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Neoconstitucionalização e Constitucionalização do Direito

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Neoconstitucionalização, resenha nas bases de conceitos do artigo “Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito” de Luís Roberto Barroso.[2: BARROSO, Luís Roberto. Artigo: Neoconstitucionalismo e constituicionalização do Direito (O Triunfo Tardio do Direito Constitucional no Brasil), 2005.]
- Ontem os códigos, hoje as constituições. Paulo Bonavides.[3: Paulo Bonavides é um destacado jurista brasileiro, lecionando por três décadas na Universidade Federal do Ceará, onde é professor emérito desde 1991.]
“Eu distingo as leis que formam a liberdade política em sua relação com a constituição, das leis que a formam em sua relação com o cidadão” (Montesquieu, 1748, p. 87) a frase afirmada pelo filósofo de grandíssimo reconhecimento sintetiza perfeitamente a forma pela qual a Constituição era tratada, conforme um mero instrumento político, quanto os códigos assumiam o papel de zeladores dos interesses dos particulares. Este cenário de prevalência do codicismo esteve presente nas relações jurídico-sociais até início do século XX, em que pós Segunda Guerra Mundial deu lugar ao neoconstitucionalismo ou ao alar das normas constitucionais, dando-lhes supremacia jurídica perante os códigos.[4: Tradução de L’espirit dês lois de Montesquieu. RODRIGUES, Luiz Fernando de Abreu. O Espírito das leis. Curitiba : Jaruá, 2000.]
Os códigos utilizados até o fim do século XIX eram dotados de maior importância dentro do mundo jurídico por ser o instrumento jurídico de mais contato com as relações pessoais. Civil, criminal, penal, comercial, etc. em suas diversas faces a codificação normativa era o único meio que impunha aos cidadãos a conduta a ser seguida, o preço a ser pago e a sanção a ser cumprida nos litígios, negócios e atos produzidos no dia a dia. Devido a sua base de ideais iluministas em um Estado Liberal os códigos tinham como primazia a proteção dos bens físicos (propriedade) do homem, sem maiores preocupações com os valores morais não financeiros do ser humano.
No fim do caos causado por duas guerras mundiais que modificaram em todos os sentidos o mundo deu-se iniciação a vários processos de recuperação do sistema organizacional dos países. Dentre os processos de recuperação vemos uma mudança de paradigma de extrema importância no mundo jurídico: a reconstitucionalização do Direito com o intuito de elevar a Constituição de cada Estado a um patamar de magnitude em frente às demais normas.
A reconstitucionalização no âmbito político sucedeu da aproximação da democracia com as ideias do constitucionalismo originado da reconstrução dos direitos humanos com ênfase no princípio de égide da dignidade da pessoa humana. Em acrescento a este princípio retornou tantos outros valores éticos com o propósito de irradiarem-se no Direito como um todo. Na análise filosófica o pós-positivismo mostrou uma reflexão da função social e da interpretação do ius que visava ir além da legalidade estrita a fim de alcançar uma exegese moral, logicamente, sem desprezo ao direito posto. Enfim, solidifica-se a força normativa da Constituição que acarreta uma nova interpretação do ordenamento jurídico conforme a Carta Magna e uma expansão da jurisdição.
No Brasil o movimento de reconstitucionalização só foi concretizado com a promulgação da Constituição de 1988 após vinte e um anos de ditadura militar, mas na Europa esta ação constitucional já estava em andamento desde 1949 com a Constituição alemã. Rapidamente as Constituições foram ganhando maior respeito perante os três Estados (Executivo, Legislativo e Judiciário) e principalmente, com os cidadãos.
 As Constituições são compostas de normas que visam, sobretudo, os direitos sociais, o controle normativo sobre o Estado legislador que faz com que todas as normas devam ser produzidas de acordo com os princípios postos na Carta Magna vigente, a aplicação imediata dos dispositivos constitucionais, a referência concreta de interpretação dos casos ao Estado juiz e o controle de ações do Estado Executivo. Por essas razões, a supremacia constitucional tende a ser justificada conforme Oswaldo Luiz Palu (1999, p.13) expõe: “a supremacia da Constituição pode ser vista, tendencialmente: a) em relação ao seu conteúdo (supremacia material); b) em relação à organicidade, aos procedimentos e competências pelos quais seus preceitos se inter-relacionam com os demais, indicando relações de hierarquia (supremacia formal).”.[5: PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade: conceitos, sistemas e efeitos. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 1999.]
Em acrescento aos acontecimentos histórico-jurídicos de reconstitucionalização passamos a conhecer e aplicar novas ferramentas auxiliares de análise para os casos concretos, dentre elas estão as “cláusulas gerais” que revelam a face aberta do sistema jurídico na tentativa incessante de adequar o direito aos acontecimentos da vida. As cláusulas gerais são reconhecidas pelas locuções abstratas de “ordem pública”, “boa-fé” e “interesse social”, fazendo o intérprete se empenhar a procurar o sentido e o alcance de cada dispositivo com a finitude de manter a dignidade humana dos agentes dentro de um litígio, garantindo, assim, a equidade no Direito. Outro instrumento muito usado é a “ponderação” aplicada pelo o intérprete frente a colisões de normas constitucionais. Os princípios constitucionais e a argumentação de acordo com esses também têm sua função de auxiliar na aplicação interpretativa do Direito.
O último e talvez mais relevante aspecto da supremacia Constitucional é a sua extensão aos outros elementos da ciência jurídica, como por exemplo, a constitucionalização dos códigos. Este procedimento de entendimento dos artigos codificados à luz da constituição fita a irradiação axiológica da Carta Magna na infraconstituição para salvaguardar a democracia de direito com valores sociais que tanto a sociedade lutou para conquistar.
Em harmonia com exposto, vale ressaltar a importância transcendente aos limites jurídicos que a neoconstitucionazação expressou para o mundo; tanto os particulares quanto os membros do legislativo, judiciário e executivo adquiriram uma nova postura ante aos fatos e atos jurídico-sociais, assumindo, desta forma, a Constituição como centro do sistema jurídico e passando também a ratificar as normas e princípios fundamentais como regedores de tudo e todos. A Carta Magna passou de mero documento político para o supremo instrumento de proteção do social. 
Brenda de Quadros Pereira
Acadêmica do segundo semestre do curso de Direito – IPA
2014
Referências Bibliográficas:
BARROSO, Luís Roberto. Artigo: Neoconstitucionalismo e constituicionalização do Direito (O Triunfo Tardio do Direito Constitucional no Brasil), 2005.
BRUTTI, Tiago Anderson. Direito, cidadania & políticas públicas / organizadores MarliM. M. da Costa, Ricardo Hermany e Rodrigo Magnos Soder. Porto Alegre : Imprensa Livre, 2011.
PALU, Oswaldo Luiz. Controle de Constitucionalidade: conceitos, sistemas e efeitos. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 1999.
PEREIRA DE ANDRADE, Vera Regina. Dogmática Jurídica: esforço de sua configuração e identidade. Porto Alegre : Livraria do Advogado, 1996.
RODRIGUES, Luiz Fernando de Abreu. O Espírito das leis. Curitiba : Jaruá, 2000.

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