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Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 1 Teoria Geral dos Direitos Fundamentais: 1.0) Teoria Geral: 1.1- Evolução Histórica: - Magna Carta Inglesa de 1215 -Declaração de Virginia de 1776 - Declaração dos Direitos dos Homem e do Cidadão: 1789 1.2- Diferença entre Direitos e Garantias: Direitos Fundamentais: são os bens em si mesmo considerados, possuem natureza declaratória, cujo objetivo consiste em RECONHECER, NO PLANO JURÍDICO, a existência de uma prerrogativa fundamental do cidadão. Garantias: são os instrumentos de proteção e defesa dos Direitos Fundmentais. As garantias possibilitam que cada cidadão faça valer, frente ao Estado os seus direitos fundamentais.. RESUMINDO: as garantias fundamentais asseguram ao individuo a possibilidade de exigir dos Poderes Públicos o respeito ao direito que instrumentalizam. 1.3- Conceito de Direitos Fundamentais: Conjunto de direitos e garantias do ser humano, inscritos em textos normativos de cada Estado, que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o abuso do poder do Estado e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana. (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino) Os direitos fundamentais são direitos humanos positivados na Constituição que, em maior ou menor grau, visam concretizar a dignidade humana, através de normas que prevêem aos cidadãos prerrogativas, faculdades, e instituições Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 2 imprescindíveis a assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna de todas as pessoas. 1.3- Positivação dos Direitos Fundamentais: Art. 5º, § 2º , da CF/88 1.4- Características dos direitos fundamentais: a) Históricos: são criados num contexto histórico emergem progressivamente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e, posteriormente, quando colocados na Constituição, se tornam Direitos Fundamentais; b)Universalidade: por serem imprescindíveis a convivência e existência digna, os direitos fundamentais destinam-se a todos os seres humanos. c) Inalienáveis: os direitos fundamentais são intransferíveis e inegociáveis já que não se encontram a disposição de seu titular, pois que são desprovidos de conteúdo econômico-patrimonial, e por isso não podem ser negociados, nem vendidos; d) Imprescritíveis: os direitos fundamentais não desaparecem pelo decurso do tempo, não perdem a validade, não prescrevem. e) Irrenunciáveis: o titular dos direitos fundamentais não pode dispor destes, não podemos renunciá-los de forma alguma; - Exceção: o constitucionalismo moderno admite, diante de um caso concreto a renuncia temporária (não pode ser geral, e nem infinitamente) e excepcional a direito fundamental. f) Inviolabilidade: impossibilidade de sua não observância por disposições infraconstitucionais ou por ato de autoridades públicas. g) Limitabilidade: Não há direitos fundamentais absolutos. São, em essência, direitos relativos e, conseqüentemente limitáveis, sempre que o exercício de um direito limitar o exercício de outro. Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 3 - colisão entre direitos fundamentais: não existe hierarquia entre os direitos fundamentais, o intérprete nesses casos deverá fazer um juízo ponderação, através de um juízo de proporcionalidade entre os valores em disputa no caso concreto, num esforço de harmonização, de forma a combinar os bens jurídicos em conflito para que não acarrete o sacrifício definitivo de algum deles. Não existe um critério para a solução de colisão entre valores constitucionais que seja válido em termos abstratos, o conflito só pode ser resolvido a partir da análise das peculiaridades do caso concreto. h) Proibição de retrocesso: os direitos fundamentais, uma vez reconhecidos, não podem ser suprimidos, abolidos ou enfraquecidos. No plano normativo impede a revogação das normas que consagram direitos fundamentais ou a substituição destas por outras menos generosas. - Direitos Fundamentais como clausula pétrea: Artigo 60, § 4º, inciso IV da nossa Constituição, estes direitos são cláusulas pétreas, ou seja, não podem ser alterados, excluídos, ou rejeitados de nosso ordenamento jurídico. 1.5- Classificação : a) Direitos de primeira geração: realçam o principio da liberdade. São os direitos civis e políticos reconhecidos nas Revoluções Francesas e americanas. Caracterizam por impor ao Estado um dever de abstenção, de não fazer, de não interferir nas liberdades individuais. Surgiram no final do século XVIII como uma reposta do Estado Liberal ao Estado absoluto. São referidos como direitos negativos, direitos de defesa do individuo frente ao Estado. São exemplos: o direito a vida, à propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de domicilio, entre outros. b) Direitos de segunda geração: são aqueles direitos que asseguram a igualdade (material) entre os homens. Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 4 São os direitos econômicos, culturais e sociais, responsáveis pela passagem do Estado Liberal (de cunho individualista) para o Estado Social (que visava a igualdade). Correspondem aos direitos que exigem do Estado uma prestação positiva, prestações sociais, de implementação de políticas e serviços públicos. c) Direitos de terceira geração: consagram os princípios da solidariedade e da fraternidade. São atribuídos a todas as formações sociais protegendo interesses de titularidade coletiva ou difusa. São exemplos: os direitos ao meio ambiente, a defesa do consumidor, a paz, ao progresso e desenvolvimento, entre outros. OBS: REVOLUÇÃO FRANCESA: liberdade, igualdade e fraternidade. OBS 2: A INFLUENCIA DE UMA GERAÇÃO SOBRE OUTRA: vale ressaltar que os direitos integrantes de uma geração ganham outra dimensão, novo conteúdo e alcance com o surgimento de uma geração sucessiva. OBS 3: Muito se discute sobre o reconhecimento de uma quarta geração de direitos fundamentais, há autores que se referem ate mesmo a surgimento de uma quinta geração, entretanto, não há consenso entre os constitucionalistas quanto aos bens protegidos por essa nova geração de direitos fundamentais. Paulo Bonavides, por exemplo, coloca o direito à democracia, à informação, ao pluralismo jurídico. Já para o Prof. Noberto Bobbio a quarta dimensão depende dos avanços da engenharia genética que colocam em risco a própria existência humana pela manipulação do patrimônio genético. Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 5 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Gerações Século Bens Tutelados PrimeiraGeração Final do Sec. XVIII, Estado Liberal Direitos Negativos Liberdades Direitos Civis e Políticos Segunda Geração Inicio o Século XX, Estado Social Direitos Positivos Igualdade Direitos Sociais, Econômicos e Culturais Terceira Geração Século XX, Estado Democrático de Direito. Fraternidade Direito ao Meio ambiente, a defesa do consumidor, ao Progresso. 1.6)– Destinatários dos Direitos Fundamentais: art. 5º, caput, da CF/88. A) Direitos Fundamentais e pessoa jurídica: As pessoas jurídicas também podem ser consideradas titulares de direitos fundamentais. B) Direitos Fundamentais e Estrangeiros: 1.7 – Relações privadas: eficácia horizontal dos direitos fundamentais: Precedentes do STF neste sentido: RE 158.215/RS foi reconhecida como obrigatória a observância do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório no caso de exclusão compulsória de associado de uma cooperativa; RE 161.243/DF a Tribunal não admitiu que a invocação do princípio da autonomia fosse argumento legítimo para discriminar nacionais de estrangeiros quanto a percepção de benefícios previstos no estatuto do pessoal de determinada pessoa Direitos Fundamentais - Faculdade de Direito - Unip Prof. Ms. Marcelle Barbosa - marcellebarbosa22@yahoo.com.br – 08/2014 6 jurídica (uma empresa privada francesa, instalada no Brasil, que concedia determinados beneficio aos seus empregados de origem francesa e recusava-os aos brasileiros) . Afirmou o STF que a discriminação se baseia em atributo, qualidade, como o sexo, a raça, a nacionalidade, é inconstitucional por ofensa ao principio da igualdade, sendo vedada sua prática mesmo que por uma empresa privada. 1.8- Restrições Legais: reserva legal simples e reservas legais qualificadas As restrições ao exercício dos direitos fundamentais podem ser classificadas em: A) Reserva Legal simples: ocorre quando a Constituição limita-se a estabelecer que eventual restrição do legislador ordinário seja prevista em lei. B)Reserva legal qualificada: ocorre quando a Constituição além de exigir que a restrição seja prevista em lei, estabelece as condições ou fins que devem ser perseguidos pela norma restritiva. - Teoria dos Limites: os direitos e garantias individuais não são passiveis de ilimitada restrição, as restrições impostas pelo legislador ordinário devem se atentar ao principio da razoabilidade, proporcionalidade e proibição de excesso, que impõem ao legislador o dever de não estabelecer limitações inadequadas, desnecessárias ou desproporcionais aos direitos fundamentais. 1.9)Aplicabilidade Imediata: art. 5º, §1º, CF/88 1.10) Restrições e suspensões admitidas constitucionalmente: Estado de Defesa e Estado de Sítio. Art. 136 CF/88, Art. 137 e 139 da CF/88
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