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A imagem como mercadoria e a juventude GRIFADO

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o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
A imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria e
a juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumo
Altair Reis de Jesus
Altair Reis de Jesus é licenciado e bacharel em Ciências Sociais. Mestrando em Ciências Sociais /UFBA, com projeto de pesquisa
sobre imagem, mídia e juventude na televisão brasileira.
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
Imagem como mercadoria na sociedade contemporânea
Na sociedade contemporânea, podemos observar como
a imagem exerce um papel preponderante na construção da
realidade social. Neste sentido, atentamos para a dupla função
da imagem, por um lado impondo-se como recurso técnico ca-
paz da apreensão, transmissão ou exposição de um determina-
do aspecto da social; por outro, retornando à vida cotidiana,
influencia a maneira de agir, pensar e de se comportar dos indi-
víduos ou grupos sociais.
A expansão e desenvolvimento sistemático dos meios
de comunicação de massa nas quatro últimas décadas do sécu-
lo XX e, particularmente, dos meios técnicos de produção e
difusão de imagens, repercutiram de forma contundente na
sociedade. Neste contexto, a imagem assume um sentido mui-
to especial no universo midático, pois capta aspectos da reali-
dade, constrói simulacros desta, e os devolve à sociedade sob
a forma de espetáculo. Em vista disto, podemos atentar para um
fenômeno evidente e atual que se traduz na imagem enquanto
mercadoria. Sobretudo buscamos compreender a relação entre
a imagem e sua utilização a serviço de uma ideologia que visa
promover a mercadoria como espetáculo.
Nosso ponto de partida para compreender o espetácu-
lo são os argumentos de Guy Debord (1997) que, em seus estu-
dos, demonstra como o caráter ilusório da aparência das mer-
cadorias, já estudado por Marx sob a ótica do fetichismo, se
expressa de forma objetiva na realidade concreta dos indivídu-
os. Debord pretende evidenciar que o fetichismo contemporâ-
neo da mercadoria apresenta-se sob a forma de espetáculo,
que, tal como analisado classicamente, oculta o caráter das re-
lações sociais de produção elidindo o conteúdo do trabalho
humano contido nos objetos e, ao mesmo tempo, subvertendo
o conjunto das relações sociais. Em suma, espiritualiza-se os
objetos e coisifica-se os seres humanos.
A contribuição de Debord para compreender o avanço
do fetichismo nas sociedades capitalistas avançadas reside na
sua aguda constatação de que a humanidade retorna, na fase
atual, ao mundo imagético, situação anteriormente vivenciada
pelas sociedades simples, envoltas nas visões míticas do mun-
do. Mas a situação atual diferencia-se daquelas encontradas
outrora pelo fato de estarmos subordinados à mágica da merca-
doria, calcada na produção e circulação capitalista, alimentada
pela promoção crescente do consumismo.
Os objetos mercadorias no mundo atual, além de com-
preenderem o suporte material específico produzido nos espa-
ços industriais, contêm também a exposição e reprodução de
imagens que pretende dotá-las de um valor afetivo e espiritual
cuja meta é a de suscitar e satisfazer novos impulsos nos con-
sumidores.
LUCIANA
Realce
LUCIANA
Realce
LUCIANA
Realce
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
A imagem moderna que alude a um objeto, ao mesmo
tempo apresenta-se a si mesma como se fosse o próprio obje-
to. Tal ilusão tem permitido a criação de mercados virtuais que
poderão, no futuro, levar ao gradativo “desaparecimento” do
mercado físico.Este vem sendo substituído pela interação direta
dos “consumidores” com a mercadoria virtual ou, mais precisa-
mente, com a imagem do produto anunciado, marca ou logotipo.
Em conseqüência, nota-se como a imagem assume papel pre-
ponderante de mercadoria. Os produtos apresentam-se como
bens simbólicos, atrativos para os consumidores na medida em
são oferecidos e vendidos no mercado de imagens ou simulacos,
com diz Baudrillard - transformando-se no conteúdo da imagem
midiática. Sobre tal aspecto diz Jameson:
[...] a forma última da reificação mercantil na sociedade de
consumo contemporânea é precisamente a própria imagem.
[...] O novo carro da moda é essencialmente uma imagem
que outras pessoas devem ter de nós, e consumimos menos
a coisa em si que a idéia abstrata, aberta a todos os investi-
mentos libidinais engenhosamente reunidos para nós pela
propaganda. [...] tudo na sociedade de consumo assume uma
dimensão estética (JAMESON, 1995, p.12).
A imagem, portanto, é utilizada sob a forma de merca-
doria, uma vez que o processo de reificação mercantil presente
na sociedade de consumidores se torna fundamental para a pro-
dução em larga escala de imagens vendáveis e persuasivas,
criando um falso universo de objetos com qualidades virtuais e
que nos satisfazem não pelo seu efetivo valor de uso, mas por
suas “milagrosas qualidades”. Neste sentido, em que pese sua
benevolência para com a manipulação das imagens pelos gru-
pos dominantes, é sugestiva a compreensão de Baudrillard
(1995) sobre mercadoria/signo ou imagens/signos, pois esta
alerta-nos para o entendimento de como os signos adquirem
certa relevância contemporaneamente. Segundo este ponto de
vista, a mercadoria na sociedade se transformaria em signo. Ou
seja, a imagem adquire importância, cada vez mais acentuada,
no universo constituído e criado pelos veículos midiáticos (so-
bretudo a televisão) de informação. Isto pode ser demonstrado
pela atuação da publicidade. Posto que cada imagem e cada
anúncio propõem valores de consumo ao mesmo tempo em
que convocam todos os indivíduos para decifrarem o conteúdo
sistematicamente exibido nos veículos de comunicação.
O fetiche da mercadoria ampliado pela imagem enqua-
dra-se no campo da moda, onde as mercadorias/imagens (e
mesmo pessoas) transitam rapidamente, tornando-se obsole-
tas. Cotidianamente vemos no universo midiático do consumo a
exibição de imagens de várias mercadorias, na sua maioria ob-
jetos que momentaneamente encontram-se na moda. A moda
precisa da criação de imagens de produtos do momento (rou-
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
pas, celulares, tênis, etc.). O universo da moda é fugaz, meteórico
e imagético, como analisa Lipovetsky.
 Ao abordarmos a forma como a imagem adquire alguns
mecanismos que a transformam em atrativo mercadológico, não
podemos nos eximir com relação à dificuldade em estudar ques-
tões que envolvem o audiovisual, principalmente a televisão.
Conseqüentemente, o estudo da imagem, levando-se em conta
a relação entre a televisão, a mídia e o consumo, passam a ter
uma ótica conceitual especifica. Neste sentido, a imagem a ser
abordada como mercadoria no universo do consumo pode ser
traduzida a partir da afirmação de Martine como sendo “a ima-
gem onipresente, aquela que se critica e que, ao mesmo tem-
po, faz parte da vida cotidiana de todos é a imagem da
mídia.”(MARTINE,1996,p.14). Somos todos consumidores em
potencial da imagem em seu duplo aspecto: ela em si mesma e
os produtos aos quais ela alude. O empresário dos meios
audiovisuais adquire imagens produzidaspor agencias publici-
tárias contratadas pelos proprietários de estabelecimentos in-
dustriais e comerciais com vistas a criar e satisfazer necessida-
des da sua clientela (leitores de jornais e revistas, telespectadores
etc.), nós, os clientes, consumimos tais imagens e os produtos
divulgados por elas. Consumimos diariamente filmes
hollyodianos, belas imagens de cidades inexistentes, progra-
mas que invadem o cotidiano das pessoas como BBB – Big
Brother Brasil. Ao lado dessas programações, consumimos ima-
gens de carros, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, produtos
de beleza, etc. E, certamente, muitos de nós completam o ciclo
de consumo adquirindo, por meio virtual ou diretamente nas lo-
jas, os objetos/mercadorias que satisfarão novas necessidades
criadas pelo universo midiático. Portanto, a imagem/mercadoria
é um dos fenômenos mais evidente e mais dinâmico da socie-
dade capitalista atual.
A exposição de bens culturais, materiais e simbólicos por in-
termédio das imagens nas telas da TV
No primeiro instante, quando ligamos nossos aparelhos
de TV, somos instantaneamente bombardeados por uma enor-
me variedade de imagens/mensagens que oferecem múltiplas
possibilidades de informação, entretenimento e consumo. Os
produtores dos canais de televisão, tendo por carro chefe a
imagem, potencializam a sedução deste meio de comunicação
sobre o telespectador, unificando efeitos visuais, sobreposição
de cores e recursos sonoros. Ou seja, a imagem aparece aqui
como um recurso essencial no mundo contemporâneo para a
divulgação sistemática de bens e símbolos.
Em meio à exposição constante de bens culturais (lazer
e entretenimento), de bens materiais (que se traduzem na expo-
sição por meio das propagandas comerciais de determinadas
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
mercadorias com apelo para o consumo juvenil, como tênis,
CDs, roupas, etc.), e de bens simbólicos (como o estilo de vida
- tais como as propagandas de automóveis, a exemplo da Ferrari
símbolo de uma forma elegante de vida), as imagens apresen-
tam-se como demarcadoras e justificadoras de posições soci-
ais hierarquicamente estabelecidas pela reprodução da ordem
capitalista; elas aparecem como próprias da lógica da socieda-
de de mercado: justas e necessárias.
Tendo em vista a explosão dos valores advindos da
cultura de consumo, frutos da exposição de bens pela indústria
cultural, os pensadores frankfurtianos Adorno e Horkheimer (1986)
evidenciam o caráter racionalizado e massificado dos produtos
culturais, situação que vemos agravada nos dias atuais devido à
manipulação da imagem enquanto instrumento mercadológico
(vendável), persuasivo e valorativo da cultura consumista.
As imagens que nos são oferecidas, sobretudo através
da televisão, não são isentas. Estão, ao contrário, associadas a
padrões pré-determinados e visam moldar comportamentos,
reafirmar valores tradicionais e regras de condutas individuais.
Isto ocorre, por exemplo, nas propagandas de margarina que
apresentam um quadro familiar composto, geralmente, por mãe,
pai e filhos, reunidos à mesa do café e, portanto, passando
sempre a imagem de felicidade e bem estar propiciados pela
harmonia familiar bastante favorecida pelo sabor da margarina.
Esta imagem/mercadoria não só destina-se a vender um produ-
to mas configura-se em forte veiculadora de um hipotético modo
de vida associado aos segmentos médios na sociedade.
De fato, é notória a forma como a imagem atrai o publico
que assiste um determinado programa ou comercial. Sobretudo
porque a imagem possui o poder de despertar o imaginário e
de suscitar desejos e sensações nas pessoas. Por isso, a ima-
gem midiática da propaganda evoca sempre: alegria, harmonia,
felicidade, sucesso e bem estar etc., associados à compra de
bens. Assim, os valores da sociedade burguesa são amplifica-
dos e a mercadoria propõe-se a oferecer um mundo de possi-
bilidades, de satisfação das necessidades materiais e afetivas
que podem ser equacionadas no momento em que se adquire
um objeto e, conseqüentemente, os prazeres que este pode
oferecer.
Numa sociedade onde a imagem passa a ter um valor
cada vez mais relevante, tudo passa para o plano virtual, e o
real se confunde como se fosse o ambiente do filme MATRIX.
Em suma, a imagem que se vende todos os dias na televisão,
exaltando condutas principalmente consumistas, na verdade
encobre uma sociedade calcada sobre a lógica consumista do
mercado. A imagem reificada da sociedade não favorece a re-
flexão individual: indica-nos apenas como manter o sistema,
completando diuturnamente o ciclo reprodutivo através do con-
sumo.
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
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A imagem da juventude enquanto mercadoria
sob a lógica consumista
Não é de se estranhar o fascínio que exerce a juventude
enquanto padrão estético veiculado pelos meios midiáticos.
Vemos constantemente em novelas, séries, filmes e propagan-
das a imagem do jovem como sinônimo de vitalidade, alegria e
beleza. Tais atributos são também associados a uma série de
bens culturais difundidos pela cultura de massa. Apela-se para
os indivíduos jovens em tese mais suscetíveis às inovações e
mudanças propostas pela indústria cultural. Os produtores cultu-
rais evocam a eterna juventude através das imagens. Desta for-
ma, os veículos de comunicação de massa acabam por criar o
que Letícia Vianna (1992) denominou “idade mídia”, com relação
à imagem de uma juventude.
As imagens juvenis, criadas pela mídia, são utilizadas
estrategicamente como forma de internalização de padrões de
consumo veiculados nos meios de comunicação através da
publicidade. Sendo que, neste processo de convencimento vi-
sando o consumo, a imagem do jovem assume papel de mo-
delo ideal para ser imitado na sociedade por todos os indivídu-
os (até mesmo os adultos), bem como serve aos interesses da
cultura de massa que opera sobre o estereótipo de jovem,
omitindo as diferenças de classe, cor ou etnia. Não é do interes-
se dos veículos midiáticos pensar os jovens num sentido mais
plural; eles contentam-se com simplificações e renunciam à difí-
cil tarefa, segundo Carmo (2001), em se definir a juventude. A
imagem da juventude é o modelo que predomina como padrão
nas sociedades de massas. Bastando somente que observe-
mos como o veículo publicitário - através da televisão – utiliza a
categoria juventude para promover seus produtos no mercado.
Deste modo, a imagem do jovem, através da publicidade, é
valorizada segundo interesses econômicos, sociais e culturais
do mercado. Neste aspecto a ótica da autora se torna
esclarecedora:
Nas publicidades (...), a juventude é apresentada ao consu-
midor potencial como parte da felicidade que se deve ser
conquistada a partir do consumo de certas mercadorias (...).
A juventude é veiculada como “paradigma existencial”, inde-
pendente da idade real do indivíduo. Assim, a imagem de
juventude veiculada (...) aparece enquanto um “modelo-esté-
tico” para qualquer indivíduo consumidor (VIANNA/1992, p.16).
Para a autora a juventude poderia ser compreendida
como um mecanismo a serviço da indústria cultural, tendo em
vista a manipulação dos consumidores. Ou seja, a mídia mani-
pula a imagem do ser jovem devolvendo a esta mesma juventu-
de uma pseudo auto-imagem constituída a partir dos valores
consumistas. Um exemplo de imagem da juventude enquanto
mercadoria vendável e lucrativa para a cultura de massa é a da
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembrode 2006
modelo brasileira Gisele Bundchen, detentora de fama interna-
cional e conseqüentemente parâmetro estético ideal valorado
nos mais diversos veículos da mídia. A imagem, assim, é prisi-
oneira da denominada sociedade do excesso, da hipermídia,
do hiperconsumo, do hipermoderno segundo reportagem so-
bre os valores do consumo (moda, luxo, prazer, etc.) publicada
na revista ISTO É de 2004 . Nesta sociedade, onde tudo seria
“hiper”, tudo pode ser consumido desde um carro de luxo até a
imagem jovial de uma modelo famosa.
Observe-se também a exibição do tipo ideal de jovem
nos comerciais e novelas como Malhação ou Belíssima. Como
bem observa Fischer (2005), nestes programas podemos notar
o quanto o jovem (adolescente) é um ser de classe media, que
se reduz ao sexo, escolhas amorosas, e conflitos familiares.
Situação oposta à que alguns filmes apresentam, como é o caso
de Cama de Gato, de Alexandre Stockler, que apresenta a ju-
ventude de classe media carioca com suas singularidades e
intolerâncias quanto a questões ética, morais e sociais. O filme
revela uma imagem da juventude individualizada, desumanizada
e alheia aos problemas sociais e políticos do país.
O modo como a imagem da juventude tornou-se uma
mercadoria vendável, segundo a ideologia consumista, acaba
refletindo de modo contundente no jeito como a juventude se
expressa hoje. Uma sociedade forjada sob os valores materiais
consumistas como a que nós vivemos acaba por produzir gra-
ves problemas sociais, sobretudo aguçando as diferenças e,
com isto, aumentando ainda mais a distancia que separa aque-
les que podem consumir daqueles que não podem. Portanto, a
imagem do jovem/mercadoria exibida na mídia permite aos
mercados se darem ao luxo de manipular os desejos e gostos
dos indivíduos, direcionando-os para a promoção do consumo
de massa. Como dizia um anúncio de propaganda de refrige-
rante “sede não é nada! A imagem é tudo. Beba sprite!”.
Referências Bibliográficas:
ADORNO, T.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986. p.113-
156.
BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de consumo. Rio de Janeiro:
Elfos Ed.; Lisboa: Edições 70, 1995.
CARMO, Paulo Sérgio. Juventude no singular e no plural. In: SANTOS,
Adolfo Pedrosa Daltro. As Caras da Juventude. São Paulo: Fundação
Konrad. Adenauer N° 6, p. 9-30, dez 2001.
DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro:
Contraponto, 1997.
FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo.
São Paulo: Stúdio Nobel, 1995.(Coleção cidade aberta. Série
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
ano 12, n. 9, dezembro de 2006
megalópoles).
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Mídia e juventude: experiência do
público e do privado na cultura. Campinas. v. 25. n. 65. p. 43-58,
Jan./abril 2005.
JAMESON, Fredric. As marcas do visível. Rio de Janeiro: Graal,
1995.
KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do
socialismo de caserna à crise da economia mundial.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
MARTINE, Joly. Introdução à análise da imagem. Campinas,
SP:Papirus, 1996. (Coleção Ofício de Arte e Forma).
ROSE, Diana. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, Martin
W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem
e som: um manual prático. Petrópolis, RJ:Vozes, 2002. Cap. 5.
Notas
1 Segundo Guy Debord “a sociedade do espetáculo não é um conjunto de
imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens. (...)
Sob todas as suas formas particulares – informação ou propaganda, publicida-
de ou consumo direto de divertimentos – o espetáculo constitui o modelo ideal da
vida dominante na sociedade.” (DEBORD/1997, p.14).
2 Cf. Concepção de Marx, ou seja, ideologia como falsa consciência. Ver MARX,
Karl. Ideologia alemã. SP: Editora Hucitec, 1999.
3 MARX, Karl. “o fetichismo da mercadoria: seu segredo”. In: O Capital. RJ:
Civilização Brasileira, 1968. liv. 1, v. 1, p. 79-93.
4 Para uma melhor compreensão sobre o que se estar denominando por
“simulacros” Ver: BAUDRILLARD, Jean. Para uma crítica da economia política
do signo. RJ: Elfos, Ed. Lisboa, Edições 70, 1995. (Coleção Ciência e Sociedade;
2).
5 LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe: estudos de dialética marxista.
Porto Publicações, 1974. p. 97-116.
6 Para Baudrillard “[...] as imagens/signos surgem como presunção total do
mundo real na imagem que constituiria como que a sua memória e a célula da
leitura universal. Por detrás do consumo de imagens; perfila-se o imperialismo
do sistema de leitura: cada vez tende mais só a existir o que pode ler-se (o que
deve ler-se: o lendário). Assim se define o consumo e o efeito de consumo
sistemático ao nível do mass media. Em vez de ir ao mundo por intermédio da
imagem, é a imagem que se dobra sobre si mesma pelo desvio do mundo (o
significante designa-se a si mesmo por detrás do álibi do significado).”
(BAUDRILLARD/1995, p.130).
7 LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas
sociedades modernas. SP: Companhia das Letras, 1989.
8 Segundo o ponto de vista de Rose “os meios audiovisuais são um amálgama
complexo de sentidos, imagens, técnicas composição de cenas, seqüência de
cenas e muito mais. E, portanto, indispensável levar essa complexidade em
consideração, quando se compreende uma análise de seu conteúdo e estrutura.”
(ROSE/200, p.343).
9 Reallity Show exibido pela Rede Globo de Televisão em horário nobre. Este
programa também pode ser comprado por aqueles que tem canal fechado cuja
o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a
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exibição se dá de forma ininterrupta. Portanto, este tipo de programa demonstra
como a imagem (no caso das pessoas que estão convivendo fechadas numa
casa vigiada por câmeras por todos o lados) assume um valor enquanto
mercadoria.
10 Segundo Kurz (1992) lógica capitalista da concorrência. Referindo-se a
guerra por mercados consumidores.
11 Sobre a Cultura de Consumo e suas implicações, Featherstone apresenta
três características fundamentais: “A primeira é a concepção de que a cultura de
consumo tem como premissa a expansão da produção capitalista de
mercadorias, que deu origem a uma vasta acumulação de cultura material na
forma de bens e locais de compra e consumo. Isso resulta na proeminência
cada vez maior do lazer e das atividades de consumo nas sociedades ocidentais
contemporâneas, (...) Em segundo lugar há a concepção (...) de que a relação
entre a satisfação proporcionada pelos bens e seu acesso socialmente
estruturado (...). Neste caso, focaliza-se o fato de que as pessoas usam as
mercadorias de forma a criar vínculos ou estabelecer distinções sociais. Em
terceiro lugar, há a questão dos prazeres emocionais do consumo, os sonhos
e desejos celebrados no imaginário cultural consumista e em locais específicos
de consumo que produzem diversos tipos de excitação física e prazeres
estéticos.” (FEATHERSTONE/1995, p.31).
12Evitamos aqui o termo classe média para evitar confundir a noção de classe
com a de estratificação, os segmentos médios podem, portanto referenciar-se
nas faixas de rendimento dos familiares, logo não se contrapondo ao conceito de
classe.
13 MATRIX RELOADED é um dos filmes que fazem parte da trilogia Matrix.
Ver: Matrix Reloaded lançado e exibido nos cinemas em 2003 pela Empresa
de Cinema Warner Bros Entertainment e distribuído pela Warne Home Vídeo
Brasil.
14A definição de estereótipos ressaltada por Ferrés apresenta-se de forma
consistente. Visto que “Os estereótipos são representações sociais,
institucionalizadas e reducionistas. São representações sociais porque
pressupõe uma visão compartilhada que um coletivosocial possui sobre outro
coletivo social. São reiteradas porque são criadas com base na repetição. À
base de rigidez e de reiteração, os estereótipos acabam parecendo naturais; o
seu objetivo é, na realidade, que não pareça formas da realidade. Finalmente,
são reducionistas porque reduz uma realidade complexa em algo simples.”
(FERRÉS/1998, p.135).
15Ver: Revista ISTO É. Reportagem especial sobre comportamento na
Sociedade. Nº 1819 e publicada em 18/08/2004. p.61-65.
16Programa exibido de segunda a sexta feira pela Rede globo de Televisão,
destinado a um público infanto-juvenil.
17Novela da Rede Globo, exibida no horário nobre de segunda a sexta-feira ,
cuja temática, entre outras coisas, aborda questões de moda, beleza e juventude.
Sobretudo valorizando a imagem do mundo das passarelas.
18Ver: CAMA DE GATO de Alexandre Stockler lançado em 2004 pela Paris
Filmes.
19 Nesta propaganda o anunciante buscava enfatiza o poder da imagem para
justificar a necessidade de se consumir o refrigerante sprite.

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