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RESUMO DOS CAPÍTULOS I, II E III DA OBRA A LUTA PELO DIREITO, DE RUDOLF VON IHERING

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RESUMO DOS CAPÍTULOS I, II E III DA OBRA “A LUTA PELO DIREITO”, DE RUDOLF VON IHERING
A obra resenhada inicia-se em torno do seguinte pressuposto: o de que a lei e, por conseguinte, o direito, possuem como propósito final, e mais importante, a paz. Todavia, o autor evidencia que para alcançar tal circunstância, é necessária a disseminação de guerras e conflitos, considerados indispensáveis, demonstrando, assim, que tal perspectiva antagônica pode ser classificada como maniqueísta, uma vez que promove uma espécie de ponte entre o “bem” e o "mal''. Dessa forma, o autor discorre sobre tal percepção, ressaltando que a lei não é uma construção cultural apenas do Estado, mas de todos os seus componentes, ou seja, de todos os cidadãos, salientandoque deve haver um equilíbrio entre a teoria jurídica e a sua execução. Em outras palavras, ele afirma que deve ser promovido o uso da força para que os direitos legais dos indivíduos não se tornem inoperantes. Logo, toda a coletividade deve lutar pela legitimação e defesa de seus privilégios. Todavia, cronologicamente, esse encargo não se aplica a todos de maneira unânime, já que enquanto uns lutam e morrem para garantir os seus direitos, outros usufruem da ordem oriunda dos referidos nos séculos seguintes.
Dessa forma, ele começa por tecer críticas à jurisprudência positiva, afirmando que esta encontra-se mais sensibilizada com os fundamentos abstratos da normatividade do que com toda a força prática presente nas diretrizes legais. Assim, é salientado que existem dois tipos de direito, a citar: o direito objetivo, correspondente as regras jurídicas que compõem os ordenamentos das nações, e o direito subjetivo, que abrange a conversão de regras abstratas em concretas e legítimas. Outrossim, Ihering começa por discorrer acerca da manutenção da lei e da ordem pelo Estado, alegando que há um embate constante entre o direito e o espírito anárquico. Por consequência, àquele irá encontrar-se em contínua evolução e atualização, desenvolvendo linhas de aperfeiçoamento com o passar dos séculos. Tal concepção vai contra o próprio ponto de vista do autor, que acredita que os “[...] princípios da jurisprudência estão sujeitos à mesma lei na sua origem e no restante da história.” (IHERING, 2015, p. 47). Concomitantemente, o escritor evidencia, como teorias plenamente aceitas, as dos pensadores Savigny e Puchta, que afirmam que as diretrizes básicas da jurisprudência, ou seja, do direito natural, ao contrário das leis, não são oriundas de guerras ou outros tipos de embates físicos, mas sim mediante processos que ocorrem de forma inconsciente e indolor perante a sociedade, acarretando, aos poucos, na satisfação dos privilégios legais pertencentes a todos os indivíduos.
Em contraponto, ele destaca o papel da Legislação, que é, justamente, modificar as normas existentes com o intuito de se adequar às novas propensões do âmbito civil e criar, assim, novos direitos adquiridos. Entretanto, tal procedimento não é inerte, acabando por "lesionar'', muitas vezes, garantias pertencentes às classes subordinadas, vistos como obstáculos, dando início, assim, aos longos conflitos sangrentos mencionados nos primórdios da explanação, sendo necessária a ação do poder dos governantes de uma Nação. Por fim, arrematando-se a exposição do primeiro capítulo, o autor exprime que a lei sempre deve procurar uma direção específica e correta de operação, suplantando todos os empecilhos que tendem a surgir e impedir sua efetivação. Concomitantemente, o autor mostra aversão à romantização histórica do surgimento das leis, posto que o surgimento das regras jurídicas nunca foi efetuado de modo pacífico, além de tal sofrimento ser extremamente importante para a criação de um vínculo resistente entre a população e seus direitos.
Ao inaugurar o segundo capítulo da obra, Ihering irá enfatizar a luta pelos direitos concretos, oriunda das constantes transgressões e apropriações indevidas as quais o direito legal é submetido constantemente, em todos os seus âmbitos, nos mais variados momentos históricos. Dessa forma, ele destaca os diversos procedimentos adotados, no decorrer do tempo, como forma de proteção a essas diretrizes, demonstrando que, na contemporaneidade, a autodefesa dá-se, sobretudo, mediante o processo civil, já que este é considerado o julgamento ideal, de natureza menos violenta. Sem embargo, tal perspectiva se contrapõem, muitas vezes, quando o que se está em jogo é o direito privado de algum cidadão, não encontrando-se em litígio apenas o valor da coisa violada, mas também, primordialmente, as garantias legítimas, a honra e o autorrespeito de seu possuidor. Por consequência, este terá que escolher entre a manutenção da sua paz interna ou da lei, caso algo de seu domínio seja tomado de si ou desrespeitado, sendo tal decisão intrinsecamente individual. Diante disso, em contraponto, o autor finaliza a parte aludida expressando seu ponto de vista, alegando, assim, que tal escolha é contrária à essência da lei, uma vez que, para os regramentos existirem, é essencial uma relutância humana aos atos errôneos, propagando, desse modo, a ideia da autopreservação da sua dignidade e do seu caráter.
Posteriormente, o último capítulo inicia-se revelando que o homem não está mais preocupado somente com a sua vida física, mas também com a sua existência moral, sendo a lei a ferramenta que defende a condição ética de sua existência. Nesse sentido, a afirmação desses direitos legais é vista como um dever de autopreservação moral de cada indivíduo, pois a negação completa destes, hoje impossível, é a decretação do suicídio de sua respeitabilidade. Assim, existe a possibilidade de alguns direitos serem atacados arbitrariamente, tendo cada pessoa o dever de repelir o ataque inimigo aos seus direitos não somente com a utilização dos princípios abstratos da lei, mas, inclusive, com a afirmação destes direitos de forma enfática e concreta. Entretanto, o autor revela que nem toda injustiça é arbitrária, pois quando “[...] alguém que possui algo que é meu, mas que pensa que é dele, não vai contra a minha pessoa negando a ideia da propriedade, ao contrário, ele apela a essa ideia em interesse próprio.” (IHERING, 2015, p. 56). Nesse viés, a propriedade é negada tanto na teoria quanto na prática, ferindo, assim, uma condição essencial da existência da pessoa atacada, que tem o dever de defender sua propriedade, salvo em casos em que sua vida está em jogo.
Sob outra conjuntura, já numa questão do possuidor de boa-fé de algo que não é dele, isso não envolve o sentimento de direito legal, caráter ou personalidade, mas envolve uma questão de interesses particulares. Nisso, a conciliação acaba sendo a melhor forma de acabar com a controvérsia, sobretudo, através de concessões de parte a parte. Contudo, frequentemente, ambos os lados negam negociações para um acordo com base na premissa de que o outro está conscientemente errado, influenciado por uma má-fé. Partindo disso, o autor afirma que a única esperança para a concretização de um pacto é fazer com que a suposição de má-fé seja eliminada de ambas as partes. Essa desconfiança no outro é estabelecida por diferenças causadas pela educação e profissão, sendo mais difícil de combater no caso do camponês. Nesse diapasão, o sentimento de propriedade do camponês gerado pela desconfiança é comparado ao ciúme, uma vez que o campestre segura seus interesses com unhas e dentes, ainda que seja preciso sacrificar toda a sua fortuna em um processo, destruindo o que se procura salvar.
Nisso, o escritor traz a Roma antiga como exemplo e expressa que na época havia uma desconfiança nos regramentos que acabou sendo superada pela importante distinção entre dois tipos de injustiça: o culpado e o inocente ou o subjetivo e o objetivo. Tal distinção expressa a forma como a lei enxerga o assunto e justifica as consequências que a violação das referidas traz, porém, não possui o poder para decidir a forma como cada um irá julgar o assunto. Assim sendo, o que vale para o povo não é o saber racional,mas sim o sentimento, responsável por estabelecer a razão pela qual se deve lutar por um determinado direito de forma dura, ou seja, o combate firme de uma injustiça está diretamente ligado à sensibilidade subjetiva do sujeito, à forma e ao objeto da injustiça. Logo, o exemplo da profissão do militar é posto na obra para demonstrar que, para ele, a honra é uma condição indispensável de sua ordem, sendo a coragem uma virtude indispensável para sua imagem pessoal. Como contraste disso, o camponês tem no seu pedaço de terra e no gado que ele cria a base da sua existência e o bem inerente à sua moral.
Pode-se depreender, com isso, que a irritabilidade do sentimento de direito varia de acordo com a profissão e com a classe, assim como esse sentimento revela a intensidade do ferimento causado. Dito isto, o autor pontua que essa reação tem ligações com uma causa social de determinada classe, além de ser encontrada nas instituições, pois afirma que “[...] a diferença surpreendente que está presente no direito criminal (Strafrecht – justiça penal), no que diz respeito a severidade e fraqueza das penas, explica-se, em grande parte, pelo princípio mencionado acima das condições de existência.” (IHERING, 2015, p. 58). Isso quer dizer que o Estado pune de forma mais severa crimes que ameaçam sua condição de existência, enquanto outros crimes são tratados de forma menos rigorosa.
Partindo disso, o escritor mostra que pode haver, por parte do indivíduo, a perda do significado de propriedade pelo consumismo e pela imoralidade do lucro, podendo esses hábitos atingirem círculos sociais que não desenvolveriam esses costumes e opiniões de forma espontânea. Com isso, essa “contaminação” acaba produzindo uma fraqueza de caráter no sujeito, sendo a consequência disso a fuga da batalha pelo direito legal. Nessa ótica, a covardia de uns em salvar a sua própria vida faz com que outros a sacrifiquem em prol da luta pelos direitos e, se porventura essa covardia fosse generalizada, todas as leis seriam destruídas. Por isso, o pilar fundamental para que o homem lute pelos seus direitos é, segundo a obra, a dor, pois esta produz uma espécie de “[...] patologia do sentimento de direito legal.” (IHERING, 2015, p. 60). Por fim, é explicitado que tal sentimento não é o mesmo para todos, mas varia de acordo com a classe social de indivíduos que experimenta a lei como condição moral de existência, enquanto a ação combativa parte de uma questão de caráter.
REFERÊNCIA
IHERING, Rudolf Von. A Origem da Lei; A Vida da Lei, uma Batalha; A Luta pelos seus Direitos, um Dever da Pessoa cujos Direitos Foram Violados para com Ela Mesma. In: IHERING, Rudolf Von. A Luta pelo Direito. Novo Século, 2015. cap. 1, 2, 3, p. 45-50; 51-54; 55-62.
Eu, Aline Nobre Moreira, autorizo a publicação deste trabalho por João Vitor Souza da Silva para fins de publicação e incremento de seus materiais no Passei Direto.

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