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GESTÃO DE ÁGUA E 
SANEAMENTO 
 
Autores: 
Prof. Daniel Fernandes Novaes Pimenta 
[professordanielpimenta@gmail.com] 
Prof.(a) Paula Afonso de Oliveira 
Pimenta [ambiental.paula@gmail.com] 
 
Poços de Caldas – Minas Gerais 
2016 
 
NATUREZA
ÁGUA
VIDA
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 1 
 
Sumário 
Aula 1 – Água e seus usos múltiplos ............................................................................................. 2 
Tema 1.1 – Distribuição das águas e seus usos múltiplos ......................................................... 2 
Tema 1.2 – Bacia Hidrográfica ................................................................................................... 7 
Aula 2 – Características das águas naturais ................................................................................ 12 
Tema 2.1 – Características químicas das águas naturais ........................................................ 12 
Tema 2.2 – Características físicas e biológicas das águas naturais ......................................... 16 
Aula 3 – Poluição e contaminação dos mananciais..................................................................... 20 
Tema 3.1 – Poluição das águas ............................................................................................... 20 
Tema 3.2 – Autodepuração dos cursos d’água e IQA ............................................................. 25 
Aula 4 – Gestão de Recursos Hídricos ......................................................................................... 31 
Tema 4.1 – Gestão de Recursos Hídricos e a PNRH ................................................................ 31 
Tema 4.2 – Gestão de Recursos Hídricos e o SNGRH .............................................................. 35 
Aula 5 – Instrumentos de gestão ................................................................................................ 39 
Tema 5.1 – Plano de Recursos Hídricos e Enquadramento de corpos d’água ........................ 39 
Tema 5.2 – Outorga e Cobrança pelo uso da água ................................................................. 44 
Aula 6 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas rurais........................................................... 48 
Tema 6.1 – Práticas Conservacionistas ................................................................................... 48 
Tema 6.2 – Serviços Ambientais: Água ................................................................................... 53 
Aula 7 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas urbanas ....................................................... 57 
Tema 7.1 – Urbanização e Recursos Hídricos ......................................................................... 57 
Tema 7.2 – Drenagem Urbana ................................................................................................ 61 
Aula 8 – Saneamento básico – Parte I ......................................................................................... 66 
Tema 8.1 – Introdução ao saneamento básico ....................................................................... 66 
Tema 8.2 – Princípios do tratamento de águas residuárias. ................................................... 69 
Aula 9 – Saneamento básico – Parte II ........................................................................................ 74 
Tema 9.1 – Abastecimento de água: Tecnologias de tratamento. ......................................... 74 
Tema 9.2 – Abastecimento de água: Consumo, Adução, Reservação e Distribuição ............. 78 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................. 82 
SAIBA MAIS .................................................................................................................................. 93 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 2 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 1 – Água e seus usos múltiplos 
Tema 1.1 – Distribuição das águas e seus usos múltiplos 
Caro estudante, é com muita satisfação e prazer que lhe convido para iniciarmos essa 
disciplina, Gestão de Água e Saneamento. Vamos começar citando o saudoso poeta 
mineiro, Guimarães Rosa: 
“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: 
só tem valor quando acaba” 
Guimarães Rosa 
 
Abriremos essa disciplina com essas sabias palavras, e a partir de agora vamos começar 
a construir os argumentos e contra-argumentos necessários para discutirmos esse tema 
tão importante: ÁGUA. 
Então vamos começar! 
Nossa primeira aula versará sobre o Tema 1.1 – Distribuição das águas e seus usos 
múltiplos – e tem como objetivo apresentar-lhe alguns temas que são fundamentais para 
a gestão das águas: 
• Distribuição da água no Planeta 
• Ciclo hidrológico 
• Usos múltiplos da água 
• Situação hídrica do Brasil 
• Escassez hídrica 
Para começarmos nossas discussões sobre o gerenciamento, a organização, a 
administração e o uso racional da água, vamos definir o que é água e o que é recurso 
hídrico, vamos conhecer o modo como a água está distribuída no planeta Terra e avaliar 
como a humanidade tem utilizado esse recurso. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 3 
 
O que é água? 
O termo água refere-se, via de regra, ao mineral ou elemento natural, constituído por duas 
moléculas de hidrogênio e uma molécula de oxigênio (H20), que é encontrado em seu 
estado líquido a temperatura ambiente e apresenta uma série de propriedades específicas 
e extraordinárias, como elevado calor específico (1,0 cal/g.ºC), baixa viscosidade, tensão 
superficial, e principalmente uma elevada capacidade de dissolução de inúmeras 
substâncias químicas e gases (LIBÂNIO, 2010). Desse modo, podemos dizer que água 
“pura” é um conceito hipotético, uma vez que a água apresenta elevada capacidade de 
dissolução e transporte e, em seu percurso, superficial ou subterrâneo, pode incorporar 
um grande número de substâncias. 
Onde está a água? 
Nada está parado, tudo está em movimento, os planetas estão se movendo, as placas 
tectônicas também. E a água, onde está? Está nas profundezas do solo, na atmosfera, nos 
oceanos, na superfície, está sempre em movimento cíclico, no ciclo hidrológico. 
Definindo: 
Ciclo hidrológico: Processo natural de circulação da água na terra, onde o sol é fonte 
primária de energia e “motor” de todo o processo (Figura 1). 
 
Figura 1 – Ciclo Hidrológico. Fonte: FINOTTI et al, 2009. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 4 
 
A maior parte da água do planeta encontra-se nos oceanos, que contém 97,5% de toda a 
água existente no globo, sendo, portanto, água salgada. Os 2,5% restantes, são de água 
doce, com baixa salinidade. Sabemos também, que aproximadamente 75% das superfícies 
do nosso planeta são ocupadas por água, no entanto, uma pequena parcela desse todo está 
disponível para os seres humanos. 
É sabido que menos de 1% de toda a água do planeta está prontamente disponível para os 
seres humanos, pois uma grande parte está nos oceanos e outra parcela significativa de 
água doce está congelada e inacessível nas calotas polares. 
Começamos então a fazer algumas inferências: 
Sabendo que temos pouca água disponível, começamos, então, a pensar a gestão de águas 
não só pela ótica da hidrologia, que é a ciência que trata da água na terra, mas também 
pela ótica da economia, que é a ciência que estuda relações entre a demanda e o consumo 
dos recursos. 
Observe que agora utilizamos a palavra recurso, surge, então, o próximo questionamento. 
O que é recurso hídrico? 
Quando há abundância de água, ela pode ser tratada como bem livre, sem valor 
econômico, entretanto, com o crescimento da demanda começam a surgir conflitosentre 
usos e usuários da água que passa a ser escassa, precisando, então, ser gerida como bem 
econômico. 
Neste cenário passamos a considerar que a água é um bem de domínio público e um 
recurso natural limitado, dotado de valor econômico, como regulamentado pela lei federal 
9433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH), uma lei de grande importância 
para nossos estudos e que será abordada várias vezes ao longo dessa disciplina. 
Usos múltiplos 
Utilizamos a água para diferentes finalidades, estas podem ser divididas em dois grupos 
genéricos de uso. Alguns usos implicam na retirada de água das coleções hídricas, 
enquanto, outros estão associados a atividades que se desenvolvem no próprio ambiente 
aquático: 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 5 
 
Uso consuntivo: Quando a água é captada do manancial superficial ou subterrâneo e 
somente parte dela retorna ao reservatório natural. Usos nos quais há perdas entre o que 
é derivado e o que retorna ao manancial. 
Exemplo: Abastecimento de água, abastecimento industrial, irrigação. 
Uso não consuntivo: Toda a água captada retorna ao manancial de origem. Embora não 
haja perdas de água em termos quantitativos, pode haver poluição durante este tipo de 
uso e perdas qualitativas podem ser observadas. 
Exemplo: Geração de energia elétrica, navegação fluvial, aquicultura, recreação e 
harmonia paisagística, diluição, assimilação e transporte de esgoto e resíduos líquido. 
Escassez Hídrica 
Durante muito tempo a água foi tratada como um bem livre, ou seja, acreditava-se na 
abundância de água e não se acreditava na sua finitude, dado ao fato do volume de água 
no planeta não se alterar e estar sempre em movimento cíclico (ciclo hidrológico). 
Contudo, este conceito se alterou e a água a passa a ser considerada como um recurso 
natural com valor econômico, sendo cada vez mais recorrente a preocupação de todos os 
setores da sociedade com a escassez quantitativa e qualitativa da água. 
Escassez quantitativa: É a escassez proveniente da falta de recurso em quantidade 
adequada para determinado uso. Naturalmente há no planeta uma distribuição desigual 
da água, há regiões do planeta com muita água disponível e outras que vivem em graves 
condições de seca. 
Escassez qualitativa: É a escassez proveniente da falta de recurso em qualidade 
adequada para determinado uso. Este é um tipo de escassez que decorre da poluição das 
águas subterrâneas e superficiais, principalmente pelo lançamento de esgoto in natura. 
 
BONS ESTUDOS! 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 6 
 
Referências: 
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta 
o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 
de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 
FINOTTI, Alexandra R. et al. Monitoramento de recursos hídricos em áreas urbanas. 
Caxias do Sul: Educs, 2009. 272 p. 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Átomo, 2010. 
Tucci, C. 2000. (org.) Hidrologia – ciência e aplicação. Editora da Universidade, ABRH, 
Porto Alegre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 7 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 1 – Água e seus usos múltiplos 
Tema 1.2 – Bacia Hidrográfica 
Caro estudante, daremos início ao Tema 1.2 com uma bela observação poética dos 
fenômenos hidrológicos que estudaremos: 
Uma gota de chuva 
A mais, e o ventre grávido 
Estremeceu, da terra. 
Através de antigos 
Sedimentos, rochas 
Ignoradas, ouro 
Carvão, ferro e mármore 
Um fio cristalino 
Distante milênios 
Partiu fragilmente 
Sequioso de espaço 
Em busca de luz. 
 
Um rio nasceu. 
(Antologia Poética Vinicius de Morais, 1954) 
 
A chuva, a terra, os sedimentos, as rochas, a luz, o rio, são todas partes fundamentais da 
nossa existência neste planeta, que a bilhões de anos têm evoluído até este ambiente atual, 
rico em recursos naturais e com uma atmosfera hospitaleira. Conhecer o ciclo da água 
doce no planeta e os processos de precipitação, escoamento superficial e infiltração, são 
fundamentais para gerir os recursos hídricos e controlar a salubridade ambiental 
(saneamento). Estes conhecimentos podem ser mais facilmente assimilados e aplicados 
quando definimos a bacia hidrográfica como o espaço destinado para o estudo e o 
planejamento ambiental e urbano. 
O que é uma Bacia Hidrográfica? 
 Podemos definir bacia hidrográfica como sendo: 
a) A área definida topograficamente, drenada por um curso d’água ou um sistema 
conectado de cursos d’água, tal que toda vazão efluente seja descarregada por uma 
simples saída. 
b) Uma área natural de captação de água da chuva que faz convergir os escoamentos 
para um único ponto de saída, seu exutório. Ademais, a rede de drenagem é 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 8 
 
composta por vários afluentes que confluem para um leito de cota mais baixa (rio 
principal), que desagua até a foz (TUCCI, 2007) 
c) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) 
 
Figura 2 - Desenho esquemático de uma bacia hidrográfica. Fonte: Adaptado de Tucci, 2007. 
 
A bacia hidrográfica é delimitada por dois tipos de divisores e águas: divisor freático e 
divisor topográfico. O divisor freático é, em geral, determinado pela estrutura geológica 
dos terrenos, sendo influenciado pela topografia, estabelecendo os limites dos 
reservatórios de água subterrânea, de onde é derivado o deflúvio básico da bacia. Já o 
divisor topográfico consiste na linha imaginária que acompanha as maiores altitudes do 
local e topos de morros, separando uma bacia da outra (TONELLO, 2005). 
Conhecer a bacia hidrográfica é conhecer também como os fatores naturais e antrópicos 
se interagem e geram os impactos positivos e negativos que visualizamos na bacia 
hidrográfica rural e urbana. 
Precipitação; Infiltração e Escoamento Superficial. 
Precipitação 
A precipitação pode ser definida como a água proveniente da condensação do vapor 
d’água da atmosfera que é depositada na superfície terrestre. Há diferentes formas da água 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 9 
 
se deslocar da atmosfera para a superfície, mas a forma mais comum e conhecida é a 
precipitação de água na forma líquida, a chuva. 
Vamos considerar a chuva a nossa variável de entrada (“input”) no ciclo da água, ou seja, 
será a partir dela que analisaremos o sistema hidrológico e iniciaremos nossas 
observações sobre a infiltração e o escoamento superficial. 
Infiltração 
Infiltração é a passagem de água da superfície para o interior do solo. Processo que 
depende fundamentalmente da água disponível para infiltrar (chuva) e da quantidade de 
água presente no solo. A infiltração é fundamental para garantir água em quantidade e 
qualidade adequada no período de seca (estiagem), pois esta água que infiltra, abastece o 
interior do solo e alimenta as nascentes e cursos d’água, quando não está chovendo, 
evento este, conhecido como deflúvio de base (vazão de água subterrânea). 
Aumentando a infiltração podemos aumentar a disponibilidade hídrica nos períodos de 
estiagem, sendo fundamental para tanto, a preservação da vegetação nos topos de morro, 
nas encostas, no entorno das nascentes e rios. O processo de infiltração também é 
fundamental para controlar o escoamento superficial e evitar a erosão hídrica e as 
inundações.Escoamento superficial 
O escoamento superficial refere-se ao deslocamento da água pela superfície, sendo um 
dos segmentos do processo hidrológico. Imaginemos a seguinte situação: 
Condensação do vapor de água  Precipitação  Infiltração  Escoamento superficial 
A água da chuva que atinge um solo seco irá ser rapidamente deslocada para o interior do 
solo, que está avido por água. Aos poucos, esse solo atingirá sua capacidade máxima de 
reter água e passará a permitir que apenas uma fração constante da água da chuva penetre 
no solo. A partir desse momento, uma fração da água infiltra e a outra escoa pelo terreno, 
formando o escoamento superficial. 
Bacias Hidrográficas Urbanizadas 
Ao avaliarmos uma bacia hidrográfica urbanizada nos deparamos com uma série de 
fatores negativos, quanto à qualidade e à quantidade do recurso e às condições de higidez 
do ambiente. Podemos citar: 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 10 
 
• Impermeabilização do solo; 
• Aumento do escoamento superficial e redução da infiltração; 
• Deslizamentos de massa e inundações recorrentes; 
• Lançamento de efluentes (esgoto doméstico); 
• Má disposição dos resíduos sólidos (lixo urbano); 
• Aumento da demanda por água tratada 
A urbanização gera uma série de impactos nos recursos hídricos, que reduzem a qualidade 
e a quantidade de água disponível, em contrapartida, observa-se um aumento na demanda 
por água tratada. Surgindo então a pergunta, como vamos abastecer a população urbana 
com água de qualidade e em quantidade adequada? 
Como produzir água? 
Todo e qualquer trabalho que se faça na superfície para segurar a água, evitando ou 
dificultando a formação de enxurradas, irá permitir maiores taxas de infiltração e lençóis 
freáticos com mais água (VALENTE e GOMES, 2001). O lençol é, portanto, um 
fantástico reservatório subterrâneo capaz de regularizar vazões de cursos d'água em 
bacias de captação. Usar tal capacidade é mais inteligente do que construir reservatórios 
superficiais (barragens) para armazenar água (VALENTE e GOMES, 2001). Evitando 
ainda, que a água das chuvas escoe rapidamente, e possa a vir causar desastrosas 
inundações. 
BONS ESTUDOS! 
Referências: 
BRASIL. Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei 
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro 
de 1989. 
TONELLO, K. C. Análise hidroambiental da bacia hidrográfica da cachoeira das Pombas, 
Guanhães, MG. 2005. 69p. Tese (Doutorado em Ciências Florestal) – Universidade 
Federal de Viçosa, Viçosa. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 11 
 
TUCCI, C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. 4. ed. Porto Alegre: Editora da 
UFRGS/ABRH, 2007. 943p. 
VALENTE, O.F.; GOMES, M.A. Revitalização da capacidade de produção de água da 
Microbacia do Ribeirão São Bartolomeu – Viçosa – MG. Projeto preparado pelo 
Programa de Gestão de Bacias Hidrográficas do Centro Mineiro para Conservação da 
Natureza (CMCN), Viçosa – MG, janeiro, 2001, 44p 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 12 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 2 – Características das águas naturais 
Tema 2.1 – Características químicas das águas naturais 
Caro estudante, daremos início a nossa segunda aula e vamos abordar um tema muito 
interessante e fundamental: Características das Águas Naturais. 
Mas antes de iniciarmos, pense um pouco sobre as reflexões de Heráclito de Éfeso, 
elaboradas em tempos bem remotos. 
 
“Um homem nunca se banha duas vezes no mesmo rio. Porque o homem nunca é o 
mesmo. E nunca é o mesmo rio” 
 Heráclito de Éfeso (470 d.C) 
 
Para verificarmos as condições de um ambiente natural e controlar a qualidade e a 
quantidade da água em dado local, é essencial selecionarmos algumas características para 
monitoramento e controle. Uma máxima do controle ambiental é “Só controla quem 
mede”. Para avaliarmos a presença ou a ausência de poluentes é necessário conhecermos 
as características de uma água limpa e de uma água poluída. Precisamos medir as 
variáveis adequadas para podermos controlar e gerir os ambientes naturais e antrópicos. 
As características das águas naturais podem ser subdivididas em três grupos: 
 Características químicas; 
 Características Físicas; e 
 Características Biológicas 
O Tema 2.1 irá tratar das características químicas. Vamos lá! 
Características químicas 
pH: Representa a concentração de íons hidrogênio H+ (em escala logarítmica), dando 
uma indicação sobre a condição de acidez (pH < 7), neutralidade (pH = 7) ou alcalinidade 
(pH > 7) da água. Como o pH é expresso em escala logarítmica, o incremento ou 
decréscimo de uma unidade de pH corresponde, respectivamente, um aumento de dez 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 13 
 
vezes em alcalinidade e acidez. A maioria das águas naturais superficiais tendem a 
apresentar um pH próximo da neutralidade devido a sua capacidade de tamponamento. 
Alcalinidade: Representa a capacidade das águas em neutralizar ácidos e minimizar 
variações significativas nas águas naturais (tamponamento). A alcalinidade natural é 
devida principalmente a bicarbonatos, originários da dissolução de rochas (ex. calcário) 
e da própria reação do CO2 com a água. As formas principais de alcalinidade são devido 
à bicarbonatos (HCO3
-), carbonatos (CO3
2-) e hidróxidos (OH-). 
Acidez: Representa a capacidade das águas em neutralizar bases e minimizar variações 
significativas nas águas naturais (tamponamento). Estão presentes na água alguns gases 
dissolvidos como o CO2 (acidez carbônica) e também alguns ácidos provenientes da 
matéria orgânica dissolvida na água (ácidos húmicos e fúlvicos), que conferem acidez 
natural às águas. 
Dureza: A presença de cátions multivalentes, principalmente cálcio (Ca2+) e magnésio 
Mg2+) conferem dureza as águas. Esta característica está associada à redução da formação 
de espuma na água quando em contato com sabão e também está relacionada com os 
problemas de incrustações nas tubulações e reservatórios de água quente. Conhecendo a 
dureza de uma água podemos prever esses problemas e também conhecer um pouco sobre 
as características geológicas da bacia hidrográfica. 
Nitrogênio: O nitrogênio está presente em diferentes ambientes (ar, água e solo), em 
concentrações e formas distintas (ciclo do nitrogênio). As formas mais importantes de 
nitrogênio em corpos d’água são: Nitrogênio orgânico ( N-org); Nitrogênio amoniacal 
(N-NH3 ou N-NH4
+); Nitrito (NO2
- ) e Nitrato (NO3
-) (Figura 1) 
O nitrogênio, assim como o fósforo, é considerado nutriente essencial para o crescimento 
de algas, plantas aquáticas e cianobactérias. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 14 
 
 
Figura 3 - Ciclo do nitrogênio 
 
Fósforo: No ambiente aquático, o fósforo pode se apresentar nas formas orgânica ou 
inorgânica, solúvel (matéria orgânica dissolvida) ou particulada (biomassa ou compostos 
minerais). A parcela orgânica é proveniente do fósforo que está presente nos organismos 
aquáticos e outras matérias externas que porventura podem compor esta parcela. A 
parcela inorgânica se deve a lixiviação de rochas fosfatadas e está relacionada com as 
características geológicas da bacia hidrográfica. 
 Por estar presente no ambiente em menores concentrações que o nitrogênio, é 
considerado, por vezes, o nutriente limitante ao crescimento de algas, plantas aquáticas, 
e cianobactérias. 
Oxigênio dissolvido: Consideradoum dos mais importantes parâmetros de controle da 
poluição das águas naturais, principalmente no que se refere às águas superficiais (rios e 
lagos). O controle da concentração de oxigênio dissolvido na água está relacionado a dois 
fatores importantes: 
a) Solubilidade do oxigênio na água: A concentração máxima de oxigênio na água 
(na saturação) é naturalmente baixa, devido a sua baixa solubilidade. Ao nível do 
mar, por exemplo, a concentração de saturação é igual a 9,2 mg/L. 
b) Manutenção da vida aquática: A concentração de oxigênio dissolvido na água 
deve ser mantida acima de 5mg/L para que se preservem condições mínimas para 
existência de peixes e uma vida aquática equilibrada. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 15 
 
Demanda bioquímica de Oxigênio (DBO): Representa a medida da quantidade de 
oxigênio necessária para a estabilização bioquímica da matéria orgânica presente em uma 
amostra, sendo, portanto, uma medida indireta da matéria orgânica biodegradável sob 
condições padronizadas. 
Demanda química de Oxigênio (DQO): Representa a medida de oxigênio requerido 
para a estabilização da matéria orgânica contida em uma amostra, suscetível à oxidação 
por um oxidante químico forte. Este método computa tanto a fração biodegradável da 
matéria orgânica quanto à fração não biodegradável. 
A DQO e a DBO são medidas de controle fundamentais para a caracterização do grau de 
poluição de um corpo d’água, pois, retratam de forma indireta o teor de matéria orgânica 
presente. 
As águas naturais limpas apresentam baixas concentrações de DBO, em torno de 5 mg/L, 
já o esgoto sanitário, que muitas das vezes é lançado in natura no ambiente, possui DBO 
em torno de 300 mg/L e DQO de 600 mg/L. 
 
Referências: 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Átomo, 2010. 
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, 3. ed. 
Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade 
Federal de Minas Gerais, v. 4, 2005. 452p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 16 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 2 – Características das águas naturais 
Tema 2.2 – Características físicas e biológicas das águas naturais 
Caro estudante, continuaremos a definir as características das águas naturais nesse Tema 
2.2. Como mencionado anteriormente, as características das águas naturais podem ser 
subdivididas em três grupos: 
 Características químicas; 
 Características Físicas; e 
 Características Biológicas 
Vamos lá! 
Características físicas 
Turbidez 
A turbidez refere-se à interferência à passagem da luz através do líquido, sendo um 
indicativo indireto da quantidade de partículas coloidais e suspensas na amostra de água. 
A turbidez deve-se entre outras coisas, a presença de fragmentos de areia, silte, matéria 
orgânica e inorgânica particulada. Um parâmetro fundamental para os sistemas de 
abastecimento de água, que fazem uso dessa variável para definir desde o manancial de 
captação até a tecnologia de tratamento a ser utilizada pela Estação de Tratamento de 
Água (ETA). Em geral, a turbidez da água bruta de mananciais superficiais apresenta 
variações sazonais significativas entre os períodos de chuva e estiagem. 
Cor 
A cor refere-se à redução da intensidade da luz ao atravessar uma amostra de água, 
devido, entre outros aspectos, à presença de substâncias dissolvidas, geralmente 
compostos orgânicos, como os ácidos húmicos e fúlvicos, e também inorgânicos, 
principalmente ferro e manganês, que conferem naturalmente cor as águas. O lançamento 
de efluentes industriais, também podem conferir cor as águas e caracterizar cor em 
ambiente poluído. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 17 
 
Sabor e Odor 
Dado ao fato de que a interação entre o gosto e odor, define o sabor, estas características 
são tratadas de forma conjunta. Naturalmente as águas podem apresentar gosto e odor, 
dado a elevada capacidade de solubilizar diferentes compostos, em estado sólido, líquido 
e gasoso. Assim como a cor, as águas podem apresentar sabor e odor de origem natural 
ou antropogênica. Característica muito utilizada para avaliar a qualidade das águas 
tratadas para abastecimento doméstico, tendo em vista que é necessário atender, além de 
padrões de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde, os 
padrões organolépticos. Analise a Figura 1 abaixo e identifique as características que 
apresentamos até então. 
Figura 4 - Padrão organoléptico de potabilidade. Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde, 2011. 
Temperatura 
A temperatura está relacionada com a medida da intensidade de calor na água, 
influenciando nas propriedades da mesma e no modo como se dá as interações da água 
com o ambiente. Destacaremos algumas variáveis que estão diretamente relacionadas 
com a temperatura: 
i. Velocidade das reações químicas 
ii. Metabolismo dos microrganismos presentes 
iii. Concentração de oxigênio dissolvido 
iv. Solubilidade das substâncias 
Naturalmente a água sofre variações de temperatura ao longo do dia e das estações do 
ano, devido à energia irradiada pelo sol e pela localização da massa líquida no planeta. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 18 
 
As variações podem ainda ser provocadas por despejos industriais e por águas de torres 
de resfriamento lançadas nos corpos receptores (rio ou lago). 
Características Biológicas 
Bactérias Coliformes 
Uma grande variedade de seres vivos habita os ambientes aquáticos, entre estes uma 
infinidade de microrganismos, que em grande monta são inofensivos aos seres humanos. 
Contudo, há também inúmeros organismos patogênicos, ou seja, capazes de causarem 
doenças infecciosas. A pesquisa direta dos patógenos (bactérias, vírus, helmintos e 
protozoários) demanda muito tempo e custos elevados, sendo portando, inviável como 
analise de rotina, para tanto, faz-se uso de organismos indicadores. 
O que são organismos indicadores de contaminação fecal? 
São organismos capazes de informar ou indicar que um ambiente foi contaminado por 
fezes e com isso as possibilidades (probabilidade) de encontrar organismos patogênicos 
são elevadas. Além desse requisito, outros devem ser atendidos para classificarmos um 
organismo como indicador de contaminação fecal: 
i. Presentes em grandes quantidades nas fezes 
ii. Facilmente isolados em laboratório 
iii. A análise deve ser rápida e econômica 
iv. Predominantemente não patógenas (ou baixa ifectividade) 
As bactérias do grupo coliformes são consideradas indicadores de contaminação fecal e 
mais especificamente a Escherichia coli (E.Coli) que é um indicador inequívoco de 
contaminação fecal. A identificação rápida e econômica da bactéria E.Coli, é fundamental 
no controle da poluição das águas por fezes de animais de sangue quente e na 
identificação de lançamentos de esgotos domésticos no ambiente aquático. 
Algas e Cianobactérias 
Algas e cianobactérias são organismos presentes em praticamente todo ambiente aquático 
superficial. Em condições de equilíbrio ecológico a presença desses organismos não 
apresenta nenhum inconveniente, contudo a floração e o crescimento descontrolado é um 
indicativo de poluição (eutrofização) e traz inúmeros problemas, como: 
I. Sabor e odor nas águas de abastecimento 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 19 
 
II. Redução na carreira de filtração nas ETA’s 
III. Presença de cianotoxinas em concentrações significativas 
O controle dos ambientes aquáticos é fundamental para evitarmos inúmeros problemas 
ambientais, valendo sempre a máxima “É melhor prevenir que remediar”. 
 
Bons estudos e vamos seguindoem paz! 
 
Referências: 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Átomo, 2010. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria Nº 2.914, de 12 de Dezembro de 2011. Dispõe sobre 
os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano 
e seu padrão de potabilidade. Brasília, 2011. 
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, 3. ed. 
Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade 
Federal de Minas Gerais, v. 4, 2005. 452p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 20 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 3 – Poluição e contaminação dos mananciais 
Tema 3.1 – Poluição das águas 
Caro estudante, é com satisfação e consideração que damos início a mais uma aula. Um 
dos maiores poetas da língua portuguesa (João Cabral de Melo Neto) nos inspira a 
começar os estudos: 
 “A água, o vento, a claridade, 
de um lado o rio, no alto as nuvens, 
situavam na natureza o edifício 
crescendo de suas forças simples” 
(MELO NETO, 1994) 
Vamos Lá! 
 
Poluição das águas 
A temática dos recursos hídricos vem sendo discutida de forma mais intensa pela 
sociedade atual, preocupada com a rápida degradação (aspectos quantitativos e 
qualitativos) do recurso em questão e com a sua relação direta com a redução na qualidade 
de vida das populações. 
O Brasil tornou-se nas últimas décadas um país predominantemente urbano, e está em 
processo de constante urbanização. A expansão das cidades, de forma desordenada e 
inadequada, tem potencializado os impactos negativos ao meio ambiente e poluído 
principalmente as águas superficiais e subterrâneas das bacias hidrográficas urbanas. 
Concomitantemente a essa crescente poluição, a concentração da população nas cidades 
tem aumentado a demanda por água tratada em um ambiente degradado, criando cenários 
de escassez de água cada vez mais recorrentes. 
É fundamental destacarmos também a degradação da água nos ambientes rurais, dado que 
o Brasil, embora seja um país urbano, tem boa parte de sua economia fundamentada na 
agropecuária, e demanda grandes quantidades de área agricultável e água de boa 
qualidade para estes setores. A poluição das águas nas bacias rurais está relacionada, 
principalmente com o arraste de sedimentos, nutrientes e agrotóxicos para as coleções de 
águas. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 21 
 
Mas a final, o que é Poluição? Como devemos conceituar? 
POLUIÇÃO 
A Politica Nacional do Meio Ambiente – PNMA (Lei 6938/1981) definiu poluição da 
seguinte forma: 
Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou 
indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lançem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; 
A PNMA definiu ainda que é o agente poluidor: 
POLUIDOR 
“Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta 
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental” (PNMA, 1981) 
 De posse destes conceitos, temos condições de definirmos, o que é poluição das águas e 
quem é o agente poluidor das águas, correto? Sim, temos condições para tanto, contudo, 
precisamos ainda definir, ou melhor, diferenciar poluição e contaminação. 
Poluição das águas: qualquer alteração que prejudique o uso a que se destina. 
Contaminação das águas: toda alteração associada a riscos sanitários, ou seja, que 
podem causar danos à saúde humana, caso a água seja utilizada. 
Valendo destacar a seguinte máxima: 
“Toda água contaminada está poluída, mas nem toda água poluída está 
contaminada”. 
Pois bem, é de consenso que estamos poluindo e degradando nosso recurso mais precioso, 
vamos agora, então, destacar alguns importantes poluentes e quais são seus efeitos no 
meio ambiente (Figura 1). Precisamos conhecer os poluentes, suas formas de interação 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 22 
 
com meio, suas fontes poluidoras e principalmente seus efeitos poluidores, para que 
possamos evitar e remediar a poluição. 
 
Figura 5 - Poluentes e seus efeitos poluidores. 
Fontes poluidoras 
Há diferentes fontes poluidoras (pontuais ou difusas) e diferentes agentes poluidores, 
podendo ser estes, de origem natural ou antrópica, e estarem localizados no meio urbano 
ou rural. Destacam-se as seguintes fontes: 
1. Esgotos domésticos 
2. Efluentes industriais 
3. Resíduos sólidos 
4. Pesticidas, fertilizantes e detergentes 
5. Carreamento de partículas do solo 
6. Percolação do chorume dos depósitos de lixo 
 
Poluição Pontual: Os poluentes gerados são lançados nos cursos d’água de modo 
concentrado, a exemplo do lançamento de esgoto doméstico e do efluente industrial, que 
realizam uma descarga pontual em um dado local do rio ou lago. 
Poluição Difusa: Os poluentes são careados pelas águas pluviais e atingem os cursos 
d´água de forma difusa, ou seja, em diferentes segmentos ao longo do rio, a exemplo da 
drenagem pluvial urbana, dos agrotóxicos e fertilizantes utilizados no meio rural. 
Poluente Efeito poluidor
Consumo de oxigênio
 - desequilíbrio ecológico
 - Mortandade de peixes
Crescimento excessivo de algas e cianobnactérias (eutrofização)
- Toxicidade aos peixes (amônia)
- Methemoglobinia (nitrito)
- Poluição de águas subterrâneas
Doenças de veiculação hídrica 
 - Organismos nocivos à saúde humana 
Assoreamento
 - Perda de volume útil do corpo d'água
 - micropoluentes inorgânicos 
 - Substâncias nocivas à saúde humana e a vida aquática
Matéria orgânica não biodegradável - Toxicidade
(Ex. pesticidas, detergentes, fármacos, POPs, etc.) - Espuma
 - Bioacumulação 
Metais pesados (As, Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb, Zn, etc.)
Matéria orgânica biodegradável (DBO)
Nutrientes(N,P)
Patógenos 
Sólidos em suspensão (SS)
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 23 
 
Observação: Destaca-se que a poluição pontual é, por vezes, mais fácil de ser 
identificada e por isso remediada ou evitada. Contudo, a poluição difusa exige maiores 
esforços para coibir e identificar a fonte poluidora, exigindo que os órgãos ambientais 
preconizem as campanhas de conscientização junto aos entes envolvidos nas atividades 
potencialmente poluidoras. 
A ocupação urbana sem controle degrada os sistemas aquáticos pela introdução de fontes 
de poluição, como os efluentes domésticos e industriais, e o escoamento superficial 
urbano que contêm poluentes que podem alterar as características físico-químicas da água 
e prejudicar a comunidade biológica. 
Assoreamento 
A instalação de lotes residenciais e a implantação de obras públicas promovem uma 
intensa movimentação de terra nas bacias hidrográficas, com alterações significativas na 
topografia local, para permitir o assentamento da obra. A realização de cortes profundos 
e aterros de compensação podem deixar expostos às ações erosivas substratos frágeis. 
Neste cenário, vemos a água carrear inúmeras partículas sólidas para as cotas mais baixas 
do terreno (a calha do rio), promovendo uma constante deposição de sedimentos, que 
definimos como assoreamento. Os principais impactos negativos desse tipo de poluição 
estão relacionados à redução do volume útil dos cursos d’água, e ao aumento das 
inundações e também da deterioração da qualidade da água. 
Eutrofização 
A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto 
aderidas, a níveis tais que sejam consideradoscomo causadores de interferências com os 
usos desejáveis do corpo d’água (Thomann e Mueller, 1987). A ocorrência da 
eutrofização está relacionada com o aporte de nutrientes (nitrogênio – N; fósforo – P) 
tanto em ambiente urbano (lançamento de esgoto doméstico) como rural (lixiviação de 
fertilizantes). Os principais impactos negativos estão relacionados à redução do oxigênio 
dissolvido e a produção de toxinas provenientes do crescimento excessivo de 
cianobactérias. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 24 
 
Referências 
BRASIL. LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Dispõe sobre a Política acional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1981. 
THOMANN, R. VB., MUELLER, J. A. PRINCIPLES OF SURFACE WATER 
QUALITY MODELING AND CONTROL. New York: Harper & Row, 1987. 
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, 3. ed. 
Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade 
Federal de Minas Gerais, v. 4, 2005. 452p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 25 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 3 – Poluição e contaminação dos mananciais 
Tema 3.2 – Autodepuração dos cursos d’água e IQA 
Caro estudante, neste Tema 3.2, avaliaremos uma interessante capacidade do meio 
ambiente aquático, a capacidade de autodepuração. Iniciaremos nossos estudos com a 
ótica da filosofia ambiental: 
Reconhecer as forças da natureza, perceber a sua grandeza, e 
buscar um convívio harmonioso, exigirá atitudes e reflexões 
sinceras dos seres humanos para com a mesma. E acredite: A 
natureza sempre nos surpreenderá com suas demonstrações 
espontâneas de força. 
 
Nada cresce sem limites. Crescimento e limites aparecem juntos em várias combinações 
na realidade natural. O conceito de resiliência é um conceito bem interessante para 
definirmos como “prólogo” desse Tema 3.2. 
Resiliência: capacidade de um sistema suportar perturbações ambientais, mantendo sua 
estrutura e padrão geral de comportamento. 
Os corpos de água que se recuperarem mais rapidamente após os impactos do lançamento 
de efluentes domésticos ou industriais, serão classificados como de alta resiliência a estes 
tipos de perturbações. 
Matéria Orgânica 
O lançamento de matéria orgânica (MO) decomponível é um dos principais poluentes do 
ambiente aquático, devido ao consumo de oxigênio dissolvido no processo de degradação 
dessa matéria pelas bactérias decompositoras aeróbias, que utilizam o oxigênio como 
aceptor final de elétrons na respiração (Reação 1). 
MO + O.D + Bactérias aeróbias  CO2 + H2O + Energia + Novas Bactérias (Reação 1) 
O ambiente aquático possui naturalmente baixas concentrações de oxigênio dissolvido 
(O.D), e a manutenção de concentrações de O.D > 5 mg/L é essencial para termos um 
meio ecologicamente equilibrado. Concentrações de O.D < 5 mg/L são capazes de 
promover a evasão de algumas espécies de peixes e a morte de outras por asfixia. Sendo, 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 26 
 
portanto, a matéria orgânica (expressa em termos de DBO ou DQO) e o O.D os dois dos 
mais importantes parâmetros de avaliação da poluição nas águas superficiais. 
Ambientes poluídos com matéria orgânica e a consequente mortandade de peixes por 
asfixia é um evento recorrente no Brasil, devido principalmente, ao lançamento de esgoto 
doméstico sem qualquer tipo de tratamento. A maioria dos munícipios não possui 
sistemas de tratamento de esgotos. 
Autodepuração dos cursos d’água 
A capacidade dos cursos d´água em assimilar a poluição por matéria orgânica, por meio 
de mecanismos essencialmente naturais, envolvendo operações e processos físico-
químicos e biológicos, é denominada de autodepuração dos cursos d’água. 
A restauração do equilíbrio do meio aquático após as alterações induzidas pelos despejos 
líquidos, geralmente esgoto doméstico, ocorre em etapas sequenciais de autodepuração, 
sendo estas, apresentadas na Figura 1: 
 
Figura 6 - Zonas de autodepuração. Fonte: Adaptado de Braga et al.,2005. 
Na Figura 1 estão grafadas duas importantes variáveis para o controle da poluição: 
Oxigênio dissolvido e DBO. Observe o comportamento destas variáveis antes do despejo 
de esgoto e após as etapas de depuração. 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 27 
 
Zona de degradação 
A zona de degradação inicia-se logo após o despejo do esgoto no curso d’água e apresenta 
elevada concentração de matéria orgânica potencialmente decomponível (polímeros 
orgânicos); elevada concentração de sólidos, conferindo turbidez à água; inicia-se uma 
forte adaptação e proliferação bactérias aeróbias, que encontram um meio rico em 
alimento e propício ao crescimento bacteriano. A matéria orgânica (DBO) começa a ser 
consumida. 
Zona de decomposição ativa 
Na zona de decomposição ativa, as bactérias que degradam a DBO já estão mais 
adaptadas ao novo ambiente pós-impacto e degradam ativamente a matéria orgânica à 
custa do oxigênio dissolvido presente na água. A água apresenta seu estado mais 
deteriorado em função da acentuada queda do O.D e coloração ainda muito escura e com 
depósitos de lodo no fundo do corpo d´água. A concentração de O.D atinge seu mínimo 
e pode chegar até a zerar, criando um ambiente anaeróbio, quando o ambiente recebe 
esgoto in natura. 
Nesta fase. os processos de desoxigenação, retirada de oxigênio da massa líquida, 
prevalecem aos processos que adicionam oxigênio (reaeração). 
Um dos objetivos do tratamento de esgoto é reduzir a matéria orgânica presente e garantir 
que após o lançamento no corpo receptor, o O.D mínimo seja maior que 5,0 mg.L-1, 
evitando a evasão e mortandade de peixes por asfixia. 
Zona de recuperação 
Ao findar dessas fases de excessivo consumo de oxigênio, a concentração de DBO está 
bem abaixo do valor inicial encontrado na zona de degradação e há prevalência de 
material estável, não passivo de decomposição. Dessa forma, começa-se observar que os 
processos de reaeração estão prevalecendo e aumentando os valores de O.D. 
Uma maneira natural de aumentar a concentração de oxigênio na massa líquida (corpo 
receptor) é através das trocas gasosas que ocorrem entre o oxigênio dissolvido na 
superfície líquida e o oxigênio gasoso presente na atmosfera. 
A capacidade do líquido em absorver oxigênio atmosférico é diretamente proporcional a 
falta de oxigênio existente no mesmo. Quanto maior for o déficit, maior a “avidez” da 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 28 
 
massa líquida pelo oxigênio, implicando em uma taxa de transferência maior (vide Figura 
2). 
Neste momento, a água está mais clara e tem um aspecto estético mais agradável, já pode-
se observar a redução do número de bactérias e o aparecimento de algas, que contribuem 
para adicionar oxigênio na água pela fotossíntese. 
 
 
Figura 7 - Equilíbrio dos gases na massa líquida. 
 
Zona de águas limpas 
Na zona de águas limpas, a água apresenta aspectos estéticos próximos ao das águas antes 
da poluição (a montante do ponto de lançamento). A matéria orgânica foi toda 
estabilizada e não mais promove o consumo de oxigênio. Inicia-se um processo de 
restabelecimento da cadeia alimentar natural, com o aparecimento de espécies de peixes 
que tinham abandonado o ambiente e o aparecimento de novos e diversificados 
organismos, restaurando o equilíbrio ecológico. 
Índice de qualidade da água - IQA 
A qualidade da água reflete as alterações ocorridas em uma bacia, uma vez que é 
influenciada por diversos fatores como clima, cobertura vegetal, topografia,geologia e o 
uso e o manejo do solo. A avaliação da qualidade do recurso hídrico possibilita o 
conhecimento sobre o grau de degradação do curso d’água e, assim, permite a adoção de 
práticas que evitem a perda da qualidade ambiental na área. 
Neste contexto, surge uma interessante metodologia denominada de índice de qualidade 
de água – IQA, que objetiva a obtenção de informações de forma resumida e facilmente 
interpretável, para permitir inferências objetivas sobre a qualidade do ambiente aquático 
a ser avaliado. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 29 
 
O IQA foi desenvolvido pela National Sanitation Foundation dos Estados Unidos em 
1970, através de pesquisa de opinião junto a vários especialistas da área ambiental. 
Os especialistas selecionaram os parâmetros a serem avaliados e seus respectivos pesos 
(Wi), em função do grau de importância de cada parâmetro, apresentados na Figura 3. 
 
Figura 8 – Parâmetros e seus respectivos pesos para o cálculo do IQA. FONTE: Portal da qualidade da 
água, 2015. 
Para o cálculo do IQA, faz-se uma análise laboratorial dos parâmetros acima citados em 
uma amostra de água. De posse dos resultados numéricos para todos esses parâmetros 
que possuem unidades de medição distintas, consulta-se gráficos específicos 
(http://portalpnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx) que transformarão estes 
resultados em um (qi), número que varia de 0 a 100, com o objetivo de padronizar as 
unidade de medição. Eleva-se o (qi) de cada parâmetro ao seu peso, e por fim, realiza-se 
o produtório destes parâmetros. Com o valor do IQA, enquadra-se o ambiente a ser 
avaliado em níveis de qualidade (Figura 4). 
Tabela 1 - Classificação da qualidade da água em função do IQA. 
Nível de Qualidade Intervalo do IQA Cor de referência 
Excelente IQA > 90 Azul 
Bom 70 a 90 Verde 
Médio 50 a 70 Amarelo 
Ruim 25 a 50 Marrom 
Muito ruim 0 a 25 Vermelho 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 30 
 
Bons Estudos! 
Referências 
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: o desafio do desenvolvimento 
sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas: Átomo, 2010. 
THOMANN, R. VB., MUELLER, J. A. PRINCIPLES OF SURFACE WATER 
QUALITY MODELING AND CONTROL. New York: Harper & Row, 1987. 
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, 3. ed. 
Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade 
Federal de Minas Gerais, v. 4, 2005. 452p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 31 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 4 – Gestão de Recursos Hídricos 
Tema 4.1 – Gestão de Recursos Hídricos e a PNRH 
Caro estudante, estamos começamos mais uma aula e para nos instigar a refletir sobre o 
tema, começamos citando um poema de Fernando Pessoa, publicado no Livro do 
Desassossego em 1984. 
 
“A consciência da inconsciência da vida é o mais 
antigo imposto à inteligência. Há inteligências 
inconscientes - brilhos do espírito, correntes do 
entendimento, mistérios e filosofias - que têm o 
mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que 
a gestão que o fígado e os rins fazem de suas 
secreções”. (Fernando Pessoa) 
 
Vamos Lá! 
 
Gestão de Recursos Hídricos 
A gestão das águas fundamenta-se em atividades analíticas, críticas e, sobretudo 
organizacionais, para buscar a elaboração de modelos de avaliação e gestão (MAG), 
capazes de orientar as tomadas de decisões em diferentes setores da sociedade, com o 
objetivo de orientar o uso, o controle e a proteção dos recursos hídricos. Podemos citar 
como atividades norteadoras as ações governamentais: Leis; Normas; Decretos e 
Regulamentos; e as ações técnicas: Produção de artigos científicos e Notas técnicas. 
A necessidade de aprimorar e buscar novas formas de gerir os recursos hídricos decorre 
das mudanças comportamentais das sociedades, que estão em franco processo de 
crescimento e concentração das populações e também das alterações que o Planeta tem 
sofrido, na recorrência de eventos tidos como extremos: secas, inundações, tufões, e 
terremotos. A aglomeração da população e a ocorrência de eventos extremos criam 
cenários de vulnerabilidade ambiental, e a água, como bem essencial para a manutenção 
da vida, figura como um dos recursos a ser protegido e controlado de forma racional e 
humanista. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 32 
 
Princípios norteadores da Gestão das águas (Adaptado de Ramos e Silva, 2001): 
 A avaliação dos benefícios coletivos resultantes da utilização da água deve levar 
em conta as várias componentes da qualidade de vida: nível de vida, condições de 
vida e qualidade do ambiente. 
 A unidade básica de gestão dos recursos hídricos deve ser a bacia hidrográfica. 
 A capacidade de autodepuração dos cursos d´água deve ser considerada como um 
recurso natural cuja utilização é legítima, devendo os benefícios dessa utilização, 
reverter para a coletividade; a utilização dos cursos de água como meio receptor 
de efluentes rejeitados não deve, contudo, provocar a ruptura dos ciclos 
ecológicos que garantem os processos de autodepuração. 
 A gestão das águas deve abranger tanto as águas interiores superficiais e 
subterrâneas como as águas marítimas costeiras. 
 A gestão dos recursos hídricos deve considerar a estreita relação existente entre 
os problemas de quantidade e qualidade das águas. 
 A gestão dos recursos hídricos deve processar-se no quadro do ordenamento do 
território, visando à compatibilização, nos âmbitos regional, nacional e 
internacional, do desenvolvimento econômico e social, com os valores do 
ambiente. 
 A crescente utilização dos recursos hídricos, bem como a unidade destes em cada 
bacia hidrográfica, acentua a incompatibilidade da gestão das águas com sua 
propriedade privada. 
 Todas as utilizações dos recursos hídricos, com exceção das correspondentes às 
captações diretas de água de caráter individual, para a satisfação de necessidades 
básicas, devem estar sujeitas a autorização do Estado. 
 Para pôr em prática uma política de gestão das águas é essencial assegurar a 
participação das populações por meio de mecanismos devidamente 
institucionalizados. 
 A autoridade em matéria de gestão dos recursos hídricos deve pertencer ao Estado. 
 Na definição de uma política de gestão de águas devem participar todas as 
entidades com intervenção nos problemas da água. Todavia, a responsabilidade 
pela execução dessa política deve competir a um único órgão que coordene, em 
todos os níveis, a atuação daquelas entidades em relação aos problemas das águas. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 33 
 
 
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) 
O legislador editou em 1997 a PNRH, descrita abaixo, como uma ação governamental 
que busca nortear a sociedade na gestão de águas, segundo os princípios 
supramencionados. 
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997, Institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei 
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro 
de 1989 (http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=370 ) 
No Brasil, a PNRH surge devido aos cenários futuros preocupantes com relação à 
disponibilidade de água doce suficiente para abastecer as futuras gerações. Podemos 
vivenciar atualmente essa realidade e não mais uma projeção, por isso,destaca-se a 
importância desta lei, no trabalho de buscar um gerenciamento adequado. 
Princípios básicos da lei: 
 A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento; 
 A consideração dos múltiplos usos da água; 
 O reconhecimento da água como um bem finito, vulnerável e dotado de valor 
econômico; e 
 A necessidade da consideração da gestão descentralizada e participativa desse 
recurso. 
Objetivos básicos da lei: 
 Assegurar à atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água. 
 A utilização racional e integrada dos recursos hídricos. 
 Apresentação e a defesa contra eventos hidrológicos críticos naturais ou 
antrópicos. 
Instrumentos de Gestão: 
 Planos de recursos hídricos (PNRH) 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 34 
 
 Outorga de direito de uso 
 Cobrança pelo uso da água 
 Enquadramento dos Corpos d’água em classes de uso (Resolução 357 do 
CONAMA) 
 Sistema Nacional de Informações sobre recursos hídricos 
 
Modelo de Gestão: Sistêmico e Participativo 
O crescimento da demanda por água aumenta a necessidade de planejamento e de gestão 
dos recursos hídricos. Um diferente modo de pensamento, o pensamento sistêmico, tem 
contribuído efetivamente para as demandas atuais relacionadas à preservação dos 
recursos hídricos e objetiva entender o todo, detectar padrões e inter-relacionamentos e 
aprender a reestruturar essas inter-relações de forma mais harmoniosa. Com base nestes 
conceitos, podemos definir três instrumentos fundamentais: 
1. Planejamento estratégico por bacia hidrográfica 
2. Tomadas de decisão multilaterais e descentralizadas 
3. Estabelecimento de instrumentos legais financeiros para compatibilizar as ações 
Bons Estudos! 
 
Referências 
RAMOS, M.M., SILVA, D.D. Geografia das águas. Brasília, DF; ABEAS: Viçosa, MG: 
UFV, DEA, 2001. 83p. (Curso de Uso Racional dos Recursos Naturais e seu Reflexos no 
Meio Ambiente. Módulo 10) 
BRASIL. Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 
MMA/ SRH, 1997. 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 35 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 4 – Gestão de Recursos Hídricos 
Tema 4.2 – Gestão de Recursos Hídricos e o SNGRH 
 
Caro estudante, vamos continuar nossos estudos sobre a Gestão de Recursos Hídricos! 
 
Iniciamos nossos estudos com uma reflexão apresentada pelo Prof. Dr. Carlos E. M. 
Tucci, um dos grandes pesquisadores brasileiros da área de recursos hídricos. 
 
 
“A infraestrutura desenvolvida para a sociedade se baseia numa 
probabilidade ou risco de ocorrência de eventos naturais, tanto 
para disponibilidade hídrica como para eventos extremos de 
inundações, além de acidentes. Como na vida de qualquer pessoa, 
assumimos um risco ao atravessar a rua, dirigir um carro, no tipo 
de alimentação, entre outros. Da mesma forma, quando é realizado 
um projeto de abastecimento de água, a disponibilidade hídrica de 
um manancial tem um risco de ser menor que a demanda da cidade 
ou quando ocupamos uma área com uma casa, existe um potencial 
risco de inundação maior ou menor de acordo com o local. Estas 
condições são inerentes a vários cenários da vida da população” 
(TUCCI, 2015). 
 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SNGRH 
Quando falamos em gerenciar, precisamos conhecer o nosso foco gerencial, e para tanto, 
é essencial buscar dados e gerar informações sobre os recursos hídricos, para que 
possamos conhecer a conjuntura atual em diferentes níveis, nacional, estadual e 
municipal. Se tratando de Brasil, um enorme país e com uma diversidade incrível de 
ambientes naturais e características culturais, o gerenciamento adequado das informações 
sobre os RH é fundamental para auxiliar os profissionais na proposição de ações 
gerenciais em diferentes escalas. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 36 
 
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, 1997) criou o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH), responsável pela geração de 
informações sobre recursos hídricos, sendo estes dados coletados, tratados, armazenados, 
recuperados e, posteriormente, incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre 
Recursos Hídricos (SNIRH), de modo a subsidiar a gestão de recursos hídricos. 
Para exemplificar o que estamos descrevendo, observe as informações apresentadas no 
Encarte Especial sobre a Crise Hídrica (Conjuntura Recursos Hídricos no Brasil, Informe 
2014) na Figura 1e 2. 
 
Figura 9 – Situação da Chuva no Brasil nos anos de 2012, 2013 e 2014. Fonte: Adaptado de ANA, 2014. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 37 
 
 
Figura 10 - Criticidade das chuvas entre 2012 e 2014 no Sudeste. Fonte: Adaptado de ANA, 2014. 
Estas informações, apresentadas nos infográficos, são fundamentais para orientar as ações 
dos gestores que trabalham com saneamento, pois permitem direcionar as atividades no 
curto e médio prazo (ações emergenciais) e as ações preventivas de longo prazo. 
Objetivos do SNGRH: 
 Coordenar a gestão integrada das águas; 
 Arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; 
 Implementar a PNRH; 
 Planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos RH; 
 Promover a cobrança pelo uso de RH. 
Buscando coordenar de modo integrado, o SNGRH, trabalha com um conjunto de ações 
e atua em todos os níveis (Federal, Estadual, e nas bacias hidrográficas). 
Agência Nacional de Águas - ANA 
A ANA é um órgão do governo federal encarregado de implementar PNRH e orientar a 
organização dos comitês de bacias hidrográficas. Indutor de iniciativas relacionadas à 
gestão de recursos hídricos: Pesquisa; Capacitação técnica; Educação ambiental; 
Conservação de água e solo. 
A LEI Nº 9984, DE 17 DE JULHO DE 2000, dispõe sobre a criação da Agência Nacional 
de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 38 
 
Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
e dá outras providências. 
Algumas das atribuições da ANA: 
 Disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o 
controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos 
Hídricos. 
 Outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em 
corpos de água de domínio da União. 
 Fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União. 
 Elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de 
domínio da União, com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos pelos 
Comitês de Bacia Hidrográfica. 
 Estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia 
Hidrográfica. 
 Implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança 
pelo uso de recursos hídricos de domínio da União. 
 Arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo 
uso de recursos hídricos de domínio da União. 
Bons Estudos! 
 
Referências 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Encarte especial sobre a crise hídrica. Disponível 
em:< http://conjuntura.ana.gov.br/>. Acesso em: 10 agosto 2015. 
BRASIL. Lei n° 9.984 de 17 de julho de 2000 – Cria a Agência Nacional dasÁguas. 
Brasília: 2000. 
BRASIL. Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 
MMA/ SRH, 1997. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 39 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 5 – Instrumentos de gestão 
Tema 5.1 – Plano de Recursos Hídricos e Enquadramentode corpos d’água 
Caro estudante, nossa aula 5 se propõem a estudar os instrumentos de gestão de recursos 
hídricos, propostos pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). 
Vamos Refletir! 
A seguir apresentaremos trechos do livro de Jared Diamond – Colapso: como as 
sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. 
 
“Resultados desastrosos surgem das seguintes falhas da sociedade 
ou de grupos: não se antecipar ao surgimento do problema; não 
perceber quando o problema já está presente; não tentar resolver 
o problema, apesar de tê-lo percebido; e não conseguir resolver o 
problema, apesar das tentativas de solucioná-lo” (Diamond, 
2005). 
“Historicamente, duas escolhas, aparentemente, foram decisivas 
quanto ao sucesso ou fracasso das tentativas para lidar com 
ameaças de colapso: 1) o planejamento de longo prazo e 2) a 
disposição de indivíduos e da sociedade para reconsiderar valores 
básicos” (Diamond, 2005). 
 
A PNRH definiu os seguintes instrumentos para regulamentação do uso, controle e 
proteção dos recursos hídricos: 
 Plano de recursos hídricos; 
 Enquadramento de recursos hídricos; 
 Sistema de informações sobre recursos hídricos; 
 Outorga do direito de uso dos recursos hídricos; e 
 Cobrança pelo uso da água. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 40 
 
Plano de Recursos Hídricos 
Os Planos de Recursos Hídricos são instrumentos de planejamento que servem para 
orientar a sociedade e, mais particularmente, a atuação dos gestores, no que diz respeito 
ao uso, recuperação, proteção, conservação e desenvolvimento dos recursos hídricos 
(ANA, 2011). Um instrumento previsto pela Lei das Águas e que deve ser elaborado em 
3 níveis: 
 Plano Nacional de Recursos Hídricos 
 Plano Estadual de Recursos Hídricos 
 Plano de Bacia Hidrográfica 
Segundo a Lei das Águas, são planos diretores que visam fundamentar e orientar a 
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e a gestão das águas. Devem 
ser formulados com uma visão de longo prazo, sendo que em geral, trabalham com 
horizontes entre dez e vinte anos, acompanhados de revisões periódicas. 
Pensar de forma sistêmica é fundamental para a resolução de problemas ambientais, 
principalmente os problemas envolvendo a gestão de recursos hídricos, onde as variáveis 
de controle estão sempre interligadas. 
Um ciclo virtuoso e importante é: Planejamento-ação-indução-controle-
aperfeiçoamento. Estas ações são estratégias essenciais para identificar, agir, e corrigir 
os problemas relacionados à preservação dos recursos hídricos e à melhoria da gestão das 
águas. 
A Figura 1 apresenta os instrumentos de gestão da PNRH. 
 
Figura 11 - Instrumentos da PNRH. Fonte: Adaptado de ANA, 2011. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 41 
 
O processo de planejamento deve ser capaz de fazer uma análise crítica dos cenários 
atuais e futuros, orientado por três situações: 
 Situação atual dos recursos hídricos; 
 Situação desejada; e 
 Situação possível 
A situação possível deve levar em conta a capacidade financeira da sociedade e as 
perspectivas futuras para a região. 
Qual é o conteúdo básico do Plano de Recursos Hídricos? 
 Diagnóstico ambiental; 
 Análise de alternativas de crescimento demográfico e de atividade produtivas; 
 Balanço de disponibilidades e demandas futuras dos RH; 
 Metas de racionalização de uso; 
 Medidas, programas e projetos a serem implantados; 
 Prioridades para outorga; 
 Diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso de RH; 
 Propostas para a criação de áreas sujeitas a restrições de uso. 
 Quais são os objetivos do Plano de Recursos Hídricos? 
1. Definição de uma agenda de recursos hídricos, identificando ações de gestão, 
programas, projetos, obras e investimentos prioritários, dentro de um contexto que 
inclua os órgãos governamentais, a sociedade civil, os usuários e as diferentes 
instituições que participam do gerenciamento dos recursos hídricos; 
2. Compatibilização do uso, controle e proteção dos recursos hídricos às aspirações 
sociais; 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 42 
 
3. Atendimento das demandas de água com foco no desenvolvimento sustentável 
(econômico; social e ambiental); 
4. Plano de Recursos Hídricos e Enquadramento dos corpos de água com equilíbrio 
entre oferta e demanda de água, de modo a assegurar as disponibilidades hídricas 
em quantidade, qualidade e confiabilidade adequada aos diferentes usuários; 
5. Orientação do uso dos recursos hídricos por meio de processo interativo, 
considerando variações do ciclo hidrológico e dos cenários de desenvolvimento. 
Enquadramento dos cursos d’água 
O Enquadramento dos cursos d’água é um instrumento proposto pela Lei das Águas e 
regulamentado pela Resolução CONAMA 357/05, que dispõe sobre a classificação dos 
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. 
O enquadramento é o estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser alcançado ou 
mantido em um segmento de corpo de água ao longo do tempo, em função dos usos 
preponderantes atuais e futuros da água. 
Objetivos do enquadramento: 
 Assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem 
destinadas; 
 Diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas 
permanentes. 
A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta os usos preponderantes e suas respectivas classes de 
enquadramento, segundo a Resolução CONAMA 357/05. 
Acesse a resolução: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 43 
 
Tabela 1 - Usos preponderantes de água doce em função das classes de enquadramento. Fonte: Adaptado 
de CONAMA 357/05. 
Bons Estudos! 
 
Referências 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Manual de Outorga. Disponível em:< 
http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sof/MANUALDEProcedimentosTecnicoseAdmi
nistrativosdeOUTORGAdeDireitodeUsodeRecursosHidricosdaANA.pdf>. Acesso em: 
03 de abril 2015. 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Planos de recursos hídricos e enquadramento dos 
corpos de água. Disponível em: < 
http://cbhvelhas.org.br/images/CBHVELHAS/arquivosgerais/CadernosDeCapacitacao5
_%20Plano_comite_editoracao.pdf> Acesso em: 20 de abril 2015. 
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução Normativa n° 357. 
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu 
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, 
e dá outras providências. Brasília, 17 de mar. de 2005. 
BRASIL. Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 
MMA/ SRH, 1997. 
DIAMOND, J. Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. São 
Paulo, Record, 2005. 
Usos Classe 
Especial 1 2 3 4 
Abastecimento para consumo humano X X X X 
Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas X 
Preservação de ambientes aquáticos em unidades de conservação de 
proteção integral 
X 
Proteção das comunidades aquáticas X X 
Recreação de contato primário (*) X X 
Irrigação X X X 
Aqüicultura e atividade de pesca X 
Pesca amadora X 
Dessedentação de animais X 
Recreação de contato secundário X 
Navegação X 
Harmonia paisagística X 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 44 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 5 – Instrumentos de gestão 
Tema 5.2 – Outorga e Cobrança pelo uso da água 
 
Vamos continuar nossos estudos sobre os instrumentos de gestão! 
“A água desempenha múltiplas funções, seja para atendimento das 
necessidades básicas humanas, animais e para a manutenção dos 
ecossistemas, seja como insumo na maioria dosprocessos 
produtivos. Estas múltiplas atribuições e conotações da água, 
devido ao seu caráter indispensável à vida, tornam essencial a 
normatização do seu uso, com uma legislação específica e atuação 
efetiva do poder público.” (Manual de Outorga, ANA). 
Como visto anteriormente, a PNRH definiu os seguintes instrumentos para 
regulamentação do uso, controle e proteção dos recursos hídricos: 
 Plano de recursos hídricos 
 Enquadramento de recursos hídricos; 
 Sistema de informações sobre recursos hídricos; 
 Outorga do direito de uso dos recursos hídricos; e 
 Cobrança pelo uso da água. 
 
Outorga 
O Brasil possui uma das mais modernas leis de gerenciamento de recursos hídricos do 
mundo, e procedimento de outorga do direito de uso dos recursos hídricos é um dos 
instrumentos legais de gestão. 
Objetivo: 
1. Assegurar o controle da quantidade e qualidade dos usos da água; e 
2. Assegurar o direito ao acesso à água. 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 45 
 
O que é Outorga? 
A outorga é o ato administrativo mediante o qual o poder público outorgante (União, 
estado ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recursos 
hídricos, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato. 
Quais usos estão sujeitos à outorga? 
Estão sujeitos à outorga, segundo a PNRH, os seguintes usos: 
 Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para 
consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo produtivo; 
 Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de 
processo produtivo; 
 Lançamento de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, 
com o fim de sua diluição, transporte ou disposição; 
 Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; 
 Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente 
em um corpo de água. 
Modalidades de Outorga 
1. Autorização: Obras, serviços ou atividades que não são de utilidade pública. 
Prazo máximo: 05 anos 
2. Concessão: Obras, serviços ou atividades de utilidade pública. Prazo máximo: 20 
anos; 
3. Cadastro: Usos insignificantes. Prazo máximo: 03 anos. 
Quem emite a outorga? 
Órgão ambiental público detentor do domínio hídrico. As coleções de água que banham 
mais de um estado são de domínio da união, e os demais são de responsabilidade dos 
estados. 
União: Agência Nacional de Águas – ANA 
Estados: órgãos determinados pela legislação 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 46 
 
Quais usos não estão sujeitos à outorga? 
 Uso para satisfação de necessidades de pequenos núcleos populacionais, meio 
rural; 
 Derivações, captações e lançamentos insignificantes; 
 Acumulações insignificantes 
 
Vazões Outorgáveis 
As vazões para outorga em cursos superficiais são definidas pelo poder público 
outorgante (Federal ou Estadual) e faz uso dos valores de vazões mínimas ou de estiagem 
para a concessão de uso aos usuários dos recursos hídricos. O legislador procurou, por 
meio da avaliação das vazões mínimas, gerenciar as possíveis situações de conflito de uso 
da água nos momentos de estiagem. 
Um exemplo clássico de vazões mínimas é a Q7,10 (vazão mínima de 7 dias de duração e 
10 anos de tempo de retorno) que é utilizada para estudos de qualidade da água em rios e 
na vazão mínima a ser mantida nos rios após o uso da água no processo de outorga. Outro 
procedimento para avaliar as vazões mínimas é por intermédio da curva de permanência, 
que permite a obtenção, por exemplo, da Q95 (vazão com 95% de permanência no tempo). 
A quantidade a ser outorgada varia com o regime do rio e em função da legislação 
estadual. Em rios de regime permanente ou rios perenes, a outorga é usualmente feita com 
base na Q7,10 ou na Q95, atribuindo-se valores percentuais a elas, ou seja, outorgando-se 
apenas parte destes valores de vazões mínimas. 
A agência nacional de águas (ANA) determina que a vazão de água a ser coletada e 
outorgada deve ser no máximo igual de 70% da Q95, podendo variar em função da região. 
A ANA considera que vazões de captação menores ou iguais que 1L/s (Q ≤ 1L/s) são 
insignificantes e não exigem pedidos de outorga, o usuário deve apenas fazer um cadastro 
simples declarando uso insignificante. Devido às peculiaridades de nosso país, cada 
estado deve estabelecer seus critérios, vale ressaltar, que a legislação Estatual pode propor 
critérios, mas estes devem ser iguais ou mais restritivos do que os critérios propostos pela 
ANA. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 47 
 
Suspensão da Outorga 
A suspensão da outorga pode ocorrer nos seguintes casos: 
 Não cumprimento dos termos da outorga pelo outorgado; 
 Ausência de uso por três anos consecutivos; 
 Necessidade premente de água para situações de calamidade; 
 Necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental; 
 Atender usos prioritários de interesse coletivo; 
 Necessidade de manter características de navegabilidade. 
Cobrança pelo Uso da Água 
Devem ser definidos critérios e diretrizes para subsidiar o processo de cobrança pelo uso 
da água seguindo-se as mesmas orientações requeridas para aplicação do instrumento de 
outorga, acrescidas de esclarecimentos sobre o que cobrar, como cobrar, de quem cobrar 
e para que cobrar o uso da água. Essas orientações devem ser adequadas às características 
específicas da bacia, incluindo uma análise preliminar sobre a viabilidade econômica da 
cobrança. 
Um dos avanços do sistema de cobrança proposto como ferramenta de gestão de recursos 
hídricos, diz respeito à destinação dos recursos financeiros arrecadados, que devem ser 
usados para financiar a recuperação e a preservação dos recursos hídricos: 
 Financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídas no plano de RH; 
 Despesas de implantação e custeio administrativo de órgãos e entidades 
integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de RH; 
Referências 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Manual de Outorga. Disponível em:< 
http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sof/MANUALDEProcedimentosTecnicoseAdmi
nistrativosdeOUTORGAdeDireitodeUsodeRecursosHidricosdaANA.pdf>. Acesso em: 
03 de abril 2015. 
BRASIL. Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 
MMA/ SRH, 1997. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 48 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 6 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas rurais 
Tema 6.1 – Práticas Conservacionistas 
Caro estudante, vamos iniciar nossa aula 6! 
Começaremos fazendo uma leitura sobre alguns aspectos tratados pela Filosofia 
Ambiental. O texto abaixo é parte de uma entrevista do professor da Universidade de 
Washington, Amós Nascimento, em Seattle: 
“Estética e responsabilidade ambiental: O que seria isso? Para 
dar uma curta resposta, é simplesmente estar mais atento às várias 
formas de percepção, de modo a poder entender e captar o que se 
passa no meio ambiente e entender eventos e situações como 
“questões” que merecem nossa atenção e resposta. O processo de 
estar mais atento e sensível ao meio ambiente, a discutir mais 
sobre isso, a interagir com várias esferas, requer uma atenção 
mais refinada e atenta. Isso é o que eu denomino “estética 
ambiental”. O processo de resposta a isso é diferente. Com base 
nas percepções, problemas e questões levantadas, somos 
motivados e às vezes forçados a dar alguma 
resposta. Responsabilidade, em sentido lato, é a habilidade de dar 
respostas. Vem daí, portanto, o meu conceito de responsabilidade 
ambiental. Portanto, a responsabilidade ambiental é um processo 
posterior,que requer primeiro a estética ambiental. Primeiro se 
escuta, se percebe, se comunica. Depois, temos de dar alguma 
resposta.” (Amós Nascimento) 
Manejo de bacias hidrográficas em áreas rurais 
O planejamento é essencial para que os melhores resultados de desenvolvimento 
socioeconômico do produtor rural e sua família, assim como a conservação dos recursos 
naturais da propriedade agrícola, sejam atingidos. 
É necessário ter em mente que a propriedade não é constituída somente por um tipo de 
solo e este não ocorre em apenas um tipo de relevo. As propriedades rurais estão inseridas 
em uma bacia hidrográfica e suas particularidades como classe de solo, relevo, clima e 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 49 
 
cobertura vegetal devem ser consideradas. Por isso, a aptidão agrícola dos solos deve 
nortear o planejamento conservacionista. 
Neste contexto, faz-se uso de técnicas e programas de manejo, com o objetivo sistematizar 
as ações conservacionistas de forma integrada, ou seja, considerando as interações: solo-
água-planta-homem. 
A conservação do solo é alcançada por meio de programas de prevenção e controle da 
erosão, da excessiva perda de nutrientes e, de uma maneira geral, da perda de sua 
capacidade de sustentar a vegetação natural e/ou a agricultura. Conservar é aplicar um 
conjunto de técnicas ao solo, de maneira a ser obtido um rendimento maior e constante, 
e tem a finalidade de manter ou aumentar a produtividade sem que haja degradação 
exacerbada de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas. 
Conservar o solo é conservar a água! 
Vantagens da conservação do solo: 
 Evita e controla a degradação do solo; 
 Aumenta a produção; 
 Reduz o consumo de fertilizantes e corretivos; 
 Conserva os recursos naturais (flora e fauna); 
 Concorre para melhorar o nível de vida rural; 
 Contribui para uma melhor conservação das águas armazenadas; 
 Evita a poluição dos recursos hídricos; e 
 Evita o assoreamento dos mananciais. 
Erosão 
A erosão é um processo de deslocamento do solo ou de rocha de uma superfície. A erosão 
pode ocorrer por ação de fenômenos naturais ou antrópicos. A chuva e o vento são os 
principais causadores da erosão natural. No entanto, o uso inadequado do solo pode 
acelerar os processos erosivos. 
Erosão Hídrica: É a erosão provocada pela ação da água. A forma e a intensidade da 
erosão hídrica, embora estejam relacionadas com atributos intrínsecos do solo, são mais 
influenciadas pelas características das chuvas, da topografia, da cobertura vegetal e do 
manejo da terra, ocorrendo a interação de todos esses fatores. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 50 
 
As características das chuvas determinam o seu potencial erosivo, isto é, a capacidade de 
causar erosão. O potencial erosivo é avaliado em termos de erosividade, que é a medida 
dos efeitos de impacto, salpico e turbulência, provocados pela queda das gotas de chuva 
sobre o solo, combinados com os da enxurrada, que transportam as partículas do solo. A 
erosão hídrica é o agente mais importante na degradação dos solos em regiões tropicais. 
 
As principais formas da erosão hídrica são: 
 
Erosão Laminar: 
Consiste na perda de camada superficial de forma uniforme. Desgaste uniforme da 
superfície do solo nas situações em que a enxurrada se espalha pela superfície. 
Erosão por sulcos, ravinas e voçorocas: 
Caracteriza-se pela formação de canais (sulcos) de diferentes profundidades e 
comprimentos na superfície do solo. Ocorre a concentração das águas das chuvas nesses 
canais, aumentando, assim, o poder erosivo devido ao ganho de energia cinética pelo 
volume e velocidade da enxurrada. 
Sucessivamente, a erosão passa de laminar para sulcos, ravinas e, logo em seguida, para 
o estágio chamado de voçorocas ou boçorocas. As suas dimensões e a extensão dos danos 
que podem causar estão intimamente relacionadas com o clima, com a topografia do 
terreno, sua geologia, tipo de solo e forma de manejo. 
 
Práticas Conservacionistas 
A abordagem atual que considera a microbacia hidrográfica como a unidade de 
planejamento, permite programar ações que integram várias propriedades rurais e 
consideram diversos aspectos, como a capacidade de uso do solo na microbacia, as 
estradas rurais, a produção agrícola, entre outros. Estimular o uso racional do solo por 
meio do estudo da aptidão agrícola das terras é um procedimento indispensável para a 
realização de um manejo conservacionista do solo. 
Sempre associada às praticas de conservação de solo, estão às práticas de conservação de 
água. As práticas conservacionistas buscam o controle da erosão por meio das práticas 
vegetativas, edáficas, e mecânicas. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 51 
 
Práticas Vegetativas 
São aquelas em que se utiliza a vegetação para proteger o solo da erosão. A densidade da 
cobertura vegetal é o princípio fundamental de toda proteção que se oferece ao solo, 
preservando-lhe a integridade contra efeitos danosos da erosão. Exemplos de dessas 
práticas: 
 Florestamento e Reflorestamento 
 Manejo de pastagem 
 Plantas de cobertura 
 Plantio Direto 
 Culturas em faixa 
 
Práticas Edáficas 
As práticas edáficas são aquelas em que se procura manter ou melhorar a fertilidade do 
solo, o que, consequentemente, permitirá maior cobertura vegetal da superfície do solo. 
Este tipo de prática visa, ainda, a melhoria da estrutura do solo e o aumento da sua 
capacidade de infiltração. Exemplos de dessas práticas: 
 Controle do fogo 
 Adubação 
 Calagem 
Práticas Mecânicas 
As práticas mecânicas são aquelas que se utilizam de estruturas artificiais para a redução 
da velocidade de escoamento da água sobre a superfície do terreno. O terraceamento de 
terras agrícolas representa uma das práticas mecânicas mais difundidas e utilizadas pelos 
agricultores para controlar a erosão hídrica, constituindo-se na mais importante prática 
mecânica de controle da erosão. 
 Terraceamento 
 Bacias de captação 
 Canais escoamento 
Bons Estudos! 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 52 
 
 
Referências 
AMÓS NASCIMENTO. Filosofia e Natureza: Entrevista. [09 de maio de 2010]. São 
Paulo: Revista Página 22. Entrevista concedida a Amália Safatle. Disponível em:< 
http://www.pagina22.com.br/2010/05/09/filosofia-e-natureza/>. Acesso em: 10 de 
setembro de 2015. 
 GOMES, M. A ; PIMENTA, D. F. N. ; LANI, J. L ; SOUZA, R. M ; ALVARENGA, A. 
P ; VALENTE, O.F . Técnicas de manejo e conservação do solo para a revitalização de 
nascentes. Informe Agropecuário (Belo Horizonte), v. 32, p. 68-77, 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 53 
 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 6 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas rurais 
Tema 6.2 – Serviços Ambientais: Água 
Caro estudante, vamos iniciar nossos estudos! 
O que são serviços ambientais? 
Definição apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente: 
Serviços ambientais são processos gerados pela própria natureza através dos 
ecossistemas, com a finalidade de sustentar a vida na Terra. Os serviços ambientais são 
responsáveis pela manutenção da biodiversidade, que permite a geração de produtos 
como a madeira, fibra, peixes, remédios, sementes, combustíveis naturais e etc., que são 
consumidos pelo homem. 
Os ecossistemas são importantíssimos para a vida humana, pois desempenham funções 
como a purificação da água e do ar, amenizam os fenômenos violentos do clima, 
promovem a decomposição do lixo, a geração de solos férteis, o controle de erosões, a 
reprodução da vegetação pela polinização e pela dispersão de sementes,o controle de 
pragas, o sequestro de carbono por meio do crescimento da vegetação, entre outros 
serviços ambientais. 
A preservação dos ecossistemas e, consequentemente, dos serviços ambientais por eles 
prestados nem sempre é um caminho economicamente atrativo à primeira vista. Em curto 
prazo, outras atividades são mais lucrativas: criação de gado e produção de grãos, por 
exemplo. Tais atividades exigem a derrubada de vegetação de grandes áreas, o que 
interrompe a geração dos serviços ambientais prestados pela mata que precisa ser 
derrubada. No entanto, se pensarmos nos custos para recuperar uma área degradada, 
despoluir um rio, ou recuperar as perdas causadas por incêndios florestais, vale mais a 
pena investir na manutenção dos serviços ambientais que a natureza presta. (BRASIL, 
2009). 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 54 
 
 
Pagamento por Serviços Ambientais 
Embora o Brasil possua uma grande oferta de água, invejável em termos globais, existe 
uma enorme desigualdade na distribuição dos recursos hídricos e na demanda por estes 
recursos. Neste contexto, estudar as dinâmicas que envolvem precipitação, infiltração e 
oferta de água, é de fundamental importância para determinar o balanço hídrico nas bacias 
hidrográficas e para subsidiar ações de gestão nas áreas de maior estresse hídrico 
(BRASIL, 2011). 
Mecanismos de mercado têm sido utilizados para auxiliar os órgãos responsáveis pela 
gestão dos recursos hídricos, mediante a proposição de medidas que não apenas busquem 
a valorização do meio, mas também a valoração do recurso, ou seja, que passe a atribuir 
um valor aos serviços ambientais. Serviços estes prestados pela natureza, e que são 
dependentes de atitudes de preservação, proteção e uso consciente da terra, para que se 
assegure a capacidades dos ecossistemas de produzir água. 
A infiltração de água é um processo de grande importância para a conservação da água e 
do solo. Sendo a regulação temporal dos fluxos hídricos um importante serviço ambiental 
prestado por este processo, afinal, assegura vazões mínimas nos períodos de estiagem, 
possibilitando suprir as demandas rurais e principalmente as urbanas de água. 
Reconhecendo, cada vez mais, os benefícios de um ambiente equilibrado, a sociedade 
tem buscado medidas que assegure os serviços gerados pela natureza e consequentemente 
à qualidade de vida das populações. Cresce a corrente que acredita na compensação 
financeira dos “protetores” desses serviços, para que se garanta a continuidade dos 
mesmos. Evidenciando a dependência das populações urbanas aos “produtos” gerados 
na zona rural e a necessidade de políticas ambientais menos punitivas e que busquem a 
utilização do princípio do “provedor-recebedor”. 
 
Pagamento pelos serviços ambientais: Recursos Hídricos 
O volume total de água no planeta não sofre variações. No entanto, a escassez de recursos 
hídricos é um tema recorrente nas últimas décadas, devido entre outros aspectos, às ações 
humanas que alteram a movimentação da água entre os diferentes estados físicos (sólido, 
liquido e gasoso), degradam a qualidade da água ante seus múltiplos usos e promovem a 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 55 
 
mercantilização da água; além de outros aspectos, como a distribuição desigual de água 
doce e das populações humanas. 
O relatório da ONU, intitulado “Água: Uma Responsabilidade Compartilhada”, 
apresentado no IV Fórum Mundial de Águas, realizado em 2006 no México, sugere, 
dentre outras recomendações para a melhoria da gestão dos recursos hídricos, o 
pagamento pelos serviços ecossistêmicos ou ambientais, a fim de agregar valor aos 
produtos oriundos de fontes naturais. 
A tendência de não desvincular a esfera econômica do meio ambiente, expressa o 
reconhecimento de que a qualidade de vida das populações está intimamente ligada à 
capacidade dos ecossistemas de proverem serviços ambientais. Dessa forma, a 
compensação econômica, é um mecanismo de pagamento pelos serviços ambientais. 
O programa “Produtor de Água” da Agencia Nacional de Águas (ANA) visa à proteção 
dos recursos hídricos do país, por meio de medidas que estimulam a política de 
Pagamento pelos Serviços Ambientais. Compensação financeira e apoio técnico são 
fornecidos aos usuários que geram externalidades positivas nas bacias hidrográficas. 
Ações dessa natureza demonstram a aplicação do princípio do “provedor-recebedor”, 
ou “protetor-recebedor”, algo essencial na gestão de recursos hídricos. 
Conservação de água e solo 
A abordagem atual que considera a microbacia hidrográfica como a unidade de 
planejamento, permite programar ações que integram várias propriedades rurais e 
consideram diversos aspectos, como a capacidade de uso do solo na microbacia, as 
estradas rurais, a produção agrícola, entre outros. 
Estimular o uso racional do solo por meio do estudo da aptidão agrícola das terras é um 
procedimento indispensável para a realização de um manejo conservacionista do solo. 
Sempre associada às praticas de conservação de solo, estão as práticas de conservação de 
água. A interligação se deve principalmente nas medidas de controle à erosão, que buscam 
através da infiltração da água no solo, reduzir a velocidade do escoamento superficial, 
diminuir carreamento de sedimentos, entre outras ações, proporcionadas por práticas 
adequadas de manejo do solo (PRUSKI, 2009). Estas práticas podem ser de caráter 
edáfico quando busca adequar o sistema de cultivo; vegetativo quando faz uso da 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 56 
 
vegetação para proteção do solo; ou mecânico quando utiliza estruturas artificiais como 
o terraceamento, como apresentado no Tema 6.1. 
Bons Estudos! 
 
Referências 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Pagamentos por serviços ambientais: 
perspectivas para a Amazônia Legal. Disponível em: < 
http://www.mma.gov.br/estruturas/168/_publicacao/168_publicacao17062009123349.p
df>. Acesso em: 20 jul. 2015. 
 
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: 
Informe 2011. Brasília, 2011. Disponível em: < 
http://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/>. Acesso em: 20 jul. 2031. 
 
 
PRUSKI, F. F. Conservação de Solo e Água: Práticas mecânicas para o controle da erosão 
hídrica. 2.ed. Viçosa: Editora UFV, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 57 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 7 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas urbanas 
Tema 7.1 – Urbanização e Recursos Hídricos 
 
Caro estudante, vamos tratar de um tema muito importante para o planejamento das 
cidades: o processo de urbanização e suas interações como os recursos hídricos. 
Vamos fazer uma leitura extraída da apostila: 
Planejamento, manejo e gestão de bacias – Bacia Hidrográfica (Projeto Água e Gestão). 
Conheça os cursos do Projeto Água e Gestão (Agencia Nacional de Águas). 
www.aguaegestao.com.br 
 
Bacias hidrográficas urbanas 
Os impactos do desenvolvimento urbano sobre os recursos hídricos ocorrem tanto no 
aspecto qualitativo (pela alteração da qualidade da água), quanto no quantitativo (com 
mudanças nos padrões de fluxo e quantidade da água). É importante ressaltar que estes 
impactos ocorrem de forma indissociável, simultaneamente dentro do meio urbano. 
À medida que a população cresce e as manchas urbanas aumentam desordenadamente e 
sem planejamento, com novas áreas sendo ocupadas a cada dia, este desenvolvimento 
geralmente significa aumento da impermeabilização do solo pela pavimentação das ruas 
e lotes, construção de moradias e outras obras de infraestrutura. Na mesma proporção, 
crescem em significância os aspectos ambientais relacionadosà geração de esgotos 
domésticos, efluentes industriais, resíduos sólidos urbanos e industriais, e à emissão de 
poluentes atmosféricos. 
 
Entre as principais modificações sobre o ciclo das águas no meio urbano, destacam-se: 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 58 
 
Alterações no aspecto quantitativo 
 As alterações quantitativas, em geral, estão associadas ao processo de impermeabilização 
do solo. O aumento da impermeabilização do solo com pavimentos, calçadas e telhados 
causa um escoamento mais rápido da água precipitada para as redes de drenagem urbana, 
que, por sua vez, concentram estes volumes nos rios principais. 
As principais alterações que a impermeabilização do solo causam sobre o regime 
quantitativo das águas são apresentados na sequência: 
O volume que deixa de infiltrar fica na superfície, aumentando o escoamento superficial, 
gerando alterações significativas no regime de vazões das pequenas bacias localizadas na 
área urbana, como exemplificado na Figura 1, abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
O processo impermeabilização altera o balanço hídrico das áreas urbanizadas, pois reduz 
drasticamente a infiltração e a interceptação. 
Devido à substituição da cobertura natural ocorre uma redução da evapotranspiração das 
folhagens e do solo, já que a superfície urbana não retém água como a cobertura vegetal. 
Alterações no aspecto qualitativo das águas 
Segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos pelo Centro de Proteção da Bacia (The 
Center for Watershed Protection – CWP, 2003), os problemas com a qualidade da água 
dos rios começam a partir da impermeabilização de 10% da área da bacia. Uma 
impermeabilização variando entre 10 a 25% resulta no aumento significativo dos índices 
de poluição. A partir de 25% de impermeabilização da área de drenagem de um recurso 
hídrico há uma degradação total do ambiente aquático. 
Figura 12 - Escoamento superficial e a impermeabilização da superfície. Fonte: Freire, 2005. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 59 
 
Estes impactos estão relacionados aos seguintes fatores (FINOTTI et al., 2009; TUCCI et 
al., 1995; TOMAZ,2006): 
 Aumento da geração de esgotos domésticos, aumento da atividade industrial e da 
poluição por ela gerada, bem como aumento dos resíduos sólidos urbanos e 
industriais; 
 Dependendo das condições de saneamento e do sistema de drenagem existente 
pode ocorrer a contaminação direta dos recursos hídricos a partir da ligação de 
tubulações, caracterizadas como fontes de contaminação pontual; 
 Poluição difusa gerada pelo escoamento superficial da água em zonas urbanas, 
que provém de atividades que depositam poluentes de forma esparsa sobre a bacia; 
 Aumento de sedimentos e material sólido, principalmente durante o 
desenvolvimento urbano, onde o aumento dos sedimentos produzidos na bacia 
hidrográfica é significativo, devido às construções, limpeza de terrenos para novos 
loteamentos, construção de ruas, avenidas e rodovias e etc.; 
 Os sedimentos podem causar assoreamento das seções da drenagem, com redução 
da capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos, contribuído para 
a ocorrência de enchentes; 
 Os resíduos sólidos (lixo) dispostos nas ruas são levados para os sistemas de 
drenagem durante as enxurradas, obstruindo ainda mais as redes de drenagem e 
criando condições ambientais ainda piores; 
 A contaminação de aquíferos depende da relação de nível entre o lençol freático 
e o rio. Essa contaminação pode ocorrer quando há a contribuição das águas do 
rio para o aquífero. Mais comum é a contaminação de aquíferos a partir de 
sistemas de drenagem de esgoto. 
Tomaz (2006) afirma que a poluição difusa tem grande participação na degradação das 
águas, uma vez que pode representar 25% da carga poluente que chega aos cursos de 
água. O autor segue comentando que a poluição difusa é resultado do contato da água 
com os materiais presentes na superfície urbana, como resíduos sólidos, fezes de animais 
domésticos, papéis, raspas de borracha, restos de pintura, hidrocarbonetos de descargas e 
outros materiais resultantes do tráfego de veículos. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 60 
 
Este tipo de poluição é difícil de monitorar e de se estabelecer as diferenças entre as cargas 
de poluição geradas nas zonas urbanas residenciais, industriais ou comerciais devido as 
diferentes taxas de ocupação. 
Bons Estudos! 
 
Referências 
FINOTTI, A.R.; FINKLER, R.; SILVA, M.D.; CEMIN, G. Monitoramento de recursos 
hídricos em áreas urbanas. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. 270 pp. 
FREIRE, C.C.; OMENA, S.P.F. Princípios de hidrologia ambiental. Curso de 
aperfeiçoamento em gestão de recursos hídricos (Modalidade - EAD), 2005. 
TOMAZ, P. Poluição difusa. São Paulo: Navegar Editora, 2006. 
TUCCI, C.E.M.; PORTO, R.L.L.; BARROS, M.T. (org.) Drenagem urbana. Porto 
Alegre, ABRH, 1995. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 61 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 7 – Manejo de bacias hidrográficas em áreas urbanas 
Tema 7.2 – Drenagem Urbana 
 
Caro estudante, 
Vamos fazer uma leitura extraída da apostila: 
Planejamento, manejo e gestão de bacias – Bacia Hidrográfica (Projeto Água e Gestão). 
Conheça os cursos do Projeto Água e Gestão (Agencia Nacional de Águas). 
www.aguaegestao.com.br 
 
Drenagem urbana 
Na zona urbana os problemas decorrentes da impermeabilização do solo, aterramento 
e/ou canalização de cursos d’água, desmatamento e deficiências com saneamento 
resultam em alterações na drenagem das águas pluviais. A política de desenvolvimento 
urbano deve ser executada pelo poder público, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, 
e tendo como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
garantir o bem-estar de seus habitantes (MOTA, 2011). 
Entre as ferramentas para organização e disciplinamento das bacias hidrográficas urbanas 
podemos destacar: planos diretores municipais, geração de recursos para as ações de 
manutenção dos sistemas de controle de drenagem urbana e as ações em saneamento. 
Medidas não estruturais 
As medidas não estruturais são aquelas que permitem a minimização dos efeitos de cheia, 
sem a realização de obras, entre essas medidas podemos destacar: 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 62 
 
 Zoneamento de áreas inundáveis: descritos no Plano Diretor de Drenagem Urbana 
(PDDU); 
 Sistemas de previsão de cheias; 
 Seguro contra enchentes; 
 Educação ambiental. 
A definição do uso e ocupação do solo é um mecanismo legal e de grande importância 
para drenagem de águas. Na regulamentação, deve estar definido que em áreas sujeitas a 
inundações, a ocupação deve ser controlada. 
Neste sentido, podemos destacar mecanismos como: 
Legislação de uso e ocupação do solo: definição da distribuição espacial das atividades 
socioeconômicas e da população. Segundo Mota (2011) para definição dos usos do solo 
deve-se considerar: 
1. As compatibilidades dos usos; 
2. As características do meio, sua importância do ponto de vista ecológico, paisagístico, 
arqueológico ou histórico-cultural; 
3. A topografia do terreno; 
4. As áreas a preservar ou de uso restrito; 
5. A qualidade ambiental existente, capacidade do meio de receber novas cargas 
poluidoras; 
6. Os usos poluidores em relação aos demais usos; 
7. A capacidade do meio de dispersar e depurar poluentes; 
8. A infraestrutura sanitária existente ou projetada; 
9. As condições do solo para o uso de soluções individuais de saneamento (poços e 
fossas), nível do lençol freático, capacidade de absorção do solo; 
10. A qualidade ambiental desejável, padrões de qualidadejá definidos ou propostos, 
enquadramento proposto para os recursos hídricos; 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 63 
 
Como um dos resultados das definições de uma política de usos e ocupação dos solos, 
temos o zoneamento da cidade, que é a divisão da mesma em zonas: industrial, 
residencial, comercial, institucional e/ou mistas. 
Atualmente, o manejo de águas pluviais urbanas, o controle e a minimização dos efeitos 
adversos das enchentes urbanas não se limitam ao princípio dominante no meio técnico 
tradicional, que é propiciar o afastamento e o escoamento das águas pluviais dos pontos 
críticos, mas sim, promover a agregação de um conjunto de ações e soluções de caráter 
estrutural (trataremos a seguir) e não estrutural. As medidas estruturais envolvem a 
execução de grandes e pequenas obras e de planejamento e gestão da ocupação do espaço 
urbano, com legislações e fiscalizações eficientes quanto à geração dos deflúvios 
superficiais advinda do uso e da ocupação do solo. 
A geração dos recursos para a operação de ações de recuperação e proteção ambiental 
deve advir, por um lado, da penalização de agentes e atividades geradoras de impacto 
sobre o meio ambiente e os sistemas de infraestrutura críticos e, por outro, do pagamento 
dos custos desses sistemas por parte dos beneficiários das obras e da operação. Deve, 
também, levar em conta a capacidade contributiva dos beneficiários e dos geradores de 
impacto. 
São formas de obtenção de recursos para as compensações ambientais: o pagamento de 
royalties do setor elétrico, a cobrança pelo uso da água e o rateio do custo das obras de 
controle de cheias, entre os beneficiários. 
O estabelecimento de cobrança por impermeabilização (impermeabilizador-pagador) é 
uma ferramenta interessante para dar sustentabilidade aos programas de controle de 
drenagem urbana, captando recursos que poderão ser aplicados na manutenção dos 
sistemas de drenagem. O princípio do impermeabilizador-pagador considera que os 
agentes responsáveis pela alteração no regime hidrológico de uma área, em decorrência 
da impermeabilização do solo, deverão pagar pelos custos de mitigação dos 
danos/modificações causados. 
Medidas estruturais 
Entre as medidas estruturais, ou seja, aquelas que modificam o fluxo de água através de 
obras na bacia ou no rio, destacam-se: 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 64 
 
Bacia de detenção: sua função é reter uma parcela do volume de enxurrada, resultando 
no amortecimento da vazão máxima pluvial na bacia. Esse sistema tem como objetivo 
diminuir a gravidade das cheias, erosão, assoreamento e poluição. O dimensionamento 
de um reservatório de detenção deve basear-se em um hidrograma de entrada, uma curva 
de descarga e uma curva cota-volume, para assim, poder estimar a capacidade de 
armazenagem e o formato da estrutura. 
Bacias de retenção: sistema similar ao da bacia de detenção, entretanto, além de 
armazenar o volume escoado na bacia, permite a melhoria da qualidade de água, por reter 
uma parcela da água e permitir uma redução da turbidez da água pluvial. 
As bacias de retenção têm sido muito usadas comumente, em zonas rurais, como meio de 
armazenamento de água para fins agropecuários, e, em projetos de drenagem para reduzir 
o pico do escoamento para um nível compatível com a capacidade do meio receptor. 
Bacia de infiltração: neste sistema há filtragem da água pluvial com vistas a remover os 
sedimentos, obtendo uma remoção eficiente de sólidos coloidais. Seu uso permite 
absorver os impactos da urbanização, aumentando as condições de armazenamento e de 
infiltração da água na bacia, reduzindo os efeitos dos deflúvios no corpo receptor. 
Vala de infiltração: sistema composto por uma vala escavada com profundidade 
variando entre 1,0 e 3,5 m, revestida com manta geotextil e preenchida com brita, a vala 
cria um reservatório subterrâneo em condições de reter o deflúvio. 
Pavimento permeável: sistema onde a superfície permeável objetiva permitir a 
infiltração do escoamento. 
O pavimento permeável é capaz de reduzir volumes de escoamento superficial e vazões 
de pico a níveis iguais ou até inferiores aos observados antes da urbanização, redução do 
impacto na alteração da qualidade da água e na geração de sedimentos. 
Neste sistema, podem-se utilizar blocos de concreto pré-moldados assentados sobre uma 
camada de areia e com espaços vazios preenchidos com grama ou material granular, o 
que permite a infiltração da água. Estes sistemas podem ser utilizados em ruas com pouco 
tráfego, estacionamentos, quadras esportivas e passeios. 
Bons Estudos! 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 65 
 
Referências 
LIMA, H.M.; SILVA, E.S.; RAMINHOS, C. Bacias de retenção para gestão do 
escoamento: métodos de dimensionamento e instalação. REM: R. Esc. Minas, n.59, 
v.1, 2006. 97-109 pp. 
FINOTTI, A.R.; FINKLER, R.; SILVA, M.D.; CEMIN, G. Monitoramento de recursos 
hídricos em áreas urbanas. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. 270 pp. 
FREIRE, C.C.; OMENA, S.P.F. Princípios de hidrologia ambiental. Curso de 
aperfeiçoamento em gestão de recursos hídricos (Modalidade - EAD), 2005. 
MOTA, S. Urbanização e meio ambiente. Rio de Janeiro: Fortaleza: ABES, 2011. 380 
pp. 
RIGHETTO A. M. (coor.) Manejo de Águas Pluviais Urbana. Rio de Janeiro: ABES, 
2009. pp. 396. 
TUCCI, C.E.M.; PORTO, R.L.L.; BARROS, M.T. (org.) Drenagem urbana. Porto 
Alegre, ABRH, 1995. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 66 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 8 – Saneamento básico – Parte I 
Tema 8.1 – Introdução ao saneamento básico 
Caro estudante, vamos iniciar os estudos de um importante conteúdo, que relaciona boa 
parte da matéria estudada até o momento: Saneamento Básico. 
Para iniciarmos nossos estudos vamos refletir sobre duas importantes definições segundo 
a Organização Mundial da Saúde (OMS): 
Saneamento: É o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou 
podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social (OMS). 
Saúde: É um estado de completo bem-estar físico, social, mental, e não apenas a ausência 
de doenças (OMS). 
Observando estes conceitos, podemos afirmar que saúde e saneamento relacionam-se 
diretamente. A palavra saneamento deriva de sanear, tornar são, sadio, saudável. 
Outra importante definição: 
Salubridade Ambiental: É o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, 
tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de 
endemias ou epidemias, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento 
de condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar. 
As definições supracitadas apresentam uma importante palavra-chave: Bem-estar. Dessa 
forma, podemos dizer que o saneamento é o conjunto de ações que tem por objetivo 
alcançar a salubridade ambiental, proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural, 
por meio de: 
1. Abastecimento de água potável; 
2. Coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos; 
3. Promoção da disciplina sanitária de uso do solo; 
4. Drenagem urbana; 
5. Controle de doenças transmissíveis; e 
6. Outros serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as 
condições de vida urbana e rural. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 67 
 
Água: Indicador Social 
O modo como ser humano interage com o meio ambiente, seja por práticas 
conservacionistas ou degradantes, tendem a modificar as condições da água, dado a 
sinergia existente nas interações do ambiente e a importância da água na manutenção da 
vida (LEAL, 1998). Dessa forma, pode se citar os seguintes aspectos modificadoresdo 
ambiente: 
 Urbanização das bacias hidrográficas; 
 Erosão das encostas; 
 Gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos; 
 Diluição e transporte de rejeitos; e 
 Contaminação do solo com agrotóxicos e metais pesados. 
A comprovada correlação entre qualidade de vida e os serviços de abastecimento de água 
e esgotamento sanitário (Figura 2), justifica-se, entre outros aspectos, pelos inúmeros 
agravos que acometem as populações expostas as doenças de veiculação hídrica, devido, 
entre outros aspectos, a precariedade na higiene pessoal e doméstica, à escassez de água 
e a ingestão direta de água contaminada. 
Sugestão: Interprete, reflita e discuta as sobre as informações apresentadas na Figura 2. 
 
Figura 13. Esperança de vida ao nascer em 127 países e o acesso a água e 
esgotamento sanitário. (Fonte: adaptado de Libânio et al, 2005) 
 
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgado 
em 2010 (“Água Doente”) denuncia a poluição das águas por toneladas de resíduos, 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 68 
 
inclusive pesticidas, que condenam a vida aquática e degradam a qualidade da água, 
causando a morte milhões de crianças anualmente, por doenças relacionadas à água. 
Em termos globais, 85% da população tem acesso à água, no entanto, essa cifra não 
expressa a desigualdade existente entre os países do globo, em termos de qualidade da 
água distribuída. Metade das populações urbanas nas regiões da Ásia, América Latina, 
Caribe e África não são abastecidas por sistemas capazes de assegurar o fornecimento de 
água potável (PONTES E SCHRAM, 2004). Além da precariedade dos sistemas de 
tratamento e distribuição de água, o Water Resources Institute, afirma que muitos países 
ainda sofreram com escassez ou estresse hídrico. 
O que é um cenário de escassez hídrica? 
As situações de escassez se caracterizam quando os valores de água para consumo 
doméstico são inferiores ao mínimo de 50 m3. hab-1.ano-1, ou seja, são insuficientes para 
as atividades diárias básicas, como preparar alimentos e tomar banho. 
O consumo per capita de água possibilita identificar aspectos sociais e culturais, que 
caracterizam as diferenças no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os países 
e dentre as regiões de uma mesma nação. Evidenciando que o acesso à água em 
quantidade e qualidade adequadas estão intimamente relacionados à renda e o poder 
político. As disputas por acesso a água têm gerado conflitos cada vez mais recorrentes 
em diferentes partes do planeta. 
Bons Estudos! 
Referências 
LEAL, M.S. Gestão Ambiental de Recursos Hídricos: Princípios e Aplicações. Rio de Janeiro: Gráfica 
Barbero, 1998. 176 p. 
LIBÂNIO, Paulo Augusto Cunha. et al. A dimensão da qualidade de água: avaliação da relação entre 
indicadores sociais, de disponibilidade hídrica, de saneamento e de saúde pública. Revista de Saneamento 
Ambiental , Rio de janeiro, 2005 , vol.10, n.3, JUL./SET. 2005. Disponível em:< http://www.abes-
dn.org.br/publicacoes/engenharia/resaonline/v10n03/v10n03a05.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2010. 
PONTES, C. A. A.; SCHRAMM, F. R.. Bioética da proteção e papel do Estado: problemas morais no 
acesso desigual à água potável. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2004, vol.20, n.5, 
SET/OUT. 2004. 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 69 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 8 – Saneamento básico – Parte I 
Tema 8.2 – Princípios do tratamento de águas residuárias. 
Caro estudante, vamos começar nosso tema com uma definição muito importante. Leia e 
reflita: 
Como definir Resíduo? 
No contexto desta disciplina podemos iniciar uma discussão conceitual relacionando 
resíduo como tudo que resulta do inaproveitamento da atividade humana e que, se 
disposto de forma inadequada pode causar danos ao meio ambiente. Acrescenta-se que o 
termo inaproveitamento não se refere a uma condição intrínseca aos resíduos, mas as 
condições em que são gerados, manipulados e tratados. 
O que é resíduo em diversas atividades pode ser matéria prima ou insumo em outras. 
Como exemplo, temos a atividade sulcroalcooleira que antigamente lançava os resíduos 
da destilação do álcool (restilo, vinhaça ou vinhoto) nos rios, causando acentuada 
poluição e promovia disposição inadequada de grandes quantidades de bagaço de cana 
no solo. Hoje, esta atividade, em sua grande maioria, utiliza a vinhaça como corretivo de 
solo e o bagaço como combustível de caldeiras, chegando em alguns casos, ser geradora 
de energia elétrica devido ao excesso de energia produzido pelo bagaço reaproveitado 
como combustível. 
Águas Residuárias 
A Companhia de Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), defini: As águas 
residuais ou residuárias são todas as águas descartadas em diversos processos. 
As águas residuais podem ser também classificadas quanto a origem das águas, sendo de 
origem doméstica, o conhecido esgoto doméstico e de origem não sanitária ou 
simplesmente águas residuárias ou efluentes industriais. 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 70 
 
Esgoto Doméstico 
O esgoto doméstico, propriamente dito, constitui-se de despejos de banhos, vaso 
sanitário, pias e águas de lavagem residencial, com presença de sabão, detergentes e 
ausência de contaminantes químicos e potencial presença de agentes patogênicos. 
Esgoto Sanitário 
O termo esgoto sanitário além do despejo doméstico incorpora parcelas de contribuição 
de estabelecimentos comerciais e industriais lançadas em rede coletora municipal e com 
porções de água do subsolo e de chuva admitidas compulsoriamente pela rede por 
lançamentos clandestinos e por infiltração pelas juntas defeituosas e tampões de poços de 
visita. A Figura 1 apresenta a composição volumétrica típica dos esgotos sanitários. 
 
Figura 14 - Esgotos sanitários. 
 
A composição dos esgotos sanitários é resultado da dieta humana e das atividades 
domiciliares. Portanto, os esgotos sanitários são normalmente ricos em matéria orgânica 
e macronutrientes (N, P); por outro lado, o uso domiciliar da água pode incorporar 300 
a 400 mg/L de Sólidos Dissolvido Totais (sais), resultado também da própria deita 
humana e da intensa utilização de produtos de limpeza. Assim, os esgotos sanitários 
tendem a apresentar concentrações relativamente elevadas de sódio e cloretos, o que 
confere elevada condutividade elétrica ao esgoto e as águas poluídas pelo mesmo. 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 71 
 
Efluente Industrial 
Os resíduos líquidos industriais, comumente denominados de efluentes industriais, 
apresentam algumas características peculiares que os diferem dos resíduos mencionados 
acima. 
Os despejos industriais apresentam uma enorme variedade de poluentes, tanto em tipo e 
composição, como em volumes e concentrações. A poluição industrial exige um 
investigação cuidadosa e individual. 
As estratégias gerenciais de controle da poluição hídrica, principalmente na iniciativa 
privada, são direcionadas ao estabelecimento de medidas de redução do descarte de 
poluentes e contaminantes, seja por prevenção da poluição no processo produtivo ou com 
a implantação de sistemas de tratamento pelos quais os efluentes industriais passam com 
o intuito de eliminação ou remoção satisfatória dos poluentes. 
Etapas do tratamento de águas residuárias 
O sistema de tratamento é concebido a partir do conhecimento das características do 
efluente bruto, com a identificação dos tipos de impurezas presentes e suas propriedades, 
correlacionando-as as operações e processos unitários disponíveis para separação e/ou 
eliminação das mesmas da fase líquida. Como existem várias operações e processos com 
a mesma finalidade,a escolha do tratamento segue para uma segunda fase que consiste 
na seleção de quais unidades operacionais se aplicam de forma conveniente aos objetivos 
do tratamento. Normalmente, estes objetivos se referem ao nível de qualidade do efluente 
tratado, compatível com a capacidade de assimilação do corpo receptor, obedecendo aos 
padrões mínimos de lançamento. As etapas de um tratamento de águas residuárias são 
descritas abaixo (Figura 2). 
Tratamento Preliminar (grade, caixa de areia, peneiras): Destina-se principalmente à 
remoção de sólidos grosseiros, areia e gordura. Com o objetivo de proteger bombas, 
tubulações, evitar abrasões, entupimentos e facilitar o transporte líquido. 
Tratamento Primário (decantadores, flotadores): Destina-se à remoção de sólidos em 
suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes. Com o objetivo de preparar o efluente para 
lançamento no corpo receptor em ambiente lótico ou lêntico e também para tratamento 
secundário. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 72 
 
Tratamento Secundário (reatores biológicos): O principal objetivo do tratamento 
secundário é a remoção de matéria orgânica, nas formas dissolvida e particulada. 
Diferentemente das etapas anteriores, esta é uma etapa em que predominam o tratamento 
por mecanismos biológicos. O contato entre o material orgânico contido nos esgotos e os 
microrganismos presentes no ambiente reacional de tratamento, propicia a degradação 
deste matéria putrescível, em um material estabilizado e que pode ser lançado no rio 
(corpo receptor). 
Tratamento Terciário: Destina-se a remoção de macronutrientes (nitrogênio e fósforo), 
patógenos, cor, matéria orgânica persistente, entre outros compostos, resistentes aos 
tratamentos anteriores. São geralmente, sistemas que operam com elevada eficiência de 
remoção e exigem uma operação criteriosa e cuidadosa. Etapa destinada ao polimento 
dos efluentes, que recebem um tratamento adicional para que se enquadrem nos padrões 
de lançamento (Consulte: Resolução CONAMA Nº 430/2011 - que dispõe sobre 
condições e padrões de lançamento de efluentes no Brasil). 
 
Figura 15 - Tratamento de águas residuárias. 
Bons Estudos! 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 73 
 
Referências 
JORDÃO, E.P; PESSÔA, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2014. 
TSUTIYA, M.T.;SOBRINHO, P.A. Coleta e transporte de esgoto sanitário. 2. ed. São 
Paulo: Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo,2000. 
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 4. ed. 
Belo Horizonte: DESA/UFMG, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 74 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 9 – Saneamento básico – Parte II 
Tema 9.1 – Abastecimento de água: Tecnologias de tratamento. 
Caro estudante, vamos iniciar o tema 9.1! 
Uma das principais prioridades das populações é o atendimento 
por sistema de abastecimento de água em quantidade e qualidade 
adequadas, pela importância para o atendimento às necessidades 
relacionadas à saúde e ao desenvolvimento industrial (Tsutiya, 
2013) 
Água “pura” é um conceito hipotético, uma vez que a água apresenta elevada capacidade 
de dissolução e transporte e, em seu percurso, superficial ou subterrâneo, pode incorporar 
um grande número de substâncias. Portanto, por processos naturais ou decorrente das 
atividades antrópicas, as características da água podem ser substancialmente alteradas, ao 
ponto de comprometer determinados usos. Portanto, a qualidade da água é um atributo 
dinâmico no tempo e no espaço, e encontra-se, acima de tudo, relacionado com os usos 
de uma determinada fonte. Uma mesma água pode ser considerada “boa” para um 
determinado fim (por exemplo, para utilização industrial) e “ruim” para outro (por 
exemplo, para o consumo humano). De forma análoga, o conceito de poluição deve ser 
entendido como perda de qualidade da água, ou seja, alterações em suas características 
que comprometam um ou mais usos do manancial. Por sua vez, contaminação é em geral 
entendida como um fenômeno de poluição que apresente riscos à saúde. 
O que é uma água potável? 
Água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação e produção 
de alimentos e à higiene pessoal. 
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido por Portaria 
específica e que não ofereça riscos à saúde. 
Padrões de potabilidade 
Padrão de Potabilidade: Conjunto de valores máximos permissíveis (VMP) das 
características de qualidade da água destinada ao consumo humano. O VMP para cada 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 75 
 
composto presente em determinada água de abastecimento deve ser verificado e estar de 
acordo com seguinte portaria do Ministério da Saúde: 
Portaria MS Nº 2914 DE 12/12/2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de 
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 
Atenção para as seguintes definições: 
 Padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por provocar 
estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas que não 
necessariamente implicam risco à saúde; 
 Água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou combinação 
destes, visando atender ao padrão de potabilidade; 
 Sistema de abastecimento de água para consumo humano: instalação 
composta por um conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona 
de captação até as ligações prediais, destinada à produção e ao fornecimento 
coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição; 
 Rede de distribuição: parte do sistema de abastecimento formada por tubulações 
e seus acessórios, destinados a distribuir água potável até as ligações prediais; e 
 Ligações prediais: conjunto de tubulações e peças especiais, situado entre a rede 
de distribuição de água e o cavalete, este incluído. 
Tecnologias de tratamento 
A potabilização das águas naturais para fins de consumo humano tem como função 
essencial adequar a água bruta aos limites físicos, químicos, biológicos e radioativos 
estabelecidos pela Portaria MS Nº 2914 DE 12/12/2011. 
Diferentes tipos tecnologias de tratamento podem ser propostas para remoção das 
partículas suspensas e coloidais, matéria orgânica, microrganismos, e outras substâncias 
capazes de trazerem malefícios à saúde da população a ser abastecida. A definição da 
tecnologia de tratamento a ser empregada é função dos seguintes aspectos: 
 
 Características da água bruta 
 Custos de implantação, manutenção e operação 
 Manuseio e confiabilidade dos equipamentos 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 76 
 
 Flexibilidade operacional 
 Localização geográfica e características da população 
 Disposição final do lodo 
A potabilização das águas naturais perpassa pelo tratamento convencional por três 
etapas básica: Clarificação (Coagulação, Floculação, Decantação), Filtração e 
Desinfecção. As etapas do tratamento convencional são apresentadas abaixo: 
Coagulação: A coagulação consiste, essencialmente, na desestabilização das partículas 
coloidais e suspensas, por um conjunto de ações físicas e químicas, com duração de 
poucos segundos, entre o coagulante (sulfato de alumínio ou de ferro), a água e suas 
impurezas. As unidades de mistura rápida onde esta etapa é realizada podem ser 
hidráulicas (usualmente na calha parshall) ou mecânicas. 
Floculação: As partículas desestabilizadas na etapa de coagulação são estimuladas por 
um conjunto de fenômenos físicos a se chocarem e a formaremflocos, que são removidos 
por sedimentação ou flotação. O processo de formação dos flocos ocorre em unidades 
hidráulicas chamadas de floculadores que podem ser de escoamento vertical, horizontal 
ou helicoidal; ou em unidades mecanizadas por rotores de eixo vertical ou horizontal onde 
as paletas agitadoras são fixadas. 
Decantação: São fornecidas aos flocos formados anteriormente, as condições necessárias 
para que os mesmos sedimentem na unidade e sejam removidos no processo. O processo 
de decantação é o último processo da etapa de clarificação, na qual as partículas 
sedimentam e a água decantada segue para as etapas seguintes. O objetivo é reduzir o 
número de partículas que seguem para as unidades filtrantes e contribuir para aumentar a 
carreira de filtração (intervalo de tempo entre as lavagens dos filtros). 
Filtração: É o processo que tem por função primordial a remoção das partículas 
responsáveis pela cor e turbidez, cuja presença reduziria a eficiência da etapa 
subsequente, a desinfecção. A filtração é fundamental nas unidades de tratamento 
convencional, principalmente quando se capta água com elevada turbidez nos mananciais 
superficiais de captação. 
Desinfecção: A desinfecção é praticamente a última etapa do tratamento e objetiva 
produzir uma água tratada segura para consumo humano, ou seja, isenta da presença de 
microrganismos patogênicos. A inativação dos patógenos é realizada por intermédio de 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 77 
 
agentes físico-químicos. A desinfecção também promoverá um controle sanitário da água 
evitando o crescimento microbiológico na rede de distribuição de água. O principal agente 
utilizado na desinfecção é o cloro, largamente utilizado desde o século XIX. 
Para pesquisar... 
Os termos desinfecção e esterilização podem ser usados como sinônimos nas unidades 
de tratamento de água? 
 
Bons Estudos! 
 
Referências 
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3.ed. Campinas: Editora 
Átomo, 2010. 
TSUTIYA, M.T. Abastecimento de Água. 4. ed. São Paulo: Departamento de Engenharia 
Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 78 
 
Gestão de Água e Saneamento 
Aula 9 – Saneamento básico – Parte II 
Tema 9.2 – Abastecimento de água: Consumo, Adução, Reservação e Distribuição 
Caro estudante, vamos iniciar o tema 9.2! 
A ideia da necessidade de providenciar algum tipo de tratamento 
para as águas destinadas ao consumo humano é bastante antiga. 
Séculos antes do nascimento de Cristo, os egípcios já utilizavam 
técnicas rudimentares de tratamento de água para fins potáveis 
através de decantação em cisternas. Com o passar dos séculos, as 
noções acerca da relação entre a água e a saúde humana foram se 
consolidando (Calijuri e Cunha, 2013). 
Consumo de água 
Estimar o consumo de água no ambiente doméstico, comercial e industrial é fundamental 
para o planejamento e gerenciamento dos sistemas de abastecimento de água. A previsão 
do consumo de água é uma variável indispensável para o dimensionamento das unidades 
que envolvem a adução, o tratamento, a reservação e a distribuição de água, sendo, 
portanto, fundamental estimar o consumo da forma mais fidedigna possível. 
Na maioria das cidades, o consumo residencial ou doméstico representa a categoria de 
maior consumo, chegando a valores percentuais maiores que 90% do total de água 
consumida em uma cidade. Dessa forma, a demanda de água para este fim deve ser bem 
projetada. O consumo de água nas residências depende de um grande número de fatores, 
a saber: 
1. Clima 
2. População 
3. Condições socioeconômicas 
4. Grau de industrialização 
5. Perdas no sistema de abastecimento e coleta 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 79 
 
 
 
Outra importante variável que afeta o consumo de água é o preço unitário, pois é uma das 
poucas variáveis sob controle das concessionárias responsáveis pelo abastecimento de 
água. O aumento no preço da água reduz o consumo; a redução no preço aumenta o 
consumo. 
Vale ressaltar o impacto social das variações de preço da água, pois, sendo um recurso 
indispensável para a qualidade de vida da população, o aumento indiscriminado do preço, 
buscando a redução do consumo, pode afetar diretamente as classes menos abastadas e 
mais vulneráveis às doenças de veiculação hídrica. Por isso, a tarifação desse recurso, 
deve ser bem discutida e avaliada pela sociedade, que deve buscar o bem comum e a 
manutenção de um ambiente equilibrado para todos. 
Os sistemas de abastecimento de água e esgoto são dimensionados, geralmente, para um 
período de projeto de 20 a 30 anos, ou seja, esperando uma população futura, que cresce 
segundo o crescimento demográfico da região do empreendimento. A projeção da 
população pode ser realiza por diferentes modelos: Aritmético; Geométrico; Decrescente; 
Logístico. 
Um exemplo de uma projeção da população com base no número de residências atendidas 
é apresentada no gráfico abaixo (Figura 1), onde uma regressão linear é utilizada para 
projetar o futuro. 
Qual a população, segundo o gráfico, 20 anos após a última notificação? Utilize a equação 
da reta para estimar. 
 
Figura 16 - Residências Atendidas por uma concessionária de água hipotética. Fonte: Do autor. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 80 
 
 
Adução de água 
As instalações destinadas à produção e à distribuição canalizada de água potável para as 
populações são de responsabilidade do poder público. 
Sistema de abastecimento de água para consumo humano: 
 
 
 
As adutoras são canalizações dos sistemas de abastecimento que conduzem água para as 
unidades que precedem a rede de distribuição, ou seja, não distribuem água diretamente 
aos consumidores. Estas tubulações interligam a captação, a ETA e os reservatórios. 
Reservação 
Uma importante etapa do processo é a reservação de água tratada. As principais 
finalidades dos reservatórios são: 
Regularizar a vazão: Receber uma vazão constante, igual à demanda média do dia de 
maior consumo de sua área de influência; acumular água nas horas de baixo consumo; e 
suprir a demanda nas horas de maior consumo, ou seja, um sistema capaz de regularizar 
a vazão de água durante as variações diárias e horárias. 
Segurança no abastecimento: A reservação estratégica de água emergencial, ou seja, 
para abastecer a populações em casos de interrupções no fornecimento de água pelas 
adutoras, por falta de energia elétrica, ruptura da adutora, paralisação da ETA, etc. 
Reservação de água para incêndio: Atender a demandas extras para combate a 
incêndio. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 81 
 
 
Regularizar a pressão: Os reservatórios podem ser dispostos em locais estratégicos na 
cidade para influenciar nas condições de pressão da rede, reduzindo as variação e 
mantendo os valores mínimos e máximos de pressão (10 e 50 m.c.a. respectivamente) 
Distribuição de água 
A rede distribuição de água é formada por tubulações e órgãos acessórios, destinados a 
levar diretamente água potável aos consumidores, de modo contínuo, com segurança 
sanitária (qualidade e quantidade adequadas) e pressão adequada. Considerada o 
componente de maior custo na implantação dos projetos de abastecimento, podendo a ser 
responsável por 75% do custo total das obras de abastecimento. 
Uma atenção especial deve ser dada na elaboração dos traçados de rede, pois os mesmos 
são partes que normalmente não estão sob constante vigilância. A rede de distribuição e 
as ligações prediais são obrasque ficam enterradas sob as vias públicas, sendo, portanto, 
de difícil acesso e manutenção. 
A rede de distribuição pode ser dividida em dois segmentos de canalizações: 
Rede Principal: Também denominada de conduto tronco ou canalização mestra. São 
tubulações com maiores diâmetros que tem por finalidade abastecer as canalizações 
secundárias. 
Rede secundária: São tubulações de menor diâmetro e tem por função abastecer 
diretamente os pontos de consumo do sistema de abastecimento (os cavaletes de água). 
 
Bons Estudos! 
Referências 
CALIJURI, M.C.; CUNHA, D.G.F. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e 
gestão. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier. 2013. 
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3.ed. Campinas: Editora 
Átomo, 2010. 
TSUTIYA, M.T. Abastecimento de Água. 4. ed. São Paulo: Departamento de Engenharia 
Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,2013 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 82 
 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
Tema 1.1 
1.1.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A água tem uma elevada capacidade de dissolução de inúmeras substâncias e, por 
isso, é considera um solvente universal. 
 A PNRH considera a água como um bem de domínio público e um recurso natural 
ilimitado. 
 A maior parte da água do planeta não está prontamente disponível por questões 
relacionadas à salinidade e à localização da mesma. 
 
A) FFF B) FVF C) VFV D) VVF E)VVV 
 
1.1.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O abastecimento urbano, a irrigação e a pesca, são exemplos de usos consuntivos 
da água. 
 Entende-se por usos consuntivos todos os usos em que a água captada retorna 
totalmente para o manancial, principalmente na forma de esgoto. 
 A escassez hídrica qualitativa é devida, entre outros fatores, à distribuição natural 
e desigual do recurso no Planeta Terra. 
 
A) FFF B) FVF C) FVV D) VVF E)VVV 
 
Tema 1.2 
1.2.1- Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos. 
 As bacias hidrográficas urbanizadas concorrem para uma elevada infiltração da 
água e baixo escoamento superficial. 
 Reduzir a infiltração da água é fundamental para reduzir a erosão hídrica 
proveniente do escoamento superficial. 
 
A) FFF B) VFF C) FVV D) VVF E)VVV 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 83 
 
 
1.2.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A infiltração de água no solo é fundamental para garantir água em quantidade e 
qualidade adequada no período de seca. 
 A preservação das áreas verdes e permeáveis é fundamental para controlar o 
escoamento superficial. 
 Favorecer a infiltração de água em APPs é fundamental para reduzir o 
assoreamento dos cursos d’ água. 
 
A) FFF B) FVF C) FVV D) VVF E)VVV 
 
Tema 2.1 
2.1.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A avaliação ambiental de um curso d’água é fundamental no controle da poluição 
em uma bacia hidrográfica. 
 A DBO representa de forma indireta a quantidade de matéria orgânica 
biodegradável presente na água. 
 Baixas concentrações de N e P concorrem para floração excessiva de algas e 
plantas aquáticas, indicativo de um ambiente poluído. 
 
A) VVV B) FVF C) FVV D) VVF E)FFF 
 
2.1.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Ambientes aquáticos com concentrações de oxigênio dissolvido em torno de 3 
mg/L são considerados ambiente apropriados para a vida aquática. 
 A DQO representa de forma indireta as frações orgânicas biodegradáveis e não 
biodegradáveis presentes na água. 
 Em geral, as águas naturais limpas apresentam pH próximo da neutralidade. 
 
A) FVV B) FVF C) FFV D) VVV E)FFF 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 84 
 
 
Tema 2.2 
2.2.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Uma amostra de água com elevada turbidez é um indicativo da presença de sólidos 
na amostra líquida. 
 A E.Coli é considerada um dos melhores indicadores de contaminação fecal na 
análise qualitativa de uma amostra de água. 
 As reações químicas não sofrem influência da temperatura, no que diz respeito à 
solubilidade das substâncias na água. 
 
A) FFV B) FVF C) VVF D) VVV E)FFF 
 
2.2.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Os padrões organolépticos são fundamentais para avaliar a aceitação ou rejeição 
da água para abastecimento público. 
 A cor de uma determinada água é uma característica capaz de indicar a presença 
de compostos dissolvidos de origem natural ou antrópica. 
 É essencial evitar a contaminação das águas superficiais com N e P para evitar a 
contaminação das águas superficiais com cianotoxinas. 
 
A) FFF B) FVF C) FFV D) VFV E) VVV 
 
Tema 3.1 
3.1.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A expansão desordenada das cidades brasileiras tem ocasionado problemas 
relacionados à poluição dos cursos d’água como a eutrofização provocada pelo 
despejo in natura de esgoto doméstico. 
 Toda água poluída está contaminada, mas nem toda água contaminada está 
poluída. 
 Arsênio, cádmio e chumbo são exemplos de micropoluentes orgânicos. 
 
A) VFF B) FVF C) FFV D) VFV E)FFF 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 85 
 
 
3.1.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 As fontes poluidoras difusas são mais fáceis de serem remediadas e prevenidas. 
 O efluente industrial é considerado uma fonte poluidora pontual e, portanto, de 
difícil identificação. 
 A redução do volume útil dos canais de escoamento de águas superficiais se deve 
ao assoreamento dos mesmos pelo excesso de sólidos carreados pela erosão 
hídrica. 
 
A) VVV B) FVF C) FFV D) VFV E)FFF 
 
Tema 3.2 
3.2.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O lançamento de esgoto nos cursos d’água pode promover a queda do oxigênio 
dissolvido e a mortandade de peixes. 
 As bactérias anaeróbias são as responsáveis pelo consumo de oxigênio no interior 
da massa líquida. 
 Um ambiente aquático adequado necessita de concentração de O.D. em torno de 
5 mg/L. 
 
A) FVF B) VFV C) FFV D) VFF E)FFF 
 
3.2.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O Brasil tem lançado in natura nos mananciais superficiais cerca de 60% de todo 
o esgoto gerado. 
 A capacidade de um sistema suportar perturbações ambientais é conhecida como 
resiliência. 
 A concentração de O.D. atinge seu ponto de mínimo na zona de decomposição 
ativa. 
 
A) VVV B) FVF C) FFV D) VFF E)FFF 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 86 
 
 
Tema 4.1 
4.1.1 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A bacia hidrográfica deve ser sempre a unidade escolhida para implementar as 
ações relacionadas à gestão das águas. 
 A gestão das águas deve ser centralizada em um único órgão ambiental 
competente e o mesmo deve representar o estado. 
 A cobrança pelo uso da água é um instrumento de gestão reconhecido pelolegislador. 
 
A) VFF B) FVF C) FFV D) VFV E)FFF 
 
4.1.2 - Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A água deve ser considerada como um bem infinito e dotado de valor econômico. 
 As tomadas de decisão multilaterais é um dos princípios da gestão das águas. 
 A capacidade de autodepuração dos cursos d’água é um recurso natural e o uso 
do mesmo deve ser feito com base nas curvas de depleção de oxigênio. 
 
A) FVF B) FVV C) FFV D) VFF E)FFF 
 
Tema 4.2 
4.2.1 Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Os comitês de bacia hidrográfica não devem ser criados com apoio da ANA e sim 
dos municípios, que são os entes mais interessados. 
 O SNIRH é fundamental para o planejamento e gestão dos recursos, afinal, só 
controla quem mede. 
 A seca histórica que assolou o sudeste em 2014 reforça a necessidade de 
gerenciamento dos recursos hídricos, frente ao constante aumento da demanda por 
águas em diversos setores da sociedade. 
 
A) FVV B) FVV C) FFV D) VFF E)FFF 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 87 
 
 
4.2.2 - São atribuições da ANA: 
a) Centralizar as decisões de planejamento e obras em recursos hídricos. 
b) Fiscalizar o uso de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União. 
c) Coordenar a distribuição dos recursos financeiros recolhidos pela cobrança pelo 
uso da água. 
d) Favorecer sempre o aspecto social em detrimento ao econômico e ambiental. 
e) Conceder outorga de uso em rios municipais, estaduais e da união. 
 
 
Tema 5.1 
5.1.1 – A respeito do enquadramento dos cursos d’água, assinale a afirmativa CORRETA. 
a) O processo de remediação objetiva sanar os problemas da poluição por meio de 
ações muitas das vezes onerosas para união. 
b) O enquadramento é um mecanismo legal capaz de autorizar a poluição dos cursos 
d’água sem avaliar os usos preponderantes futuros. 
c) As águas enquadradas na Classe 3 podem ser utilizadas para dessedentação de 
animais. 
d) A utilização de água para harmonia paisagística exige águas com alta qualidade. 
e) A irrigação pode e deve ser realizada com águas enquadradas na classe especial, 
para garantir uma produção limpa. 
 
5.1.2 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O Plano de Recursos Hídricos deve comtemplar, entre outras coisas, um 
diágnostico ambiental e uma proposta de áreas sujeitas a restrição de uso. 
 Atendimento das demandas de água com foco no desenvolvimento sustentável é 
um dos pilares do planejamento. 
 É fundamental que o Plano Nacional de Recursos Hídricos seja elaborado com 
uma visão de curto prazo, para evitar a ociosidade da máquina pública. 
 
A) VVF B) FVV C) VVV D) VFF E)FFF 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 88 
 
 
Tema 5.2 
5.2.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Cabe ao requente, ou seja, o outorgante, solicitar o pedido de outorga de uso da 
água junto ao órgão ambiental competente. 
 O lançamento de esgoto doméstico tratado não exige outorga de uso. 
 As concessões para atividades públicas não devem exceder 3 anos. 
 
A) FFF B) FVV C) VVV D) VFF E)FVF 
 
5.2.2 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Os municípios, sempre que possível, serão os responsáveis pela avaliação e 
autorização dos pedidos de outorga. 
 As vazões requeridas em torno de 10 L/s são consideradas insignificantes e não 
precisam de pedido de outorga de uso. 
 Os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água devem ser destinados 
para estimular a preservação dos recursos hídricos. 
 
A) VFF B) FVV C) VVV D) FFV E)FFF 
 
Tema 6.1 
6.1.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Programas ambientais de manejo de solo e água em uma bacia hidrográfica devem 
sempre considerar as interações entre: solo-água-planta-homem. 
 A erosão é um processo natural e o homem pouco pode contribuir para evitar ou 
amenizar esse processo. 
 Os processos erosivos são sucessivos e concorrem para aumentar os danos 
ambientais conforme a erosão passa de laminar para boçoroca. 
 
A) FVF B) FFF C) VVV D) VFF E) VFV 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 89 
 
 
6.1.2 – Quais das alternativas abaixo representam duas práticas vegetativas? 
a) Plantio Direto e Manejo de pastagem. 
b) Plantas de cobertura e Controle do fogo. 
c) Reflorestamento e Adubação. 
d) Culturas em faixa e Calagem. 
e) Plantio Direto e Terraceamento. 
Tema 6.2 
6.2.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A conservação do solo é fundamental para preservação dos recursos hídricos, por 
isso, deve ser sempre valorizada dentro da microbacia hidrográfica. 
 Os produtores devem ser punidos por não preservarem os recursos naturais de 
suas propriedades, por meio do princípio do “provedor-recebedor”. 
 A vida no planeta é sustentada por inúmeras interações ecossistêmicas que 
promovem a depuração do ar, da água e do solo, estas ações são conhecidas como 
serviços ambientais. 
 
A) FVV B) VFV C) VVV D) VFF E)FFF 
 
6.2.2 – Qual das alternativas abaixo promove a conservação de água na bacia 
hidrográfica? 
a) Aumentar o escoamento superficial. 
b) Evitar o selamento do solo. 
c) Reduzir a infiltração e favorecer o escoamento. 
d) Aumentar a compactação do solo. 
e) Desnudar o solo. 
Tema 7.1 
7.1.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 A impermeabilização do solo bacia hidrográfica é fundamental para evitar a 
redução da vazão do rio no período de estiagem. 
 A ausência de vegetação nas cidades contribui diretamente para o aumento da 
retenção de água no solo. 
 Os sistemas atuais de drenagem urbana concorrem para reduzir a velocidade de 
escoamento da água através da canalizações dos cursos d’água. 
 
A) FFF B) FVV C) VVV D) VFF E)FVF 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 90 
 
 
 
7.1.2 – Qual das alternativas abaixo NÃO representa uma situação de risco ambiental? 
a) Transporte de esgoto doméstico em tubulações avariadas. 
b) Disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos. 
c) Interceptores de esgoto sanitário ao longo do rio. 
d) Poluição pontual de esgoto doméstico. 
e) Poluição difusa promovida pelo escoamento de água pluvial. 
 
 
Tema 7.2 
7.2.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O manejo de água pluviais deve ser realizado com foco no afastamento rápido da 
água nas zonas mais afetadas por inundações. 
 As medidas não estruturais envolvem a realização de pequenas obras, com pouca 
movimentação de terra. 
 A ocupação das áreas susceptíveis à inundação e deslizamento de massa devem 
ser fiscalizadas pela defesa civil e sempre que possível realizar a desocupação 
dessas áreas. 
 
A) VVV B) FVV C) FFV D) VFF E)VVF 
 
7.2.2 – Qual das alternativas abaixo representa uma medida estrutural de combate às 
cheias? 
a) Pavimento permeável. 
b) Seguro contra enchentes. 
c) Educação socioambiental. 
d) Realização do PDDU. 
e) Zoneamento ambiental. 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 91 
 
 
Tema 8.1 
8.1.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 O lançamento de esgoto doméstico in natura nos cursos d’água, com a finalidadede transporte e diluição do resíduo, é um dos principais poluentes dos rios. 
Lançando grandes quantidades de matéria orgânica (DBO). 
 O acesso água tratada é fundamental para melhorar a higidez no ambiente rural e 
urbano. 
 Uma situação de escassez de água começa a ser reconhecida quando o sistema 
fornece valores maiores que 50 m3. hab-1.ano-1. 
 
A) FFF B) FVV C) VVV D) VFF E) VVF 
 
8.1.2 – Qual dos poluentes abaixo contribui para criar um ambiente anaeróbio nos corpos 
hídricos? 
a) Arsênio e Chumbo. 
b) Fósforo. 
c) Matéria orgânica. 
d) CO2 e NOx. 
e) Nitrogênio. 
Tema 8.2 
8.2.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 Os termos esgoto doméstico e esgoto sanitário podem ser usados tecnicamente 
como sinônimos, pois transportam o mesmo resíduo líquido. 
 Aproveitar a água presente no esgoto sanitário não é muito viável, devido à baixa 
porcentagem do recurso no mesmo. 
 Um rio poluído por esgoto doméstico, provavelmente, apresentará baixa 
condutividade elétrica. 
 
A) FFF B) FVV C) VVV D) VFF E) FVF 
8.2.2 – A remoção de matéria orgânica persistente pode ser realizada por mecanismos 
variados, na seguinte etapa de tratamento? 
a) Tratamento preliminar. 
b) Tratamento secundário. 
c) Tratamento terciário ou avançado. 
d) Tratamento primário. 
e) Tratamento primário precedido de preliminar. 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 92 
 
 
Tema 9.1 
9.1.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 
 A qualidade da água é função precípua do uso que se deseja fazer do recurso. 
 O mineral água (H2O) é facilmente encontrado na natureza e sempre apresenta 
elevada pureza. 
 Os padrões organolépticos são fundamentais no monitoramento da água de 
abastecimento, pois são indicadores inequívocos da presença de compostos 
tóxicos. 
 
A) FVV B) VFF C) VVV D) VVF E) FVF 
 
9.1.2 – A etapa da clarificação fundamenta-se por quais tipos de processos? 
a) Cloração, coagulação e fluoretação. 
b) Decantação, filtração e desinfecção. 
c) Pré-cloração, coagulação e desinfecção. 
d) Coagulação, floculação e decantação. 
e) Coagulação, floculação e filtração. 
 
Tema 9.2 
9.2.1 – Julgue os itens abaixo em verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a opção correta: 
 
 Aumentar o preço da água é uma solução viável em momentos de escassez, pois 
pode promover a redução do consumo e impactar positivamente as classes menos 
abastadas da sociedade. 
 A reservação de água é fundamental para controlar as pressões máximas e 
mínimas na rede e manter o sistema de abastecimento de água sempre 
pressurizado, reduzindo os riscos de recontaminação. 
 O consumo per capita (L/hab-1.dia-1) de água é função do clima e do grau de 
industrialização da região. 
 
A) VVF B) FFV C) VVV D) FVV E) FVF 
 
 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 93 
 
 
9.2.2 – Qual a população estimada, segundo o gráfico apresentado na leitura previa, 20 
anos após a última notificação? 
a) 1000 habitantes. 
b) 2592 habitantes. 
c) 3715 habitantes. 
d) 929 habitantes. 
e) 1985 habitantes. 
 
SAIBA MAIS 
Aula 1.1 
http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/unesco-planeta/aral-um-mar-em-agonia 
http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/bbc/2015/02/26/a-plantacao-de-
algodao-que-fez-mar-de-aral-virar-deserto.htm#fotoNav=4 
http://www.paginavermelha.org/artigos/130401-mar-de-aral.htm 
Aula 1.2 
https://www.youtube.com/watch?v=MTmonc6x9X4&list=PLdj9YZPlzgZDmmREI8AIHr9Vf_V6-
ruAB&index=19 
http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/default.aspx 
http://www.manuelzao.ufmg.br/assets/files/Biblioteca_Virtual/A-construcao-de-um-
programa-de-revitalizacao-na-bacia-do-Rio-Sao-Francisco.pdf 
Aula 2.1 
http://portalpnqa.ana.gov.br/pnqa.aspx 
Aula 2.2 
http://www.funasa.gov.br/site/wp-
content/files_mf/manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf 
http://www.saude.mg.gov.br/index.php?option=com_gmg&controller=document&id=8014 
Aula 3.1 
http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/07/15/da-torneira-ao-utero/ 
http://agencia.fapesp.br/contaminantes_emergentes_na_agua/12846/ 
 
Aula 3.2 
http://portalpnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 94 
 
 
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-04/rio-retira-531-toneladas-de-peixes-
mortos-da-lagoa-rodrigo-de-freitas 
http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/PanoramaAguasSuperficia
isPortugues.pdf 
Aula 4.1 
http://www.ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=144&
Itemid=423 
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=370 
Aula 4.2 
http://conjuntura.ana.gov.br/ 
http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/arquivos/20120904153412_Carta_de_Servicos_da_A
NA.pdf 
Aula 5.1 
http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf 
http://portalpnqa.ana.gov.br/enquadramento-bases-legais.aspx 
Aula 5.2 
http://www2.ana.gov.br/Paginas/institucional/SobreaAna/uorgs/sof/geout.aspx 
http://www.igam.mg.gov.br/gestao-das-aguas/outorga 
Aula 6.1 
http://www.epamig.br/ 
Aula 6.2 
http://extrema.mg.gov.br/conservadordasaguas/Livro-Conservador-20101.pdf 
http://produtordeagua.ana.gov.br// 
 
Aula 7.1 
BARROS, M.T.L. Drenagem Urbana: Bases conceituais e planejamento In: 
Philippi Jr A (ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para o 
desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Nisam. Editora Manole Ltda; 2005. 
Aula 7.2 
BARROS, M.T.L. Drenagem Urbana: Bases conceituais e planejamento In: 
Philippi Jr A (ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para o 
desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Nisam. Editora Manole Ltda; 2005. 
 
 
GESTÃO DE ÁGUA E SANEAMENTO 95 
 
 
Aula 8.1 
http://www.cultivandoaguaboa.com.br/ 
YAMAWAKI, Y.; SALVI, L.T. Introdução a gestão do meio Urbano [livro eletrônico]. Curitiba: 
InterSaberes, 2013. 
 
Aula 8.2 
PHILIPPI Jr A. Águas Residuárias: Visão de saúde pública e ambiental. In: Philippi Jr A (ed.). 
Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para o desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: 
Nisam. Editora Manole Ltda; 2005. 
 
Aula 9.1 
PHILIPPI Jr A. MARTINS, G. Águas de Abastecimento. In: Philippi Jr A (ed.). Saneamento, saúde 
e ambiente: fundamentos para o desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Nisam. Editora 
Manole Ltda; 2005. 
 
Aula 9.2 
PHILIPPI Jr A. MARTINS, G. Águas de Abastecimento. In: Philippi Jr A (ed.). Saneamento, saúde 
e ambiente: fundamentos para o desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Nisam. Editora 
Manole Ltda; 2005.

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