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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/237012326 LISZT, P. ; ELIAS, Nelson . Fratura de Colles: resultados a curto prazo do tratamento conservador.. Revista Brasileira de Orto.... Article in Revista Brasileira de Ortopedia · January 1993 CITATIONS 0 READS 105 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: science of variation group View project Latin American Development, Democracy, and Social Issues View project Nelson Elias Vila Velha Hospital 127 PUBLICATIONS 91 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Nelson Elias on 16 June 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. Fratura de Colles: resultados a curto prazo do tratamento conservador* LISZT PALMEIRA DE OLIVEIRA1, ALCINO AFFONSECA NETO2, NELSON ELIAS3 GUILHERME DOTTORI GASPAR1, DEJAIR XAVIER CORDEIRO4, TARCIZIO RODRIGUES FRANZOSI5 RESUMO No período compreendido entre junho e outubro de 1990, 19 pacientes com fratura de Colles foram sub- metidos a tratamento conservador. As fraturas foram reduzidas incruentamente e imobilizadas através de apa- relho gessado axilopalmar por um período de seis sema- nas. Houve maior incidência no sexo feminino (84%) e a faixa etária entre 60 e 79 anos foi a mais acometida (63%). Na evolução a curto prazo, obtivemos resultados funcionais bons ou excelentes em 15 pacientes (78%). SUMMARY Colles fracture: short term results of a conservative treat- ment From June to October 1990, 19 patients with Colles fractures were treated by conservative means. Fractures were reduced and immobilized in plaster cast above the elbow for a period of six weeks. Fractures were more frequent in females (84%) and in the age bracket between 60 to 79 years (63%). Good and excellent results were seen in fifteen (78%) patients in the short term evolution. INTRODUÇÃO Quando Colles(4) descreveu esta fratura em 1814, relatou que o membro lesado obteria recuperação com- pleta em todos os seus movimentos. Um dos pontos mais polêmicos em relação a esta lesão diz respeito à cor- * Trab. realiz. no Serv. de Ortop. do Hosp. Central do IASERJ, 1. Membro tit. da SBOT. 2. Membro tit. da SBOT; Preceptor da Resid. do IASERJ. 3. Livre-Docente em Ortopedia, FCM-UERJ. 4. Resid. do 3.º ano, Hosp. Univ. Pedro Ernesto, UERJ. 5. Resid. do 2.º ano, Hosp. Pol. Militar, RJ. Rev Bras Ortop – Vol. 28, N.º 5 – Maio, 1993 relação clinicorradiológica. Alguns autores (1,3,10,14) afir- mam que, mesmo na presença de considerável deformida- de, a grande maioria dos pacientes não apresenta déficit funcional significativo. Por outro lado, diversos auto- res (5,7,8,12,13) discordam dessa afirmativa. O tratamento conservador da fratura de Colles, des- viada e cominutiva, pode levar à perda precoce da re- dução (8,9), sendo tal fato mais comum em pacientes aci- ma dos 65 anos, devido à qualidade óssea(2,8). É nosso objetivo analisar os resultados anatômicos e funcionais, a curto prazo, do tratamento conservador da fratura de Colles. CASUÍSTICA No período compreendido entre junho e outubro de 1990, 25 pacientes foram admitidos no Serviço de Ortopedia do Hospital Central do IASERJ com diagnós- tico de fratura de Colles. Destes, seis foram excluídos do presente estudo (dois casos submetidos a redução aber- ta e fixação interna e quatro casos submetidos a redução incruenta e fixação percutânea com fio de Kirschner). Nos 19 casos restantes, o sexo feminino predominou (84%). A idade variou entre 42 e 81 anos, com média de 64 anos. O mecanismo de fratura foi queda sobre o punho em extensão em todos os casos. O lado dominante foi acometido em dez pacientes (52,6%). As fraturas foram classificadas segundo Frykman(5), sendo que em 14 ca- sos(72%) havia comprometimento articular. Em quatro pacientes, com idade entre 69 e 81 anos (média de 74,5 anos), foi constatado desvio grave, com angulação dorsal superior a 24° e encurtamento radial acima de 7mm. O tratamento consistiu de redução incruenta, segui- da de imobilização gessada axilopalmar, com o antebra- ço em posição neutra e o punho em flexão palmar de 10 a 20 graus e inclinação ulnal de 10 graus. 325 L.P. DE OLIVEIRA, A. AFFONSECA N°, N. ELIAS, G.D. GASPAR, D.X. CORDEIRO & T.R. FRANZOSI Fig. 1 — Radiografias dos punhos normal e fraturado mostrando a angulação e o encurtamento radial Fig. 2 — Radiografias dos punhos normal e fraturado mostrando a angulação dorsal QUADRO 1 Avaliação clínica subjetiva Dor Ausente Ocasional Ocasional Limitação Freqüente Ausente Leve Leve Grave Impotência funcional Ausente Ausente Leve Grave Restrição de atividades Ausente Ausente Leve Grave Excelente B o m Regular Mau ( 0 ) (2) (4) (6) Eram obtidas radiografias antes e imediatamente após a redução, além de radiografias do punho normal, nas quais se mediam as angulações dorsal e radial da su- perfície articular distal do rádio e o encurtamento radial (figuras 1 e 2). Após uma semana de redução, os pacien- tes eram novamente radiografados e as fraturas remani- 326 QUADRO 2 Avaliação clínica objetiva Extensão 45 graus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (5) Resultado final: Flexão 30 graus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (1) Excelente (0 a 2) Desvio ulnal 25 graus . . . . . . . . . . . . . . . . . (3) Bom (3 a 8) Desvio radial 15 graus . . . . . . . . . . . . . . . . (1) Regular (9 a 14) Supinação 50 graus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2) Mau (superior a 15) Pronação 50 graus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (2) Flexão dos dedos . . . . . . . . . . . . . . . . . (1 a 2) Perda de circundução . . . . . . . . . . . . . . . . . . (1) Força de preensão 60% . . . . . . . . . . . . . . (1) Lesão neurológica . . . . . . . . . . . . . . . . . (1 a 3) puladas, no caso de ter havido perda grosseira da re- dução. Na 4ª semana pós-redução, o aparelho gessado era recortado abaixo do cotovelo e era removido definitiva- Rev Bras Ortop — Vol 28, Nº5 — Maio, 1993 FRATURA DE COLLES: RESULTADOS A CURTO PRAZO DO TRATAMENTO CONSERVADOR QUADRO 3 Avaliação radiológica Angulação dorsal Neutra (0) 1 a 10° (1) 11 a 14° (2) Superior 15° (4) Encurtamento radial 0 a 2mm (0) 3 a 6mm (1) 7 a 11mm (2) Superior 12mm (4) Perda da angulação 0 a 4 ° (0) 5 a 9 ° (1) 10 a 14° (2) Superior 15° (4) radial Excelente (0) Regular (4 a 6) Bom (1 a 3) Mau (7 a 12) mente ao término de seis semanas pós-redução. Novos controles radiográficos eram feitos quando da retirada do aparelho gessado e na última revisão. ApóS a retira- da do gesso, os pacientes eram orientados a fazer exercí- cios específicos para recuperação funcional. A primeira avaliação funcional foi feita entre 30 e 35 dias após a retirada da imobilização e a segunda ava- liação funcional ocorreu entre 30 e 60 dias após a pri- meira avaliação. As avaliações clínica e radiológica fo- ram baseadas nos seguintes critérios: avaliação clínica(6): subjetiva (quadro 1) e objetiva (quadro 2); avaliação ra- diológica (15) (quadro 3). RESULTADOS Na primeira avaliação clínica, oito pacientes obtive- ram resultado funcional bom, dez foram classificados como regular e um como mau. Não se obteve resultado excelente. Na segunda avaliação funcional, oito pacien- tes obtiveram índice excelente, sete bom, três regular e um mau. Os principais fatores encontrados na avaliação fun- cional, relacionados à deterioração de resultados, foram: força de preensão inferior a 60% do normal, nove casos; dor na articulação radioulnal distal, cinco casos; limita- ção da pronossupinação, cinco casos; limitação da fle- xão dos dedos, três casos; distrofia simpaticorreflexa, um caso. Na avaliação radiológica final, quatro pacientes ob- tiveram índice excelente,oito foram classificados como bom, cinco como regular e dois como mau. Todos os pacientes com resultado radiológico exce- lente obtiveram índice funcional excelente quando da se- gunda avaliação clínica. De oito pacientes com resulta- do radiológico bom, quatro obtiveram índice funcional excelente, três foram classificados como bom e um co- mo regular. Rev Bras Ortop – Vol. 28, Nº 5 – Maio, 1993 De cinco pacientes com resultado radiológico regu- lar, três foram classificados funcionalmente como bom, um como regular e outro como mau. Um paciente com resultado radiológico mau obte- ve índice funcional excelente e o outro obteve índice fun- cional regular. DISCUSSÃO Diversas abordagens terapêuticas têm sido utiliza- das para o tratamento da fratura de Colles. Howard & co1.(8) consideram que o resultado funcional depende mais da redução anatômica do que do método utilizado. O tratamento conservador, consistindo de manipula- ção e gesso, costuma levar a perda gradual da redução dentro das duas primeiras semanas, sendo a remanipula- ção indicada no caso de perda grosseira, com algumas restrições no paciente idoso (11). Realizamos uma segun- da manipulação em apenas um paciente. Howard & co1.(8) obtiveram resultados anatômicos excelentes em dois de 25 casos de fratura de Colles trata- dos com manipulação e gesso, com três resultados fun- cionais excelentes aos três meses, 17 bons ou regulares e cinco maus, sendo que sua casuística era constituída por fraturas com cominuição e desvio graves. Na nossa avaliação, em quatro pacientes com desvio grave, os re- sultados anatômicos foram predominantemente regular e mau. Funcionalmente, todos estiveram entre regular (2) e bom (2) aos três meses. McQueen & Caspers(12), utilizando uma série de tes- tes funcionais, encontraram maior percentagem de nor- malidade nos pacientes com resultado anatômico melhor. No nosso estudo, houve concordância com esses acha- dos, sendo maior a incidência de déficit funcional quan- do não se obteve redução final adequada. Frykman (5) sugere que a principal fonte de dor após o tratamento é a articulação radioulnal distal. Constata- 327 L.P. DE OLIVEIRA, A. AFFONSECA Nº, N. ELIAS, G.D. GASPAR, D.X. CORDEIRO & T.R. FRANZOSI mos a persistência de quadro álgico na radioulnal distal em cinco casos, constituindo-se na principal fonte de dor. O tempo de seguimento é curto, mas os resultados demonstram tendência a melhora funcional progressiva nos primeiros meses após o tratamento. CONCLUSÕES 1) A redução incruenta, seguida de imobilização gessada, permite grande percentagem de bons resultados no tratamento da fratura de Colles. 2) Um bom resultado anatômico está relacionado a bons resultados funcionais. 3) Fraturas com desvio grave tendem a apresentar maior deterioração funcional após o tratamento conser- vador. 4) Os resultados funcionais tendem a melhorar pro- gressivamente no seguimento a curto prazo. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. Benjamin, A.: Injuries of the forearm, in Wilson, J.N.: Watson- Jones fractures and joint injuries, 6th ed., Edinburg, Churchill Livingstone, 1982. Vol. 2, p. 650-709. Bradway, J.K., Amadio, P.C. & Cooney, W.P.: Open reduction and internal fixation of displaced, comminuted intra-articular frac- tures of the distal end of the radius. J Bone Joint Surg [Am] 71: 839-847, 1989. Cassebaum, W.H.: Colles’ fractures: a study of end results. JAMA 143: 963-965, 1950. 328 4. Colles, A.: On the fracture of the carpal extremity of the radius. 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