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Como estudar para a diplomacia

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Meus Estudos para o 
Concurso de Admissão à 
Carreira de Diplomata 
 
 
 
Bruno Pereira Rezende 
Brasília, setembro/2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
Desde quando comecei os estudos para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), li 
dezenas de recomendações de leituras, de guias de estudos extraoficiais, de dicas sobre o concurso, 
sobre cursinhos preparatórios etc. Sem dúvida, ter acesso a tantas informações úteis, vindas de 
diversas fontes, foi fundamental para que eu pudesse fazer algumas escolhas certas em minha 
preparação, depois de algumas vacilações iniciais. Mesmo assim, além de a maioria das informações 
ter sido conseguida de maneira dispersa, muitos foram os erros que acho que eu poderia haver 
evitado. Por isso, achei que poderia ser útil reunir essas informações que coletei, adicionando um 
pouco de minha experiência com os estudos preparatórios para o CACD neste documento. 
Além disso, muitas pessoas, entre conhecidos e desconhecidos, já vieram me pedir sugestões de 
leituras, de métodos de estudo, de cursinhos preparatórios etc., e percebi que, ainda que sempre 
houvesse alguma diferenciação entre as respostas, eu acabava repetindo muitas coisas. É 
justamente isso o que me motivou a escrever este documento – que, por não ser (nem pretender 
ser) um guia, um manual ou qualquer coisa do tipo, não sei bem como chamá-lo, então fica como 
“documento” mesmo, um relato de minhas experiências de estudos para o CACD. Espero que possa 
ajudar os interessados a encontrar, ao menos, uma luz inicial para que não fiquem tão perdidos nos 
estudos e na preparação para o concurso. 
Não custa lembrar que este documento representa, obviamente, apenas a opinião pessoal do autor, 
sem qualquer vínculo com o Ministério das Relações Exteriores, com o Instituto Rio Branco ou com 
o governo brasileiro. Como já disse, também não pretendo que seja uma espécie de guia infalível 
para passar no concurso. Além disso, o concurso tem sofrido modificações frequentes nos últimos 
anos, então pode ser que algumas coisas do que você lerá a seguir fiquem ultrapassadas daqui a um 
ou dois concursos. De todo modo, algumas coisas são básicas e podem ser aplicadas a qualquer 
situação de prova que vier a aparecer no CACD, e é necessário ter o discernimento necessário para 
aplicar algumas coisas do que falarei aqui a determinados contextos.. 
Além desta breve introdução e de uma também brevíssima conclusão, este documento tem quatro 
partes. Na primeira, trato, rapidamente, da carreira de Diplomata: o que faz, quanto ganha, como 
vai para o exterior etc. É mais uma descrição bem ampla e rápida, apenas para situar quem, 
porventura, estiver um pouco mais perdido. Se não estiver interessado, pode pular para as partes 
seguintes, se qualquer prejuízo para seu bom entendimento. Na segunda parte, trato do concurso: 
como funciona, quais são os pré-requisitos para ser diplomata, quais são as fases do concurso etc. 
Mais uma vez, se não interessar, pule direto para a parte seguinte. Na parte três, falo sobre a 
preparação para o concurso (antes e durante), com indicações de cursinhos, de professores 
particulares etc. Por fim, na quarta parte, enumero algumas sugestões de leituras (tanto próprias 
quanto coletadas de diversas fontes), com as devidas considerações pessoais sobre cada uma. Antes 
de tudo, antecipo que não pretendo exaurir toda a bibliografia necessária para a aprovação, afinal, a 
cada ano, o concurso cobra alguns temas específicos. O que fiz foi uma lista de obras que auxiliaram 
Imagem: ©2010-2011 ~Tom1979th 
http://tom1979th.deviantart.com/art/Palacio-Itamaraty-rendering-154254284 > 
em minha preparação (e, além disso, também enumerei muitas sugestões que recebi, mas não tive 
tempo ou vontade de ler – o que também significa que, por mais interessante que seja, você não terá 
tempo de ler tudo o que lhe recomendam por aí, o que torna necessário é necessário fazer algumas 
escolhas; minha intenção é auxiliá-lo nesse sentido, na medida do possível). 
Este documento é de uso público e livre, com reprodução parcial ou integral autorizada, desde que 
citada a fonte. Sem mais, passemos ao que interessa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte I – A Carreira de Diplomata 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Em primeiro lugar, rápida apresentação sobre mim. Meu nome é Bruno Rezende, tenho 22 anos e 
fui aprovado no Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) de 2011. Sou graduado em 
Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (turma LXII, 2007-20110), e não tinha 
certeza de que queria diplomacia até o meio da universidade. Não sei dizer o que me fez escolher a 
diplomacia, não era um sonho de infância ou coisa do tipo, e não tenho familiares na carreira. Acho 
que me interessei por um conjunto de aspectos da carreira. Comecei a preparar-me para o CACD em 
meados de 2010, assunto tratado na Parte III, sobre a preparação para o concurso. 
 
Para maiores informações sobre o Ministério das Relações Exteriores (MRE), sobre o Instituto Rio 
Branco (IRBr), sobre a vida de diplomata etc., você pode acessar os endereços: 
- Página do MRE: http://www.itamaraty.gov.br/ 
- Página do IRBr: http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/ 
- Canal do MRE no YouTube: http://www.youtube.com/mrebrasil/ 
- Blog “Jovens Diplomatas”: http://jovensdiplomatas.wordpress.com/ 
- Comunidade “Coisas da Diplomacia” no Orkut (como o Orkut está ultrapassado, procurei reunir 
todas as informações úteis sobre o concurso que encontrei por lá neste documento, para que vocês 
não tenham de entrar lá, para procurar essas informações): 
 http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=40073 
- Comunidade “Instituto Rio Branco” no Facebook: 
 http://www.facebook.com/groups/institutoriobranco/ 
Com certeza, há vários outros blogs (tanto sobre a carreira quanto sobre a vida de diplomata), mas 
não conheço muitos. 
 
Além disso, na obra O Instituto Rio Branco e a Diplomacia Brasileira: um estudo de carreira e 
socialização (Ed. FGV, 2007), a autora Cristina Patriota de Moura relata aspectos importantes da 
vida diplomática daqueles que ingressam na carreira. Há muitas informações desatualizadas 
(principalmente com relação ao concurso), mas há algumas coisas interessantes sobre a carreira, e 
o livro é bem curto. 
 
A DIPLOMACIA E O TRABALHO DO DIPLOMATA 
 
Com a intensificação das relações internacionais contemporâneas e com as mudanças em curso no 
contexto internacional, a demanda de aprimoramento da cooperação entre povos e países tem 
conferido destaque à atuação da diplomacia. Como o senso comum pode indicar corretamente, o 
diplomata é o funcionário público que lida com o auxílio à Presidência da República na formulação 
da política externa brasileira, com a condução das relações da República Federativa do Brasil com 
os demais países, com a representação brasileira nos fóruns e nas organizações internacionais de 
que o país faz parte e com o apoio aos cidadãos brasileiros residentes ou em trânsito no exterior. 
Isso todo mundo que quer fazer o concurso já sabe (assim espero). 
Acho que existem certos mitos acerca da profissão de diplomata. Muitos acham que não irão mais 
pagar multa de trânsito, que não poderão ser presos, que nunca mais pegarão fila em aeroporto etc. 
Em primeiro lugar, não custa lembrar que as imunidades a que se referem as Convenções de Viena 
sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares só se aplicam aos diplomatas no exterior 
(e nos países em que estão acreditados). No Brasil, os diplomatas são cidadãos como quaisquer 
outros. Além disso, imunidade não é sinônimo de impunidade, então não ache que as imunidades 
são as maiores vantagens da vida de um diplomata. O propósito das imunidades é apenas o de 
tornar possível o trabalho do diplomata no exterior, sem empecilhos mínimos quepoderiam obstar 
o bom exercício da profissão. Isso não impede que diplomatas sejam revistados em aeroportos, 
precisem de vistos, possam ser julgados, no Brasil, por crimes cometidos no exterior etc. 
Há um texto ótimo disponível na internet: “O que é ser diplomata”, de César Bonamigo, que 
reproduzo a seguir. 
O Curso Rio Branco, que frequentei em sua primeira edição, em 1998, pediu-me para escrever sobre o 
que é ser diplomata. Tarefa difícil, pois a mesma pergunta feita a diferentes diplomatas resultaria, 
seguramente, em respostas diferentes, umas mais glamourosas, outras menos, umas ressaltando as 
vantagens, outras as desvantagens, e não seria diferente se a pergunta tratasse de outra carreira 
qualquer. Em vez de falar de minhas impressões pessoais, portanto, tentarei, na medida do possível, 
reunir observações tidas como “senso comum” entre diplomatas da minha geraç~o. 
Considero muito importante que o candidato ao Instituto Rio Branco se informe sobre a realidade da 
carreira diplomática, suas vantagens e desvantagens, e que dose suas expectativas de acordo. Uma 
expectativa bem dosada não gera desencanto nem frustração. A carreira oferece um pacote de coisas 
boas (como a oportunidade de conhecer o mundo, de atuar na área política e econômica, de conhecer 
gente interessante etc.) e outras não tão boas (uma certa dose de burocracia, de hierarquia e 
dificuldades no equacionamento da vida familiar). Cabe ao candidato inferir se esse pacote poderá ou 
não fazê-lo feliz. 
O PAPEL DO DIPLOMATA 
Para se compreender o papel do diplomata, vale recordar, inicialmente, que as grandes diretrizes da 
política externa são dadas pelo Presidente da República, eleito diretamente pelo voto popular, e pelo 
Ministro das Relações Exteriores, por ele designado. Os diplomatas são agentes políticos do Governo, 
encarregados da implementação dessa política externa. São também servidores públicos, cuja função, 
como diz o nome, é servir, tendo em conta sua especialização nos temas e funções diplomáticos. 
Como se sabe, é função da diplomacia representar o Brasil perante a comunidade internacional. Por 
um lado, nenhum diplomata foi eleito pelo povo para falar em nome do Brasil. É importante ter em 
mente, portanto, que a legitimidade de sua ação deriva da legitimidade do Presidente da República, 
cujas orientações ele deve seguir. Por outro lado, os governos se passam e o corpo diplomático 
permanece, constituindo elemento importante de continuidade da política externa brasileira. É tarefa 
essencial do diplomata buscar identificar o “interesse nacional”. Em negociações internacionais, a 
diplomacia frequentemente precisa arbitrar entre interesses de diferentes setores da sociedade, não 
raro divergentes, e ponderar entre objetivos econômicos, políticos e estratégicos, com vistas a 
identificar os interesses maiores do Estado brasileiro. 
Se, no plano externo, o Ministério das Relações Exteriores é a face do Brasil perante a comunidade de 
Estados e Organizações Internacionais, no plano interno, ele se relaciona com a Presidência da 
República, os demais Ministérios e órgãos da administração federal, o Congresso, o Poder Judiciário, os 
Estados e Municípios da Federação e, naturalmente, com a sociedade civil, por meio de Organizações 
Não Governamentais (ONGs), da Academia e de associações patronais e trabalhistas, sempre tendo em 
vista a identificação do interesse nacional. 
O TRABALHO DO DIPLOMATA 
Tradicionalmente, as funções da diplomacia são representar (o Estado brasileiro perante a 
comunidade internacional), negociar (defender os interesses brasileiros junto a essa comunidade) e 
informar (a Secretaria de Estado, em Brasília, sobre os temas de interesse brasileiro no mundo). São 
também funções da diplomacia brasileira a defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior, 
o que é feito por meio da rede consular, e a promoção de interesses do País no exterior, tais como 
interesses econômico-comerciais, culturais, científicos e tecnológicos, entre outros. 
No exercício dessas diferentes funções, o trabalho do diplomata poderá ser, igualmente, muito variado. 
Para começar, cerca de metade dos mil1 diplomatas que integram o Serviço Exterior atua no Brasil, e a 
outra metade nos Postos no exterior (Embaixadas, Missões, Consulados e Vice-Consulados). 
Em Brasília, o diplomata desempenha funções nas áreas política, econômica e administrativa, podendo 
cuidar de temas tão diversos quanto comércio internacional, integração regional (Mercosul), política 
bilateral (relacionamento do Brasil com outros países e blocos), direitos humanos, meio ambiente ou 
administração física e financeira do Ministério. Poderá atuar, ainda, no Cerimonial (organização dos 
encontros entre autoridades brasileiras e estrangeiras, no Brasil e no exterior) ou no relacionamento 
do Ministério com a sociedade (imprensa, Congresso, Estados e municípios, Academia, etc.). 
No exterior, também, o trabalho dependerá do Posto em questão. As Embaixadas são representações 
do Estado brasileiro junto aos outros Estados, situadas sempre nas capitais, e desempenham as 
funções tradicionais da diplomacia (representar, negociar, informar), além de promoverem o Brasil 
junto a esses Estados. Os Consulados, Vice-Consulados e setores consulares de Embaixadas podem 
situar-se na capital do país ou em outra cidade onde haja uma comunidade brasileira expressiva. O 
trabalho nesses Postos é orientado à defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior. Nos 
Postos multilaterais (ONU, OMC, FAO, UNESCO, UNICEF, OEA etc.), que podem ter natureza política, 
econômica ou estratégica, o trabalho envolve, normalmente, a representação e a negociação dos 
interesses nacionais. 
O INGRESSO NA CARREIRA 
A carreira diplomática se inicia, necessariamente, com a aprovação no concurso do Instituto Rio 
Branco (Informações sobre o concurso podem ser obtidas no site 
http://www2.mre.gov.br/irbr/index.htm). Para isso, só conta a competência – e, talvez, a sorte – do 
candidato. Indicações políticas não ajudam. 
AS REMOÇÕES 
Após os dois anos de formação no IRBr , o diplomata trabalhará em Brasília por pelo menos um ano. 
Depois, iniciam-se ciclos de mudança para o exterior e retornos a Brasília. Normalmente, o diplomata 
vai para o exterior, onde fica três anos em um Posto, mais três anos em outro Posto, e retorna a 
Brasília, onde fica alguns anos, até o início de novo ciclo. Mas há espaço para flexibilidades. O 
diplomata poderá sair para fazer um Posto apenas, ou fazer três Postos seguidos antes de retornar a 
Brasília. Isso dependerá da conveniência pessoal de cada um. Ao final da carreira, o diplomata terá 
passado vários anos no exterior e vários no Brasil, e essa proporção dependerá essencialmente das 
escolhas feitas pelo próprio diplomata. Para evitar que alguns diplomatas fiquem sempre nos 
“melhores Postos” – um critério, aliás, muito relativo – e outros em Postos menos privilegiados, os 
Postos no exterior estão divididos em [quatro] categorias, [A, B, C e D], obedecendo a critérios não 
apenas de qualidade de vida, mas também geográficos, e é seguido um sistema de rodízio: após fazer 
 
1 Em 2011, quase 1500. 
 
um Posto C, por exemplo, o diplomata terá direito a fazer um Posto A [ou B], e após fazer um Posto A, 
terá que fazer um Posto [B, C ou D]. 
AS PROMOÇÕES 
Ao tomar posse no Serviço Exterior, o candidato aprovado no concurso torna-se Terceiro-Secretário. É 
o primeiro degrau de uma escalada de promoções que inclui, ainda, Segundo-Secretário, Primeiro- 
-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe (costuma-se dizer apenas “Ministro”) e Ministro 
de Primeira Classe (costuma-se dizer apenas “Embaixador”),nessa ordem. Exceto pela primeira 
promoção, de Terceiro para Segundo-Secretário, que se dá por tempo (quinze Terceiros Secretários 
são promovidos a cada semestre), todas as demais dependem do mérito, bem como da articulação 
política do diplomata. Nem todo diplomata chega a Embaixador. Cada vez mais, a competição na 
carreira é intensa e muitos ficam no meio do caminho. Mas, não se preocupem e também não se 
iludam: a felicidade não está no fim, mas ao longo do caminho! 
DIRECIONAMENTO DA CARREIRA 
Um questionamento frequente diz respeito à possibilidade de direcionamento da carreira para áreas 
específicas. É possível, sim, direcionar uma carreira para um tema (digamos, comércio internacional, 
direitos humanos, meio ambiente etc.) ou mesmo para uma região do mundo (como a Ásia, as 
Américas ou a África, por exemplo), mas isso não é um direito garantido e poderá não ser sempre 
possível. É preciso ter em mente que a carreira diplomática envolve aspectos políticos, econômicos e 
administrativos, e que existem funções a serem desempenhadas em postos multilaterais e bilaterais 
em todo o mundo, e n~o só nos países mais “interessantes”. Diplomatas est~o envolvidos em todas 
essas variantes e, ao longo de uma carreira, ainda que seja possível uma certa especialização, é 
provável que o diplomata, em algum momento, atue em áreas distintas daquela em que gostaria de se 
concentrar. 
ASPECTOS PRÁTICOS E PESSOAIS 
É claro que a vida é muito mais que promoções e remoções, e é inevitável que o candidato queira saber 
mais sobre a carreira que o papel do diplomata. Todos precisamos cuidar do nosso dinheiro, da saúde, 
da família, dos nossos interesses pessoais. Eu tentarei trazem um pouco de luz sobre esses aspectos. 
DINHEIRO 
Comecemos pelo dinheiro, que é assunto que interessa a todos. Em termos absolutos, os diplomatas 
ganham mais quando estão no exterior do que quando estão em Brasília. O salário no exterior, no 
entanto, é ajustado em função do custo de vida local, que é frequentemente maior que no Brasil. Ou 
seja, ganha-se mais, mas gasta-se mais. Se o diplomata conseguirá ou não economizar dependerá i) do 
salário específico do Posto , ii) do custo de vida local, iii) do câmbio entre a moeda local e o dólar, iv) 
do fato de ele ter ou não um ou mais filhos na escola e, principalmente, v) de sua propensão ao 
consumo. Aqui, não há regra geral. No Brasil, os salários têm sofrido um constante desgaste, 
especialmente em comparação com outras carreiras do Governo Federal, frequentemente obrigando o 
diplomata a economizar no exterior para gastar em Brasília, se quiser manter seu padrão de vida. Os 
diplomatas, enfim, levam uma vida de classe média alta, e a certeza de que não se ficará rico de 
verdade é compensada pela estabilidade do emprego (que não é de se desprezar, nos dias de hoje) e 
pela expectativa de que seus filhos (quando for o caso) terão uma boa educação, mesmo para padrões 
internacionais. 
SAÚDE 
Os diplomatas têm um seguro de saúde internacional que, como não poderia deixar de ser, tem 
vantagens e desvantagens. O lado bom é que ele cobre consultas com o médico de sua escolha, mesmo 
que seja um centro de excelência internacional. O lado ruim é que, na maioria das vezes, é preciso fazer 
o desembolso (até um teto determinado) para depois ser reembolsado, geralmente em 80% do valor, o 
que obriga o diplomata a manter uma reserva financeira de segurança. 
FAMÍLIA : O CÔNJUGE 
Eu mencionei, entre as coisas n~o t~o boas da carreira, “dificuldades no equacionamento da vida 
familiar”. A primeira dificuldade é o que far| o seu cônjuge (quando for o caso) quando vocês se 
mudarem para Brasília e, principalmente, quando forem para o exterior. Num mundo em que as 
famílias dependem, cada vez mais, de dois salários, equacionar a carreira do cônjuge é um problema 
recorrente. Ao contrário de certos países desenvolvidos, o Itamaraty não adota a política de empregar 
ou pagar salários a cônjuges de diplomatas. Na prática, cada um se vira como pode. Em alguns países é 
possível trabalhar. Fazer um mestrado ou doutorado é uma opção. Ter filhos é outra... 
Mais uma vez, não há regra geral, e cada caso é um caso. O equacionamento da carreira do cônjuge 
costuma afetar principalmente – mas não apenas – as mulheres, já que, por motivos culturais, é mais 
comum o a mulher desistir de sua carreira para seguir o marido que o contrário2. 
CASAMENTO ENTRE DIPLOMATAS 
Os casamentos entre diplomatas não são raros. É uma situação que tem a vantagem de que ambos têm 
uma carreira e o casal tem dois salários. A desvantagem é a dificuldade adicional em conseguir que 
ambos sejam removidos para o mesmo Posto no exterior. A questão não é que o Ministério vá separar 
esses casais, mas que se pode levar mais tempo para conseguir duas vagas num mesmo Posto. 
Antigamente, eram frequentes os casos em que as mulheres interrompiam temporariamente suas 
carreiras para acompanhar os maridos. Hoje em dia, essa situação é exceção, não a regra. 
FILHOS 
Não posso falar com conhecimento de causa sobre filhos, mas vejo o quanto meus colegas se 
desdobram para dar-lhes uma boa educação. Uma questão central é a escolha da escola dos filhos, no 
Brasil e no exterior. No Brasil, a escola será normalmente brasileira, com ensino de idiomas, mas 
poderá ser a americana ou a francesa, que mantém o mesmo currículo e os mesmos períodos escolares 
em quase todo o mundo. No exterior, as escolas americana e francesa são as opções mais frequentes, 
podendo-se optar por outras escolas locais, dependendo do idioma. Outra questão, já mencionada, é o 
custo da escola. Atualmente, não existe auxílio-educação para filhos de diplomatas ou de outros 
Servidores do Serviço Exterior brasileiro, e o dinheiro da escola deve sair do próprio bolso do servidor. 
CÉSAR AUGUSTO VERMIGLIO BONAMIGO - Diplomata. Engenheiro Eletrônico formado pela UNICAMP. Pós-
graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP. Programa de Formação e Aperfeiçoamento - I (PROFA - 
I) do Instituto Rio Branco, 2000/2002. No Ministério das Relações Exteriores, atuou no DIC - Divisão de 
Informação Comercial (DIC), 2002; no DNI - Departamento de Negociações Internacionais, 2003, e na DUEX - 
Divisão de União Europeia e Negociações Extrarregionais. Atualmente, serve na Missão junto à ONU 
(DELBRASONU), em NYC. 
Para tornar-se diplomata, é necessário ser aprovado no Concurso de Admissão à Carreira de 
Diplomata (CACD), que ocorre todos os anos, no primeiro semestre (normalmente). O número de 
vagas do CACD, em condições normais, depende da vacância de cargos. Acho que a quantidade 
normal deve girar entre 25 e 35, mais ou menos. Desde meados dos anos 2000, como consequência 
da aprovação de uma lei federal, o Ministério das Relações Exteriores (MRE/Itamaraty3) ampliou 
 
2 Conforme comunicado do MRE de 2010, é permitida a autorização para que diplomatas brasileiros solicitem 
passaporte diplomático ou de serviço e visto de permanência a companheiros do mesmo sexo. Outra resolução, de 
2006, já permitia a inclusão de companheiros do mesmo sexo em planos de assistência médica. 
3 O nome “Itamaraty” vem do nome do antigo propriet|rio da sede do Ministério no Rio de Janeiro, o Bar~o Itamaraty. 
Por metonímia, o nome pegou, e o Palácio do Itamaraty constitui, atualmente, uma dependência do MRE naquela 
cidade, abrigando um arquivo, uma mapoteca e a sede do Museu Histórico e Diplomático. Em Brasília, o Palácio 
Itamaraty, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1970, é a atual sede do MRE. Frequentemente, “Itamaraty” é 
usado como sinônimo de Ministério das Relações Exteriores. 
seus quadros da carreira de diplomata, e, de 2006 a 2010, foram oferecidas mais de cem vagas 
anuais. Como fim dessa provisão de cargos, o número de vagas voltou ao normal em 2011, ano em 
que foram oferecidas apenas 26 vagas (duas delas reservadas a portadores de deficiência física4). 
Para os próximos concursos, há perspectivas de aprovação de um projeto de lei que possibilitará 
uma oferta anual prevista de 60 vagas para o CACD, além de ampliar, também, as vagas para Oficial 
de Chancelaria (PL 7579/2010). Oficial de Chancelaria, aproveitando que citei, é outro cargo 
(também de nível superior) do MRE, mas não integra o quadro diplomático. A remuneração do 
Oficial de Chancelaria, no Brasil, é inferior à de Terceiro-Secretário, mas os salários podem ser 
razoáveis quando no exterior. Já vi muitos casos de pessoas que passam no concurso de Oficial de 
Chancelaria e ficam trabalhando no MRE, até que consigam passar no CACD, quando (aí sim) 
tornam-se diplomatas. 
Para fazer parte do corpo diplomático brasileiro, é necessário ser brasileiro nato, ter diploma válido 
de curso superior (caso a graduação tenha sido realizada em instituição estrangeira, cabe ao 
candidato providenciar a devida revalidação do diploma junto ao MEC) e ser aprovado no CACD 
(há, também, outros requisitos previstos no edital do concurso, como estar no gozo dos direitos 
políticos, estar em dia com as obrigações eleitorais, ter idade mínima de dezoito anos, apresentar 
aptidão física e mental para o exercício do cargo e, para os homens, estar em dia com as obrigações 
do Serviço Militar). Os aprovados entram para a carreira no cargo de Terceiro-Secretário (vide 
hierarquia na próxima seção, “Carreira e Sal|rios”). Os aprovados no CACD, entretanto, não iniciam 
a carreira trabalhando: há, inicialmente, o chamado Curso de Formação, que se passa no Instituto 
Rio Branco (IRBr). Por três semestres, os aprovados no CACD estudarão no IRBr, já recebendo o 
salário de Terceiro-Secretário (para remunerações, ver a próxima seç~o, “Hierarquia e Sal|rios). 
O trabalho no Ministério começa apenas após um ou dois semestres do Curso de Formação no IRBr 
(isso pode variar de uma turma para outra), e a designação dos locais de trabalho (veja as 
subdivisões do MRE na página seguinte) é feita, via de regra, com base nas preferências individuais 
e na ordem de classificação dos alunos no Curso de Formação. 
O IRBr foi criado em 1945, em comemoração ao centenário de nascimento do Barão do Rio Branco, 
patrono da diplomacia brasileira. Como descrito na página do Instituto na internet, seus principais 
objetivos são: 
• harmonizar os conhecimentos adquiridos nos cursos universitários com a formação para a 
carreira diplomática (já que qualquer curso superior é válido para prestar o CACD); 
• desenvolver a compreensão dos elementos básicos da formulação e execução da política 
externa brasileira; 
• iniciar os alunos nas práticas e técnicas da carreira. 
No Curso de Formação (cujo nome oficial é PROFA-I, Programa de Formação e Aperfeiçoamento - 
obs.: n~o sei o motivo do “I”, n~o existe “PROFA-II”), os diplomatas têm aulas obrigatórias de: 
Direito Internacional Público, Linguagem Diplomática, Teoria das Relações Internacionais, 
Economia, Política Externa Brasileira, História das Relações Internacionais, OMC e Contenciosos, 
Inglês, Francês e Espanhol. A partir de 2011, tornou-se obrigatório cursar, ainda, uma língua 
“exótica”, entre Chinês, Árabe ou Russo. Há, também, várias disciplinas optativas à escolha de cada 
um (como, ocasionalmente, Tradução, Leituras Brasileiras, Organizações Internacionais, Políticas 
Públicas, Direito da Integração, Negociações Comerciais etc.). As aulas de disciplinas conceituais 
duram dois semestres. No terceiro semestre de Curso de Formação, só há aulas de disciplinas 
profissionalizantes. O trabalho no MRE começa, normalmente, no terceiro semestre do Curso de 
Formação. É necessário rendimento mínimo de 60% no PROFA-I para aprovação. Após o término 
do PROFA-I, começa a vida de trabalho propriamente dito no MRE. Já ouvi um mito de pedida de 
dispensa do PROFA I para quem já é portador de título de mestre ou de doutor, mas, na prática, 
acho que isso não acontece mais. 
 
4 Todos os anos, há reserva de vagas para deficientes físicos. Se não houver número suficiente de portadores de 
deficiência que atendam às notas mínimas para aprovação na segunda e na terceira fases do concurso, que têm caráter 
eliminatório, a(s) vaga(s) restante(s) é(são) destinada(s) aos candidatos da concorrência geral. 
 
 
 
Entre 2002 e 2010, foi possível fazer, paralelamente ao Curso de Formação, o mestrado em 
diplomacia (na prática, significava apenas uma matéria a mais). Em 2011, o mestrado em 
diplomacia no IRBr acabou. 
Uma das atividades comuns dos estudantes do IRBr é a publicação da Juca, a revista anual dos 
alunos do Curso de Formação do Instituto. Segundo informações do site do IRBr, “[o] termo 
‘Diplomacia e Humanidades’ define os temas de que trata a revista: diplomacia, ciências humanas, 
artes e cultura. A JUCA visa a mostrar a produção acadêmica, artística e intelectual dos alunos da 
academia diplomática brasileira, bem como a recuperar a memória da política externa e difundi-la 
nos meios diplomático e acadêmico”. Confira a página da Juca na internet, no endereço: 
http://juca.irbr.itamaraty.gov.br/pt-br/Main.xml. 
Para saber mais sobre a vida de diplomata no Brasil e no exterior, sugiro a conhecida “FAQ do 
Godinho” (“FAQ do Candidato a Diplomata”, de Renato Domith Godinho). Esse arquivo foi escrito há 
alguns anos, então algumas coisas estão desatualizadas (com relação às modificações do concurso, 
especialmente). De todo modo, a parte sobre o trabalho do diplomata continua bem informativa e 
atual. Google it! 
 
 
CARREIRA E SALÁRIOS 
 
A hierarquia da carreira de diplomata é a seguinte (do cargo mais alto ao cargo inicial): 
Ministro de Primeira Classe (vulgo “Embaixador”) 
Ministro de Segunda Classe (vulgo “Ministro”) 
Conselheiro 
Primeiro-Secretário 
Segundo-Secretário 
Terceiro-Secretário 
 
Os aprovados no CACD entram no posto de Terceiro-Secretário, e a promoção dá-se por tempo de 
profissão e por mérito. É de vinte anos de carreira o tempo mínimo previsto em lei para chegar ao 
cargo de Ministro de Primeira Classe (normalmente, demora mais, e nem todos os diplomatas que 
entram chegarão a embaixador algum dia). Não vou entrar nos mínimos detalhes das promoções e 
das atribuições específicas, pois acho desnecessário. Tratarei, brevemente, do funcionamento das 
promoções e das remoções. Minhas considerações seguintes estão baseadas no Decreto 
Presidencial nº 6.659, de 8 de setembro de 2008, na Portaria do MRE nº 222, de 8 de abril de 2010, 
e na Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006. Algumas das frases são do decreto, da portaria ou 
da lei supracitados, mas não vou pôr referências (só porque referência é chato de fazer mesmo). Há 
muitos dados pontuais e informações que você, como concursando, não precisa saber. Incluí apenas 
alguns dados para que os interessados possam ter acesso a essa informação de maneira mais fácil, 
já que tudo está bastante disperso na internet. 
A promoção diz respeito à passagem do diplomata à classe imediatamente superior à que pertence, 
quando verificada a existência de vaga naquela classe. As promoções obedecem aos critérios: 
I - promoção a Ministro de Primeira Classe, Ministro de Segunda Classe, Conselheiro e 
Primeiro-Secretário, por merecimento; 
II - promoção a Segundo-Secretário, obedecida a antiguidade na classe e a ordem de 
classificação no CACD. 
Poderá ser promovido somente o diplomata das classes de Ministro de Segunda Classe, Conselheiro, 
Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro-Secretário que contar pelo menos três anos de 
interstício de efetivo exercício na respectiva classe, sendo que o tempo de serviço prestado em 
posto no exterior dogrupo C é computado em dobro, e o tempo de serviço prestado em posto do 
grupo D é computado em triplo para fins de promoção, a partir de um ano de efetivo exercício no 
posto5. 
Para ser promovido a Primeiro-Secretário, o Segundo-Secretário, além de cumprir os requisitos 
acima, também precisa concluir o CAD (Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas) e ter, no mínimo, 
dois anos de serviços prestados no exterior. Para ser promovido a Conselheiro, o Primeiro-
Secretário, além de cumprir os requisitos acima, precisa ter, no mínimo, dez anos de carreira (com 
um mínimo de cinco deles no exterior). Para ser promovido a Ministro de Segunda Classe, o 
Conselheiro, além de cumprir os requisitos acima, precisa concluir o CAE (Curso de Altos Estudos) e 
ter, no mínimo, quinze anos de carreira (com, no mínimo, sete anos e meio no exterior). Para ser 
promovido a Ministro de Primeira Classe, o Ministro de Segunda Classe, além de cumprir os 
requisitos acima, precisa ter, no mínimo, vinte anos de exercício (com, no mínimo, dez no exterior) 
e três anos de exercício, como titular, de funções de chefia equivalentes a nível igual ou superior a 
DAS-4 na Secretaria de Estado (Brasília) ou em posto no exterior (“DAS” é uma classificaç~o dos 
funcionários públicos enquadrados em funções de assessoramento de direção superior – se não 
ficou claro para você, não se preocupe, isso não é tão importante agora; os cargos correspondentes 
a essas funções têm previsão em decreto presidencial). 
Há dezenas de outras particularidades com relação às promoções, mas acho que citei o principal. 
Passemos, agora, ao regime de lotações (lotação corresponde à designação do posto de trabalho do 
diplomata no exterior, seja com origem na Secretaria de Estado e com destino a um posto no 
exterior, seja entre postos no exterior). Tratarei apenas da lotação de Terceiros-Secretários 
(semelhante à de Primeiros-Secretários e de Segundos-Secretários), que é o que lhes interessará 
nos anos iniciais da carreira. 
Os Terceiros-Secretários deverão servir, efetivamente, durante três anos em cada posto e seis anos 
consecutivos no exterior. A permanência no exterior do Terceiro-Secretário poderá, no interesse do 
diplomata e atendida a conveniência do serviço, estender-se a dez anos consecutivos, desde que, 
nesse período, sirva em postos dos grupos C e D. A permanência inicial de Terceiro-Secretário nos 
postos dos grupos C e D não será superior a dois anos, podendo ser prorrogada por prazo de até 
dois anos, atendida a conveniência da administração e mediante expressa anuência do chefe do 
posto e do interessado. Após três anos de lotação em posto dos grupos A ou B, o Terceiro-Secretário 
poderá permanecer no posto por mais um ano, desde que atendida a conveniência da 
administração e mediante expressa anuência do chefe do posto e do interessado. Após permanência 
adicional de um ano em posto do grupo A, o Diplomata somente poderá ser removido para posto 
dos grupos C ou D ou para a Secretaria de Estado. 
Veja, a seguir, a classificação dos postos no exterior (Portaria nº 224, de 8 de abril de 2010). 
Legenda: 
E = Embaixada; EC = Escritório Comercial; EF = Escritório Financeiro; ER = Escritório de 
Representação; M =Missão; C = Consulado; CG = Consulado-Geral; VC = Vice-Consulado 
 
 
5
 Os postos no exterior são classificados em categorias de A a D. Essa classificação leva em consideração vários aspectos, 
como qualidade de vida e segurança ao trabalho dos diplomatas e a suas famílias. Essa gradação, entretanto, não tem 
relação com a importância do país para a política externa brasileira. Apesar dos maiores riscos e da menor qualidade de 
vida, alguns dos postos C e D têm grande destaque nas prioridades de nossa política externa atual. 
POSTO PAÍS CLASSE 
E Abidjã Costa do 
Marfim 
D 
E Abu-Dhabi Emirados 
Árabes Unidos 
C 
E Abuja Nigéria D 
E Acra Gana D 
E Adis Abeba Etiópia D 
E Amã Jordânia C 
E Ancara Turquia C 
E Argel Argélia C 
E Assunção Paraguai B 
E Astana Cazaquistão D 
E Atenas Grécia B 
E Bagdá Iraque D 
E Baku Azerbaijão C 
E Bamako Mali D 
E Bangkok Tailândia C 
E Basse-Terre São Cristóvão 
e Névis 
D 
E Beirute Líbano C 
E Belgrado Sérvia C 
E Belmopan Belize D 
E Berlim Alemanha A 
E Berna Suíça A 
E Bissau Guiné-Bissau D 
E Bogotá Colômbia C 
E Bratislava Eslováquia C 
E Brazzaville Congo D 
E Bridgetown Barbados C 
E Bruxelas Bélgica A 
E Bucareste Romênia C 
E Budapeste Hungria B 
E Buenos 
Aires 
Argentina A 
E Cairo Egito C 
E Camberra Austrália B 
E Caracas Venezuela C 
E Cartum Sudão D 
E Castries Santa 
Lúcia 
C 
E Cingapura Cingapura C 
E Colombo Sri Lanka D 
E Conacri Guiné D 
E Copenhague Dinamarca B 
E Cotonou Benim D 
E Daca Bangladesh D 
E Dacar Senegal D 
E Damasco Síria C 
E Dar es 
Salam 
Tanzânia D 
E Díli Timor-Leste D 
E Doha Catar C 
E Dublin Irlanda B 
E Estocolmo Suécia B 
E Freetown Serra Leoa D 
E Gaborone Botsuana D 
E Georgetown Guiana D 
E Guatemala Guatemala C 
E Haia Países 
Baixos 
A 
E Hanói Vietnã D 
E Harare Zimbábue D 
E Havana Cuba C 
E Helsinki Finlândia C 
E Iaundê Camarões D 
E Ierevan Armênia C 
E Islamabade Paquistão D 
E Jacarta Indonésia C 
E Kiev Ucrânia C 
E Kingston Jamaica C 
E Kingstown São Vicente e 
Granadinas 
C 
E Kinshasa Rep. Dem. do 
Congo 
D 
E Kuaite Kuaite C 
E Kuala 
Lumpur 
Malásia C 
E La Paz Bolívia C 
E Libreville Gabão D 
E Lima Peru C 
E Lisboa Portugal A 
E Liubliana Eslovênia C 
E Lomé Togo D 
E Londres Reino Unido A 
E Luanda Angola D 
E Lusaca Zâmbia D 
E Madri Espanha A 
E Malabo Guiné 
Equatorial 
D 
E Manágua Nicarágua C 
E Manila Filipinas C 
E Maputo Moçambique D 
E Mascate Omã C 
E México México B 
E Montevidéu Uruguai B 
E Moscou Rússia C 
E Nairóbi Quênia D 
E Nassau Bahamas C 
E Nicósia Chipre C 
E Nova Delhi Índia C 
E Nuakchott Mauritânia D 
E Oslo Noruega B 
E Ottawa Canadá B 
E Panamá Panamá C 
E Paramaribo Suriname D 
E Paris França A 
E Pequim China C 
E Porto 
Príncipe 
Haiti D 
E Port-of-
Spain 
Trinidad e 
Tobago 
C 
E Praga República 
Tcheca 
B 
E Praia Cabo Verde D 
E Pretória África do Sul C 
E Pyongyang Coreia do 
Norte 
D 
E Quito Equador C 
E Rabat Marrocos C 
E Riade Arábia Saudita D 
E Roma Itália A 
E Roseau Dominica C 
E Saint 
George’s 
Granada C 
E Saint John’s Antígua e 
Barbuda 
C 
E Santiago Chile B 
E São 
Domingos 
República 
Dominicana 
C 
E São José Costa Rica C 
E São 
Salvador 
El Salvador C 
E São Tomé São Tomé e 
Príncipe 
D 
E Seul Coreia do Sul C 
E Sófia Bulgária C 
E Teerã Irã C 
E Tegucigalpa Honduras C 
E Tel Aviv Israel C 
E Tirana Albânia C 
E Tóquio Japão B 
E Trípoli Líbia C 
E Túnis Tunísia C 
E Uagadugu Burkina Faso D 
E Varsóvia Polônia B 
E Vaticano Vaticano A 
E Viena Áustria A 
E Washington EUA A 
E Wellington Nova Zelândia C 
E Windhoek Namíbia D 
E Yangon Myanmar D 
E Zagreb Croácia C 
EC Taipé China C 
EF Nova York EUA A 
ER Ramalá Palestina D 
M Bruxelas Bélgica A 
M Genebra Suíça A 
M Genebra-
DESARM 
Suíça A 
M Genebra-
OMC 
Suíça A 
M Lisboa Portugal A 
M 
Montevidéu 
Uruguai B 
M Montreal Canadá B 
M Nova York EUA A 
M Paris França A 
M Roma Itália A 
M Viena Áustria A 
M 
Washington 
EUA A 
C Chuí Uruguai C 
C Ciudad 
Guayana 
Venezuela D 
C Iquitos Peru D 
C Pedro Juan 
Caballero 
Paraguai D 
C Rivera Uruguai C 
CG Assunção Paraguai B 
CG Atlanta EUA B 
CG Barcelona Espanha ACG Beirute Líbano C 
CG Boston EUA A 
CG Buenos 
Aires 
Argentina A 
CG Caiena Guiana 
Francesa 
D 
CG Cantão China C 
CG Caracas Venezuela C 
CG Chicago EUA A 
CG Cidade do 
Cabo 
África do Sul B 
CG Ciudad del 
Este 
Paraguai C 
CG Córdoba Argentina B 
CG Frankfurt Alemanha B 
CG Genebra Suíça A 
CG Japão C 
Hamamatsu 
CG Hartford EUA B 
CG Hong Kong EUA C 
CG Houston EUA B 
CG Istambul Turquia C 
CG Lagos Nigéria D 
CG Lisboa Portugal A 
CG Londres Reino Unido A 
CG Los 
Angeles 
EUA A 
CG Madri Espanha A 
CG Mendoza Argentina B 
CG México México B 
CG Miami EUA A 
CG Milão Itália A 
CG 
Montevidéu 
Uruguai B 
CG Montreal Canadá B 
CG Mumbai Índia D 
CG Munique Alemanha B 
CG Nagoya Japão C 
CG Nova York EUA A 
CG Paris França A 
CG Porto Portugal B 
CG Roma Itália A 
CG Rotterdam Países Baixos B 
CG Santa Cruz 
de la Sierra 
Bolívia C 
CG Santiago Chile B 
CG São 
Francisco 
EUA A 
CG Sidney Austrália B 
CG Tóquio Japão C 
CG Toronto Canadá B 
CG Vancouver Canadá B 
CG 
Washington 
EUA A 
CG Xangai China C 
CG Zurique Suíça B 
VC Artigas Uruguai C 
VC Cobija Bolívia D 
VC 
Cochabamba 
Bolívia C 
VC 
Concepción 
Paraguai C 
VC 
Encarnación 
Paraguai C 
VC 
Guayaramerin 
Bolívia D 
VC Lethem Guiana D 
VC Letícia Colômbia D 
VC Paso de 
los Libres 
Argentina C 
VC Puerto 
Ayacucho 
Venezuela D 
VC Puerto 
Iguazu 
Argentina C 
VC Puerto 
Suarez 
Bolívia D 
VC Rio Branco Uruguai C 
VC Saltos do 
Guaira 
Paraguai C 
VC Santa 
Elena do 
Uairen 
Venezuela D 
 
A primeira remoção para o exterior deve obedecer a alguns requisitos: para candidatar-se a postos 
das classes A ou B, o Terceiro-Secretário deve haver cumprido três anos de exercício efetivo na 
Secretaria de Estado (sendo esse prazo de dois anos para candidaturas a postos da classe C e de um 
ano para postos da classe D). 
Nas remoções entre postos no exterior de Diplomatas das classes de Conselheiro, Primeiro- 
-Secretário, Segundo-Secretário e Terceiro-Secretário, vale que: 
I - os que estiverem servindo em posto do grupo A somente poderão ser removidos para 
posto dos grupos B, C ou D; 
II - os que estiverem servindo em posto do grupo B somente poderão ser removidos para 
posto dos grupos A ou B; 
III - os que estiverem servindo em posto dos grupos C ou D somente poderão ser removidos 
para posto do grupo A. 
O diplomata das classes de Conselheiro, Primeiro-Secretário, Segundo-Secretário ou Terceiro- 
-Secretário removido para a Secretaria de Estado poderá, na remoção seguinte, ser designado para 
missão permanente em posto de qualquer grupo, desde que sua estada na Secretaria de Estado 
tenha sido de um ano, se regressou de posto dos grupos C ou D, dois anos, se retornou de posto do 
grupo B, e quatro anos, se proveniente de posto do grupo A. 
Por fim, adiciono apenas que, quando no Brasil, não há obrigatoriedade de residência em Brasília 
para os diplomatas. Há, também, possibilidade de lotação em um dos oito escritórios de 
representação do Itamaraty (Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Porto Alegre, Rio de 
Janeiro, São Paulo e Recife), mas não sei como funcionam. 
Acho que, com isso, esgoto os aspectos principais das promoções e das remoções da carreira. Como 
disse, há muitos outros detalhes, mas acho desnecessários agora. O pouco que apresentei acima já 
deve satisfazer a boa parte de seus questionamentos a respeito dessas temáticas. Qualquer dúvida, 
procure os documentos legais a que me referi anteriormente, pois eles explicam o funcionamento 
de cada um desses mecanismos em detalhes. 
Com relação a férias, só há férias após seis meses da chegada ao posto, e as férias são iguais às de 
qualquer funcionário público: 30 dias corridos, que podem ser divididos em três períodos de dez 
dias ou em dois períodos de quinze dias. Tanto no exterior quanto na Secretaria de Estado, é a 
mesma coisa. Há uma observação com relação aos Terceiros-Secretários que ainda estudam no 
IRBr. Há, sim, férias anuais, mas o IRBr determina quando elas deverão ser tiradas, já que devem 
correspondem aos períodos de recesso das aulas do Curso de Formação (algumas semanas de 
janeiro e de julho). 
Passemos aos salários. As remunerações de servidores públicos federais podem ser consultadas na 
página do Ministério do Planejamento (seç~o “Sítio do Servidor Público”), acessada pelo link a 
seguir: http://www.servidor.gov.br/publicacao/tabela_remuneracao/bol_remuneracao.htm. De 
acordo com a tabela de salários divulgada no “Caderno nº 57”, de 2011, as remunerações da 
carreira de diplomata são (valores brutos para cargos no Brasil): 
 
CARGO SALÁRIO 
Ministro de Primeira Classe (“Embaixador”) R$18.478,45 
Ministro de Segunda Classe (“Ministro”) R$17.769,20 
Conselheiro R$16.541,31 
Primeiro-Secretário R$15.395,04 
Segundo-Secretário R$14.331,13 
Terceiro-Secretário R$12.962,12 
 
Além do valor acima, o Terceiro-Secretário também recebe R$456,00 de auxílio alimentação 
(suponho que seja o mesmo valor para todos os diplomatas). Somado ao subsídio de R$12.962,12, o 
salário bruto é de R$13.418,12. Desse valor, há desconto de R$ 1.425,83 para seguridade social e de 
R$ 2.479,69 para imposto de renda retido na fonte, o que dá um salário líquido de R$ 9.512,60 
(valores referentes a agosto de 2011). Vale lembrar que ainda há, anualmente, a restituição do 
imposto de renda. 
Os descontos (Imposto de Renda e INSS) fazem que o salário líquido seja de, aproximadamente, 
75% do valor acima. Esse salário, entretanto, é para quem trabalha no Brasil. No exterior, os 
salários são maiores e cotados em dólar, mas variam bastante, sendo reajustados de acordo com o 
poder de compra da moeda local, com o nível na hierarquia da carreira, com o estado civil do 
diplomata e com o número de dependentes. Diplomatas lotados no exterior podem receber, ainda, 
ajuda de custo para o aluguel. 
Não sei muito bem como funcionam as gratificações, mas acho que, pelo que já ouvi falar, é mais ou 
menos o seguinte. O salário é composto do vencimento base mais duas gratificações (GDAD – 
Gratificações de Desempenho de Atividade Diplomática), como em todos os cargos públicos 
federais: GDAD institucional e GDAD individual. Enquanto estão no PROFA-I, os Terceiros-
Secretários já recebem a GDAD individual, mas em seu valor mínimo. A primeira avaliação ocorre 
seis meses depois da posse, quando, aí sim, a GDAD pode aumentar até 100% do valor do 
vencimento base (mas isso varia em cada caso). Só para deixar claro, o valor de R$12.962,12 
previsto no edital do CACD 2011 já inclui tanto o vencimento base quanto as gratificações. 
Em Brasília, há, ainda, a possibilidade de morar em um apartamento funcional. Como era de se 
esperar, não há apartamentos suficientes para todos (considere, ainda, que, só de 2006 a 2010, 
entraram quase 550 novos diplomatas no MRE). Além disso, não são de graça (em alguns, o valor do 
condomínio é bem caro, inclusive). Nas turmas com mais de 100 vagas, a fila de espera foi de cerca 
de um ano a um ano e meio, segundo informações extraoficiais (se tiver filhos, você passa na frente 
dos demais na fila). Não sei como anda ultimamente. 
 
 
Dúvidas Frequentes: a carreira 
- Existe um limite ou uma idade “certa”, para tornar-se diplomata? Não. Todos os anos, são 
aprovados candidatos com idades bastante diferentes. Acredito que não haja uma média etária 
muito bem delimitada. No cursinho mesmo, conheci muita gente de diferentes faixas etárias. No 
geral, acho que é frequente a entrada de candidatos entre vinte e poucos e quarenta e poucos anos. 
Para prestar o CACD, o mínimo é de 18 anos, mas não há limite máximo de idade, salvo o previsto 
na Constituição Federal (70 anos).- Sendo diplomata, dá para trabalhar em outro lugar também? É vedada a acumulação de 
cargos públicos, salvo para exercício da profissão de professor. Há vários diplomatas que dão aulas 
em cursinhos preparatórios para o CACD, em universidades etc. De todo modo, são oito horas 
diárias de trabalho no Ministério (mesmo durante o PROFA-I, não sobra muito tempo livre). Se você 
conseguir conciliar as duas coisas, sem problemas. 
- E estudar? A mesma coisa. Há alguns diplomatas que conciliam o PROFA-I e/ou o trabalho no 
Ministério com o mestrado em Relações Internacionais na UnB, por exemplo. Se você der conta, 
ótimo. O problema é que a questão de horários pode não ser tão favorável, e você poderá, 
ocasionalmente, ter de abrir mão de alguma coisa. 
- Quando terei meu passaporte diplomático? Assim que tomam posse, os Terceiros-Secretários 
podem solicitar sua identidade funcional e seu passaporte diplomático, que pode ser usado mesmo 
durante o período de férias. De todo modo, vale lembrar que isso não deixa os diplomatas imunes à 
necessidade de visto e de cumprimento dos regulamentos internacionais para circulação de 
passageiros (podendo, por exemplo, ser revistados em aeropostos etc.). 
- Diplomata paga imposto? Lógico que paga. Acho que muitos se confundem porque, no exterior, 
de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, os diplomatas não pagam 
impostos diretos (ou outros para os quais houver reciprocidade) para o governo do país onde estão 
acreditados (imposto de renda, IPVA, IPTU...). Isso não significa, entretanto, que diplomatas não 
paguem impostos indiretos (embutidos nos preços das mercadorias) ou, ainda, Imposto de Renda e 
Previdência Social para a União no Brasil (conforme previsão da Lei 8112/90 - Estatuto do Servidor 
Público Federal). Mesmo quando o diplomata está no exterior, continua pagando Imposto de Renda 
(a base de cálculo é diferenciada, não sei direito como é) e Previdência Social (para que o tempo de 
contribuição conte para a aposentadoria). 
- Se eu for casado(a) com outra pessoa do serviço exterior brasileiro, conseguiremos uma 
remoção para o mesmo lugar? É, sim, possível. Segundo algumas informações que já li, o MRE 
facilita as coisas para casais de diplomatas, dando prioridade para que sirvam no mesmo posto. Isso 
não impede que sejam removidos para postos diferentes, caso queiram (vale lembrar que não há 
remoção obrigatória). É claro que pode ser mais difícil encontrar postos no exterior em que haja 
duas vagas especificamente correspondentes aos cargos dos diplomatas em questão - ou de um(a) 
diplomata e de um(a) oficial ou assistente de chancelaria. Se o casal ocupar o mesmo grau 
hierárquico (e.g. os dois são embaixadores), isso pode ser mais complicado. De todo modo, dá-se 
um jeito. 
- Já vou receber salário durante o Curso de Formação? Sim, durante o Curso de Formação, os 
Terceiros-Secretários já recebem o salário integral da categoria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte II – O CACD 
 
 
 
 
 
O Concurso 
 
O Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD) é, como o nome indica, o concurso público 
de entrada no cargo de diplomata do Ministério das Relações Exteriores (MRE). O CACD é, há algum 
tempo, realizado anualmente, composto por quatro etapas e realizado pelo Centro de Seleção e de 
Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe – site: http://www.cespe.unb.br). Para 
poder assumir o cargo, as principais exigências, são: ser brasileiro nato e possuir diploma 
universitário de qualquer formação (há mais pré-requisitos, mas esses são os mais importantes). 
Essas exigências, entretanto, aplicam-se apenas aos aprovados, para que possam assumir o cargo. 
Qualquer pessoa pode, independentemente de já possuir o diploma em mãos, fazer o concurso (isso 
é comum a pessoas que tentam o CACD durante a universidade, por exemplo). Nesse caso, se for 
aprovado, o candidato deverá apresentar o diploma. Obviamente, se não o fizer, perderá a vaga. 
O CACD é dividido em quatro fases, que são as seguintes: 
 1ª FASE: duas provas objetivas (com questões de Certo ou Errado e de múltipla escolha, com 
penalização para erros) com questões de: Português, Inglês, História Mundial, História do 
Brasil, Geografia, Política Internacional, Noções de Direito e de Direito Internacional Público 
e Noções de Economia6. De 2008 a 2010, a prova valia 80 pontos; em 2011, voltou a valer 65 
pontos (o número de pontos equivale ao número de questões; questões de Certo ou Errado 
são compostas por quatro itens; questões de múltipla escolha têm cinco alternativas). As 
duas provas são realizadas no mesmo dia, normalmente um domingo, pela manhã e pela 
tarde. A primeira fase também é conhecida como TPS (Teste de Pré-Seleção), seu antigo 
nome – que, apesar de abandonado pela banca organizadora, continua no vocabulário dos 
cursinhos preparatórios e de muitos candidatos. 
 2ª FASE: uma prova discursiva de Português, que consiste de uma redação sobre tema geral 
(80-120 linhas), com valor de 60 pontos, e de duas interpretações, análises ou comentários 
sobre temas específicos (15-25 linhas), valendo 20 pontos cada, com valor total de 100 
pontos. Para ser aprovado, o candidato precisa fazer, no mínimo, sessenta pontos na prova. 
 3ª FASE: seis provas discursivas de: Geografia, História do Brasil, Inglês, Noções de Direito e 
de Direito Internacional Público, Noções de Economia e Política Internacional. Essas provas, 
exceto Inglês, consistem de quatro questões (os números de linhas variam entre as matérias: 
duas questões de 90 linhas e duas de 60 linhas para as provas de Geografia, de História do 
Brasil e de Política Internacional; duas questões de 60 linhas e duas de 40 linhas para as 
provas de Direito e de Economia; uma redação em Inglês de 45 a 60 linhas, uma versão do 
Português para o Inglês com cerca de 150 palavras, uma tradução do Inglês para o Português 
com cerca de 150 palavras e um resumo de até 200 palavras de um texto de cerca de 1000 
palavras7 para a prova de Inglês). Cada prova da terceira fase tem o valor de 100 pontos. 
Para ser aprovado na terceira fase e ter suas notas da quarta fase divulgadas, o candidato 
precisa somar, ao menos, 360 pontos no total das seis provas, independentemente da 
distribuição desses pontos em cada uma dessas provas. Se não conseguir esse limite mínimo, 
o candidato está, automaticamente, desclassificado. 
 
6 O termo “noções” para as provas de Direito e de Economia n~o significa, obviamente, que sejam provas f|ceis ou que 
não seja necessário estudar tanto, apenas indica que a cobrança não é tão aprofundada quanto nas demais. 
7 Os números aproximados de palavras das traduções e do texto para resumo foram baseados na prova de 2011. Nada 
impede que esse valor mude de um ano para o outro. Em concursos anteriores, já houve textos maiores e menores. Vide 
provas anteriores. 
 4ª FASE: provas discursivas de Francês e de Espanhol (cada prova contém, normalmente, 
dez questões de interpretação de texto, cada questão valendo 5 pontos; são, normalmente, 
um ou dois textos para interpretação; o valor total de cada prova é de 50 pontos, somando 
100 pontos as duas provas juntas). Os candidatos devem fazer as provas dos dois idiomas, 
não é possível escolher apenas um. Não é necessário atingir um mínimo de pontos na quarta 
fase, raz~o pela qual ela é chamada de “classificatória”, n~o “eliminatória”. Nos últimos 
concursos, entretanto, essa fase tem tido grande relevância, sendo decisiva para definir os 
aprovados no concurso e a classificação final no certame. Passar para a quarta fase não 
significa estar aprovado no concurso (afinal, há um limite de vagas). É necessário somar as 
notas da segunda, da terceira e da quarta fases, para obter a pontuação final do concurso epara calcular a colocação final. 
Logo após a primeira fase, o Cespe libera o gabarito preliminar (cerca de dois dias após a realização 
da prova). Após a liberação do gabarito preliminar, os candidatos têm, normalmente, outros dois 
dias, para elaborar os recursos ao gabarito preliminar das questões (na última seção da Parte III, 
tratarei dos recursos mais detidamente). A banca examinadora do concurso leva cerca de três 
semanas, para, então, divulgar o gabarito definitivo e o resultado final da primeira fase do concurso. 
Questões anuladas têm a pontuação concedida a todos os candidatos, e questões com alteração de 
gabarito também têm efeito para todos os candidatos (ou seja, sua nota pode variar para cima ou 
para baixo entre o gabarito provisório e o gabarito final da primeira fase, de acordo com as 
modificações no gabarito). 
É desnecessário dizer que não há como prever qual será a nota necessária à 
aprovação na primeira fase, uma vez que são aprovados, como regra geral, 
os trezentos primeiros candidatos (em caso de empate na última colocação, 
são convocados todos os candidatos empatados com aquela pontuação). 
Desse modo, antes da divulgação dos resultados finais da primeira fase, não 
há como ter certeza da aprovação para a próxima fase. De qualquer forma, 
veja a porcentagem mínima (valores arredondados da nota do 300º 
colocado) para aprovação na primeira fase dos últimos concursos realizados 
na tabela ao lado. Vale observar que, em 2007, não houve questões de 
Economia e de Direito na primeira fase, o que pode justificar a nota de corte 
mais elevada em relação aos demais anos. 
Os cursinhos costumam elaborar rankings (também disponíveis em grupos como o “Instituto Rio 
Branco”, no Facebook, e o “Coisas da Diplomacia”, no Orkut) com as notas obtidas pelos candidatos, 
de acordo com o gabarito preliminar. Esses rankings, obviamente, não são precisos, e, visto que 
grande parte dos candidatos em condições de ir à segunda fase fica com pontuações muito 
próximas (no chamado “limbo”), passar ou não passar pode dever-se a poucos décimos (ou seja, 
para muitos, as mudanças no gabarito oficial fazem toda a diferença). Apesar disso, com base nesses 
rankings, é possível ter uma noção de como o candidato está em relação aos demais, para saber se 
deve estudar para a segunda fase. Isso é extremamente importante, pois o resultado oficial da 
primeira fase sai, normalmente, na mesma semana da prova da segunda fase. Assim, se o candidato 
não começar a preparar-se com antecedência, não terá tempo suficiente para fazê-lo apenas após o 
resultado oficial da primeira fase. 
Os cursinhos preparatórios também costumam divulgar uma previsão de margem de erro (ex.: de 
x% a y%, há alguma chance; de y% a z%, há boas chances etc.). Mesmo que você não tenha feito 
cursinho (ou queira saber as médias dos candidatos de um cursinho que você não frequentou), 
basta ligar em algum deles e perguntar. Outros candidatos disponibilizam essa informação na 
fóruns virtuais como a comunidade “Coisas da Diplomacia” (Orkut) e o grupo “Instituto Rio Branco” 
(Facebook). Se vir que tem alguma chance de ser aprovado, não perca tempo e comece a estudar 
para a segunda fase (especialmente para a segunda fase, considero o cursinho essencial, mas digo 
isso apenas com base em minha experiência; cada um, é claro, deve saber o que é melhor para si, 
dentro de suas condições). Acho que é melhor estudar e não ser aprovado que não estudar e ser 
aprovado no susto, desperdiçando a oportunidade. De qualquer modo, não é conhecimento perdido. 
Ano Corte 
2011 63% 
2010 66% 
2009 68% 
2008 69% 
2007 76% 
2006 69% 
Ainda que não seja aprovado, você já adianta os estudos para a segunda fase do concurso seguinte. 
Há, também, alunos que, mesmo sabendo que não passaram (ou mesmo nem havendo feito o 
concurso), matriculam-se nos cursos intensivos, para não ter de fazer os cursos regulares, que 
duram vários meses. 
Na primeira fase, o Cespe divulga os nomes e as pontuações apenas dos aprovados. Teoricamente, 
as folhas de respostas de todos os candidatos também são divulgadas. Para as fases seguintes, os 
respectivos resultados finais apresentam os nomes e as notas de todos os candidatos que foram 
aprovados para aquela fase, ainda que não tenham obtido a pontuação mínima exigida. Erro comum 
(principalmente de amigos e de familiares desavisados) é achar que só porque o nome do candidato 
saiu na relação do Cespe significa que foi aprovado naquela fase. Não é bem assim. Na segunda e na 
terceira fases, é necessário fazer o mínimo de 60% na nota total da respectiva fase. Além disso, o 
resultado final do concurso também apresenta as notas finais dos candidatos classificados, com a 
respectiva classificação. Ser classificado não significa ser aprovado no concurso. É necessário 
observar o número total de vagas oferecidas. O número de candidatos classificados é divulgado em 
edital (em 2011, 60 candidatos foram classificados), o que significa que, caso haja uma expansão 
das vagas, o número máximo de convocados será igual ao número de classificados (em 2011, houve 
grande expectativa em relação a isso, já que, com a iminência de aprovação de um projeto de lei que 
prevê a expansão das vagas para a carreira diplomática, os candidatos classificados no concurso –
aqueles que não foram aprovados, mas que ficaram entre a 27ª e a 60ª colocação – poderiam ser 
chamados8). 
Com relação à segunda fase, se você olhar os resultados dos últimos concursos, verá que uma 
“simples” prova de Redação pode ser muito mais complicada do que parece. Não vou me estender 
quanto às idiossincrasias da banca, disponíveis aos montes em vários fóruns na internet. Ressalto 
apenas o seguinte: não se deixe enganar, achando que Redação é algo tranquilo ou que “se n~o sou 
bom em Português, compenso em outras matérias”. Na segunda fase, isso n~o é possível. Muita 
gente boa não passa na segunda fase por um motivo que, no fim das contas, é relativamente 
simples. A segunda fase não é uma prova que testa toda a criatividade e a capacidade inventiva dos 
candidatos. Pelo contrário, é uma prova bastante técnica. Você não está fazendo uma redação para 
entrar em uma universidade, ocasião em que se quer provar sua capacidade de raciocínio e sua 
criatividade, cobrando-se narrações, fábulas ou dissertações politicamente engajadas. Trata-se de 
uma redação para ser admitido em um concurso público, e, como tal, a avaliação visa a verificar a 
capacidade de os candidatos lidarem com a modalidade culta da língua portuguesa de maneira (por 
falta de termo melhor) “diplom|tica”. Isso envolve, entre inúmeras outras coisas, n~o usar 
linguagem conotativa, evitar preciosismos, ter argumentos claros e explícitos em cada parágrafo 
etc. Olhe as melhores respostas dos Guias de Estudos dos concursos anteriores, para ter uma noção 
do “estilo” de escrita preferido pela banca (todos os Guias de Estudos podem ser encontrados na 
página do Instituto Rio Branco ou no site do Cespe). 
Entre a realização da segunda fase e o início das provas da terceira fase, há um intervalo 
relativamente grande, de quase dois meses. Nesse período de tempo, ocorrem: correção da prova 
da segunda fase, divulgação dos resultados provisórios, período para interposição de recursos à 
correção, análise dos recursos interpostos e divulgação do resultado final da segunda fase. 
Os candidatos aprovados na segunda fase (ou seja, aqueles que fizerem mais de 60 pontos de 100 
na prova de Redação) passam à terceira fase, na qual são avaliados conhecimentos mais específicos 
nas seis provas que a compõem. A terceira fase é aplicada, normalmente, em três finais de semanas 
consecutivos, com uma prova no sábado e outra no domingo. Assim, esgotam-se as seis provas. A 
aplicação da quarta fase costuma ser concomitante à da terceira (em 2011, por exemplo, as duas 
provas da quarta fase foram aplicadasna tarde do último domingo de provas da terceira fase, mas 
isso pode variar; em 2010, por exemplo, as duas provas foram feitas em dias separados) – embora 
só sejam divulgadas as notas das provas da quarta fase dos candidatos que obtiverem o somatório 
 
8 Até o fechamento deste documento, não havia maiores novidades com relação a esse tema. O Projeto de Lei que cuida 
dessa temática é o PL 7579/2010. Atualmente (agosto/2001), o PL está em tramitação na Câmara dos Deputados. 
mínimo de 360 pontos na terceira fase, como já indicado anteriormente. Em síntese, a terceira e a 
quarta fases são aplicadas em três finais de semana consecutivos, mas a ordem das provas costuma 
variar todos os anos. 
O resultado final do concurso é dado pelo somatório das notas da segunda, da terceira e da quarta 
fases (como se pode ver, a nota da primeira fase é descartada, contando apenas como último 
critério de desempate, após vários outros). A seguir, veja uma tabela com as pontuações de alguns 
candidatos dos últimos concursos realizados. Estão discriminadas as pontuações totais dos 
candidatos que ficaram no 1º, no 25º, no 50º, no 75º e no 100º lugar, nos últimos seis concursos. 
 
Ano 
Resultado Final (soma da 2ª, da 3ª e da 4ª fases) 
100º lugar 75º lugar 50º lugar 25º lugar 1º lugar 
2011 524,61/800 65,6% 534,23 66,8% 544,83 68,1% 566,86 70,8% 603,38 75,4% 
2010 516,62/800 64,5% 536,53 67,0% 546,84 68,3% 565,89 70,7% 621,11 77,6% 
2009 485,50/800 60,6% 506,75 63,3% 526,00 65,7% 559,00 69,8% 611,00 76,3% 
2008 484,90/750 64,6% 504,75 67,3% 525,70 70,0% 549,25 73,2% 629,25 83,9% 
2007 453,75/750 60,5% 472,20 62,9% 491,25 65,5% 510,35 68,0% 583,10 77,7% 
2006 450,40/750 60,0% 475,50 63,4% 496,75 66,2% 517,50 69,0% 571,00 76,1% 
 
 
 
Dúvidas Frequentes: o concurso 
- Ainda há entrevista/prova oral? Não existe mais. 
- É possível passar no concurso enquanto trabalha 8h por dia? Já vi vários casos assim. É óbvio 
que isso deve requerer uma disciplina ainda maior, estudos ainda mais puxados etc., mas nem todo 
mundo que passa no CACD teve tempo de estudos integral. Casos de quem é aprovado com 6 ou 8 
horas diárias de trabalho são mais frequentes do que se imagina. 
- Quanto vou gastar com cursinho? É impossível fazer uma estimativa, tudo depende muito de 
diversos fatores, entre eles: a quantidade de matérias que você irá cursar, o cursinho que irá 
frequentar (há grande diferença de preços e de qualidade, não necessariamente proporcionais), o 
tempo gasto até a aprovação, as eventuais despesas de morar fora etc. Mesmo se alguém quiser só 
uma estimativa, uma margem de gastos, não tem como dar. Você pode gastar R$2.000, R$10.000, 
R$20.000 ou mais só com cursinho, então, infelizmente, essa informação é muito relativa. 
- Vou começar a estudar do “zero”. Por onde começo? Não sei o que dizer nessa situação. Talvez, 
por História Mundial. Fazer uma prova de primeira fase antiga, só para ter uma noção geral do nível 
da prova, pode ajudar (mas também pode desanimar, e muito). Tente equilibrar as coisas: um 
pouco de História, Geografia e Português (que são revisões dos tempos de colégio), passe para as 
demais disciplinas (Economia e Direito) e acho que Política Internacional pode deixar para começar 
um pouco depois, já que muita coisa depende de conhecimentos de todas as outras disciplinas. Só 
não se esqueça de dar atenção, também, às línguas: Inglês, Francês e Espanhol têm sido essenciais. 
Não as despreze. 
- Posso ter tatuagem? N~o h| nenhuma proibiç~o. Alguns diziam: “mas eles podem implicar na 
hora da entrevista”. Problema resolvido, pois n~o h| mais entrevista. H|, apenas, exame médico e 
psicológico, que só impedem a posse se houver alguma doença séria que incapacite o candidato ao 
eficaz exercício da profissão. 
- Preciso fazer Direito ou Relações Internacionais? Não. Qualquer curso superior reconhecido 
pelo MEC é válido. De todo modo, acho que predominam, entre os aprovados, os formados nessas 
áreas. Em 2011, foram 9 graduados em Direito e 7 graduados em Relações Internacionais. Apesar 
disso, houve, também, aprovados graduados em: Filosofia, Comunicação, Psicologia, Publicidade, 
Antropologia, Economia, Jornalismo, Administração e Letras – Alemão. 
- Se eu tiver mais de uma graduação/especialização/mestrado/doutorado/PhD, levo 
vantagem no concurso? Não. Ter mais de uma graduação, especialização, mestrado, doutorado, 
PhD, experiência profissional, tudo isso não acrescenta nada à pontuação do candidato no concurso. 
A única coisa que conta para a aprovação é a nota nas provas do concurso e ponto. Não sei se existe 
uma estatística quanto à parcela dos aprovados que tem um adicional à formação do curso 
superior, mas eu, mesmo, não tenho nada além de minha graduação e não acho que isso tenha 
prejudicado ou dificultado em absolutamente nada minha preparação. 
- No CACD, é possível escolher entre Francês OU Espanhol? Não! Francês E Espanhol. Não sei se 
muitos se confundem porque, há alguns anos, era diferente, mas ambas as línguas são obrigatórias 
na quarta fase (em 2011, as provas das duas línguas foram realizadas simultaneamente, com as 
questões de 1 a 10 de Espanhol e de 11 a 20 de Francês). 
- Há cotas no concurso? Mais ou menos. Não há reserva de vagas para afrodescendentes, se é o 
que você pensou. Em 2011, o concurso passou a contar com um bônus para afrodescendentes. No 
momento da inscrição, os candidatos podiam declarar-se afrodescendentes. Além de convocar para 
a segunda fase os 300 candidatos mais bem colocados na primeira fase, os próximos 30 candidatos 
que se houvessem declarado afrodescendentes também foram convocados, com um total de 330 
aprovados na primeira fase (mais os aprovados portadores de deficiência, mas eles têm reserva de 
vaga, os afrodescendentes não). Da segunda fase em diante, não houve qualquer vantagem para os 
candidatos afrodescendente que foram aprovados na primeira fase entre as trinta vagas adicionais, 
competindo de igual para igual com os demais. 
- E as bolsas de estudos para afrodescendentes? Todos os anos (normalmente, no segundo 
semestre do ano), o Instituto Rio Branco realiza um processo seletivo para candidatos à carreira 
diplomática que se considerem afrodescendentes e que necessitem de ajuda financeira, para bancar 
os estudos (“Bolsa-Prêmio de Vocaç~o para a Diplomacia”), que d| bolsa de estudos de R$25.000 
aos selecionados. Maiores informações podem ser conseguidas na página do Instituto Rio Branco 
(http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/programa_de_acao_afirmativa.xml) ou no site do 
Cespe (página do processo de 2010: http://www.cespe.unb.br/concursos/IRBRBOLSA2010/) 
 
Várias outras perguntas frequentes são respondidas no site do Instituto Rio Branco, no endereço: 
http://www.institutoriobranco.mre.gov.br/pt-br/perguntas_freq%C3%BCentes.xml 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parte III – A PREPARAÇÃO 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O objetivo, aqui, é considerar algumas temáticas que considero relevantes quanto à preparação 
para o concurso e à resolução das provas em todas as fases. Esta parte está dividida em cinco 
seções. Em primeiro lugar, um relato de minha experiência de estudos, com importantes sugestões 
de amigos e de conhecidos e com diversas contribuições recolhidas de sites e de fóruns na internet. 
Não se trata, propriamente, de recomendação, uma vez que cada um deve adaptar seus estudos às 
condições em que se encontra (tempo de dedicação, material disponível etc.), mas espero que sirva, 
ao menos, de uma orientação inicial a quem estiver um pouco perdido, para que possa programar 
seus estudos e ganhar tempo. 
Muitos já me perguntaram quais matérias são recomendáveis na universidade. Embora isso seja 
muito relativo, visto que professores diferentes podem dar a mesma matéria de maneira 
completamente distinta, fiz uma lista,para facilitar a vida de quem, mesmo sabendo dessas 
limitações, quer algum conselho nesse aspecto. Essa relação de disciplinas está na segunda seção 
desta parte. 
Na terceira seção, trato dos cursos preparatórios para o CACD. Na seção seguinte, falo um pouco 
sobre algumas sugestões e “macetes” para a hora das provas. Na quinta e última seção desta parte, 
trato, rapidamente, de algumas considerações (que julgo importantes) a respeito da interposição de 
recursos aos gabaritos (na primeira fase) e às correções (nas demais fases) do concurso. 
Agora, vamos ao que interessa. 
 
 
 
OS ESTUDOS 
Confesso que, no início dos estudos, foi bastante frustrante aprender coisas que eu, supostamente, 
deveria haver aprendido na universidade, no curso de Relações Internacionais. Mesmo as matérias 
que considerei ótimas na universidade nem sempre foram de tanta utilidade quanto eu achei que 
seriam. Sem dúvida, aprendi muito mais coisas úteis ao CACD nos meses de estudos pré-primeira 
fase do que nos quatro anos de graduação. Espero, assim, desfazer o mito: Relações Internacionais 
não é condição sine qua non para a aprovação no CACD. Por isso, acredito que, independentemente 
do curso superior que você tenha feito, o que mais importa é sua dedicação aos estudos. Não se 
preocupe: é possível recuperar o tempo perdido em menos tempo do que se imagina. Com 
disciplina e com foco, é possível, sim, começar a estudar alguns meses antes do concurso e ser 
aprovado. Ter disciplina é tão importante quanto ser pragmático. Não importa se você terá três 
meses, três anos ou três décadas de preparação, será impossível conseguir estudar tudo o que 
poderia ser cobrado no concurso. Como ninguém quer estudar o que poderia ser cobrado, mas o 
que, de fato, será cobrado, ter noção disso já é um passo fundamental para a preparação. Retomarei 
essas considerações mais adiante. 
Com relação ao método de estudos, não sei se tenho muito a acrescentar ao que todo mundo já 
sabe. Nunca vi nenhum método fabuloso de estudos que me tenha motivado a tentar segui-lo, por 
isso nem me esforçarei para tentar propor algo nesse sentido. Mais uma vez, é um mero relato de 
como fiz nos sete meses de estudos mais sérios que tive (setembro 2010 – março 2011) antes do 
concurso e nos três meses de duração das provas do concurso (abril – julho 2011). 
Li muitas recomendações de estudos e de leituras, mas, às vezes, tinha a sensação de que faltavam 
depoimentos de “gente como a gente”, que procrastina, que tenta se sabotar (e que tenta cair na 
autossabotagem) etc. O motivo para isso é muito simples: se você é assim, ou tenta adaptar seus 
métodos de estudos às condições em que se encontra, ou não haverá outro jeito. Tentar passar só 
na base da “enrolaç~o” n~o funciona. Meu maior desafio n~o era a falta de foco, mas o tempo de 
preparação. Muitos estudam por anos e anos, e eu sabia que a concorrência não seria nada fácil, 
ainda mais com um número reduzido de vagas com relação ao concurso anterior. Desse modo, tive 
de cortar leituras desnecessárias, adaptando meus estudos ao tempo que tinha disponível. O relato 
apresentado a seguir baseia-se, portanto, em uma metodologia voltada para estudos de curto prazo. 
Se você tiver mais tempo de preparação, ótimo. Há muitos outros relatos disponíveis na internet de 
candidatos aprovados que relatam seus estudos com mais tempo de preparação, com vasta leitura 
bibliográfica etc. Tentei reunir todos os relatos que eu encontrei na parte IV desse documento, de 
modo que os candidatos que estejam a fim de um pouco mais de embasamento nos estudos tenham 
boas referências. De todo modo, esta parte, por ser voltada a minha preparação, tratará de uma 
estratégia mais instantânea de estudos. Espero que seja útil. 
Em minha tentativa de planejar uma estratégia que permitisse conciliar o tempo reduzido de 
estudos e a quantidade de conteúdo necessária para o concurso, o que foi mais importante foi, sem 
dúvida, determinar o que seria útil e o que não seria. Não há melhor maneira de fazer isso que ler as 
provas anteriores do concurso, resolver os TPS, estudar os Guias de Estudos etc. No fim das contas, 
o tempo reduzido acabou sendo meu aliado. Se eu tivesse mais tempo de preparação, 
provavelmente perderia mais tempo com leituras desnecessárias para o CACD e com metodologias 
de estudo não muito eficazes. Desse modo, o modo de estudar que planejei e que segui em minha 
preparação para o CACD teve suas bases na necessidade de pragmatismo, de estudar apenas o que 
seria indispensável para o concurso. Por isso, se você for metódico e mais ortodoxo com relação aos 
estudos, já aviso que poderá desprezar minha experiência pessoal e partir para os estudos, porque 
todos os meus relatos a seguir estão baseados nessa filosofia de vida da arte do pragmatismo de 
meios. 
Comecei a estudar ainda durante o fim da graduação (graduei-me no segundo semestre de 2010), 
inicialmente lendo algumas coisas de Introdução ao Direito e de Direito Interno, já que minha 
Introdução ao Direito foi horrível e quase não vi Direito interno na graduação. Resumo desses 
estudos iniciais: perda de tempo. Eu não tinha muita noção do que deveria estudar, comecei 
estudando o básico do básico em Direito e acabei me perdendo, gastando mais tempo que deveria 
com o que, no fim das contas, é inútil para o concurso. É aqui que começa a entrar o necessário 
pragmatismo, que, a meu ver, torna possível ser aprovado sem anos e anos de estudos. Cai 
introdução ao Direito nas questões do concurso? Não. Logo, não havia motivos para perder tempo 
com isso. “Ah, se você n~o estudar a introduç~o, ficar| perdido e n~o conseguir| entender as partes 
mais importantes e substantivas posteriores”. Se você quisesse fazer correlações entre o Direito 
interno e a teoria do Direito de Miguel Reale e não sei o quê, tudo bem, mas isso se faz na 
universidade, não no concurso. Uma coisa é o estudo de universidade, em que se busca adquirir 
conhecimentos amplos, para que os alunos sejam capazes de relacionar a importância do 
fundamento teórico de criação de uma disciplina e a teorização contemporânea sobre o que quer 
que seja. Outra coisa completamente diferente é aprender o que cai no CACD e o que você terá de 
saber para a prova, e aí todo esse conhecimento básico, em minha opinião, dá apenas uma sensação 
falsa de conhecimento que, feliz ou infelizmente, não será cobrado no concurso. 
Depois dessa improdutiva tentativa de leituras iniciais (cerca de dois meses), comecei a fazer 
cursinho preparatório de algumas matérias (Política Internacional, Português, Geografia, Direito e 
Redação, nem todas no mesmo cursinho) ainda durante os últimos meses de graduação. No início, 
ainda dividia os estudos para o CACD com os estudos finais da universidade, e, até o fim de 2010, 
tudo o que fiz foi seguir as indicações de leitura dos cursinhos e fazer as provas antigas da primeira 
fase. Hoje, percebo que eu poderia ter ganhado mais tempo caso tivesse optado por algo um pouco 
diferente, e meus estudos de setembro a dezembro não foram muito produtivos, apenas 
parcialmente. Já explico mais. 
Em primeiro lugar, as leituras dos cursinhos não são, no geral, muito boas. Não falo isso com base 
apenas nas matérias que fiz. Tive acesso a muitas indicações de bibliografias de todas as disciplinas, 
de diversos cursinhos e de diversas fontes de internet. Tenho certeza de que é provável que a 
maioria das pessoas que lerão isso ficará meio chocada, mas é minha opinião. Inicialmente, eu tinha 
a impressão de que, se eu lesse todas as bibliografias indicadas pelos professores de cursinho, 
estaria plenamente preparado para o concurso, mas isso está longe de ser verdade. Li muitos textos 
ruins, vagos, não objetivos e praticamente inúteis para o CACD. Por isso, considero que foram 
inúteis meus estudos iniciais de Introdução ao Direito relatados acima. 
O que quero

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