagnóstico de confirmação de casos e, muitas vezes, servem como fonte de conhecimento de casos que 
não foram notificados. Também devemser incorporados os dados decorrentes de estudos epidemiológicos 
especiais, realizados pelos laboratórios de saúde pública em apoio às ações de vigilância. Entretanto, o 
uso do laboratório como fonte de detecção de casos tem sido restrito a algumas doenças, em situações 
especiais. Há a necessidade de se organizar um sistema integrado de resultados das análises realizadas 
para diagnóstico das doenças sob vigilância, abrangendo, inicialmente, a rede de laboratórios centrais 
de saúde pública nos estados (Lacens) e também a rede de hemocentros, onde é realizada a triagem 
sorológica de doadores de sangue. Complementarmente, esse sistema deve ser progressivamente 
estendido a outros laboratórios públicos e privados.
Investigação epidemiológica
Os achados de investigações epidemiológicas de casos e de surtos complementam as informações da 
notificação no que se refere a fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis. 
Também podem possibilitar a descoberta de novos casos não notificados. 
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Muitas vezes, informações oriundas da imprensa e da própria comunidade são fontes importantes 
de dados, devendo ser sempre consideradas para a realização da investigação pertinente. Podem ser 
o primeiro alerta sobre a ocorrência de uma epidemia ou agravo inusitado, principalmente quando a 
vigilância em determinada área é insuficientemente ativa.
Texto extraído: Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância 
epidemiológica. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília: Ministério da 
Saúde, 2005. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) ISBN 85-334-1047-6.
 Indicadores de saúde.
Sempre que se deseja caracterizar uma situação de saúde, recorre-se ao uso de indicadores 
quantitativos, como taxas de mortalidade por causas específicas, condições de nascimento, dentre outros. 
É importante também conhecer o entendimento que os diversos atores sociais locais têm sobre o que 
são necessidades e problemas, dado que, muitas vezes, o que é considerado um problema prioritário para 
um grupo, pode ser pouco importante para outros. A análise da situação de saúde permite a definição de 
perfis de necessidades e problemas com a identificação de uma hierarquização de prioridades a partir do 
conhecimento dos diferentes atores sociais (da comunidade e das instituições), bem como das respostas 
sociais que estes são capazes de organizar e articular frente aos problemas apontados. Isso é importante, 
porque os perfis de morbidade e mortalidade resultam da interação entre a presença de situações-
problema e a capacidade de resposta de cada população a partir da sua organização social frente a 
estas necessidades. Há diferentes perfis de situação de saúde para diferentes grupos de populações. O 
importante é identificar quando essas diferenças são redutíveis ou evitáveis, muitas vezes, por estarem 
vinculadas a condições de vida adversas (áreas e situações de risco). Nesse caso, essas condições podem 
ser modificadas a partir da mobilização da comunidade e de ações interinstitucionais.
Dentro do enfoque populacional, busca-se identificar maneiras de reforçar as ações de caráter 
preventivo e de promoção da saúde (como saneamento, serviços de infraestrutura, educação, por 
exemplo), além das ações de atenção individual, curativas e preventivas (como diagnóstico precoce 
de doenças, assistência e imunização). As possíveis ações sobre grupos populacionais específicos 
demandam integração entre vários setores, para além da área da saúde, na busca de promover o 
desenvolvimento social e econômico. O principal objetivo dos indicadores socioambientais é evidenciar 
desigualdades entre grupos de população em territórios específicos. De nada serve um indicador que 
não apresente variabilidade entre diferentes unidades de análise. É importante, no entanto, distinguir as 
noções de desigualdade e iniquidade. Segundo Castellanos (1997), “nem toda diferença na situação de 
saúde pode ser considerada uma iniquidade. Mas toda diferença ou desigualdade redutível, vinculada 
a condições heterogêneas de vida, constitui iniquidade”. Desse modo, as análises de desigualdade em 
saúde são pautadas na compreensão prévia dos processos de determinação social da saúde e doença. 
Com base nessa concepção e na construção conceitual e operacional de indicadores sociais, ambientais 
e epidemiológicos, devem ser avaliadas as associações entre estes indicadores. Há iniquidade quando 
existe uma associação entre condições de vida e situação de saúde. Essa desigualdade é casual quando 
esta associação não se verifica, ou quando esta é causada por fatores que estão além das possibilidades 
de intervenção humana. Portanto, a seleção de indicadores, tanto os socioambientais quanto os 
epidemiológicos, adquire papel primordial na identificação de desigualdades e iniquidades. O setor saúde, 
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
em articulação com outros setores, deve atuar sobre as unidades de análise nas quais as desigualdades 
possam ser reduzidas. Dessa forma, ao se demonstrar correlação entre esses grupos de indicadores, são 
apontados caminhos e estratégias de ação para o seu enfrentamento. A escolha do indicador e da unidade 
espacial de análise são importantes para determinar áreas e grupos socioespaciais sob maior risco e para a 
tomada de decisões. Alguns critérios usados para a seleção de indicadores são: a sensibilidade a mudanças 
das condições de ambiente e saúde; a reprodutibilidade, segundo padrões metodológicos estabelecidos; 
a rapidez de reação a mudanças sociais e ambientais, o baixo custo e acessibilidade, bem como seu fácil 
entendimento pela população leiga (BRIGGS, 1999). Esses critérios tendem a restringir a escolha de 
indicadores, que podem apresentar vantagens segundo um critério, mas desvantagens segundo outro. 
Alguns limites para o uso dos indicadores são impostos pela sua disponibilidade.
A construção de indicadores depende de um conjunto de sistemas de informação, compreendido 
como meios que permitem a coleta, armazenamento, processamento e recuperação de dados. Enquanto 
os sistemas de informação de saúde passaram no Brasil, ao longo da década de 1990, por um processo 
inegável de universalização, melhoria de qualidade, bem como de facilitação de acesso e análise através 
de sistemas computacionais simples, dados sobre condições ambientais são muitas vezes coletados e 
organizados de forma assistemática. A descontinuidade de coleta de dados, baixa cobertura da rede 
de amostragem, atraso ou desatualização de dados, bem como as mudanças de metodologia, podem 
prejudicar a identificação de tendências espaço-temporais de fatores sociais e ambientais.
Distribuição espacial das desigualdades em saúde
Conforme foi visto anteriormente, não existe pessoa, nem ao menos população, que possa ser 
considerada como absolutamente livre de doenças. Cada indivíduo, família e comunidade, em geral, em 
cada momento de sua existência, sente necessidades e está sujeito a riscos que lhes são próprios, em 
função seja da idade, sexo ou outras características individuais, ou pela sua localização geográfica, seu 
nível educacional, ou ainda por sua situação socioeconômica. Todos esses aspectos se expressam em 
diferentes perfis de problemas de saúde. As pessoas que moram num município têm grandes diferenças 
de condições de vida. Em geral, os governos locais têm dificuldades para criar instrumentos que revelem 
essas desigualdades e, portanto, estabelecer ações para reduzi-las ou eliminá-las. É preciso lembrar quenem todas as desigualdades espaciais são iniquidades. Por exemplo, um problema de saúde pode ser mais 
frequente em um território devido a um efeito populacional, de diferenças na proporção de mulheres 
em idade reprodutiva, de idosos ou de crianças. Essas são características chamadas de estrutura da 
população. A diferença na frequência de determinados problemas, associados a esses grupos populacionais 
em determinados territórios, não representa, de fato, uma iniquidade. A abordagem populacional dos 
problemas de saúde é uma consequência do conceito ampliado de saúde. A situação de saúde de uma 
população inclui os problemas e necessidades desta população, e as respostas sociais organizadas. O 
perfil epidemiológico de uma população é o resultado da interação entre os dois processos. Para se fazer 
a vigilância da saúde, é preciso entender como funcionam e se articulam num território as condições 
econômicas, sociais e culturais, como se dá a vida das populações, quais os atores sociais e a sua íntima 
relação com seus espaços, seus lugares. As relações entre as pessoas e os espaços onde vivem variam muito, 
entretanto, a geografia tem procurado entender algumas características constantes na forma como as 
sociedades se organizam no espaço, desvendando a ordem existente dentro do aparente caos dos espaços 
humanos, como o das cidades. Para isso, passou-se a estudar a cidade do ponto de vista de sua organização 
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interna. O espaço de uma cidade é formado pela diversidade de subespaços que desempenham distintas 
funções, às vezes excludentes e às vezes não. Destacam-se os espaços residenciais, de negócios, comerciais 
e de serviços e industriais, além dos espaços periurbanos que correspondem às áreas de transição entre 
a área urbanizada e a área rural, um espaço híbrido: nem totalmente urbano nem totalmente rural. A 
partir dessa tipologia dos espaços das cidades, foram formulados diversos modelos que procuraram 
esquematizar a sua organização interna. O modelo clássico mais difundido é o dos círculos concêntricos. 
No núcleo central, o centro de negócios e de poder (institucional), no anel seguinte uma área que conjuga 
residências de baixa renda, comércio e serviços, que é circunscrita por um anel de residências de maior 
poder aquisitivo, até o anel periférico onde, novamente, encontram-se residências de baixa renda, e, por 
fim, a área industrial. Este modelo foi aperfeiçoado por diversos especialistas com maior ou menor grau 
de sofisticação. É importante perceber a organização interna da cidade, e que seus diferentes espaços e as 
diferentes funções que desempenham têm dinâmicas diferentes e, portanto, comportam-se diferentemente 
com relação aos processos saúde-doença. Por exemplo, as áreas centrais das cidades caracterizam-se pela 
circulação intensa de pessoas vindas de diversos lugares dentro e fora dela. Espera-se, desse modo, que 
a intensidade de contatos sociais seja maior nesses espaços. A maior aglomeração e o anonimato das 
pessoas nos grandes centros são amplificados nas áreas centrais, propiciando a criminalidade e a violência. 
Por outro lado, também são nessas áreas que as pessoas se reúnem para pressionar os governos e exercer 
sua cidadania, expor seus problemas e necessidades e exigir seus direitos. Um outro aspecto importante 
e muito relacionado à organização interna da cidade é o diferencial de acessibilidade em seus diferentes 
espaços, que envolve a organização da estrutura viária, dos meios de transportes disponíveis e seu custo. As 
cidades diferem entre si não só pelo tamanho, mas também pela qualidade de vida que podem oferecer aos 
seus habitantes. Essa qualidade de vida não é só uma questão econômica, resultado só da renda dos seus 
habitantes, relaciona-se com a formação socioespacial, com as formas de sociabilidade e com os modelos 
político-ideológicos e econômicos de cada sociedade. Tem a ver também com a distribuição da riqueza 
e com a educação. Nossa sociedade é marcada pela extrema desigualdade (de renda e educação), baixa 
qualidade institucional, que resulta em relações sociais marcadas pelos privilégios, pelas injustiças, pelo 
individualismo e pela violência estrutural, incluindo aí aspectos psicossociais (como o medo da violência). 
Nossas cidades não poderiam deixar de espelhar esse quadro onde os conflitos urbanos das mais diversas 
ordens se acumulam permanentemente, com intensos reflexos na situação de saúde da população.
Organização interna das cidades 
A organização interna das cidades varia muito e depende da sua situação (se no litoral, ou no interior), 
de aspectos fisiográficos (presença de montanhas, vales, mar, lagoas, rios) e até mesmo de valores culturais. 
Sabemos que em cidades do litoral brasileiro, por muito tempo, o espaço da praia não era valorizado e, 
portanto, estas cidades se desenvolveram de costas para o litoral. As áreas centrais, por serem, em geral, mais 
antigas, são as que proporcionam uma maior cobertura de infraestrutura urbana e equipamentos urbanos. 
Entretanto, é processo comum nas cidades o abandono das áreas centrais antigas em prol de novos centros 
ou subcentros, assim, é frequente observar uma deterioração dos equipamentos e infraestruturas urbanas 
dos centros mais antigos, com seus efeitos diretos na saúde das populações que aí vivem. Esse abandono 
leva a uma deterioração dos imóveis e à presença de populações marginalizadas, como os moradores de 
rua. Esse processo de empobrecimento e decadência das antigas áreas centrais das cidades brasileiras 
relaciona-se às altas taxas de tuberculose, Aids, uso de drogas, prostituição e violência encontradas nestes 
espaços. As áreas periféricas das grandes cidades são, em geral, menos assistidas por infraestrutura, com 
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FUNDAMENTOS DE AÇÕES PREVENTIVAS EM SAÚDE
carência de serviços de saneamento e presença de violência e marginalização. Mas nem sempre as áreas 
periféricas têm piores condições de vida, ou são habitadas exclusivamente por grupos de população de 
baixa renda. O que se observa atualmente nas grandes cidades brasileiras é a tendência de criação de 
condomínios de luxo na periferia das cidades, em geral em áreas mais preservadas, com bela paisagem e 
longe da agitação e da poluição das áreas centrais.
Texto extraído: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Fundação Oswaldo 
Cruz. Abordagens espaciais na saúde pública. Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz; Simone 
M.Santos, Christovam Barcellos, organizadores. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 136 p. : il. – (Série 
B. Textos Básicos de Saúde) (Série Capacitação e Atualização em Geoprocessamento em Saúde; 1) ISBN 
85-334-1181-2.
 
 
 
 
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Unidade II
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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