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Disciplina: Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS			
Semestre: 4º
NP1
2018.1 - PRAZO DE ENTREGA = 23.04.2018
Faça uma revisão da literatura abordando os tópicos abaixo, inclusive com as citações.
Esse trabalho deverá ter no mínimo 15 páginas de papel almaço com pauta ou folha de caderno universitário com pauta (tamanho +/- 20 x 28 cm), MANUSCRITAS pelo próprio aluno.
Implicações históricas, políticas, culturais e linguísticas na educação dos surdos.
Bilinguismo e Educação de Surdos
 
Referências bibliográficas
 
Bibliografia Básica
 
LIMA-SALLES, H.M.M. (org) Bilinguismo dos Surdos: questões linguísticas e educacionais. Goiânia: Cânone Editorial, 2007.
MACHADO, P.C. A Política educacional de integração/inclusão: um olhar sobre o egresso surdo. Florianópolis: UFSC, 2008.
ROSA, A. S. Entre a visibilidade da tradução da língua de sinais e a (in)visibilidade da tarefa do intérprete. Rio de Janeiro: Arara-Azul, 2008.
Bibliografia Complementar
BRASIL. Decreto-lei nº 5626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 23 dez. 2005.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino da Língua Portuguesa Para Surdos: caminhos para a prática pedagógica - Brasília: MEC/SEESP, 2002.
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: UFSC, 2008.
THOMAS, A. S. e LOPES, M. C. (orgs.). A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.
VERGAMINI, S. A. A. (org). Mãos fazendo história. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2003.
Implicações históricas, políticas, culturais e linguísticas na educação dos surdos.
A história dos surdos aponta os acontecimentos históricos dos surdos, como grupo que possui uma língua, uma identidade e uma cultura diferente.
Ao longo das eras, os Surdos travaram grandes batalhas pela afirmação da sua identidade, da comunidade surda, da sua língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que têm hoje, na era moderna.
No Egito, os Surdos eram idolatrados, como se fossem deuses, serviam de interventores entre os deuses e os Faraós, sendo temidos e respeitados por toda a população.
Na época do povo Hebreu, na Lei Hebraica, apareceu pela primeira vez, referências aos Surdos.
Antigamente, os chineses lançavam os surdos ao mar, os gauleses os sacrificavam ao Deus Teutates, em Esparta eram lançados do alto de rochedos. Na Grécia, os Surdos eram tratados como seres incompetentes. Aristóteles, ensinava que os que nasciam surdos, por não possuírem linguagem, não eram capazes de raciocinar e por isso eram seres inúteis dentro da sociedade.
Essa crença, comum na época, fazia com que, na Grécia, os Surdos não recebessem educação secular, que não tivessem direitos como os demais cidadãos, que fossem marginalizados (juntamente com os deficientes mentais e os doentes) e que muitas vezes fossem até mesmo condenados à morte. No entanto, em 360 antes de Cristo, Sócrates, declarou que era aceitável que os Surdos se comunicassem com as mãos e o corpo. Séneca afirmou: 
“Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos, afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis”
Com essa afirmativa, ele declarava morte aos surdos, os tachando como seres monstruosos dentro da sociedade, e afirmando que eles trariam mal para o país. 
Os Romanos, influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes acerca dos Surdos, vendo-os como ser imperfeito, sem direito a pertencer à sociedade, de acordo com Lucrécio e Plínio. 
Era normal que lançassem as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tibre, para serem cuidados pelas Ninfas (ninfas eram espíritos, que habitavam em lagos e riachos, bosques, florestas, prados e montanhas). O imperador Justiniano, em 529 a.C., criou uma lei que impossibilitava os Surdos de celebrar contratos, elaborar testamentos e até de possuir propriedades ou reclamar heranças, com excessão dos surdos que conseguiam falar.
Em Constantinopla, as regras para os Surdos eram praticamente as mesmas. Porém, lá eles realizavam algumas tarefas, tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres, ou como bobos, para que entretece ao sultão.
Após algum tempo, Santo Agostinho defendeu a ideia de que os pais de filhos Surdos estavam pagando por algum pecado que haviam cometido. 
Acreditava que os Surdos podiam comunicar por meio de gestos, que, em equivalência à fala, eram aceitáveis para não perderem a salvação de suas almas.
Os cristãos, até à Idade Média, tinham a convicção de que os Surdos, diferente dos ouvintes, não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes de proferir os sagrados sacramentos.
John Beverley, em 700 depois de Cristo, ensinou um Surdo a falar, pela primeira vez (em que há registo). Por essa razão, ele foi considerado por muitos como o primeiro educador de Surdos.
Foi só no fim da Idade Média e inicio do Renascimento, que saímos da perspectiva religiosa para a perspectiva da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a visão médica e científica, e não baseada no preconceito e nos estigmas da sociedade.
Na Idade Moderna foi onde se distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. Daí então, a expressão “surdo-mudo”, deixou de ser a designação do surdo.
Pedro Ponce de León, foi um famoso monge católico da ordem dos beneditinos, ele iniciou, mundialmente, a história dos Surdos, da maneira como a conhecemos hoje em dia. 
Além de fundar uma escola especial para educação de Surdos, em Madrid, ele dedicou grande parte da sua vida a ensinar os filhos Surdos, de pessoas nobres, os quais de bom grado lhe encarregavam os filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei (assim, nota-se que a preocupação geral em educar os Surdos, na época, era tão somente econômica). 
León desenvolveu um alfabeto manual, que ajudava os Surdos a soletrar as palavras (há quem defenda a ideia de que esse alfabeto manual foi baseado nos gestos criados por monges, que comunicavam entre si desta maneira pelo fato de terem feito voto de silêncio).
Nesta época era costume que as crianças que recebiam este tipo de educação e tratamento fossem filhas de pessoas que tinham uma situação económica boa.
As demais eram colocadas em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas, pois não se acreditava que pudessem se desenvolver em função da sua "anormalidade”, afinal, não tinham condições de adquirir um bom ensino e nem eram filhos de nobres ou pessoas que tinham algum poder sobre a sociedade.
Juan Pablo Bonet, um estudioso de surdos e educador dos mesmos, aproveitou o trabalho iniciado por León e escreveu sobre as maneiras de ensinar os Surdos a ler e a falar, por meio do alfabeto manual. Bonet proibia o uso da língua gestual, optando o método oral.
John Bulwer, médico inglês, acreditava que a língua gestual, diferente de Juan Pablo, e acreditava que deveria possuir um lugar de destaque, na educação para os surdos; ele foi o primeiro a desenvolver um método para comunicar com os surdos. Publicou vários livros, que realçam e incentivam o uso de gestos.
John Wallis (1616-1703), educador de Surdos e estudioso da surdez, depois de tentar ensinar vários Surdos a falar, desistiu desse método de ensino, e se dedicou ao ensino da escrita usando gestos para ensinar.
George Dalgarno desenvolveu um sistema inovador de dactilologia. Konrah Amman, defensor da leitura labial, já que considerava que a fala era uma dádiva de Deus que fazia com que a pessoa fosse humana (não considerava os Surdos que não falavam como humanos). 
Amman não fazia uso da língua gestual, pois acreditava que os gestosatrofiavam a mente, embora os usasse como método de ensino, para atingir a oralidade.
Depois da Revolução Francesa e durante a Revolução Industrial, deu início uma era de disputa entre os métodos oralistas e os baseados na língua gestual. 
Roch-Ambroise Cucurron Sicard foi um abade francês, famoso pelo seu trabalho como educador de surdos; ele foi quem fundou a escola de Surdos de Bordéus, em 1782, e depois disso trabalhou em L'Épée, como diretor do instituto criado pelo mesmo, também apoiou a criação de vários institutos de surdos em todo o país. 
Pierre Desloges, era francês, tornou-se surdo aos 7 anos, devido à varíola, ele defendeu fielmente a língua gestual, e foi autor do primeiro livro publicado por um surdo, onde revelava a sua indignação contra as ideias do Abade Deschamps, que havia publicado um livro que criticava a língua gestual. Desloges, fez a seguinte declaração a esse respeito:
“Tal como o francês vê a sua língua desvirtuada por um alemão que apenas conhece algumas palavras da língua francesa, penso que devo defender a minha língua contra as acusações falsas deste autor.	”
Desloges, em seu livro, defende a ideia de que a língua gestual (Antiga Língua Gestual Francesa) já existia, mesmo antes do aparecimento das primeiras escolas de surdos, como criação dos surdos e sua língua natural, por isso queria lutar para defender o seu ideal e provar estar correto sobre a linguagem.
Jean Itard, foi primeiro médico a interessar-se pelo estudo da surdez e das deficiências auditivas, nas suas pesquisas, ele fazia uso de cargas elétricas, sangramentos, perfuração de tímpanos, entre outras maneiras para estudar sobre as causas e os motivos da surdez.
Quando Sicard morreu, o Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris iniciou um período conturbado.
Além de sucessivos diretores que nunca conseguiram estabelecer uma liderança forte, as questões institucionais eram tratadas como questões familiares e o Instituto começou a perder o crédito. Como ao longo de toda a história dos surdos, nesta época a luta entre adeptos do oralismo e do gestualismo continuava, dentro e fora do Instituto.
Em 1829 o Instituto tinha apenas dois professores Surdos e apenas alunos do sexo masculino usufruíam de suas aulas; não existiam pessoas Surdas no conselho diretivo, no conselho colsultivo, na formação vocacional, nem mesmo entre os monitores. 
Por estarem cientes destes problemas, alguns professores uniram-se na tentativa de mudar o rumo da situação e surgem então duas frentes ideológicas, de um lado os defensores do método oralista, de outro lado os defensores do gestualismo.
Ao decorrer dos anos houve muito conflito entre os dois modelos de ensino para surdos, entre gestos ou oral, tudo foi se desenvolvendo.
Houve um congresso em Milão, no ano de 1880, foram três diasde duração, um momento obscuro na história dos surdos, uma vez que lá um grupo de ouvintes, tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo (o comité do congresso era unicamente constituído por ouvintes). 
Como consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX, afinal, não tinham outra alternativa, pois essa escolha foi uma decisão unânime tomada pelo congresso.
Uma década depois do Congresso de Milão, era possível perceber que o ensino da língua gestual tinha quase desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros continentes.
No ano de 1990, foi realizada a Conferência Mundial Educação para Todos e, a partir desse documento, surgiu a Declaração de Salamanca (1994), que determina o regime de inclusão, onde todas as crianças devem ter acesso a uma escola de qualidade, de maneira que sejam respeitadas suas diferenças e se promova a aprendizagem.
Há pouco mais de uma década, começou-se a abandonar esse método de linguagem oralista, pois foi concluído que os alunos saíam com um "limitadíssimo conhecimento da estrutura da língua oral e com uma fraca compreensão e utilização da leitura e da escrita", citava Maria Augusta Amaral, diretora do instituto, num texto sobre a importância da Língua Gestual Portuguesa (LGP).
Hoje em dia, o método ainda tem adeptos, diz o presidente da Associação Portuguesa de Surdos (APS), João Abel.
Ainda há médicos que aconselham as famílias a isolar as crianças do contato com outros surdos, critica.
Os especialistas dizem que o contato precoce com a LGP não vem atrasar a aquisição da língua escrita e oral, mas sim, facilita-a, pois auxilia na compreensão e no possível diálogo entre surdos. 
O ideal é que a criança, assim que lhe é detectada a surdez, tenha contato com pessoas surdas que lhe ensinem a LGP, para que ela possua domínio e consiga entender e se adptar a fala por meio dos gestos.
- Bilinguismo e Educação de Surdos
Uma tendência vem se estabelecendo no país: o uso do bilingüismo na educação de crianças surdas. As ações do Ministério da Educação e Cultura (MEC) têm esse foco, assim como as experiências de escolas em diferentes estados. 
O uso de duas línguas na educação de surdos, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a língua portuguesa, é uma solução que supre as necessidades de quem pouco ou nada pode ouvir. 
Embora ainda não haja consenso sobre o assunto, a polêmica sobre a preferência de uma ou outra vem diminuindo. Se, antes, especialistas divergiam sobre a melhor modalidade educativa para surdos, a dúvida atual é sobre a capacidade das instituições de ensino para atuar eficientemente. Boas iniciativas pipocam no país, mas são o início de um processo.
É importante que a LIBRAS seja oferecida precocemente aos surdos, afirma a coordenadora do Espaço Universitário de Estudos Surdos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), Nídia de Sá. A primeira língua, ou língua materna, é aquela que a criança adquire naturalmente. No entanto, é importante que o surdo tenha acesso a outras línguas. Para ela, o acesso precoce à LIBRAS possibilita à criança ter condições para desenvolver plenamente seu sistema cognitivo. Como crianças surdas assimilam conhecimento através das imagens (e não pela sonorização de palavras), sua língua materna deve ser visual. O que não significa que o uso da LIBRAS seja suficiente. Os sinais devem ser um meio para que aprendam a língua portuguesa, que dará a elas acesso a um mundo majoritariamente ouvinte. A utilização do português escrito e falado é essencial para a criança ampliar seu vocabulário, ter acesso a todos os níveis de ensino e, futuramente, ao mercado de trabalho. Como é possível concluir, o ideal é a criança receber acompanhamento fonoaudiológico ainda na primeira infância, para que aprenda leitura labial e a articular a fala.
O reconhecimento da LIBRAS como meio legal de comunicação aconteceu com a Lei 10.4362002, que obrigou os cursos de educação especial, fonoaudiologia e de magistério a incluir seu ensino como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Naquele ano, 52.422 alunos com surdez estavam matriculados no ensino básico (que inclui infantil, fundamental e médio), sendo que a presença deles no ensino médio era de apenas 376 alunos. Já nos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), o número era de 2.134 alunos. Essa é uma característica do ensino brasileiro como um todo, afirma a coordenadora da Secretaria de Educação Especial do MEC, Marlene Gotti. O índice de evasão é crescente do ensino infantil para o médio e há um aumento significativo nos cursos de EJA, demonstrando a preocupação de jovens e adultos voltarem a estudar. Com os surdos também é assim. A diferença é que a presença deles no ensino médio, que era rara, vem aumentando significativamente. Ao comparar os números de matrículas no ensino médio em 2002 e 2006, veremos que a participação de surdos aumentou de 376 para 4.353 alunos - cerca de 1.057%.
A presença dos intérpretes de LIBRAS e instrutores especializados nas escolas regulares têm possibilitadoo aumento e a permanência dos surdos no sistema de ensino, afirma Nídia. A tendência é que o quadro continue melhorando, mas ainda há muito trabalho a ser feito, uma vez que cerca de 75% dos surdos em idade escolar estão fora do sistema de ensino regular. Essa porcentagem é uma estimativa baseada no cruzamento de dados do MEC e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou a existência de 519 mil surdos com até 17 anos no Brasil, no Censo 2000.
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que coordenou a primeira edição do Prolibras, projeto realizado em parceria com o MEC que inclui o Exame Nacional de Certificação de Proficiência em LIBRAS e o Exame Nacional de Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação da LIBRASLíngua Portuguesa, divulgou, em março, a aprovação de 1.349 profissionais. São pessoas qualificadas para traduzir e interpretar a linguagem de sinais dentro da sala de aula nos diferentes níveis de ensino. A UFSC também possui o primeiro curso superior de licenciatura em LetrasLIBRAS, que funciona em parceria com outras oito universidades brasileiras e conta, atualmente, com 500 alunos.
Esses profissionais estão sendo preparados para lecionar pela abordagem bilíngüe no ensino médio e superior, explica a coordenadora do curso, Ronice de Quadros. Temos carência de intérpretes qualificados. Muitas vezes, eles aprendem em espaços religiosos ou em cursos desqualificados. As universidades precisam assumir a função de formar esses profissionais. Não se pode mesmo comparar o aprendizado especializado com o apenas bem intencionado.
Na prática, a educação bilíngüe é vivenciada de maneiras diferentes pelas escolas. Há aquelas chamadas especiais, que possuem professores especializados em ensinar em LIBRAS e que são exclusivas para alunos surdos. Há aquelas chamadas regulares, ou comuns, que mesclam surdos e ouvintes nas salas, ou que montam salas exclusivas para surdos, mas dentro do mesmo ambiente escolar. Nessas instituições de ensino, a presença de intérpretes, salas de recursos ou de monitores especializados auxiliam o estudante na rotina escolar.
As diferentes experiências praticadas nos estados têm pontos em comum. Elas comprovam que o aprendizado da língua portuguesa é essencial para a inclusão do surdo e, especialmente, para que ele desenvolva uma boa capacidade de comunicação. Da mesma forma, a LIBRAS tem sido destacada como uma porta de acesso a diferentes universos - especialmente o da escrita e leitura. Assim, para as escolas que estão inseguras quanto à melhor maneira de educar seus alunos surdos, aprender com os erros e acertos de outros lugares é sempre uma boa alternativa.
Experiências pelo Brasil
 
Guilherme Cadena, 15 anos, passou por duas escolas particulares antes de entrar na Escola Estadual Erasmo Pilotto, na primeira série do fundamental. Ele falava bem e fazia leitura labial, mas não conseguia acompanhar a turma. Com o uso da LIBRAS, aprender ficou mais fácil e as ameaças de repetência ficaram para trás. Ótimo aluno de matemática, está na oitava série e planeja fazer contabilidade.
20 anos de experiência inclusiva no Paraná
Há vinte anos, a Escola Estadual Erasmo Pilotto, em Curitiba (PR), recebe alunos surdos. Atualmente, são 
96 estudantes surdos e 3.200 ouvintes. Antes, surdos e ouvintes dividiam a mesma sala de aula. Há seis anos, o esquema mudou. Passamos a ter salas só de alunos surdos profundos e com, no máximo, 15 pessoas por sala, afirma a coordenadora de educação especial, Josélia Ribas. Para essas turmas, existem professores bilíngües, que ensinam em LIBRAS. Os alunos que fazem leitura labial ficam nas salas com ouvintes e, quando necessário, são auxiliados por intérpretes. Nos dois casos, os alunos contam com o apoio do Centro de Atendimento Especializado em Surdez, que funciona dentro da escola atendendo os alunos individualmente duas vezes por semana e trabalhando o aprendizado da língua portuguesa. Se o aluno domina bem o português, melhora o aprendizado das outras matérias. 
A escola é rígida no quesito aprovação. Nós não facilitamos. O aluno só é aprovado se realmente tem conhecimento sobre o conteúdo daquela série. O resultado aparece nos vestibulares. Em 2005, 17 alunos surdos ingressaram no ensino superior - 10 deles em disputadas universidades públicas.
Pablo Renan Lima conversa com a intérprete Mariá Araújo. A estudante Poliana Nascimento e a intérprete Kamilla Lemes: todos na sala
EmGoiás, a escola é para todos 
No sistema de ensino goiano não existe escola especial para surdos. Estão todos incluídos, garante a secretária de educação, Milca Pereira. Essa realidade foi possível com o investimento em cursos para formar intérpretes de LIBRAS e instrutores para alunos surdos. Hoje, a rede conta com um intérprete para cada 3,4 estudantes surdos. Além dos intérpretes, as salas possuem instrutores (todos surdos) que auxiliam o aluno no aprendizado. 
Esse profissional está habilitado para orientar o aluno e resolver suas dúvidas sobre o conteúdo escolar. Ele complementa o trabalho do intérprete, que apenas traduz em sinais as falas do professor na sala de aula.
O modelo de trabalho começou a ser implantado em 1999 e os resultados se refletem nas universidades do estado, que a cada ano requerem um número maior de intérpretes para as suas salas de ensino.
Gustavo Perazzolo, 28 anos, entrou na Helen Keller com 1 ano de idade. Depois, passou por escolas regulares, mas não se adaptou e voltou para a escola especial. Hoje, trabalha como instrutor de LIBRAS, cursa educação física, na Universidade de Caxias do Sul, e LetrasLibras na Uuniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Vivência gaúcha com a escola especial
A Escola Helen Keller, de Caxias do Sul (RS), possui 232 alunos surdos e atua nos níveis infantil, fundamental e médio - e também na intervenção comunicativa, que estimula precocemente o uso dos sinais. Algumas crianças chegaram sem comunicação nenhuma. Sabiam, no máximo, gestos que imitavam de familiares, afirma a diretora, Maria Alice Rodrigues. Os que entraram precocemente tiveram a oportunidade de estimular o sistema cognitivo e encontraram menos dificuldades na vida escolar. 
O acompanhamento fonoaudiológico é um diferencial. Os que falam ou fazem leitura labial (a minoria, na escola) têm melhor vocabulário, o que se reflete em conhecimento. Os conteúdos das séries são os mesmos do ensino regular. Caso o aluno não atinja os objetivos de cada período, repetirá o ano. Quando concluem o ensino médio, os estudantes são estimulados a seguir a vida acadêmica. Em 2006, a escola formou 18 alunos no ensino médio. Entre eles, 6 prestaram vestibular e 5 foram aprovados em universidades.

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