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Prof. do Curso de Edificações – UBM - 2018-1 – Engenharia Civil IMPERMEABILIZAÇÃO 1 – INTRODUÇÃO 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS IMPERMEABILIZAÇÕES 3 – TIPOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO 4 – PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO 5 – DETALHES DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO 6 – MATERIAIS UTILIZADOS EM SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO GLOSSÁRIO NORMAS TÉCNICAS BIBLIOGRAFIA 1 – INTRODUÇÃO Impermeabilização é a proteção das construções contra a infiltração da água. Fundamentalmente, é da ação da umidade nos materiais e estruturas de construção, que advém a necessidade dos procedimentos técnicos de impermeabilização, ou seja, a elaboração dos projetos de especificação, orientação e execução de obras de impermeabilização. 1.1 – A ação da umidade sobre as edificações Não há dúvida de que a umidade é a responsável por muitas das patologias que aparecem nas edificações ao longo de sua utilização e que contribui de modo a afetar negativamente não só as estruturas de construção como a saúde dos usuários. O ideal, como recomenda o Prof. Verçoza, é prever e analisar todas as condições que favoreçam o aparecimento e o acúmulo de água nas edificações na fase de projeto, para a partir daí, adotar os procedimentos mais adequados segundo a tipologia com que ocorrerá a presença indesejada de umidade na construção ao longo de sua vida útil. É bom ter sempre em mente que as medidas adotadas posteriormente a execução da obra, e portanto sem previsão no projeto, irão acarretar custos adicionais, dificuldades operacionais e que muitas vezes impedem a adoção da medida mais adequada, obrigando à adoção de soluções paliativas e de pouca durabilidade. 2 1.1.1 – Presença característica da umidade: a) umidade do solo – lençol freático, vazamentos de tubulações subterrâneas e umidade natural do solo; b) umidade da atmosfera – chuva e outras intempéries e condensação; c) umidade vinda de outras obras vizinhas – desnível com o arruamento e outras obras, falta de drenagem superficial e proximidade com estruturas; d) umidade provinda da construção – vazamentos, infiltrações, falta de ventilação, falta e insolação, capilaridade dos materiais e falhas de projeto. chuva chuva condensação lençol freático superficial falta de ventilação e insolaçãocondensação vazamentos infiltrações percolações capilaridade vazamentos subterrâneos infiltrações 1.2 – As consequências da umidade sobre as edificações Além das graves consequências em termos da saúde das pessoas, a umidade não controlada pode ocasionar o aparecimento dos seguintes problemas (os mais significativos) que por sua vez irão acarretar outras patologias na edificação, muito severas, em alguns casos: 3 a) goteiras – é gotejamento direto de água advinda de chuvas, vazamentos ou infiltrações em marquizes, floreiras, terraços etc.; b) manchas – é a saturação de água nos materiais sujeitos a umidade tendo como conseqüência o aparecimento de manchas características e posterior deterioração; c) mofo – é o desenvolvimento de fungos que irão causar deterioração dos materiais (apodrecimento de madeiras e desagregação de revestimentos e alvenaria); d) oxidação – é a reação química que ocorre nos metais sujeitos a umidade. No aço, chama-se ferrugem e causa o aumento considerável de volume das barras desagregando o recobrimento, expondo as armaduras a mais ataques externos; e) eflorescência – é formação de sais solúveis, que se depositam nas superfícies dos materiais, carreados do seu interior pela umidade que os atravessa, formando manchas brancas ou em outras situações aumentando de volume, na forma de estalactites. Estes sais estão presentes nos tijolos, no cimento, na areia, no concreto, na argamassa etc.; 4 f) criptoflorescência – também são formações salinas de mesma causa e mecanismo que as eflorescências, mas que formam grandes cristais que se fixam no interior da própria parede ou estrutura, vindo aumentar muito de volume e causando a desagregação dos materiais; g) gelividade – é o fenômeno causado pelo congelamento da umidade existente nos poros dos materiais, na presença de temperaturas entre 0º a 6º C, aumentando de volume e desagregando continuadamente a face do material; h) condensação – em certas condições de temperatura e umidade pode ocorrer condensação, ou seja o agrupamento de moléculas de água no resfriamento das mesmas; i) deterioração – efeitos da ação constante da água (umidade) sobre os materiais e estruturas, reduzindo a duração dos mesmos. 1.3 – Tipos de infiltrações – o caminho da água nas edificações a) Pressão Hidrostática - que ocorre devido à pressão exercida por um determinado volume de água confinada e permeia através de fissuras, trincas e rachaduras das estruturas e dos materiais; b) Percolação – a água escoa por gravidade livre da ação de pressão hidrostática, situação muito comum em lâminas de água sobre terraços e coberturas; água ou umidade percolada água ou umidade acumulada sobre o parapeito pressão menor que 0,1 m c.d.a esquadria parede de alvenaria 5 c) Capilaridade - que ocorre através dos poros dos materiais, pela ação da chamada tensão superficial, onde a situação mais características é a presença de umidade do solo que se eleva no material, em geral 70 a 80 cm; d) Condensação - que ocorre pelo esfriamento de vapores ou de certo teor de umidade existente no ambiente. água acumulada por condensação em ambientes saturados de umidade (banheiros – cozinhas) ou por resfriamento (baixas temperaturas no ambiente – ar condicionado) passagem da água por capilaridade para a parte superior da laje 6 2 – CLASSIFICAÇÃO DAS IMPERMEABILIZAÇÕES A escolha do sistema de impermeabilização mais adequado é função da forma de atuação da água sobre o elemento da edificação e do comportamento físico dos elementos sujeitos a ação da água. Em geral, os sistemas de impermeabilizações adotam mais de uma solução, pois é comum ocorrerem mais de uma forma de atuação da água numa mesma situação. No quadro a seguir, são apresentadas as situações corriqueiras a serem tratadas, levando-se em conta a forma de ação da água e o comportamento dos elementos das edificações, exemplos mais comuns para cada situação e as indicações para se resolver o problema. Em qualquer situação, é bom ter em mente que a melhor solução é a aquela prevista corretamente na fase de projeto e que as alternativas para corrigir problemas pós- ocupação são sempre mais complicadas e com custo mais elevado. Situação Ação dos agentes Exemplos típicos Soluções Atuação da água Percolação lajes terraços coberturas marquises parapeitos argamassa impermeabilizada mantas asfálticas juntas Água sob pressão hidrostática caixas d’água cisternas reservatórios piscinas arg. imperm. concreto imperm. membranas Umidade do solo muros de arrimo paredes em subsolos arg. imperm. concreto imperm. pinturas asfálticas drenagem subt. Comportamento dos elementos da edificação sujeitos à fissuração e trincamento estruturas com fissuras e trincas devidas a dilatação/retração, recalques, fadiga e movimentações estruturais juntas membranas mantas reforços sujeitos a esforços externos fissuras e trincas provocadas por falhas no lançamento, adensamento e cura do concreto, tráfego de veículos, obras vizinhas etc. juntas membranas mantas 7 3 – TIPOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO Relativamente à forma como são executadas,existem três tipos principais de impermeabilizações: as rígidas, as plásticas ou elásticas e as laminares. 3.1 – Impermeabilizações rígidas As impermeabilizações rígidas são os concretos impermeáveis e os revestimentos com argamassas impermeabilizados pela inclusão de aditivos especiais. 3.1.1 – Concreto impermeabilizado Para tornar o concreto impermeável basta seguir o traço adequado e adotar cuidados especiais na sua produção e aplicação: a) elaboração de traço adequado - (dosagem racional) com consumo mínimo de cimento de 300 kg/m3 e fator água/cimento menor de 0,50 controlando a granulometria dos agregados; b) uso de cimento pozolânico CP IV ou de alto-forno, CP III também é recomendado; c) uso de cimento poliméricos (cimentos modificados com polímeros – látex) é uma novidade para a impermeabilização de elementos de concreto, principalmente para reparos em caixas d’água, reservatórios, paredes em subsolos, poços de elevador, pisos de cozinhas e banheiros etc.; d) uso de aditivos - incorporador de ar para diminuir a possibilidade de ascensão capilar em estruturas em contato com umidade; e) escolha correta dos aditivos - plastificantes e superplastificantes devem ser usados, se for o caso, para reduzir a relação água/cimento; f) lançamento – evitar a ocorrência de juntas frias e tratamento adequado às emendas; g) adensamento – evitar falhas no adensamento com armaduras bem espaçadas e fôrmas estanques; h) cura – executar cura úmida no mínimo por 14 dias; i) desforma – atendimento dos prazos mínimos para desforma e cuidados especiais na retirada das fôrmas e escoras; j) proteção superficial – pode-se proteger a superfície exposta do concreto impermeável com calda (cristalização com cimento), pintura betuminosa ou argamassa cimento e areia fina 1:1 alisada com espátula de aço. 3.1.2 – Argamassa impermeável A impermeabilização com argamassa de cimento e areia adicionada com hidrofugante é indicada para servir de substrato para outros tipos de impermeabilizações, para impermeabilizar paredes de alvenaria, elementos em contato com solos etc. A desvantagem do uso isolado desse tipo de impermeabilização consiste na facilidade com que ocorrem fissuras e trincas devidas a variação de temperatura ou quando não tiveram suas bases devidamente dimensionadas para suportar tensões (juntas). Para a execução de argamassa impermeável devem ser adotados os seguintes cuidados redobrados na obra: 8 a) cimento – usa-se o portland comum de boa procedência, novo e isento de grumos (empelotado); b) areia - deve ser de granulometria média, lavada de rio, totalmente isenta de impurezas e peneirada na obra com peneira de 2,4 a 4,2 mm para emboço e 1,2 mm para massa fina (areia fina); c) água - potável e relação de água/cimento baixa e que imprima a trabalhabilidade necessária (em geral, algo em torno de 0,5); d) aditivo - deve ser incorporado na mistura dependendo do tipo, devendo-se sempre seguir as recomendações do fabricante; e) aplicação – no caso de revestimentos, o ideal é fazer a superposição de três camadas de 1 cm com juntas desencontradas em intervalos de 18 horas entre elas (chapiscar se for necessário), sendo as duas primeiras com acabamento a feltro (desempenadeira de feltro) e a última com desempenadeira de aço; f) proteção superficial - o reforço pode ser obtido com calda (cristalização com cimento), pintura betuminosa ou argamassa cimento e areia fina 1:1 alisada com espátula de aço. 3.1.3 – Preparação das superfícies Para a execução de sistemas de impermeabilização é quase sempre necessário preparar e regularizar as superfícies que irão receber o tratamento especial. Os seguintes cuidados são necessários, levando-se em conta o tipo de impermeabilização que virá sobre a camada de preparação: a) limpeza – retirar e eliminar restos soltos, manchas, incrustações, lavando-se energicamente (o uso de solução de ácido muriático é possível, entretanto não é recomendável); b) tubulações - verificar se todos os embutidos (tubulações e caixas) já foram assentados e se estão no nível da regularização ou, preferencialmente, 1 cm abaixo; c) retoques – falhas e nichos devem ser corrigidas e partes não aderidas ou trincadas devem ser refeitas; d) regularização – aplicar uma argamassa de 2 cm de espessura no traço 1:3 de cimento e areia média, desempenada a feltro, com os cantos arredondados e de preferência seguindo uma declividade de 0,5 a 2%; e) coletores – as bolsas dos ralos devem ficar a 1 cm do nível da regularização e vedados com mastique elástico; f) secagem – é importante deixar secar bem o substrato antes de iniciar qualquer camada impermeável. 9 3.2 – Impermeabilizações elásticas São as impermeabilizações executadas com mantas (lençois) pré-fabricadas ou com elastômeros dissolvidos e aplicados no local, em forma de pintura ou melação em várias camadas e que ao se evaporar o solvente, deixam uma membrana elástica sobre a superfície. Mantas de borracha butílica, membranas de asfalto com armadura, mantas de polietileno (lona preta) e outras combinações de materiais, sempre sem intercalação de tecidos rígidos ou lâminas metálicas (cobre, alumínio, etc.). A principal vantagem dos sistemas de impermeabilização elástica reside no fato de absorver pequenas movimentações da base (substrato) sem que ocorram fissuras ou trincamentos ou perda de eficiência. 3.3 – Impermeabilizações laminares São executadas com asfalto ou elastômeros, armadas ou estruturadas pela intercalação de materiais rígidos, como: feltros asfálticos, tecidos de nylon, lã de vidro, tecidos de juta e lâminas de alumínio. São também denominadas pinturas armadas. As impermeabilizações laminares também são capazes de absorver pequenos movimentos da base sem sofrer danos ou perder a eficiência. 4 – PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO A estanqueidade e a eliminação da umidade são objetivos a serem alcançados na execução das obras de construção, que devem conceber especificação de tratamento para os pontos por onde a água penetra nas estruturas. Neste sentido, pode-se identificar, nas edificações, áreas clássicas que devem ser tratadas por algum processo de impermeabilização, ou sejam: a) telhados e coberturas planas; b) terraços e áreas descobertas; c) calhas de escoamento das águas pluviais; d) caixas d’água, piscinas e floreiras; 10 e) pisos molhados, como banheiros, áreas de serviços, lavanderias etc.; f) marquises; g) paredes externas sob efeito de intempéries (chuvas, neve, ventos etc.); h) junta de dilatação estrutural e lesões em estruturas; i) esquadrias, peitoris de janelas e soleiras de portas externas; j) muros de arrimos; k) água contida no terreno, que sobe por capilaridade, ou se infiltra em subsolos, abaixo do nível freático etc. Para que um sistema de impermeabilização tenha um desempenho adequado, deverá haver a observação de vários fatores relacionados entre si, pois a falha de um deles, pode prejudicar o desempenho e a durabilidade da impermeabilização. Os principais são: 4.1 - Projeto de impermeabilização Deve fazer parte integrante dos projetos complementares de uma construção, pois necessita ser estudada e compatibilizada com todos os elementos e detalhes, de forma a não sofrer ou ocasionar interferências no projeto. 4.2 - Qualidade dos materiais e sistemas de impermeabilização Existem 25 sistemas normalizados pela ABNT, no entanto existem mais de 100 produtos no mercado, com desempenhos variáveis, de diversas origens e métodos de aplicação, normalizados ou não, que deverão ter suas características analisadas para se especificar como solução, devendo-se sempre procurar conhecer todos os parâmetros técnicos e esforços mecânicos envolvidos para a escolha do sistema.4.3 - Qualidade da execução da impermeabilização Deve-se sempre recorrer a mão-de-obra especializada na aplicação dos materiais impermeabilizantes, pois melhor que seja o material ou sistema empregado, de nada adianta se o mesmo for mal aplicado. 4.4 - Qualidade da construção A impermeabilização deve sempre ser executada sobre um substrato adequado, de forma a não sofrer interferência que comprometa seu desempenho, tais como: regularização mal executada, fissuração do substrato, falhas de concretagem, sujeiras, resíduos de desmoldantes, ralos e tubulações mal chumbadas, detalhes construtivos que dificultam a impermeabilização etc. 4.5 - Preservação da impermeabilização Deve-se impedir que a impermeabilização aplicada seja danificada por terceiros, ainda que involuntários, por ocasião da colocação de pregos, luminárias, pára-raios, antenas coletivas, playground, pisos e revestimentos etc. Para tanto se deve antecipar a estas interferências na fase de projeto, ou caso não seja possível, compatibiliza-la evitando escolher soluções paliativas. 11 5 – DETALHES DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO São apresentados a seguir, detalhes e especificações de sistemas e procedimentos de impermeabilização em situações freqüentes nas edificações, como: 5.1 - Base de alvenarias de tijolos, junto ao baldrame em contato com solo úmido. Viga baldrame concreto armado solo Assentar e revestir as 3 primeiras fiadas com argamassa de assentamento 1:3 com impermeabilizante do tipo Vedacit ou Sika 1 Pintura com emulsão asfáltica Argamassa 1:3 com impermeabilizante do tipo Vedacit ou Sika 1 Canto arredondado 15 cm Impermeabilização de baldrames em solos normais a úmidos (solução 1) 7,5 Argamassa 1:3 com impermeabilizante do tipo Vedacit ou Sika 1 Pintura com emulsão asfáltica tipo Neutrol, Igol Embasamento Viga baldrame Canto arredondado Impermeabilização de baldrames em solos normais a úmidos (solução 2) 12 30 a 5 0 cm Argamassa 1:3 com impermeabilizante do tipo Vedacit ou Sika 1 Pintura com emulsão asfáltica tipo Neutrol, Igol Embasamento Viga baldrame Impermeabilização de baldrames em solos normais a úmidos (solução 3) Viga baldrame concreto armado solo Assentar e revestir as 3 primeiras fiadas com argamassa de assentamento 1:3 com impermeabilizante do tipo Vedacit ou Sika 1 15 cm Impermeabilização de baldrames em solos normais a úmidos (solução 4) Manta butílica (estanca baldrame) 1,2 mm de espessura 13 5.2 – Lastro de pisos de concreto O conforto e a salubridade de um ambiente, seja para moradia como para trabalho, depende entre outras coisas do absoluto controle da umidade que pode vir por capilaridade do subsolo. Para tanto é importante prever um sistema de impermeabilização eficiente dos pisos. Considerando que na maioria das vezes os pisos são assentados sobre uma argamassa de proteção primária. É conveniente executar uma junta de dilatação ao longo de todo o perímetro do ambiente junto ao rodapé (em áreas maiores que 4 m2) e envolta de quaisquer elementos emergentes do piso (pilares, tubos, dutos etc.). Impermeabilização de lastro de piso de concreto em solos normais a úmidos solo lastro concreto chapisco 1:2 (cimento e areia) impermeabilização rígida argamassa 1:3 cimento e areia + aditivo impermeabilizante (hidrófugo) 5.2 – Terraços e platibandas 5.3 – Muros de arrimo 5.4 – Juntas de dilatação; 5.5 – Arremates em dutos emergentes na cobertura; 5.6 – Lanternim e domo 5.7 – Lajes em arcos 5.8 – Rampas de acesso 5.9 – Reservatórios 5.10 – Proteção de alvenarias É muito comum ocorrer nas edificações infiltrações de umidade nas partes inferiores das paredes de alvenaria, com o aparecimento de manchas e bolhas na pintura. Esses defeitos aparecem logo após o término da construção devido, principalmente, a exigüidade dos prazos, pois raramente se espera a completa secagem das paredes antes de executar o revestimento e a pintura. Em geral a umidade decorre da falta de proteção das paredes durante a execução da obra, pela demora em terminar a cobertura, falta de calçadas ou de respingos de chuva caindo 14 lateralmente às paredes. Além das impermeabilizações de vigas baldrames e alicerces serem necessárias para dar a devida proteção também nas alvenarias e preciso proteger contra respingos, conforme sugere o mestre Ripper (1995) no esquema mostrado na figura a seguir: sócolo baixo não protege contra respingo errado bom sócolo inclinado para evitar a penetração da água 50 a 6 0 cm ótimo adaptado de Ripper (1995) inclinado formando pingadeira o sócolo deve ser de material impermeável e recuado 50 a 6 0 cm mínimo 1,5 cm 5.11 – Eliminação de umidade das paredes na pós-ocupação 5.11.1 – Opção 1 – Cristalização A eliminação definitiva da umidade nas paredes de alvenaria devida à falhas na impermeabilização dos alicerces ou das vigas baldrames pode ser obtida com a injeção de produtos cristalizantes em furos executados nas bases das paredes de modo a impedir a ascensão da umidade por capilaridade. É uma opção prática, fácil e definitiva para corrigir infiltrações de umidade na parte inferior de paredes de alvenaria ou estruturas de concreto ocorridas após a ocupação do imóvel, pois não implica na interdição do local. Consiste na aplicação de um produto cristalizante a base de cimentos especiais e aditivos minerais que atuam por penetração osmótica nos capilares da alvenaria, argamassas e concretos, formando um gel que se cristaliza no processo de cura. Deve ser aplicado em materiais encharcado (quanto mais umidade maior poder de penetração do produto). Pode-se aplicar diretamente sobre as superfícies ou por meio de furos feitos com brocas de aço para aumentar o poder de penetração. 5.11.2 – Opção 2 – Substituição da parte inferior da alvenaria Uma outra solução mais radical para esse tipo de problema freqüente é apontada por Ripper (1995) e consiste na substituição da impermeabilização, parcial ou completa, conforme a descrição a seguir: a) executar cortes na alvenaria de 15 cm de altura (uma ou duas fiadas) ao longo de toda a base da alvenaria em trechos de 1 m de comprimento e espaçados em 80 cm um do outro; 15 b) retirar o material da impermeabilização deficiente, limpar e regularizar a superfície (alicerce ou viga baldrame); c) aplicar duas camadas de feltro asfáltico, colados com asfalto oxidado a quente ou uma camada de butil ou similar em toda a extensão do rasgo; d) aplicar uma camada de proteção de argamassa de cimento e areia de 1:4 e reconstruir a alvenaria encunhada em 80 cm do trecho de 1m deixando 10 cm para cada lado para o transpasse; e) executar os rasgos nos trechos de 80 cm alternados e repetir os passos anteriores, inclusive sobre o transpasse; f) retirar o revestimento úmido até 60 cm de altura, tanto internamente como externamente; g) deixar secar a alvenaria, protegendo-a contra intempéries; h) executar o revestimento interno com argamassa comum (emboço) e externamente com argamassa aditivada de impermeabilizante; i) providenciar o acabamento e pintar após a carbonatação completa. impermeabilização existente danificada 1ª etapa – corte do rasgo na base da parede 80 100 10080 80 15 2ª etapa – impermeabilização e reconstrução do rasgo alvenaria de tijolos recozidos e argamassa 1:2 de cimento e areia impermeabilização com feltro duplo colado ou de butil ou similar proteção argamassa cimentoe areia 1:2 16 impermeabilização existente danificada 3ª etapa – corte do rasgo nos intervalos na base da parede 90 80 80100 90 15 4ª etapa – impermeabilização e fechamento do rasgos dos intervalos alvenaria de tijolos recozidos e argamassa 1:2 de cimento e areia impermeabilização com feltro duplo colado ou de butil ou similar proteção argamassa cimento e areia 1:2 sobreposição do sistema de impermeabilização e proteção 5ª etapa – demolição do revestimento e secagem 6ª etapa – recuperação do revestimento e secagem 60 cm argamassa normal de revestimento (cimento cal e areia) com aditivo impermabilizante na parte externa demolir o revestimento, proteger e deixar secar a alvenaria Adaptado de Ripper (1995) 6 – MATERIAIS UTILIZADOS EM SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO O mercado oferece diversos sistemas que têm aplicações bastante definidas. Sua escolha deverá ser determinada em função da dimensão da obra, forma de estrutura, interferências existentes na área, custo, vida útil etc. Basicamente, existem os seguintes sistemas: a) tamponamento: argamassas especiais aditivadas, com grande aderência e cura rápida; 17 b) vedação: uso de borracha de silicone monocomponente ou a base de poliuretano, para a colagem, vedação e selagem de materiais de construção como cerâmica, metal, vidro, plástico, madeira, concreto, gesso e outros; c) membranas flexíveis moldadas in loco: emulsões asfálticas; soluções asfálticas; emulsões acrílicas; asfaltos oxidados + estrutura; asfaltos modificados + estrutura + elastômeros em solução (neoprene e hypalon); d) membranas flexíveis pré-fabricadas: mantas asfálticas; mantas elastoméricas (butil/ EPDM); mantas poliméricas (PVC); e) membranas rígidas moldadas in Loco: cristalização; argamassa rígida aditivada. GLOSSÁRIO NA ÁREA DE EXECUÇÃO DE IMPERMEABILIZAÇÃO Sistema de impermeabilização – é o conjunto de materiais aplicados por meio de técnica diferenciada. Patologias – são os defeitos de projeto, deterioração dos materiais, deslocamentos e recalques, fissurações e trincamentos em revestimentos e estruturas etc., que aparecem nas edificações pelo uso incorreto, falta de manutenção, falhas do terreno, infiltrações e outras causas concomitantes. Substrato – é a base sobre a qual é colocado o sistema de impermeabilização. Secagem – retirada da umidade do substrato por ventilação ou calor. Capeamento – é a execução de camadas sucessivas de argamassa impermeável com juntas desencontradas. Imprimação – é uma pintura com emulsão asfáltica de viscosidade adequada com a finalidade de favorecer a aderência de outros materiais betuminosos no substrato. NORMAS TÉCNICAS PERTINENTES Título da norma Código Última atualização Potabilidade da água aplicável em sistema de impermeabilização NBR12170 MB3511 04/1992 Elastômeros em solução para impermeabilização NBR9396 EB638 06/1986 Asfaltos oxidados para impermeabilização NBR9910 EB1510 06/1987 Feltros asfálticos para impermeabilização NBR9228 EB636 01/1986 Mantas de polímeros para impermeabilização (PVC) NBR9690 EB1420 12/1986 Lonas de polietileno de baixa densidade para impermeabilização de canais de irrigação NBR9617 EB1654 10/1986 Materiais e sistemas de impermeabilização NBR9689 CB113 12/1986 18 Emulsões asfálticas com carga para impermeabilização NBR9687 EB1687 12/1986 Mantas de butil para impermeabilização (NOTA:2 ERRATAS INCORPORADAS) NBR9229 EB1498 01/1986 Emulsões asfálticas com fibras de amianto para impermeabilização NBR8521 EB1485 05/1984 Lonas de polietileno de baixa densidade para impermeabilização de reservatórios de água, de uso agrícola NBR9616 EB1653 10/1986 Manta asfáltica com armadura para impermeabilização - Requisitos e métodos de ensaio (NOTA:ERRATA INCORPORADA) NBR9952 EB1776 06/1998 Asfalto elastomérico para impermeabilização (NOTA:ERRATA INCORPORADA) NBR13121 03/1994 Solução asfáltica empregada como material de imprimação na impermeabilização NBR9686 EB1686 12/1986 Projeto de impermeabilização NBR9575 NB987 02/1998 Membrana asfáltica para impermeabilização, moldada no local, com estruturantes (NOTA:ERRATA INCORPORADA) NBR13724 09/1996 Execução de impermeabilização NBR9574 NB1308 09/1986 Emulsões asfálticas sem carga para impermeabilização NBR9685 EB1685 12/1986 Sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros (NOTA:ERRATA INCORPORADA) NBR11905 EB2205 04/1992 Véu de fibras de vidro para impermeabilização (NOTA:ERRATA INCORPORADA) NBR9227 EB632 01/1986 Membrana acrílica com armadura para impermeabilização NBR13321 03/1995 Aderência aplicável em sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros NBR12171 MB3512 04/1992 Mantas de etileno-propileno-dieno- monômero (EPDM) para impermeabilização NBR11797 EB2095 04/1992 19 Seleção da impermeabilização NBR12190 NB279 04/1992 Mantas asfálticas - Estanqueidade à água NBR9956 MB2690 08/1987 Materiais e sistemas utilizados em impermeabilização NBR8083 TB197 07/1983 NORMAS DO MINISTÉRIO DE TRABALHO NR – 11 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais NR – 18 Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção LINKS NA INTERNET Denver - http://www.denver.ind.br/ Otto Baumgart - http://www.vedacit.com.br/produtos/index.htm Publicações técnicas do IBRACON - http://www.sistrut.com.br/Assoc/tecn_IMP.html Revista Impermeabilizar - http://www.palanca.com.br/imper.htm Sika - http://www.sika.com.br/ Sistem Flex - http://www.sistemaflex.com.br/ Texsa - http://www.texsa.com.br/ Viapol - http://www.viapol.com.br/ BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR AZEREDO, Hélio Alves de. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Edgard Blücher, 1987. 1178p. AZEREDO, Hélio Alves de. O edifício e sua cobertura. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 182p. BAUER, L A Falcão. Materiais de construção. 5ª edição. Rio de Janeiro: RJ. LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1994. 935p. DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UEPG. Notas de aulas da disciplina de Construção Civil. Carlan Seiler Zulian; Elton Cunha Doná. Ponta Grossa: DENGE, 2000. DIRETÓRIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA CIVIL DA UFPR. Notas de aulas da disciplina de Construção Civil (segundo volume). Diversos autores. Revisor: Lázaro A. R. Parellada. Apostíla. Curitiba: DAEP, 1997. GUEDES, Milber Fernandes. Caderno de encargos. 3ª ed. atual. São Paulo: Pini, 1994. 662p. KLOSS, Cesar Luiz. Materiais para construção civil. 2ª ed. Curitiba: Centro Federal de Educação Tecnológica, 1996. 228p. PETRUCCI, Eládio G R. Materiais de construção. 4ª edição. Porto Alegre- RS: Editora Globo, 1979. 435p. RIPPER, Ernesto. 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