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M UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA E AÇÕES COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO PROJETO DE EXTENSÃO LIBRAS PARA COMUNIDADE MACAPÁ 2021 2 LIBRAS PARA A COMUNIDADE NÍVEL I – 60H Coordenação Geral: Profª Natália Vasconcelos Coordenação Pedagógico: Me. Rodrigo Ferreira Colaboradores: Bianor dos Santos Erick Renan Cohen Bruna Tryciane dos Santos Ivens Lucas Baia Bruna Zamara Jamile dos Santos Cintia Naíabia Santos Sailloane Alandia Simão Daniele Costa Thalia da Silva Revisão: Erik Matheus Rodrigo Ferreira Mayara Bonfim Roseanny Pinheiro Raquel Sena Yuri Cohen Fotografia: César Óliver Trindade Macapá 2021 3 SUMÁRIO SUGESTÕES DE COMO AGIR AO ENCONTRAR COM O SURDO ......... 4 RAÍZES HISTÓRICAS DOS SURDOS........................................................ 6 A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL................................................ 13 LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS OU LSB ............................ 16 Configuração das mãos:...................................................................... 17 Ponto de articulação ............................................................................ 17 Movimento............................................................................................. 17 Orientação/direcionalidade.................................................................. 18 Expressão facial e/ou corporal............................................................ 18 Alfabeto manual e Numerais.......................................................................... 20 Pronomes........................................................................................................ 22 Cumprimentos............................................................................................... 24 Adjetivos........................................................................................................ 27 Verbos(1)……………………………………………………………………………. 30 LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 .................................................... 34 DECRETO 5626/05 | DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.................................................................................................................. 35 VERBOS (2) .…………………………………………………………………………41 CALENDÁRIO................................................................................................... 45 CORES ............................................................................................................. 49 ADJETIVOS....................................................................................................... 51 VERBOS (3)…………………………………………………………………………..55 FRUTAS............................................................................................................ 60 BEBIDAS ......................................................................................................... 63 ALIMENTOS .................................................................................................... 64 REFERÊNCIAS..................................................................................................68 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868468 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868470 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868471 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868471 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868472 file:///C:/Users/ivens/Desktop/apostila%202019%20editando.docx%23_Toc18868473 4 SUGESTÕES DE COMO AGIR AO ENCONTRAR COM O SURDO Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, e podem fazer muitos sons com a garganta, ao rir, e mesmo ao gestualizar. Além disso, sua comunicação envolve todo o seu espaço, através da expressão facial-corporal, ou seja o uso da face, mãos, e braços, visto que, a forma de expressão visual-espacial é sobretudo importante em sua língua natural. Muitas pessoas ouvintes ficam confusas quando encontram o surdo. Isso é normal. Todos nós podemos nos senti desconfortáveis diante do “diferente”. Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer, pois existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas surdas e ouvintes. Não faça de conta que a diferença não existe! Se você se relacionar com um surdo como se ele não tivesse uma diferença, vai estar ignorando uma característica muito importante dele. Desta forma, não estará relacionando com ele, mas com outra pessoa, uma que você inventou que não é real. Aceite a surdez, ela existe e você precisa leva-la em consideração. Não subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades. Os surdos têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas. O fato de ser surdo não faz com que ele seja melhor ou pior do que um ouvinte. Ele pode ter dificuldade para realizar algumas atividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade em outras coisas. Assim como todo mundo! A maioria dos surdos não se importa em responder as perguntas, principalmente aquelas feitas por crianças, a respeito de sua vida e de como realiza algumas tarefas. Mas, se você não tem muita intimidade, evite fazer perguntas muito particulares. Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda e, também, a forma, mas adequada de fazê-lo. Não se ofenda se sua ajuda for recusada, pois, nem sempre os surdos precisam de auxílio. As vezes, uma determinada atividade pode ser mais bem desenvolvida sem assistência. Se não se sentir confortável ou seguro para atender a solicitação melhor de um surdo, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente http://pt.wikipedia.org/wiki/Surdo-mudo http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolo http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_natural 5 procurar outra pessoa que possa ajuda-lo você não deve ter receio de fazer ou dizer algo errado. Aja com naturalidade e tudo dará certo. Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa doze de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falha. Os surdos são pessoas como você. Têm os mesmos sentimentos, receios Nunca jogue objetos ou papel amassados contra um surdo. Se precisar falar, chame a atenção dele(a) tocando levemente em seu braço. Se o surdo estiver de costas tenha o cuidado pra não tocar de uma forma brusca, evitando o susto. Evite usar óculos de sol escuro quando for conversar com um surdo, isso pode dificultar a leitura de suas expressões faciais. Faça isso, verá o quanto é importante e enriquecedor aprendermos a conviver com a diversidade. Falar de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros, usando a velocidade normal, a não ser que ela peça para falar mais devagar. Usar um tom normal de voz, a não ser que peçam para falar mais alto. Gritar nunca adianta. Falar diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Fazer com que a boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Usar bigodetambém atrapalha. Quando falar com uma pessoa surda, tentar ficar num lugar iluminado. Evitar ficar contra a luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta a visão do rosto. Se souber alguma língua de sinais, tentar usá-la. Se a pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, as tentativas são apreciadas e estimuladas. Ser expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões faciais, os gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes indicações do que se quer dizer. A conversar, manter sempre contato visual, se desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou. http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_naturais http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADmica http://pt.wikipedia.org/wiki/Sentimento http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADmica http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADmica http://pt.wikipedia.org/wiki/Gesto http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento 6 Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se houver dificuldade em compreender o que ela diz, pedir para que repita. Geralmente, os surdos não se incomodam de repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidas. Se for necessário, comunicar-se através de bilhetes. O importante é se comunicar. O método não é tão importante. Quando o surdo estiver acompanhado de um intérprete, dirigir-se a ele, não ao intérprete. Em suma, os surdos são pessoas que têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos, assim como todos. Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham. RAÍZES HISTÓRICAS DOS SURDOS Pensar sobre a educação de surdos requer, inicialmente, uma reflexão sobre como a surdez tem sido vista pela humanidade ao longo dos tempos desde a Antiguidade até os dias atuais. Isto porque a análise dos tratamentos destinados às pessoas com deficiência auditiva nos permite avaliar de que maneira a surdez vem sendo concebida e quais os olhares têm prevalecido para nortear a educação daqueles que, por se comunicarem por meio de sinais, compõe uma comunidade linguística singular, os Surdos. A educação para os surdos é sinônimo de lutas e conquistas, isto porque durante séculos a humanidade, em grande parte ouvinte, os renegou, lhes excluiu, tratou-lhes como dementes, cooperando para que suas necessidades educativas fossem totalmente ignoradas. Essa condição fora revertida conforme as mudanças de valores, de ideologias e de padrões culturais ocorridas ao longo dos tempos, quando, então, esses indivíduos tiveram seus direitos humanos mais fundamentais respeitados, inclusive conseguindo ter acesso à educação formal. A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade. Manifestando-se através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século. (MAZZOTTA, 2005:15). Os surdos durante muito tempo tiveram pouco e até mesmo nem um acesso a uma educação que atendesse adequadamente suas necessidades comunicativas, ou por não apresentarem a linguagem oral ou por apresentarem uma linguagem pouco conhecida e infrequente na sociedade em que viviam: o uso de sinais. Por se distinguirem dos indivíduos falantes, foram destinados aos tratamentos mais cruéis que se possa imaginar, eram privados dos direitos mais http://pt.wikipedia.org/wiki/Pron%C3%BAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Bilhete http://pt.wikipedia.org/wiki/Int%C3%A9rprete http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_Humanos http://pt.wikipedia.org/wiki/Emo%C3%A7%C3%B5es http://pt.wikipedia.org/wiki/Medo http://pt.wikipedia.org/wiki/Desejo 7 básicos como, por exemplo, a educação, em inúmeras ocasiões até a morte chegara a ser sentença à sua diferença. Em diversos povos primitivos, apesar da não existência de escolas, a educação tinha o objetivo de ajustar a criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição de experiências que seriam ensinadas ou por chefes de família ou por sacerdotes. Naquele período, vivia-se em constantes deslocamentos em busca de subsídios para suprir as necessidades básicas do grupo a fim de garantir a sobrevivência de todos. A crença na “inutilidade” de doentes, idosos ou pessoas com deficiências fazia com que as práticas de abandono e de segregação ou atrocidades para com as pessoas fossem costumes comuns. A surdez era, então, uma justificativa aceitável para que pessoas fossem submetidas a tratamentos desumanos que incluíam negligência, maltrato e até morte. O infanticídio e o abandono das crianças deficientes eram práticas habituais na maioria das sociedades primitivas, por isso quase não havia pessoas surdas, quem se apresentasse nessa condição após a vida adulta sofreria o mesmo destino, pois os deficientes eram vistos como empecilhos, como pessoas incapazes de desenvolver suas funções na sociedade sem o auxílio de alguém. As consequências sofridas eram terríveis, desde a exclusão até mesmo o extermínio. Carlos Skliar, pesquisador de necessidades educacionais especiais de pessoas com surdez, menciona que os surdos foram “considerados historicamente como pessoas incompletas, doentes e alienadas” (1997:18). Logo, constata-se que as características que faziam dos surdos sujeitos diferentes eram justificativa suficiente para lhes rejeitar e excluir rigorosamente do meio social. Nas civilizações antigas, as pessoas com qualquer deficiência eram consideradas inaptas a desenvolver ou exercer qualquer função na sociedade, nesse período acreditava-se que ser mudo significava não poder pensar, então os ouvintes consideravam os surdos incompetentes. O neurologista Oliver Sacks relata que “os natissurdos (...) foram julgados “estúpidos” por milhares de anos e considerados “incapazes” pela lei ignorante (...)” (1998: 23). Esse pensamento, seguido por diferentes povos, determinava alguns tratamentos bastante severos para com aqueles que eram vistos como anormais, neste caso, os surdos: na China, até mesmo os recém- nascidos deficientes eram lançados ao mar ou do alto de rochedos. Os gauleses ofereciam pessoas surdas como sacrifício ao deus Teutates durante a Festa do Agárico. No Egito, onde as escolas funcionavam nos templos, os surdos eram adorados como se fossem entidades divinas que serviam de elo comunicativo entre os deuses e os faraós. Quanto aos hebreus – povo que teve como primeiros educadores os profetas que davam instrução a partir das verdades da Bíblia – viam os deficientes como detentores de influências demoníacas, posto que era uma nação impregnada de religiosidade. 8 Na Grécia – berço das primeiras teorias educacionais – os atenienses rejeitavam e abandonavam indivíduos considerados incapazes, dentre os quais estavam surdos, nas praças públicas ou nos campos, já os espartanos tratavam os deficientes como monstros, arremessando-os do alto do monte Taijeto, tinham como objetivo o que hoje conhecemos como processo de eugenia: controle social realizado para aprimoramento genético a fim de melhorar ou empobrecer, física ou mentalmente, as qualidades raciais das futuras gerações. Na obra A República, do século IV a.C., o clássico Platão, filósofo ateniense, orientava que a sociedade humana deveria se aperfeiçoar por processos seletivos, esta visão fortaleceu a política da eugenia que fecundava e sustentava a orientação moral e, sobretudo, estética daquele povo. Sobre Esparta, Skliar nos informa que se um sujeitoapresentasse uma deficiência ele não servia aos propósitos guerreiros da nação e não poderia permanecer no convívio social, assim, seu destino era o banimento, uma vez que não seria capaz de adequar-se à educação voltada para a formação militar que compunha a base da organização sócio-cultural dos espartanos, [...] sabe-se que, em Esparta, crianças portadoras de deficiência físicas ou mentais eram consideradas sub-humanas, sua eliminação e abandono estavam em consonância com os ideais atléticos e a potência de guerreiros[...] (SKLIAR, 1997: 26). Na mesma época, pensava-se que a ausência da linguagem sinalizava a incapacidade das pessoas surdas desenvolverem a inteligência, esta ideia alimentava os argumentos de exclusão social desse grupo, pois se supunha que era impossível para alguém adquirir conhecimentos indispensáveis à vida em sociedade sem poder ouvir, “era de opinião que todos os conteúdos da consciência deviam ser recolhidos primeiro por um órgão sensorial e considerava o ouvido como o órgão mais importante para a educação.” (SOARES, 2005:13). Este pensamento de Aristóteles com o qual Soares exemplifica tais conjecturas contribuía, especificamente, para induzir a sociedade grega à crença grotesca sobre a provável incapacidade do surdo, seja na esfera educacional ou no campo físico ou ainda no âmbito da moral. Por causa dessa concepção errônea, deficientes auditivos estiveram, durante anos, excluídos da educação formal e da vida em sociedade, sendo marginalizados e chegando, comumente, a serem condenados à morte. Esse fato mudaria somente muito tempo depois com a compreensão de que os surdos, mesmo não possuindo uma linguagem oral, podem desenvolver um raciocínio lógico compreensível. Outras sociedades antigas compartilhavam da imperiosa máxima aristotélica de que a linguagem era o que dava condição de humano ao indivíduo. Em Roma, por exemplo, o surdo era um ser sem pensamento, não humano, incapaz de gerenciar seus atos, portanto sem direito ao matrimônio ou de receber instrução e sem poder herdar bens, (MOURA, 2000). Com certeza a linguagem é importante para o desenvolvimento social, emocional e intelectual de um indivíduo, porém ela não é o único fator responsável por esse processo. 9 Acreditava-se que as deficiências ameaçavam aquela geração devendo ser extintas de um modo inconcebívelmente bárbaro, [...] matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos, afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis.” (SÊNECA Apud SILVA,1986:128-129). Esta recomendação, embora seja de um dos mais célebres intelectuais do Império Romano, SÊNECA, 4a.C.-65 d.C., é uma evidência clara de que os surdos também tidos como deficientes, eram vistos como seres imperfeitos, sem o direito de pertencer à sociedade. Na Idade Média a influência da igreja católica definiu um modo distinto de conceber a pessoa surda sob o amparo de pressuposições de base religiosa, nessa época o pensamento teocêntrico era concebido como uma verdade indiscutível.. A Igreja que na época exercia forte controle sobre a educação, usava o texto sagrado para explicar os fenômenos desconhecidos gerando a crença de que as deficiências eram castigo divino. A presença do surdo era, então, totalmente rejeitada, as pessoas surdas eram sacrificadas porque causavam vergonha e transtorno aos familiares e à sociedade, além disso, acreditava-se que a deficiência era um mal que deveria ser eliminado para não corromper o meio social que se encontrava sadio. Por outro lado, com fortalecimento do Cristianismo, todas as pessoas que possuíssem alguma diferença física ou alguma particularidade cognitiva obtiveram o status de ser humano e o surdo passou a ser considerado filho de Deus, ganhando o direito de permanecer em sociedade, ainda que de maneira isolada, em monastério. Nestes locais ficavam os filhos das famílias nobres confiados aos monges que tinham a preocupação de educá-los e ensiná-los a falar, já que esta era a única condição para serem considerados como pessoa diante da lei, do contrário, iriam perder o título e a herança da família. Sob a condição de aprender a falar, ou seja, de “humanizar-se”, o surdo poderia viver em sociedade e ter seus direitos garantidos. Com a nova visão trazida pelo Cristianismo, os tratamentos dado às pessoas surdas já não eram tão perversos, no entanto os surdos continuavam impedidos de terem uma vida comum como a dos ouvintes, e permaneciam como a minoria desprezada e negligenciada por ser desprovida da linguagem oral. Apesar de toda a discriminação, o status de ser humano que até então era negado ao surdo veio graças ao Renascimento com o Antropocentrismo, quando se começaram a suplantar as ideias teocêntricas que predominavam até a Idade Média. Carmo assegura que “somente com o advento do Renascimento a situação social das pessoas portadoras de deficiência conseguiu caminhar rumo à superação desta fase da história do homem.” (1989:30), isto porque a característica humanística deste período que associada ao naturalismo reconhecia a valorização do homem, fez surgir um grande interesse na pesquisa ligada à natureza, fato que trouxe grandes avanços na área científica, além de um maior interesse em descobrir as doenças e suas causas. 10 Embora ainda houvesse dificuldades para lidar com as diferenças e com aquilo que se apresentava como ameaça aos padrões de normalidade, os acontecimentos do período compreendido entre o fim do século XIV e o final do século XVI conduziram a sociedade da época a modificações na maneira de perceber os deficientes, estas mudanças puseram um fim à privação de conhecimentos pela qual passaram os surdos até aquele período, já que “antes de 1750, para a grande maioria, para 99% dos natissurdos, não havia esperança de alfabetização ou educação” (SACKS, 1998: 28). Com clareza a história dos surdos mostra que o preconceito sofrido e a exclusão deles do processo educativo são fatos antigos, explicados pelas características culturais dos povos desde os tempos mais remotos. São fatos que foram estabelecidos através do discurso do ouvintismo como sinônimo de normalidade. Contudo as mudanças culturais que surgiam por conta do Antropocentrismo – que marca o predomínio do homem sobre o transcendente – sinalizam um grande avanço no campo dos direitos e deveres dos deficientes, elas diminuíram a exclusão social dos surdos, bem como a inacessibilidade deles ao processo educativo. Foi neste período que surgiram os primeiros olhares à educação de pessoas com problemas auditivos, tratam-se de trabalhos realizados quase sempre por iniciativas individuais posto que a capacidade de aprender desses indivíduos não era reconhecida. Incapacidade que só seria contestada por Bartolo della Marca D’Ancona no século XIV. D’Ancona é responsável pela primeira alusão de que um surdo poderia aprender, usando a Língua de sinais ou a língua oral, Moura (2000:17). Um dos primeiros relatos sobre a iniciativa de educar um indivíduo com surdez foi feita no século XVI no livro “De Inventione Dialectica” de 1528, citado por Moura (2000) e Carmo (1989), nesta obra de Rodolfo Agricola encontra-se a primeira referência à distinção entre surdez e mutismo, além disso, Agricola afirma ter conhecido um surdo congênito que tanto aprendeu a compreender a escrita como a se comunicar através dela. Mas outros pioneiros também contribuíram significativamente para a inserção dos surdos no cenário educativo, dentre os quais está o italiano Girolamo Cardano é apontado por Soares (2005) como um dos primeiros educadores de surdos. Matemático, astrólogo e médico, Cardano acreditava que os surdos deveriam receber algum tipo de instrução, por isso realizou um estudo para descrever a condução óssea do som. Em sua tese, o médicoitaliano afirmava que “a escrita poderia representar os sons da fala ou representar idéias do pensamento” (SOARES, 2005: 17), com seus postulados o italiano constatava que a surdez não representava um empecilho à aquisição do conhecimento. Cardano ainda teria avaliado o grau de capacidade de aprendizagem de um surdo, mas não há referencias quanto aos aspectos considerados para essa avaliação. O médico classificou a divisão da surdez da seguinte maneira: os nascidos surdos, os indivíduos que adquiriram a surdez antes mesmo de desenvolverem a fala, os que adquiriram a surdez depois de desenvolverem a fala e, por último, aqueles que a adquiriram depois de aprenderem a falar e a escrever. Essa relação entre as diferentes categorizações faz referência ao nível de aprendizagem de cada sujeito, através dela Cardano afirmava que a surdez 11 não modifica a inteligência da criança por isso a educação desses indivíduos deveria se realizar por meio da leitura e da escrita sem a fala. É possível observar que, através destes estudos, Cardano tinha a preocupação não apenas com questões orgânicas e fisiológicas da surdo- mudez, mas estava também preocupado em verificar a possibilidade do indivíduo surdo adquirir algum tipo de conhecimento. Essa constatação faz de Girolamo Cardano um dos pioneiros na educação de surdos. Outro educador que também contribuiu bastante para o início da educação de surdos foi Pedro Ponce de León, um monge beneditino que viveu em um Monastério Beneditino em San Salvador, em Oña, na Espanha. Boa parte de sua vida foi dedicada ao trabalho com surdos de famílias nobres. Ponce de León os ensinava a falar, ler, escrever, rezar e conhecer as doutrinas do Cristianismo, alguns ainda aprendiam latim, italiano, grego e outras línguas, além de filosofia natural e astrologia. As famílias nobres entregavam seus filhos surdos a Ponce de León porque não queriam que seus filhos e suas famílias perdessem o direito de herança e os títulos da família, pois “a possibilidade de um surdo falar implicava no seu reconhecimento como cidadão e consequentemente no seu direito de receber fortuna e título familiar.” (MOURA, 2000:18). Com seu trabalho, Pedro Ponce de León demonstrou que um surdo tinha a capacidade de aprender e adquirir conhecimentos fazendo uso das faculdades intelectuais desmistificando os argumentos médicos que afirmavam que um surdo não poderia aprender porque possuíam alguma lesão cerebral. Não existem evidências que o espanhol tenha transmitido seu método a outra pessoa, mas seu trabalho foi aproveitado por muitos educadores de surdos que como ele utilizavam o alfabeto digital para auxiliar pessoas de famílias nobres a adquirir direitos perante a lei. Essas práticas de ensino que estavam ligadas a causas financeiras são consideradas por Moura como um dos primeiros impulsionadores do Oralismo. Juan Pablo Bonet, filósofo e soldado, educou segundo as técnicas de Ponce de León, o surdo Luis de Velasco. Acredita-se que, nesta época, a família Velasco – que apresentava um antigo histórico de surdez tendo alguns dos seus membros educados por Pedro Ponce de León – tenha revelado para Bonet alguma das técnicas utilizadas pelo educador espanhol das quais Bonet se apropriou junto com o alfabeto digital do qual o monge fazia uso. Em 1620, Bonet publica um livro intitulado “Reducción de las Letras y Arte para Enseñar à Hablar los Mudos” no qual ele indicava que o ensino deveria começa pela escrita, pela sistematização do alfabeto e só depois seria usada a linguagem falada. Nesta obra Bonet se apresentou como inventor da arte de ensinar o surdo a falar, nela ele indicou o alfabeto digital como a forma mais coerente de ensinar os surdos a ler e apontou a Língua de Sinais como instrumento para ensinar-lhes a gramática. A esse respeito Moura (2000:19) afirma que Os formatos do alfabeto digital publicado por Bonet não eram dele. Eles apareceram num livro de orações escrito, trinta anos antes do manual de Bonet, por um monge Franciscano: Melchior Yebra (1524-1586), que os atribuía a Saint Bonaventura. 12 O trabalho de Bonet, original ou não, teve grande repercussão em toda a Europa, pois o alfabeto digital começou a ser utilizado por vários educadores de surdos em diversos lugares do mundo, contudo a base oralista desse trabalho foi ganhando força e adeptos, passando a compor o paradigma seguido até os dias atuais de ensino para pessoas com surdez, o Oralismo. Outro contribuidor da educação de surdos foi Charles-Michel de L’Eppée, que começou a ensiná-los no início da segunda metade do século XVIII por motivos religiosos, seu maior mérito foi ter reconhecido a existência da Língua de Sinais e a importância dela como base comunicativa essencial entre os surdos. Os sinais dominados por estes eram utilizados pelo educador para explicar conceitos abstratos presentes no livro bíblico. L’ Eppée denominou estes sinais espontâneos de língua dos surdos, porém os mesmos foram considerados sem utilidade para o ensino da língua escrita. Michel de L’Epee criou um sistema denominado Sinais Metódicos com base nos sinais usados pelos surdos porém na ordem da língua francesa. Para que esse sistema funcionasse perfeitamente criaram-se sinais para palavras francesas que não tinham representação na língua de sinais além de terminações que marcavam a língua oral, dessa forma os alunos conseguiam marcar com sinais qualquer texto escrito e escrever corretamente do ponto de vista gramatical sempre que lhes fossem citados textos em francês. A própria explicação dos conteúdos era feita através deste sistema que foi usado até 1830. Com seu trabalho, o abade Eppée desenvolveu um método novo para a educação de surdos, ele foi o primeiro a considerar que tais indivíduos tinham uma língua própria, mesmo considerada falha para ser utilizada como método de ensino. Com o reconhecimento da língua dos surdos o abade elevou estes individuos na categoria humana, entretanto a maior contribuição de Michel de L’Eppée foi a fundação do Instituto Nacional de Surdos Mudos em Paris (1770), que corresponde a primeira escola pública para surdos no mundo com a qual a educação de surdos deixava de ser individual e particular e passava a ser pública e para todos aqueles que necessitavam de instrução independente de classe social, Moura (2000:24). É importante ressaltar que Charles-Michel de L’Épee foi o primeiro educador que se interessou em aprender a língua de sinais, a partir de seu método privilegiava-se pela primeira vez depois de séculos a real necessidade comunicativa do surdo, desta maneira o Oralismo deixava, em parte, de ser considerado como base essencial para a “humanização” da pessoa com surdez. Mesmo que vários educadores fossem contrários aos métodos utilizados pelo abade Eppée seu método foi difundido pelo mundo por seus discípulos que fundaram centenas de escolas nos mesmos moldes do Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris. Enfim, são esses os primeiros e principais trabalhos reconhecidos no âmbito da surdez, desenvolvidos por pioneiros no respeito ao potencial de aprendizagem das pessoas com surdez. Através deles o ingresso dos surdos no processo de educação formal foi finalmente promovido, mesmo que isso tenha 13 ocorrido de maneira segregativa nas instituições especializadas que nasciam nesta época. A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL O modo como a educação de surdos se configurou no mundo teve implicações diretas para o início do mesmo processo no Brasil, de tal forma que é importante fazer uma observação do cenário mundial para que se compreendam seus efeitos no panorama brasileiro. Em 1800, os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade estavam pairando na atmosfera, era o momento em que a revolução francesa estava em fase de consolidação, neste período a casana qual o abade Eppée havia iniciado o seu trabalho com surdos foi elevada a Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris, fato que revela o valor dos princípios europeus para o início de uma nova era no campo educacional, tais princípios sustentavam que a proposta de educação para todos fosse uma das grandes expectativas de renovação para aquela nação. A partir desse momento, a educação de surdos passou a ser difundida pelo mundo, e os Institutos de Educação para Surdos começam a serem criados em diversos países da Europa e da América. Médicos e educadores começaram a pensar qual seria a melhor maneira de educar a pessoa com limitações auditivas, esta preocupação resultou, em 1878, no primeiro Congresso Internacional de Surdos, realizado em Paris. Nesse evento sustentou-se que o melhor método de ensino era aquele usado pelo abade Eppée, o que combinava a leitura labial e a utilização dos gestos, sendo que os gestos serviriam como uma medida de auxílio entre professores e alunos. Porém no segundo Congresso Internacional de Surdos realizado na Itália em 1880, declarou-se que o melhor método para o ensino de pessoas surdas era o Oral Puro, desconsiderando completamente o método predominante na França que combinava gesto e fala. Com esse evento o Oralismo consolidou-se, sendo fortalecido no ano seguinte no congresso realizado em Bordeaux, que igualmente seguiu o modelo Oral puro. Em 1892, um novo congresso realizado em Gênova também apoiou o método oralista defendendo que este método de ensino deveria ser o único adotado por todos os Institutos de Educação para Surdos do mundo, Soares (2005). Constata-se que na maioria dos congressos apresentados os métodos sugeridos estavam associados à tentativa ouvintizar os surdos, pois a maior preocupação da época não era a instrução de fato, mas sim a comunicação oral entre surdos e ouvintes. A língua materna desses últimos também deveria ser a língua materna dos primeiros, desconsiderando completamente a forma singular pela qual o surdo se comunica e adquire saberes. Estes fatos fizeram com que a educação dos surdos fosse se realizando de modo desvinculado da educação daqueles considerados “normais”, a 14 tentativa de incluí-los em classes regulares não era sequer uma possibilidade de proposta educativa. O surdo continuou afastado por longos anos da educação propriamente dita – aquela que instrui o aluno para o exercício da cidadania – e no Brasil esse cenário não se configurou de forma diferente, visto que os modelos europeus eram bastante difundidos pelo mundo e este país os tinha como modelo. No Brasil o atendimento às pessoas com deficiência auditiva teve início na época do Império com a criação, em 1857 no Rio de Janeiro, do Instituto dos Surdos-Mudos que mais tarde se transformaria no Instituto Nacional da Educação dos Surdos atual INES. Este instituto foi criado pelo francês Edward Hüet que contou com o apoio do imperador do Brasil D. Pedro II, nesse período o curriculum adotado pelo educador francês apresentava as disciplinas de Português, Aritmética, História, geografia, “Linguagem Articulada” e “Leitura sobre os lábios” (MOURA, 2000: 82). Não há dados registrados que Huet utilizava em sua prática a Língua de Sinais, mas considerando que sua educação se deu através dela no Instituto Francês – que adotava o método gestual pelo trabalho desenvolvido por seu fundador Abade de L’Epée – acredita-se que ele tenha desenvolvido seu trabalho no Brasil utilizando a língua gestual e a escrita, por esse motivo Hüet é “considerado o introdutor da Língua de Sinais Francesa no Brasil” (Id.:82), supõe-se que nestas circunstâncias provavelmente a Língua de Sinais Francesa tenha se mesclado com os sinais utilizados pelos surdos brasileiros. O início dos trabalhos no Instituto não foi fácil, pois os brasileiros não tinham conhecimentos específicos sobre a educação de surdos, além disso, as famílias tinham receio em confiar a instrução de seus filhos nas mãos de um estrangeiro, mas apesar de tantas dificuldades o fundador do instituto permaneceu no cargo até 1862, quando assumiu o Dr. Manoel de Magalhães Couto. Nesta época, pelo fato de Couto não ser especialista em surdez, tão pouco seus sucessores, cogitou-se que o instituto funcionava apenas como um asilo para surdos, isto motivou a realização de uma inspeção, em 1868, pela qual se verificou que o curriculum apresentado por Couto não apresentava nenhuma menção ao treino da fala ou a leitura orofacial o que constatava que o Instituto não se caracterizava como instituição de ensino, Moura (2000). Deste fato decorreu uma nova mudança de administração e neste mesmo ano assume a direção do instituto o Dr. Tobias Leite, que permaneceu na direção até 1896. Nesse período a educação de surdos limitava-se a instrução primária, por isso para o Dr. Tobias leite a finalidade do processo educativo de surdos não era de formar homens letrados, mas sim, dar-lhes uma rápida instrução para que fossem incluídos socialmente, procurava-se, nesse sentido, oferecer-lhes uma profissão manual como, por exemplo, a de encadernação ou de alfaiate. Embora a aprendizagem de ofícios como objetivo da escola possibilitasse ao surdo uma possível independência financeira, ela priorizava o ensino da linguagem oral no qual o discurso oralista se fortalecia, contribuindo intensamente para o Oralismo se configurar como proposta basilar na educação de surdos no Brasil. A própria condição de analfabetismo vivida pela maioria da 15 população brasileira figurava um aspecto importante nesse processo, isto é, aprender a falar era a lição mais importante que a escola poderia oferecer aos surdos, para os quais, pensava-se, seria um prejuízo passar anos na escola para serem inseridos em uma sociedade que compreendia apenas a linguagem oral. Os anos que sucederam ao Dr. Tobias Leite não tiveram muitas diferenças, pois a educação continuava a privilegiar o ensino da oralidade e continuava funcionando completamente desvinculada da educação comum que se adotava para as pessoas tidas como “normais” [...] a Educação Especial surge como iniciativa filantrópica marcada pela influência européia, onde a sociedade civil já vinha no sentido de separar os pobres e desvalidos, mas com o deficiente isso é mais forte. (Jannuzzi, citado em Soares,2005:55). Quando a professora Ana Rímole de Faria Dória assumiu a gestão do Instituto Nacional de Surdos Mudos em 1951, o método oral foi oficialmente implantado no Instituto. A adoção desse método passou a ser a solução para a educação de surdos, ele visava, prioritariamente, à aquisição da linguagem oral, pois o objetivo era de incluir o surdo socialmente, mas o ensino ofertado não contemplava conteúdos necessários à formação do cidadão surdo. Ana Rímole desenvolveu um amplo trabalho de divulgação do método oral, publicando diversos estudos realizados nos Estados Unidos, que serviriam de orientação para professores e pais de crianças surdas. Em 1961, o Instituto, implantou o “Curso Normal de Professores para Surdos” que visava habilitar profissionais para o trabalho pedagógico e também para a formação de outros professores pelo Brasil. Nesse processo usavam-se técnicas que objetivavam o desenvolvimento da oralidade pelo surdo através de exercícios que propiciassem a produção articulada de fonemas da língua portuguesa e que preparassem os órgãos fonoarticulatórios para a produção da fala. Disseminava-se, assim, o Oralismo bem como um ensino que refletia uma visão minimalista do surdo, este seria para a escola um sujeito que precisava somente aprender a falar. Mas, como o processo de oralização dos surdos era quase sempre um fracasso posto que valorizava-se demasiadamente a fala porém poucos eram oralizados em virtude de suas características linguísticas, os alunos passavam a ser discriminados, vistos como os culpadosda falha no ensino. Estas circunstâncias seriam amenizadas somente com a visita de Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade Gallaudet, pela qual chegou ao Brasil, a partir da década de 70, a filosofia da Comunicação Total. Na década seguinte, principalmente a partir das pesquisas da Professora Linguista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da Professora Eulalia Fernandes, sobre a educação dos surdos, quando o Bilinguísmo passou a ser difundido, é que surgiu um novo olhar para estas pessoas, um olhar de reconhecimento. Até então, percebe-se que no Brasil a identidade do surdo foi sendo construída desde o princípio sobre a inabilidade deles em se expressar oralmente, foram avaliados como incapazes por não conseguir comporta- se como sujeito oral, como falante, conforme a sociedade esperava deles. 16 Portanto, desde o início da história do atendimento educacional de surdos no Brasil não foram desenvolvidas propostas que atendessem as reais necessidades desses indivíduos, priorizavam-se sempre os modelos educacionais estrangeiros que atendiam as necessidades de outra sociedade, mas não os anseios brasileiros, consequentemente a educação especial neste país foi se configurando bem diferente da necessidade real daqueles que dela careciam. Além disso, devido aos avanços tecnológicos que facilitavam o aprendizado da fala pelo surdo, o oralismo começou a ganhar força a partir da segunda metade do século XIX, em detrimento da língua de sinais, que acabou sendo proibida nas instituições específicas para ensino de surdos no país. LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS OU LSB LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua utilizada pela maioria dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade. Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática semântica, pragmática sintaxe e outros elementos, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumental linguístico de poder e força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística. Pesquisas com filhos surdos de pais surdos estabelecem que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como segunda língua para os surdos. Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. A Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade. (Extraído de www.feneis.com.br) Ao se atribuir ás línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas características em relação às diferenças regionais, socioculturais, entre outras, e em relação às suas estruturas porque elas também são compostas pelos níveis descritos acima. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas é denominado sinal nas línguas de sinais. Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar http://www.feneis.com.br/ 17 ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. Estas articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos morfemas, são chamadas de parâmetros. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros: Configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA E ADORAR têm a mesma configuração de mão e são realizados na testa, na boca no lado esquerdo do peito, respectivamente; Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até a (cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR são realizados na testa; Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais citados acima têm movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR e EM-PÉ, não tem movimento; Tem movimento: 18 Não tem movimento: Orientação/direcionalidade: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA; Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda sinais em sons e expressões faciais complementam os traços manuais, como os sinais HELICÓPTERO e MOTO. 19 Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as frases em um contexto. Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso aprender as regras gramaticais de combinação destas palavras em frases e serão estas regras gramaticais que iremos ver poucos. 20 Alfabeto manual e Numerais P 21 NUMEROS QUANTITATIVOS V Pronomes EU VOCÊ/TU EL@ NÓS VÓS EL@S MEU/MINHA TEU/TUA SEU/SUA ONDE O QUE? COMO 22 mailto:EL@S 23 QUEM? POR QUE?/PORQUE/PORQUÊ TAMBÉM QUAL?/QUAIS? PRA QUÊ? 24 Cumprimentos CUMPRIMENTOS TUDO BEM? BOM DIA BOA TARDE BOA NOITE MADRUGADA_1 MADRUGADA_2 25 OI TCHAU DESCULPA NOME MEU NOME SINAL/SEU SINAL MEU SINAL OBRIGADO DE NADA LEGAL IDADE COM LICENÇA 26 POR FARVOR_1 POR FAVOR_2 27 ADJETIVOS ACALMAR RAIVA PEQUENOGRANDE ALEGRE TRISTE ALTO BAIXO BONITO FEIO EDUCADO 28 MAL EDUCADO INTELIGENTE CABEÇA DURA RÁPIDO DEVAGAR LIMPO SUJO SECO MOLHADO GROSSO 29 FINO POBRE RICO FRACO FORTE CURTO ENORME VERDADEIRO FALSO VERDADE MAL/MAU 30 ACOMPANHAR ACALMAR ACORDAR ACUSAR ABENÇOAR ENCONTRAR ABRIR ACEITAR VERBOS (1) 31 AFASTAR AMAR ANDAR ADIANTAR AVISAR DIVULGAR APRENDER ASSUSTAR ABRIR BEIJAR BRINCAR CHORAR 32 COMER COMPRAR CONHECER ou CONTINUAR CONVERSAR ROUBAR SABER SENTAR SENTIR 33 V SOFRER TER VIAJAR VIGIAR VIVER IR VIR VOLTAR ACOSTUMAR 34 LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.436-2002?OpenDocument 35 DECRETO 5626/05 | DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005 Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. CAPÍTULO II DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. CAPÍTULO III DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891382/art-3-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891347/art-3-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891315/art-3-2-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891278/art-4-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891255/art-4-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891227/art-5-do-decreto-5626-05 36 escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação. § 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplinaem cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação; III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891176/art-5-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891147/art-5-2-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891120/art-6-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891083/art-6-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891056/art-6-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10891012/art-6-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890974/art-6-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890934/art-6-2-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890897/art-7-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890863/art-7-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890819/art-7-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890780/art-7-inc-iii-do-decreto-5626-05 37 § 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar a disciplina de Libras. § 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério. Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. § 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade. § 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função docente. § 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e linguistas de instituições de educação superior. Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890731/art-7-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890687/art-7-2-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890659/art-8-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890636/art-8-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890606/art-8-2-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890569/art-8-3-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890533/art-9-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890490/art-9-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890462/art-9-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890429/art-9-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890401/art-9-inc-iv-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890364/art-9-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890332/art-10-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890295/art-11-do-decreto-5626-05 38 I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngue: Libras - Língua Portuguesa como segunda língua; II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda língua para surdos; III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação para a formação de professores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um ano da publicação deste Decreto. Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa. Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. CAPÍTULO V DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA PORTUGUESA Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa. Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de extensão universitária; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890262/art-11-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890224/art-11-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890195/art-11-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890160/art-12-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890113/art-13-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10890077/art-13-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10889145/art-17-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10889118/art-18-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10889089/art-18-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10889045/art-18-inc-ii-do-decreto-5626-05https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10889015/art-18-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888983/art-18-1-do-decreto-5626-05 39 Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil: I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e de educação superior; II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental; III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para essa finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função, constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de educação superior. Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à educação de alunos surdos. § 1o O profissional a que se refere o caput atuará: I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888941/art-19-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888871/art-19-inc-i-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888838/art-19-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888801/art-19-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888764/art-19-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888728/art-20-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888688/art-20-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888668/art-21-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888634/art-21-1-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888596/art-21-1-inc-i-do-decreto-5626-05 40 II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de ensino. § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888558/art-21-1-inc-ii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888524/art-21-1-inc-iii-do-decreto-5626-05 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10888494/art-21-2-do-decreto-5626-05 41 Verbos (2) ACOSTUMAR ARREPENDER ERRAR ABANDONAR ADMIRAR ORGANIZAR CHEIRAR APROVEITAR AGUENTAR 42 PACIÊNCIA CHEGAR CORRER CUIDAR VIGIAR CUIDAR ADOECER DANÇAR_1 DANÇAR_2 DANÇAR_3 GUARDAR DESENVOLVER 43 COPIAR DEMITIR PROCURAR CRIAR EVITAR FOFOCAR FAZER FINGIR_1 FINGIR_2 GRITAR 44 VV INFLUENCIAR IMAGINAR//SONHAR PARECER PASSEAR MANDAR MUDAR PREOCUPAR SORRIR_1 SORRIR_2 SUBSTITUIR TRANSFORMAR 45 Calendário CALENDÁRIO SEMANA SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SÁBADO DOMINGO AMANHÃ HOJE 46 ONTEM ANTES DE ONTEM TODO DIA ANO ANO PASSADO ANO QUE VEM FÉRIAS FOLGA MÊS JANEIRO 47 FEVEREIRO_1 FEVEREIRO_2 MARÇO ABRIL MAIO 48 Agosto Setembro JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 49 C CORES CORES AMARELO BRANCO AZUL ALARANJADO LILÁS MARROM PRETO ROXO ROSA 50 VERMELHO VERDE VINHO DOURADO PRATEADO VIOLETA BEGE ESCURO CLARO 51 ADJETIVOS LEGAL CHATO PESSOA CHATO AMBIENTE DIFÍCIL FACÍL QUENTE FRIO VELHO 52 V NOVO IGUAL DIFERENTE CARO BARATO CARINHOCURIOSO CIÚMES PREGUIÇA 53 SURDO OUVINTE AMIGO/AMIZADE ESPECIAL MEDO COITADO CERTO ERRADO MELHOR 54 PIOR DOENTE SAÚDE TEIMOSO PRESO LIVRE NERVOSO ÓDIO 55 CARAVELA VERBOS (3) PULAR PERCEBER FINALIZAR ACABAR//ENCERRAR VOTAR ASSIMILAR DECORAR 56 APRENDER EXPLICAR ESTUDAR JOGAR APAIXONAR ESCREVER CONVIDAR FALAR ESQUECER 57 RESPEITAR CAIR DEITAR FICAR EM PÉ APRISIONAR DORMIR DORMIR PAGAR 58 DEIXAR FOTOGRAFAR SEGUIR AJOELHAR BEBER ESCONDER TRABALHAR CONSERTAR BRIGAR LER 59 V VER BATER MATAR PERGUNTAR SUICIDAR MORRER RESPONDER ACREDITAR PESQUISAR LEMBRAR PENSAR 60 FRUTAS AMORA ABACAXI AÇAÍ ABACATE ACEROLA BANANA CARAMBOLA CAJÚ CEREJA 61 CACAU COCO CUPUAÇÚ GRAVIOLA JACA JAMBO GOIABA INGÁ KIWI LARANJA 62 LIMÃO MAÇÃ MANGA MARACUJÁ MELÃO MELANCIA MORANGO_1 MORANGO_2 PÊRA PÊSSEGO TANGERINA UVA 63 BEBIDAS ÁGUA CACHAÇA CAFÉ CERVEJA CHÁ VINHO LEITE SUCO REFRIGERANTE SORVETE VODKA WHISKY 64 ALIMENTOS AÇÚCAR ARROZ AZEITE/ÓLEO VINAGRE BOMBOM BOLHACHA MORANGO HOT DOG BATATA CARNE CHOCOLATE CHURRASCO 65 FEIJÃO FRANGO GELATINA PUDIM FARINHA MACARRÃO CALABRESA BIFE OVO PASTEL 66 PEIXE COXINHA PIPOCA PIZZA PRESUNTO QUEIJO SAL SALADA SOPA 67 SANDUÍCHE VATAPÁ SORVETE MANIÇOBA SUSHI LINGUIÇA TOSCANA 68 REFERÊNCIAS CARMO, A. 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