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HISTÓRIOGRAFIA BRASILEIRA AULA 1 A 10

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HISTÓRIOGRAFIA BRASILEIRA
AULA 01 O discurso histórico no Brasil colonial e no Brasil império 
INTRODUÇÃO
Nessa nossa empreitada de capturar o que tenha sido os primórdios do discurso que se pretendia históricos sobre o Brasil nos períodos colonial e imperial até a criação do IHGB em 1838, devem nos ser úteis os relatos deixados por cronistas, viajantes e missionários, que falam da terra encontrada pelo Ocidente entre o final do século XV e início do XVI.
Assim sendo, as obras de Frei Vicente do Salvador, Pero de Magalhães Gândavo, Fernão Cardim, Sebastião da Rocha Pita, Gabriel Soares de Souza e em especial a de Pe. André João Antonil, entre outros que formam o corpo textual de onde partiu a historiografia brasileira para tecer suas primeiras interpretações. Procuraremos estabelecer quais foram os primeiros objetos sobre os quais os primeiros historiadores teceram considerações, em especial, sobre a dinâmica da sociedade brasileira em que se debruçaram.
Também, abordaremos no final do período colonial e durante o início do período imperial o historiador Vilhena, que, antes da criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro ofereceu uma interpretação sobre a dinâmica da sociedade brasileira.
Vamos juntos nessa aventura de conhecer como nasceu a historiografia brasileira!
Podemos concordar que nossa história começa com o primeiro documento oficial de que dispomos sobre o encontro entre os índios com os marinheiros do Império português. Estamos falando da Carta de Pero Vaz de Caminha, enviada para o Rei de Portugal. A carta se refere aos índios, descrevendo seus físicos, suas aparências e seus costumes. Ela também indica aspectos da riqueza natural, de fauna e de flora do território. Caminha solicita ao rei que cuide da salvação dos índios. Caminha indica aquelas que seriam as duas motivações que importariam: a expansão e a exploração territorial e econômica da Colônia pelos portugueses.
O território que Caminha descreve, logo povoaria o imaginário europeu. Os costumes nativos, em especial o de andar nu, surpreenderam aqueles europeus que viam na exposição da intimidade um tabu incontornável. Os 
Um pouco mais tarde os portugueses entraram em contato com outro aspecto que aterrorizou o europeu, os hábitos de algumas tribos de serem antropófagos. As primeiras crônicas que se seguiram à carta de Caminha, quase sempre de religiosos, expuseram que para a consciência cristã, além da luxúria havia a selvageria do canibalismo.
 No século XVII, o poeta Gregório de Mattos Guerra, inaugurou outra forma de avaliar a sociedade brasileira, ele foi cronista d a política da Bahia, Gregório analisou os costumes, agora tendo como foco não os costumes dos índios, mas a estupidez da escravidão e o desejo do português pelas negras. 
Sem dúvida o maior historiador que produziu durante o período colonial brasileiro foi Antonil, um jesuíta italiano. Ele viveu em Salvador, na Capitania da Bahia, de 1681 até a sua morte em 1716. Antonil foi um observador com arguto senso histórico, atento em especial ao fenômeno econômico, descreveu com notável embasamento histórico a realidade econômica da Colônia, identificando com destaque a produção de açúcar e das demais atividades econômicas como a produção do tabaco, a criação de gado e até mesmo a mineração, sendo que sobre a mineração utilizou o testemhunho de terceiros.
Apresentar vários dados sobre a produção, como as técnicas produtivas utilizadas, sem deixar de também analisar as condições de trabalho e os aspectos sociais e políticos envolvidos e que mobilizaram toda a sociedade brasileira de então, em especial a escravidão, como podemos perceber no trecho abaixo:
“O ser Senhor de Engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam os títulos entre os fidalgos do Reino. Porque engenhos há na Bahia que dão ao senhor quatro mil pães de açúcar e outros pouco menos, com cana obrigada à moenda, de cujo rendimento logra o engenho ao menos a metade, como qualquer outra, que nele se livremente se mói; e em algumas partes, ainda mais que a metade”.
Tudo isso pode ser encontrado em sua obra de 1711, “Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas”. Essa obra é o melhor que se produziu acerca das condições sociais e econômicas do Brasil durante o período em que aqui viveu Antonil. Tanto assim que a Coroa portuguesa, ciente do perigo da divulgação de informações históricas tão acuradas sobre as drogas e as minas daquela que então havia se convertido sua principal Colônia, proibiu a circulação do livro além de confiscar os exemplares que tinham sido postos em circulação. Somente no século XIX, a obra foi reeditada e mereceu o lugar de destaque como a primeira produção historiográfica em solo brasileiro.
Sobre a análise de Antonil acerca dos escravos, podemos apresentar alguns trechos:
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo como se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano algumas peças e reparti-las pelos partidos, roças, serrarias e barcas. E porque comumente são de nações diversas, e uns mais boçais que outros e de forças muito diferentes, se há de fazer a repartição com reparo e escolha, e não às cegas. Os que vêm para o Brasil são ardas, minas, congos, de São Tomé, de Angola, de Cabo Verde e alguns de Moçambique, que vêm nas naus das Índia. Os ardas e os minas são robustos. Os de Cabo Verde e de São Tomé são mais fracos. Os de Angola, criados em Luanda, são mais capazes de aprender ofícios mecânicos que os das outras partes já nomeadas. Entre os congos, há também alguns bastantes industriosos e bons não somente para o serviço da cana, mas para as oficinas e para o meneio da casa. 
Uns chegam ao Brasil muito rudes e muito fechados e assim continuam por toda a vida. Outros, em poucos anos saem ladinos e espertos, assim para aprenderem a doutrina cristã, como para buscar modo de passar a vida e para se lhes encomendar um barco, para levarem recados e fazerem qualquer diligência das que costumam ordinariamente ocorrer. As mulheres usam de fouce e de enxada, como os homens; porém, nos matos, somente os escravos usam de machado. Dos ladinos, se faz escolha para caldeireiros, carapinas, calafates, tacheiros, barqueiros e marinheiros, porque estas ocupações querem maior advertência.
Os que desde novatos se meteram em alguma fazenda, não é bem que se tirem dela contra sua vontade, porque facilmente se amofinam e morrem. Os que nasceram no Brasil, ou se criaram desde pequenos em casa dos brancos, afeiçoando-se a seus senhores, dão boa conta de si; e levando bom cativeiro, qualquer deles vale por quatro boçais. 
Melhores ainda são, para qualquer ofício, os mulatos; porém, muitos deles, usando mal do favor dos senhores, são soberbos e viciosos, e prezam-se de valentes, aparelhados para qualquer desaforo. E,contudo, eles e elas da mesma cor, ordinariamente levam no Brasil a melhor sorte; porque, com aquela parte de sangue de brancos que têm nas veias e, talvez, dos seus mesmo senhores, os enfeitiçam de tal maneira, que alguns tudo lhes sofrem, tudo lhes perdoam; e parece que se não atrevem a repreendê-los: antes, todos os mimos são seus. E não é fácil cousa decidir se nesta parte são mais remissos os senhores ou as senhoras, pois não falta entre eles e elas quem se deixe governar de mulatos, que não são os melhores, para que se verifique o provérbio que diz: que o Brasil é o inferno dos negros, purgatório dos brancos e paraíso dos mulatos e das mulatas; salvo quando, por alguma desconfiança ou ciúme o amor se muda em ódio e sai armado de todo o gênero de crueldade e rigor. Bom é valer-se de suas habilidades quando quiserem usar bem delas, como assim o fazem alguns;porém não se lhes há de dar tanto a mão que peguem no braço, e de escravos se façam senhores. Forrar mulatas desinquietas é perdição manifesta, porque o dinheiro que dão para se livrarem, raras vezes sai de outras minas que dos seus mesmo corpos, com repetidos pecados; e, depois de forras, continuam a ser ruína de muitos”.
Não deixe de consultar no endereço eletrônico a obra “Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas”. Você terá a oportunidade de entrar em contato com a produção historiográfica que foi precursora por sua originalidade temática e por sua matiridade teórica e conceitual, chega a ser assombrosa a sua elaboração, por ser notável o senso histórico de Antonil, cabe para ele toda a nossa reverência e o reconhecimento de ser o primeiro historiador brasileiro digno de ostentar esse nome.   
Após Antonil, precursor da historiografia brasileira, nós podemos assinalar também a importância de Vilhena, português que viveu em Salvador entre 1787 até falecer em 1814. Vilhena analisou metodicamente a sociedade brasileira na qual estava inserido, apontou suas contradições básicas, seus paradoxos visíveis entre a opulência e a miséria, a existência de uma burocracia corrupta e pensadores idealistas que povoavam a Salvador de sua época. Identificou a ordem social e política estabelecida, o funcionamento administrativo utilizado pela Coroa portuguesa, isso sem deixar de considerar os impulsos por transformações radicais que visavam o rompimento com a ordem que então se apresentava.
Vilhena constatou a superpopulação de Salvador. Relacionou essa constatação demográfica a estendendo e a considerando como uma característica comum das cidades portuárias coloniais. Classificou Salvador como uma metrópole colonial, possuidora de excessiva concentração de funções, acompanhada de centralização também excessiva no que tange à comparação com as vilas, bem menos povoadas e bem menos importantes. A análise da superpopulação permitiu categorização, por parte de Vilhena, dos extratos sociais, composto por grande contingente populacional branco, pobre e português, uma espécie de excedente populacional da metrópole europeia, além da população brasileira, já percebida por ele como diversificada pela cor e pela situação econômica, isso sem deixar de se referir ao grande número de escravos africanos, número que se renovava, por meio do substancial tráfico que era feito na cidade de Salvador.
Vilhena identificou Salvador como uma metrópole colonial do império português, como tal repleta de aventureiros, que vinham de Portugal e aqui buscavam fazer a sua riqueza para mudar de condição social, no mais das vezes se valendo somente do fato de serem brancos portugueses, os reinóis, considerados superiores racialmente aos nascidos na Bahia. A brancura da pele se tornava o trunfo principal para em uma sociedade escravista serem considerados superiores e por isso terem acesso aos melhores cargos e aos melhores negócios. Vilhena identificou que tanto o sangue como o trabalho manual separavam as pessoas, quem trabalhava com as mãos ou que tinham sangue mestiço já estavam desfavorecidos e impedidos de ascensão social na cidade de Salvador, aquilo que Vilhena chamou das duas máculas, do sangue e do trabalho.
Os reinóis estavam constantemente na busca de um emprego público ou de ter facilitado a posse da propriedade da terra, por meio de uma sesmaria, além de reivindicar a entrada privilegiada no comércio da cidade. Por sua origem nacional e racial, os reinóis esperavam receber favores, comissões ou concessões por parte da coroa portuguesa. Com o aumento da população de reinóis houve o aumento da competição entre a população livre, o que ocasionou o antagonismo dos brancos europeus aos brancos nascidos na terra brasileira.
Vilhena retrata esse confronto por ele identificado:
“Os brancos naturais do país (Bahia) hão de ser soldados, negociantes, escrivães, oficiais em alguns tribunais ou juízos da Justiça ou da Fazenda, e alguma outra ocupação que não possa ser da repartição dos negros, como cirurgiões, boticários, pilotos, mestres ou capitães de embarcações, caixeiros de Trapiches etc. Alguns outros, se bem que poucos ou raros se empregam em escultores, pintores, ourives etc. (Vilhena, 1922, p. 140)
 PARA FIXAR
Antonil foi um observador com arguto senso histórico, atento em especial ao fenômeno econômico, descreveu com notável embasamento histórico a realidade econômica da Colônia, identificando com destaque a produção de açúcar e das demais atividades econômicas como a produção do tabaco, a criação de gado e até mesmo a mineração, sendo que sobre a mineração utilizou o testemhunho de terceiros. Apresentar vários dados sobre a produção, como as técnicas produtivas utilizadas, sem deixar de também analisar as condições de trabalho e os aspectos sociais e políticos envolvidos e que mobilizaram toda a sociedade brasileira de então, em especial a escravidão.
Vilhena constatou a superpopulação de Salvador. Relacionou essa constatação demográfica a estendendo e a considerando como uma característica comum das cidades portuárias coloniais. Classificou Salvador como uma metrópole colonial, possuidora de excessiva concentração de funções, acompanhada de centralização também excessiva no que tange à comparação com as vilas, bem menos povoadas e bem menos importantes. A análise da superpopulação permitiu categorização, por parte de Vilhena, dos extratos sociais, compostos por grande contingente populacional branco, pobre e português, uma espécie de excedente populacional da metrópole europeia, além da população brasileira, já percebida por ele como diversificada pela cor e pela situação econômica, isso sem deixar de se referir ao grande número de escravos africanos, número que se renovava, por meio do substancial tráfico que era feito na cidade de Salvador. Vilhena identificou Salvador como uma metrópole colonial do império português, como tal repleta de aventureiros, que vinham de Portugal e aqui buscavam fazer a sua riqueza para mudar de condição social, no mais das vezes se valendo somente do fato de serem brancos portugueses, os reinóis, considerados superiores racialmente aos nascidos na Bahia. A brancura da pele se tornava o trunfo principal para em uma sociedade escravista serem considerados superiores e por isso terem acesso aos melhores cargos e aos melhores negócios. Vilhena identificou que tanto o sangue como o trabalho manual separavam as pessoas, quem trabalhava com as mãos ou que tinham sangue mestiço já estavam desfavorecidos e impedidos de ascensão social na cidade de Salvador, aquilo que Vilhena chamou das duas máculas, do sangue e do trabalho.
Aula 02 Discurso Histórico no Brasil Império
INTRODUÇÃO
Nessa aula, vamos conversar sobre a historiografia brasileira no século XIX, que foi o início da construção do pensamento e da escrita da história nacional, de forma fluida e metodologicamente mais consciente do que tudo que fora feito até então.
Para conhecermos uma obra historiográfica é necessário fazermos uma viagem no tempo. E levarmos em conta que os autores escreveram para o seu tempo. Sua vida era diferente, seu mundo era diferente. Por isso, devem ser analisados de forma coerente, e não preconceituosa. 
Esses comentários fazem mais sentido ainda quando tratamos da obra de Varnhagen. 
Vamos juntos revisitar esse período que produziu tantos preconceitos acerca do que a cultura brasileira seria, mas que ao mesmo tempo demonstrou muito afinco em revelar a verdade histórica.
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Os Institutos históricos e geográficos no Brasil foram pioneiros no levantamento, na coleta e na sistematização da documentação histórica, levantamentos geográficos e estudos etnográficos e linguísticos.
Foram responsáveis pela produção de um saber científico na época em que a história reivindicava para si um estatuto de cientificidade, que fosse fundado em vasta e sólida pesquisa documental. Esse esforço foi direcionado para a elaboração de uma ideia de nação, notadamente,durante o período imperial, e seguiram produzindo durante o período republicano.
1838 - ano da criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 
A pesquisa histórica caracterizará o IHGB, e o seu mais notável representante Varnhagen.
Nação brasileira
Para os intelectuais do IHGB coube a função de definir o projeto da nação brasileira.
A elaboração desse projeto nacional reunia, no plano político e institucional, a defesa da Monarquia com o elogio da centralização política. Algo que se somava à pretensão científica do IHGB de ser o núcleo da onde se emanava a produção historiográfica brasileira.
Completava esse projeto a defesa do catolicismo como alicerce da construção cultural da nacionalidade.
Seriam esses os caminhos para o Brasil ser inserido na civilização ocidental. O IHGB fez uma história conforme o modelo europeu, e que vislumbrava na educação, um dos elementos essenciais na construção de uma identidade ideológica das elites que deveriam conduzir o projeto nacional brasileiro.
Von Martius
Foi com esse espírito que Von Martius apresentou o seu artigo "Como se deve escrever a História do Brasil", em 1843 e que foi publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1845.
Salientou a importância do índio e do negro para a construção da sociedade brasileira, bem como a necessidade histórica de se conhecer e interpretar os seus costumes, as suas línguas e mitologias.
Apontou a necessidade de se construir um discurso historiográfico sobre os elementos do cotidiano, tanto do colono português, do escravo africano e do índio, somente assim seria factível a compreensão dos mecanismos históricos do período colonial brasileiro.
Varnhagen
É preciso, entretanto destacar que ao exigir o retrato das outras raças como responsáveis pela construção da sociedade brasileira, Von Martius continuava assegurando ao branco a primazia e a responsabilidade de conduzir a civilização brasileira.
Essa posição eurocêntrica característica do etnocentrismo dominante naquela época foi assumida pelo autor que primeiro, teve a intenção e a competência de responder aos desafios formulados por Von Martius, o nome dele é Varnhagen, o principal historiador produzido pelo IHGB.
Varnhagen, assim como Von Martius, não se interessou pela periodização da história brasileira, concentrou-se na documentação oficial como fonte histórica. Ele foi, na sua época, um dos grandes compiladores de documentos da história brasileira, seu trabalho ofereceu subsídios práticos a várias gerações de historiadores, e isso realizou bem ao espírito do IHGB.
Varnhagen, além de compilar, foi um analista e propôs uma síntese da história brasileira por meio de sua obra "História Geral do Brasil" Vols. I e II (1854  e 1857).
Varnhagen foi o iniciador da crítica histórica no Brasil levada a cabo de forma científica, com sua obsessão pela busca de documentos, em especial, aqueles presentes em arquivos na Europa.
Varnhagen entende o Brasil comandado por uma elite nacional branca, católica, que será a fiadora dos conceitos de "progresso", "civilização" e "evolução".
Esses  conceitos eram influentes no imaginário nacionalista europeu do século XIX. 
O pensamento ortodoxo de sua historiografia partiu da escola metódico-documental, e no Brasil, Varnhagen foi o seu maior representante.
AULA 03 A produção historiográfica brasileira no início do século XX: A obra de Capistrano de Abreu.
INTRODUÇÃO
Nessa aula, teremos o prazer de entrar em contato com a obra de Capistrano de Abreu que ficou conhecido como o “Heródoto do Povo Brasileiro”.
Capistrano de Abreu nasceu em 1853.
O cientificismo de Capistrano o fará reinterpretar a história brasileira dando destaque não mais ao Estado Imperial, mas sim, ao povo e a sua formação étnica.
A sua contribuição é uma referência do que se transformaria na concepção moderna de história, se apoiava em documentos que até então não eram privilegiados. A abordagem de Capistrano vai por em destaque temas sobre o cotidiano, a intimidade, procurando ressaltar a individualidade e a singularidade das ações humanas.
Capistrano é um historicista e recusa o positivismo.
Ele elaborou uma interpretação do Brasil que traz à tona a temporalidade histórica brasileira, por meio da valorização do seu povo, de suas lutas, dos seus costumes, da miscigenação, e da geografia brasileira.
Capistrano fará do povo brasileiro o sujeito da sua história.
Capistrano foi procurar as identidades do povo brasileiro, não no  português ou no Estado Imperial e nas suas elites luso-brasileiras.
Sua obra de 1907, Capítulos de História Colonial, não faz uma história somente político-administrativa, mas buscava a complexidade dos fenômenos humanos. 
Ao historiador cabe a recriação da vida cotidiana. 
Valorizou o conceito de “cultura” no lugar do conceito de “raça” e por isso pode ser considerado um precursor de Gilberto Freyre e de Sérgio Buarque de Holanda. 
Capistrano buscou valorizar a contribuição da cultura indígena, pondo em destaque o Brasil mameluco e sertanejo mais do que mulato e litorâneo. Foi adentrando o território brasileiro que o colonizador se transformou e plasmou uma identidade propriamente brasileira.
Contextualização
Foi no interior do Brasil que se constituiu para a história universal uma nova personalidade: a do “brasileiro”.
Entretanto, ele não desconsidera a unidade brasileira integrada apesar de suas diferenças regionais. 
Capistrano elaborou uma história social e econômica do povo, de sua vida, passando pela alimentação, pelos tipos étnicos, pelas condições geográficas, pelos caminhos percorridos, pelas diferentes formas econômicas, tipos de povoamentos, diferentes modos de vida, acompanhadas de diferentes formas psicológicas, variados costumes e crenças, as diferenças sociais, seja na vida urbana ou rural. 
Capistrano enfatiza a diferença entre o projeto colonizador e o projeto que gradualmente, se constituirá como sendo o brasileiro.
Enquanto Varnhagen defendeu o projeto português...
... Capistrano defenderá o projeto brasileiro.
A obra: “Capítulos de História Colonial”
Capistrano inicia sua obra apresentando a geografia do Brasil. Ele também descreve o indígena, seus hábitos e comportamentos, suas atividades, técnicas, guerras tribais, sua vida sexual, seu trabalho, sua educação, sua religiosidade, suas artes e seus mitos.
Posteriormente, Capistrano acrescenta o europeu e o africano.
A história do Brasil durante o século XVI se passou em trechos do litoral.
Esta colonização era realizada pelos portugueses que faziam a ocupação, povoamento e miscigenação. Os brancos, munidos de armas faziam humilhações, ofensas, estupros, escravizavam e exterminavam os índios, os negros e os mestiços.
Capistrano se pergunta se seria possível sair dessa situação uma “nação”.
O século XVI acabava com uma colonização dispersa e fragmentada.
Já o século XVII, acabou com a formação de um projeto de nação independente. Mudou o sujeito da história do Brasil e Capistrano percebe o surgimento de um novo povo: o brasileiro, conquistador do sertão.
A ocupação do interior se deu a partir das entradas pelo território, feita pelos bandeirantes.
Os paulistas são os mamelucos e Capistrano destaca que o brasileiro é, primeiramente, um mestiço de índio e branco, pois o mestiço de negro e branco é litorâneo e dominado pelo mundo português.
INDIO + BRANCO PRIMEIROS BRASILEIROS 
A ação desbravadora dos bandeirantes é uma ação brasileira, marcada pela violência e pela brutalidade contra os indígenas. O brasileiro deu sequência a ação colonizadora do português e utilizou os mesmos métodos. A conquista do território brasileiro foi feita com a expulsão, exterminação e escravização do indígena.
Os paulistas encontraram o ouro no final do século XVIII, os bandeirantes tornaram-se mineiros. Com as minas, uma parte do sertão brasileiro tornou-se português, os tributos aumentaram, a exploração do ouro foi disciplinada em favor da Coroa. No sertão mineiro, o domínio português tornou-se severo eos sentimentos patrióticos brasileiros afloraram o que desencadeou os primeiros movimentos pela Independência.
No final do século XVIII, os diversos grupos que compunham a nação brasileira se conscientizaram da lei opressora e repressiva do colonizador.  
A consciência brasileira foi se formando lentamente durante três séculos.
Capistrano realiza um balanço sobre o final do século XVIII, a população se concentra no litoral e nas margens dos rios que adentram o interior. A maioria da população é mestiça:
-No interior existe o predomínio do mameluco.
-No litoral e minas predomina o mulato.
-Os negros são maioria no litoral.
-No sul, os brancos é que constituem a maioria
Capistrano apresenta as diferentes atividades regionais, compara as diferentes identidades dos brasileiros regionais. 
Mesmo sendo difícil distinguir os diferentes interesses e sentimentos,  Capistrano esforça-se por definir uma brasilidade.
Depois da Independência, começa o processo de unificação que se consolida durante o Segundo Reinado.
AGORA, REFLITA: podemos dizer que Capistrano e um antivarnhageniano?
-A resposta é sim. Capistrano faz uma história que se diferencia da feita pelo IHGB e por Varnhagen. Ele elabora sua concepção histórica entre duas outras concepções de história: a narrativa dos fatos empíricos, feita por Varnhagen, e a história inserida no quadro das ciências sociais, que será feita no Brasil pós-1930.
Capistrano seria um elo entre a geração do século XIX/IHGB e a geração do século XX/Universidades.
Capistrano questiona a tradição, fazendo uma crítica radical da memória brasileira.
A verdade histórica procurada por Capistrano não é a repetição do passado. Capistrano desconstrói o passado oficial. Seu método crítico o faz reinterpretar as verdades consolidadas. 
O sujeito da história do Brasil não é mais o da história do Estado Imperial, mas é a história do povo brasileiro com toda a sua diversidade e a busca pela construção de uma unidade.
Aula 04 A produção historiográfica no Brasil República a partir de 1930
Introdução
Nessa aula, vamos estudar a obra de GILBERTO FREYRE (1900-1987)
Sociólogo; nascido em Pernambuco, estudou nos Estados Unidos, na Universidade de Baylor e em Colúmbia, onde defendeu tese intitulada Social Life in Brazil in the Middle of 19th Century.
Controverso, mas com uma contribuição inegável ao estudo da formação social do país, foi um dos pioneiros do culturalismo no estudo da sociedade brasileira. Opôs-se ao racismo, que considerava o mestiço uma forma degenerada e defendeu a tese de que a mistura de raças imprimia força e riqueza cultural ao povo brasileiro. 
Publicou Casa Grande e Senzala (1933), Sobrados e Mucambos (1936) e Ordem e Progresso (1959), que compõem a trilogia intitulada Introdução à História da Sociedade Patriarcal no Brasil.
Introdução à História da Sociedade Patriarcal no Brasil
Este estudo procura discutir a relevância das relações raciais, a visão positiva do autor sobre a colonização foi interpretada por seus críticos como um esvaziamento do conflito entre colonizador e colonizado. Outros autores, como Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, obra contemporânea à de Freyre, viram na colonização portuguesa seu aspecto violento e predatório.
Gilberto Freyre retratou em Casa Grande & Senzala as relações sociais e o cenário do Brasil colonial a partir de sua terra natal, sob a influência da antropologia cultural norte-americana, sua formação acadêmica. Este livro intitulado Casa Grande & Senzala (1933) aborda a temática da escravidão colonial e patriacarlismo. Estudou as características socioculturais dos povos formadores da sociedade brasileira sob a ótica do relativismo, valorizando a mestiçagem, antes depreciada, e a contribuição do negro, antes ignorada. Através da exteriorização da intimidade da sociedade colonial, revelou o contexto em que foram criados os antagonismos que compõem a ordem social no Brasil de hoje.
Nessa aula, vamos procurar apresentar a importância das relações raciais na ótica positiva do autor sobre a colonização. No entanto, tal tese foi considerada por seus críticos como sendo um elemento dispersador do violento conflito entre colonizador e colonizado.
Autores do porte de Sérgio Buarque de Holanda na sua obra Raízes do Brasil, clássico contemporânea de Casa Grande e Senzala de Freyre, destacaram na colonização portuguesa suas características violentas e predatórias.
Gilberto Freyre fez em Casa-grande & Senzala uma interpretação das relações sociais e do cenário cultural do Brasil colonial tomando como ponto de partida sua terra natal. Sua interpretação foi elaborada a partir da influência da antropologia cultural norte-americana, presente na sua formação acadêmica.
Gilberto Freyre e Casa Grande & Senzala
A obra Casa Grande e Senzala forjou a consolidação da interpretação que passa a valorizar a contribuição dos negros para a construção da cultura e da sociedade brasileira, além de influenciar os estudos teóricos e acadêmicos acerca dos aspectos sociais e culturais fundamentais da sociedade brasileira durante o período colonial, em particular, aquela na qual a casa grande e a senzala formavam os pólos essenciais.
A formação de antropólogo incorporou em seu texto aspectos de literatura e ciência social, repleto de vinculações ao universo afetivo presente no contexto e no ambiente cultural nordestino-brasileiro.
Um dos autores que mais influenciou Freyre foi o antropólogo "Franz Boas". Outros teóricos que também exerceram influência na sua obra foram "Dilthey" e "Weber".
Gilberto Freyre apresenta a colonização portuguesa como sendo uma sociedade multirracial.
O livro "Casa Grande & Senzala", foi marco essencial para a construção de uma interpretação que representasse um Brasil positivamente mestiço. Freyre influenciado pelo americano Boas enveredou pelas análises culturalistas, que sugerem uma interpretação que valorizava a miscigenação como forma cultural e não mais determinada por hierarquias raciais.
Franz Boas destaca o conceito de cultura para compreender a diversidade cultural humana, ferindo de morte a pretensa cientificidade da noção biológica de raça.
RAÇA CULTURA DIVERSIDADE CULTURAL HUMANA
Franz Boas se opôs às interpretações evolucionistas e deterministas que pretendiam explicar cientificamente a formação das sociedades pelas noções de raça e sinalizava que a etnia só poderia ser explicada tendo como referência o conceito de cultura. 
Ao substituir a raça pela cultura se desqualificavam os supostos processos degenerativos, os métodos de seleção eugênica, a própria possibilidade de constituir hierarquias entre raças, condenando os povos, ao contrário o que se oferecia agora era a compreensão dos modos de ser e dos valores e significados próprios de cada cultura.
No caso brasileiro Freyre aponta o contato com a moral cristã, feita pelos jesuítas e que se tornariam os maiores elementos destruidores da cultura nativa.
Ao contrário, Freyre destaca a incorporação do negro na História do Brasil, sugere que a mescla entre a sociedade agrária e a família patriarcal seria o elemento fundamental para entender nossa História. 
Ele defende o termo "Democracia Racial", o faz tendo como objetivo ressaltar a família patriarcal dos séculos XVII e XVIII, compondo-se com os escravos domésticos, próximos à Casa Grande, essas duas forças se somaram na colonização portuguesa.
O modelo econômico adotado pela família patriarcal foi essencial na formação da sociedade brasileira. A mescla não seria só racial, mas também cultural.
A religiosidade era dinâmica, incorporava plasticidade, adaptabilidade e sincretismos.
Assinala que a formação social brasileira se constituiu por processos de equilíbrios e antagonismos:
Entretanto Freyre acredita e defende que esses antagonismos foram harmonizados durante o processo de colonização, pela força da miscigenação.
O uso das fontes por Gilberto Freyre se caracteriza por ser amplo e diversificado. 
Ele se vale de autores de várias nacionalidades,recorre ao uso de artigos de jornais, anuários, inventários, crônicas, testamentos, receitas culinárias, trovas, cantigas de ninar, etc. Suas inovações metodológicas se traduziram na valorização dos elementos culturais. 
Pode-se dizer até que ele seria um dos primeiros a fazer uso da escola dos annales. 
Para tal se identifica:
• O recurso à interdisciplinaridade; 
• À diversificação e ampliação dos documentos, a serem considerados históricos; 
• À busca de entendimento das relações humanas no plano da mentalidade coletiva; 
• Deu visibilidade às contribuições da cultura negra na formação da sociedade brasileira.
Escolheu a pluralidade metodológica como condutora da construção de sua cientificidade, abarcando e tratando temas variados. Sua interpretação se deu tendo como ponto de partida uma análise detalhada da formação cultural da sociedade brasileira colonial.
Aula 5: A influência do culturalismo e do historicismo: a obra de Sérgio Buarque de Holanda
Introdução
Nessa aula, vamos estudar a obra de SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA (1902-1982).
Sociólogo e historiador; nascido em São Paulo, cursou a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro, onde exerceu a profissão de jornalista. 
Foi professor da Universidade do Distrito Federal (1936-1939), experiência pioneira de construção de uma universidade moderna no país, conduzida sob a liderança de Anísio Teixeira e impedida de funcionar pela repressão do Estado Novo. 
Posteriormente foi professor de História na USP (1958-1969); lecionou também na Universidade de Roma à época em que foi adido cultural em Roma (1954-1955) e estagiou, como professor visitante nas universidades americanas de Yale, Nova Iorque e Indiana.
“Raizes do Brasil”
Como vimos na introdução, o  trabalho de Sérgio Buarque de Holanda se fundamentou na teoria social weberiana. 
Voltando ao paralelo que fizemos entre “Raízes do Brasil” e “A Ética Protestante e Espírito do Capitalismo” de Max Weber. Weber assinala  a ética do trabalho presente nas religiões protestantes como elemento determinante para a fundamentação da civilização norte-americana e seu desenvolvimento no sistema capitalista, com destaque no progresso econômico e na industrialização. 
Sérgio Buarque de Holanda acerca do desenvolvimento da sociedade brasileira assinala a ética do ócio, sobrevivência da Antiguidade Clássica na formação cultural e social do povo ibérico.
Sérgio Buarque crítica a indolência do português, destaca a tradição da nobreza e da religião católica, explicita a visão do trabalho como sendo pejorativa e depreciada.
Na obra Raízes do Brasil, o fator histórico é essencial para esclarecer o Brasil. 
Assim sendo, é um marco dos estudos históricos e sociológicos brasileiros, ao indicar para novos métodos analíticos e maneiras de se compreender a evolução social brasileira no decorrer de sua História, se afastando das teorias de diferenciação entre raças.
Sua obra "Raízes do Brasil" propõe uma renovada interpretação dos estudos do Brasil colônia, pois remete à nossas origens históricas, sociais e culturais para elaborar uma síntese a respeito de como se estrutura a nossa sociedade hoje, bem como os desafios para se modernizar.
Na obra Raízes do Brasil, o fator histórico é essencial para esclarecer o Brasil. 
Assim sendo, é um marco dos estudos históricos e sociológicos brasileiros, ao indicar para novos métodos analíticos e maneiras de se compreender a evolução social brasileira no decorrer de sua História, se afastando das teorias de diferenciação entre raças.
Na obra “Raízes do Brasil”, são inequívocas as influências teóricas e metodológicas que Sérgio Buarque de Hollanda recebeu do historicismo alemão e em particular das obras de Weber e de Ranke.
RANKE Pode-se aproximar seu pensamento do de Ranke no que tange à busca pelo espírito do brasileiro e pela identidade nacional.
WEBER De Webber provém a tipologia dos tipos sociais que nos auxiliam a compreender a cultura e seu funcionamento cotidiano.
A Formação do Estado brasileiro
Sérgio Buarque sugere que os valores tradicionais e familiares predominam sobre a dimensão política.
Sérgio Buarque tem, nesse ponto, uma interpretação que se afasta frontalmente da de Gilberto Freyre, que, por sua vez, é um defensor de que esse aspecto é o que há de mais belo na sociedade brasileira, ou seja, as relações íntimas, passionais, afetivas. 
A herança cultural portuguesa é o que Sérgio Buarque de Holanda quer superar enquanto essa herança portuguesa é o que Gilberto Freyre quer manter.
Para Sérgio Buarque é preciso que os brasileiros avaliem criticamente seu passado no que ele tem de pior...
...e, a partir daí, reformulem para a transformação do presente
Permitindo a construção de um futuro calcado em uma identidade propriamente brasileira, e não neoportuguesa.
O tipo de neoportuguês é o que precisa ser superado e tudo que o envolve: o ser rural, familiar, desinteressado pela vida pública. 
Inclusive o “jeitinho brasileiro” em que se impõe e no qual é tão presente o afetivo e o irracional, é fruto dessa herança maldita da tradição portuguesa baseada na ética de fidalgos nobres, avessos ao trabalho.
Sérgio Buarque crítica o Estado brasileiro, no qual predomina o modelo da família patriarcal, sem a constituição de uma organização burocrática eficiente, mas composto de um corpo com despreparo técnico o que sabota a construção de um Estado moderno.
O traço que melhor define esse neoportuguês seria a noção de “homem cordial”, oriundo de Portugal e que se consolidou como um traço definido do caráter do brasileiro.
O ser cordial e suas qualidades
Generosidade e Hospitalidade 
Sérgio Buarque defende a ideia de que tais características nada têm de civilidade.  São na verdade traços de um paternalismo que só atrasa o desenvolvimento do Brasil.
O Paternalismo se soma ao caráter aventureiro, ansioso por fortuna fácil e rápida.
Essa cordialidade, é preciso deixar claro, não se refere somente às práticas da boa educação no lidar com as pessoas ou demonstrar bondade. A cordialidade escamoteia a maldade ou privilegia uma pessoa em detrimento de outra, muitas vezes mais competente, mas com a qual não tenho laços cordiais, isso afeta o desenvolvimento da meritocracia no Brasil. 
Pode significar também falta de polidez e de princípios civis, fundamentais para a organização de um Estado, pois muitas das vezes implica em favorecimentos pessoais injustos não justificados racionalmente.
Aula 6: A influência do marxismo: a obra de Caio Prado Júnior
Introdução
Nesta aula, vamos estudar a obra de CAIO PRADO JÚNIOR (1907-1990):
Em 1933, Caio Prado Jr. lançou a obra a "Evolução Política do Brasil". Iniciava-se uma produção historiográfica significativa que o conferiria o posto de maior historiador marxista brasileiro. Foi um intelectual que refletiu sobre o movimento operário, marxista e um comunista que travou lutas para que a liberdade avançasse muito além dos limites do liberalismo. Questionou os motivos que não conduziram o Brasil para uma revolução burguesa, nem para uma revolução comunista.
Foi o disseminador da necessidade de uma aliança entre a classe dos trabalhadores e a classe burguesa nacional contra o que chamava de imperialismo internacional. Assinalou que a dominação de Portugal, EUA e Inglaterra sobre o Brasil, através da história, foi uma escolha das elites da aristocracia rural e que por esse motivo essas elites não poderiam ocupar o papel de sujeitos da história. Somente as classes sociais, que foram as protagonistas das conquistas sociais, poderiam dar o devido valor às forças produtivas e fortalecer o desenvolvimento nacional.
Foi um pensador metódico e acadêmico, capaz de identificar e fornecer explicações sobre a produção das desigualdades em meio às diversidades e contradições sociais do processo histórico brasileiro. Contextualizou os conceitos marxistas, adaptando à realidade histórica nacional, além de ter sido também o primeiro a estimar os obstáculos ocasionados em utilizar conceitos elaboradosem outras realidades históricas para entender o processo histórico brasileiro.
Ensaísta, político e nascido em São Paulo, ele participou desde jovem da vida política do Brasil. Pioneiro na aplicação do marxismo à interpretação da história brasileira deixou vasta obra, em que se destacam: Evolução Política do Brasil (1933); Formação do Brasil Contemporâneo (1942); História Econômica do Brasil (1943); A Revolução Brasileira (1966).
História econômica
Caio Prado construiu uma história econômica de inspiração marxista, questionando quais os conceitos apropriados deveriam ser criados para analisar o processo histórico brasileiro. Não cedeu à tentação fácil da aplicação ou da adaptação das teorias européias ao contexto nacional. Elaborou uma síntese econômica, histórica e política, sem permitir o isolamento de nenhum dos três fatores, para construir a interpretação da história do Brasil. Assinalou a importância e a necessidade de uma política de industrialização, urbanização e desenvolvimento tecnológico para o desenvolvimento econômico do Brasil. Apesar de privilegiar a história econômica, não negligenciou da análise da evolução do conceito de cultura brasileira, o relacionando com o conceito de evolução e transformação da história econômica brasileira.
Esse enlace entre o desenvolvimento econômico e as transformações culturais foi localizado por ele ainda em plena transição entre a colônia e a nação. Essa transição, iniciada com a vinda da família real portuguesa, deflagraria um longo processo histórico que se estende até os dias de hoje e que não está terminado. Seu principal livro tem como objeto os primeiros anos do século XIX, momento detonador de uma transformação econômica com impacto cultural em todo processo histórico brasileiro.
Início da história contemporânea do Brasil
Caio Prado Júnior, ao identificar o início do século XIX como o período no qual se inaugura a história contemporânea do Brasil, não deixa de assinalar que na formação social brasileira o tempo demoraria a passar de forma bastante singular, pois jamais ocorreu uma ruptura significativa com o passado. Primeiro, a colonização do Brasil é um episódio direto da expansão ultramarina européia, porém localizado e insignificante dentro daquele contexto maior. 
No entanto, é somente partindo da análise e da compreensão desse fenômeno maior que se poderia realmente entender no que consistiu a experiência singular que foi a história colonial brasileira. Caio Prado dividiu sua obra sobre o Brasil contemporâneo em três partes básicas, partindo da prioridade da infraestrutura como instância determinante na análise histórica. Primeiro veio o povoamento, que se embaraçou em uma vida material e consolidou uma vida social.
Organização social
Caio Prado Júnior, em sua obra ‘Formação do Brasil Contemporâneo’, apresentou a organização social que o colono importou de Portugal, mas que não poderia ser reproduzida integralmente na colônia - essa organização social estava assentada na instituição familiar. Ocorre que, no seu entender, o português que veio para o Brasil vinha, de forma geral, sozinho, não trazia a família portuguesa ou ela viria aos poucos.
Nessa situação, se relativizavam na vida social os valores e as regras familiares e, com a ausência de mulheres brancas na colônia, esse colonizador se enreda para sua satisfação sexual com as escravas e as índias. Até mesmo nos casos em que a família vinha, o colono português continua mantendo essa atividade sexual com escravas e índias. Caio Prado então demonstra que até no aspecto sexual se delineia o sentido elementar da colonização brasileira, é uma colônia de exploração.
O colono português é o senhor, todos os demais trabalhariam para o seu lucro. Os outros são os índios, mas principalmente os negros africanos, que para cá vieram como escravos, única e exclusivamente para propiciar lucro, seja pela atividade do tráfico, seja pela exploração de sua força de trabalho. O escravo negro foi o motor da produção da economia do açúcar durante todo o período colonial. É desse fato econômico que se oriunda a rigidez das suas relações com o senhor. Quando não trabalha o bastante, a produção diminui e, por conta disso, diminui também o lucro de seu senhor. Advém, então, os castigos em nome de seu suposto pouco afinco ao trabalho, entendido e interpretado pelo senhor como falta de respeito.
O entendimento do processo histórico colonial brasileiro estaria na base para a compreensão do início do século XIX. Ambos seriam os elementos para se elaborar o ponto de partida, que tornaria possível a análise da formação do Brasil contemporâneo, construído sobre os fundamentos do seu passado colonial.
Caio Prado demonstrou que, ao contrário do que se poderia supor a partir do exemplo europeu no Brasil, a passagem do feudalismo para o capitalismo não existiu, pois a situação colonial já estava ligada ao capitalismo desde seus princípios.
A história brasileira se inicia já no contexto do capitalismo. Em sua concepção, acerca do processo histórico brasileiro, toda a montagem do sistema colonial nos séculos XVI e XVII está inserida no contexto da acumulação de capital decorrente da expansão comercial, que teve início na Europa nos séculos anteriores.
Predomínio do absolutismo
Na história européia, o feudalismo foi superado e a centralização política dos estados modernos foi patrocinada pela burguesia e desenvolveu um caráter inevitável no processo histórico europeu. Durante esse processo, a despeito das variações de país para país, houve o predomínio do absolutismo, tanto como forma política como patrocinador do desenvolvimento econômico, sendo a sociedade de classes a forma social predominante. Foi a partir desse contexto que a colonização na América, e em particular no Brasil, foi sendo orientada, impregnando as relações sociais e políticas na colônia.
A colônia como extensão da metrópole
A metrópole portuguesa procedeu na colonização do Brasil dentro de um processo de transição do feudalismo para o capitalismo. Desse modo, a colônia se integrava naquela ordem como possuindo uma identidade essencialmente estabelecida pelo seu valor comercial de exploração e obtenção de lucros. Nesse período do capitalismo mercantil, a colônia é representada e entendida como mera extensão da metrópole, como um dos pólos para que o processo de circulação de mercadorias fosse bem sucedido e gerasse lucros para a metrópole.
Caio Prado analisou a essência da formação do Brasil, cujo objetivo era voltado para fora, e desse para fora se constituiu toda a sociedade brasileira, assim como todas as suas atividades, fornecendo um sentido para a evolução econômica e social brasileira. Para Caio Prado, o corte com esse destino colonial surge durante o fim do século XVIII, e início do século XIX, e assinala uma nova etapa na evolução do Brasil, que terá consequências em todos os outros campos da experiência histórica brasileira, seja no social, no político e no econômico. Com a chegada da corte portuguesa para a colônia brasileira, acontece a culminância de um processo preparatório que desembocaria na emancipação política do país.
 Aula 7: A produção historiográfica no Brasil República a partir de 1930 - A influência dos Analles na historiografia brasileira
Introdução
A escola des Annales desenvolveu e amplificou as possibilidades oferecidas para o campo das pesquisas históricas ao permitir romper com a tradicional compartimentação das Ciências Sociais privilegiando os métodos pluridisciplinares, sem no entanto cair em aventuras puramente transdisciplinares. 
Ela permitiu que as linhas de demarcação entre as ciências sociais, antes, rígidas
 se tornassem porosas, com uma área específica mantendo diálogo com a outra sem que cada uma perdesse por isso sua identidade própria. Por isso a importância da interdisciplinaridade, que ademais pode ser considerada como uma das mais importantes contribuições dos Annales para o pensamento historiográfico, inclusive o pensamento historiográfico brasileiro.
A produção historiográficabrasileira não ficou imune ao rol de contribuições  oferecido pelas fases do desenvolvimento da escola dos Annales e que foram aqui apresentadas e nem mesmo os desdobramentos que se seguiram quando o conceito de mentalidade foi esmiuçado e subdividido em história cultural, micro-história e outras tendências sempre recepcionadas no fazer histórico dos historiadores brasileiros.
A História Social e a Antropologia Social tornaram-se mais permeáveis, uma a outra,  fomentando a constante busca pela interdisciplinaridade entre os historiadores que formulam as perspectivas de uma antropologia histórica. Desse intercâmbio com a antropologia, a história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador, e que de fato, pode-se perceber a existência de inúmeras histórias e inúmeras temporalidades ao se analisar o mesmo presente cronológico.
A meta dessa aula é esclarecer e identificar como se deu a contribuição da temática histórica da École des Annales no pensamento historiográfico brasileiro. Para a construção da identidade desta matriz historiográfica é de fundamental importância que sejam consideradas as formas de recepção do pensamento historiográfico proposto pelas teorias formuladas pela escola francesa no pensamento historiográfico brasileiro. Porém, também será necessária uma breve apresentação dos maiores conquistas dessa corrente historiográfica que transformou o fazer da História enquanto disciplina científica.
Influência da histografia francesa no Brasil
A revista francesa foi fundada em 1929, para o Brasil sua fundação é relevante, pois ainda hoje a historiografia francesa é a que mais exerce influência teórico-metodológica sobre os historiadores brasileiros. Suas elaborações conceituais, técnicas e temáticas provocam os historiadores brasileiros e fomentam no Brasil o saber histórico. 
Benefícios para o campo das pesquisas históricas
A escola des Annales desenvolveu e amplificou as possibilidades oferecidas para o campo das pesquisas históricas ao permitir romper com a tradicional compartimentação das Ciências Sociais privilegiando os métodos pluridisciplinares, sem no entanto cair em aventuras puramente transdisciplinares.
Ela permitiu que as linhas de demarcação entre as ciências sociais, antes, rígidas se tornassem porosas, com uma área específica mantendo diálogo com a outra sem que cada uma perdesse por isso sua identidade própria.
A elaboração da pesquisa historiográfica
A elaboração da pesquisa historiográfica demonstra dois aspectos essenciais da história que é afinal o propósito da reflexão sobre a historiografia. As transformações teóricas e metodológicas que movimentam o conhecimento histórico alteram também as temáticas, os problemas, as abordagens, os objetos. Com a contribuição dos Annales, a reflexão sobre o que seja fazer um discurso sobre a história e próprio conhecimento histórico se tornou dinâmico, as mudanças e os relacionamentos existentes entre os paradigmas de cada ciência social se fragmentaram, com um paradigma alterando reciprocamente o outro.
A realidade histórica passou a ser abordada não como um objeto repleto de propriedades que deveriam ser encontradas, pois já existiriam nos fatos, mas agora passa a ser encarada como um conjunto de relações que devem se monitoradas em seu próprio movimento e duração que se dão nos interstícios de configurações teórico-metodológicas de diversas ciências em permanente movimentação, tanto delas como dos objetos, problemáticas, abordagens e certezas se esvanecem revelando recônditos abandonados, mas extremamente significativos para a construção de uma eficaz compreensão da História.
A contribuição dos Annales pela historiografia brasileira
A recepção da contribuição dos Annales pela historiografia brasileira se baseou em uma nova correlação com as nuanças, tendências e rumos que tomaram os acontecimentos na sociedade brasileira a partir dos anos 30. Até então o que se pretendia era justificar a ação do Estado e das atitudes das oligarquias, com as exceções que vimos nas aulas anteriores. O fazer história como ciência desafiou a constituição de produzir um entendimento sobre as novas e antigas práticas sociais dos novos e antigos sujeitos históricos em suas diversas manifestações.
Ao se depararem com a emergência de novos atores sociais e com uma nova articulação desses sujeitos foi indispensável se lançar na procura dos modelos teóricos que possibilitassem captar a realidade histórica que se anunciava e que trazia a tona o que estava soterrado, até então, no processo de desenvolvimento da sociedade brasileira.
A mudança de concepção l do fato histórico
Ao distender  o campo da História, estabelecendo relações teóricas e metodológicas com as demais ciências sociais foi revelado o conceito da longa duração. Após Segunda Guerra Mundial, Fernand Braudel continuou a editar a revista. Segue a mudança de concepção l do fato histórico, ele ainda permanece no ponto central do ofício historiador, mas a partir de então já não é o objeto que esgota o conteúdo científico da disciplina, mas também as abordagens, as teorias, as metodologias, enfim tudo que possa se revelar útil para a construção do pensamento sobre a  história, e que doravante poderá em qualquer domínio do conhecimento.
Ao longo das décadas que se seguem a escola dos Annales faz com que as fontes e os documentos históricos não importem mais somente pelo que dizem, mas também por aquilo que não dizem, e aí está uma contribuição, por exemplo, da ciência da psicologia. A denominada nova história  estabeleceu os fundamentos para a história das mentalidades, ou seja, a história das representações colectivas e das estruturas mentais das sociedades.
Das fronteiras com filosofia, surge a história dos temas da vida quotidiana, como a morte, o medo e a sexualidade. O compromisso da história com a realidade atinge domínios nunca antes pensados e as amarras se desprendem, passando a poder se lançar a reflexão histórica sobre todos os temas no intuito de fornecer ou pelo menos tentar fornecer a todas as perguntas sobre a história e a realidade histórica que sejam formuladas.
Reflexos do desenvolvimento da escola dos Annales  na historiografia brasileira
A produção historiográfica brasileira não ficou imune ao rol de contribuições oferecido pelas fases do desenvolvimento da escola dos Annales e que foram aqui apresentadas e nem mesmo os desdobramentos que se seguiram quando o conceito de mentalidade foi esmiuçado e subdividido em história cultural, micro-história e outras tendências sempre recepcionadas no fazer histórico dos historiadores brasileiros.
A História Social e a Antropologia Social tornaram-se mais permeáveis, uma a outra, fomentando a constante busca pela interdisciplinaridade entre os historiadores que formula as perspectivas de uma antropologia histórica. Desse intercâmbio com a antropologia, a história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador, e que de fato, pode-se perceber a existência de inúmeras histórias e inúmeras temporalidades ao se analisar o mesmo presente cronológico.
Não existe uma metodologia mais correta e nem um privilégio de uma área do conhecimento sobre a outra, o que se apresenta são recortes e preocupações distintas, conforme as pretensões do historiador. Por isso a importância da interdisciplinaridade, que ademais pode ser considerada como uma das mais importantes contribuições dos Annales para o pensamento historiográfico, inclusive o pensamento historiográfico brasileiro. O fazer história foi, dos Annales adiante, uma constante abertura para propostas de diálogo da história com todas as outras áreas do conhecimento.
Aula 8: As principais tendências historiográficas brasileiras contemporâneas
Introdução
A historiografia contemporânea sedimentou a distinção entre o fazer do historiador e o produto de tal fazer: o discurso histórico. É a própria concepção da identidade do historiador que na contemporaneidade está em questão, nesse estudo vamos apresentar algumas hipóteses explicativas dentre asmuitas possíveis sobre tais problemas.
 
De fato, porém, tanto a natureza conceitual quanto as características e implicações teórico-metodológicas dessas identidades, tanto a do historiador como a da História, constituem questões amplas e complexas. A intervenção sobre os problemas da historiografia contemporânea e a sua recepção no Brasil é que constituirão a matéria da aula que se segue.
Em uma perspectiva historiográfica podemos fazer considerações gerais acerca da historiografia brasileira contemporânea no que tange as abordagens possíveis dos problemas do que seja o conceito de História e o de historiador.
 
Deve-se ressaltar a ambiguidade dessa relação entre o historiador e a História, bem como, o seu caráter problemático que a caracteriza. Entretanto não se pode prosseguir no fazer histórico sem se posicionar na discussão que envolve as múltiplas questões de natureza histórica, política e cultural. Podemos partir da hipótese de que o conceito de História está em crise, esse problema é real e tem como uma de suas características ou consequências, seus impactos sobre o processo de produção do conhecimento histórico, que envolve o historiador e o seu discurso histórico chamado de, a escrita da História.
Produção historiográfica brasileira
Abordando a produção historiográfica brasileira contemporânea será preciso determinar a natureza das condições e dos fatores que caracterizam a recepção dessa crise entre nós e nos fornece as implicações tipicamente brasileiras de enfrentamento dessa crise. 
A produção historiográfica brasileira foi profundamente marcada, a partir dos anos 1960, por uma espécie de dialética, de interação e de oposição entre as vertentes da tradição e as vertentes da inovação. Essa dialética está presente nas tensões próprias da escrita da historiografia brasileira.
Por muitas décadas a historiografia brasileira tradicional foi caracterizada pelo empirismo positivista, empirismo metódico. Acreditava-se ser a única forma científica de produzir o discurso historiográfico brasileiro. Dominados por uma metodologia científica positivista, essa situação persistiu, salvo raras exceções, até o final dos anos 1950 e começos da década de 1960.
Aí então, aparece a vertente da inovação, devedora claro está dos primeiros a contestarem esses métodos positivistas, ainda nos anos 1930, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Junior, ou mais distante Capistrano de Abreu. Porém os impactos de suas contribuições ainda demorariam muito para alterar as possibilidades reais de inovação presentes nesses autores. Assim o desenvolvimento da vertente inovadora na historiografia brasileira, foi lento, e demorou duas décadas.
Tradição X inovação
A partir da segunda metade do século XX, a vertente da tradição e a vertente da inovação constituíram os pólos dos quais emanavam as práticas historiográficas brasileiras. Do lado da vertente da renovação estavam as contribuições da Escola dos Annales e a influência da perspectiva teórica marxista, que se combinaram, se acoplaram e ganharam espaço na produção historiográfica nacional. A vertente tradicional, porém continua sendo muito influente ainda, pois estava solidamente implantada nos terrenos institucionais e acadêmicos. Essa oposição, que ocorre entre vertente da tradição e vertente da inovação, produziu conflitos teóricos crescentes.
Nas décadas de 50 e 60, a dicotomia teórica entre elas pontificou nas questões de privilegiar a teorização e a interpretação no caso da vertente inovadora ou de privilegiar o empirismo no caso da vertente tradicional.
Foi a partir dos anos 70 que a oposição e conflito entre os historiadores das duas vertentes se intensificaram. Foi também nessa década que a problemática entre os defensores da História como uma concepção narrativa, factual e descritiva como os tradicionalistas, e os que, ao contrário defendiam uma história de caráter mais elaborado cientificamente, calcada na análise dos pressupostos teórico-metodológicos, estivessem eles, explícitos ou implícitos, como os inovadores, se tornou mais densa.
A nova história
A chamada Nova História, que se disseminou nos anos 1960 e 70, tinha como seu fundamento, duas inspirações básicas, a escola dos Annales e o Marxismo. Ambas correntes pautavam suas análises e interpretações históricas nos métodos da história quantitativa, muito bem sucedida nos campos da história econômica e social. A contribuição da história quantitativa trouxe as vantagens de uma prática historiográfica distinta do empirismo positivista tradicional. Uma história como essa, inovadora do ponto de vista científico, propunha novos métodos e técnicas de trabalho.
Resumindo, podemos assinalar que perante as condições concretas que nortearam a implantação da História como ofício e disciplina no Brasil, é possível inferir que o seu estabelecimento se deu a partir de duas principais linhas de forças historiográficas: a historiografia tradicional de cunho empirista e positivista, que entendia a História como narrativa dos fatos e a historiografia inovadora com influência tanto da escola dos Annales quanto da crítica marxista.
A historiografia brasileira nos anos 80
A partir dos anos 80, as articulações da historiografia brasileira vão se tornando mais complexas por meio de elaborações conceituais advindas dessas três tendências ou perspectivas historiográficas. Entretanto, ainda nessa época era possível, no que diz respeito à História como disciplina e quanto ao ofício de historiador, apresentar essas duas identidades, o tipo tradicional e o tipo inovador. A partir dessa época a situação começa a se transformar e a produção historiográfica brasileira assiste ao aparecimento de diferenciações que complicam a busca por análises mais esquematizadas e simplistas.
Tendências variadas no interior da Nova História, de influência dos Annales, se fragmentam, colocando em campos divergentes os historiadores da vertente inovadora econômica e social que enfatizavam as grandes massas ou séries documentais e a quantificação dos dados, e do outro lado, os historiadores que se mostraram interessados nas novas abordagens, nos novos objetos e nos novos problemas, esses constituíram a chamada história das mentalidades. Agregue-se a isso a fragmentação também ocorrida no outro fundamento da vertente inovadora, o marxismo, que também se dividia em diversas concepções historiográficas.
Assim, aparece um novo tipo de historiador e uma nova prática historiográfica. Multiplicam-se as interpretações epistemológicas sobre o ofício do historiador da História, que doravante são produzidas em quantidade crescente por especialistas de outras áreas como a filosofia, a linguística e a teoria literária, entre outras. A crise de identidade do historiador passou a ser uma realidade. Essas reflexões epistemológicas sepultam o paradigma tradicional.
A quantidade de problemas apontados para a produção historiográfica suscita inúmeros questionamentos que tornam a ciência histórica, um território, no qual a questão primordial á da relação que cada historiador constrói com seu objeto, essa relação determina a diferença entre a história como historiografia, ou seja, o texto produzido sobre a História e a História propriamente dita, enquanto objeto, enquanto realidade a ser conhecida. 
Múltiplas realidades distintas se apresentam ao historiador conforme os recursos teórico-metodológicos que ele escolha para a produção historiográfica. A identidade histórica se torna plural e multifacetada, na mesma medida que a identidade historiográfica também se torna plural e multifacetada.
Historiografia e Historia 
Como pudemos perceber, existe a historiografia e existe a História, ambas suscitam problemas de definição, de elaboração de suas identidades. O historiador é dotado de autoconsciência, pois parte de uma intenção que é a de produzir um texto de história. Para compreender melhor a situação do historiador brasileiro em particular, é preciso distinguir dois tipos de situações.
A primeira perspectiva problematiza o ofíciode historiador, como sendo aquele que produz um tipo específico de conhecimento, o conhecimento histórico, a historiografia que se materializa em um discurso historiográfico que é sempre um recorte específico da História, realidade sobre a qual ele se refere. A segunda perspectiva é a possibilidade efetiva de saber se esse discurso historiográfico, de fato, é capaz de forma eficiente de oferecer uma interpretação que possa ser garantida cientificamente como sendo portadora de sentido para a história como realidade, como objeto.
No antigo modelo historiográfico empirista ou positivista a identidade do historiador não constituía um problema. Bastava ao historiador dominar certo método científico, o método histórico. Bastava aplicá-lo a sua matéria-prima, os documento ou fontes documentais. Para esses historiadores, a história que escreviam era verdadeira na medida em que conseguisse ser uma narrativa dos fatos reais, fornecidos por intermédio das fontes. O discurso historiográfico de então era portador da certeza histórica, dos acontecimentos tal como se deram na realidade.
Já os historicistas se contrapunham a essa historiografia positivista, opondo a necessidade de interpretação histórica pautada não na reprodução dos fatos históricos, mas na sua compreensão, a valorização da hermenêutica como método da historiografia. Com isso houve um adensamento da vivência do historiador com seu objeto, fazendo uso de recursos como a imaginação do historiador.
Historiadores brasileiros 
No Brasil, o principal confronto se deu entre os historiadores positivistas e os historiadores influenciados pelos Annales e pelo marxismo que produziram um tipo de historiador diferente daquele tradicional. Podemos agora em meio às diferenças entre essas correntes, a tradicional e a inovadora, interpor outra questão, além das suas diferenças, é que seria a busca por sua semelhança. De fato, essas duas concepções distintas sobre a prática do historiador possuíam um embasamento comum, é que seria a aceitação da existência do que se chama de realidade histórica ou a história matéria. 
O historiador contemporâneo, inclusive o brasileiro, está vinculado a um saber histórico, está vinculado a uma historiografia bastante plural e multifacetada, que de saída mantém diversas trocas com as demais ciências sociais e humanas, na existe mais aquele isolamento da História como disciplina completa e distinta. Uma questão é a da incessante multiplicação dos objetos historiográficos, que, aliás, ocorreu, pois, o próprio discurso historiográfico foi se fragmentando em uma diversidade de áreas e subáreas, cada qual mais veemente da defesa de sua própria legitimidade frente às demais.
Inúmeras perspectivas metodológicas, das mais variadas, fossem elas empiristas, fossem oriundas das mais variadas procedências teórico-metodológicas entraram em conflito na luta para explicar a realidade histórica. Novas abordagens encontraram novos objetos que suscitaram por sua vez novas formas de pesquisar e interpretar, fosse a documentação, fossem os processos históricos propriamente ditos.
Foram revelados temas e questões pouco lembrados anteriormente ou que foram deturpados pela historiografia tradicional. Como exemplo temos uma história das minorias, uma história da natureza, uma história dos imaginários sociais, uma história da vida cotidiana, aliás, não uma, mas várias histórias a serem contadas sobre o que talvez seja um mesmo objeto. Diferentes práticas e representações sociais sobre o mesmo tema - a História - surgem conflitos inevitáveis, pois cada tendência constitui um microcosmo. Como resultado é a própria identidade do historiador que se fragmentou. A historiografia brasileira refletiu essa multiplicação a partir da fragmentação.
Aula 9: Os desdobramentos das influências das tendências historiográficas do marxismo do século XX na produção historiográfica brasileira
Introdução
O marxismo pode ser avaliado a partir dos seus paradigmas oriundos das ciências sociais, e que acabaram por fundamentar estratégias investigativas na produção historiográfica.
No caso particular do marxismo, esses desdobramentos metodológicos possibilitaram a elaboração de uma historiografia de vasto alcance em termos de análise das realidades históricas no campo econômico e social, o que ocorreu também na produção historiográfica brasileira de inspiração marxista.
A expansão da metodologia marxista e a sua presença na historiografia brasileira (Caio Prado Jr., Gorender, Nelson Werneck Sodré, entre outros) propiciaram a elaboração de uma metodologia dotada de princípios comuns, mas que nem por isso deixou de contemplar, em suas análises, considerações históricas específicas de cada sociedade estudada.
Materialismo histórico
O materialismo histórico foi essa metodologia básica que predomina nas análises marxistas, esse conceito possibilitou a entrada da história no campo da ciência de forma inequívoca. O conceito de história oferecido pela perspectiva marxista propõe uma teoria geral do funcionamento das sociedades em seus desdobramentos históricos. Esse método de análise marxista do processo histórico tem como dinâmica a dialética. O materialismo histórico é dialético, é portador de uma dialética que expõe as contradições inerentes a toda realidade histórica estudada.
Na abordagem marxista, as contradições são produzidas a partir das condições materiais básicas.
Essas condições materiais básicas foram chamadas de relações de produção, categorias que se diferenciam ao longo dos distintos estágios históricos de uma dada sociedade.
Essas relações de produção são constituídas a partir do estado das forças produtivas, tal qual se organizam em dado período determinado.
Ambas, relações de produção e forças produtivas são elementos que entram em contradição, daí se depreende a produção de um conflito essencial que permite a transformação histórica.
A historiografia marxista A escola dos Annales A historiografia quantitativa
Todas elas compartilham duas concepções básicas do conceito de história:
Aspecto cultural
Uma dessas concepções é o aspecto cultural que considera a história como sendo o processo temporal calcado na experiência de interpretação e da vivência do homem no seu cotidiano, a história como objeto, como matéria de uma disciplina científica.
Disciplina científica
A outra concepção é a disciplina científica propriamente dita, parte da construção de métodos de investigação, é a ciência histórica tomada por reflexões epistemológicas de cunho filosófico e que se traduz como a interpretação do passado humano, individual, grupal ou social, perante procedimentos metodológicos que permitem o controle das fontes, bem como a formação da elaboração de interpretações explicativas pautadas no chamado estado da arte da ciência histórica.
Essa explicação funda-se em estruturas argumentativas que são expressas por meio de um discurso narrativo de cunho científico.
O vocábulo "história", entretanto, significa, ao menos, três diferentes ideias que são articuladas com as quatro abordagens teórico-conceituais que prevaleceram ao longo do século XX.  
 Primeira ideia
A primeira ideia, já citada acima, refere-se à totalidade das ações humanas no decorrer do tempo, e na qual existem propósitos de efetivação, a tomada de decisões.
Segunda Ideia 
A segunda ideia, já citada acima, é referente ao procedimento formal de constituição e elaboração do conhecimento científico no que tange à reflexão filosófica acerca das metodologias de recorte dos objetos marcados para serem conhecidos, é aquele intitulado pelas expressões "ciência histórica" e "história como ciência".
Nesse segundo sentido proposto por essa ideia da ciência histórica, o que se realiza também é um esforço metódico que visa distinguir o caráter científico e controlável do conhecimento elaborado através de metodologias investigativas que maioria mais das vezes se distingue daquela produção de conhecimento característica do senso comum.
Terceira IdeiaA terceira ideia que vocábulo "história" suscita é a produção historiográfica propriamente dita, o conjunto do somatório dos textos narrativos produzidos que se pretendam pertencer aos domínios da ciência histórica.
Essa terceira ideia categoriza seus objetos a partir das primeiras duas ideias anteriores, seja a história como cultura propriamente dita, a experiência da passagem e da vivência do tempo elaborada e interiorizada pela vida cultural do ser humano.
Seja a ideia da história enquanto disciplina científica, como especialização fundada em epistemologia, em ideias filosóficas que autorizem a construção e elaboração de enunciados portadores de interpretações com pretensões explicativas acerca das transformações e permanências da experiência humana do tempo como ação cultural.
Ambas as ideias estarão acopladas na produção historiográfica propriamente dita. Essa consciência da vinculação entre objeto e discurso científico estará presente na produção historiográfica da segunda metade do séc. XX em diante.
A construção da racionalidade no pensamento histórico solicita para a efetivação de seu procedimento científico, uma reflexão sobre as abordagens metodológicas adotadas.
Essa reflexão é realizada pela teoria da história, uma reflexão de cunho filosófico acerca da  construção do conhecimento histórico, e em especial, do seu formato científico.
Por possuir esse objetivo epistemológico se faz indispensável investigar os fundamentos científicos do pensamento histórico.
Toda ciência exige de seus especialistas que prestem contas sobre os procedimentos metodológicos adotados para que seu discurso tenha pretensão científica. 
A historiografia atravessou o século XX e no seu percurso conheceu um desenvolvimento significativo. Embora a história não seja uma disciplina recente, as reflexões acerca da sua produção como saber científico foram renovadas e redefinidas ao longo do século XX de forma substancial.
Do historicismo se reteve à ideia da natureza específica do que seja um objeto histórico e da identidade própria do que seja uma produção historiografia acerca de determinado objeto. 
Do positivismo se reteve o esclarecimento dos "fatos" a partir de uma análise minuciosa dos documentos, análise metódica. 
A despeito da rejeição do positivismo dos aspectos filosóficos na produção historiográfica, já a eles se vincula quando enuncia sua pretensão de cientificidade, do tipo pragmático.
Logo, podemos inferir que a ideia contemporânea de história como ciência foi elaborada a partir dessa dupla influência de um corpo de regras e normas metodológicas fixado sob influência do positivismo e do historicismo.
Mais a frente vamos nos deparar já na segunda metade do século XX com o predomínio das três grandes correntes que constituirão a inovação historiográfica do século XX:
A historiografia marxista A escola dos Annales A historiografia quantitativa
Essa aula é sobre o marxismo, já vimos anteriormente à influência da escola dos Annales, vamos apresentar brevemente o quantitativismo, antes de retomarmos com o marxismo. 
O quantitativismo foi uma corrente historiográfica que se caracterizou pela utilização de metodologias quantitativas para obter o mapeamento seriado dos mais variados campos do estudo histórico, entretanto sempre de forma a constituir uma abordagem quantificadora que era aplicada a toda uma vasta área de estudos sócio-históricos.
Essa corrente historiográfica parte do paradigma quantitativo na explicação das realidades históricas, em especial, as realidades sociais e econômicas. 
Para essa corrente, a cientificidade da história seria garantida pela aplicação de métodos quantitativos construídos pelas ciências sociais. 
Assim a cientificidade da história seria a integração dos métodos das ciências sociais, em particular, os métodos da economia.
O aprender fazendo era o método utilizado nesta tendência, pois a pesquisa, a descoberta, a solução de problemas era o mais importante. Os trabalhos em grupo eram realizados como condição básica para o desenvolvimento livre e espontâneo do aluno. A disciplina era decorrente da consciência dos limites da vida em grupo.
Uma  outra classificação da Pedagogia Liberal é a tendência liberal renovada não diretiva. Nesta, o principal papel da escola é formar atitudes, já que a preocupação era com o psicológico, com o autodesenvolvimento e a realização pessoal.
A boa educação era a boa terapia.  A ênfase devia ser dada ao desenvolvimento das relações sociais e a transmissão de conteúdos era considerada secundária.
O materialismo histórico foi essa metodologia básica que predomina nas análises marxistas, esse conceito possibilitou a entrada da história no campo da ciência de forma inequívoca.
O conceito de história oferecido pela perspectiva marxista propõe uma teoria geral do funcionamento das sociedades em seus desdobramentos históricos.
Esse método de análise marxista do processo histórico tem como dinâmica a dialética.
O materialismo histórico é dialético, é portador de uma dialética que expõe as contradições inerentes a toda realidade histórica estudada. 
Na abordagem marxista, as contradições são produzidas a partir das condições materiais básicas.
Essas condições materiais básicas foram chamadas de relações de produção, categorias que se diferenciam ao longo dos distintos estágios históricos de uma dada sociedade.
Essas relações de produção são constituídas a partir do estado das forças produtivas, tal qual se organizam em dado período determinado.
Ambas, relações de produção e forças produtivas são elementos que entram em contradição, daí se depreende a produção de um conflito essencial que permite a transformação histórica.
Assim de acordo com a análise marxista, os estágios históricos são determinados pelas forças produtivas e pelas relações de produção existentes em cada estágio histórico a essa combinação o marxismo chamou de modos de produção. 
Um modo de produção é tanto uma categoria conceitual, como também é modelo metodológico de abordagem da realidade histórica em certo estágio histórico.
As realidades históricas concretas são traduzidas nos modos de produção que fornecem uma explicação histórica conforme um conceito de formação social que é específico para cada sociedade considerada
A historiografia marxista dirigiu suas atenções para determinados temas como, por exemplo, a história do movimento operário, logrou êxito e abriu espaço para o que mais tarde viria a ser conceituado como história social e que transcendeu os próprios cânones do marxismo.
Outro aspecto que não pode deixar de ser considerado é a importância conferida aos processos históricos na teoria marxista, assim como os aspectos sociais que envolvem a própria prática do historiador. A contribuição do marxismo para a historiografia social é incontornável, e demonstrou, ao contrário do que se apregoava, não estar entrevada por uma rigidez metódica e forneceu ampla contribuição de renovação na elaboração do olhar do historiador no século XX.
Dentre as contribuições mais originais e criativas podemos destacar que a partir de uma significativa constância na utilização do aparato conceitual de inspiração marxista, emergiu, mais recentemente, como objeto, as questões culturais.
As questões culturais foram abordadas como relevos que resistiriam às determinações estruturais e expressariam, então por meio de formas de representação e manifestação cultural, os conteúdos de classe.
Os historiadores marxistas adeptos da história cultural vincularam a pesquisa da realidade histórica, à produção das formas culturais e não se descuidaram da definição do processo histórico no qual se inseria os fundamentos da disciplina científica histórica.
Durante o processo de criação de uma forma cultural específica de classe aconteceriam as lutas sociais, assim como é durante as lutas sociais que aconteceria a elaboração de forma cultural específica.
Uma classe social só é capaz de surgir no decorrer do processo de combate social,

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