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o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 A imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria eA imagem como mercadoria e a juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumoa juventude no universo midiático do consumo Altair Reis de Jesus Altair Reis de Jesus é licenciado e bacharel em Ciências Sociais. Mestrando em Ciências Sociais /UFBA, com projeto de pesquisa sobre imagem, mídia e juventude na televisão brasileira. o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 Imagem como mercadoria na sociedade contemporânea Na sociedade contemporânea, podemos observar como a imagem exerce um papel preponderante na construção da realidade social. Neste sentido, atentamos para a dupla função da imagem, por um lado impondo-se como recurso técnico ca- paz da apreensão, transmissão ou exposição de um determina- do aspecto da social; por outro, retornando à vida cotidiana, influencia a maneira de agir, pensar e de se comportar dos indi- víduos ou grupos sociais. A expansão e desenvolvimento sistemático dos meios de comunicação de massa nas quatro últimas décadas do sécu- lo XX e, particularmente, dos meios técnicos de produção e difusão de imagens, repercutiram de forma contundente na sociedade. Neste contexto, a imagem assume um sentido mui- to especial no universo midático, pois capta aspectos da reali- dade, constrói simulacros desta, e os devolve à sociedade sob a forma de espetáculo. Em vista disto, podemos atentar para um fenômeno evidente e atual que se traduz na imagem enquanto mercadoria. Sobretudo buscamos compreender a relação entre a imagem e sua utilização a serviço de uma ideologia que visa promover a mercadoria como espetáculo. Nosso ponto de partida para compreender o espetácu- lo são os argumentos de Guy Debord (1997) que, em seus estu- dos, demonstra como o caráter ilusório da aparência das mer- cadorias, já estudado por Marx sob a ótica do fetichismo, se expressa de forma objetiva na realidade concreta dos indivídu- os. Debord pretende evidenciar que o fetichismo contemporâ- neo da mercadoria apresenta-se sob a forma de espetáculo, que, tal como analisado classicamente, oculta o caráter das re- lações sociais de produção elidindo o conteúdo do trabalho humano contido nos objetos e, ao mesmo tempo, subvertendo o conjunto das relações sociais. Em suma, espiritualiza-se os objetos e coisifica-se os seres humanos. A contribuição de Debord para compreender o avanço do fetichismo nas sociedades capitalistas avançadas reside na sua aguda constatação de que a humanidade retorna, na fase atual, ao mundo imagético, situação anteriormente vivenciada pelas sociedades simples, envoltas nas visões míticas do mun- do. Mas a situação atual diferencia-se daquelas encontradas outrora pelo fato de estarmos subordinados à mágica da merca- doria, calcada na produção e circulação capitalista, alimentada pela promoção crescente do consumismo. Os objetos mercadorias no mundo atual, além de com- preenderem o suporte material específico produzido nos espa- ços industriais, contêm também a exposição e reprodução de imagens que pretende dotá-las de um valor afetivo e espiritual cuja meta é a de suscitar e satisfazer novos impulsos nos con- sumidores. LUCIANA Realce LUCIANA Realce LUCIANA Realce o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 A imagem moderna que alude a um objeto, ao mesmo tempo apresenta-se a si mesma como se fosse o próprio obje- to. Tal ilusão tem permitido a criação de mercados virtuais que poderão, no futuro, levar ao gradativo “desaparecimento” do mercado físico.Este vem sendo substituído pela interação direta dos “consumidores” com a mercadoria virtual ou, mais precisa- mente, com a imagem do produto anunciado, marca ou logotipo. Em conseqüência, nota-se como a imagem assume papel pre- ponderante de mercadoria. Os produtos apresentam-se como bens simbólicos, atrativos para os consumidores na medida em são oferecidos e vendidos no mercado de imagens ou simulacos, com diz Baudrillard - transformando-se no conteúdo da imagem midiática. Sobre tal aspecto diz Jameson: [...] a forma última da reificação mercantil na sociedade de consumo contemporânea é precisamente a própria imagem. [...] O novo carro da moda é essencialmente uma imagem que outras pessoas devem ter de nós, e consumimos menos a coisa em si que a idéia abstrata, aberta a todos os investi- mentos libidinais engenhosamente reunidos para nós pela propaganda. [...] tudo na sociedade de consumo assume uma dimensão estética (JAMESON, 1995, p.12). A imagem, portanto, é utilizada sob a forma de merca- doria, uma vez que o processo de reificação mercantil presente na sociedade de consumidores se torna fundamental para a pro- dução em larga escala de imagens vendáveis e persuasivas, criando um falso universo de objetos com qualidades virtuais e que nos satisfazem não pelo seu efetivo valor de uso, mas por suas “milagrosas qualidades”. Neste sentido, em que pese sua benevolência para com a manipulação das imagens pelos gru- pos dominantes, é sugestiva a compreensão de Baudrillard (1995) sobre mercadoria/signo ou imagens/signos, pois esta alerta-nos para o entendimento de como os signos adquirem certa relevância contemporaneamente. Segundo este ponto de vista, a mercadoria na sociedade se transformaria em signo. Ou seja, a imagem adquire importância, cada vez mais acentuada, no universo constituído e criado pelos veículos midiáticos (so- bretudo a televisão) de informação. Isto pode ser demonstrado pela atuação da publicidade. Posto que cada imagem e cada anúncio propõem valores de consumo ao mesmo tempo em que convocam todos os indivíduos para decifrarem o conteúdo sistematicamente exibido nos veículos de comunicação. O fetiche da mercadoria ampliado pela imagem enqua- dra-se no campo da moda, onde as mercadorias/imagens (e mesmo pessoas) transitam rapidamente, tornando-se obsole- tas. Cotidianamente vemos no universo midiático do consumo a exibição de imagens de várias mercadorias, na sua maioria ob- jetos que momentaneamente encontram-se na moda. A moda precisa da criação de imagens de produtos do momento (rou- o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 pas, celulares, tênis, etc.). O universo da moda é fugaz, meteórico e imagético, como analisa Lipovetsky. Ao abordarmos a forma como a imagem adquire alguns mecanismos que a transformam em atrativo mercadológico, não podemos nos eximir com relação à dificuldade em estudar ques- tões que envolvem o audiovisual, principalmente a televisão. Conseqüentemente, o estudo da imagem, levando-se em conta a relação entre a televisão, a mídia e o consumo, passam a ter uma ótica conceitual especifica. Neste sentido, a imagem a ser abordada como mercadoria no universo do consumo pode ser traduzida a partir da afirmação de Martine como sendo “a ima- gem onipresente, aquela que se critica e que, ao mesmo tem- po, faz parte da vida cotidiana de todos é a imagem da mídia.”(MARTINE,1996,p.14). Somos todos consumidores em potencial da imagem em seu duplo aspecto: ela em si mesma e os produtos aos quais ela alude. O empresário dos meios audiovisuais adquire imagens produzidaspor agencias publici- tárias contratadas pelos proprietários de estabelecimentos in- dustriais e comerciais com vistas a criar e satisfazer necessida- des da sua clientela (leitores de jornais e revistas, telespectadores etc.), nós, os clientes, consumimos tais imagens e os produtos divulgados por elas. Consumimos diariamente filmes hollyodianos, belas imagens de cidades inexistentes, progra- mas que invadem o cotidiano das pessoas como BBB – Big Brother Brasil. Ao lado dessas programações, consumimos ima- gens de carros, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, produtos de beleza, etc. E, certamente, muitos de nós completam o ciclo de consumo adquirindo, por meio virtual ou diretamente nas lo- jas, os objetos/mercadorias que satisfarão novas necessidades criadas pelo universo midiático. Portanto, a imagem/mercadoria é um dos fenômenos mais evidente e mais dinâmico da socie- dade capitalista atual. A exposição de bens culturais, materiais e simbólicos por in- termédio das imagens nas telas da TV No primeiro instante, quando ligamos nossos aparelhos de TV, somos instantaneamente bombardeados por uma enor- me variedade de imagens/mensagens que oferecem múltiplas possibilidades de informação, entretenimento e consumo. Os produtores dos canais de televisão, tendo por carro chefe a imagem, potencializam a sedução deste meio de comunicação sobre o telespectador, unificando efeitos visuais, sobreposição de cores e recursos sonoros. Ou seja, a imagem aparece aqui como um recurso essencial no mundo contemporâneo para a divulgação sistemática de bens e símbolos. Em meio à exposição constante de bens culturais (lazer e entretenimento), de bens materiais (que se traduzem na expo- sição por meio das propagandas comerciais de determinadas o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 mercadorias com apelo para o consumo juvenil, como tênis, CDs, roupas, etc.), e de bens simbólicos (como o estilo de vida - tais como as propagandas de automóveis, a exemplo da Ferrari símbolo de uma forma elegante de vida), as imagens apresen- tam-se como demarcadoras e justificadoras de posições soci- ais hierarquicamente estabelecidas pela reprodução da ordem capitalista; elas aparecem como próprias da lógica da socieda- de de mercado: justas e necessárias. Tendo em vista a explosão dos valores advindos da cultura de consumo, frutos da exposição de bens pela indústria cultural, os pensadores frankfurtianos Adorno e Horkheimer (1986) evidenciam o caráter racionalizado e massificado dos produtos culturais, situação que vemos agravada nos dias atuais devido à manipulação da imagem enquanto instrumento mercadológico (vendável), persuasivo e valorativo da cultura consumista. As imagens que nos são oferecidas, sobretudo através da televisão, não são isentas. Estão, ao contrário, associadas a padrões pré-determinados e visam moldar comportamentos, reafirmar valores tradicionais e regras de condutas individuais. Isto ocorre, por exemplo, nas propagandas de margarina que apresentam um quadro familiar composto, geralmente, por mãe, pai e filhos, reunidos à mesa do café e, portanto, passando sempre a imagem de felicidade e bem estar propiciados pela harmonia familiar bastante favorecida pelo sabor da margarina. Esta imagem/mercadoria não só destina-se a vender um produ- to mas configura-se em forte veiculadora de um hipotético modo de vida associado aos segmentos médios na sociedade. De fato, é notória a forma como a imagem atrai o publico que assiste um determinado programa ou comercial. Sobretudo porque a imagem possui o poder de despertar o imaginário e de suscitar desejos e sensações nas pessoas. Por isso, a ima- gem midiática da propaganda evoca sempre: alegria, harmonia, felicidade, sucesso e bem estar etc., associados à compra de bens. Assim, os valores da sociedade burguesa são amplifica- dos e a mercadoria propõe-se a oferecer um mundo de possi- bilidades, de satisfação das necessidades materiais e afetivas que podem ser equacionadas no momento em que se adquire um objeto e, conseqüentemente, os prazeres que este pode oferecer. Numa sociedade onde a imagem passa a ter um valor cada vez mais relevante, tudo passa para o plano virtual, e o real se confunde como se fosse o ambiente do filme MATRIX. Em suma, a imagem que se vende todos os dias na televisão, exaltando condutas principalmente consumistas, na verdade encobre uma sociedade calcada sobre a lógica consumista do mercado. A imagem reificada da sociedade não favorece a re- flexão individual: indica-nos apenas como manter o sistema, completando diuturnamente o ciclo reprodutivo através do con- sumo. o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 A imagem da juventude enquanto mercadoria sob a lógica consumista Não é de se estranhar o fascínio que exerce a juventude enquanto padrão estético veiculado pelos meios midiáticos. Vemos constantemente em novelas, séries, filmes e propagan- das a imagem do jovem como sinônimo de vitalidade, alegria e beleza. Tais atributos são também associados a uma série de bens culturais difundidos pela cultura de massa. Apela-se para os indivíduos jovens em tese mais suscetíveis às inovações e mudanças propostas pela indústria cultural. Os produtores cultu- rais evocam a eterna juventude através das imagens. Desta for- ma, os veículos de comunicação de massa acabam por criar o que Letícia Vianna (1992) denominou “idade mídia”, com relação à imagem de uma juventude. As imagens juvenis, criadas pela mídia, são utilizadas estrategicamente como forma de internalização de padrões de consumo veiculados nos meios de comunicação através da publicidade. Sendo que, neste processo de convencimento vi- sando o consumo, a imagem do jovem assume papel de mo- delo ideal para ser imitado na sociedade por todos os indivídu- os (até mesmo os adultos), bem como serve aos interesses da cultura de massa que opera sobre o estereótipo de jovem, omitindo as diferenças de classe, cor ou etnia. Não é do interes- se dos veículos midiáticos pensar os jovens num sentido mais plural; eles contentam-se com simplificações e renunciam à difí- cil tarefa, segundo Carmo (2001), em se definir a juventude. A imagem da juventude é o modelo que predomina como padrão nas sociedades de massas. Bastando somente que observe- mos como o veículo publicitário - através da televisão – utiliza a categoria juventude para promover seus produtos no mercado. Deste modo, a imagem do jovem, através da publicidade, é valorizada segundo interesses econômicos, sociais e culturais do mercado. Neste aspecto a ótica da autora se torna esclarecedora: Nas publicidades (...), a juventude é apresentada ao consu- midor potencial como parte da felicidade que se deve ser conquistada a partir do consumo de certas mercadorias (...). A juventude é veiculada como “paradigma existencial”, inde- pendente da idade real do indivíduo. Assim, a imagem de juventude veiculada (...) aparece enquanto um “modelo-esté- tico” para qualquer indivíduo consumidor (VIANNA/1992, p.16). Para a autora a juventude poderia ser compreendida como um mecanismo a serviço da indústria cultural, tendo em vista a manipulação dos consumidores. Ou seja, a mídia mani- pula a imagem do ser jovem devolvendo a esta mesma juventu- de uma pseudo auto-imagem constituída a partir dos valores consumistas. Um exemplo de imagem da juventude enquanto mercadoria vendável e lucrativa para a cultura de massa é a da o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembrode 2006 modelo brasileira Gisele Bundchen, detentora de fama interna- cional e conseqüentemente parâmetro estético ideal valorado nos mais diversos veículos da mídia. A imagem, assim, é prisi- oneira da denominada sociedade do excesso, da hipermídia, do hiperconsumo, do hipermoderno segundo reportagem so- bre os valores do consumo (moda, luxo, prazer, etc.) publicada na revista ISTO É de 2004 . Nesta sociedade, onde tudo seria “hiper”, tudo pode ser consumido desde um carro de luxo até a imagem jovial de uma modelo famosa. Observe-se também a exibição do tipo ideal de jovem nos comerciais e novelas como Malhação ou Belíssima. Como bem observa Fischer (2005), nestes programas podemos notar o quanto o jovem (adolescente) é um ser de classe media, que se reduz ao sexo, escolhas amorosas, e conflitos familiares. Situação oposta à que alguns filmes apresentam, como é o caso de Cama de Gato, de Alexandre Stockler, que apresenta a ju- ventude de classe media carioca com suas singularidades e intolerâncias quanto a questões ética, morais e sociais. O filme revela uma imagem da juventude individualizada, desumanizada e alheia aos problemas sociais e políticos do país. O modo como a imagem da juventude tornou-se uma mercadoria vendável, segundo a ideologia consumista, acaba refletindo de modo contundente no jeito como a juventude se expressa hoje. Uma sociedade forjada sob os valores materiais consumistas como a que nós vivemos acaba por produzir gra- ves problemas sociais, sobretudo aguçando as diferenças e, com isto, aumentando ainda mais a distancia que separa aque- les que podem consumir daqueles que não podem. Portanto, a imagem do jovem/mercadoria exibida na mídia permite aos mercados se darem ao luxo de manipular os desejos e gostos dos indivíduos, direcionando-os para a promoção do consumo de massa. Como dizia um anúncio de propaganda de refrige- rante “sede não é nada! A imagem é tudo. Beba sprite!”. Referências Bibliográficas: ADORNO, T.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986. p.113- 156. BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Elfos Ed.; Lisboa: Edições 70, 1995. CARMO, Paulo Sérgio. Juventude no singular e no plural. In: SANTOS, Adolfo Pedrosa Daltro. As Caras da Juventude. São Paulo: Fundação Konrad. Adenauer N° 6, p. 9-30, dez 2001. DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Stúdio Nobel, 1995.(Coleção cidade aberta. Série o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 megalópoles). FISCHER, Rosa Maria Bueno. Mídia e juventude: experiência do público e do privado na cultura. Campinas. v. 25. n. 65. p. 43-58, Jan./abril 2005. JAMESON, Fredric. As marcas do visível. Rio de Janeiro: Graal, 1995. KURZ, Robert. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. MARTINE, Joly. Introdução à análise da imagem. Campinas, SP:Papirus, 1996. (Coleção Ofício de Arte e Forma). ROSE, Diana. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, RJ:Vozes, 2002. Cap. 5. Notas 1 Segundo Guy Debord “a sociedade do espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens. (...) Sob todas as suas formas particulares – informação ou propaganda, publicida- de ou consumo direto de divertimentos – o espetáculo constitui o modelo ideal da vida dominante na sociedade.” (DEBORD/1997, p.14). 2 Cf. Concepção de Marx, ou seja, ideologia como falsa consciência. Ver MARX, Karl. Ideologia alemã. SP: Editora Hucitec, 1999. 3 MARX, Karl. “o fetichismo da mercadoria: seu segredo”. In: O Capital. RJ: Civilização Brasileira, 1968. liv. 1, v. 1, p. 79-93. 4 Para uma melhor compreensão sobre o que se estar denominando por “simulacros” Ver: BAUDRILLARD, Jean. Para uma crítica da economia política do signo. RJ: Elfos, Ed. Lisboa, Edições 70, 1995. (Coleção Ciência e Sociedade; 2). 5 LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe: estudos de dialética marxista. Porto Publicações, 1974. p. 97-116. 6 Para Baudrillard “[...] as imagens/signos surgem como presunção total do mundo real na imagem que constituiria como que a sua memória e a célula da leitura universal. Por detrás do consumo de imagens; perfila-se o imperialismo do sistema de leitura: cada vez tende mais só a existir o que pode ler-se (o que deve ler-se: o lendário). Assim se define o consumo e o efeito de consumo sistemático ao nível do mass media. Em vez de ir ao mundo por intermédio da imagem, é a imagem que se dobra sobre si mesma pelo desvio do mundo (o significante designa-se a si mesmo por detrás do álibi do significado).” (BAUDRILLARD/1995, p.130). 7 LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. SP: Companhia das Letras, 1989. 8 Segundo o ponto de vista de Rose “os meios audiovisuais são um amálgama complexo de sentidos, imagens, técnicas composição de cenas, seqüência de cenas e muito mais. E, portanto, indispensável levar essa complexidade em consideração, quando se compreende uma análise de seu conteúdo e estrutura.” (ROSE/200, p.343). 9 Reallity Show exibido pela Rede Globo de Televisão em horário nobre. Este programa também pode ser comprado por aqueles que tem canal fechado cuja o o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i ao o l h o d a h i s t ó r i a ano 12, n. 9, dezembro de 2006 exibição se dá de forma ininterrupta. Portanto, este tipo de programa demonstra como a imagem (no caso das pessoas que estão convivendo fechadas numa casa vigiada por câmeras por todos o lados) assume um valor enquanto mercadoria. 10 Segundo Kurz (1992) lógica capitalista da concorrência. Referindo-se a guerra por mercados consumidores. 11 Sobre a Cultura de Consumo e suas implicações, Featherstone apresenta três características fundamentais: “A primeira é a concepção de que a cultura de consumo tem como premissa a expansão da produção capitalista de mercadorias, que deu origem a uma vasta acumulação de cultura material na forma de bens e locais de compra e consumo. Isso resulta na proeminência cada vez maior do lazer e das atividades de consumo nas sociedades ocidentais contemporâneas, (...) Em segundo lugar há a concepção (...) de que a relação entre a satisfação proporcionada pelos bens e seu acesso socialmente estruturado (...). Neste caso, focaliza-se o fato de que as pessoas usam as mercadorias de forma a criar vínculos ou estabelecer distinções sociais. Em terceiro lugar, há a questão dos prazeres emocionais do consumo, os sonhos e desejos celebrados no imaginário cultural consumista e em locais específicos de consumo que produzem diversos tipos de excitação física e prazeres estéticos.” (FEATHERSTONE/1995, p.31). 12Evitamos aqui o termo classe média para evitar confundir a noção de classe com a de estratificação, os segmentos médios podem, portanto referenciar-se nas faixas de rendimento dos familiares, logo não se contrapondo ao conceito de classe. 13 MATRIX RELOADED é um dos filmes que fazem parte da trilogia Matrix. Ver: Matrix Reloaded lançado e exibido nos cinemas em 2003 pela Empresa de Cinema Warner Bros Entertainment e distribuído pela Warne Home Vídeo Brasil. 14A definição de estereótipos ressaltada por Ferrés apresenta-se de forma consistente. Visto que “Os estereótipos são representações sociais, institucionalizadas e reducionistas. São representações sociais porque pressupõe uma visão compartilhada que um coletivosocial possui sobre outro coletivo social. São reiteradas porque são criadas com base na repetição. À base de rigidez e de reiteração, os estereótipos acabam parecendo naturais; o seu objetivo é, na realidade, que não pareça formas da realidade. Finalmente, são reducionistas porque reduz uma realidade complexa em algo simples.” (FERRÉS/1998, p.135). 15Ver: Revista ISTO É. Reportagem especial sobre comportamento na Sociedade. Nº 1819 e publicada em 18/08/2004. p.61-65. 16Programa exibido de segunda a sexta feira pela Rede globo de Televisão, destinado a um público infanto-juvenil. 17Novela da Rede Globo, exibida no horário nobre de segunda a sexta-feira , cuja temática, entre outras coisas, aborda questões de moda, beleza e juventude. Sobretudo valorizando a imagem do mundo das passarelas. 18Ver: CAMA DE GATO de Alexandre Stockler lançado em 2004 pela Paris Filmes. 19 Nesta propaganda o anunciante buscava enfatiza o poder da imagem para justificar a necessidade de se consumir o refrigerante sprite.
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