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MAT0206/MAP0216 - Ana´lise Real - IME - 2007 Prof. Gla´ucio Terra 4a Lista de Exerc´ıcios Para entregar: exerc´ıcios 20, 23, 31, 33 e 37. Obs.: Regras para ganhar a nota extra referente aos exerc´ıcios marcados com “boˆnus”: (1) a resoluc¸a˜o deve redigida de forma clara e sem erros, e na˜o ha´ notas intermedia´rias; (2) a nota ma´xima a ser dada como boˆnus e´ 1,0 ponto na me´dia do semestre; (3) os exerc´ıcios devem ser entregues no prazo para entrega da lista. 1-) Exerc´ıcios dos cap´ıtulos 6 e 7 do Elonzinho. 2-) Sejam X,Y,Z ⊂ R, X = Y ∪ Z, a ∈ Y ′ ∩ Z ′. Dada f : X → R, tome g .= f |Y e h .= f |Z . Se limx→a g(x) = L e limx→a h(x) = L, enta˜o limx→a f(x) = L. 3-) Seja f : X → R mono´tona, com f(X) ⊂ [a, b]. Se f(X) e´ denso no intervalo [a, b], enta˜o (∀ c ∈ X ′+ ∩X ′− ) limx→c+ f(x) = limx→c− f(x). Se c ∈ X, enta˜o este limite e´ igual a f(c). 4-) Se f : X → R e´ mono´tona, enta˜o o conjunto dos pontos a ∈ X ′+ ∩ X ′− para os quais limx→a+ f(x) 6= limx→a− f(x) e´ enumera´vel. 5-) Seja f : [0,+∞)→ R uma func¸a˜o limitada em cada intervalo limitado. Se limx→+∞[f(x+1)−f(x)] = L, enta˜o limx→+∞ f(x) x = L. Boˆnus: vale 0,5 ponto na me´dia do semestre. A seguinte definic¸a˜o sera´ usada nas questo˜es subsequ¨entes: Definic¸a˜o: Seja X ⊂ R. Um subconjunto Y de X diz-se aberto em X se existir um aberto A ⊂ R tal que Y = A ∩X; Y diz-se fechado em X se existir um fechado F ⊂ R tal que Y = F ∩X. Observac¸a˜o: Na definic¸a˜o acima, note que, se X ⊂ R e´ aberto, enta˜o Y ⊂ X e´ aberto em X se, e somente se, Y e´ aberto em R (mas, se X na˜o for aberto, Y ⊂ X pode ser aberto em X e na˜o ser aberto em R; por exemplo, [1, 2) e´ aberto em [1, 3], mas na˜o e´ aberto em R). Analogamente, se X ⊂ R e´ fechado, enta˜o Y ⊂ X e´ fechado em X se, e somente se, Y e´ fechado em R (mas, se X na˜o for fechado, Y ⊂ X pode ser fechado em X e na˜o ser fechado em R; por exemplo, [1, 2) e´ fechado em (0, 2), mas na˜o e´ fechado em R). 6-) Sejam X ⊂ R e Y um subconjunto de X. Sa˜o equivalentes as seguintes afirmac¸o˜es: (a) Y e´ aberto em X; (b) para todo y ∈ Y , existe δ > 0 tal que (y − δ, y + δ) ∩X ⊂ Y . 7-) Sejam X ⊂ R e Y um subconjunto de X. Sa˜o equivalentes as seguintes afirmac¸o˜es: (a) Y e´ fechado em X; (b) X \ Y e´ aberto em X; (c) para toda sequ¨encia (xn)n∈N de elementos de Y tal que xn → a ∈ X, tem-se a ∈ Y . 1 8-) Sejam X ⊂ R e f : X → R. Sa˜o equivalentes: (a) f e´ cont´ınua; (b) para cada A ⊂ R aberto, a imagem inversa f−1(A) e´ aberta em X; (c) para cada F ⊂ R fechado, a imagem inversa f−1(F ) e´ fechada em X. Observac¸a˜o: Em particular, se X ⊂ R e´ aberto, enta˜o f : X → R e´ cont´ınua se, e somente se, a imagem inversa por f de qualquer aberto de R e´ um conjunto aberto (i.e. um subconjunto aberto de R); se X ⊂ R e´ fechado, enta˜o f : X → R e´ cont´ınua se, e somente se, a imagem inversa por f de qualquer fechado de R e´ um conjunto fechado (i.e. fechado em R). 9-) Sejam X ⊂ R e f : X → R uma func¸a˜o cont´ınua. Para todo a ∈ R, tem-se: (a) os conjuntos {x ∈ X | f(x) = a}, {x ∈ X | f(x) > a},{x ∈ X | f(x) 6 a} sa˜o todos fechados em X; em particular, se X for fechado, os referidos conjuntos sa˜o todos fechados. (b) os conjuntos {x ∈ X | f(x) 6= a}, {x ∈ X | f(x) > a}, {x ∈ X | f(x) < a} sa˜o todos abertos em X; em particular, se X for aberto, os referidos conjuntos sa˜o todos abertos. Sugesta˜o: Na˜o ha´ o que fazer; apenas observe que os conjuntos {a}, [a,+∞) e (−∞, a] sa˜o fechados, e que os conjuntos R \ {a}, (a,+∞) e (−∞, a) sa˜o abertos, e use a questa˜o anterior. 10-) Sejam X ⊂ R e f, g : X → R func¸o˜es cont´ınuas. Enta˜o os conjuntos {x ∈ X | f(x) = g(x)}, {x ∈ X | f(x) > g(x)} e {x ∈ X | f(x) 6 g(x)} sa˜o fechados em X (em particular, fechados em R se X o for), e os conjuntos {x ∈ X | f(x) 6= g(x)}, {x ∈ X | f(x) > g(x)} e {x ∈ X | f(x) < g(x)} sa˜o abertos em X (em particular, abertos em R se X o for). Sugesta˜o: Tambe´m na˜o ha´ o que fazer; aplique a questa˜o anterior para F . = f − g e a = 0. 11-) Seja S ⊂ R na˜o vazio, e defina d(·, S) : R → R por (∀x ∈ R) d(x, S) .= inf{|x− s| : s ∈ S}. Mostre que,(∀x, y ∈ R) |d(x, S)− d(y, S)| 6 |x− y|. Conclua que d(·, S) e´ uniformemente cont´ınua. 12-) Sejam X ⊂ R e f, g : X → R uma func¸o˜es cont´ınuas. Se f e g coincidem num subconjunto denso de X, enta˜o elas coincidem em X. Em particular, f, g : R → R sa˜o cont´ınuas e coincidem em Q, enta˜o elas sa˜o iguais (equivalentemente: se uma func¸a˜o Q → R admite uma extensa˜o cont´ınua R → R, enta˜o esta extensa˜o e´ u´nica). 13-) Sejam X ⊂ R e f : X → R. Tem-se: (a) Se Y,Z ⊂ X sa˜o fechados em X tais que X = Y ∪ Z, enta˜o f e´ cont´ınua se, e somente se, fY . = f |Y : Y → R e fZ .= f |Z : Z → R sa˜o cont´ınuas. (b) Se (Uα)α∈A e´ uma famı´lia de abertos em X tal que X = ∪α∈AUα, enta˜o f e´ cont´ınua se, e somente se, (∀α ∈ A) fα .= f |Uα : Uα → R e´ cont´ınua. Sugesta˜o: Nos dois casos, uma das implicac¸o˜es e´ trivial: se f e´ cont´ınua, enta˜o sua restric¸a˜o a qualquer subconjunto do seu domı´nio e´ cont´ınua. Para demonstrar a outra implicac¸a˜o, use a questa˜o 8-) e: (i) dado W ⊂ R, em (a) tem-se f−1(W ) = f−1Y (W ) ∪ f−1Z (W ), e em (b) tem-se f−1(W ) = ∪α∈Af−1α (W ); (ii) verifique que a unia˜o de dois conjuntos fechados em X e´ um conjunto fechado em X (e, por induc¸a˜o, o mesmo vale para qualquer famı´lia finita de fechados em X, mas na˜o precisamos disto), e que a unia˜o de uma famı´lia arbitra´ria de abertos em X e´ um conjunto aberto em X. 14-) Sejam f, g : [0, 1] → R cont´ınuas. Se f(1) = g(0), enta˜o a func¸a˜o h : [0, 1] → R dada por h(x) = f(2x) se 0 6 x 6 1/2 e h(x) = g(2x − 1) se 1/2 6 x 6 1 e´ cont´ınua. Sugesta˜o: Use a questa˜o anterior. 2 15-) (Teorema de Extensa˜o de Tietze na Reta) Seja F ⊂ R fechado. Enta˜o toda func¸a˜o cont´ınua f : F → R admite uma extensa˜o cont´ınua φ : R → R (i.e. existe φ : R → R cont´ınua tal que φ|F = f). Sugesta˜o: Por exemplo, defina φ linearmente nos intervalos componentes de R\F , de modo a coincidir com f nos extremos de cada intervalo; mostre que a func¸a˜o φ : R → R assim definida e´ cont´ınua. 16-) Definic¸a˜o: Seja X ⊂ R. Uma func¸a˜o cont´ınua f : X → R diz-se pro´pria se, para todo K ⊂ R compacto, f−1(K) e´ um subconjunto compacto de R. Mostre que sa˜o equivalentes as seguintes afirmac¸o˜es, dada f : X → R cont´ınua: (a) f e´ pro´pria; (b) para toda sequ¨eˆncia (xn)n∈N em X que na˜o possui subsequ¨eˆncias convergentes para pontos de X, a sequ¨eˆncia {f(xn)}n∈N na˜o possui subsequ¨eˆncias convergentes. (c) para toda sequ¨eˆncia (xn)n∈N em X tal que a sequ¨eˆncia {f(xn)}n∈N e´ convergente, (xn)n∈N possui uma subsequ¨eˆncia convergente para um ponto de X. 17-) Seja f : R → R cont´ınua. Sa˜o equivalentes: (a) f e´ pro´pria; (b) lim x→+∞ |f(x)| = lim x→−∞ |f(x)| = +∞; (c) para toda sequ¨eˆncia (xn)n∈N em R tal que |xn| → +∞, |f(xn)| → +∞. 18-) Seja p : R → R uma func¸a˜o polinomial na˜o-constante. Dado b ⊂ R, suponha que existe uma sequ¨eˆncia (xn)n∈N em R tal que p(xn) → b. Prove que (xn)n∈N e´ limitada e que o conjunto dos seus valores de adereˆncia e´ na˜o-vazio e contido em p−1({b}). Em particular, se existe uma sequ¨eˆncia (xn)n∈N em R tal que p(xn)→ 0, enta˜o p tem alguma raiz real. Boˆnus: vale 0,25 pontos na me´dia do semestre. 19-) Sejam X ⊂ R e f : X → R cont´ınua. Para que f se estenda continuamente a uma func¸a˜o φ : X → R, e´ necessa´rio e suficiente que exista limx→a f(x) para todo a ∈ X ′. 20-) Sejam X ⊂ R e f : X → R mono´tona, tal que f(X) seja denso num intervalo limitado. Mostre que existe uma u´nica func¸a˜o cont´ınua, mono´tona, φ : X → R tal que φ|X = f . 21-) Seja f : R → R uma func¸a˜o arbitra´ria. Para cada n ∈ N, seja Cn .= {a ∈ R | ∃ I intervalo aberto , a ∈ I e (∀x, y ∈ I) |f(x) − f(y)| < 1/n}. Mostre que (∀n ∈ N)Cn e´ aberto, e que f e´ cont´ınua em a se, e somente se, (∀n ∈ N)a ∈ Cn. Conclua que o conjuntodos pontos de continuidade de qualquer func¸a˜o e´ uma intersecc¸a˜o enumera´vel de abertos. Em particular, na˜o existe nenhuma func¸a˜o R → R que seja cont´ınua nos racionais e descont´ınua nos irracionais (vide questa˜o 28 da lista 3). 22-) Mostre que na˜o existe f : R → R cont´ınua que transforme todo racional num irracional e vice versa. Boˆnus: vale 0,25 pontos na me´dia do semestre. 23-) (Teorema do Ponto Fixo de Brouwer em dimensa˜o 1) Seja f : [a, b] → [a, b] cont´ınua. Prove que f tem um ponto fixo (i.e. existe x ∈ [a, b] tal que f(x) = x). Deˆ um exemplo de uma func¸a˜o cont´ınua f : [0, 1) → [0, 1) sem ponto fixo. 24-) Seja n ı´mpar. Prove que, para todo y ∈ R, existe um u´nico x ∈ R tal que xn = y e que, escrevendo x = n √ y, a func¸a˜o y 7→ n√y assim definida e´ um homeomorfismo (i.e. uma aplicac¸a˜o cont´ınua, invers´ıvel, cuja inversa tambe´m e´ cont´ınua) de R sobre R. 3 25-) Sejam K,F ⊂ R na˜o-vazios, K compacto e F fechado. Mostre que existem x0 ∈ K e y0 ∈ F tais que(∀x ∈ K,∀ y ∈ F ) |x0 − y0| 6 |x− y|. Deˆ um exemplo de dois conjuntos fechados e disjuntos F,G tais que inf{|x− y| | x ∈ F, y ∈ G} = 0. 26-) Se toda func¸a˜o cont´ınua, definida num certo conjunto X, e´ limitada, enta˜o X e´ compacto. 27-) Seja f : R → R cont´ınua. Se limx→+∞ f(x) = limx→−∞ f(x) = +∞, enta˜o f tem um ponto de mı´nimo x0 (i.e. existe x0 ∈ R tal que f(x0) = min f(R)). Enuncie um resultado ana´logo para o caso de ser limx→+∞ f(x) = limx→−∞ f(x) = −∞. 28-) Seja p : R → R uma func¸a˜o polinomial de grau par, cujo coeficiente l´ıder e´ positivo. Prove que p tem um ponto de mı´nimo x0. Se p(x0) < 0, mostre que p tem pelo menos duas ra´ızes reais. Enuncie resultados ana´logos para o caso em que o coeficiente l´ıder de p e´ negativo. Sugesta˜o: Para a primeira parte, use a questa˜o anterior. 29-) Definic¸a˜o: Sejam X ⊂ R e f, g : X → R. Definimos f ∨ g, f ∧ g : X → R por (∀x ∈ X) f ∨ g(x) .= max{f(x), g(x)}, f ∧ g(x) .= min{f(x), g(x)}. Sejam X ⊂ R e f, g : X → R. Mostre que: (a) Se f e g sa˜o cont´ınuas, enta˜o f ∨ g e f ∧ g sa˜o cont´ınuas. Sugesta˜o: verifique que, (∀x ∈ X ) f ∨ g(x) = f(x)+g(x)+|f(x)−g(x)|2 e f ∧ g(x) = f(x)+g(x)−|f(x)−g(x)|2 . (b) Se f e g sa˜o uniformemente cont´ınuas, enta˜o f + g, f ∨ g e f ∧ g tambe´m o sa˜o. Se f e g sa˜o uniformemente cont´ınuas e uma delas e´ limitada, o produto f · g e´ uma func¸a˜o uniformemente cont´ınua. Deˆ um exemplo de duas func¸o˜es uniformemente cont´ınuas cujo produto na˜o e´ uma func¸a˜o uniformemente cont´ınua. (c) A composta de func¸o˜es uniformemente cont´ınuas e´ uniformemente cont´ınua. 30-) Uma func¸a˜o polinomial p : R → R e´ uniformemente cont´ınua se, e somente se, tiver grau menor ou igual a 1. Boˆnus: vale 0,25 pontos na me´dia do semestre. 31-) Toda func¸a˜o cont´ınua mono´tona limitada f : I → R, definida num intervalo I, e´ uniformemente cont´ınua. 32-) Seja f : [a, b] → R cont´ınua. Dado ǫ > 0, existem a = a0 < a1 < · · · < an = b tais que, para cada i ∈ {1, . . . , n}, (∀x, y ∈ [ai−1, ai] ) |f(x)− f(y)| < ǫ. 33-) Uma func¸a˜o cont´ınua φ : [a, b] → R diz-se poligonal se existirem a = a0 < a1 < · · · < an = b tais que φ|[ai−1,ai] e´ um polinoˆmio de grau menor ou igual a 1, para 1 6 i 6 n. Prove que, se f : [a, b]→ R e´ uma func¸a˜o cont´ınua, para todo ǫ > 0 existe φ : [a, b]→ R poligonal tal que (∀x ∈ [a, b]) |f(x)− φ(x)| < ǫ. 34-) Uma func¸a˜o φ : [a, b] → R diz-se uma func¸a˜o escada se existirem a = a0 < a1 < · · · < an = b tais que φ|]ai−1,ai[ e´ constante (= ci), para 1 6 i 6 n. Prove que, se f : [a, b] → R e´ uma func¸a˜o cont´ınua, para todo ǫ > 0 existe φ : [a, b] → R escada tal que (∀x ∈ [a, b]) |f(x)− φ(x)| < ǫ. 35-) Sejam X ⊂ R e f : X → R tal que, para todo ǫ > 0, existe g : X → R cont´ınua tal que (∀x ∈ X ) |f(x)− g(x)| < ǫ. Enta˜o f e´ cont´ınua. 4 36-) Definic¸a˜o: Sejam X ⊂ R e a ∈ X. Uma func¸a˜o f : X → R diz-se semi-cont´ınua superiormente em a se, para todo ǫ > 0, existe δ > 0 tal que x ∈ X e |x−a| < δ ⇒ f(x) < f(a)+ ǫ; f diz-se semi-cont´ınua inferiormente em a se, para todo ǫ > 0, existe δ > 0 tal que x ∈ X e |x − a| < δ ⇒ f(x) > f(a) − ǫ. Uma func¸a˜o f : X → R diz-se semi-cont´ınua superiormente (abreviadamente, s.c.s.) ou semi-cont´ınua inferiormente (abreviadamente, s.c.i.), se o for em todos os pontos de X. Mostre que, dados X ⊂ R e f : X → R, tem-se: (a) f e´ s.c.s. em a ∈ X se, e somente se, para toda sequ¨encia (xn)n∈N em X tal que xn → a, lim sup f(xn) 6 f(a); (b) f e´ s.c.s. em X se, e somente se, a imagem inversa por f de todo aberto da forma (−∞, b) e´ aberta em X; (c) f e´ s.c.i. em a ∈ X se, e somente se, para toda sequ¨encia (xn)n∈N em X tal que xn → a, lim inf f(xn) > f(a); (d) f e´ s.c.s. em X se, e somente se, a imagem inversa por f de todo aberto da forma (b,+∞) e´ aberta em X; (e) f e´ cont´ınua em a se, e somente se, for semi-cont´ınua superior e inferiormente em a. 37-) Sejam X ⊂ R compacto e f : X → R. Se f e´ s.c.s., enta˜o f tem um ponto de ma´ximo em X (i.e. existe x0 ∈ X tal que f(x0) = max f(X)); analogamente, se f e´ s.c.i., enta˜o f tem um ponto de mı´nimo em X. 5 MAT0206/MAP0216 - Ana´lise Real - IME - 2007 Prof. Gla´ucio Terra 4a Lista de Exerc´ıcios - Resoluc¸a˜o dos Exerc´ıcios 20-) Sejam X ⊂ R e f : X → R mono´tona, tal que f(X) seja denso num intervalo limitado. Mostre que existe uma u´nica func¸a˜o cont´ınua, mono´tona, φ : X → R tal que φ|X = f . Demonstrac¸a˜o: O fato de ser f mono´tona e limitada implica (conforme ja´ demonstrado em aula) que, para todo a ∈ X ′+, existe limx→a+ f(x), e, para todo a ∈ X ′−, existe limx→a− f(x). Afirmo que: (i) se a ∈ X ∩X ′+, enta˜o f(a) = limx→a+ f(x); (ii) se a ∈ X ∩X ′−, enta˜o f(a) = limx→a− f(x); (iii) se a ∈ X ′− ∩X ′+, enta˜o limx→a− f(x) = limx→a+ f(x). Com efeito, suponha que f seja crescente (se for decrescente, o argumento que segue e´ o mesmo, invertendo-se algumas desigualdades), e que sua imagem seja densa no intervalo I ⊂ R. Se a ∈ X ∩X ′+, podemos tomar b ∈ X tal que b > a; enta˜o, pelo fato de ser f crescente, segue-se f(a) 6 limx→a+ f(x) 6 f(b), portanto [f(a), limx→a+ f(x)] ⊂ I (uma vez que f(a), f(b) ∈ I). Ale´m disso, o fato de ser f crescente implica que na˜o existe ponto em ]f(a), limx→a+ f(x)[ que esteja na imagem de f ; assim, ]f(a), limx→a+ f(x)[ deve ser vazio, caso contra´rio a imagem de f na˜o seria densa em I. Ora, o in- tervalo [f(a), limx→a+ f(x)] tem interior vazio se, e somente se, f(a) = limx→a+ f(x) (i.e. o intervalo e´ degenerado). Isto prova a afirmac¸a˜o (i); as afirmac¸o˜es (ii) e (iii) se demonstram por um argumento ana´logo. As afirmac¸o˜es (i), (ii) e (iii), implicam que, para todo x ∈ X ′, existe limy→x f(y), e que, se x ∈ X∩X ′, limy→x f(y) = f(x). Definimos φ : X → R por φ|X = f e (∀x ∈ X ′ \X)φ(x) .= limy→x f(y). Afirmo que φ e´ cont´ınua. De fato, seja x ∈ X. Se x ∈ X \X ′, enta˜o x e´ um ponto isolado de X (logo um ponto isolado de X), portanto φ e´ cont´ınua em x. Por outro lado, se x ∈ X ′, enta˜o φ(x) = limy→x f(y). Assim, dado ² > 0, existe δ > 0 tal que, se y ∈ X e 0 < |y− x| < δ, enta˜o |f(y)− φ(x)| < ². Seja w ∈ X tal que 0 < |w−x| < δ. Tomando (yn)n∈N sequ¨eˆncia em X tal que yn → w, como (x−δ, x+δ)\{x} e´ um aberto que conte´m w, existe n0 ∈ N tal que yn ∈ (x − δ, x + δ) \ {x} para n > n0, donde |f(yn) − φ(x)| < ² para n > n0. Ora, |f(yn) − φ(x)| → |φ(w) − φ(x)|, portanto |φ(w) − φ(x)| 6 ². Como ² > 0 foi tomado arbitrariamente, segue-se que limw→x φ(w) = φ(x), portanto φ e´ cont´ınua em x. Isto mostra que φ : X → R e´ uma extensa˜o cont´ınua de f , e e´ a u´nica tal extensa˜o (vide questa˜o 12). Resta mostrar que φ e´ crescente. Com efeito, dados x, y ∈ X com x < y, podemos tomar sequ¨eˆncias (xn)n∈N e (yn)n∈N em X tais que xn → x e yn → y. Enta˜o existe n0 ∈ N tal que, para n > n0, tem-se xn < yn, portanto f(xn) 6 f(yn) para n > n0. Como f(xn) → φ(x) e f(yn) → φ(y), segue-se φ(x) 6 φ(y), o quemostra que φ e´ crescente. ¤ 23-) (Teorema do Ponto Fixo de Brouwer em dimensa˜o 1) Seja f : [a, b] → [a, b] cont´ınua. Prove que f tem um ponto fixo (i.e. existe x ∈ [a, b] tal que f(x) = x). Deˆ um exemplo de uma func¸a˜o cont´ınua f : [0, 1)→ [0, 1) sem ponto fixo. Demonstrac¸a˜o: Se f(a) = a ou f(b) = b, na˜o ha´ o que fazer; suponha f(a) 6= a (portando f(a) > a) e f(b) 6= b (portanto f(b) < b). Seja φ : [a, b] → R dada por (∀x ∈ [a, b])φ(x) = f(x) − x. Enta˜o φ e´ 1 cont´ınua, φ(a) > 0 e φ(b) < 0; pelo teorema do valor intermedia´rio, segue-se que existe x ∈ (a, b) tal que φ(x) = 0, i.e. f(x) = x. ¤ 31-) Toda func¸a˜o cont´ınua mono´tona limitada f : I → R, definida num intervalo I, e´ uniformemente cont´ınua. Demonstrac¸a˜o: Seja ² > 0; queremos mostrar que existe δ > 0 tal que, se x, y ∈ I sa˜o tais que |x− y| < δ, enta˜o |f(x)− f(y)| < ². Sem perda de generalidade, suponha que f seja crescente. Sejam a < b os extremos do intervalo I (pomos a = −∞ se I na˜o for limitado inferiormente, e b = +∞ se I na˜o for limitado superiormente). Sendo f cont´ınua e definida num intervalo, segue-se como corola´rio do teorema do valor intermedia´rio que sua imagem e´ um intervalo; e, sendo, f limitada, tal intervalo deve ser limitado. Digamos, pois, que a imagem de f seja um intervalo com extremos m ∈ R e M ∈ R, m < M . Ou seja, m = limx→a f(x) = inf f(I) e M = limx→b f(x) = sup f(I). Enta˜o existem α, β ∈ R, a < α < β < b, tais que (∀x ∈ I ∩ (−∞, α]) f(x) < m + ²/3, e (∀x ∈ I ∩ [β,+∞)) f(x) > M − ²/3. Portanto, dados x, y ∈ I ∩ (−∞, α] ou x, y ∈ I ∩ [β,+∞), tem-se |f(x) − f(y)| < ²/3. Por outro lado, sendo [α, β] compacto, a restric¸a˜o de f a este intervalo e´ uniformemente cont´ınua; assim, existe δ > 0 tal que, se x, y ∈ [α, β] sa˜o tais que |x − y| < δ, enta˜o |f(x) − f(y)| < ²/3. Afirmo que, se x, y ∈ I sa˜o tais que |x − y| < δ, enta˜o |f(x) − f(y)| < ². Com efeito, suponha x 6 y, sem perda de generalidade. Sendo I = ( I ∩ (−∞, α]) ∪ [α, β] ∪ (I ∩ [β,+∞)), temos os seguintes casos a analisar: (a) se x, y ∈ I ∩ (−∞, α] ou x, y ∈ I ∩ [β,+∞), ja´ vimos que |f(x)− f(y)| < ²/3; (b) se x ∈ I ∩ (−∞, α] e y ∈ [α, β], enta˜o |x − y| < δ implica |y − α| < δ, portanto |f(x) − f(y)| 6 |f(x)− f(α)|+ |f(α)− f(y)| < ²/3 + ²/3 < ² (e analogamente para o caso x ∈ [α, β] e y ∈ I ∩ [β,+∞)); (c) se x ∈ I∩(−∞, α] e y ∈ I∩[β,+∞), enta˜o |x−y| < δ implica |β−α| < δ, portanto |f(x)−f(y)| 6 |f(x)− f(α)|+ |f(α)− f(β)|+ |f(β)− f(y)| < ²/3 + ²/3 + ²/3 = ². ¤ 33-) Uma func¸a˜o cont´ınua φ : [a, b] → R diz-se poligonal se existirem a = a0 < a1 < · · · < an = b tais que φ|[ai−1,ai] e´ um polinoˆmio de grau menor ou igual a 1, para 1 6 i 6 n. Prove que, se f : [a, b]→ R e´ uma func¸a˜o cont´ınua, para todo ² > 0 existe φ : [a, b]→ R poligonal tal que (∀x ∈ [a, b]) |f(x)− φ(x)| < ². Demonstrac¸a˜o: Seja ² > 0. Como φ e´ cont´ınua no compacto [a, b], segue-se que φ e´ uniformemente cont´ınua (ja´ demonstramos em aula que toda func¸a˜o cont´ınua num compacto e´ uniformemente cont´ınua). Assim, existe δ > 0 tal que, se x, y ∈ [a, b] sa˜o tais que |x − y| < δ, enta˜o |f(x) − f(y)| < ²/2. Tome a = a0 < a1 < · · · < an = b tais que, para 1 6 i 6 n, |ai − ai−1| < δ. Defina φ : [a, b] → R tal que, para cada i ∈ {1, . . . , n}, φ|[ai−1,ai] e´ a func¸a˜o afim tal que φ(ai−1) = f(ai−1) e φ(ai) = f(ai). Enta˜o φ e´ poligonal e, para cada i ∈ {1, . . . , n}, (∀x ∈ [ai−1, ai]) |φ(x)− φ(ai−1)| 6 |φ(ai)− φ(ai−1)| = |f(ai) − f(ai−1)| < ²/2. Ora, dado x ∈ [a, b], existe i ∈ {1, . . . , n} tal que x ∈ [ai−1, ai], portanto |f(x)− φ(x)| 6 |f(x)− f(ai−1)|+ |f(ai−1)− φ(x)| < ²/2 + ²/2 = ². ¤ 2 37-) Sejam X ⊂ R compacto e f : X → R. Se f e´ s.c.s., enta˜o f tem um ponto de ma´ximo em X (i.e. existe x0 ∈ X tal que f(x0) = max f(X)); analogamente, se f e´ s.c.i., enta˜o f tem um ponto de mı´nimo em X. Demonstrac¸a˜o: Seja f : X → R s.c.s. em X compacto. Provemos que f tem um ponto de ma´ximo em X. (a) Afirmo que f e´ limitada superiormente. Com efeito, para cada n ∈ N, f−1(]−∞, n[) e´ aberto em X, pelo fato de ser f s.c.s. (vide questa˜o 36); ou seja, para cada n ∈ N, f−1(] −∞, n[) e´ a intersecc¸a˜o de um aberto An ⊂ R com X. Ale´m disso, para todo x ∈ X, existe n ∈ N tal que f(x) < n, i.e. x ∈ f−1(] − ∞, n[). Assim, (An)n∈N e´ uma cobertura aberta do compacto X, da qual podemos (por Borel-Lebesgue) extrair uma subcobertura finita (Ani)16i6k. Ora, tomando N .= max{ni : 1 6 i 6 k}, tem-se (∀x ∈ X) f(x) < N . (b) SejaM .= sup f(X) (existe, pelo item anterior e pelo axioma do supremo). Queremos mostrar que M ∈ f(X). Tome (yn)n∈N sequ¨encia em f(X) tal que yn →M . Para cada n ∈ N, tome xn ∈ X tal que f(xn) = yn. Pela propriedade de Bolzano-Weierstrass, a sequ¨eˆncia (xn)n∈N do compacto X possui uma subsequ¨eˆncia convergente (xnk)k∈N, com limite x0 ∈ X. Sendo f s.c.s., segue-se que lim sup f(xnk) 6 f(x0) (vide questa˜o 36). Mas, sendo {f(xnk)}k∈N uma subsequ¨eˆncia de {yn = f(xn)}n∈N, segue-se de f(xn) → M que lim sup f(xnk) = M , donde M 6 f(x0). E, por ser M = sup f(X), tambe´m temos f(x0) 6M , portanto M = f(x0) ∈ f(X). A demonstrac¸a˜o de que f : X → R s.c.i. em X compacto tem ponto de mı´nimo em X e´ ana´loga. ¤ 3 lista_04_ime_usp lista_04_ime_usp_gabarito
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