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3º PEÇA DO NPJ AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE

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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____________
 URGENTE
SIMONE, nacionalidade ,menor impúbere ,nascida em..............representada por sua genitora, SIMARIA, nacionalidade…, estado civil…, operária, portadora da cédula de identidade RG nº…, inscrita no Cadastro de Pessoas físicas sob o nº…, residente e domiciliada na Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Maceió/AL, endereço eletrônico…, por seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo), com endereço profissional situado na Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, endereço eletrônico…, que indica para os fins do art. 77, inciso V do CPC, vem, respeitosamente, perante vossa excelência, com fulcro nos artigos 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988,  e em conformidade com o artigo 1º caput da Lei 12.016/2009 impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR 
Em face da Autoridade Coatora SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO , o qual é vinculado à pessoa jurídica de direto público com sede na Rua ........,nº .......,bairro......, Maceió-AL pelos motivos que passará a expor 
PRELIMINARMENTE- 
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO – ART. 4º. DA LEI Nº 8.069/1990
Inicialmente cumpre esclarecer que ação envolve matéria regulada pela Lei 8.068/1990 (Estatuto da Criança e Adolescente) razão pela qual tem direito à prioridade da tramitação da presente demanda , nos termos do Art. 1048,inciso II , do CPC.
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A Impetrante assalariada, não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência (Doc. X), cópia da Carteira de Trabalho do requerente (Doc. X) e certidão de nascimento dos filho (Doc. X).
DOS FATOS
A impetrante é operária de uma fábrica de painéis e residente na cidade de Maceió/AL. Contudo, a senhora SIMARIA tem uma filha menor de idade com dois anos de idade e não dispõe de auxílio nos cuidados da filha, bem como recebe um salário baixo, não tendo condições financeiras de arcar com a matricula de sua filha em uma creche particular.
Desta forma, não tendo outra opção, procurou matricular sua filha em uma creche Pública Municipal, para poder trabalhar durante o dia e conseguir prover o sustento de sua família.
No entanto, a ora impetrante procurou vagas em creches, nos vários órgãos municipais, não obtendo êxito, pois sempre recebeu a justificativa de não mais haver vagas. Assim sendo, como última tentativa de obter a vaga para sua filha, SIMARIA protocolizou um requerimento direcionado ao Secretário Municipal de Educação, onde recebeu a resposta, por escrito, de não ter mais vagas disponível em nenhuma creche municipal.
Portanto, após todas tentativas descrita alhures, não restou outra opção a SIMARIA a não ser a busca da tutela dos seus direitos através do Remédio Constitucional adequado, qual seja, ajuizar um mandado de segurança com pedido de liminar, para proteger direito líquido e certo da impetrante.
DO DIREITO
O artigo 208, IV, da Constituição Federal, assegura às “crianças de zero a seis anos de idade” o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola. Coaduna-se a este dispositivo o artigo 227 do Texto Constitucional que ressalta o direito à educação, notadamente às crianças.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
 IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Enfatiza-se, ainda, que, nos termos do artigo 211, § 2º da CF, compete prioritariamente aos Municípios atuar no ensino fundamental e infantil.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
No caso em tela, as impetrantes sofreram com o ato abusivo e ilegal da autoridade coatora, na medida em que não lhes foi assegurado o atendimento em creche e pré-escola municipal, medida que afronta brutalmente os dispositivos constitucionais apontados, além de outras disposições conforme adiante se demonstrará.
À luz da conformação constitucional, no caso em tela, é dever do Município garantir o acesso pleno ao sistema educacional, haja vista que se trata de atendimento em creche municipal ou que lhe faça as vezes, por convênio. E ainda, não se pode olvidar que o direito perseguido é LÍQUIDO E CERTO, se refere à garantia da criança de fluír de seu direito constitucional à educação. 
À vista do exposto, pode-se assegurar que o direito à educação possui um alto relevo social e irrefutável valor constitucional, e uma de suas faces é justamente a garantia de acesso a creche, e assim sendo, não pode ser considerado apenas um axioma, mas deve ser posto em prática e é dever do Estado efetivá-lo.
Complementando, anota-se que o direito da impetrante a vaga em creche encontra-se resguardado inclusive pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90, em especial nos artigos 4º., parágrafo único, alínea b e artigo 54, inciso IV.
Acresce afirmar, ainda, que ao Município foi imposto pela Constituição Federal e legislação extravagante o dever de propiciar o acesso à creche e pré-escola de forma efetiva (ou seja, em instituição próxima à residência das crianças) para as crianças de zero a seis anos, o que não foi efetivado no caso concreto.
Nesse sentido já se manifestou brilhantemente o Supremo Tribunal Federal afastando qualquer dúvida no tocante a correta interpretação e aplicação do artigo 208, inciso IV, da Constituição Federal:
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – CRIANÇA DE ATÉ SEIS ANOS DE IDADE – ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA – EDUCAÇÃO INFANTIL – DIREITO ASSEGURADO PELO PRÓPRIO TEXTO CONSTITUCIONAL (CF, ART. 208, IV)- COMPREENSÃO GLOBAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL À EDUCAÇÃO – DEVER JURÍDICO CUJA EXECUÇÃO SE IMPÕE AO PODER PÚBLICO, NOTADAMENTE AO MUNICÍPIO (CF, ART. 211, § 2º)- RECURSO IMPROVIDO.
– A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV).
– Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das
“crianças de zero a seis anos de idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena deconfigurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da Constituição Federal.
– A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da Administração Pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental.
– Os Municípios – que atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na educação infantil (CF, art. 211, § 2º)– não poderão demitir-se do mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi outorgado pelo art. 208, IV, da Lei Fundamental da República, e que representa fator de limitação da discricionariedade político-administrativa dos entes municipais, cujas opções, tratando-se do atendimento das crianças em creche (CF, art. 208, IV), não podem ser exercidas de modo a comprometer, com apoio em juízo de simples conveniência ou de mera oportunidade, a eficácia desse direito básico de índole social.– Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário, determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão – por importar em descumprimento dos encargos político-jurídicos que sobre eles incidem em caráter mandatório – mostra-se apta a comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. A questão pertinente à “reserva do possível”. Doutrina.”(STF – Ag. Reg. No Recurso Extraordinário 410.715-5-SP. Min. Celso de Mello
Conclui-se, portanto, que diante da omissão do Poder Público Municipal em não oferecer vaga na creche e pré-escola em período integral para as impetrantes, e pelo fato destas possuírem direito líquido e certo a tal serviço público, considerando as disposições constitucionais e infraconstitucionais, o mandado de segurança ora impetrado é a medida judicial cabível, sendo lícito ao Poder Judiciário apreciá-lo, sem que isto afronte o princípio da separação de poderes.
DA LIMINAR
Nesta celeuma, o artigo 7º, III, da Lei 12.016 de 2009, que disciplina sobre a liminar em mandado de segurança, onde expressa claramente que será concedido liminar, quando houver relevante fundamento e o ato impugnado puder causar a ineficácia da medida, suspendendo inclusive o ato que deu motivo ao pedido.
A relevância do fundamento pode ser entendida como a plausibilidade do direito invocado, fumus boni iuris, este no caso em tela, pela patente violação do direito líquido e certo, previstos constitucionalmente, uma vez que o ato da autoridade coatora, violou direitos sociais previstos na constituição. 
Já o periculum in mora, presente no caso em tela, com a negativa de não haver mais vaga nas creches municipais, deixando a impetrante sem opção de suprir as necessidades de sua família, pois com a possível demora teria que deixar de trabalhar para cuidar de sua filha, justificando o pedido em epígrafe.
Ante todo o exposto, é notório o cabimento da concessão do mandamus, determinando à autoridade suscitada no preâmbulo do presente mandado, já LIMINARMENTE, o atendimento e disponibilização à impetrante de vaga em período integral na creche e pré-escola xxxx, conveniada à Municipalidade, ou em outra creche e pré-escola mais próxima à residência destas, dentro deste Município, em período integral, para as duas crianças, por prazo indeterminado.
DO PEDIDO
Em face do exposto, a impetrante requer:
a) Conceder a segurança, in limine, requerida, expedindo-se o necessário para garantir a imediata vaga em uma creche municipal a impetrante;
b) sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita à impetrante, uma vez que é pobre na acepção jurídica do termo, e sua família não possui os recursos necessários para suportar as custas e despesas judiciais, além de verba honorária, sem que seja afetada sua própria sobrevivência digna;
c) prioridade na tramitação do processo, em atendimento ao art. 4º. Da Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente;
d) a notificação da autoridade coatora, para que, no prazo da lei, preste as informações necessárias;
e) seja ouvido o Ministério Público ;
f) Acatar as provas que demonstrem o direito líquido e certo corroborado na inicial, confirmando a prova pré constituída como exigência no mandado de segurança
g)Requer ao final seja julgado o pedido procedente, confirmando-se a liminar anteriormente concedida e concedendo-se a segurança em definitivo, determinando que a autoridade coatora seja compelida a atender e disponibilizar vaga em período integral para a menor, ora impetrante,.
h) seja o réu condenado ao pagamento de custas processual e honorário advocatícios
PROVAS
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial, pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários
VALOR DA CAUSA
Atribui à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais)
Termos em que, pede deferimento.
Maceió,data
ADVOGADO /OAB

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