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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE DIREITO CURSO DE DIREITO FELIPE DE PAULA TDE – TRABALHO DISCENTE EFETIVO CURITIBA ABRIL - 2018 FELIPE DE PAULA TDE – TRABALHO DISCENTE EFETIVO CURITIBA ABRIL - 2018 Trabalho apresentado ao curso de graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito para obtenção de nota parcial na disciplina de Direito Civil – Famílias Professora orientadora: Fernanda Leticia Soares Pinheiro As Relações de Parentesco na Contemporaneidade - Prevalência entra a Parentalidade Sociafetiva ou Biológica - Melhor Interesse dos Filhos - Descabimento ou Reconhecimento de Multiparentalidade - Parecer Definitivo O texto retrata o parecer feito pelo IASP, Instituto dos Advogados de São Paulo, a respeito da repercussão geral levantada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a prevalência do vínculo socioafetivo ou do vínculo biológico nas relações parentais recorrente do acórdão proferido no Agravo de Recurso Extraordinário 692.186/DF, de relatoria do eminente Ministro Luiz Fux. De maneira resumida o caso retrata a ação de uma filha sobre a anulação de registro de nascimento c/c com investigação de paternidade contra os avós paternos e os pais biológicos, tendo em vista que fora registrada pelos avós paternos como se estes fossem seus pais. O parecer foi escrito por Carlos Alberto Dabus Maluf, conselheiro do IASP, e Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus Maluf, Presidente da Comissão de Bioética do IASP. Com a análise do referido parecer podemos evidenciar a importância da relação socioafetiva tem alcançado na sociedade contemporânea, situação a qual tornou-se válida apenas nos últimos anos. Nossa legislação atual retrata o parentesco como a relação que vincula entre si pessoas que descendem ou ascendem uma das outras ou que descendem de um mesmo tronco ancestral e ainda que liga uma pessoa aos parentes de seu cônjuge ou companheiro bem como o adotado, o adotante e com a família deste. Tal entendimento tem origem no direito romano, o qual apresentava apenas duas formas de parentesco retratados pelo lado paterno ou materno, inexistente qualquer hipótese de afinidade ou socioafetividade. No direito pátrio apenas com a admissão do Código Civil em 2002 passamos a descrever o parentesco da seguinte forma: natural; quando envolver a consanguineidade; afinidade, decorrente de casamento ou união estável; e civil, quando existir a adoção. Apontamos também a legislação prevista no art. 1593 do CC, que deixa espaço para outra modalidade, o socioafetivo, que retrata a existência de laços de afetividade para dar a origem ao vínculo. Este entendimento de relação socioafetiva, ao meu ver, pode ser analogicamente inserido na modalidade civil, que naturalmente ocorre por decorrência da adoção, ou seja, uma sentença em processo de adoção, porém podemos abarcar aqui, também, o parentesco socioafetivo mesmo sem ter passado por processo de adoção. Ocorro que, esta relação socioafetiva, para gerar efeitos deve ser convertida do mundo dos fatos para o mundo jurídico. Muitos questionamentos decorrem da importância desta inserção de parentalidade. Dentro deste conceito, como abordado no parecer, estabelecemos a importância do reconhecimento parental relacionado com as consequências jurídicas da filiação, que é a relação existente entre os genitores e sua prole, com a qual gera uma série de direitos e deveres. Ou seja, essa determinação é de extrema importância, tanto para os filhos quanto para seus genitores, pois gera múltiplos deveres e direitos, além da enorme importância psicológica e emotiva de todo ser humano em estabelecer seus pais. Diante desta importância do poder familiar retrato novamente a inserção da filiação socioafetiva, ou seja, o reconhecimento ligado ao valor ético e afetivo. A parentalidade socioafetiva pode ser classificada em duas espécies, a registral e por afinidade. A primeira decorre da existência de afetividade nas relações, mas não há parentesco biológico e nem registro civil, já a segunda é aquela aonde o homem registra como seu, o filho de outro, casa-se com a mulher ou vive em união estável. Dentro deste conceito de poder familiar, adentramos no tema dos modelos de famílias existentes. Surge juntamente com o advento da Constituição Federal de 1988, o modelo de família que persiste até hoje, que foi retratado a igualdade entre o homem e a mulher, sendo iguais perante a lei, além da igualdade entre os filhos. Anteriormente a única família existente era a matrimonial, porém após a Carta Magna foi admitido as modalidades de união estável e monoparental, ou seja, o pluralismo familiar. Nos dias de hoje outras modalidades de família já foram aceitas, como a família homoafetiva, a anaparental que seria uma família que traz a noção de que a família não abrange apenas o marido, esposa e filhos, pessoas agregadas também podem compor o vínculo de família. Existe também a família multiparental, com mais de duas figuras parentais, com pais biológicos e pais socioafetivos, porém ainda não é regulamentada em si, porém a jurisprudência e a doutrina atual tem trazido em tona esta modalidade como válida, ou seja, nesta era de pós- modernidade, verificamos diversas formações familiares, e um dos princípios que devem permanecer é o da afetividade. A família é a base desta sociedade tão deturpada, base com a qual a prole, independente de origem, modo ou questão, tem o direito de reconhecer como sua. A dignidade da pessoa humana, como princípio que norteia todos os princípios constitucionais deve ser levando sempre em pauta, hierarquicamente superior a qualquer questão analógica ou histórica que busque restringir o reconhecimento familiar de qualquer filho ou genitor. Logicamente, cabe, aos legisladores e consequentemente aos operadores do direito pátrio, regular todas as relações decorrentes da parentalidade, porém sempre deve prevalecer a importância em reconhecer uma ou outra espécie de família, e devendo, claro, analisar o caso concreto para obter a melhor solução jurídica e social.
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