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09/02/2018 1 D I R E I T O P R O C E S S U A L C I V I L I I I PROGRAMA DA DISCIPLINA Módulo de Abertura. Módulo I – Decisão Judicial. Módulo II – Coisa Julgada. Módulo III – Teoria Geral dos Recursos. Módulo IV – Recursos em Espécie. Módulo V – Processo nos Tribunais. Módulo VI – Precedente Judicial. MÓDULO I DECISÃO JUDICIAL 09/02/2018 2 SUMÁRIO 1. Decisão Judicial: 1.1. Conceito e classificação dos pronunciamentos judiciais. 1.2.Decisão interlocutória; 1.3. Sentença; 1.3.1.Classificação; 1.4.Elementos da decisão judicial; 1.5.Requisitos da decisão judicial; 1.6.Interpretação da decisão judicial; 1.7.Decisões definitivas e provisórias; 1.8.Conte údo da decisão;; 1.9.Efeitos da decisão judicial; 1.10. Publicação, retratação e integração da decisão. Leituras sugeridas OLIVEIRA. Carlos Alberto Alvaro. Eficácia e Coisa Julgada. Rio de Janeiro: Forense, 2006. CRUZ E TUCCI, José Rogério. Limites subjetivos da eficácia da sentença e da coisa julgada civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. LOPES, João Batista. Ação Declaratória. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. NOJIRI, Sérgio. O Dever de Fundamentar as Decisões Judiciais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. TESHEINER, José Maria. Pressupostos Processuais e Nulidades no Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2000. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do Processo e da Sentença. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. DECISÃO JUDICIAL Conceito: os pronunciamentos judiciais são aqueles pelos quais o magistrado decide uma questão, cujo conteúdo é decisório, ou impulsiona o procedimento, o qual não tem conteúdo decisório. 09/02/2018 3 DECISÃO JUDICIAL Classificação dos pronunciamentos judiciais: • Atos ordinatórios; • Despachos; • Decisões interlocutórias; • Sentenças; • Acórdãos. Decisão Interlocutória De acordo com o parágrafo 2º do 203 do Código de Processo Civil, decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial com conteúdo decisório que não põe fim ao processo ou uma de suas fases. O art. 354, § único, CPC, confirma a possibilidade de decisão interlocutória que tenha por fundamento qualquer das hipóteses dos arts. 485 e 489: Exemplos: decisão que indefere parcialmente petição inicial; que reconhece a decadência de um dos pedidos; decisão que excluir um litisconsorte por ilegitimidade; decisão que julga parte do mérito de forma antecipada; Sentença Sentença é o pronunciamento do juiz singular com fundamento nos arts. 485 ou 489 do Código de Processo Civil. Classificação: • Sentenças terminativas – põem fim ao processo, sem lhe resolverem o mérito (art. 485, caput, I a X, §§ 1º a 4º, CPC); • Sentenças definitivas – decidem o mérito da causa (art. 487, caput, I, II, III, a, b, c), encerrando o conhecimento da 1ª Instância ou da fase processual. Cumpre a função criadora do direito; 09/02/2018 4 Decisões proferidas em órgão colegiado Acórdãos: pronunciamento judicial com conteúdo decisório proferido por um órgão colegiado – tribunais e turmas recursais - (art. 202, CPC); Decisões unipessoais: pronunciamento proferido por um dos membros do colegiado, ao qual foi atribuída competência, por lei ou regimento interno do tribunal, para análise de determinadas questões. • Decisão unipessoal final: são exemplos, a decisão do relator que não conhece determinado recurso ou que, liminarmente, lhe nega provimento (art. 932, III e IV, CPC); decisão que, após contrarrazões , dá provimento ao recurso sem leva-lo a autocomposição das partes (art. 932, I, CPC); indefere totalmente a petição inicial de uma ação de competência originária do tribunal. • Decisão unipessoal interlocutória: por exemplo, a decisão que aprecia pedido de tutela provisória nos recursos de competência originária de tribunal (art. 932, II, CPC). Elementos da decisão judicial • Relatório (art. 489, CPC): resumo dos principais aspectos do processo (dispensado no procedimento dos juizados especiais); • Fundamentação: (art. 131, c/c inciso IX do art. 93, CF): é a parte da sentença em que o juiz aprecia as questões preliminares, que condicionam a apreciação do mérito, e as questões prejudiciais, que influenciam o julgamento do mérito; • Dispositivo: parte da sentença em que o juiz aprecia as questões de mérito ou terminativas do processo, é a decisão propriamente dita, contendo sua determinação (declaração ou constituição de direito, condenação ou terminativa do processo); Fundamentação De acordo com a doutrina a ausência de fundamentação tem como consequência: 1ª corrente: defende a inexistência jurídica da decisão sem motivação; 2ª corrente: defende que o vício da falta de motivação autoriza o ajuizamento de ação rescisória; 3ª corrente: defende que a falta de motivação implica decisão anulável por recurso ou rescindível por ação rescisória (Sérgio Nojiri, Fredie Didier Jr.). 09/02/2018 5 Fundamentação Exemplos de decisões não fundamentadas: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: [...] § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Dispositivo Elemento fundamental da decisão judicial com conteúdo decisório; parte da decisão em que o órgão jurisdicional estabelece um preceito normativo, concluindo a análise acerca de um (ou mais de um) pedido que lhe fora dirigido. (Fredie Didier Jr.) Conteúdo do dispositivo: • Exemplo: quando o magistrado, na sua fundamentação, constata a ausência de um requisito de validade processual e afirma, em sua conclusão (dispositivo), a impossibilidade de analisar o pedido formulado pelo autor num procedimento especial. Requisitos da decisão judicial Princípio da congruência: ao proferir a sentença, o julgador vincula-se ao pedido formulado pelo autor (ou do réu, no caso de reconvenção), fixam os limites da lide e da atividade jurisdicional, motivo pelo qual deve haver correlação entre as pretensões e o conteúdo da sentença, sob pena de nulidade. Congruência externa (arts. 141 e 492, CPC): a decisão deve estar correlacionada, em regra, com os sujeitos envolvidos no processo, e com os elementos objetivos da demanda que lhe deu ensejo, e da resposta do demandado. Congruência interna (art. 492, § único, CPC): a decisão deve ter como requisitos de validade a certeza, liquidez, clareza e coerência. 09/02/2018 6 A congruência da decisão Os artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil estabelecem limites ao exercício da jurisdição, na medida em que à decisão do magistrado é imposta limites subjetivos e objetivos. Se o magistrado vai além desses limites, sua decisão pode ser: • Decisão ultra petita: concede mais do que pedido; • Decisão extra petita: concede coisa distinta da pedida; • Decisão infra petita: deixa de apreciar algum pedido formulado ou fundamento de fato ou de direito alegado pela parte. INTERPRETAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL A definição dos limites da coisa julgada dependerá, necessariamente, da interpretaçãoda decisão. a) Dispositivo e fundamentação devem ser interpretados conjuntamente (art. 489, § 3º, CPC); b) As postulações das partes são dados relevantes para interpretação da decisão; c) Aplicam-se à intepretação da decisão judicial as normas de interpretação dos atos jurídicos; d) A decisão dos embargos de declaração podem funcionar como instrumento para orientar a interpretação (art. 1.022, CPC); e) A reclamação constitucional também pode servir como instrumento para a interpretação; f) O juiz da liquidação ou da execução também pode interpretar a decisão; g) Como medida excepcional, é possível a ação declaratória autônoma de interpretação da decisão judicial (art. 19, I, do CPC). DECISÕES DEFINITIVAS Decisões definitivas são aquelas por meio das quais se põe fim ao processo ou à fase processual com resolução do mérito, aplicando uma das hipóteses do art. 487 do CPC, tendo aptidão para ficar acobertada pela coisa julgada. Decisões terminativas são aquelas que põem fim ao processo sem exame do mérito, aplicando um dos casos do art. 485 do CPC e, submetendo-se apenas à coisa julgada formal. 09/02/2018 7 DECISÕES PROVISÓRIAS As decisões provisórias podem ser tanto de admissibilidade (p. ex., a que recebe a petição inicial) quanto de mérito (p. ex., a que concede tutela antecipada fundada em cognição sumária). CONTEÚDO DA DECISÃO Como todo ato jurídico, a decisão judicial possui conteúdo e deve ter, aptidão para gerar efeitos jurídicos. O conteúdo compreende a norma jurídica individualizada estabelecida pelo magistrado, seja para certificar, reconhecer ou declarar um direito. Decisões condenatórias: reconhecem a existência de um direito a uma prestação e permitem a realização da atividade executiva, a fim de materializar a pretensão; Decisões constitutivas: certifica e efetiva direito potestativo, que é o poder jurídico conferido a alguém de submeter outrem á alteração, extinção ou criação de situações jurídicas; Decisões declaratórias: restringem a certificar a existência, inexistência ou o modo de ser de uma situação jurídica, a autenticidade ou falsidade de documento (art. 19, CPC); EFEITOS DA DECISÃO JUDICIAL Eficácia principal: decorrem do conteúdo da decisão, e dizem respeito à situação jurídica controvertida; Eficácia reflexa: produz efeitos sobre relação jurídica estranha ao processo, mas que mantém vínculo com a relação jurídica litigiosa (p. ex.: a sentença de despejo, ao resolver o contrato de locação, desfaz, consequentemente, a relação de sublocação, que é conexa à locação que foi discutida); Eficácia anexa: são efeitos indiretos e automáticos, que resultam do fato da sentença existir (p. ex.: a perempção, que é gerada pela terceira sentença de extinção sem resolução do mérito por abandono unilateral (art. 486, § 3º, CPC). 09/02/2018 8 PUBLICAÇÃO DA DECISÃO Publicar a sentença significa torná-la pública. • Decisão proferida em audiência ou em sessão de órgão colegiado considera-se publicada na própria audiência ou sessão (art. 941, CPC); • Decisão proferida em gabinete: considera-se publicada após a juntada aos autos pelo escrivão ou pelo chefe da secretaria; • A publicação da sentença impede a alteração de seu conteúdo pelo magistrado que a proferiu, salvo para corrigir inexatidões materiais ou erros de cálculo, ou por meio de embargos de declaração (art. 494, CPC); RETRATAÇÃO DA DECISÃO Há recursos, interpostos contra decisões finais, que admitem retratação do magistrado: • O agravo de instrumento (cabível contra as decisões interlocutórias de mérito); • O agravo interno (contra decisão de relator, art. 1.021, § 2º, CPC), • Os recursos extraordinários (art. 1.040, II, CPC). INTEGRAÇÃO DA DECISÃO • Os embargos de declaração tem por objetivo sanar eventual obscuridade, contradição, erro material ou omissão, sendo que seu acolhimento, enseja, a alteração ou integração do julgado. 09/02/2018 9 REEXAME NECESSÁRIO • O interesse público na proteção do erário justifica o duplo grau de jurisdição obrigatório para a revisão de todas as sentenças contrárias à União, Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como suas autarquias e fundações de direito público (pessoas jurídicas de direito público interno - art. 41, CC/02), independentemente de interposição de recurso. REEXAME NECESSÁRIO • Salvo as exceções previstas em legislação esparsa, a remessa necessária não se aplica a pessoas jurídicas de direito privado, nem mesmo àquelas que integram a Administração Pública indireta, como as empresas públicas e sociedades de economia mista. • Hipóteses de cabimento da remessa necessária previstas em legislação extravagante: – sentenças concessivas de mandado de segurança (art. 14, § 1.º, da Lei 12016/09) e – sentenças que extinguem a ação popular por carência de ação ou improcedência do pedido (art. 19 da Lei 4717/65). REEXAME NECESSÁRIO • Requisitos para o Reexame Necessário: I. sentenças contrárias (parcial ou totalmente) à União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações de direito público. II. condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor igual ou maior de: a) 1.000 (mil) salários-mínimos em relação a União e suas autarquias e fundações de direito público; b) 500 (quinhentos) salários-mínimos para Estados, Capitais de Estado, Distrito Federal, suas autarquias e fundações de direito público; c) 100 (cem) salários-mínimos para os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. 09/02/2018 10 REEXAME NECESSÁRIO • Requisitos para o Reexame Necessário: III. sentença não esteja fundada em: a) súmula de tribunal superior; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. MÓDULO II COISA JULGADA SUMÁRIO 2. Coisa Julgada: 2.1.Conceito de coisa julgada; 2.2.Espécies de coisa julgada; 2.3.Extensão da coisa julgada; 2.4.Limites da coisa julgada; 2.4.1. Limites objetivos; 2.4.2. Limites subjetivos; 2.4.3. Limites temporais; 2.5.Eficácia da coisa julgada; 2.5.1. Eficácia negativa; 2.5.2. Eficácia positiva; 2.5.3. Eficácia preclusiva; 2.6. Instrumentos de controle da coisa julgada. 09/02/2018 11 COISA JULGADA CONCEITO: coisa julgada é qualidade de imutabilidade e indiscutibilidade da sentença de mérito, em virtude do trânsito em julgado da decisão de mérito (art. 502, CPC) Imutabilidade: impossibilidade de rediscussão da lide já julgada, o que se dá com a proibição de propositura de ação idêntica àquela já decidida anteriormente. Indiscutibilidade: tem o condão de fazer com que, em futuros processos (diferentes do anterior, pois se forem iguais, a imutabilidade impossibilita seu processamento), a conclusão a que anteriormente se alcançou seja observada e respeitada. ESPÉCIES DE COISA JULGADA COISA JULGADA MATERIAL: a imutabilidade se opera dentro e fora do processo em que produzida; COISA JULGADA FORMAL: imutabilidade da decisão dentro do mesmo processo em que proferida; Pressupostos da Coisa Julgada Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. A decisão judicial de mérito, proferida em cognição exauriente e transitada em julgado, é apta a formar a coisa julgada. Decisões proferidas em cognição sumária, não são aptas a formar a coisa julgada (art. 294-311, CPC). 09/02/2018 12 LIMITES DA COISA JULGADA Art. 503. Adecisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. § 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. § 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. Limites objetivos da coisa julgada • Os limites objetivos da coisa julgada referem-se à extensão da matéria que restará imunizada pela coisa julgada material. E definida a matéria imunizada, a função negativa da coisa julgada impedirá a propositura de demanda idêntica, e a função positiva vinculará o julgamento de processos futuros em que a questão decidida apresente-se como prejudicial. • O disposto no caput do art. 503 do CPC, aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo. • A resolução de questão prejudicial, que fica acobertada pela coisa julgada: a) deve ser expressa (não há decisões implícitas no direito brasileiro); b) desta resolução deve depender o julgamento do mérito (se não depender, não se tratará de questão prejudicial) (art. 503, §1º, I); c) deve ter a seu respeito, havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia (art. 503, §1º, II). Se não houver contraditório, e discordância entre as partes, não se tratará de questão prejudicial. Limites objetivos da coisa julgada Para compreender os limites objetivos da coisa julgada, deve-se analisar quais questões prejudiciais decididas expressa e incidentalmente obedeceram aos pressupostos do art. 503, §§1º e 2º do CPC, independentemente de provocação específica. A finalidade da regra é dar o máximo rendimento à atividade jurisdicional, evitando-se a rediscussão sobre a mesma questão jurídica e a prolação de futuras decisões eventualmente contraditórias. 09/02/2018 13 Limites subjetivos da coisa julgada O limite subjetivo significa o alcance da decisão em relação às pessoas que serão tocadas pelo efeito vinculante. “Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiro”. A coisa julgada pode operar-se inter partes, ultra partes, ou erga omnes. – COISA JULGADA INTER PARTES: aquela que somente se vincula as partes (vinculam também seus sucessores – art. 967, I, CPC); – COISA JULGADA ULTRA PARTES: há extensão da coisa julgada a terceiros, em determinadas hipóteses como, nos casos de substituição processual, legitimação concorrente, credores solidários, em ações coletivas (art. 103, II, CDC); – COISA JULGADA ERGA OMNES: atinge todos os jurisdicionados, tenham ou não participado do processo. Exemplo: em ações coletivas que versem sobre direitos difusos ou individuais homogêneos (art. 103, I e III, CDC), e nas ações de controle concentrado de constitucionalidade. Limites temporais da coisa julgada A coisa julgada poderá ser revista nos casos que versarem sobre relação jurídica de trato continuado, se houver fato superveniente que justifique a revisão, e nos demais casos previstos em lei (art. 505, I, II, CPC). Relações jurídica de trato continuado: se repetem no tempo de forma continuada e uniforme. Portanto, a sentença que regula essas relações contém uma cláusula rebus sic stantibus: havendo modificação superveniente no estado de fato ou de direito, é lícito rever o quanto se decidiu (art. 505, I, CPC), mediante ação para decidir nova situação. Trata-se de uma nova decisão, para uma nova situação. EFICÁCIA DA COISA JULGADA EFICÁCIA NEGATIVA: impede a rediscussão da questão principal decidida; EFICÁCIA POSITIVA: vinculação do julgador de outra lide ao que decidido na decisão acobertada pela coisa julgada; EFICÁCIA PRECLUSIVA: uma vez transitada em julgado a decisão, todas as alegações e defesas que poderiam ter sido formuladas para o acolhimento ou rejeição do pedido reputam-se arguidas e repelidas. Tornam-se sem efeito os argumentos e provas que as partes poderiam alegar ou produzir em favor de sua tese. Em razão disso, também é denominado julgamento implícito (art. 508, CPC). 09/02/2018 14 INSTRUMENTOS DE CONTROLE DA COISA JULGADA No sistema processual, admite-se instrumentos legais de controle da coisa julgada: a) A ação rescisória (art. 966 e segs, CPC); b) A querela nullitatis (art. 525, § 1º, I, e art. 535, I , CPC); c) A impugnação com base da existência de erro material (art. 494, I, CPC); d) A revisão de sentença inconstitucional (art. 525, § 12, e art. 535, § 5º, CPC); e) Possibilidade de reforma da coisa julgada por denúncia de violação à Convenção Americana de Direitos Humanos formulada perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos; MÓDULO III TEORIA GERAL DOS RECURSOS SUMÁRIO 3. Teoria Geral dos Recursos 3.1. Conceitode recurso; 3.2. Classificação dos recursos 3.3. Princípiosrecursais: 3.3.1. Duplo grau de jurisdição; 3.3.2. Taxatividade; 3.3.3. Unirrecorribilidade; 3.3.4. Fungibilidade; 3.3.5. Proibição da reformatio in pejus; 3.3.6. Colegialidade; 3.4. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito; 3.5. Efeitos dos recursos; 3.5.1. Devolutivo; 3.5.2. Translativo; 3.5.3. Suspensivo; 3.5.4. Expansivo; 3.5.5. Substitutivo; 3.5.6. Obstativo; 09/02/2018 15 CONCEITO Segundo clássica definição, recurso é meio de impugnação voluntário, previsto em lei, para reformar, invalidar, esclarecer ou integrar a decisão judicial no processo judicial. • É atividade exclusiva das partes (e terceiros) prejudicados. • Trata-se de um ônus processual, cuja omissão provoca a preclusão e a impossibilidade de rediscutir a decisão. CONCEITO Atos processuais sujeitos a recurso (arts. 203 e 204): 1. Decisões interlocutórias; 2. Sentenças; 3. Decisões monocráticas; 4. Acórdãos. Obs.: dos despachos não cabe recurso. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS • Recurso de fundamentação livre: é aquele que pode veicular fundamento como causa de pedir (ex.: apelação, agravo); • Recurso de fundamentação vinculada: é aquele que só pode veicular, como causa de pedir, uma matéria tipicamente prevista em lei (ex: embargos de declaração, recurso especial e extraordinário); • Recurso total: impugna toda a decisão, tudo o que poderia ser questionado; • Recurso parcial: impugna partes, capítulos da decisão. 09/02/2018 16 PRINCÍPIOS RECURSAIS • Duplo grau de jurisdição; • Taxatividade; • Unirrecorribilidade; • Fungibilidade; • Dialeticidade; e • Proibição da reformatio in pejus. Duplo grau de jurisdição Ter direito ao duplo grau de jurisdição é ter direito a um duplo juízo a respeito de determinada questão submetida ao Poder Judiciário. Corolário dos princípios gerais da justiça e segurança das decisões confere à parte o direito ao reexame da decisão proferida pelo magistrado. Princípio da taxatividade Por força do art. 22, I, da CF/88, somente a lei federal pode criar recursos, que são aqueles previstos taxativamente pelo legislador. Os recursos no sistema processual civil estão previstos no art. 994 do CPC: I. Apelação; II. Agravo de instrumento; III. Agravo interno; IV. Embargos de declaração; V. Recurso ordinário; VI. Recurso especial; VII. Recurso extraordinário; VIII. Agravo em recurso especial ou extraordinário; IX. Embargos de divergência. 09/02/2018 17 Princípio da unirrecorribilidade Para cada espécie de ato judicial há um único recurso previsto pelo ordenamento, sendo vedada a interposição simultânea de vários recursoscontra o mesmo ato judicial. Exceções: embargos de declaração, e possibilidade simultânea de recurso extraordinário e de recurso especial (arts. 1.029 e 1.030, CPC). Princípio da fungibilidade Um recurso equivocadamente interposto pode ser recebido como se fosse correto, desde que haja dúvida objetiva (razoável) sobre qual o recurso cabível. A regra da fungibilidade tem importância como meio de não prejudicar a parte que, diante de dúvida, derivada de existência de discussões doutrinárias ou jurisprudenciais a respeito do cabimento de determinado recurso, interpõe recurso que pode não ser considerado cabível. Impossível sua aplicação quando se trata de erro grosseiro. Princípio da dialeticidade • O recurso deve ser discursivo. • Normalmente é interposto em duas peças, em uma só petição. 09/02/2018 18 Princípio da reformatio in pejus O tribunal não pode piorar a situação do recorrente. Não se aplica a ideia de reforma prejudicial quando o recurso é interposto por ambos os polos do processo, pois o acolhimento de um dos recursos virá em prejuízo da outra parte recorrente. Juízo de admissibilidade É o juízo preliminar a respeito da existência do direito de recorrer e da regularidade de seu exercício. Pressupostos intrínsecos: • CABIMENTO: o recurso deve ser adequado e previsto em lei para impugnar a decisão judicial; • LEGITIMIDADE RECURSAL: podem interpor recursos as partes, o MP e terceiro prejudicado (art. 996, CPC); • INTERESSE RECURSAL: o recurso deve ser necessário para propiciar ao recorrente uma utilidade/proveito com a reforma da decisão; • INEXISTÊNCIA DE FATOS EXTINTIVOS DO DIREITO DE RECORRER: pressuposto negativo da admissibilidade recursal, sendo esse a renúncia (art. 999, CPC) ao direito de recorrer, ou a aceitação expressa ou tácita da sentença (art. 1.000, CPC) Juízo de admissibilidade Pressupostos extrínsecos: • TEMPESTIVIDADE: os recursos devem ser manejados nos prazos previstos em lei. Há prazo em dobro no processo em que há litisconsorte com advogados distintos de escritórios de advocacia distintos, nos processos físicos (art. 223, caput, CPC). • REGULARIDADE FORMAL: o recurso deve ser interposto de forma escrita, conter fundamentação e pedido de reforma (art. 1.017, CPC); • PREPARO: é o adiantamento de despesas processuais. A prova do preparo é exigida no ato da interposição do recurso (art. 1.007, CPC) – Súmulas 483 e 484 do STJ. • INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO DO DIREITO DE RECORRER: quando há a desistência e o não pagamento de algumas multas previstas em lei (arts. 1.021, §5º, 1.026, §3º, CPC). 09/02/2018 19 EFEITOS DOS RECURSOS A interposição de recursos opera diversos efeitos no plano processual, sendo esses: • devolutivo, • translativo, • suspensivo, • expansivo, • substitutivo e • obstativo. Efeito Devolutivo A interposição do recurso transfere ao órgão ad quem o conhecimento da matéria impugnada, e atribui ao juízo recursal o exame da matéria analisada na decisão recorrida e expressamente impugnada pelo recorrido. O tribunal somente pode reapreciar a decisão do juiz de primeiro grau porque o efeito devolutivo, a ele atribui o poder de reexaminar as decisões anteriormente exaradas. Efeito Translativo O efeito translativo é relacionado à matéria que compete ao Judiciário conhecer em qualquer tempo ou grau de jurisdição, ainda que sem expressa manifestação da parte, ou que não tenham sido conhecidos pelo juízo a quo. Exemplo: art. 337, CPC, à exceção da convenção de arbitragem e da incompetência relativa. 09/02/2018 20 Efeito suspensivo A interposição do recurso impede a produção imediata de efeitos da decisão recorrida. A decisão impugnada só poderá produzir efeitos depois de escoado o prazo recursal. É a regra do recurso de apelação. Efeito expansivo A decisão oriunda do julgamento do recurso pode atingir outras pessoas que não o recorrente e outros atos processuais, que não o recorrido. Exemplo: art. 1.005; art. 282, CPC. Efeito substitutivo Efeito que autoriza o magistrado a rever a decisão recorrida, e qualquer que seja seu conteúdo, a decisão do juízo ad quem substituirá a decisão do juízo a quo. “Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso”. 09/02/2018 21 Efeito obstativo A interposição do recurso, por si só, impede o trânsito em julgado da decisão, portanto, tem o condão de obstar a preclusão e a formação da coisa julgada, mantendo o processo pendente até seu julgamento. MÓDULO IV RECURSOS EM ESPÉCIE SUMÁRIO 4. Recursos em Espécie. 4.1.Apelação; 4.2.Agravo de Instrumento; 4.3.Agravo interno; 4.4.Embargos de declaração; 4.5.Recurso ordinário; 4.6.Recurso extraordinário e recurso especial; 4.7.Agravo em recurso extraordinário e em recurso especial; 4.8.Embargos de divergência. 09/02/2018 22 APELAÇÃO Preceitua o art. 1.009 do CPC que da sentença cabe apelação. Pode ter os seguintes fundamentos: • Errores in judicando (vício de julgamento): requer reforma da sentença proferida, com a substituição por nova decisão do tribunal; • Errores in procedendo (vício da forma): requer a anulação da decisão pelo tribunal. Prazo: 15 dias. Efeitos: devolutivo e suspensivo. AGRAVO DE INSTRUMENTO Cabível contra decisões interlocutórias expressamente arroladas pelo legislador (art. 1.015, CPC), e dirigido diretamente ao Tribunal. I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; XII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. AGRAVO DE INSTRUMENTO Prazo: 15 dias (art. 1.003, §5º, CPC) Peças obrigatórias: cópias da petição inicial, contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da decisão agravada, da certidão da intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade, e as procurações. Preparo: custas de porte e remessa quando devidos (art. 1.017, §1º, CPC) 09/02/2018 23 AGRAVO INTERNO O agravo interno se destina a levar determinada questão decidida pelo relator ao colegiado de que faz parte. • Prazo: 15 dias (art. 1.003, § 5º, CPC); • Dirigido ao relator ; • Admissibilidade condicionada à impugnação específica dos fundamentos da decisão agravada (art. 1.021, § 1º, CPC) AGRAVO INTERNO PROCESSAMENTO: Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. § 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá- lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. § 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno. § 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissívelou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. § 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Tem como finalidade corrigir defeitos – omissão, contradição, obscuridade e erros materiais - do ato judicial, por isso é cabível contra toda a decisão (art. 1.022, CPC). • Prazo: 5 dias • Não tem preparo; • Interrompe a contagem do prazo para interposição de outro recurso (art. 1.026, CPC); • Efeito suspensivo: art. 1.024, § 5º, CPC; 09/02/2018 24 RECURSO ORDINÁRIO É recurso dirigido ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça, tendo lugar em matérias cíveis atribuídas à competência originária de tribunais. É semelhante à apelação, sendo sua disciplina aplicável no que couber. (art. 1.013, § 3º, art. 1.027, § 2º, art. 1.028 § 3º, CPC). Art. 102, CF; Art. 105, CF; RECURSO EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL Às Cortes Supremas, STF e STJ, foram atribuídas as funções de interpretação e de precedentes do direito. Prazo: 15 dias (art. 1.003, § 5º, CPC) Exige prévio esgotamento das instâncias ordinária. Pressupõem a preclusão consumativa quanto aos recursos cabíveis nas instâncias inferiores. Finalidade: manter a integridade da legislação. Súmula 281 STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. Súmula 207 STJ: “É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: I - a exposição do fato e do direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. 09/02/2018 25 RECURSO ESPECIAL RECURSO EXTRAORDINÁRIO FINALIDADE Manter a integridade da legislação infraconstitucional Manter a integridade das normas constitucionais CABIMENTO É espécie recursal cabível para impugnar decisões proferidas por Tribunal Regional Federal ou Tribunal de Justiça que: a) Contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência; b) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) Der a lei federal interpretação divergente da que haja atribuído outro tribunal. É o recurso cabível para impugnar as decisões proferidas em única ou última instância que: a) Contrariar dispositivo da Constituição Federal; b) Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição. PESQUESTIONA MENTO A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito de presquestionamento (Súmula 320, STF) O ponto omisso, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar requisito do prequestionamento (Súmula 356, STF). RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL Não são vocacionados à correção da injustiça do julgado recorrido. Súmula 279 STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” Súmula 454 STF: “Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a REx.” Súmula 5 STJ: “A simples interpretação de cláusula contratual não enseja REsp.” Súmula 7 STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja Resp. AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EM RECURSO ESPECIAL O juízo de admissibilidade do recurso extraordinário e do recurso especial no novo Código de Processo Civil é realizado em regra apenas no STF e no STJ (art. 1.030, parágrafo único). Portanto, o eventual não conhecimento do recurso, por decisão do relator, é suscetível de agravo interno (art. 1.020). Quando o juízo de admissibilidade do recurso extraordinário ou do recurso especial se defere ao presidente ou ao vice- presidente do tribunal local, nos casos de julgamento fundado na sistemática da inexistência de repercussão geral e de recursos repetitivos, o recurso cabível do não conhecimento do recurso e do não reconhecimento da intempestividade recursal é o recurso de agravo em recurso extraordinário ou agravo em recurso especial (art. 1.042 e ss.) 09/02/2018 26 AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EM RECURSO ESPECIAL CABIMENTO: Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão de presidente ou de vice-presidente do tribunal que: I - indeferir pedido formulado com base no art. 1.035, § 6o, ou no art. 1.036, § 2o, de inadmissão de recurso especial ou extraordinário intempestivo; II - inadmitir, com base no art. 1.040, inciso I, recurso especial ou extraordinário sob o fundamento de que o acórdão recorrido coincide com a orientação do tribunal superior; III - inadmitir recurso extraordinário, com base no art. 1.035, § 8o, ou no art. 1.039, parágrafo único, sob o fundamento de que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inexistência de repercussão geral da questão constitucional discutida. AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EM RECURSO ESPECIAL Prazo: 15 dias (art. 1.003, § 5º, CPC); Petição dirigida ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem; Preparo: interposição independe de pagamento de custas e despesas postais (art. 1.042, § 2º, CPC); Razões recursais: deve ser demonstrado expressamente, sob pena de não conhecimento: I - a intempestividade do recurso especial ou extraordinário sobrestado, quando o recurso fundar-se na hipótese do inciso I do caput deste artigo; II - a existência de distinção entre o caso em análise e o precedente invocado, quando a inadmissão do recurso: a) especial ou extraordinário fundar-se em entendimento firmado em julgamento de recurso repetitivo por tribunal superior; b) extraordinário fundar-se em decisão anterior do Supremo Tribunal Federal de inexistência de repercussão geral da questão constitucional discutida. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Decisões divergentes, em uma corte de interpretação e de precedentes (STF ou STJ) atribuem significados ao direito, decorrentes de diferentes bases teóricas, ideológicas ou dogmáticas, e não podem ser compreendidas como “certas ou erradas”. Por isso, os embargos de divergência, no entender de Marinoni, só terão sentido a partir do momento em que houver reconstrução discursiva dos casos e decisões interpretativas divergentes, tendo o colegiado obrigação de analisar as diferentes interpretações. 09/02/2018 27 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CABIMENTO: Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que: I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; II - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, relativos ao juízo de admissibilidade; III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia; IV - nos processos de competência originária, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA • Procedimento: estabelecido no regimento interno do STF ou do STJ; • A interposição interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário;• É vedada a inadmissão do recurso com base em fundamento genérico (art. 1.043, § 5º, CPC); MÓDULO V PROCESSO NOS TRIBUNAIS 09/02/2018 28 SUMÁRIO 5. Processo nos Tribunais: 5.1. Ordem dos processos nos tribunais; 5.2. Incidentes recursais; 5.2.1. incidente de assunção de competência; 5.2.2. incidente de arguição de inconstitucionalidade; 5.2.3. incidente de conflito de competência; 5.2.4. incidente de resolução de demandas repetitivas 5.3. Ações de competência originária dos tribunais: 5.3.1. Homologação de decisão estrangeira; 5.3.2. Ação rescisória; 5.3.3. Ação anulatória de ato processual; 5.3.4. Ação de querela nullitatis insanabilis; 5.3.5. Reclamação. ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS A ordem do processo nos tribunais indica o procedimento que deve ser seguido para o julgamento de recursos, incidentes recursais e ações originárias nos tribunais. Registro e distribuição: • Realizado de acordo com o regimento interno de cada corte, observando a publicidade, o sorteio eletrônico e a aleatoriedade (art. 930, CPC); • Torna prevento o juízo (art. 59, CPC); • Os autos serão conclusos ao relator, imediatamente após a distribuição; • O relator tem o prazo de 30 dias para elaborar o voto e restituí-los à secretaria (art. 931, CPC); ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS Poderes do relator: (Art. 932 CPC) I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. 09/02/2018 29 ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS Julgamento colegiado: • A sessão deve ser publicada na pauta do órgão oficial (art. 934, CPC); • Julgamentos que não admitem sustentação oral se realizarão por meio eletrônico (art. 945); • Os julgamento obedecerão a ordem do art. 936; • O agravo de instrumento será julgado antes da apelação, se interposta no mesmo processo (art. 946); • Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um (art. 937); • Havendo necessidade de produção de prova, o relator converterá o julgamento em diligência; • Qualquer julgamento não unânime pode ter o quórum de julgadores ampliado (art. 942), (não se aplica à decisão incidente de assunção de competência, resolução de demandas repetitivas, remessa necessária, e à decisão não unânime proferida pelo plenário ou pelo órgão especial dos tribunais); • Votos e acórdãos serão publicados no prazo de 10 dias, contado do 1º dia útil subsequente à lavratura do acórdão (art. 943, § 2º). Incidente de assunção de competência Trata-se de atribuição de competência para o julgamento colegiado mais representativo no tribunal, sempre que o julgamento de recurso de reexame necessário ou de causa sujeita à competência originária do tribunal tratar de questão de direito relevante ou com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. O objetivo é evitar a divergência entre órgãos do tribunal, de modo a tonar uniforme a aplicação do direito no âmbito da corte (art. 947, 4º§, CPC), e impor jurisprudência a todos os juízes sujeitos à competência do tribunal, para orientá-los a respeito da interpretação do direito e da posição da Corte, ou prevenir divergência sobre alguma questão de direito. O controle de constitucionalidade pode ser realizada pela via direta (por ação específica voltada a declarar inconstitucional certo e preceito de lei ou ato normativo), por via incidental (indiretamente, no exame do caso concreto). O incidente aplica-se ao reconhecimento indireto de inconstitucionalidade, ou seja, no controle difuso de inconstitucionalidade, e deve ser formado sempre antes de concluído o julgamento do recurso, ou da ação originária, pelo colegiado. O incidente pode ser provocado: • Pelo magistrado incumbindo de julgar a causa; • Pelo Ministério Público – seja parte ou custus legis; • Pelas partes; Incidente de assunção de inconstitucionalidade 09/02/2018 30 Incidente de conflito de competência Trata-se de incidente para a resolução do desacordo da distribuição de competência entre mais de um órgão jurisdicional. Razões para instauração do incidente (art. 66, CPC): I. 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes; II. 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competência; III. entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Iniciativa para a instauração: I. Das partes; II. Ministério Público – por petição; III. Ex officio – por ofício (art. 951, CPC); • Exame do incidente: caberá ao tribunal de maior hierarquia em relação aos órgãos envolvidos; • O processo ficará paralisado em caso de incidente de conflito positivo. Havendo medidas urgentes, será designado outro magistrado para resolvê-las provisoriamente. Incidente de resolução de demandas repetitivas Trata-se de técnica de uniformização da aplicação do Direito, quando há várias demandas de sujeitos diversos, mas com a mesma questão de direito posta para exame do Poder Judiciário (art. 976, CPC), a qual pode gerar risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. Previsão legal: arts. 976 a 987, CPC. REQUISITOS: • Pendência de questão de direito à análise do tribunal; • Efetiva multiplicação de processos com a mesma questão de direito, e que possa comprometer a isonomia e a segurança jurídica (art. 976, II, CPC); • A questão controvertida deve ser a mesma e unicamente sobre matéria de direito; • Os fatos devem ser sempre incontroversos; • Não se admite se o STF ou STJ já houver afetado recurso para decidir a orientação adequada sobre a interpretação do direito material ou processual (art. 976, § 4º, CPC); Incidente de resolução de demandas repetitivas Instauração (art. 977): I. pelo juiz ou relator, por ofício; II. pelas partes, por petição; III. pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. Admissão (art. 978): Compete ao órgão colegiado a quem é atribuído o julgamento, na forma do regimento interno do tribunal e no art. 978. Julgamento (art. 978): Cabe ao órgão indicadopelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal. 09/02/2018 31 Incidente de resolução de demandas repetitivas Efeitos: Serão suspensos todos os processos individuais ou coletivos em que se debata exclusivamente a questão de direito a ser examinada, no território de abrangência do tribunal (estado ou região), pelo prazo de até um ano (art. 980); Decisão: A tese fixada será aplicada os processos individuais e coletivos que tratem da matéria decidida, e que tramitem na área de abrangência do tribunal, e aos casos futuros, até que se revise a questão; Recurso: • Cabível o recurso especial e/ou extraordinário; • São dotados de efeito suspensivo; • É presumida a repercussão geral do recurso (art. 987, § 1º, CPC); • Poderão ser interpostos por qualquer sujeito indicado nos arts. 977, II e III, 983 e 982, I, do CPC. AÇÕES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIAS DOS TRIBUNAIS São ações de competência originária dos tribunais: • Homologação de decisão estrangeira; • Ação rescisória; • Ação anulatória de ato processual; • Ação de querela nullitatis insanabilis; • Reclamação. Homologação de decisão estrangeira O objetivo desta ação de homologação é aferir a possibilidade da decisão estrangeira de produzir efeitos dentro da ordem jurídica nacional. Espécies de decisões estrangeiras: • Sentenças, acórdãos, decisões interlocutórias, laudos arbitrais (art. 960, caput, § § 1º e 3º, CPC), e qualquer decisão que possa servir como título executivo judicial, diante da lei brasileira. 09/02/2018 32 Homologação de decisão estrangeira Requisitos (art. 936, CPC); • ser proferida por autoridade competente; • ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; • ser eficaz no país em que foi proferida; • não ofender a coisa julgada brasileira; • estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado; • não conter manifesta ofensa à ordem pública. Homologação de decisão estrangeira • Dispensa da homologação: sentença estrangeira de divórcio consensual (art. 961, § 5º, CPC); • Vedação da homologação: no caso de a jurisdição ser exclusiva da autoridade brasileira (art. 23, CPC); • O cumprimento da sentença de natureza mandamental, executiva ou condenatória será feita perante a Justiça Federal (art. 109, X, CF); • O cumprimento de sentença será feito nos moldes da técnica executiva do CPC. Ação rescisória A ação rescisória é instrumento de rescisão da decisão transitada em julgado, através de sua reapreciação, em situações excepcionais, quando a coisa julgada representa injustiça grave e ofensiva. Seu objetivo é desconstituir a coisa julgada. 09/02/2018 33 Ação rescisória Cabimento (art. 966, CPC): I. se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II. for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III. resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV. ofender a coisa julgada; V. violar manifestamente norma jurídica; VI. for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII. obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII. for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Ação rescisória Pressupostos: • Decisão que efetivamente aprecie o mérito da demanda, acolhendo ou rejeitando no todo ou em parte, o pedido formulado (art. 966); • Ocorrência de coisa julgada em função da preclusão; • Presença de uma das causa apontadas no art. 966; • Não exaurimento do prazo previsto para ação rescisória (art. 966, § 3º); Ação rescisória LEGITIMIDADE: parte prejudicada ou seu sucessor, terceiro interessado ou o Ministério Público (art. 967); PRAZO PARA PROPOSITURA: 2 anos a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975); PETIÇÃO: elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319. Nas hipóteses em que não é suficiente a rescisão, deve ser cumulado, obrigatoriamente, o pedido de novo julgamento (art. 968); DEPÓSITO PRÉVIO: cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente (não exigido para os entes federativos e suas respectivas autarquias e fundações de Direito Público, ao MP, à Defensoria, e aos beneficiários da gratuidade de justiça); COMPETÊNCIA: do tribunal hierarquicamente superior ao juízo prolator do julgamento rescindendo. Endereçamento equivocado: o autor será intimado para emendar a petição inicial (art. 968, § 6º, CPC); ANTECIPAÇÃO DE TUTELA: possível para suspender os efeitos da sentença; RECURSO: cabível os embargos de declaração, ou recurso especial ou extraordinário, obedecidos os seus pressupostos; 09/02/2018 34 Ação anulatória de ato processual A ação visa a anulação de um ato processual da parte praticado em juízo, sobre os quais não operam a coisa julgada. Estão sujeitos à anulação os atos de disposição de direitos praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, nos termos da lei (art. 966, § 4º, CPC); Ação anulatória de ato processual • PRAZO PARA PROPOSITURA: são os mesmos prazos decadenciais previstos no direito material; • COMPETÊNCIA: juízo de primeiro grau em que tramita ou tramitou o processo no qual o ato que ser desconstituir foi praticado (art. 61, CPC); • Segue o procedimento comum; • Não suspende a eficácia de decisão judicial que homologou o ato (art. 969), salvo se requerida a suspensão em sede de tutela provisória; • Julgado procedente o pedido de anulação, o processo deve ser retomado do exato momento que ocorreu o ato anulado. Ação de querela nullitatis insanabilis A ação declaratória de inexistência de coisa julgada, tem por finalidade o desfazimento de sentenças eivadas de errores in procedendo. • Tem como pressuposto a inexistência do processo ou do ato sentencial; • Segue o procedimento comum; • CABIMENTO: em situações que falte pressuposto processual de existência; • COMPETÊNCIA: juízo de primeiro grau; • PRAZO PARA AJUIZAMENTO: em qualquer momento do processo; • Há possibilidade de suspensão da eficácia do julgado, mediante pedido de tutela antecipada; 09/02/2018 35 Reclamação É mecanismo de garantia da eficácia de determinadas decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. CABIMENTO: Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I. preservar a competência do tribunal; II. garantir a autoridade das decisões do tribunal; III. garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV. garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Reclamação PROCESSAMENTO: • Propositura: perante qualquer tribunal; • Julgamento: compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou autoridade se pretenda garantir; • Dirigida ao presidente do tribunal; • Legitimidade: qualquer interessado; ATOS DO RELATOR, AO DESPACHAR A RECLAMAÇÃO: I. requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II. se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar danoirreparável; III. determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação. Julgada procedente, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia e, imediato cumprimento da decisão (arts. 992 e 993, CPC); MÓDULO VI PRECEDENTE JUDICIAL 09/02/2018 36 SUMÁRIO 6. Precedente Judicial; 6.1. Noções fundamentais; 6.2. Espécies de decisão e precedente; 6.3. Eficácia jurídica do precedente; 6.4. Efeitos dos precedentes; 6.5. Precedentes obrigatórios no direito; 6.5.1.Classificação pelo procedimento de formação; 6.6. Deveres dos tribunais relacionados aos sistemas de precedentes judiciais; 6.7. A dinâmica do precedente; 6.8. A súmula vinculante. NOÇÕES FUNDAMENTAIS A doutrina e o novo Código de Processo Civil concluiu que a decisão judicial não é somente um meio de solução de determinado caso concreto, mas também um meio para a promoção da unidade do direito. Assim, o direito brasileiro contemporâneo aproxima-se das tradições do civil law e common law. NOÇÕES FUNDAMENTAIS Nesse sentido, refere o artigo 926 do CPC que “os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente: § 1º na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante; § 2º ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação”. 09/02/2018 37 NOÇÕES FUNDAMENTAIS O precedente, em sentido lato, é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo elemento normativo pode servir como diretriz para o julgamento de um caso concreto (Fredie Didier Jr.). Em sentido estrito, o precedente pode ser definido como sendo a própria ratio decidendi – fundamentos jurídicos que sustentam a decisão (holding no direito norte-americano). De acordo com Cruz e Tucci “todo precedente é composto de duas partes distintas: a) as circunstâncias de fato que embasam a controvérsia; e b) a tese ou princípio jurídico assentado na motivação (ratio decidendi) do provimento decisório”. NOÇÕES FUNDAMENTAIS Precedente é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento posterior em casos análogos. É composto das circunstâncias de fato que embasam a controvérsia, bem como da tese ou princípio jurídico assentado na motivação do provimento decisório. (Fredie Didier Jr.) O que forma o precedente é apenas a razão de decidir do julgado, a sua ratio decidendi. Em outras palavras, os fundamentos que sustentam os pilares de uma decisão é que podem ser invocados em julgamentos posteriores. As circunstâncias de fato que deram embasamento à controvérsia e que fazem parte do julgado não têm o condão de tornar obrigatória ou persuasiva a norma criada para o caso concreto¹. ¹(TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente Judicial como Fonte do Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 14). ESPÉCIES DE DECISÃO E PRECEDENTE Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 09/02/2018 38 ESPÉCIES DE DECISÃO E PRECEDENTE • Precedentes vinculantes: visa a edição de enunciados de súmulas; proferidos pelo STF em controle concentrado de constitucionalidade, em incidente de assunção de competência, em resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recurso extraordinário e especial repetitivos; • Precedentes impeditivos: são os precedentes judiciais vinculantes que possuem a finalidade específica de impedir a apreciação de demanda, a revisão de decisões ou a remessa necessária; • Precedentes permissivos: visam garantir a apreciação de demanda, a revisão de decisão judicial ou a remessa necessária; • Precedentes persuasivos: proferidos pelos juízes de primeiro grau, pelos tribunais estaduais e federais fora das hipóteses em que os referidos tribunais produzem precedentes vinculantes. EFEITOS DO PRECEDENTE Efeito persuasivo: é um efeito mínimo do precedente, o de convencer o julgador. Nesse sentido, por exemplo, quanto mais elevado hierarquicamente o órgão prolator, maior será sua força persuasiva. É um indício de uma solução razoável e socialmente adequada, podendo ser observado no art. 285-A, do incidente previsto no art. 476 a 479, dos embargos de divergência (art. 546), bem como do recurso especial por dissídio jurisprudencial (art. 105, III, “c” da CR/88); Efeito vinculante: alguns precedentes vinculam e, obrigatoriamente, devem ser observados, pois ostentam uma eficácia normativa. No sistema da common law essa é a regra. As súmulas vinculantes, produzidas pelo STF (art. 103-A da CR/88), de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Observe-se que a súmula vinculante determina não só a norma geral do caso concreto, como impedem também o recurso. EFEITOS DO PRECEDENTE Efeito impeditivo ou obstativo da revisão das decisões: existem precedentes que, se observados, impedem sua discussão através de recurso, como as súmulas do STJ ou do STF (art. 518, §1º do CPC), impedir o reexame necessário (art. 475, §3º do CPC), impedir a revisão da matéria recursal, como se extrai do art. 557 do CPC; Efeito autorizante: quando é determinante para a admissão ou acolhimento de ato postulatório (como recurso, demanda ou incidente processual). Repercutem no acolhimento de postulações, por exemplo: a existência de tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante”, ao autorizar a concessão de tutela de evidência documentada (art. 311, II, CPC); o precedente ou enunciado de súmula contrariados pela decisão recorrida; Efeito rescindente ou deseficacizante: tem aptidão para rescindir ou retirar a eficácia de decisão judicial transitada em julgado. Por exemplo: no caso dos § § 12, 13 e 14 do art. 525, e dos § § 5º, 6º e 7º do art. 535, que reputam inexigível decisão que se lastreie em lei ou em ato normativo tidos como inconstitucional pelo STF. 09/02/2018 39 PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS NO DIREITO BRASILEIRO Rol exemplificativo de precedentes obrigatórios: Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I. as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II. os enunciados de súmula vinculante; III. os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV. os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V. a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Outros precedentes: aquele cujo entendimento é consolidado na súmula de cada um dos tribunais (ainda que não seja tribunal superior), tem força obrigatória em relação ao próprio tribunal e aos juízes a ele vinculados. CLASSIFICAÇÃO DO PRECEDENTE PELO PROCEDIMENTODE FORMAÇÃO Precedente oriundos de decisões em controle concentrado de constitucionalidade feito pelo Supremo Tribunal Federal Na forma do art. 927 os juízes e os tribunais deverão observar as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade. Confere força obrigatória aos precedentes do STF, produzidos em processo de controle concentrado de constitucionalidade; 09/02/2018 40 Precedentes cuja ratio decidendi foi enunciada em súmula Estabelece o art. 927, II e IV do CPC que os juízes e tribunais devem observar os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional, inclusive enunciado do STJ em matéria infraconstitucional, reafirmando a força obrigatória da súmula vinculante. Precedentes produzidos por incidente em julgamento de tribunal Estabelece o art. 927, II, CPC, que os juízes e tribunais deverão observar “os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos”. Nesses casos, há previsão de incidente processual para elaboração de precedente obrigatório. O contraditório é ampliado com audiências públicas e participação do amicus curiae (arts. 138; 927, § 2º; 983; 1038, I e II, do CPC). Precedentes oriundos do plenário ou do órgão especial Prescreve o art. 927, V, CPC, que os juízes e tribunais devem seguir “a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados”. • Vinculação interna: dos membros e órgãos fracionários de um tribunal aos precedentes provenientes de seu plenário ou órgão especial. • Vinculação externa: dos demais órgãos de instância inferior aos precedentes do plenário ou órgão especial do tribunal a que estiverem submetidos. 09/02/2018 41 Deveres dos tribunais relacionados aos sistemas de precedentes judiciais • Dever de uniformização da jurisprudência; • Dever de manter a jurisprudência estável; • Dever de dar publicidade aos precedentes; • Dever de coerência e dever de integridade; SÚMULA VINCULANTE Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) SÚMULA VINCULANTE • Efeito vinculante: opera-se a partir da publicação do enunciado do Diário Oficial da Justiça e da União (art. 2º, § 4º, Lei n. 11.417/2006); • Restrição: pelo STF (art. 4º, Lei n. 11.417/2006); • Objeto: matéria constitucional sobre a qual haja controvérsia nos órgãos judiciários. • Competência: para editar é somente o STF, os outros tribunais podem propor a sua edição; • Revisão ou cancelamento: em caso de revogação ou modificação da lei, ou do entendimento, por exemplo; • Iniciativa: por provocação dos legitimados da ação direta de inconstitucionalidade (art. 3º, Lei 11.417/2006); • Procedimento: Resolução n. 381/2008 e 388/2008;
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