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Meus Estudos para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata Bruno Pereira Rezende Brasília, setembro/2011 INTRODUÇÃO Desde quando comecei os estudos para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), li dezenas de recomendações de leituras, de guias de estudos extraoficiais, de dicas sobre o concurso, sobre cursinhos preparatórios etc. Sem dúvida, ter acesso a tantas informações úteis, vindas de diversas fontes, foi fundamental para que eu pudesse fazer algumas escolhas certas em minha preparação, depois de algumas vacilações iniciais. Mesmo assim, além de a maioria das informações ter sido conseguida de maneira dispersa, muitos foram os erros que acho que eu poderia haver evitado. Por isso, achei que poderia ser útil reunir essas informações que coletei, adicionando um pouco de minha experiência com os estudos preparatórios para o CACD neste documento. Além disso, muitas pessoas, entre conhecidos e desconhecidos, já vieram me pedir sugestões de leituras, de métodos de estudo, de cursinhos preparatórios etc., e percebi que, ainda que sempre houvesse alguma diferenciação entre as respostas, eu acabava repetindo muitas coisas. É justamente isso o que me motivou a escrever este documento – que, por não ser (nem pretender ser) um guia, um manual ou qualquer coisa do tipo, não sei bem como chamá-lo, então fica como “documento” mesmo, um relato de minhas experiências de estudos para o CACD. Espero que possa ajudar os interessados a encontrar, ao menos, uma luz inicial para que não fiquem tão perdidos nos estudos e na preparação para o concurso. Não custa lembrar que este documento representa, obviamente, apenas a opinião pessoal do autor, sem qualquer vínculo com o Ministério das Relações Exteriores, com o Instituto Rio Branco ou com o governo brasileiro. Como já disse, também não pretendo que seja uma espécie de guia infalível para passar no concurso. Além disso, o concurso tem sofrido modificações frequentes nos últimos anos, então pode ser que algumas coisas do que você lerá a seguir fiquem ultrapassadas daqui a um ou dois concursos. De todo modo, algumas coisas são básicas e podem ser aplicadas a qualquer situação de prova que vier a aparecer no CACD, e é necessário ter o discernimento necessário para aplicar algumas coisas do que falarei aqui a determinados contextos.. Além desta breve introdução e de uma também brevíssima conclusão, este documento tem quatro partes. Na primeira, trato, rapidamente, da carreira de Diplomata: o que faz, quanto ganha, como vai para o exterior etc. É mais uma descrição bem ampla e rápida, apenas para situar quem, porventura, estiver um pouco mais perdido. Se não estiver interessado, pode pular para as partes seguintes, se qualquer prejuízo para seu bom entendimento. Na segunda parte, trato do concurso: como funciona, quais são os pré-requisitos para ser diplomata, quais são as fases do concurso etc. Mais uma vez, se não interessar, pule direto para a parte seguinte. Na parte três, falo sobre a preparação para o concurso (antes e durante), com indicações de cursinhos, de professores particulares etc. Por fim, na quarta parte, enumero algumas sugestões de leituras (tanto próprias quanto coletadas de diversas fontes), com as devidas considerações pessoais sobre cada uma. Antes de tudo, antecipo que não pretendo exaurir toda a bibliografia necessária para a aprovação, afinal, a cada ano, o concurso cobra alguns temas específicos. O que fiz foi uma lista de obras que auxiliaram Imagem: ©2010-2011 ~Tom1979th http://tom1979th.deviantart.com/art/Palacio-Itamaraty-rendering-154254284 > em minha preparação (e, além disso, também enumerei muitas sugestões que recebi, mas não tive tempo ou vontade de ler – o que também significa que, por mais interessante que seja, você não terá tempo de ler tudo o que lhe recomendam por aí, o que torna necessário é necessário fazer algumas escolhas; minha intenção é auxiliá-lo nesse sentido, na medida do possível). Este documento é de uso público e livre, com reprodução parcial ou integral autorizada, desde que citada a fonte. Sem mais, passemos ao que interessa. Parte I – A Carreira de Diplomata INTRODUÇÃO Em primeiro lugar, rápida apresentação sobre mim. Meu nome é Bruno Rezende, tenho 22 anos e fui aprovado no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) de 2011. Sou graduado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (turma LXII, 2007-20110), e não tinha certeza de que queria diplomacia até o meio da universidade. Não sei dizer o que me fez escolher a diplomacia, não era um sonho de infância ou coisa do tipo, e não tenho familiares na carreira. Acho que me interessei por um conjunto de aspectos da carreira. Comecei a preparar-me para o CACD em meados de 2010, assunto tratado na Parte III, sobre a preparação para o concurso. Para maiores informações sobre o Ministério das Relações Exteriores (MRE), sobre o Instituto Rio Branco (IRBr), sobre a vida de diplomata etc., você pode acessar os endereços: - Página do MRE: http://www.itamaraty.gov.br/ - Página do IRBr: http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/ - Canal do MRE no YouTube: http://www.youtube.com/mrebrasil/ - Blog “Jovens Diplomatas”: http://jovensdiplomatas.wordpress.com/ - Comunidade “Coisas da Diplomacia” no Orkut (como o Orkut está ultrapassado, procurei reunir todas as informações úteis sobre o concurso que encontrei por lá neste documento, para que vocês não tenham de entrar lá, para procurar essas informações): http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=40073 - Comunidade “Instituto Rio Branco” no Facebook: http://www.facebook.com/groups/institutoriobranco/ Com certeza, há vários outros blogs (tanto sobre a carreira quanto sobre a vida de diplomata), mas não conheço muitos. Além disso, na obra O Instituto Rio Branco e a Diplomacia Brasileira: um estudo de carreira e socialização (Ed. FGV, 2007), a autora Cristina Patriota de Moura relata aspectos importantes da vida diplomática daqueles que ingressam na carreira. Há muitas informações desatualizadas (principalmente com relação ao concurso), mas há algumas coisas interessantes sobre a carreira, e o livro é bem curto. A DIPLOMACIA E O TRABALHO DO DIPLOMATA Com a intensificação das relações internacionais contemporâneas e com as mudanças em curso no contexto internacional, a demanda de aprimoramento da cooperação entre povos e países tem conferido destaque à atuação da diplomacia. Como o senso comum pode indicar corretamente, o diplomata é o funcionário público que lida com o auxílio à Presidência da República na formulação da política externa brasileira, com a condução das relações da República Federativa do Brasil com os demais países, com a representação brasileira nos fóruns e nas organizações internacionais de que o país faz parte e com o apoio aos cidadãos brasileiros residentes ou em trânsito no exterior. Isso todo mundo que quer fazer o concurso já sabe (assim espero). Acho que existem certos mitos acerca da profissão de diplomata. Muitos acham que não irão mais pagar multa de trânsito, que não poderão ser presos, que nunca mais pegarão fila em aeroporto etc. Em primeiro lugar, não custa lembrar que as imunidades a que se referem as Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares só se aplicam aos diplomatas no exterior (e nos países em que estão acreditados). No Brasil, os diplomatas são cidadãos como quaisquer outros. Além disso, imunidade não é sinônimo de impunidade, então não ache que as imunidades são as maiores vantagens da vida de um diplomata. O propósito das imunidades é apenas o de tornar possível o trabalho do diplomata no exterior, sem empecilhos mínimos quepoderiam obstar o bom exercício da profissão. Isso não impede que diplomatas sejam revistados em aeroportos, precisem de vistos, possam ser julgados, no Brasil, por crimes cometidos no exterior etc. Há um texto ótimo disponível na internet: “O que é ser diplomata”, de César Bonamigo, que reproduzo a seguir. O Curso Rio Branco, que frequentei em sua primeira edição, em 1998, pediu-me para escrever sobre o que é ser diplomata. Tarefa difícil, pois a mesma pergunta feita a diferentes diplomatas resultaria, seguramente, em respostas diferentes, umas mais glamourosas, outras menos, umas ressaltando as vantagens, outras as desvantagens, e não seria diferente se a pergunta tratasse de outra carreira qualquer. Em vez de falar de minhas impressões pessoais, portanto, tentarei, na medida do possível, reunir observações tidas como “senso comum” entre diplomatas da minha geraç~o. Considero muito importante que o candidato ao Instituto Rio Branco se informe sobre a realidade da carreira diplomática, suas vantagens e desvantagens, e que dose suas expectativas de acordo. Uma expectativa bem dosada não gera desencanto nem frustração. A carreira oferece um pacote de coisas boas (como a oportunidade de conhecer o mundo, de atuar na área política e econômica, de conhecer gente interessante etc.) e outras não tão boas (uma certa dose de burocracia, de hierarquia e dificuldades no equacionamento da vida familiar). Cabe ao candidato inferir se esse pacote poderá ou não fazê-lo feliz. O PAPEL DO DIPLOMATA Para se compreender o papel do diplomata, vale recordar, inicialmente, que as grandes diretrizes da política externa são dadas pelo Presidente da República, eleito diretamente pelo voto popular, e pelo Ministro das Relações Exteriores, por ele designado. Os diplomatas são agentes políticos do Governo, encarregados da implementação dessa política externa. São também servidores públicos, cuja função, como diz o nome, é servir, tendo em conta sua especialização nos temas e funções diplomáticos. Como se sabe, é função da diplomacia representar o Brasil perante a comunidade internacional. Por um lado, nenhum diplomata foi eleito pelo povo para falar em nome do Brasil. É importante ter em mente, portanto, que a legitimidade de sua ação deriva da legitimidade do Presidente da República, cujas orientações ele deve seguir. Por outro lado, os governos se passam e o corpo diplomático permanece, constituindo elemento importante de continuidade da política externa brasileira. É tarefa essencial do diplomata buscar identificar o “interesse nacional”. Em negociações internacionais, a diplomacia frequentemente precisa arbitrar entre interesses de diferentes setores da sociedade, não raro divergentes, e ponderar entre objetivos econômicos, políticos e estratégicos, com vistas a identificar os interesses maiores do Estado brasileiro. Se, no plano externo, o Ministério das Relações Exteriores é a face do Brasil perante a comunidade de Estados e Organizações Internacionais, no plano interno, ele se relaciona com a Presidência da República, os demais Ministérios e órgãos da administração federal, o Congresso, o Poder Judiciário, os Estados e Municípios da Federação e, naturalmente, com a sociedade civil, por meio de Organizações Não Governamentais (ONGs), da Academia e de associações patronais e trabalhistas, sempre tendo em vista a identificação do interesse nacional. O TRABALHO DO DIPLOMATA Tradicionalmente, as funções da diplomacia são representar (o Estado brasileiro perante a comunidade internacional), negociar (defender os interesses brasileiros junto a essa comunidade) e informar (a Secretaria de Estado, em Brasília, sobre os temas de interesse brasileiro no mundo). São também funções da diplomacia brasileira a defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior, o que é feito por meio da rede consular, e a promoção de interesses do País no exterior, tais como interesses econômico-comerciais, culturais, científicos e tecnológicos, entre outros. No exercício dessas diferentes funções, o trabalho do diplomata poderá ser, igualmente, muito variado. Para começar, cerca de metade dos mil1 diplomatas que integram o Serviço Exterior atua no Brasil, e a outra metade nos Postos no exterior (Embaixadas, Missões, Consulados e Vice-Consulados). Em Brasília, o diplomata desempenha funções nas áreas política, econômica e administrativa, podendo cuidar de temas tão diversos quanto comércio internacional, integração regional (Mercosul), política bilateral (relacionamento do Brasil com outros países e blocos), direitos humanos, meio ambiente ou administração física e financeira do Ministério. Poderá atuar, ainda, no Cerimonial (organização dos encontros entre autoridades brasileiras e estrangeiras, no Brasil e no exterior) ou no relacionamento do Ministério com a sociedade (imprensa, Congresso, Estados e municípios, Academia, etc.). No exterior, também, o trabalho dependerá do Posto em questão. As Embaixadas são representações do Estado brasileiro junto aos outros Estados, situadas sempre nas capitais, e desempenham as funções tradicionais da diplomacia (representar, negociar, informar), além de promoverem o Brasil junto a esses Estados. Os Consulados, Vice-Consulados e setores consulares de Embaixadas podem situar-se na capital do país ou em outra cidade onde haja uma comunidade brasileira expressiva. O trabalho nesses Postos é orientado à defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior. Nos Postos multilaterais (ONU, OMC, FAO, UNESCO, UNICEF, OEA etc.), que podem ter natureza política, econômica ou estratégica, o trabalho envolve, normalmente, a representação e a negociação dos interesses nacionais. O INGRESSO NA CARREIRA A carreira diplomática se inicia, necessariamente, com a aprovação no concurso do Instituto Rio Branco (Informações sobre o concurso podem ser obtidas no site http://www2.mre.gov.br/irbr/index.htm). Para isso, só conta a competência – e, talvez, a sorte – do candidato. Indicações políticas não ajudam. AS REMOÇÕES Após os dois anos de formação no IRBr , o diplomata trabalhará em Brasília por pelo menos um ano. Depois, iniciam-se ciclos de mudança para o exterior e retornos a Brasília. Normalmente, o diplomata vai para o exterior, onde fica três anos em um Posto, mais três anos em outro Posto, e retorna a Brasília, onde fica alguns anos, até o início de novo ciclo. Mas há espaço para flexibilidades. O diplomata poderá sair para fazer um Posto apenas, ou fazer três Postos seguidos antes de retornar a Brasília. Isso dependerá da conveniência pessoal de cada um. Ao final da carreira, o diplomata terá passado vários anos no exterior e vários no Brasil, e essa proporção dependerá essencialmente das escolhas feitas pelo próprio diplomata. Para evitar que alguns diplomatas fiquem sempre nos “melhores Postos” – um critério, aliás, muito relativo – e outros em Postos menos privilegiados, os Postos no exterior estão divididos em [quatro] categorias, [A, B, C e D], obedecendo a critérios não apenas de qualidade de vida, mas também geográficos, e é seguido um sistema de rodízio: após fazer 1 Em 2011, quase 1500. um Posto C, por exemplo, o diplomata terá direito a fazer um Posto A [ou B], e após fazer um Posto A, terá que fazer um Posto [B, C ou D]. AS PROMOÇÕES Ao tomar posse no Serviço Exterior, o candidato aprovado no concurso torna-se Terceiro-Secretário. É o primeiro degrau de uma escalada de promoções que inclui, ainda, Segundo-Secretário, Primeiro- -Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe (costuma-se dizer apenas “Ministro”) e Ministro de Primeira Classe (costuma-se dizer apenas “Embaixador”),nessa ordem. Exceto pela primeira promoção, de Terceiro para Segundo-Secretário, que se dá por tempo (quinze Terceiros Secretários são promovidos a cada semestre), todas as demais dependem do mérito, bem como da articulação política do diplomata. Nem todo diplomata chega a Embaixador. Cada vez mais, a competição na carreira é intensa e muitos ficam no meio do caminho. Mas, não se preocupem e também não se iludam: a felicidade não está no fim, mas ao longo do caminho! DIRECIONAMENTO DA CARREIRA Um questionamento frequente diz respeito à possibilidade de direcionamento da carreira para áreas específicas. É possível, sim, direcionar uma carreira para um tema (digamos, comércio internacional, direitos humanos, meio ambiente etc.) ou mesmo para uma região do mundo (como a Ásia, as Américas ou a África, por exemplo), mas isso não é um direito garantido e poderá não ser sempre possível. É preciso ter em mente que a carreira diplomática envolve aspectos políticos, econômicos e administrativos, e que existem funções a serem desempenhadas em postos multilaterais e bilaterais em todo o mundo, e n~o só nos países mais “interessantes”. Diplomatas est~o envolvidos em todas essas variantes e, ao longo de uma carreira, ainda que seja possível uma certa especialização, é provável que o diplomata, em algum momento, atue em áreas distintas daquela em que gostaria de se concentrar. ASPECTOS PRÁTICOS E PESSOAIS É claro que a vida é muito mais que promoções e remoções, e é inevitável que o candidato queira saber mais sobre a carreira que o papel do diplomata. Todos precisamos cuidar do nosso dinheiro, da saúde, da família, dos nossos interesses pessoais. Eu tentarei trazem um pouco de luz sobre esses aspectos. DINHEIRO Comecemos pelo dinheiro, que é assunto que interessa a todos. Em termos absolutos, os diplomatas ganham mais quando estão no exterior do que quando estão em Brasília. O salário no exterior, no entanto, é ajustado em função do custo de vida local, que é frequentemente maior que no Brasil. Ou seja, ganha-se mais, mas gasta-se mais. Se o diplomata conseguirá ou não economizar dependerá i) do salário específico do Posto , ii) do custo de vida local, iii) do câmbio entre a moeda local e o dólar, iv) do fato de ele ter ou não um ou mais filhos na escola e, principalmente, v) de sua propensão ao consumo. Aqui, não há regra geral. No Brasil, os salários têm sofrido um constante desgaste, especialmente em comparação com outras carreiras do Governo Federal, frequentemente obrigando o diplomata a economizar no exterior para gastar em Brasília, se quiser manter seu padrão de vida. Os diplomatas, enfim, levam uma vida de classe média alta, e a certeza de que não se ficará rico de verdade é compensada pela estabilidade do emprego (que não é de se desprezar, nos dias de hoje) e pela expectativa de que seus filhos (quando for o caso) terão uma boa educação, mesmo para padrões internacionais. SAÚDE Os diplomatas têm um seguro de saúde internacional que, como não poderia deixar de ser, tem vantagens e desvantagens. O lado bom é que ele cobre consultas com o médico de sua escolha, mesmo que seja um centro de excelência internacional. O lado ruim é que, na maioria das vezes, é preciso fazer o desembolso (até um teto determinado) para depois ser reembolsado, geralmente em 80% do valor, o que obriga o diplomata a manter uma reserva financeira de segurança. FAMÍLIA : O CÔNJUGE Eu mencionei, entre as coisas n~o t~o boas da carreira, “dificuldades no equacionamento da vida familiar”. A primeira dificuldade é o que far| o seu cônjuge (quando for o caso) quando vocês se mudarem para Brasília e, principalmente, quando forem para o exterior. Num mundo em que as famílias dependem, cada vez mais, de dois salários, equacionar a carreira do cônjuge é um problema recorrente. Ao contrário de certos países desenvolvidos, o Itamaraty não adota a política de empregar ou pagar salários a cônjuges de diplomatas. Na prática, cada um se vira como pode. Em alguns países é possível trabalhar. Fazer um mestrado ou doutorado é uma opção. Ter filhos é outra... Mais uma vez, não há regra geral, e cada caso é um caso. O equacionamento da carreira do cônjuge costuma afetar principalmente – mas não apenas – as mulheres, já que, por motivos culturais, é mais comum o a mulher desistir de sua carreira para seguir o marido que o contrário2. CASAMENTO ENTRE DIPLOMATAS Os casamentos entre diplomatas não são raros. É uma situação que tem a vantagem de que ambos têm uma carreira e o casal tem dois salários. A desvantagem é a dificuldade adicional em conseguir que ambos sejam removidos para o mesmo Posto no exterior. A questão não é que o Ministério vá separar esses casais, mas que se pode levar mais tempo para conseguir duas vagas num mesmo Posto. Antigamente, eram frequentes os casos em que as mulheres interrompiam temporariamente suas carreiras para acompanhar os maridos. Hoje em dia, essa situação é exceção, não a regra. FILHOS Não posso falar com conhecimento de causa sobre filhos, mas vejo o quanto meus colegas se desdobram para dar-lhes uma boa educação. Uma questão central é a escolha da escola dos filhos, no Brasil e no exterior. No Brasil, a escola será normalmente brasileira, com ensino de idiomas, mas poderá ser a americana ou a francesa, que mantém o mesmo currículo e os mesmos períodos escolares em quase todo o mundo. No exterior, as escolas americana e francesa são as opções mais frequentes, podendo-se optar por outras escolas locais, dependendo do idioma. Outra questão, já mencionada, é o custo da escola. Atualmente, não existe auxílio-educação para filhos de diplomatas ou de outros Servidores do Serviço Exterior brasileiro, e o dinheiro da escola deve sair do próprio bolso do servidor. CÉSAR AUGUSTO VERMIGLIO BONAMIGO - Diplomata. Engenheiro Eletrônico formado pela UNICAMP. Pós- graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP. Programa de Formação e Aperfeiçoamento - I (PROFA - I) do Instituto Rio Branco, 2000/2002. No Ministério das Relações Exteriores, atuou no DIC - Divisão de Informação Comercial (DIC), 2002; no DNI - Departamento de Negociações Internacionais, 2003, e na DUEX - Divisão de União Europeia e Negociações Extrarregionais. Atualmente, serve na Missão junto à ONU (DELBRASONU), em NYC. Para tornar-se diplomata, é necessário ser aprovado no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), que ocorre todos os anos, no primeiro semestre (normalmente). O número de vagas do CACD, em condições normais, depende da vacância de cargos. Acho que a quantidade normal deve girar entre 25 e 35, mais ou menos. Desde meados dos anos 2000, como consequência da aprovação de uma lei federal, o Ministério das Relações Exteriores (MRE/Itamaraty3) ampliou 2 Conforme comunicado do MRE de 2010, é permitida a autorização para que diplomatas brasileiros solicitem passaporte diplomático ou de serviço e visto de permanência a companheiros do mesmo sexo. Outra resolução, de 2006, já permitia a inclusão de companheiros do mesmo sexo em planos de assistência médica. 3 O nome “Itamaraty” vem do nome do antigo propriet|rio da sede do Ministério no Rio de Janeiro, o Bar~o Itamaraty. Por metonímia, o nome pegou, e o Palácio do Itamaraty constitui, atualmente, uma dependência do MRE naquela cidade, abrigando um arquivo, uma mapoteca e a sede do Museu Histórico e Diplomático. Em Brasília, o Palácio Itamaraty, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970, é a atual sede do MRE. Frequentemente, “Itamaraty” é usado como sinônimo de Ministério das Relações Exteriores. seus quadros da carreira de diplomata, e, de 2006 a 2010, foram oferecidas mais de cem vagas anuais. Como fim dessa provisão de cargos, o número de vagas voltou ao normal em 2011, ano em que foram oferecidas apenas 26 vagas (duas delas reservadas a portadores de deficiência física4). Para os próximos concursos, há perspectivas de aprovação de um projeto de lei que possibilitará uma oferta anual prevista de 60 vagas para o CACD, além de ampliar, também, as vagas para Oficial de Chancelaria (PL 7579/2010). Oficial de Chancelaria, aproveitando que citei, é outro cargo (também de nível superior) do MRE, mas não integra o quadro diplomático. A remuneração do Oficial de Chancelaria, no Brasil, é inferior à de Terceiro-Secretário, mas os salários podem ser razoáveis quando no exterior. Já vi muitos casos de pessoas que passam no concurso de Oficial de Chancelaria e ficam trabalhando no MRE, até que consigam passar no CACD, quando (aí sim) tornam-se diplomatas. Para fazer parte do corpo diplomático brasileiro, é necessário ser brasileiro nato, ter diploma válido de curso superior (caso a graduação tenha sido realizada em instituição estrangeira, cabe ao candidato providenciar a devida revalidação do diploma junto ao MEC) e ser aprovado no CACD (há, também, outros requisitos previstos no edital do concurso, como estar no gozo dos direitos políticos, estar em dia com as obrigações eleitorais, ter idade mínima de dezoito anos, apresentar aptidão física e mental para o exercício do cargo e, para os homens, estar em dia com as obrigações do Serviço Militar). Os aprovados entram para a carreira no cargo de Terceiro-Secretário (vide hierarquia na próxima seção, “Carreira e Sal|rios”). Os aprovados no CACD, entretanto, não iniciam a carreira trabalhando: há, inicialmente, o chamado Curso de Formação, que se passa no Instituto Rio Branco (IRBr). Por três semestres, os aprovados no CACD estudarão no IRBr, já recebendo o salário de Terceiro-Secretário (para remunerações, ver a próxima seç~o, “Hierarquia e Sal|rios). O trabalho no Ministério começa apenas após um ou dois semestres do Curso de Formação no IRBr (isso pode variar de uma turma para outra), e a designação dos locais de trabalho (veja as subdivisões do MRE na página seguinte) é feita, via de regra, com base nas preferências individuais e na ordem de classificação dos alunos no Curso de Formação. O IRBr foi criado em 1945, em comemoração ao centenário de nascimento do Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. Como descrito na página do Instituto na internet, seus principais objetivos são: • harmonizar os conhecimentos adquiridos nos cursos universitários com a formação para a carreira diplomática (já que qualquer curso superior é válido para prestar o CACD); • desenvolver a compreensão dos elementos básicos da formulação e execução da política externa brasileira; • iniciar os alunos nas práticas e técnicas da carreira. No Curso de Formação (cujo nome oficial é PROFA-I, Programa de Formação e Aperfeiçoamento - obs.: n~o sei o motivo do “I”, n~o existe “PROFA-II”), os diplomatas têm aulas obrigatórias de: Direito Internacional Público, Linguagem Diplomática, Teoria das Relações Internacionais, Economia, Política Externa Brasileira, História das Relações Internacionais, OMC e Contenciosos, Inglês, Francês e Espanhol. A partir de 2011, tornou-se obrigatório cursar, ainda, uma língua “exótica”, entre Chinês, Árabe ou Russo. Há, também, várias disciplinas optativas à escolha de cada um (como, ocasionalmente, Tradução, Leituras Brasileiras, Organizações Internacionais, Políticas Públicas, Direito da Integração, Negociações Comerciais etc.). As aulas de disciplinas conceituais duram dois semestres. No terceiro semestre de Curso de Formação, só há aulas de disciplinas profissionalizantes. O trabalho no MRE começa, normalmente, no terceiro semestre do Curso de Formação. É necessário rendimento mínimo de 60% no PROFA-I para aprovação. Após o término do PROFA-I, começa a vida de trabalho propriamente dito no MRE. Já ouvi um mito de pedida de dispensa do PROFA I para quem já é portador de título de mestre ou de doutor, mas, na prática, acho que isso não acontece mais. 4 Todos os anos, há reserva de vagas para deficientes físicos. Se não houver número suficiente de portadores de deficiência que atendam às notas mínimas para aprovação na segunda e na terceira fases do concurso, que têm caráter eliminatório, a(s) vaga(s) restante(s) é(são) destinada(s) aos candidatos da concorrência geral. Entre 2002 e 2010, foi possível fazer, paralelamente ao Curso de Formação, o mestrado em diplomacia (na prática, significava apenas uma matéria a mais). Em 2011, o mestrado em diplomacia no IRBr acabou. Uma das atividades comuns dos estudantes do IRBr é a publicação da Juca, a revista anual dos alunos do Curso de Formação do Instituto. Segundo informações do site do IRBr, “[o] termo ‘Diplomacia e Humanidades’ define os temas de que trata a revista: diplomacia, ciências humanas, artes e cultura. A JUCA visa a mostrar a produção acadêmica, artística e intelectual dos alunos da academia diplomática brasileira, bem como a recuperar a memória da política externa e difundi-la nos meios diplomático e acadêmico”. Confira a página da Juca na internet, no endereço: http://juca.irbr.itamaraty.gov.br/pt-br/Main.xml. Para saber mais sobre a vida de diplomata no Brasil e no exterior, sugiro a conhecida “FAQ do Godinho” (“FAQ do Candidato a Diplomata”, de Renato Domith Godinho). Esse arquivo foi escrito há alguns anos, então algumas coisas estão desatualizadas (com relação às modificações do concurso, especialmente). De todo modo, a parte sobre o trabalho do diplomata continua bem informativa e atual. Google it! CARREIRA E SALÁRIOS A hierarquia da carreira de diplomata é a seguinte (do cargo mais alto ao cargo inicial): Ministro de Primeira Classe (vulgo “Embaixador”) Ministro de Segunda Classe (vulgo “Ministro”) Conselheiro Primeiro-Secretário Segundo-Secretário Terceiro-Secretário Os aprovados no CACD entram no posto de Terceiro-Secretário, e a promoção dá-se por tempo de profissão e por mérito. É de vinte anos de carreira o tempo mínimo previsto em lei para chegar ao cargo de Ministro de Primeira Classe (normalmente, demora mais, e nem todos os diplomatas que entram chegarão a embaixador algum dia). Não vou entrar nos mínimos detalhes das promoções e das atribuições específicas, pois acho desnecessário. Tratarei, brevemente, do funcionamento das promoções e das remoções. Minhas considerações seguintes estão baseadas no Decreto Presidencial nº 6.659, de 8 de setembro de 2008, na Portaria do MRE nº 222, de 8 de abril de 2010, e na Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006. Algumas das frases são do decreto, da portaria ou da lei supracitados, mas não vou pôr referências (só porque referência é chato de fazer mesmo). Há muitos dados pontuais e informações que você, como concursando, não precisa saber. Incluí apenas alguns dados para que os interessados possam ter acesso a essa informação de maneira mais fácil, já que tudo está bastante disperso na internet. A promoção diz respeito à passagem do diplomata à classe imediatamente superior à que pertence, quando verificada a existência de vaga naquela classe. As promoções obedecem aos critérios: I - promoção a Ministro de Primeira Classe, Ministro de Segunda Classe, Conselheiro e Primeiro-Secretário, por merecimento; II - promoção a Segundo-Secretário, obedecida a antiguidade na classe e a ordem de classificação no CACD. Poderá ser promovido somente o diplomata das classes de Ministro de Segunda Classe, Conselheiro, Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro-Secretário que contar pelo menos três anos de interstício de efetivo exercício na respectiva classe, sendo que o tempo de serviço prestado em posto no exterior dogrupo C é computado em dobro, e o tempo de serviço prestado em posto do grupo D é computado em triplo para fins de promoção, a partir de um ano de efetivo exercício no posto5. Para ser promovido a Primeiro-Secretário, o Segundo-Secretário, além de cumprir os requisitos acima, também precisa concluir o CAD (Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas) e ter, no mínimo, dois anos de serviços prestados no exterior. Para ser promovido a Conselheiro, o Primeiro- Secretário, além de cumprir os requisitos acima, precisa ter, no mínimo, dez anos de carreira (com um mínimo de cinco deles no exterior). Para ser promovido a Ministro de Segunda Classe, o Conselheiro, além de cumprir os requisitos acima, precisa concluir o CAE (Curso de Altos Estudos) e ter, no mínimo, quinze anos de carreira (com, no mínimo, sete anos e meio no exterior). Para ser promovido a Ministro de Primeira Classe, o Ministro de Segunda Classe, além de cumprir os requisitos acima, precisa ter, no mínimo, vinte anos de exercício (com, no mínimo, dez no exterior) e três anos de exercício, como titular, de funções de chefia equivalentes a nível igual ou superior a DAS-4 na Secretaria de Estado (Brasília) ou em posto no exterior (“DAS” é uma classificaç~o dos funcionários públicos enquadrados em funções de assessoramento de direção superior – se não ficou claro para você, não se preocupe, isso não é tão importante agora; os cargos correspondentes a essas funções têm previsão em decreto presidencial). Há dezenas de outras particularidades com relação às promoções, mas acho que citei o principal. Passemos, agora, ao regime de lotações (lotação corresponde à designação do posto de trabalho do diplomata no exterior, seja com origem na Secretaria de Estado e com destino a um posto no exterior, seja entre postos no exterior). Tratarei apenas da lotação de Terceiros-Secretários (semelhante à de Primeiros-Secretários e de Segundos-Secretários), que é o que lhes interessará nos anos iniciais da carreira. Os Terceiros-Secretários deverão servir, efetivamente, durante três anos em cada posto e seis anos consecutivos no exterior. A permanência no exterior do Terceiro-Secretário poderá, no interesse do diplomata e atendida a conveniência do serviço, estender-se a dez anos consecutivos, desde que, nesse período, sirva em postos dos grupos C e D. A permanência inicial de Terceiro-Secretário nos postos dos grupos C e D não será superior a dois anos, podendo ser prorrogada por prazo de até dois anos, atendida a conveniência da administração e mediante expressa anuência do chefe do posto e do interessado. Após três anos de lotação em posto dos grupos A ou B, o Terceiro-Secretário poderá permanecer no posto por mais um ano, desde que atendida a conveniência da administração e mediante expressa anuência do chefe do posto e do interessado. Após permanência adicional de um ano em posto do grupo A, o Diplomata somente poderá ser removido para posto dos grupos C ou D ou para a Secretaria de Estado. Veja, a seguir, a classificação dos postos no exterior (Portaria nº 224, de 8 de abril de 2010). Legenda: E = Embaixada; EC = Escritório Comercial; EF = Escritório Financeiro; ER = Escritório de Representação; M =Missão; C = Consulado; CG = Consulado-Geral; VC = Vice-Consulado 5 Os postos no exterior são classificados em categorias de A a D. Essa classificação leva em consideração vários aspectos, como qualidade de vida e segurança ao trabalho dos diplomatas e a suas famílias. Essa gradação, entretanto, não tem relação com a importância do país para a política externa brasileira. Apesar dos maiores riscos e da menor qualidade de vida, alguns dos postos C e D têm grande destaque nas prioridades de nossa política externa atual. POSTO PAÍS CLASSE E Abidjã Costa do Marfim D E Abu-Dhabi Emirados Árabes Unidos C E Abuja Nigéria D E Acra Gana D E Adis Abeba Etiópia D E Amã Jordânia C E Ancara Turquia C E Argel Argélia C E Assunção Paraguai B E Astana Cazaquistão D E Atenas Grécia B E Bagdá Iraque D E Baku Azerbaijão C E Bamako Mali D E Bangkok Tailândia C E Basse-Terre São Cristóvão e Névis D E Beirute Líbano C E Belgrado Sérvia C E Belmopan Belize D E Berlim Alemanha A E Berna Suíça A E Bissau Guiné-Bissau D E Bogotá Colômbia C E Bratislava Eslováquia C E Brazzaville Congo D E Bridgetown Barbados C E Bruxelas Bélgica A E Bucareste Romênia C E Budapeste Hungria B E Buenos Aires Argentina A E Cairo Egito C E Camberra Austrália B E Caracas Venezuela C E Cartum Sudão D E Castries Santa Lúcia C E Cingapura Cingapura C E Colombo Sri Lanka D E Conacri Guiné D E Copenhague Dinamarca B E Cotonou Benim D E Daca Bangladesh D E Dacar Senegal D E Damasco Síria C E Dar es Salam Tanzânia D E Díli Timor-Leste D E Doha Catar C E Dublin Irlanda B E Estocolmo Suécia B E Freetown Serra Leoa D E Gaborone Botsuana D E Georgetown Guiana D E Guatemala Guatemala C E Haia Países Baixos A E Hanói Vietnã D E Harare Zimbábue D E Havana Cuba C E Helsinki Finlândia C E Iaundê Camarões D E Ierevan Armênia C E Islamabade Paquistão D E Jacarta Indonésia C E Kiev Ucrânia C E Kingston Jamaica C E Kingstown São Vicente e Granadinas C E Kinshasa Rep. Dem. do Congo D E Kuaite Kuaite C E Kuala Lumpur Malásia C E La Paz Bolívia C E Libreville Gabão D E Lima Peru C E Lisboa Portugal A E Liubliana Eslovênia C E Lomé Togo D E Londres Reino Unido A E Luanda Angola D E Lusaca Zâmbia D E Madri Espanha A E Malabo Guiné Equatorial D E Manágua Nicarágua C E Manila Filipinas C E Maputo Moçambique D E Mascate Omã C E México México B E Montevidéu Uruguai B E Moscou Rússia C E Nairóbi Quênia D E Nassau Bahamas C E Nicósia Chipre C E Nova Delhi Índia C E Nuakchott Mauritânia D E Oslo Noruega B E Ottawa Canadá B E Panamá Panamá C E Paramaribo Suriname D E Paris França A E Pequim China C E Porto Príncipe Haiti D E Port-of- Spain Trinidad e Tobago C E Praga República Tcheca B E Praia Cabo Verde D E Pretória África do Sul C E Pyongyang Coreia do Norte D E Quito Equador C E Rabat Marrocos C E Riade Arábia Saudita D E Roma Itália A E Roseau Dominica C E Saint George’s Granada C E Saint John’s Antígua e Barbuda C E Santiago Chile B E São Domingos República Dominicana C E São José Costa Rica C E São Salvador El Salvador C E São Tomé São Tomé e Príncipe D E Seul Coreia do Sul C E Sófia Bulgária C E Teerã Irã C E Tegucigalpa Honduras C E Tel Aviv Israel C E Tirana Albânia C E Tóquio Japão B E Trípoli Líbia C E Túnis Tunísia C E Uagadugu Burkina Faso D E Varsóvia Polônia B E Vaticano Vaticano A E Viena Áustria A E Washington EUA A E Wellington Nova Zelândia C E Windhoek Namíbia D E Yangon Myanmar D E Zagreb Croácia C EC Taipé China C EF Nova York EUA A ER Ramalá Palestina D M Bruxelas Bélgica A M Genebra Suíça A M Genebra- DESARM Suíça A M Genebra- OMC Suíça A M Lisboa Portugal A M Montevidéu Uruguai B M Montreal Canadá B M Nova York EUA A M Paris França A M Roma Itália A M Viena Áustria A M Washington EUA A C Chuí Uruguai C C Ciudad Guayana Venezuela D C Iquitos Peru D C Pedro Juan Caballero Paraguai D C Rivera Uruguai C CG Assunção Paraguai B CG Atlanta EUA B CG Barcelona Espanha ACG Beirute Líbano C CG Boston EUA A CG Buenos Aires Argentina A CG Caiena Guiana Francesa D CG Cantão China C CG Caracas Venezuela C CG Chicago EUA A CG Cidade do Cabo África do Sul B CG Ciudad del Este Paraguai C CG Córdoba Argentina B CG Frankfurt Alemanha B CG Genebra Suíça A CG Japão C Hamamatsu CG Hartford EUA B CG Hong Kong EUA C CG Houston EUA B CG Istambul Turquia C CG Lagos Nigéria D CG Lisboa Portugal A CG Londres Reino Unido A CG Los Angeles EUA A CG Madri Espanha A CG Mendoza Argentina B CG México México B CG Miami EUA A CG Milão Itália A CG Montevidéu Uruguai B CG Montreal Canadá B CG Mumbai Índia D CG Munique Alemanha B CG Nagoya Japão C CG Nova York EUA A CG Paris França A CG Porto Portugal B CG Roma Itália A CG Rotterdam Países Baixos B CG Santa Cruz de la Sierra Bolívia C CG Santiago Chile B CG São Francisco EUA A CG Sidney Austrália B CG Tóquio Japão C CG Toronto Canadá B CG Vancouver Canadá B CG Washington EUA A CG Xangai China C CG Zurique Suíça B VC Artigas Uruguai C VC Cobija Bolívia D VC Cochabamba Bolívia C VC Concepción Paraguai C VC Encarnación Paraguai C VC Guayaramerin Bolívia D VC Lethem Guiana D VC Letícia Colômbia D VC Paso de los Libres Argentina C VC Puerto Ayacucho Venezuela D VC Puerto Iguazu Argentina C VC Puerto Suarez Bolívia D VC Rio Branco Uruguai C VC Saltos do Guaira Paraguai C VC Santa Elena do Uairen Venezuela D A primeira remoção para o exterior deve obedecer a alguns requisitos: para candidatar-se a postos das classes A ou B, o Terceiro-Secretário deve haver cumprido três anos de exercício efetivo na Secretaria de Estado (sendo esse prazo de dois anos para candidaturas a postos da classe C e de um ano para postos da classe D). Nas remoções entre postos no exterior de Diplomatas das classes de Conselheiro, Primeiro- -Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário, vale que: I - os que estiverem servindo em posto do grupo A somente poderão ser removidos para posto dos grupos B, C ou D; II - os que estiverem servindo em posto do grupo B somente poderão ser removidos para posto dos grupos A ou B; III - os que estiverem servindo em posto dos grupos C ou D somente poderão ser removidos para posto do grupo A. O diplomata das classes de Conselheiro, Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro- -Secretário removido para a Secretaria de Estado poderá, na remoção seguinte, ser designado para missão permanente em posto de qualquer grupo, desde que sua estada na Secretaria de Estado tenha sido de um ano, se regressou de posto dos grupos C ou D, dois anos, se retornou de posto do grupo B, e quatro anos, se proveniente de posto do grupo A. Por fim, adiciono apenas que, quando no Brasil, não há obrigatoriedade de residência em Brasília para os diplomatas. Há, também, possibilidade de lotação em um dos oito escritórios de representação do Itamaraty (Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife), mas não sei como funcionam. Acho que, com isso, esgoto os aspectos principais das promoções e das remoções da carreira. Como disse, há muitos outros detalhes, mas acho desnecessários agora. O pouco que apresentei acima já deve satisfazer a boa parte de seus questionamentos a respeito dessas temáticas. Qualquer dúvida, procure os documentos legais a que me referi anteriormente, pois eles explicam o funcionamento de cada um desses mecanismos em detalhes. Com relação a férias, só há férias após seis meses da chegada ao posto, e as férias são iguais às de qualquer funcionário público: 30 dias corridos, que podem ser divididos em três períodos de dez dias ou em dois períodos de quinze dias. Tanto no exterior quanto na Secretaria de Estado, é a mesma coisa. Há uma observação com relação aos Terceiros-Secretários que ainda estudam no IRBr. Há, sim, férias anuais, mas o IRBr determina quando elas deverão ser tiradas, já que devem correspondem aos períodos de recesso das aulas do Curso de Formação (algumas semanas de janeiro e de julho). Passemos aos salários. As remunerações de servidores públicos federais podem ser consultadas na página do Ministério do Planejamento (seç~o “Sítio do Servidor Público”), acessada pelo link a seguir: http://www.servidor.gov.br/publicacao/tabela_remuneracao/bol_remuneracao.htm. De acordo com a tabela de salários divulgada no “Caderno nº 57”, de 2011, as remunerações da carreira de diplomata são (valores brutos para cargos no Brasil): CARGO SALÁRIO Ministro de Primeira Classe (“Embaixador”) R$18.478,45 Ministro de Segunda Classe (“Ministro”) R$17.769,20 Conselheiro R$16.541,31 Primeiro-Secretário R$15.395,04 Segundo-Secretário R$14.331,13 Terceiro-Secretário R$12.962,12 Além do valor acima, o Terceiro-Secretário também recebe R$456,00 de auxílio alimentação (suponho que seja o mesmo valor para todos os diplomatas). Somado ao subsídio de R$12.962,12, o salário bruto é de R$13.418,12. Desse valor, há desconto de R$ 1.425,83 para seguridade social e de R$ 2.479,69 para imposto de renda retido na fonte, o que dá um salário líquido de R$ 9.512,60 (valores referentes a agosto de 2011). Vale lembrar que ainda há, anualmente, a restituição do imposto de renda. Os descontos (Imposto de Renda e INSS) fazem que o salário líquido seja de, aproximadamente, 75% do valor acima. Esse salário, entretanto, é para quem trabalha no Brasil. No exterior, os salários são maiores e cotados em dólar, mas variam bastante, sendo reajustados de acordo com o poder de compra da moeda local, com o nível na hierarquia da carreira, com o estado civil do diplomata e com o número de dependentes. Diplomatas lotados no exterior podem receber, ainda, ajuda de custo para o aluguel. Não sei muito bem como funcionam as gratificações, mas acho que, pelo que já ouvi falar, é mais ou menos o seguinte. O salário é composto do vencimento base mais duas gratificações (GDAD – Gratificações de Desempenho de Atividade Diplomática), como em todos os cargos públicos federais: GDAD institucional e GDAD individual. Enquanto estão no PROFA-I, os Terceiros- Secretários já recebem a GDAD individual, mas em seu valor mínimo. A primeira avaliação ocorre seis meses depois da posse, quando, aí sim, a GDAD pode aumentar até 100% do valor do vencimento base (mas isso varia em cada caso). Só para deixar claro, o valor de R$12.962,12 previsto no edital do CACD 2011 já inclui tanto o vencimento base quanto as gratificações. Em Brasília, há, ainda, a possibilidade de morar em um apartamento funcional. Como era de se esperar, não há apartamentos suficientes para todos (considere, ainda, que, só de 2006 a 2010, entraram quase 550 novos diplomatas no MRE). Além disso, não são de graça (em alguns, o valor do condomínio é bem caro, inclusive). Nas turmas com mais de 100 vagas, a fila de espera foi de cerca de um ano a um ano e meio, segundo informações extraoficiais (se tiver filhos, você passa na frente dos demais na fila). Não sei como anda ultimamente. Dúvidas Frequentes: a carreira - Existe um limite ou uma idade “certa”, para tornar-se diplomata? Não. Todos os anos, são aprovados candidatos com idades bastante diferentes. Acredito que não haja uma média etária muito bem delimitada. No cursinho mesmo, conheci muita gente de diferentes faixas etárias. No geral, acho que é frequente a entrada de candidatos entre vinte e poucos e quarenta e poucos anos. Para prestar o CACD, o mínimo é de 18 anos, mas não há limite máximo de idade, salvo o previsto na Constituição Federal (70 anos).- Sendo diplomata, dá para trabalhar em outro lugar também? É vedada a acumulação de cargos públicos, salvo para exercício da profissão de professor. Há vários diplomatas que dão aulas em cursinhos preparatórios para o CACD, em universidades etc. De todo modo, são oito horas diárias de trabalho no Ministério (mesmo durante o PROFA-I, não sobra muito tempo livre). Se você conseguir conciliar as duas coisas, sem problemas. - E estudar? A mesma coisa. Há alguns diplomatas que conciliam o PROFA-I e/ou o trabalho no Ministério com o mestrado em Relações Internacionais na UnB, por exemplo. Se você der conta, ótimo. O problema é que a questão de horários pode não ser tão favorável, e você poderá, ocasionalmente, ter de abrir mão de alguma coisa. - Quando terei meu passaporte diplomático? Assim que tomam posse, os Terceiros-Secretários podem solicitar sua identidade funcional e seu passaporte diplomático, que pode ser usado mesmo durante o período de férias. De todo modo, vale lembrar que isso não deixa os diplomatas imunes à necessidade de visto e de cumprimento dos regulamentos internacionais para circulação de passageiros (podendo, por exemplo, ser revistados em aeropostos etc.). - Diplomata paga imposto? Lógico que paga. Acho que muitos se confundem porque, no exterior, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, os diplomatas não pagam impostos diretos (ou outros para os quais houver reciprocidade) para o governo do país onde estão acreditados (imposto de renda, IPVA, IPTU...). Isso não significa, entretanto, que diplomatas não paguem impostos indiretos (embutidos nos preços das mercadorias) ou, ainda, Imposto de Renda e Previdência Social para a União no Brasil (conforme previsão da Lei 8112/90 - Estatuto do Servidor Público Federal). Mesmo quando o diplomata está no exterior, continua pagando Imposto de Renda (a base de cálculo é diferenciada, não sei direito como é) e Previdência Social (para que o tempo de contribuição conte para a aposentadoria). - Se eu for casado(a) com outra pessoa do serviço exterior brasileiro, conseguiremos uma remoção para o mesmo lugar? É, sim, possível. Segundo algumas informações que já li, o MRE facilita as coisas para casais de diplomatas, dando prioridade para que sirvam no mesmo posto. Isso não impede que sejam removidos para postos diferentes, caso queiram (vale lembrar que não há remoção obrigatória). É claro que pode ser mais difícil encontrar postos no exterior em que haja duas vagas especificamente correspondentes aos cargos dos diplomatas em questão - ou de um(a) diplomata e de um(a) oficial ou assistente de chancelaria. Se o casal ocupar o mesmo grau hierárquico (e.g. os dois são embaixadores), isso pode ser mais complicado. De todo modo, dá-se um jeito. - Já vou receber salário durante o Curso de Formação? Sim, durante o Curso de Formação, os Terceiros-Secretários já recebem o salário integral da categoria. Parte II – O CACD O Concurso O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) é, como o nome indica, o concurso público de entrada no cargo de diplomata do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O CACD é, há algum tempo, realizado anualmente, composto por quatro etapas e realizado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe – site: http://www.cespe.unb.br). Para poder assumir o cargo, as principais exigências, são: ser brasileiro nato e possuir diploma universitário de qualquer formação (há mais pré-requisitos, mas esses são os mais importantes). Essas exigências, entretanto, aplicam-se apenas aos aprovados, para que possam assumir o cargo. Qualquer pessoa pode, independentemente de já possuir o diploma em mãos, fazer o concurso (isso é comum a pessoas que tentam o CACD durante a universidade, por exemplo). Nesse caso, se for aprovado, o candidato deverá apresentar o diploma. Obviamente, se não o fizer, perderá a vaga. O CACD é dividido em quatro fases, que são as seguintes: 1ª FASE: duas provas objetivas (com questões de Certo ou Errado e de múltipla escolha, com penalização para erros) com questões de: Português, Inglês, História Mundial, História do Brasil, Geografia, Política Internacional, Noções de Direito e de Direito Internacional Público e Noções de Economia6. De 2008 a 2010, a prova valia 80 pontos; em 2011, voltou a valer 65 pontos (o número de pontos equivale ao número de questões; questões de Certo ou Errado são compostas por quatro itens; questões de múltipla escolha têm cinco alternativas). As duas provas são realizadas no mesmo dia, normalmente um domingo, pela manhã e pela tarde. A primeira fase também é conhecida como TPS (Teste de Pré-Seleção), seu antigo nome – que, apesar de abandonado pela banca organizadora, continua no vocabulário dos cursinhos preparatórios e de muitos candidatos. 2ª FASE: uma prova discursiva de Português, que consiste de uma redação sobre tema geral (80-120 linhas), com valor de 60 pontos, e de duas interpretações, análises ou comentários sobre temas específicos (15-25 linhas), valendo 20 pontos cada, com valor total de 100 pontos. Para ser aprovado, o candidato precisa fazer, no mínimo, sessenta pontos na prova. 3ª FASE: seis provas discursivas de: Geografia, História do Brasil, Inglês, Noções de Direito e de Direito Internacional Público, Noções de Economia e Política Internacional. Essas provas, exceto Inglês, consistem de quatro questões (os números de linhas variam entre as matérias: duas questões de 90 linhas e duas de 60 linhas para as provas de Geografia, de História do Brasil e de Política Internacional; duas questões de 60 linhas e duas de 40 linhas para as provas de Direito e de Economia; uma redação em Inglês de 45 a 60 linhas, uma versão do Português para o Inglês com cerca de 150 palavras, uma tradução do Inglês para o Português com cerca de 150 palavras e um resumo de até 200 palavras de um texto de cerca de 1000 palavras7 para a prova de Inglês). Cada prova da terceira fase tem o valor de 100 pontos. Para ser aprovado na terceira fase e ter suas notas da quarta fase divulgadas, o candidato precisa somar, ao menos, 360 pontos no total das seis provas, independentemente da distribuição desses pontos em cada uma dessas provas. Se não conseguir esse limite mínimo, o candidato está, automaticamente, desclassificado. 6 O termo “noções” para as provas de Direito e de Economia n~o significa, obviamente, que sejam provas f|ceis ou que não seja necessário estudar tanto, apenas indica que a cobrança não é tão aprofundada quanto nas demais. 7 Os números aproximados de palavras das traduções e do texto para resumo foram baseados na prova de 2011. Nada impede que esse valor mude de um ano para o outro. Em concursos anteriores, já houve textos maiores e menores. Vide provas anteriores. 4ª FASE: provas discursivas de Francês e de Espanhol (cada prova contém, normalmente, dez questões de interpretação de texto, cada questão valendo 5 pontos; são, normalmente, um ou dois textos para interpretação; o valor total de cada prova é de 50 pontos, somando 100 pontos as duas provas juntas). Os candidatos devem fazer as provas dos dois idiomas, não é possível escolher apenas um. Não é necessário atingir um mínimo de pontos na quarta fase, raz~o pela qual ela é chamada de “classificatória”, n~o “eliminatória”. Nos últimos concursos, entretanto, essa fase tem tido grande relevância, sendo decisiva para definir os aprovados no concurso e a classificação final no certame. Passar para a quarta fase não significa estar aprovado no concurso (afinal, há um limite de vagas). É necessário somar as notas da segunda, da terceira e da quarta fases, para obter a pontuação final do concurso epara calcular a colocação final. Logo após a primeira fase, o Cespe libera o gabarito preliminar (cerca de dois dias após a realização da prova). Após a liberação do gabarito preliminar, os candidatos têm, normalmente, outros dois dias, para elaborar os recursos ao gabarito preliminar das questões (na última seção da Parte III, tratarei dos recursos mais detidamente). A banca examinadora do concurso leva cerca de três semanas, para, então, divulgar o gabarito definitivo e o resultado final da primeira fase do concurso. Questões anuladas têm a pontuação concedida a todos os candidatos, e questões com alteração de gabarito também têm efeito para todos os candidatos (ou seja, sua nota pode variar para cima ou para baixo entre o gabarito provisório e o gabarito final da primeira fase, de acordo com as modificações no gabarito). É desnecessário dizer que não há como prever qual será a nota necessária à aprovação na primeira fase, uma vez que são aprovados, como regra geral, os trezentos primeiros candidatos (em caso de empate na última colocação, são convocados todos os candidatos empatados com aquela pontuação). Desse modo, antes da divulgação dos resultados finais da primeira fase, não há como ter certeza da aprovação para a próxima fase. De qualquer forma, veja a porcentagem mínima (valores arredondados da nota do 300º colocado) para aprovação na primeira fase dos últimos concursos realizados na tabela ao lado. Vale observar que, em 2007, não houve questões de Economia e de Direito na primeira fase, o que pode justificar a nota de corte mais elevada em relação aos demais anos. Os cursinhos costumam elaborar rankings (também disponíveis em grupos como o “Instituto Rio Branco”, no Facebook, e o “Coisas da Diplomacia”, no Orkut) com as notas obtidas pelos candidatos, de acordo com o gabarito preliminar. Esses rankings, obviamente, não são precisos, e, visto que grande parte dos candidatos em condições de ir à segunda fase fica com pontuações muito próximas (no chamado “limbo”), passar ou não passar pode dever-se a poucos décimos (ou seja, para muitos, as mudanças no gabarito oficial fazem toda a diferença). Apesar disso, com base nesses rankings, é possível ter uma noção de como o candidato está em relação aos demais, para saber se deve estudar para a segunda fase. Isso é extremamente importante, pois o resultado oficial da primeira fase sai, normalmente, na mesma semana da prova da segunda fase. Assim, se o candidato não começar a preparar-se com antecedência, não terá tempo suficiente para fazê-lo apenas após o resultado oficial da primeira fase. Os cursinhos preparatórios também costumam divulgar uma previsão de margem de erro (ex.: de x% a y%, há alguma chance; de y% a z%, há boas chances etc.). Mesmo que você não tenha feito cursinho (ou queira saber as médias dos candidatos de um cursinho que você não frequentou), basta ligar em algum deles e perguntar. Outros candidatos disponibilizam essa informação na fóruns virtuais como a comunidade “Coisas da Diplomacia” (Orkut) e o grupo “Instituto Rio Branco” (Facebook). Se vir que tem alguma chance de ser aprovado, não perca tempo e comece a estudar para a segunda fase (especialmente para a segunda fase, considero o cursinho essencial, mas digo isso apenas com base em minha experiência; cada um, é claro, deve saber o que é melhor para si, dentro de suas condições). Acho que é melhor estudar e não ser aprovado que não estudar e ser aprovado no susto, desperdiçando a oportunidade. De qualquer modo, não é conhecimento perdido. Ano Corte 2011 63% 2010 66% 2009 68% 2008 69% 2007 76% 2006 69% Ainda que não seja aprovado, você já adianta os estudos para a segunda fase do concurso seguinte. Há, também, alunos que, mesmo sabendo que não passaram (ou mesmo nem havendo feito o concurso), matriculam-se nos cursos intensivos, para não ter de fazer os cursos regulares, que duram vários meses. Na primeira fase, o Cespe divulga os nomes e as pontuações apenas dos aprovados. Teoricamente, as folhas de respostas de todos os candidatos também são divulgadas. Para as fases seguintes, os respectivos resultados finais apresentam os nomes e as notas de todos os candidatos que foram aprovados para aquela fase, ainda que não tenham obtido a pontuação mínima exigida. Erro comum (principalmente de amigos e de familiares desavisados) é achar que só porque o nome do candidato saiu na relação do Cespe significa que foi aprovado naquela fase. Não é bem assim. Na segunda e na terceira fases, é necessário fazer o mínimo de 60% na nota total da respectiva fase. Além disso, o resultado final do concurso também apresenta as notas finais dos candidatos classificados, com a respectiva classificação. Ser classificado não significa ser aprovado no concurso. É necessário observar o número total de vagas oferecidas. O número de candidatos classificados é divulgado em edital (em 2011, 60 candidatos foram classificados), o que significa que, caso haja uma expansão das vagas, o número máximo de convocados será igual ao número de classificados (em 2011, houve grande expectativa em relação a isso, já que, com a iminência de aprovação de um projeto de lei que prevê a expansão das vagas para a carreira diplomática, os candidatos classificados no concurso – aqueles que não foram aprovados, mas que ficaram entre a 27ª e a 60ª colocação – poderiam ser chamados8). Com relação à segunda fase, se você olhar os resultados dos últimos concursos, verá que uma “simples” prova de Redação pode ser muito mais complicada do que parece. Não vou me estender quanto às idiossincrasias da banca, disponíveis aos montes em vários fóruns na internet. Ressalto apenas o seguinte: não se deixe enganar, achando que Redação é algo tranquilo ou que “se n~o sou bom em Português, compenso em outras matérias”. Na segunda fase, isso n~o é possível. Muita gente boa não passa na segunda fase por um motivo que, no fim das contas, é relativamente simples. A segunda fase não é uma prova que testa toda a criatividade e a capacidade inventiva dos candidatos. Pelo contrário, é uma prova bastante técnica. Você não está fazendo uma redação para entrar em uma universidade, ocasião em que se quer provar sua capacidade de raciocínio e sua criatividade, cobrando-se narrações, fábulas ou dissertações politicamente engajadas. Trata-se de uma redação para ser admitido em um concurso público, e, como tal, a avaliação visa a verificar a capacidade de os candidatos lidarem com a modalidade culta da língua portuguesa de maneira (por falta de termo melhor) “diplom|tica”. Isso envolve, entre inúmeras outras coisas, n~o usar linguagem conotativa, evitar preciosismos, ter argumentos claros e explícitos em cada parágrafo etc. Olhe as melhores respostas dos Guias de Estudos dos concursos anteriores, para ter uma noção do “estilo” de escrita preferido pela banca (todos os Guias de Estudos podem ser encontrados na página do Instituto Rio Branco ou no site do Cespe). Entre a realização da segunda fase e o início das provas da terceira fase, há um intervalo relativamente grande, de quase dois meses. Nesse período de tempo, ocorrem: correção da prova da segunda fase, divulgação dos resultados provisórios, período para interposição de recursos à correção, análise dos recursos interpostos e divulgação do resultado final da segunda fase. Os candidatos aprovados na segunda fase (ou seja, aqueles que fizerem mais de 60 pontos de 100 na prova de Redação) passam à terceira fase, na qual são avaliados conhecimentos mais específicos nas seis provas que a compõem. A terceira fase é aplicada, normalmente, em três finais de semanas consecutivos, com uma prova no sábado e outra no domingo. Assim, esgotam-se as seis provas. A aplicação da quarta fase costuma ser concomitante à da terceira (em 2011, por exemplo, as duas provas da quarta fase foram aplicadasna tarde do último domingo de provas da terceira fase, mas isso pode variar; em 2010, por exemplo, as duas provas foram feitas em dias separados) – embora só sejam divulgadas as notas das provas da quarta fase dos candidatos que obtiverem o somatório 8 Até o fechamento deste documento, não havia maiores novidades com relação a esse tema. O Projeto de Lei que cuida dessa temática é o PL 7579/2010. Atualmente (agosto/2001), o PL está em tramitação na Câmara dos Deputados. mínimo de 360 pontos na terceira fase, como já indicado anteriormente. Em síntese, a terceira e a quarta fases são aplicadas em três finais de semana consecutivos, mas a ordem das provas costuma variar todos os anos. O resultado final do concurso é dado pelo somatório das notas da segunda, da terceira e da quarta fases (como se pode ver, a nota da primeira fase é descartada, contando apenas como último critério de desempate, após vários outros). A seguir, veja uma tabela com as pontuações de alguns candidatos dos últimos concursos realizados. Estão discriminadas as pontuações totais dos candidatos que ficaram no 1º, no 25º, no 50º, no 75º e no 100º lugar, nos últimos seis concursos. Ano Resultado Final (soma da 2ª, da 3ª e da 4ª fases) 100º lugar 75º lugar 50º lugar 25º lugar 1º lugar 2011 524,61/800 65,6% 534,23 66,8% 544,83 68,1% 566,86 70,8% 603,38 75,4% 2010 516,62/800 64,5% 536,53 67,0% 546,84 68,3% 565,89 70,7% 621,11 77,6% 2009 485,50/800 60,6% 506,75 63,3% 526,00 65,7% 559,00 69,8% 611,00 76,3% 2008 484,90/750 64,6% 504,75 67,3% 525,70 70,0% 549,25 73,2% 629,25 83,9% 2007 453,75/750 60,5% 472,20 62,9% 491,25 65,5% 510,35 68,0% 583,10 77,7% 2006 450,40/750 60,0% 475,50 63,4% 496,75 66,2% 517,50 69,0% 571,00 76,1% Dúvidas Frequentes: o concurso - Ainda há entrevista/prova oral? Não existe mais. - É possível passar no concurso enquanto trabalha 8h por dia? Já vi vários casos assim. É óbvio que isso deve requerer uma disciplina ainda maior, estudos ainda mais puxados etc., mas nem todo mundo que passa no CACD teve tempo de estudos integral. Casos de quem é aprovado com 6 ou 8 horas diárias de trabalho são mais frequentes do que se imagina. - Quanto vou gastar com cursinho? É impossível fazer uma estimativa, tudo depende muito de diversos fatores, entre eles: a quantidade de matérias que você irá cursar, o cursinho que irá frequentar (há grande diferença de preços e de qualidade, não necessariamente proporcionais), o tempo gasto até a aprovação, as eventuais despesas de morar fora etc. Mesmo se alguém quiser só uma estimativa, uma margem de gastos, não tem como dar. Você pode gastar R$2.000, R$10.000, R$20.000 ou mais só com cursinho, então, infelizmente, essa informação é muito relativa. - Vou começar a estudar do “zero”. Por onde começo? Não sei o que dizer nessa situação. Talvez, por História Mundial. Fazer uma prova de primeira fase antiga, só para ter uma noção geral do nível da prova, pode ajudar (mas também pode desanimar, e muito). Tente equilibrar as coisas: um pouco de História, Geografia e Português (que são revisões dos tempos de colégio), passe para as demais disciplinas (Economia e Direito) e acho que Política Internacional pode deixar para começar um pouco depois, já que muita coisa depende de conhecimentos de todas as outras disciplinas. Só não se esqueça de dar atenção, também, às línguas: Inglês, Francês e Espanhol têm sido essenciais. Não as despreze. - Posso ter tatuagem? N~o h| nenhuma proibiç~o. Alguns diziam: “mas eles podem implicar na hora da entrevista”. Problema resolvido, pois n~o h| mais entrevista. H|, apenas, exame médico e psicológico, que só impedem a posse se houver alguma doença séria que incapacite o candidato ao eficaz exercício da profissão. - Preciso fazer Direito ou Relações Internacionais? Não. Qualquer curso superior reconhecido pelo MEC é válido. De todo modo, acho que predominam, entre os aprovados, os formados nessas áreas. Em 2011, foram 9 graduados em Direito e 7 graduados em Relações Internacionais. Apesar disso, houve, também, aprovados graduados em: Filosofia, Comunicação, Psicologia, Publicidade, Antropologia, Economia, Jornalismo, Administração e Letras – Alemão. - Se eu tiver mais de uma graduação/especialização/mestrado/doutorado/PhD, levo vantagem no concurso? Não. Ter mais de uma graduação, especialização, mestrado, doutorado, PhD, experiência profissional, tudo isso não acrescenta nada à pontuação do candidato no concurso. A única coisa que conta para a aprovação é a nota nas provas do concurso e ponto. Não sei se existe uma estatística quanto à parcela dos aprovados que tem um adicional à formação do curso superior, mas eu, mesmo, não tenho nada além de minha graduação e não acho que isso tenha prejudicado ou dificultado em absolutamente nada minha preparação. - No CACD, é possível escolher entre Francês OU Espanhol? Não! Francês E Espanhol. Não sei se muitos se confundem porque, há alguns anos, era diferente, mas ambas as línguas são obrigatórias na quarta fase (em 2011, as provas das duas línguas foram realizadas simultaneamente, com as questões de 1 a 10 de Espanhol e de 11 a 20 de Francês). - Há cotas no concurso? Mais ou menos. Não há reserva de vagas para afrodescendentes, se é o que você pensou. Em 2011, o concurso passou a contar com um bônus para afrodescendentes. No momento da inscrição, os candidatos podiam declarar-se afrodescendentes. Além de convocar para a segunda fase os 300 candidatos mais bem colocados na primeira fase, os próximos 30 candidatos que se houvessem declarado afrodescendentes também foram convocados, com um total de 330 aprovados na primeira fase (mais os aprovados portadores de deficiência, mas eles têm reserva de vaga, os afrodescendentes não). Da segunda fase em diante, não houve qualquer vantagem para os candidatos afrodescendente que foram aprovados na primeira fase entre as trinta vagas adicionais, competindo de igual para igual com os demais. - E as bolsas de estudos para afrodescendentes? Todos os anos (normalmente, no segundo semestre do ano), o Instituto Rio Branco realiza um processo seletivo para candidatos à carreira diplomática que se considerem afrodescendentes e que necessitem de ajuda financeira, para bancar os estudos (“Bolsa-Prêmio de Vocaç~o para a Diplomacia”), que d| bolsa de estudos de R$25.000 aos selecionados. Maiores informações podem ser conseguidas na página do Instituto Rio Branco (http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/programa_de_acao_afirmativa.xml) ou no site do Cespe (página do processo de 2010: http://www.cespe.unb.br/concursos/IRBRBOLSA2010/) Várias outras perguntas frequentes são respondidas no site do Instituto Rio Branco, no endereço: http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/perguntas_freq%C3%BCentes.xml Parte III – A PREPARAÇÃO INTRODUÇÃO O objetivo, aqui, é considerar algumas temáticas que considero relevantes quanto à preparação para o concurso e à resolução das provas em todas as fases. Esta parte está dividida em cinco seções. Em primeiro lugar, um relato de minha experiência de estudos, com importantes sugestões de amigos e de conhecidos e com diversas contribuições recolhidas de sites e de fóruns na internet. Não se trata, propriamente, de recomendação, uma vez que cada um deve adaptar seus estudos às condições em que se encontra (tempo de dedicação, material disponível etc.), mas espero que sirva, ao menos, de uma orientação inicial a quem estiver um pouco perdido, para que possa programar seus estudos e ganhar tempo. Muitos já me perguntaram quais matérias são recomendáveis na universidade. Embora isso seja muito relativo, visto que professores diferentes podem dar a mesma matéria de maneira completamente distinta, fiz uma lista,para facilitar a vida de quem, mesmo sabendo dessas limitações, quer algum conselho nesse aspecto. Essa relação de disciplinas está na segunda seção desta parte. Na terceira seção, trato dos cursos preparatórios para o CACD. Na seção seguinte, falo um pouco sobre algumas sugestões e “macetes” para a hora das provas. Na quinta e última seção desta parte, trato, rapidamente, de algumas considerações (que julgo importantes) a respeito da interposição de recursos aos gabaritos (na primeira fase) e às correções (nas demais fases) do concurso. Agora, vamos ao que interessa. OS ESTUDOS Confesso que, no início dos estudos, foi bastante frustrante aprender coisas que eu, supostamente, deveria haver aprendido na universidade, no curso de Relações Internacionais. Mesmo as matérias que considerei ótimas na universidade nem sempre foram de tanta utilidade quanto eu achei que seriam. Sem dúvida, aprendi muito mais coisas úteis ao CACD nos meses de estudos pré-primeira fase do que nos quatro anos de graduação. Espero, assim, desfazer o mito: Relações Internacionais não é condição sine qua non para a aprovação no CACD. Por isso, acredito que, independentemente do curso superior que você tenha feito, o que mais importa é sua dedicação aos estudos. Não se preocupe: é possível recuperar o tempo perdido em menos tempo do que se imagina. Com disciplina e com foco, é possível, sim, começar a estudar alguns meses antes do concurso e ser aprovado. Ter disciplina é tão importante quanto ser pragmático. Não importa se você terá três meses, três anos ou três décadas de preparação, será impossível conseguir estudar tudo o que poderia ser cobrado no concurso. Como ninguém quer estudar o que poderia ser cobrado, mas o que, de fato, será cobrado, ter noção disso já é um passo fundamental para a preparação. Retomarei essas considerações mais adiante. Com relação ao método de estudos, não sei se tenho muito a acrescentar ao que todo mundo já sabe. Nunca vi nenhum método fabuloso de estudos que me tenha motivado a tentar segui-lo, por isso nem me esforçarei para tentar propor algo nesse sentido. Mais uma vez, é um mero relato de como fiz nos sete meses de estudos mais sérios que tive (setembro 2010 – março 2011) antes do concurso e nos três meses de duração das provas do concurso (abril – julho 2011). Li muitas recomendações de estudos e de leituras, mas, às vezes, tinha a sensação de que faltavam depoimentos de “gente como a gente”, que procrastina, que tenta se sabotar (e que tenta cair na autossabotagem) etc. O motivo para isso é muito simples: se você é assim, ou tenta adaptar seus métodos de estudos às condições em que se encontra, ou não haverá outro jeito. Tentar passar só na base da “enrolaç~o” n~o funciona. Meu maior desafio n~o era a falta de foco, mas o tempo de preparação. Muitos estudam por anos e anos, e eu sabia que a concorrência não seria nada fácil, ainda mais com um número reduzido de vagas com relação ao concurso anterior. Desse modo, tive de cortar leituras desnecessárias, adaptando meus estudos ao tempo que tinha disponível. O relato apresentado a seguir baseia-se, portanto, em uma metodologia voltada para estudos de curto prazo. Se você tiver mais tempo de preparação, ótimo. Há muitos outros relatos disponíveis na internet de candidatos aprovados que relatam seus estudos com mais tempo de preparação, com vasta leitura bibliográfica etc. Tentei reunir todos os relatos que eu encontrei na parte IV desse documento, de modo que os candidatos que estejam a fim de um pouco mais de embasamento nos estudos tenham boas referências. De todo modo, esta parte, por ser voltada a minha preparação, tratará de uma estratégia mais instantânea de estudos. Espero que seja útil. Em minha tentativa de planejar uma estratégia que permitisse conciliar o tempo reduzido de estudos e a quantidade de conteúdo necessária para o concurso, o que foi mais importante foi, sem dúvida, determinar o que seria útil e o que não seria. Não há melhor maneira de fazer isso que ler as provas anteriores do concurso, resolver os TPS, estudar os Guias de Estudos etc. No fim das contas, o tempo reduzido acabou sendo meu aliado. Se eu tivesse mais tempo de preparação, provavelmente perderia mais tempo com leituras desnecessárias para o CACD e com metodologias de estudo não muito eficazes. Desse modo, o modo de estudar que planejei e que segui em minha preparação para o CACD teve suas bases na necessidade de pragmatismo, de estudar apenas o que seria indispensável para o concurso. Por isso, se você for metódico e mais ortodoxo com relação aos estudos, já aviso que poderá desprezar minha experiência pessoal e partir para os estudos, porque todos os meus relatos a seguir estão baseados nessa filosofia de vida da arte do pragmatismo de meios. Comecei a estudar ainda durante o fim da graduação (graduei-me no segundo semestre de 2010), inicialmente lendo algumas coisas de Introdução ao Direito e de Direito Interno, já que minha Introdução ao Direito foi horrível e quase não vi Direito interno na graduação. Resumo desses estudos iniciais: perda de tempo. Eu não tinha muita noção do que deveria estudar, comecei estudando o básico do básico em Direito e acabei me perdendo, gastando mais tempo que deveria com o que, no fim das contas, é inútil para o concurso. É aqui que começa a entrar o necessário pragmatismo, que, a meu ver, torna possível ser aprovado sem anos e anos de estudos. Cai introdução ao Direito nas questões do concurso? Não. Logo, não havia motivos para perder tempo com isso. “Ah, se você n~o estudar a introduç~o, ficar| perdido e n~o conseguir| entender as partes mais importantes e substantivas posteriores”. Se você quisesse fazer correlações entre o Direito interno e a teoria do Direito de Miguel Reale e não sei o quê, tudo bem, mas isso se faz na universidade, não no concurso. Uma coisa é o estudo de universidade, em que se busca adquirir conhecimentos amplos, para que os alunos sejam capazes de relacionar a importância do fundamento teórico de criação de uma disciplina e a teorização contemporânea sobre o que quer que seja. Outra coisa completamente diferente é aprender o que cai no CACD e o que você terá de saber para a prova, e aí todo esse conhecimento básico, em minha opinião, dá apenas uma sensação falsa de conhecimento que, feliz ou infelizmente, não será cobrado no concurso. Depois dessa improdutiva tentativa de leituras iniciais (cerca de dois meses), comecei a fazer cursinho preparatório de algumas matérias (Política Internacional, Português, Geografia, Direito e Redação, nem todas no mesmo cursinho) ainda durante os últimos meses de graduação. No início, ainda dividia os estudos para o CACD com os estudos finais da universidade, e, até o fim de 2010, tudo o que fiz foi seguir as indicações de leitura dos cursinhos e fazer as provas antigas da primeira fase. Hoje, percebo que eu poderia ter ganhado mais tempo caso tivesse optado por algo um pouco diferente, e meus estudos de setembro a dezembro não foram muito produtivos, apenas parcialmente. Já explico mais. Em primeiro lugar, as leituras dos cursinhos não são, no geral, muito boas. Não falo isso com base apenas nas matérias que fiz. Tive acesso a muitas indicações de bibliografias de todas as disciplinas, de diversos cursinhos e de diversas fontes de internet. Tenho certeza de que é provável que a maioria das pessoas que lerão isso ficará meio chocada, mas é minha opinião. Inicialmente, eu tinha a impressão de que, se eu lesse todas as bibliografias indicadas pelos professores de cursinho, estaria plenamente preparado para o concurso, mas isso está longe de ser verdade. Li muitos textos ruins, vagos, não objetivos e praticamente inúteis para o CACD. Por isso, considero que foram inúteis meus estudos iniciais de Introdução ao Direito relatados acima. O que quero
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