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Monografia Pós Graduação (1)

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA
INSTITUTO BRASILEIRO DE VETERINARIA - ibvet
 
COMPACTAÇÃO DE CÓLON MAIOR EM EQUINO- RELATO DE CASO
JOSÉ AILTON SILVA DOMINGOS
LAVRAS DA MANGABEIRA- CE
2018
FACULDADE DE JAGUARIÚNA
INSTITUTO BRASILEIRO DE VETERINARIA - ibvet
JOSÉ AILTON SILVA DOMINGOS
COMPACTAÇÃO DE CÓLON MAIOR EM EQUINO – relato de caso
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária do Instituto Superior de Teologia Aplicada-INTA, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Medicina Veterinária.
Professor Orientador: Prof. MSc. Paulo Henrique Cavalcante 
 
LAVRAS DA MANGABEIRA- CE
2018
COMPACTAÇÃO DE CÓLON MAIOR EM EQUINO – relato de caso
JOSÉ AILTON SILVA DOMINGOS
Monografia apresentada para conclusão do Curso de Especialização Lato Sensu em _______________________________ pela Faculdade Jaguariúna em convênio com o Instituto Brasileiro de Formação Profissional - IBVET, sob a orientação do Professor (a) __________________________________, Jaguariúna, 20____.
Declaro para os devidos fins ter orientado corrigido e aprovado esse trabalho.
	 ______, de _____________, 20____.
___________________________________
Orientador (a)
Nome: ____________________________________________
Telefone: __________________________________________
E-mail: ____________________________________________
Link lattes: _________________________________________
dedicatória
Primeiro quero dedicar essa monografia a Deus, por ter me iluminado por todo esse tempo, em momentos difíceis ter me dado força e coragem para seguir em frente. É essa força maior que me guiou e iluminou até o prezado momento e que tenho certeza que vai continuar fazendo o mesmo. 
Agradecimentos
AUTOR: ____________________________________________________, Título _________________________________________________________
Monografia apresentada para conclusão do Curso de Especialização Lato Sensu em ___________________________________ pela Faculdade de Jaguariúna em convênio com o Instituto Brasileiro de Veterinária – IBVET, TURMA _____, sob orientação do Prof.(a)_____________________________________________, Jaguariúna-SP, 2018.
RESUMO: A síndrome cólica é uma das principais enfermidades que acometem os equinos, sendo à compactação de cólon maior a principal causa de obstruções no intestino grosso que, na maioria das vezes, causadas por desidratação da ingesta e pode acometer animais de qualquer idade. O seguinte trabalho relata um caso ocorrido durante o estágio supervisionado obrigatório realizado no Hospital Veterinário de Grandes Animais da Faculdade INTA, Sobral-CE. Dentre os animais atendidos, destacou-se um equino de dois anos e seis meses de idade, da raça Quarto de Milha, diagnosticado com compactação de cólon maior. Após ser atendido e iniciado o tratamento clínico por outro veterinário, o paciente permanecia com sinais clínicos de dor abdominal, então foi encaminhada para o HOVET-GA. O diagnóstico foi realizado através de histórico, sinais clínicos e palpação retal. Após o diagnóstico, foi indicado a celiotomia exploratória, mas logo foi iniciado o tratamento clínico com intuito de manter o paciente estável até a realização do procedimento cirúrgico. Após abertura da cavidade abdominal foi constatada a presença de uma grande massa compactada na flexura pélvica e foi removido através de uma enterotomia na mesma. O paciente teve uma recuperação satisfatória e pode voltar as atividades normais.
PALAVRAS CHAVES: Cólica; Compactação de Cólon Maior; Equino.
ABSTRACT:Colic syndrome is one of the major diseases affecting horses, and colon compaction is the main cause of obstruction in the large intestine, which in most cases is caused by dehydration of the intestine and can affect animals of any age. The following paper reports a case that occurred during the mandatory supervised internship at the Veterinary Hospital of Large Animals of the INTA Faculty, at Sobral, Ceará. Among the animals served, a two-year-old equine, a Quarter Horse, was diagnosed with larger colon compaction. After being treated and started the clinical treatment by another veterinarian, the patient remained with signs of abdominal pain, then was referred to HOVET-GA. The diagnosis was made through history, clinical signs and rectal palpation. After the diagnosis, the exploratory celiotomy was indicated, but soon the clinical treatment was started in order to keep the patient stable until the surgical procedure was performed. After opening the abdominal cavity the presence of a large compacted mass was observed in the pelvic flexure and was removed through an enterotomy. The patient has had a satisfactory recovery and may return to normal activities.
KEY WORDS: Colic; Compression of Greater Colon; Equine
 
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01: Portão de entrada do Hospytal de cavalos	02
FIGURA 02: Piquetes e descarregadeiras	03
FIGURA 03: Galpão	03
FIGURA 04: Área de exame físico	04
FIGURA 05: Baias de internamento	04
FIGURA 06: Troncos de contenção	05
FIGURA 07: Área de traz, com baias e piquetes	05
FIGURA 08: Sala de esterilização	06
FIGURA 09: Sala de indução e recuperação anestésica	06
FIGURA 10: Centro cirúrgico	07
FIGURA 11: Sala de cirurgia de procedimentos em posição quadrupedal	07
FIGURA 12: Frente do HOVET-GA da Faculdade INTA	10
FIGURA 13 Estacionamento do HOVET-GA da Faculdade INTA	11
FIGURA 14: Baias de internamento para grandes animais	11
FIGURA 15: Piquetes	12
FIGURA 16: Descarregadeira	12
FIGURA 17: Baias de isolamento	13
FIGURA 18: Espaço para exame físico	13
FIGURA 19: Sala de indução e recuperação anestésica	14
FIGURA 20: Intestino Grosso	26
FIGURA 21: Líquido Normal	45
FIGURA 22: Torção de Intestino Delgado	45
FIGURA 23: Torção de Ceco	45
FIGURA 24: Peritonite	45
FIGURA 25: Peritonite Inespecífica	45
FIGURA 26: Animal no Tronco de Contenção antes da Cirurgia	62
FIGURA 27: Animal na Mesa de Cirurgia para Inicio do Procedimento	65
FIGURA 28: Expondo da Cavidade Abdominal a Flexura Pélvica com a Massa Compactada	66
FIGURA 29: Massa Compactada Removida	67
FIGURA 30: Animal no Tronco de Contenção no Pós Cirúrgico	68
LISTA TABELAS 
 
Tabela 01 - Número de procedimentos clínicos realizados durante o estágio no Hospytal de cavalo.08
Tabela 02 – Número de Procedimentos Cirúrgicos Realizados Durante o Estágio no Hospytal de cavalosTabela 03 – Número de animais atendidos durante o Estágio no HOVET 14
 
Tabela 04 – Número de Procedimentos cirúrgicos Realizados Durante o Estágio no Hospytal de Cavalos no período de 28/12/2016 a 20/01/2017 15
Tabela 05 – Número de Procedimentos clínicos Realizados Durante o Estágio no Hospytal de Cavalos no período de 28/12/2016 a 20/01/201715
Sumário
	LISTA DE ABREVIATURA.............................................................................................I
	LISTA DE IMAGENS.....................................................................................................II
LISTA DE TABELA E GRÁFICO..................................................................................III
	1. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO.......................01
	1.1 Descrição do Local de Estágio I..........................................................................01
	1.1.1 Hospytal de Cavalos......................................................................................01 
1.1.2 Descriçãodas Atividades do Estágio............................................................08
	1.2 Descrição do Local de Estágio II.........................................................................09
1.2.1 Hospital Veterinário de Grandes Animais das Faculdades INTA –HOVET..10
1.2.2 Descrição das Atividades do Estágio............................................................14
	2. CASO DE INTERESSE...........................................................................................17
	3. INTRODUÇÃO........................................................................................................18
	4. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................21
	 4.1 Anatomia do Sistema Digestivo..........................................................................21
	 4.2 Etiologia/Epidemiologia.......................................................................................26
	 4.3 Patogenia............................................................................................................27
	 4.4 Sinais Clínicos.....................................................................................................27
	 4.5 Diagnóstico..........................................................................................................29
	 4.6 Exames Complementares...................................................................................39
	 4.6.1 Parâmetros Laboratoriais..............................................................................39
	 4.6.2 Paracentese/Análise do Líquido Peritoneal...................................................43
	 4.6.3 Análise dos Gases Sanguíneos.....................................................................45
	4.7 Tratamento..........................................................................................................47
	 4.7.1 Tratamento Clínico........................................................................................48
	 4.7.2 Tratamento Cirúrgico.....................................................................................57
	 4.8 Prognóstico.........................................................................................................60
	 4.9 Profilaxia.............................................................................................................61
	5. RELATO DE CASO.................................................................................................62
	 5.1 Caso Clínico.......................................................................................................62
	 5.2 Anamnese..........................................................................................................63
	 5.3 Exame Físico....................................................................................................63
	 5.4 Tratamento Clínico.............................................................................................64
	 5.5 Tratamento Cirúrgico..........................................................................................64
	 5.6 Pós-Operatório...................................................................................................67
	6. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................69
	 7. CONCLUSÃO.........................................................................................................72
	 8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............................................................................73
1. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO
1.1 Descrição do Local de Estágio I
O estágio obrigatório foi realizado no período entre o dia 28 de Dezembro de 2016 a 20 de Janeiro de 2017. Sendo as atividades de estágio desenvolvidas tanto no Hospytal de Cavalo, Macaiba-RN, quanto nos seus atendimentos externo.
Seu espaço físico é composto por:
Escritório;
Espaço para exame físico;
Dez (10) baias individuais para grandes animais;
Duas (02) baias de isolamento;
Doze (12) piquetes;
Uma casa de ração;
Uma descarregadeira;
Uma sala de diagnóstico por imagem;
Um galpão;
Um auditório;
Uma sala de indução e recuperação anestésica;
Dois (02) Centros cirúrgicos;
Sala de paramentação;
Farmácia;
Dormitório;
Banheiros;
1.1.1 Hospytal de Cavalos
O estágio foi realizado no período de 28/12/2016 a 20/01/2017, totalizando 144 horas. O Hospytal de cavalo está situado no polo industrial de Macaíba-RN e seu horário de funcionamento é de segunda a domingo com atendimento 24 horas. O mesmo oferece atendimento clinico e cirúrgico, ultrassonografia, radiografia, serviços odontológicos para equinos e coleta de sangue para exames laboratoriais.
A equipe de profissionais é composta por 02 (dois) veterinários, dois auxiliares gerais. As atividades foram realizadas durante o período manhã e tarde, sob a orientação do Médico Veterinário Juscelino Batista O. dos Santos.
FIGURA 01: Portão de Entrada do Hospytal de Cavalos.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 02: Piquetes e Descarregadeira.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 03: Galpão.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 04: Área de Exames Físico.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 05: Baias de Internamento.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 06: Troncos de Contenção.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 07: Área de Traz, com Baias e Piquetes.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 08: Sala de Esterilização de Materiais Cirúrgicos.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 09: Sala de Indução e Recuperação Anestésica.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 10: Centro Cirúrgico.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 11: Sala de cirurgia de procedimento em posição quadrupedal.
FONTE: Arquivo Pessoal.
1.1.2 Descrição das Atividades do Estágio
Tabela 01: Números de Procedimento Clínicos Realizado Durante o Estágio no Hospytal de Cavalos
	CASOS CLÍNICOS
	EQUINOS
	Feridas
	06
	Cólica Sobrecarga Gástrica
	14
	Cólica Compactação
	03
	Suturas 
	05
	Ulcera de Córnea
	01
	Ruptura de Reto
	01
	Tendinite 
	02
	Obstrução Esofágica 
	01
	Laminite 
	03
	Eventração
	01
	Fratura de Olécrano
	01
	TOTAL
	38
Tabela 02: Números de Procedimento Cirúrgicos Realizado Durante o Estágio no Hospytal de Cavalos
	CASOS
CIRÚRGICOS
	EQUINOS
	CASTRAÇÃO
	02
	CELIOTOMIA EXPLORATÓRIA
	06
	EXTRAÇÃO DENTÁRIA
	01
	OSTEOSÍNTESE 
	02
	CRIPTORQUIDISMO
	01
	TOTAL
	12
1.2 Descrição do Local de Estágio II
O estágio obrigatório foi realizado no período entre o dia 23 de janeiro de 2017 a 10 de março de 2017. Sendo as atividades de estágio desenvolvidas tanto no Hospital Veterinário de Grandes Animais das Faculdades – INTA (HOVET), quanto nos seus atendimentos externo. 
Seu espaço físico é composto por:
Recepção;
Sala dos professores;
Espaço para exame físico;
Dez (10) baias individuais para grandes animais;
Quatro (04) baias para pequenos ruminantes;
Duas (02) baias de isolamento;
Quatro (04) piquetes;
Um (01) redondel;
Uma descarregadeira;
Sala dos estagiários;
Uma sala de Aula;
Uma sala de indução e recuperação anestésica;
Centro cirúrgico;
Sala de paramentação;
Farmácia;
Copa;
Dormitório;
Banheiros;
1.2.1 Hospital Veterinário de Grandes Animais das Faculdades INTA – HOVET
O estágio foi realizado no período de 23/01/2017 a 10/03/2017, totalizando 232 horas. O HOVET está situado na Travessa Roma, 635 – Bairro Dom Expedito – Sobral-Ce. Seu horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira das 8:00 ás 12:00 horas, das 14:00 ás 18:00 horas. O HOVET oferece atendimento clinico e cirúrgico, ultrassonografia, radiografia, serviços odontológicos para equinos e coleta de sangue para exameslaboratoriais. Também possui pronto atendimento em casos de emergências. 
A equipe de profissionais é composta por 02 (dois) veterinários, dois auxiliares gerais, um porteiro, um secretário. As atividades foram realizadas no HOVET durante o período manhã e tarde, sob a orientação do Médico Veterinário MSc Paulo Henrique Cavalcante.
FIGURA 12: Frente do Hospital Veterinário de Grandes Animais da Faculdade INTA.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 13: Estacionamento do Hospital Veterinário de Grandes Animais da Faculdade INTA.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 14: Baias de Internamento para Grandes Animais.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 15: Piquetes.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 16: Descarregadeira.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 17: Baias de Isolamento.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 18: Espaço para Exame Físico.
FONTE: Arquivo Pessoal.
FIGURA 19: Sala de Indução e Recuperação Anestésica, no Fundo o Centro Cirúrgico.
FONTE: Arquivo Pessoal.
1.2.2 Descrição das Atividades do Estágio 
Tabela 03: Números de Animais Atendidos Durante o Estágio no HOVET
	ESPÉCIE
	NÚMERO DE ANIMAIS
	Bovino
	12
	Ovinos
	01
	Equinos
	08
	Suínos
	01
	TOTAL
	22
Tabela 04: Números de Procedimento Cirúrgicos Realizado Durante o Estágio no HOVET
	CASOS CIRÚRGICOS
	BOVINOS
	EQUINOS
	SUÍNOS
	TOTAL
	CASTRAÇÃO
	-
	02
	-
	02
	CESARIANA
	01
	-
	01
	02
	Celiotomia Exploratória
	-
	01
	-
	01
	TOTAL
	01
	03
	01
	05
Tabela 05: Números de Procedimento Clínicos Realizado Durante o Estágio no HOVET
	CASOS CLÍNICOS
	BOVINOS
	EQUINOS
	OVINOS
	TOTAL
	Feridas
	-
	02
	-
	02
	Problemas Flexurais
	-
	01
	-
	01
	Drenagem de Abscesso 
	01
	-
	-
	01
	Suturas 
	01
	01
	-
	02
	Sangramento Retal
	-
	-
	01
	01
	Papilomatose 
	09
	-
	-
	09
	Sintomas Neurológicos 
	01
	-
	-
	01
	TOTAL
	
	
	
	17
2. CASO DE INTERESSE 
COMPACTAÇÃO DE CÓLON MAIOR EM EQUINO- RELATO DE CASO
3. INTRODUÇÃO 
O cavalo existia há 55 milhões de anos e foi encontrado, originariamente, no sul dos Estados Unidos, migrando para o norte, depois Europa, Ásia, passando por uma evolução da espécie, mudando algumas características. Alguns deles desapareceram por não conseguirem adaptação às mudanças geológicas, outros foram surgindo com características diferentes (SILVER, 2000).
Entretanto, no Brasil, a chegada de cavalos só foi registrada, oficialmente, em 1549, vindos de Cabo. Esses foram criados junto com a cultura bovina, com forte influência para a base econômica brasileira. A base da cultura era a açucareira com a produção de cana de açúcar e a criação de gado bovino acompanhada de tropas de cavalos, necessárias para os trabalhos com a boiada. Com o início do ciclo da mineração, o cavalo também foi para o interior do Brasil, expandindo a criação. O Sul transformou-se em grande fornecedor de cavalos para todas as regiões, junto com o gado, em feiras realizadas em Sorocaba e Minas Gerais, importantes para o desenvolvimento e economia do Brasil, no período colonial (ESALQ, 2006).
Esses animais tiveram importância econômica, desempenhando funções de sela, para o vaqueiro na pecuária; de carga, nos comboios e comitivas; e de tração, como "motor" de veículos de carga e moendas e sua importância cultural, englobou a vaidade e o exibicionismo, destacando as atividades de esporte e lazer (ESALQ, 2006). De acordo com Cintra (2010), a memória referente à importância do cavalo, na formação política, social e econômica do Brasil, permite compreender o atual perfil do agronegócio do cavalo. Apesar de ainda ter muitas áreas a serem exploradas, a equideocultura é parte integrante da economia nacional. 
A equinocultura no Brasil sempre foi vista como um negócio restrito às elites, porém, vem emergindo e se destacando em países como o Reino Unido, Irlanda e em países latino-americanos. Segundo dados de pesquisa feita pela Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz, publicados em 2006 na Revista Rural, o Brasil já ocupa o quarto lugar no ranking mundial e o primeiro na América do Sul (ALMEIDA, 2015).
Estudos anunciam uma inovação e outra concepção na indústria do cavalo, pela sua abrangência, gerando novos empregos, abordando desde a importância do cavalo na formação do Brasil até os principais segmentos do complexo do agronegócio cavalo no Brasil (ESALQ, 2006). Desta forma, é um negócio promissor, proporcionando para o país uma contribuição econômica, geração de renda e abertura de empregos (ALMEIDA, 2015).
O Ministério da Agricultura (2012), afirma que o Brasil possui o maior rebanho de equinos na América Latina e o terceiro do mundo. A maior população de equinos no Brasil encontra-se na região sudeste, seguida da região nordeste, centro-oeste, sul e norte. O Brasil tem cerca de 6 milhões de animais, atrás dos Estados Unidos que está em primeiro lugar com 9,5 milhões. Em segundo lugar está a China com 7,9 milhões, conforme dados estatísticos da FAO Estatística de Animais Vivos 2009 e IBGE Censo Agropecuário em 31/12/2009 (CNA, 2010).
Na equideocultura existem várias barreiras que trazem diminuição do lucro, umas dessas barreiras são as doenças que acometem os animais. Dentre as enfermidades se destacam problemas no sistema locomotor, sistema respiratório, sistema tegumentar, sistema neurológico e em vários outros sistemas, podendo ser destaque o sistema digestório (ALMEIDA, 2015). 
Estima-se, que a incidência de cólica nos Estados Unidos seja de 4,2 casos/ 100 cavalos, onde requer um custo de aproximado de 115,3 milhões de dólares. Na Grã-Bretanha foi percebido incidência de 7,2 casos/100 cavalos por ano e no Irã 8,6%. Os casos que requerem tratamento cirúrgico resultam em maior número de óbitos do que os casos tratados clinicamente (FILIPPO et al., 2010). Foi observado um risco de fatalidade de 13% em equinos com cólica não submetidos à cirurgia e de 31% para aqueles submetidos à cirurgia e fatalidade de 11% nos equinos dos plantéis dos EUA (LARANJEIRA et al., 2008).
Na medicina equina, os termos abdômen agudo ou síndrome cólica são utilizados para descrever um grupo de desordens manifestadas por sinais clínicos de dor abdominal. Os sinais são comumente decorrentes de disfunção no trato gastrointestinal (TGI), todavia, algumas enfermidades com origem em outros órgãos (não do TGI) podem causar os mesmos sinais de dor abdominal, como por exemplo, hepatite, peritonite, obstrução uretral, torção uterina e outros (FERREIRA, 2009). A síndrome do abdômen agudo é incumbida por 20% dos internamentos hospitalares em equinos, sendo visto a maior causa de óbito em equinos (MATTOS, 2000).
Desde o século passado, por volta de 1800, encontramos registros em livros, descrevendo as cólicas como um “mal específico” dos cavalos. Daquela época, onde já havia uma preocupação em tentar conhecer a razão desses distúrbios digestivos, até nossos dias, quando eles ainda causam óbitos e continuam obscuros em muitos aspectos, permanecem enfatizadas a complexidade e a importância do assunto (CALDEIRA, 2014).
As cólicas podem ser classificadas de diversas maneiras e classifica-las é de grande valia para um bom diagnóstico, tratamento e prognóstico. A classificação mais simples é classifica-la em cólica verdadeira (que tem origem no sistema gastrointestinal) e cólica falsa (que tem origem de outros sistemas) (ALVES, 2016). Dentre as doenças do intestino grosso, destacam-se as torções, os deslocamentos, as compactações e as obstruções por corpos estranhos ou enterólitos (CORREA et al., 2006).
O termo cólica por compactação é utilizado para descrever a obstrução luminal por massas desidratadas de ingesta que causam obstrução simples no lúmen intestinal que, geralmente, não causam necrose ou isquemia, sendo a principal causa de cólica nos equinos. As compactações de cólon maior, são frequentemente desenvolvidas nas áreas de redução do lúmenintestinal, onde as principais reduções são na flexura pélvica, transição do cólon dorsal direito para o cólon transverso ou no cólon menor (FERREIRA, 2009). 
O tratamento de compactação de cólon maior pode ser tanto clínico como cirúrgico. Tem como objetivo hidratar e lubrificar a massa para que possa diminuir e ser removida no sentido aboral pela motilidade gastrintestinal ou quando a resolução for cirúrgica, realizar uma enterotomia de cólon maior e retirar toda ou a maior parte da ingesta compactada no lúmen intestinal (FERREIRA, 2009). 
O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de compactação de cólon maior em um equino de 09 (nove) anos de idade da raça “Quarto de Milha”. 
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Anatomia do Sistema Digestivo 
Para entendê-los melhor as enfermidades são necessárias conhecer anatomia, funcionamento e, principalmente, não esquecer de suas particularidades. As inúmeras e até, exaustivas abordagens sobre esses temas podem induzir a uma equivocada noção de que os equinos sejam especialmente vulneráveis a essas complicações digestivas. Na verdade, são as mudanças impostas pelo convívio com o homem, na domesticação, que ao não respeitarem as características do organismo desses animais, são as responsáveis pelo aparecimento de tantos distúrbios (ALVES, 2016).
O aparelho digestivo, nas várias espécies animais, tem por função transformar os alimentos complexos como os volumosos (gramíneas e leguminosas) e os grãos em substâncias simples (carboidratos, ácidos graxos, proteínas, aminoácidos), que o organismo vai utilizar em seus processos biológicos, ou seja, seu funcionamento, e também armazenar como reservas (FEITOSA, 2004).
O trato gastrointestinal dos equinos apresenta características anatômicas e fisiológicas peculiares em relação às outras espécies domésticas, sendo classificado como herbívoros monogástricos, apresentando, entretanto, fenômeno de digestão no ceco e colón maior, semelhantes aos poligástricos (THOMASSIAN, 2005).
O sistema digestivo equino é foco de importantes disfunções clínicas que levam os animais à morte, por isso, o conhecimento anatômico e de meios e condutas semiológicas são de fundamental importância para um diagnóstico correto e indicação de um tratamento adequado e precoce, evitando assim, o óbito do paciente (FEITOSA, 2004).
O canal alimentar inicia-se pela boca. Está limitada lateralmente pelas bochechas, dorsalmente pelo palato, ventralmente pelo corpo da mandíbula e pelos músculos milo-hióideos e caudamente pelo palato mole. No cavalo, é uma longa cavidade cilíndrica que, quando se fecha, está quase preenchida pelas estruturas nela contidas, resta um pequeno espaço entre a raiz da língua, o palato mole e a epiglote, denominado de orofaringe. A boca é fechada pelos lábios superiores e inferiores. A cavidade oral está dividida em duas partes, pelos dentes e processor alveolares. O espaço existente externamente é denominado vestíbulo da boca (GETTY, 1986). Geralmente a coloração é rósea, porem pode aparecer pigmentação.
A boca tem como principais funções preensão, mastigação e salivação de alimentos. Pode também desempenhar um papel de agressão e defesa (FEITOSA, 2004). 
As glândulas salivares são de fundamental importância para a digestão de várias espécies, não sendo diferente para os equinos. Os equinos possuem três pares glândulas principais sendo elas a parótida, mandibular (submaxilar) e sublingual, além de várias outras glândulas menores e menos definida como a bucal, labial, lingual e palatina. A maior e clinicamente mais importante dessas glândulas é a parótida, tem sua localização caudal e medial ao ramo da mandíbula estendendo-se dorsalmente a base da orelha (FEITOSA, 2004). 
O palato mole é longo, medindo de 10 a 15cm, e constituído por uma túnica mucosa bucal contínua com a do palato duro, à qual se assemelha; glândulas palatinas que formam uma camada de cerca de 1 cm de espessura; camada aponeurótica e muscular; a túnica mucosa faríngea contínua com a da cavidade nasal, à qual se assemelha. Tecido linfático difuso e linfonodos também estão presentes na mucosa da superfície dorsal (FEITOSA, 2004).
A faringe é um saco músculo-membranáceo comum aos sistemas digestório e respiratório. Possui formato infundibuliforme, com a grande parte rostral unindo-se à boca e à cavidade nasal, enquanto sua pequena extremidade segue para o esôfago. Seu eixo longo possui um comprimento de 15a 20cm. A faringe está afixada por intermédio de seus músculos aos ossos palatino, pterigóide e hióide, às cartilagens cricóide e tireóide da laringe (FEITOSA, 2004). 
O esôfago é um tubo musculomembranoso de cerca de 125 a 150 mm de comprimento, que se estende da faringe até o estomago. Em seu percurso mostra diversas mudanças de direção (GETTY, 1986). As duas principais funções são transporte do bolo alimentar e prevenção do fluxo retrogrado do conteúdo gastrointestinal. O esôfago contém quatro camadas distintas: a mucosa, submucosa, muscular e adventícia. Apenas a porção abdominal do esôfago possui revestimento seroso. O esôfago não possui qualquer propriedade digestiva ou de absorção real. O esôfago é dividido em três porções: cervical, torácica e abdominal. O esôfago cervical origina-se cranialmente na faringe, situando-se dorsalmente à laringe, em que está aderido à cartilagem cricóide por fáscia e músculo. O órgão permanece dorsal à traquéia até o terço médio do pescoço onde passa para a esquerda. O esôfago torácico começa na entrada do tórax entre a traquéia e a primeira costela esquerda, onde continua seu curso à esquerda da traquéia. O esôfago retoma sua posição dorsal na bifurcação da traquéia e termina em sua passagem pelo hiato esofágico do diafragma, ligeiramente à esquerda do plano mediano. O esôfago abdominal, muito curto, une-se à cárdia do estômago em um ângulo agudo (FEITOSA, 2004). O esôfago é suprido pelas artérias carótidas, bronco-esfágica e gástrica e sua inervação sai dos nervos vago, glossofaríngeo e simpático (GETTY,1986).
O estômago é a grande dilatação do canal alimentar, caudal ao diafragma, entre o esôfago e o intestino delgado. É um saco em com formato em “J” fortemente encurvado, sendo o lado direito bem mais curto que o esquerdo (GETTY, 1986). É relativamente pequeno e situado na parte dorsal da cavidade abdominal em estreita relação com o baço, caudal ao diafragma e ao fígado, principalmente para a esquerda do plano mediano; relaciona-se com a parte terminal do cólon maior, do cólon menor e do pâncreas. As bordas entre as faces parietal e visceral do estômago são denominadas curvaturas. A curvatura menor é muito curta, estendendo-se da terminação do esôfago até a junção com o intestino delgado. A curvatura maior é muito extensa (FEITOSA, 2004). Na superfície interna do estômago, pode-se observar uma linha, o margo plicato, que separa a região proventricular da faixa estreita de glândulas cárdicas do estômago próximo à curvatura maior, e da região de glândulas pilóricas próxima da curvatura menor (GETTY, 1986).
O esfíncter cárdico está situado na curvatura menor do estômago e é fechado por enumeras pregas. O esfíncter pilórico pode ser identificado na porção distal do estômago do equino pela sua parede muscular espessa. O estômago é sustentado pelo omento que se divide em omento menor (liga a curvatura menor a primeira parte do duodeno com o fígado) e maior (liga a parede ventral da curvatura maior a primeira curva do duodeno com a parte terminal do cólon maior e parte inicial do cólon menor, também dando sustentação ao estômago está o ligamento gastroesplênico. É um órgão relativamente pequeno com sua capacidade variável de 8 a 15 litros (GETTY,1986). O processo da digestão gástrica consiste da digestão de proteínas pelo ácido clorídrico e a pepsina. No estômago dos equinos, ocorre certa digestão microbiana visto que grandes concentrações de ácido láctico estão presentes ao redor de 4 horas após a alimentação (FEITOSA, 2004). 
O intestino delgado mede cerca de 25 metros na carcaça,embora provavelmente seja bem menos no animal vivo (Dyce, 2010). 
O duodeno é relativamente curto e, como fica preso com firmeza, sua posição é mais ou menos constante. Origina-se ventral ao fígado, onde sua porção inicial (cranial) forma uma flexura sigmoide, cuja primeira curva é convexa em sentido dorsal e a segunda é convexa, ventralmente. A segunda porção segue caudalmente, ainda sob o fígado, até alcançar a margem lateral do rim direito, que continua ao pólo caudal, sem seguida encurva-se em direção medial atrás da raiz do mesentério. O duodeno descendente também se relaciona com o lobo direito do pâncreas e passa sobre a última porção do cólon dorsal direito e da base do ceco, ao qual se insere. Esta relação permite a formação de uma anastomose duodenocecal temporária no tratamento da gastroduodenojejunite, interrompendo o refluxo de líquido e a sobrecarga do estômago. A posição e a mobilidade restrita do duodeno tornam seu acesso difícil pelas exposições cirúrgicas usuais, felizmente, as indicações de cirurgias duodenais são bastante limitadas à condição mencionada (Dyce, 2010). 
Tanto o jejuno e o íleo situa-se dentro da margem livre do omento maior, que é sufucientemente extenso a ponto de as alças serem livres de posição. O íleo é curto, possui sua parede mais espessa e consistência firme (Dyce, 2010).
A motilidade do intestino delgado pode ser considerada responsável pelo encarceramento de uma porção dentro de diversas aberturas, como o forame epiplóico, anel inguinal (Dyce, 2010).
O intestino grosso estende-se da terminação do íleo até o ânus. Tem cerca de 7,5 a 8m de comprimento. Difere do intestino delgado pelo seu maior tamanho, e por ser saculado em sua maior parte e possuir faixas longitudinais e por ter uma posição mais fixa. É dividido em ceco, cólon e reto (GETTY, 1986).
O ceco tem comprimento médio de 1 metro, com capacidade média de 33 litros. O corpo do ceco possui quatro faixas longitudinais. A faixa lateral pode ser percorrida até o ponto em que se une à prega cecocólica; a faixa dorsal une a prega ileocecal e as faixas ventral e medial unem-se entre si nas proximidades do ápice do ceco. O mesocolo ascendente une o cólon à parede do corpo, no lado direito da raiz mesentérica (FEITOSA, 2004). 
O cólon ascendente (cólon maior) tem 3 a 4 metros de comprimento, tendo capacidade volumétrica de até 130 litros. O cólon maior está aderido à parede do corpo apenas nas porções mais proximais e distais do cólon (cólon dorsal e ventral direito). O cólon maior se origina desde o orifício cecocólico, como o cólon ventral direito (CVD), que está aderido à faixa lateral do ceco, pela prega cecocólica. O CVD desloca-se cranialmente até à flexura esternal (FE), continua caudalmente como cólon ventral esquerdo e gira 180° próximo à entrada da pelve, formando a flexura pélvica (FP). A FP pode variar em termos de localização exata, porém mais frequentemente está à esquerda da linha média. Após a FP, o cólon continua cranialmente como o cólon dorsal esquerdo, avançando cranialmente para formar a flexura diafragmática, dorsal à FE. O cólon, em seguida, gira 180°, evoluindo caudodorsalmente pela direita, como o cólon dorsal direito (CDD). Na região da raiz do mesentério, o CDD diminui abruptamente em seu diâmetro, gira medialmente, como o cólon transverso (CT), que passa da direita para a esquerda cranialmente à artéria mesentérica cranial. O CT continua como cólon descendente (cólon menor) pelo lado esquerdo do abdome, atingindo o comprimento de 2,5 a 4 metros. O cólon menor une-se ao reto. O reto começa na cavidade pélvica e termina no ânus. A porção cranial do reto é coberta por peritônio e a porção retroperitoneal distal forma uma dilatação chamada de ampola retal (FEITOSA, 2004).
FIGURA 20: Ilustração Intestino Grosso 
FONTE: FEITOSA, 2004
4.2 Etiologia/Epidemiologia 
A doença pode ocorrer em pacientes de qualquer idade, não há predisposição por raça (RADOSTITS, 2000).
Os animais que se encontram estabulados por 12 horas ou mais por dia, possuem um risco bem maior de ocasionar sinais de cólica. (GODOY, 2005). Segundo Thomassian (2005), entre as diferentes as obstruções intraluminais sem estrangulamento vascular no intestino grosso, consiste em um percentual de 40% das ocorrências de desconforto abdominal em equinos. A taxa de mortalidade é aproximadamente de 20% (RADOSTITS, 2000). 
Alves (2016), relata que os potenciais estressores da vida em confinamento e da influência das atividades esportivas de alto rendimento sem adequação de pré-condicionamento aumento a predisposição a desconforto abdominal.
As causas estão normalmente relacionadas à volumoso de baixa qualidade e muito fibroso, disponibilidade de água, problemas dentários, utilização de amitraz, alterações bruscas na dieta, parasitismo intestinal severo e estresse ou pode ocorrer em casos de deslocamentos não estrangulantes do próprio segmento (CORREIA, 2007). 
É relatado que equinos que vão ser submetidos a cirurgia e passam por processo de jejum, tendem a comer vorazmente na primeira refeição no pós-operatório e com isso tendem a causar compactações (GODOY, 2005).
4.3 Patogenia
A patogenia da compactação de cólon maior é constantemente remetida a anormalidade da motilidade, outros fatores podem ser atribuídos como a desidratação leve, consumo de volumoso de baixa digestibilidade. Essa compactação normalmente se acumula na flexura pélvica ou no cólon dorsal direito, provavelmente ocasionado pela redução de diâmetro do lúmen (RADOSTITS, 2000). 
O acúmulo de material fecal ocorre gradativamente até que a distensão cause dor (GODOY, 2005).
Nos casos que tem distensão abdominal que seja intenso ou prolongado, poderá ocorrer lesão de isquemia e necrose de cólon, podendo levar a ruptura, peritonite difusa superagudo e consequentemente morte do paciente (RADOSTITS, 2000).
4.4 Sinais Clínicos
As sintomatologias clássicas do desconforto abdominal nos casos de compactação de cólon maior são inespecíficas. A dor pode ser manifestada por dezenas de mímicas diferentes (ALVES, 2016).
TABELA: Mímicas e sinais de dor em equinos.
	1
	Inquietude/ quietude
	2
	“Desinteresse” / inapetência / depressão
	3
	Deitar mais que o normal/ Rolar no solo
	4
	Olhar para os flancos
	5
	Gemer
	6
	Posição repetida de micção
	7
	Fleming / Masturbação
	8
	Brincar com a água de bebida
	9
	Cavar o solo com os membros anteriores
	10
	Trocar repetida vezes o apoio dos posteriores
	11
	“Escoicear” o abdome
	12
	Alongar o corpo
	13
	Posição de cão sentado
	14
	Bruxismo / Salivação anormal
	15
	Decúbito dorsal (potros)
	16
	Sudorese 
	17
	Extremidades frias
	18
	Defecação diminuída ou ausente
	19
	Abdome distendido
	20
	Diarreia 
Fonte: Modificado de Alves, 2016.
A dor nos pacientes acometidos por compactação de cólon maior tende à ser de leve a moderada, podendo ser intermitente ou não. Nas crises subsequentes a sintomatologia pode ser de caráter mais severos, mas sempre com fases de calma intermitente. (THOMASSIAN, 2005). Ocasionalmente a dor pode ser severa, a não ser nas obstruções totais em que ocorra timpanismo secundário podendo causar lesão na parede da alça intestinal (CORREIA, 2007).
Diminuição da produção de fezes, fezes ressecadas, coberta por muco e diminuição da ingestão de alimentos são reconhecidos como sinais comuns das compactações (WHITE, 1998).
A mucosa ocular, frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e o tempo de preenchimento vascular (TPC), normalmente encontra-se nos limites normais. Eventualmente a desidratação não ultrapassa de 5% e também não há grandes perdas de eletrólitos. Alguns quadros podem apresentar início de acidose metabólica, onde é facilmente compassado pelo organismo (RADOSTITS, 2000). A frequência cardíaca pode variar entre 40 a 60 batimentos por minutos, estando relacionado à hipovolemia e grau de dor (FERREIRA, 2008; CORREIA, 2007).
Na auscultação intestinalpoderá apresentar com hipomotilidade (THOMASSIAN, 2005).
4.5 Diagnóstico
O histórico do paciente pode ser bastante útil para se chegar em um diagnóstico definitivo. Essas informações podem ser divididas em três partes: dados históricos gerais, dados históricos recentes, dados individuais relativos do desconforto abdominal atual (WHITE, 1990).
Tabela: Dados relativos à história passada.
	Dados históricos gerais:
	
	1
	Habitat
	2
	Alimentação 
	3
	Rotina diária 
	4
	Utilização 
	5
	Histórico médico 
	6
	Controle parasitário 
	Adaptado de White 1990.
Dados históricos recentes:
	
	1
	Duração da cólica 
	2
	Última refeição
	3
	Consumo de água e alimentos
	4
	Alterações recentes na alimentação, abeberamento, medicação, manejo, transporte, rotina de exercícios, ou nos cavalos co-habitantes.
	5
	Possibilidade de ingestão de corpos estranhos
	6
	Gestação
	7
	Vermifugação recente
	8
	Traumas ou lesões recentes
	Adaptado de White 1990.
Dados individuais relativo a cólica atual:
	
	1
	Grau de dor e quaisquer alterações na mesma
	2
	Última defecação
	3
	Sudorese 
	4
	Sinais de dor
	5
	Avaliar se ocorrem melhorias com o passeio à mão
	6
	Resposta ao tratamento
	7
	Histórico de cólicas anteriores ou cirurgia abdominal
 Adaptado de White 1990. 
 
Os dados históricos são de fundamental importância para que o médico veterinário possa chegar ao um diagnóstico definitivo ou até mesmo descartar algumas possibilidades de afecções (PEDROSA, 2008).
As perguntas que devem ser feitas ao dono ou tratador, devem ser as seguintes:
Quando foi a última defecação e qual as características das fezes?
O cavalo tem demonstrado apetite normal e quando foi a última vez que comeu?
Que quantidade de agua tem consumido ultimamente?
Qual a severidade da dor evidenciada e se tem sofrido quaisquer alterações?
O cavalo tem tido algum comportamento especifico como brincar com a agua ou adoptado quaisquer posturas anormais?
E possível que tenha ingerido algo não usual, como químicos, plantas toxicas ou tenha tido livre acesso ao concentrado?
O paciente foi medicado? Qual a medicação? 
Já tinha tido alguma cólica previamente?
O exame físico é onde vai ser tomado decisões com relação ao tratamento e prognóstico dos pacientes. No exame físico pode se incluir os seguintes passos: observação visual do paciente, avaliação dos sistemas carviovascular e respiratórios, aferição da temperatura retal, avaliação da motilidade gastrointestinal, sondagem nasogástrica, palpação retal (PEDROSA, 2008).
Na observação visual do paciente é importante avaliar comportamento, atitude, postura, grau e frequência de dor, distensão abdominal e etc. (MOORE, 2006). 
White (1990b), utiliza 5 categorias na classificação da dor:
1. Ausência de dor;
2. Dor suave – manifesta-se por um ou mais dos seguintes sinais: raspar e olhar o flanco ocasionalmente, adoção de posição para urinar, bruxismo, e decúbito prolongado;
3. Dor moderada – manifesta-se por um ou mais dos seguintes sinais: raspar o chão, agachar-se, fazendo repetidas tentativas para se deitar, pontapear o abdômen, decúbito com tentativas de rolar, olhar o flanco e assumir a posição de cão sentado;
4. Dor severa – manifesta-se por uma ou mais dos seguintes sinais: sudorese, atirar-se para o chão, rolar violentamente, movimentação continua ou raspar o chão continuamente, ou qualquer um dos outros sinais mencionados anteriormente e que neste caso são evidenciados de uma forma mais marcada;
5. Depressão – pode ser o primeiro sinal observado no cavalo antes ou depois do episódio de cólica. O cavalo deprimido tem uma atitude sossegada e relutante e evidencia falta de interesse em comer ou beber.
Devemos lembrar que existe um limiar de dor para cada paciente, onde normalmente respondem de forma diferente. Na avaliação do sistema cardiovascular tem como critérios importante a auscultação cardíaca com o valor da frequência cardíaca e as características do pulso. O pulso pode ser aferido nas artérias facial, facial transversa e digital palmar. Geralmente a frequência cardíaca tem uma relação muito estreita com a natureza e duração da cólica, é um bom indicador da severidade da doença (PEDROSA, 2008). 
A desidratação e o choque além de provocarem uma elevação do pulso, causam uma contrição nos vasos periféricos, com isso, pode desencadear doenças secundarias como laminite (WHITE, 1990). Ao aferir a frequência cardíaca deve-se levar em consideração a administração de medicamentes que podem diminuir a dor, mas também causam uma diminuição da frequência cardíaca por aumento da atividade parassimpática que pode leva a bradicardia sinusal e bloqueio sinoatrial e atrioventricular (PEDROSA, 2008). 
O pulso poderá ser fraco ou tênue nos pacientes que apresentam choque ou dilatação intestinal severa, devido a redução do retorno venoso ao coração com consequente diminuição da pressão sistólica, enquanto que a ausência de pulso e indicativa de severo comprometimento da função cardiovascular (WHITE, 1990b; COLAHAN, 1994; WHITE & RANDOLPH, 2003). Um pulso irregular é raro, mas pode ser indicativo de uma arritmia que frequentemente é uma consequência de um desequilíbrio eletrolítico, que também pode ser responsável pelo desenvolvimento de Íleo (WHITE, 1990b). O pulso das artérias digitais também deve ser avaliado (força/qualidade), devido ao fato de uma condição de laminite poder apresentar sinais muito semelhantes aos sinais de cólica e também porque os pacientes de doença abdominal aguda estão mais predispostos ao desenvolvimento de laminite, sendo esta, inclusive, uma complicação bastante frequente deste tipo de afecção. Além do pulso digital, deve-se aferida também a temperatura dos cascos e a posição em que o cavalo se encontra.
Na avaliação do sistema cardiovascular também se pode medir a pressão sanguínea, embora esta não seja uma prática corrente. A pressão sanguínea pode ser medida na artéria coccígea utilizando um doppler e um cuff de pressão aplicado na cauda. A pressão sistólica normal num cavalo adulto e de cerca de 100 a 125 mmHg. Um estudo efetuado, que relaciona os valores de pressão sanguínea sistólica com a taxa de sobrevivência, revelou que os cavalos com pressões sistólicas inferiores a 80 mmHg geralmente têm um prognóstico mais reservado (ROSE & HODGSON, 1993). Isto pode ser explicado pelo fato de hipotensão prolongada (pressão sistólica ≤70 mmHg) por várias horas, levar a uma lesão irreversível dos tecidos (PEDROSA, 2008).
Para avaliar ainda o sistema cardiovascular pode ser utilizado o tempo de preenchimento capilar (TPC) e coloração de mucosa. A mucosa oral, desde que não tenha pigmentação, é o melhor local para ver avaliado coloração e lubrificação. As mucosas realmente possuem coloração rosa pálido e a mucosa oral é bastante lubrificada, podendo variar com relação a hidratação e perfusão da periferia. O TPC é um bom indicador para avaliar perfusão o modo correto de realizá-lo é fazendo pressão digital na mucosa, se for oral o local mais correto é sobre a gengiva na zona acima dos incisivos, depois de fazer isso, solta-se e conta o tempo de preenchimento capilar que leva para ser preenchido por total, de um animal saudável a referência normal é de menos de 2 segundos.
Mucosas pálidas e secas com TPC superior a 2 segundos pode ser indicativa de comprometimento da função cardiovascular devido a hipovolemia ou dor que vai causar estimulação do sistema simpático. Mucosas congestionadas com TPC normal ou aumentado, geralmente está associado a condições séptica ou endotoxemia. No caso de pacientes com membranas ictéricas, pode ser sugestivo de muito tempo de jejum ou doença obstrutiva biliar. Mucosas cianóticas pode ser consequência de choque, onde TPC deve estar acima de 3 segundos, tendo indicação de um péssimo prognóstico e de um grande risco anestésico e cirúrgico. (WHITE, 1990a).
A frequência respiratória (FR) é muito variável,tendo como referência o número de 8 a 16 movimento abdominais por minuto (MPM). Normalmente a FR fica superior ao da referência. Não se tem uma referência da FR para cada afecção, mais considera-se que FR maior do que 30 é indicativo de dor moderada a severa. Os pacientes desenvolvem taquipneia ou dispneia quando existe pressão sobre o diafragma, devido a dilatação gástrica ou intestinal, seja ela por ingesta ou gás. A taquipneia pode ser acompanhada de algum grau de cianose devido a dilatação intestinal maciça ou se existir lesão pulmonar devido endotoxemia ou hipovolemia, caso apareça essa sintomatologia o prognóstico é muito ruim. Essa sintomatologia respiratória pode ser também devido a acidose compensatória (PEDROSA, 2008).
A temperatura retal é um parâmetro crítico, pois ajuda na determinação da categoria que pertence à cólica em causa. A aferição de temperatura deve ser realizada anterior ao exame de palpação retal, pois com a entrada do ar no momento da palpação pode diminuir a temperatura. No caso de doenças obstrutivas ou deslocamento sem comprometimento vascular pode haver uma pequena alteração na temperatura, devemos lembrar que a temperatura retal tem como valor de referência de 37 a 38,5 °C. A temperatura pode ser alterada devido ao ambiente, estresse, desisdratação, comprometendo o equilíbrio térmico, impossibilitando a perca de calor. Caso a temperatura esteja superior a 39 °C já pode levar ao clínico suspeitar de doenças infecciosas ou inflamatórias. No caso de pacientes que apresentarem temperaturas baixas é indicativo de colapso circulatório ou choque, pode ser acompanhado por pulso rápido e fraco e extremidades frias (WHITE, 1990). 
A avaliação na motilidade gastrintestinal pode ser avaliada por auscultação do abdômen com o auxílio de um estetoscópio. Os sons abdominais devem ser avaliados quanto à frequência, duração, intensidade e localização. Na rotina clínica é auscutado quatro quadrantes, sendo na fossa paralombar direito e nas superfícies ventrais do flanco direito e esquerdo, podendo ser audível um terceiro quadrante do lado esquerdo (TAYLOR, 1997). Os sons abdominais audíveis são na sua maioria gerados pelo colón maior e ceco. Existem dois componentes: sons mais fracos associados a contrações localizadas do intestino (movimentos de mistura da ingesta), e sons fluidos ou vulgos borborigmos associados ao peristaltismo progressivo (movimentos de propulsão da ingesta) (TAYLOR et al.,1997).
Normalmente os sons de mistura são ouvidos regularmente 2 a 4 vezes por minuto, enquanto que os sons de progressão da ingesta podem ser ouvidos apenas uma vez por 2 a 4 minutos, se o animal não tiver sido alimentado recentemente. Estes últimos podem ser diferenciados dos sons de mistura pelo seu caráter cíclico, intensidade e maior duração (geralmente prolongam se por 6 a 10 segundos) (WHITE, 1990b). Os sons auscultados na fossa paralombar direita refletem a atividade da válvula ileocecal (e possivelmente cecocolica) e consistem num período de silencio que é quebrado 1 ou 2 vezes por minuto por uma súbita descarga de fluidos (assemelhando-se a uma descarga de um autocolismo) a medida que as secreções passam de um compartimento para outro. Os sons audiveis do lado esquerdo correspondem aos sons provocados pela motilidade do colón esquerdo e intestino delgado (TAYLOR et al., 1997).
Estes sons são reduzidos ou podem mesmo cessar por completo após a administração de fármacos como atropina, xilazina, butorfanol e detomidina. A atropina pode ser responsável pelo desenvolvimento de cólica, pois causa Íleo, estase e distensão intestinal (WHITE, 1990b). Em quase todos os casos de dor abdominal, os sons propulsivos encontram-se diminuídos, e apenas em casos raros estarão aumentados, como no caso da cólica espasmódica, em que são auscultados sons contínuos de grande intensidade e em todos os locais. Um exemplo é o caso de uma obstrução simples num intestino saudável em que há hiperperistaltismo nos segmentos adjacentes a obstrução. Também pode ocorrer um aumento da frequência dos sons intestinais durante a resolução de um Íleo em casos de timpanismo ou cólicas simples. Frequentemente, nestes casos, o cavalo pode parecer deprimido ou mesmo cansado, mas permanece relaxado e confortável durante estes períodos de atividade intestinal aumentada (WHITE, 1990b).
É necessário realizar auscutações repetidas, monitoramento da motilidade, para detectar alterações rápidas ou intermitentes nos sons abdominais, avaliando progressão da cólica ou recuperação pós cirúrgica. O restabelecimento da frequência e intensidade normais dos sons intestinais é um indicador de um bom prognóstico, enquanto a ausência ou diminuição da motilidade é um indicador para um prognóstico de reservado para desfavorável (PEDROSA, 2008).
A motilidade intestinal pode estar diminuída quando existem condições inflamatórias ou de isquemia. Com efeito, a ausência de som, ou sons reduzidos e fracos em intensidade podem estar associados a peritonite ou a um processo de hipoperfusão intestinal. De forma semelhante, pode-se suspeitar de invaginação ileocecal quando há diminuição da intensidade e frequência das descargas ileocecais. A ausência de sons também pode estar relacionada com um período de privação alimentar como no caso de íleos pós-cirúrgico (TAYLOR et al., 1997). As compactações de areia do cólon maior podem ser detectadas auscultando o abdômen ventral, no qual se ouve nitidamente o som da areia, como se fosse o “barulho das ondas a bater na areia” (WHITE, 1990b).
A presença de gás é denotada por um som característico, tipo metálico, que se sobrepõe aos restantes. A localização da acumulação de gás num determinado segmento do intestino grosso pode ser determinada por auscultação conjugada com percussão. O som audível quando se percute a área afetada e um “ping” metálico produzido pela propagação do som num compartimento distendido por gás imediatamente adjacente a parede abdominal. Esta condição afeta, maioritariamente, o cólon maior e o ceco e é consistente com distensão gasosa secundaria a íleo, compactação do cólon maior ou menor, e deslocamento do cólon, incluindo torção (BLOOD et al., 2000).
A sondagem nasogastrica sempre é uma extensão do exame físico de pacientes atendidos com cólica. A sondagem não é apenas um método de diagnóstico, mas também de tratamento, pois possibilita a saída de fluidos/ingesta e descompressão gasosa, aliviando a dor da distensão gástrica e prevenindo rupturas gástricas. Após o exame completo pode ser recomendado o uso de fluidoterapia enteral ou até mesmo o uso de laxativos. Nesse procedimento é utilizado sondas de silicones para diminuir o máximo a possibilidade de lesões no seu trajeto e é de extrema importância a lubrificação dessa sonda. O clínico deve tomar cuidado para que essa sonda não faça falsa via e vá para traqueia, pois corre o risco de causar uma pneumonia no paciente (PEDROSA, 2008). 
Em cavalos com uma grande dilatação do estômago ou cólon (compactações gástricas), pode ser muito difícil ou mesmo impossível conseguir passar o tubo através do cárdia para o estomago. Nestes casos, pode-se administrar cerca de 60 ml de lidocaína ou mepivacaina através do tubo, levando ao relaxamento do cárdia e deste modo facilitando a passagem do tubo para o estomago (MOORE, 2006). Quando se obtém refluxo nasogástrico (normalmente considera-se significativo a partir de 2L) deve-se prestar especial atenção ao seu volume e características (BLOOD et al., 2000). O conteúdo estomacal normal e de tonalidade esverdeada, com um odor adocicado, constituído predominantemente por partículas alimentares e com um pH de 3 a 6. Se o refluxo obtido for proveniente do intestino delgado, o fluido será amarelo acastanhado devido as secreções biliares e pancreáticas, com um odor fétido devido a estase, e um pH de 6 a 8 devido ao efeito tampão que este exerce no estomago. Nos casos de obstrução pilórica ou duodenal proximal, o pH mante-se ácido embora haja acumulação de grandes volumes de fluido, sendopossível recolher 40 a 80 L em 24 horas (WHITE,1990).
A palpação retal é uma das técnicas de diagnóstico definitivo mais importantes na avaliação de doenças do sistema gastrointestinal. É um procedimento essencial na determinação do diagnóstico e na decisão do tratamento cirúrgico. Em muitos casos com a palpação realizada por um profissional com experiência, o diagnóstico precoce melhora significativamente o prognóstico e reduz as possíveis complicações pós cirúrgicas. O conhecimento anatômico nesse exame é muito importante. É considerado anormal qualquer dilatação, posicionamento incorreto, espessura, textura, ou massa, com localização intra ou extraluminal (WHITE, 1998). O diagnóstico especifico só é possível em cerca de 75% dos casos (KOPF, 1997). No entanto, um grande estudo de caso de cólica, determinou que, num exame de palpação retal, a simples distinção entre conteúdo abdominal normal ou anormal, era o fator mais importante a ter em consideração na tomada de decisão do tratamento cirúrgico (PEDROSA, 2008). O procedimento exige uma contenção adequada para o cavalo de modo a prevenir possíveis acidentes, envolvendo o próprio paciente ou o clínico.
 
Estruturas Normais:
 Este procedimento, que deve ser efetuado de forma sistemática e consistente, possibilita a palpação das estruturas localizadas no terço caudal do abdómen, usualmente dividido em 4 quadrantes para fins descritivos. O baço localiza-se no quadrante dorsal esquerdo, junto à parede abdominal, sendo facilmente identificado pelo seu bordo caudal e textura firme. Axialmente, a esse nível, encontram-se também o ligamento e o espaço nefroesplénicos, bem como o rim esquerdo, cuja palpação nem sempre é possível (WHITE, 1990b; MOORE, 2006). Prosseguindo o exame no sentido dos ponteiros do relógio, pode palpar-se a raiz mesentérica ao nível da linha média dorsal e a artéria aorta ventralmente à coluna vertebral. No quadrante dorsal direito, pode eventualmente sentir-se o duodeno durante uma contração peristáltica, uma vez que se encontra ligado dorsalmente à base do ceco (WHITE, 1990b). Para além desta última, é possível palpar as ténias ventral e medial do ceco, que apresentam uma disposição vertical do quadrante dorsal direito ao ventral direito. No quadrante ventral esquerdo, encontram-se os segmentos ventral e dorsal esquerdos do cólon maior, bem como a flexura pélvica que pode ser palpada sob o bordo da pélvis. O cólon menor caracteriza-se pela presença de bolas fecais formadas, no seu interior, e pode ser encontrado em várias localizações (frequentemente no quadrante ventral esquerdo) (WHITE, 1990b; MOORE, 2006). Regra geral, o intestino delgado não é palpável em cavalos normais. Finalmente, é possível ainda palpar o reto no interior do canal pélvico White (1990b), e os anéis inguinais ao nível do bordo da pélvis, lateralmente, nos garanhões (WHITE, 1990b; MOORE, 2006).
Achados Patológicos:
Quando obstruída, a flexura pélvica pode ser encontrada no quadrante ventral direito ou mesmo curvando-se a partir daí para o interior do canal pélvico (WHITE, 1990b). Por sua vez, o diagnóstico da obstrução do cólon dorsal direito ou transverso por enterólitos é feito através da sua palpação ao nível da linha média dorsal ou no quadrante dorsal direito, bem como da detecção de porções do cólon distendidas proximalmente à obstrução (WHITE, 1990b; KOPF, 1997). Pode ser encontrada também areia naquelas localizações, ou ainda ser detectada na mucosa do reto. No entanto, dada a possibilidade de passar despercebida, pode tentar detectar-se a sua presença através de sedimentação, após a adição de água a um pouco de fezes obtidas por palpação retal (WHITE, 1990b). Os deslocamentos do cólon geralmente originam uma obstrução incompleta detectável pela distensão de um segmento e acumulação de gás e fluido (DAVIS & JONES, 2004). 
Um dos exemplos é a encarceramento no espaço nefroesplênico (deslocamento dorsal esquerdo do cólon maior), em que o cólon e o mesocólon podem ser palpados preenchendo esse local, bem como as ténias do cólon que para aí convergem. Por outro lado, no deslocamento dorsal do cólon à direita, este é encontrado cranialmente ao canal pélvico, numa posição horizontal e ligeira a moderadamente distendido. O mesentério pode distinguir-se pelo seu tecido adiposo e linfonodos, e ser seguido até ao lado direito, lateralmente ao ceco. No que respeita à torção do cólon maior, verifica-se uma distensão (preenchida por gás ou fluido) superior à verificada nos deslocamentos simples, bem como um espessamento da parede do cólon e do mesentério e uma grande tensão ao nível das ténias. Em algumas situações, o cólon encontra-se numa posição horizontal cranialmente à entrada pélvica, podendo ainda estar de tal modo distendido que impossibilita a entrada no abdómen para um exame retal (WHITE, 1990b; KOPF, 1997).
As alterações do cólon menor poderão ser palpadas desde que sejam suficientemente distais para permitir o seu alcance (WHITE, 1990b). A palpação da sua ténia anti-mesentérica permite reconhecer este segmento intestinal. Um enterólito é identificado como uma massa dura localizada nos quadrantes ventrais, cranialmente ao canal pélvico, e que pode ser movida em todas as direções (WHITE, 1990b; KOPF, 1997).
Por sua vez, as obstruções por ingesta detectam-se pela palpação do que se assemelha a um tubo sólido de ingesta, sem bolas fecais formadas. Finalmente, nos casos em que não permite obter um diagnóstico, a palpação retal deve ser repetida, uma vez que podem ocorrer alterações com o passar do tempo. Isto é também particularmente útil na monitorização de obstruções e na avaliação da resposta ao tratamento (WHITE, 1990a).
4.6 Exames Complementares 
4.6.1 Parâmetros Laboratoriais
A análise laboratorial realizada depende das instalações disponíveis para o efeito. No entanto, a determinação do hematócrito (Ht), proteínas totais e eventualmente realização de leucograma, são essenciais na tomada de decisão do tratamento na doença abdominal aguda (COLAHAN, 1994). O Ht e a concentração plasmática de proteínas totais são indicadores do grau de desidratação e são parâmetros necessários na monitorização da eficácia do tratamento na reposição do volume sanguíneo (WHITE, 1990b; COLAHAN, 1994; BLOOD et al., 2000). A contagem total de glóbulos brancos e útil na detecção de situações não cirúrgicas (COLAHAN, 1994). 
Hemograma:
Apesar da importância da avaliação do hemograma nos casos de afecções GIs, geralmente as alterações hematológicas não são específicas, uma vez que refletem a resposta sistémica à inflamação, endotoxemia ou sepses (DAVIS & JONES, 2004). O hematócrito (Ht) é um parâmetro bastante útil na avaliação e monitorização da desidratação e hipovolemia. Regra geral, valores superiores a 45% indicam uma redução do volume de fluido extracelular (e perda de sódio), estando relacionados com um mau prognóstico quando superiores a 60% (TAYLOR, 2002b). A anemia está geralmente associada a processos inflamatórios crónicos, sendo não regenerativa nesses casos devido a supressão da medula óssea (ETHELL et al., 2000; TAYLOR, 2002b; DAVIS & JONES, 2004). A leucocitose pode acompanhar os processos inflamatórios do trato GI (como a DJP), caracterizando-se frequentemente por neutrofilia. Nos casos agudos, verifica-se um desvio à esquerda, e nos crónicos a presença concomitante de monocitose (TAYLOR, 2002b). Por outro lado, a leucopenia (geralmente devida a neutropenia) é característica de afecções agudas ou hiperagudas. Valores da ordem dos 3000 leucócitos/μL ou inferiores podem estar associados a situações de endotoxemia e sepses, bem como a isquemia intestinal, peritonite, salmonelose, ehrlichiose monocítica equina ou ruptura intestinal (WHITE, 1990b; TAYLOR, 2002b). De facto, a fase inicial da endotoxémia caracteriza-se por leucopénia (com neutropénia e desvio à esquerda), alterações tóxicas no citoplasma dos neutrófilos, linfopenia e hemoconcentração, enquanto nas fases mais tardias se verifica uma leucocitose neutrofilica (DAVIS & JONES,2004). Pode ainda ser observada a presença de monocitose nos casos de ehrlichiose monocítica equina (WHITE, 1990b).
Proteínas totais (PT):
A concentração plasmática de PT pode ser facilmente estimada através da medição de sólidos totais por um refractómetro. Na presença de desidratação, o seu valor pode rondar os 8 g/dl (PHILLIPS & DIXON, 2000). Além disso, está dependente das perdas GIs de albumina e globulinas, e do aumento da concentração destas últimas decorrente de estimulação antigénica (TAYLOR, 2002b; DAVIS & JONES, 2004). Este parâmetro, juntamente com o Ht, é bastante útil na avaliação da desidratação, aumentando os dois simultaneamente quando ocorre perda de fluido a partir do sangue e espaço extracelular (tabela 2). Por outro lado, a ocorrência de um aumento no Ht não acompanhado de um aumento das PT deve-se normalmente a contração esplénica, enquanto uma concentração de PT muito baixa relativamente ao grau de desidratação e ao Ht, frequentemente reflete a perda rápida de proteínas para o líquido peritoneal (WHITE, 1990b).
Bioquímica sanguínea:
Para além das afecções ao nível do fígado, os deslocamentos do cólon maior e a DJP podem também provocar um aumento nos níveis das enzimas hepáticas, nomeadamente da gama glutamiltransferase (GGT) (DAVIS & JONES, 2004). Além disso, o epitélio intestinal é rico em fosfatase alcalina (FA), pelo que a sua concentração aumenta na sequência de lesões celulares a esse nível. Embora não se trate de uma enzima específica (podendo estar também aumentada em lesões hepáticas obstrutivas, por exemplo), a identificação da isoenzima intestinal pode esclarecer a origem do aumento da concentração de FA (TAYLOR, 2002b). Os traumatismos auto-infligidos na sequência da dor provocam lesão muscular, eventualmente associada a um aumento na atividade das enzimas creatina cinase (CK), aspartato aminotransferase (AST) e lactato desidrogenase (LDH). Por último, devido à hipovolemia e endotoxemia, é possível encontrar ainda uma elevação nos níveis séricos de ureia e creatinina, traduzindo uma situação de azotémia prérenal (ETHELL et al., 2000).
Equilíbrios eletrolítico e acidobásico:
A principal utilidade da avaliação dos eletrólitos relaciona-se com o cálculo das suas perdas, de forma a orientar o tratamento (WHITE, 1990b). Apesar do aumento das concentrações de sódio, potássio e cloro estar associado a desidratação, geralmente verifica-se uma perda concomitante destes eletrólitos para o trato GI (TAYLOR, 2002b). É também frequente encontrarem-se níveis baixos de cálcio, nomeadamente nos processos inflamatórios agudos e nas obstruções com estrangulamento, podendo estar ainda associados a determinadas situações de íleo adinâmico (WHITE, 1990b; DAVIS & JONES, 2004). Na obstrução gástrica ou intestinal alta, devido à retenção de HCl no estômago, verifica-se uma diminuição dos níveis de cloro e uma alcalose metabólica, para além da perda de água e sódio a partir do plasma (WHITE, 1990b; TAYLOR, 2002b). No caso de afecções intestinais mais distais, perde-se relativamente mais potássio e bicarbonato (TAYLOR, 2002b). 
Assim, as alterações nos níveis de sódio e potássio não são indicadoras de afecções específicas, sendo apenas significativas em casos que se acompanham de uma perda aguda destes eletrólitos, como acontece na colite aguda (WHITE, 1990b). A isquemia e consequente hipóxia podem ainda provocar um aumento dos níveis séricos de fosfato, devido à perda deste pelas células afetadas (DAVIS & JONES, 2004). Apesar de tudo isto, a interpretação de alterações nas concentrações eletrolíticas deve considerar o estado do equilíbrio ácidobásico (TAYLOR, 2002b).
Embora a medição da concentração de bicarbonato forneça uma estimativa aceitável do equilíbrio ácidobásico, a concentração dos gases sanguíneos e o pH constituem a forma mais precisa de avaliar esse parâmetro (TAYLOR, 2002b). Comparativamente ao sangue venoso, a medição dos gases arteriais fornece uma melhor estimativa das trocas gasosas e da oxigenação. Apesar da sua utilidade na avaliação da gravidade do choque, a avaliação dos gases sanguíneos serve principalmente para orientar o tratamento. Tal como referido anteriormente, a retenção de HCl no estômago está associada à presença de alcalose (WHITE, 1990b). Por outro lado, nos casos de lesões intestinais obstrutivas e diarreia, verifica-se geralmente uma acidose metabólica como consequência do aumento da perda de bases e/ou, mais frequentemente, do aumento da produção de lactato resultante da redução da perfusão periférica (TAYLOR, 2002b). De fato, a isquemia e a hipóxia celular, resultam no aumento dos níveis de lactato, produzido através da glicólise anaeróbia. 
No entanto, durante a obstrução intestinal, pode também verificar-se a absorção deste a partir do lúmen. O diferencial aniónico (anion gap) é também uma medida indireta da produção de ácidos orgânicos durante a hipóxia, fornecendo uma estimativa razoável da concentração de lactato (DAVIS & JONES, 2004). Uma rápida deterioração do equilíbrio ácido-básico está associada a um prognóstico desfavorável (ETHELL et al., 2000).
4.6.2 Paracentese/Análise do Líquido Peritoneal
A análise do líquido peritoneal pode refletir o curso da doença, mas algumas vezes pode-se não conseguir coletar amostras para análise macro e microscópica desse fluido. O aumento da produção de líquido peritoneal e do número de leucócitos pode ser encontrado nos casos de infarto e necrose da parede intestinal, tornando-o mais turvo (CORREA et al., 2006).
A abdominocentese e um dos parâmetros mais uteis na classificação do tipo de doença presente e na determinação da severidade da lesão, e também e indicativa de condições raras, como a pancreatite, a ruptura de bexiga e o quiloabdomen (WHITE, 1990b; TAYLOR et al., 1997). Os tumores abdominais podem, ocasionalmente, ser revelados por abdominocentese se forem suficientemente esfoliativos, o que não acontece no linfossarcoma, o tipo de tumor mais comum nos equinos (TAYLOR et al., 1997).
A colheita de fluido deve ser efetuada em tubos de EDTA e tubos simples, respectivamente, para analise citológica e para bioquímica/microbiologia, sendo suficiente a colheita de 1 ml para cada tubo (TAYLOR et al., 1997).
O fluido peritoneal obtido deve ser avaliado quanto a sua aparência geral por exame visual, concentração proteica e analise microscópica. O usual e obter cerca de 5- 10 ml de fluido peritoneal em fluxo de gotejamento após 4-5 minutos. Um fluxo de fluido copioso sobre pressão não é comum, sendo sugestivo do aumento da sua produção por algum processo patológico. Pelo contrário, a ausência de fluido pode ser indicativa de desidratação podendo, no entanto, também ocorrer em cavalos não desidratados (TAYLOR et al., 1997).
O líquido peritoneal deve ser avaliado quanto à cor, turvação, proteína total, contagem leucocitária e diferencial e presença de bactéria, conforme determinado pela coloração de Gram (MURRAY, 2000).
Variações consideráveis nos valores normais do líquido peritoneal dos equinos, frequentemente são observadas em patologias gastroentéricas, como obstruções intraluminais, vólvulos, torções, deslocamentos, rupturas de alças, ruptura uterina, ruptura de bexiga; enterites, lesões hepáticas crônicas, peritonite, abscessos e neoplasias abdominais principalmente (THOMASSIAN, 2005).
A paracentese abdominal poderá ser repetida a cada 2 horas, se for necessário, para se monitorar a evolução do processo abdominal. A paracentese seriada pode ser realizada sem receio por não alterar significativamente as características físicas, químicas e citológicas do liquido peritoneal (THOMASSIAN, 2005).
 Na avaliação macroscópica, regra geral, assume-se que, quanto mais fácil e rápida for a saída de líquido peritoneal aquando da abdominocentese, maior será a quantidade de fluido presente no abdómen (ou maior será a pressão a que está sujeito) (Phillips & Dixon, 2000). O líquido peritoneal normal é amarelo claro e translúcido (Figura 21), tornando-se mais turvo quando aumentao seu conteúdo em proteínas, eritrócitos ou leucócitos (White, 1990b; Phillips & Dixon, 2000; Schaer & Orsini, 2008). 
 Quando normal, apresenta-se ainda sem odor e com uma densidade de 1,005 (Schaer & Orsini, 2008). Nos casos de isquémia, a passagem de eritrócitos para o líquido peritoneal confere-lhe uma tonalidade dourada a alaranjada, ou, nos casos mais graves, sero-sanguinolenta (Figura 22) (White, 1990b).
 A cor castanha avermelhada ou esverdeada, com ou sem partículas vegetais, está normalmente associada a ruptura gástrica ou intestinal (figura23). Por outro lado, a obtenção de um fluido opaco branco amarelado resulta geralmente da presença de um grande número de leucócitos, como acontece na peritonite séptica (figura 25).
 A existência de sangue no líquido abdominal é rara, representando geralmente contaminação devido à punção do baço ou laceração de um vaso intestinal (White, 1990b; Schaer & Orsini, 2008). 
 No entanto, se apresentar uma cor escura, pode tratar-se de sangue venoso decorrente da ruptura de uma veia mesentérica associada à encarceramento no forâmen epiplóico (White, 1990b).
 
	
Se a avaliação laboratorial do líquido peritoneal coletado é inestimável, muita informação útil pode ser obtida diretamente a partir da avaliação visual. A turbidez está relacionada com o aumento do número de células brancas que podem ser vistas se depositando na base do tubo e, se agitado, a elevada concentração de proteína faz com que o liquido espume (OLIVEIRA et al., 2010). 
Na compactação de cólon maior, o exame do líquido peritoneal não costuma demostrar resultados anormais, exceto um pequeno aumento no número de leucócitos e proteína (THOMASSIAN, 2005).
4.6.3 Análise dos Gases Sanguíneos
A análise dos gases sanguíneos é um bom parâmetro na avaliação da severidade do choque e pode também ser indicativa da presença de uma lesão do intestino delgado (WHITE, 1990b). Os gases venosos são adequados na determinação do balanço ácido-base, mas a medição dos gases arteriais providencia uma melhor estimativa das trocas gasosas e da oxigenação, sendo bons indicadores da performance pulmonar dos pacientes (WHITE, 1990b).
A maioria dos pacientes de cólica apresenta uma alcalose ligeira, particularmente no início do desenvolvimento da cólica, sendo esta situação resultante de hiperventilada (alcalose respiratória). Por outro lado, a alcalose persistente acompanha os processos obstrutivos do intestino delgado ou as obstruções funcionais devido a deslocamentos do colón maior, pois nestes casos há refluxo gástrico e concomitante perda de ioes hidrogênio e cloro, que ficam retidos no estomago (WHITE, 1990b; COLAHAN, 1994). Este parâmetro pode ser, ou não, indicativo de tratamento cirúrgico pois uma condição de alcalose persistente também pode ocorrer num processo de enterite, não sendo neste caso necessário a resolução cirúrgica (COLAHAN, 1994). A acidose metabólica desenvolve-se à medida que a lesão progride e se torna mais severa, devido ao colapso circulatório e choque. Em condições de insuficiente perfusão e com resultante metabolismo anaeróbio, há produção de ácido láctico, desenvolvendo-se deste modo uma acidemia.
Esta situação ocorre mais frequentemente nas lesões por estrangulação, nas quais existe libertação de endotoxinas e uma severa desidratação devido ao sequestro de fluido no intestino (WHITE, 1990b). A acidose, por si só, não é indicativa de tratamento cirúrgico, mas sim, da presença de uma lesão severa e prolongada (COLAHAN, 1994).
Ultrassonografia:
Cada vez mais clínicos utilizam a ecografia como meio complementar de diagnóstico em casos de cólica. Utilizando esta técnica é possível detectar lesões de encarceramento no ligamento nefro-esplênico do cólon maior, obstruções por estrangulamento do intestino delgado, peritonites, efusões peritoneais, invaginações ileocecais, ceco-cólicas, hérnia diafragmática, e neoplasia abdominal (FISCHER, 1997).
No entanto, este meio de diagnóstico exige um conhecimento pormenorizado da anatomia topográfica normal do abdômen e o aspecto ecográfico dos diferentes órgãos. Dependendo da área de interesse, e possível tanto a abordagem percutânea como a transretal. 
As compactações de ceco ou de cólon podem ser observadas ecograficamente através do flanco ou abdômen lateral, enquanto que as do cólon menor, só por ecografia transretal, surgindo como uma massa ecogênica intraluminal. No entanto, a identificação ecográfica deste tipo de lesão só é possível quando a porção de intestino afetada se encontra adjacente a parede abdominal ou se houver a interposição de fluido entre esta e a parede abdominal. A porção intestinal impactada apresenta-se como uma víscera redonda a oval, distendida, medindo 20-30 cm ou mais, sem aparente saculações, e com ausência ou diminuição do peristaltismo. A parede intestinal pode estar espessada, havendo uma grande sombra acústica proveniente da ingesta impactada e adjacente a mucosa. Nos cavalos de maiores dimensões, também é possível a identificação deste tipo de lesão por ecografia transretal (REEF, 2003).
Celiotomia Exploratória: 
A celiotomia ou laparotomia também é um importante meio de fechar diagnóstico. Apesar da maioria dos casos de compactação de cólon maior serem resolvidos apenas com tratamento clínico, alguns casos, onde as obstruções são grandes, é indicado fazer a cirurgia, assim, servindo tanto como uma ferramenta para o diagnóstico definitivo e tratamento.
4.7 Tratamento
Um grande número dos pacientes com compactação do cólon maior responde ao tratamento clínico consistindo em administração de laxantes, fluidoterapia oral e parenteral e analgésicos (FERREIRA, 2008). No entanto, alguns casos podem ser de caráter refratários a os tratamentos clínicos, os pacientes continuarão a terem sinais de dor abdominal e choque, sendo necessário intervenção cirúrgica (FERREIRA, 2009). 
4.7.1 Tratamento Clínico
O tratamento clínico tem como objetivo hidratar ou lubrificar o material suficientemente para permitir que o intestino faça com que a massa diminua de tamanho e então possa ser removida pela motilidade gastrintestinal normal (WHITE, 1997). 
Restrição alimentar, controle da dor, amolecimento e hidratação da ingesta colônica, manutenção da hidratação e redução dos espasmos da musculatura intestinal da região afetada é o que se busca em um tratamento clínico com eficiência (FERREIRA, 2009). 
Controle da dor:
O controle da dor é de fundamental importância para uma abordagem segura do paciente com sintomatologia de desconforto abdominal ou até mesmo para fazer o transporte desse paciente até ao centro especializado. Com relação à clínica, a dor constitui um valioso e indispensável subsídio para o diagnóstico, para a terapêutica e também para o prognóstico, apesar de que, isoladamente, ela não reflete com fidedignidade uma lesão ou a extensão desta, considerando que a característica e o grau variam segundo diversos fatores. Por isso, quando possível, a dor deve ser considerada num aspecto mais amplo que somente ser controlada ou abolida (ALVES, 1996).
Um aspecto relevante da dor é que, se por um lado ela é o fenômeno de advertência orgânica que denuncia uma injúria, devendo ser usada como subsídio para o diagnóstico, por outro, esta denúncia constitui um fator desencadeante de alterações orgânicas que, à medida que o tempo passa, se associam em múltiplos e complexos mecanismos fisiopatológicos, mas ciclicamente interligados (ALVES, 1996).
Considerando a dor como um fenômeno subjetivo, cabe ao veterinário inferir a existência de dor a partir dos sinais, da atitude e do comportamento - mímica - que o animal quase sempre apresenta. Esses parâmetros variam segundo o indivíduo, a natureza, a intensidade, a extensão e a evolução do distúrbio, sendo também influenciados pela ação de analgésicos, manejo e ambiente. Apesar da variação e da sensação dolorosa ser subjetiva, existe uma relação

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