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Caderno de Leis Penais Especiais - Curso Fórum (CONCURSOS)

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DELEGADO CIVIL – LEIS PENAIS ESPECIAIS 
www.cursoforum.com.br 
 
Leis Penais Especiais 
 
Capítulo 1 Lei dos Crimes Hediondos 
 
1.1. Previsão Legal 
De índole constitucional no artigo 5º, XLIII da CRFB/88, que dispõe “a lei 
considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, 
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem”. 
A Lei que trata dos crimes hediondos é a Lei 8.072/1990. 
 
1.2. Disposições Gerais 
- Critério usado pelo legislador para definição dos crimes hediondos 
Quais são os critérios possíveis? 
 Critério Subjetivo: caso o legislador tivesse adotado esse critério, seria verificado 
no caso concreto qual crime se enquadraria como crime hediondo, dependeria 
da valoração feita pelo intérprete, o juiz. 
 Critério Objetivo: com base no critério objetivo, o legislador traz um rol de 
crimes a serem considerados hediondos. 
 Critério Misto: aquele em que o legislador traz um rol dos crimes hediondos, 
mas o juiz poderá no caso concreto entender que não houve hediondez em 
determinado crime específico. 
 
 
Importante! O legislador infraconstitucional foi encarregado de definir o que são 
crimes hediondos. Ele optou por um critério objetivo. Critério de colagem ou 
etiquetagem sem alterar a definição que os crimes possuem no CP. 
 
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O crime de homicídio presente no artigo 1º, I do CP não engloba o constante no 
CPM e nem na Lei de Segurança Nacional. Não há nenhum crime militar que possa ser 
considerado crime hediondo, porque não cabe nenhum alargamento do rol. 
Não se exige que o crime seja consumado para que ele seja considerado 
hediondo. 
Quais são os crimes de homicídio que são considerados hediondos? 
 Homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que não 
seja praticado por um grupo de extermínio, podendo ser praticado por um único 
agente; 
 Homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII). 
 
- Observação: O latrocínio é um crime hediondo. A extorsão por morte que se cataloga 
como crime hediondo é o crime do artigo 158, §2º do CP. No artigo 158, §3º do CP há o 
denominado “sequestro relâmpago”, que não foi inserido no rol dos crimes hediondos. 
Como não foi inserido no rol, esse artigo não poderá ser considerado um crime 
hediondo. 
No crime de estupro, o legislador inseriu esse crime com a nova redação que lhe 
foi dada pela Lei 12.015\2009 e o inseriu no rol dos crimes hediondos. 
O artigo 2º da lei diz que não cabe graça, indulto e anistia. Assim como, a fiança. 
A Constituição já dispunha no artigo 5º, XLIII da CRFB/88 a respeito da inexistência de 
graça e anistia aos crimes hediondos. A lei 8.072/1990 foi além do texto constitucional, 
pois incluiu o indulto. 
 
 
 
Importante! Antes não era cabível a fiança e nem liberdade provisória, hoje em dia 
não existe mais a vedação à liberdade provisória. A fiança continua como vedação, 
conforme o artigo 5º, XLIII da CRFB/88. 
 
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- Cumprimento de pena em virtude de condenação por crime hediondo 
O artigo 2º, §1º da Lei 8.072/1990 previa que “a pena por crime hediondo será 
cumprida em regime integralmente fechado”. O STF no HC 82959 declarou a 
inconstitucionalidade do dispositivo, sob o fundamento da ofensa ao princípio da 
individualização da pena. Desse modo, passou-se a permitir a progressão de regime, 
com o lapso temporal de 1/6. Com a entrada em vigor da Lei 11.464/2007, passou-se a 
observar a fração de 2/5 se o apenado for primário e de 3/5 se for reincidente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jurisprudência 
Tema: Crime Hediondo e Progressão do Regime Prisional (Informativo 
nº 563 do STJ) 
A progressão de regime para os condenados por crime hediondo dar-se-
á, se o sentenciado for reincidente, após o cumprimento de 3/5 da pena, 
ainda que a reincidência não seja específica em crime hediondo ou 
equiparado. Isso porque, conforme o entendimento adotado pelo STJ, a 
Lei dos Crimes Hediondos não faz distinção entre a reincidência comum 
e a específica. Desse modo, havendo reincidência, ao condenado deverá 
ser aplicada a fração de 3/5 da pena cumprida para fins de progressão do 
Súmula Vinculante nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de 
pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a 
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo 
de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do 
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização 
de exame criminológico. 
Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados 
cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 
112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime 
prisional. 
 
 
 
 
 
 
 
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regime. Precedentes citados: HC 173.992-MS, Quinta Turma, DJe 
10/5/2012, HC 273.774-RS, Rel. Quinta Turma, DJe 10/10/2014, HC 
310.649-RS, Sexta Turma, DJe 27/2/2015. 
(HC 301.481-SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado 
do TJ-SP), julgado em 2/6/2015). 
 
 
O atual posicionamento do STF é que autor de crime hediondo não 
necessariamente terá que cumprir a sua pena em regime inicialmente fechado. Só terá 
que cumprir pena em regime inicialmente fechado aquele condenado a pena superior a 
oito anos, independente de ser ou não reincidente. 
Além do tempo, o outro requisito para a progressão é o comportamento 
carcerário, este requisito não é exigido pela lei 8.072, mas sim no artigo 112 da LEP. 
 
 
 
 
 
 
 
- Prazo da prisão temporária: 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema 
e comprovada necessidade (artigo 2º, §4º da Lei 8.072/1990). 
- Livramento condicional por crimes hediondos ou equiparados: está previsto no artigo 
83, V do CP. Segundo tal dispositivo, o agente terá que cumprir mais de 2\3 da pena e 
não pode para receber esse benefício reincidente na prática de crimes da mesma 
natureza (hediondos e equiparados). 
Importante! Na Súmula Vinculante há também a questão referente à possibilidade 
do magistrado repudiar o relatório do diretor do estabelecimento prisional e 
determinar a realização de exame criminológico, ou isso seria enquadrado como um 
constrangimento ilegal? 
Entende-se de forma amplamente majoritária e de acordo com a Súmula Vinculante 
de que nada existirá de constrangimento ilegal, desde que tenha no caso concreto a 
questão referente à fundamentação do magistrado. 
 
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Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: Delegado de Polícia) 
No que concerne à Lei que trata dos crimes Hediondos (Lei n° 8.072/1990 e suas 
alterações), assinale a alternativa correta. 
a) A progressão de regime, no caso dos condenados por crimes hediondos, dar-se-á 
após o cumprimento de 3/5 (três quintos) da pena, se o apenado for primário. 
b) O crime de homicídio qualificado previsto no Código Penal Militar é considerado 
hediondo. 
c) O fato de o crime ser considerado hediondo, por si só, não impede a concessão daliberdade provisória, de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores. 
d) O sistema adotado pela legislação brasileira para rotular uma conduta como 
hediondo é o sistema misto. 
e) Dentre os crimes equiparados aos hediondos estão: tortura, tráfico ilícito de drogas 
e racismo. 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
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Capítulo 2 Lei de Tortura 
 
2.1. Previsão Legal 
A previsão legal está na Lei 9455/1997. 
 
2.2. Disposições Gerais 
A tortura segundo a CF é um crime equiparado a hediondo. Todas as 
modalidades de tortura estão nesta lei. 
O artigo 2º da lei prevê regra de extraterritorialidade, segundo o qual a lei brasileira será 
aplicada ao crime de tortura praticado no estrangeiro em duas hipóteses: 
1ª) quando se tratar de vítima brasileira; 
2ª) o fato de a tortura ter sido praticada fora do Brasil, mas no local sob jurisdição 
brasileira. 
 
 
 
No artigo 1º, o inciso I e II, §§1º e 2º há tipos penais incriminadores. O §3º prevê 
qualificadoras. O §4º prevê causas de aumento de pena. O §5º trata um efeito da 
condenação. O §6º reproduz o previsto no artigo 5º, XLIII da CRFB/1988. 
- Classificações do crime de tortura: 
 Tortura probatória ou institucional ou inquisitorial (artigo 1º, I, “a” da Lei 
9455/1997): é aquela em que o agente submete a vítima à tortura a fim de obter 
uma declaração, confissão. 
 Tortura vítima (artigo 1º, I, “b” da Lei 9455/1997): é aquela em que o agente 
provoca uma ação ou omissão de natureza criminosa. 
Importante! São hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, pois o 
legislador não condiciona a aplicação da lei brasileira. 
 
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 Tortura discriminatória (artigo 1º, I, “c” da Lei 9455/1997): é aquela motivada 
em virtude de discriminação racial ou religiosa. 
 Tortura castigo (artigo 1º, II da Lei 9455/1997): é aquele em que o agente 
submete alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma 
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 
A tortura praticada contra a pessoa presa ou submetida à medida de segurança, 
a qual se imponha um tratamento de que não esteja prevista em lei, é aquela praticada 
por um agente que esteja se prevalecendo por sua condição de ascendência. 
O artigo 1º, §2º da Lei 9455/1997 trata da modalidade omissiva do crime, para 
aquele que tem o dever de evitar ou apurar a tortura deixa de fazê-lo. O crime é omissivo 
próprio, ainda que praticado pelo garantidor, conforme o disposto no artigo 12 do CP. 
O dever de evitar incumbe não só aos funcionários públicos, mas também aos pais, 
filhos, dentre outros. 
O artigo 1º,§3º da Lei 9455/1997 prevê as qualificadoras da tortura. Os 
resultados qualificadores são as lesões de natureza grave ou gravíssima e a morte. As 
lesões leves estão absorvidas pelo crime de tortura. A morte só pode ter sido provocada 
na modalidade culposa, crime preterdoloso, se ela tiver sido dolosa, o crime deverá ser 
tortura com homicídio ou apenas homicídio. 
As causas de aumento de pena são: 
1) o agente ser funcionário público; 
 2) a condição da vítima; 
3) se a tortura é praticada mediante sequestro. Nesse caso haverá a tortura com o 
aumento de pena. 
 
 
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Jurisprudência 
Tema: Crime de Tortura e causa de aumento prevista no artigo 1º, §4º, 
II da Lei 9455/1997 (Informativo nº 589 do STJ) 
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há 
prevalência de relações domésticas e de coabitação, não configura bis in 
idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 
1º, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica 
estatuída no art. 61, II, f, do Código Penal. A causa de aumento prevista 
pela legislação especial (art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura) está descrita 
nos seguintes termos: "§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
[...] II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos". A seu turno, a 
circunstância agravante prevista no Código Penal possui a seguinte 
redação: "Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, 
quando não constituem ou qualificam o crime: [...] II - ter o agente 
cometido o crime: [...] f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de 
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência 
contra a mulher na forma da lei específica". De fato, a citada majorante 
prevista na Lei de Tortura busca punir de forma mais rígida o autor 
de crime que demonstrou maior covardia e facilidade no cometimento da 
infração penal, justamente pela menor capacidade de resistência das 
vítimas ali elencadas. Há, pois, um nexo lógico entre a conduta 
desenvolvida e o estado de fragilidade da vítima. Em sentido 
diametralmente oposto, descortina-se a referida agravante prevista pelo 
Código Penal, punindo com maior rigor a violação aos princípios de apoio 
e assistência que deve haver nas situações em que há relação de 
autoridade entre a vítima e o agressor, bem como a maior insensibilidade 
moral do agente, que viola o dever de apoio mútuo existente entre 
parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de coabitação ou 
hospitalidade, sem prejuízo dos crimes praticados com violência 
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doméstica contra a mulher. Em suma, a majorante tem por finalidade 
punir de forma mais severa aquele que se favorece da menor capacidade 
de resistência da vítima, ao passo que a agravante tem por desiderato a 
punição mais rigorosa do agente que afronta o dever de apoio mútuo 
existente entre parentes e pessoas ligadas por liames domésticos, de 
coabitação ou hospitalidade, além dos casos de violência doméstica 
praticada contra a mulher. Portanto, em se tratando de circunstâncias e 
objetivos distintos, não há falar na ocorrência de bis in idem. 
(HC 362.634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
16/8/2016). 
 
 
- Efeitos da condenação (artigo 1º, §5º da Lei 9455/1997): a perda do cargo é um efeito 
automático da condenação ao funcionário público, não dependendo de qualquer 
declaração ou fundamentação do magistrado prolator da decisão condenatória. 
- Não se admite fiança, graça ou anistia, em conformidade com o previsto no artigo 5º, 
LVIII da CRFB/88. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
(Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) 
Pode-se afirmar sobre o crime de tortura, regulado pela Lei no 9.455/97, que 
a) será sempre de competência da Justiça Federal, independentemente do lugar do 
crime. 
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Capítulo 3 Lei de Drogas 
 
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3.1. Previsão legal 
 Encontra-se prevista na Lei 11.343/2006. 
3.2. Disposições Gerais 
O bem jurídico tutelado é a saúde pública, sendo crime de perigo abstrato. São 
normas penais em branco de caráter heterogêneo. 
- Comentários sobre o artigo 28 da Lei 11.343/2006: 
 A norma do artigo 28 está inserta no título de prevenção das drogas. É um crime 
que demanda a realização do exameno material apreendido. Somente com o 
exame se pode verificar se aquilo de fato é droga catalogada na Portaria. É 
punido com pena de advertência, prestação de serviços à comunidade e 
obrigação de frequentes programas educativos sobre os malefícios da droga. 
 A admoestação e a multa são medidas coercitivas para que o agente venha a 
cumprir a pena, elas deverão ser aplicadas sucessivamente. Para aplicar as penas 
é preciso que a pessoa tenha sido previamente condenada. É da competência do 
JECRIM. A pessoa tem direito aos institutos despenalizadores. Esse crime 
prescreve em dois anos. 
 O artigo 28, §2º da Lei 11.343/2006 diz quando se considera a droga para 
consumo pessoal ou para outras hipóteses. Não é a quantidade que deve dizer 
se a droga foi para consumo pessoal. A quantidade é apenas um dos fatores a 
serem considerados. 
 
 
 
- Causa de inimputabilidade: a dependência química tratada no artigo 45 da Lei 
11.343/2006 gera a inimputabilidade, em que o agente não tem compreensão do 
caráter ilícito do fato e nem de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Importante! Encontra-se pendente de julgamento o RE 635659 com Repercussão 
Geral, a respeito da constitucionalidade do artigo 28 da Lei 11.343/2006. 
 
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- Comentários sobre o artigo 33, caput e §1º da Lei 11.343/2006: 
 O artigo 33, caput e no §1º tem por objetividade jurídica a tutela da saúde 
pública, crime de perigo abstrato, de conduta múltipla. A prática de mais de uma 
dessas condutas dentro do mesmo contexto não caracteriza mais de um crime, 
sendo um crime de conduta múltipla alternativa, desde que as condutas sejam 
praticadas dentro do mesmo contexto fático. 
 Trata-se de uma norma penal em branco de caráter heterogêneo, o artigo 66 
remete a Portaria 344/98. Será imprescindível saber se de fato a substancia da 
conduta se enquadra como substancia psicoativa. 
- Comentários sobre o artigo 33, §3º da Lei 11.343/2006: 
 Essa figura para estar configurada deve ter a oferta, sem a finalidade de lucro, a 
pessoa deve ser das relações do agente, de forma eventual e deve haver o 
intuito de consumo compartilhado. Todos os requisitos devem estar presentes, 
necessária a cumulação dos requisitos. 
- Comentários sobre o artigo 33, §4º da Lei 11.343/2006: 
 Trata-se do denominado “tráfico privilegiado”. Nessa hipótese, há uma 
verdadeira causa de diminuição de pena, em virtude de o agente ser primário, 
de bons antecedentes, não se dedique as atividades criminosas nem integre 
organização criminosa. 
 
Jurisprudência 
Tema: Tráfico privilegiado e hediondez 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL 
PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.072/90 AO 
TRÁFICO DE ENTORPECENTES PRIVILEGIADO: INVIABILIDADE. 
HEDIONDEZ NÃO CARACTERIZADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. O tráfico de 
entorpecentes privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.313/2006) não se 
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harmoniza com a hediondez do tráfico de entorpecentes definido no 
caput e § 1º do art. 33 da Lei de Tóxicos. 2. O tratamento penal dirigido 
ao delito cometido sob o manto do privilégio apresenta contornos mais 
benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o 
envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a 
ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com 
organização criminosa. 3. Há evidente constrangimento ilegal ao se 
estipular ao tráfico de entorpecentes privilegiado os rigores da Lei n. 
8.072/90. 4. Ordem concedida. 
(HC 118533, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 
23/06/2016). 
 
- Comentários sobre o artigo 34 da Lei 11343/2006: 
 Essa figura típica se considerar a doutrina majoritária ela se comportava da 
mesma forma que a doutrina se comporta quando analisam tipos penais como 
petrechos para falsificação de moeda, documentos, no sentido de reconhecê-
los como figuras subsidiárias e só teriam aplicação se tivessem aplicação se a 
figura principal não estivesse presente. 
- Comentários sobre o artigo 35 da Lei 11.343/2006: 
 Não é equiparado a crime hediondo, porque ele é diferente do crime de tráfico. 
É crime de concurso necessário, depende da associação de duas ou mais 
pessoas. Essas pessoas precisarão ter um vínculo de estabilidade e permanência. 
O menor, inimputável pode ser computado para o número mínimo. Sendo um 
crime autônomo ao crime de tráfico de drogas, se o agente estiver integrando 
uma associação criminosa e ao mesmo tempo praticar o trafico, ele deverá 
responder pelos dois crimes em concurso material de delitos. Esse crime está 
consumado no momento em que as pessoas se associam. Não é preciso que elas 
efetivamente venham a cometer o crime almejado. 
- Comentários sobre os artigos 36 e 35, parágrafo único da Lei 11.343/2006: 
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 A pessoa que financia o tráfico de drogas ela é autora do seu próprio crime do 
artigo 36 da Lei 11343/2006. Segundo a doutrina majoritária é um crime 
instantâneo. 
 O artigo 35, § único da lei prevê a conduta de pessoas que se associam com 
vínculo de estabilidade e permanência para a prática do financiamento do 
tráfico. Esse crime é autônomo em relação ao crime do financiamento. Se ela se 
associar e financiar haverá o concurso material dos crimes. 
- Comentários sobre o artigo 37 da Lei 11.343/2006: 
 Prevê a figura da participação de menor importância no crime de associação para 
o tráfico, que o legislador transformou numa figura específica. A pessoa que 
contribui como informante numa associação para o tráfico. Será indispensável 
que a sua única participação seja de contribuir como informante. 
 
- Comentários sobre o artigo 38 da Lei 11.343/2006: 
 O único crime que admite a modalidade culposa é do artigo 38 da lei. Se for por 
profissionais de saúde e culposamente encaixa-se no artigo 38 da lei. O sujeito 
ativo do artigo 38 da lei necessariamente é um profissional de saúde que por 
culpa, inobservância de dever objetivo de cuidado, acaba prescrevendo drogas 
ou ministrando drogas a pessoa que não a precise ou faz em quantidade superior 
a que a pessoa realmente necessite. 
- Comentários sobre o artigo 39 da Lei 11.343/2006: 
 O artigo 39 prevê um crime de perigo concreto, porque exige efetiva 
demonstração de perigo, por parte daquele que conduz uma embarcação ou 
aeronave sob efeito de droga. 
- Comentários sobre as causas de aumento de pena para os crimes dos artigos 33 ao 
37 da Lei 11.343/2006: 
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 A natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as 
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito. Refere-se ao 
tráfico transnacional, quando a natureza, circunstância relevaram que se trata 
de tráfico entre países. Nesse crime a competência é da justiça federal, para se 
caracterizar o aumento se faz imprescindível que no lugar que partiu a droga, 
que tenha, também, o caráter de droga. Não é necessário que haja transposição 
dos limites entre países, onde as circunstâncias já indicam que essa droga se 
destina ao estrangeiro, esse é o posicionamento majoritário. 
 Se o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no 
desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância. 
 Se a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de 
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades 
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes,de locais 
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de 
qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de 
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos. 
Os tribunais superiores vêm adotando um posicionamento de que só incidiria 
esse aumento em transporte coletivo se o agente tiver utilizando o transporte 
como meio para o tráfico, a simples utilização do transporte coletivo não 
ensejaria o aumento. 
 Se for caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o 
Distrito Federal. A lei também traz o tráfico entre Estados da federação como 
causa de aumento de pena, basta que se comprove que a pessoa esteja levando 
a droga para outro Estado, nesse caso embora a investigação seja da policia 
federal, a competência é da justiça estadual. A competência vai ser fixada pela 
prevenção, onde primeiro tiver sido tomada uma medida contra aquele tráfico. 
 Se sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem 
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de 
entendimento e determinação. Se o tráfico envolver criança ou adolescente 
haverá uma causa de aumento de pena do crime de tráfico, nesse caso não pode 
combinar com o crime de corrupção de menores, sob pena de bis in idem. 
 Se o agente financiar ou custear a prática do crime. 
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- Delação premiada (artigo 41 da Lei 11.343/2006): “O indiciado ou acusado que 
colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na 
identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou 
parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a 
dois terços”. 
- Critérios a serem observados pelo juiz na fixação da pena (artigo 42 da Lei 
11.343/2006): “O juiz, na fixação das penas, considerará com preponderância sobre o 
previsto no artigo 59 do CP, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente”. 
- Comentários sobre o artigo 44, caput e parágrafo único da Lei 11.343/2006: O STF 
declarou a inconstitucionalidade da vedação à substituição de PPL por PRD. Em relação 
ao não cabimento da liberdade provisória, isso também não mais subsiste, pois somente 
situações excepcionais justificam a não concessão de uma liberdade provisória. No 
artigo 44, parágrafo único da lei há previsão de que o livramento condicional para ser 
concedido precisa do cumprimento da fração de 2/3 da pena, além disso, o agente não 
pode ser reincidente específico. 
- Comentários sobre o artigo 53 da Lei 11.343/2006: Tanto a infiltração quanto a ação 
controlada dependem de prévia autorização judicial, toda infiltração que for feita sem 
autorização judicial ela será ao arrepio da lei. A ação controlada é aquela que dá azo ao 
flagrante diferido/prolongado/postergado. Pela figura do flagrante obrigatório, uma vez 
flagrante alguém cometendo o crime, a autoridade pública tem a obrigação de prender 
em flagrante a pessoa. Na lei de organização criminosa e na lei 11.343 existe a 
Súmula 522 do STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a 
competência será da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e 
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes. 
Súmula 528 do STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga 
remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico 
internacional. 
 
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possibilidade que a prisão seja prorrogada para que ela venha a ser executada no melhor 
momento para a formação de provas. Para a lei 12.850 basta que seja feita a 
comunicação ao juiz de que exista uma ação controlada. Não precisa de autorização 
como na infiltração. 
 - Prazo para a conclusão do inquérito (artigo 51 da Lei 11.343/2006): O prazo para 
finalização de inquérito de réu preso na lei de drogas é de 30 dias e para o réu solto é 
de 90 dias. 
- Observação: A prisão temporária para crimes de tráfico de drogas se dá por 30 dias, 
podendo ser prorrogada por mais 30 dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
(Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia) 
Considerando o disposto na Lei n.º 11.343/2006 e o posicionamento jurisprudencial 
e doutrinário dominantes sobre a matéria regida por essa lei, assinale a opção 
correta. 
a) Em processo de tráfico internacional de drogas, basta a primariedade para a 
aplicação da redução da pena. 
b) Dado o instituto da delação premiada previsto nessa lei, ao acusado que colaborar 
voluntariamente com a investigação policial podem ser concedidos os benefícios da 
redução de pena, do perdão judicial ou da aplicação de regime penitenciário mais 
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Capítulo 4 Lei de Organização Criminosa 
 
4.1. Previsão legal 
Encontra-se prevista na Lei 12.850/2013. 
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4.2. Disposições Gerais 
- Conceito: Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores 
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
A lei também é aplicada: 
a) às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada 
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
b) às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos 
de terrorismo legalmente definidos. 
 Bem jurídico tutelado: paz pública. 
 Classificação do crime: crime comum, plurisubjetivo ou de concurso necessário – 
no mínimo 4 pessoas. 
 Sujeito passivo: coletividade. 
 Conduta: a conduta punida consiste em promover (trabalhar a favor), constituir 
(formar), financiar (custear despesas) ou integrar (fazer parte), pessoalmente 
(forma direta) ou por interposta pessoa (indireta), organização criminosa. 
Partindo da definição de organização criminosa fica claro que a associação além 
da pluralidade de agentes exige estabilidade, permanência, estrutura ordenada e divisão 
de tarefas. 
 
 
 
Importante! A organização deve visar a prática de infrações penais com pena máxima 
superior a 4 anos. É imprescindível que a organização seja efetivada antes da 
deliberação destas infrações, pois caso contrário só restará caracterizado o concurso de 
pessoas. 
 
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Consuma-se o delito com a societas criminis, sendo indispensável estrutura 
ordenada com divisão de tarefas. Infração permanente, a sua consumação se protai 
enquanto não cessada a permanência. Isso significa: a permanência autoriza o flagrante 
– art. 303 do CPP; enquanto existir a organização não ocorre a prescrição – art. 111, III do 
CP; S. 711 do STF. 
Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização criminosa independe 
da prática de qualquer crime pela associação, o qual, ocorrendo, gera o concurso material 
(art. 69 do CP), cumulando as penas. 
- Comentários sobre o artigo 2º,§ 1º da Lei 12.850/2013: 
 Bem jurídico tutelado: principalmentea administração da justiça. 
 Sujeito ativo: crime comum (cometido por qualquer pessoa, que não tenha 
concorrido para a formação ou funcionamento da organização). A pessoa que 
participa não responde pelo §1º, pois seria um pós-fato impunível. Há corrente 
em sentido contrário, entendendo que a pessoa que participe possa responder 
por esse crime também. 
 Classificação do crime: O crime é de execução livre, podendo ser praticado com 
violência, grave ameaça, fraude etc. O crime é punido a título de dolo. 
No núcleo “impedir” a consumação se dá com a obstrução da investigação, sendo 
possível a tentativa. Na modalidade “embaraçar” o crime se consuma com qualquer 
conduta indicativa de empecilho, admite a tentativa. 
- Causa de aumento de pena (artigo 2º, § 2o da Lei 12.850/2013): As penas aumentam-
se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de 
fogo. É dispensável a apreensão da arma, desde que sua utilização fique demonstrada por 
outros meios de prova. 
- Causa agravante da pena (artigo 2º, §3º da Lei 12.850/2013): “A pena é agravada para 
quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não 
pratique pessoalmente atos de execução”. 
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- Causas de aumento de pena na fração de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços) (artigo 2º, 
§4º da Lei 12.850/2013): 
a) se há participação de criança ou adolescente; 
b) se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa 
condição para a prática de infração penal; 
c) se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao 
exterior; 
d) se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas 
independentes; 
e) se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
O artigo 2º, §5º da lei trata de medida cautelar já prevista no art. 319, VI do CPP 
(com redação dada pela lei 12.403/2011) pressupondo o binômio periculum in mora e 
fumus boni iuris. Esta cautelar pode ser decretada a qualquer momento seja na fase da 
investigação ou do processo, desde que imprescindível, não basta ser conveniente. 
O artigo 2º, §6º da lei traz um efeito extrapenal da sentença condenatória 
definitiva: “A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a 
perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de 
função ou cargo público pelo prazo de oito anos subsequentes ao cumprimento da pena”. 
(A anistia e a abolitio só extinguem efeitos penais). Efeito extrapenal da perda do cargo, 
emprego, função ou mandato eletivo. No que tange ao mandato eletivo prevalece que a 
perda deve ser votada no Congresso Nacional, pois se trata de matéria interna corporis. 
Como já ocorre na lei de tortura (art. 1º, §5º) esse efeito é automático, dispensando 
decisão motivada do juiz. 
O artigo 2º, §7º da Lei 12.850/2013 (Se houver indícios de participação de policial 
nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e 
comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a 
sua conclusão) tem por finalidade de garantir a eficiência na investigação policial 
impedindo omissões decorrentes de eventual corporativismo. 
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- Meios de obtenção de provas: 
A utilização dos meios de obtenção de provas deve atender a três exigências 
fundamentais: 
- Observância da reserva de lei. A lei 12.850/2013 de forma prévia, escrita e estrita prevê 
cada um dos institutos; 
- Reserva de jurisdição. Em regra, há necessidade de prévia autorização judicial. Algumas 
técnicas de investigação a autorização prévia não é necessária, ex: colaboração premiada, 
o juiz controla posteriormente a sua legalidade; 
- Observância do princípio da proporcionalidade e seus subprincípios: adequação, 
necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Espécies de meios de obtenção de prova: 
Importante! Distinção entre fontes de prova, meios de prova e meios de obtenção de 
prova: 
Fontes de prova: são todas as pessoas e coisas das quais se pode conseguir a prova. Elas 
derivam do fato delituoso. A sua existência independe do processo, pois são anteriormente 
a ele. As fontes de prova são introduzidas no processo através dos meios de prova. 
Meios de prova: são os instrumentos através dos quais as fontes de provas são introduzidas 
no processo. Referem-se a uma atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz 
com a participação dialética das partes. Deverão ser produzidos sob o crivo do contraditório 
e da ampla defesa. 
Meio de obtenção de prova: consistem em procedimentos regulados por lei, geralmente 
extraprocessuais, passíveis de execução por outros funcionários que não o juiz, que se 
desenrolam, em regra, sob autorização e fiscalização judiciais, cujo objetivo é a 
identificação de fontes de prova. Integram a tutela cautelar no processo penal: são medidas 
urgentes destinadas a assegurar a investigação do fato delituoso e a eficiência da atividade 
probatória, diante do risco de que os efeitos deletérios do tempo e o comportamento do 
próprio investigado impeçam ou dificultem que pessoas ou coisas possam servir como 
fonte de prova. O contraditório e a ampla defesa serão exercidos de forma diferida. 
 
 
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a) Meios ordinários de obtenção de prova: qualquer delito admite a utilização desses 
meios. Ex: busca domiciliar. 
b) Meios extraordinários de obtenção de prova (ou técnicas especiais de investigação): 
são ferramentas sigilosas postas à disposição da polícia, dos demais órgãos com atribuição 
investigatória e do Ministério Púbico para a apuração e persecução de crimes 
considerados graves, que exigem o emprego de estratégias investigativas distintas das 
tradicionais. Caracterizam-se pela presença de dois elementos: o sigilo e a dissimulação. 
Exemplos: infiltração policial, ação controlada. 
- Interceptação ambiental 
É um meio de obtenção de prova nominado, porém atípico (a lei não traz o 
procedimento para a sua realização). Nesse caso utiliza-se o mesmo procedimento 
utilizado para a interceptação telefônica presente na Lei 9296/1996. 
a) Captação de conversa alheia em lugar público: não há expectativa de privacidade. A 
interceptação ambiental é válida, mesmo que não haja autorização judicial prévia. 
Exemplo: filmagem em câmeras de vigilância. 
b) Captação de conversa mantida em lugar público, porém em caráter sigiloso, 
expressamente admitido pelos interlocutores: nesse caso há expectativa de privacidade, 
ela não poderá ser objeto de interceptação ambiental. 
c) Captação de conversa mantida em lugar privado: está protegido pela inviolabilidade 
domiciliar. Se for utilizado o procedimento da lei 9296/1996 pode haver uma autorização 
judicial, inclusive com o ingresso em domicílio durante a noite. 
- Comunicação ambiental: é aquela realizada diretamente no meio ambiente, sem 
transmissão e recepção por meios físicos, artificiais, como fios elétricos, cabos óticos, etc. 
Trata-se de conversa mantida entre duas ou mais pessoas sem a utilização do telefone, 
em qualquer recinto público ou privado. 
- Comunicação telefônica: abrange não apenas a conversa por telefone, mas também a 
transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons 
ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia, estática ou móvel. 
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- Interceptação ambientalem sentido estrito: é a captação sub-reptícia de uma 
comunicação no próprio ambiente em que ocorre, público ou privado, feita por um 
terceiro sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores, com o emprego de meios 
técnicos, utilizados em operação oculta e simultânea à comunicação. 
- Escuta ambiental: é a captação de uma comunicação no ambiente dela feita por terceiro 
com o consentimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro. 
- Gravação ambiental: é a captação da comunicação ambiental no ambiente em que 
ocorre feita por um dos comunicadores sem o conhecimento do outro, daí por que é 
conhecida como gravação clandestina. 
 
- Colaboração Premiada 
- Origem: direito anglo saxão, do qual advém a expressão “crown witness” (testemunha 
da coroa). 
- Conceito: é um meio de obtenção de prova por meio da qual o coator e/ou partícipe da 
infração penal, além de confessar o seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos 
órgãos responsáveis pela persecução penal informações eficazes para a consecução de 
um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio 
legal. 
- Previsão legal: artigo 4º da Lei 12.850/2013. 
- Objetivos: No art. 4º da lei 12.850/2013 há os seguintes objetivos: identificação dos 
demais coautores/partícipes da organização e das infrações praticadas; revelação da 
estrutura hierárquica e da divisão de tarefas; prevenção contra novas infrações; 
recuperação total ou parcial do produto/proveito das atividades criminosas; localização 
de eventual vítima com sua integridade física preservada. 
- Eficácia objetiva da colaboração premiada: as informações prestadas pelo colaborador 
devem ser objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos. 
- Prêmios legais: 
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a) Diminuição da pena: pode variar de 1/6 (menor diminuição do CP) até 2/3; 
b) Substituição da PPL por PRD, ainda que ausentes os requisitos do art. 44 do CP; 
c) Perdão judicial; 
d) Sobrestamento do prazo para o oferecimento da denúncia ou suspensão do processo, 
suspendendo-se o prazo prescricional por até 6 meses, prorrogáveis por igual período; 
e) Não oferecimento da denúncia; 
f) Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
 
 
 
 
- Art. 4º, §14 da lei 12.850/2013: “Nos depoimentos que prestar, o colaborador 
renunciará, na presença do seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao 
compromisso legal de dizer a verdade”. 
- Valor probatório (art. 4º, §16 da lei 12.850/2013): “Nenhuma sentença condenatória 
será proferida com fundamento apenas nas declarações do agente colaborador” . 
 
- Legitimidade para a celebração do acordo e intervenção do juiz (art. 4º, §6 da Lei 
12.850/2013): O delegado poderá sugerir a celebração do acordo, mas ele não poderá 
celebrar o acordo, de forma obrigatória o MP deverá participar da eventual celebração 
do acordo, pois é o titular da ação penal. 
 
 
Jurisprudência 
 
Tema: Acordo de colaboração premiada e prisão preventiva 
(Informativo nº 862 do STF) 
A Segunda Turma concedeu “habeas corpus” para revogar prisão 
preventiva decretada em razão de descumprimento de acordo de 
Importante! Concessão dos prêmios legais: eficácia objetiva das informações + 
análise das circunstâncias judiciais do colaborador (art. 4º, §1º da Lei 12.850/2013). 
 
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colaboração premiada. A prisão preventiva do paciente foi restabelecida 
quando prolatada a sentença que o condenou a dezesseis anos e dois 
meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e por 
integrar organização criminosa, com fundamento no descumprimento 
dos termos do acordo celebrado. O Colegiado entendeu não haver 
relação direta entre a prisão preventiva e o acordo de colaboração 
premiada. Por essa razão, o descumprimento do acordado não justifica a 
decretação de nova custódia cautelar. Na liminar confirmada pela Turma, 
foi determinada a substituição da prisão por medidas cautelares 
alternativas. Naquela ocasião, observou-se não haver, do ponto de vista 
jurídico, relação direta entre o acordo de colaboração premiada e a prisão 
preventiva. A Lei 12.850/2013 não apresenta a revogação da prisão 
preventiva como benefício previsto pela realização de acordo de 
colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do 
descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva 
anteriormente revogada. Portanto, a celebração de acordo de 
colaboração premiada não é, por si só, motivo para revogação de prisão 
preventiva. A Turma concluiu no sentido de ser necessário verificar, no 
caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não 
podendo o decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do 
acordo. 
 
(HC 138207/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 25.4.2017). 
 
 
 
 
- Ação controlada 
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- Conceito: Trata-se de meio de obtenção de prova por meio da qual é retardado o 
momento da intervenção dos órgãos estatais responsáveis pela persecução penal, a qual 
deve ocorrer no momento mais oportuno sob o ponto de vista da investigação criminal. 
- Previsão legal: art. 8º da lei 12.850/2013. De acordo com o artigo 8º, §1º da lei: “O 
retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao 
juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério 
Público”. 
A ação controlada funciona como uma autorização legal para que a prisão em 
flagrante seja efetivada em momento futuro. Entretanto, se, no momento mais oportuno 
para a intervenção policial, não houver situação de flagrante próprio, impróprio ou 
presumido, não pode a autoridade policial atuar com total discricionariedade, sendo 
necessária prévia decretação de prisão preventiva ou temporária para legitimar a captura 
dos infratores. 
 
- Infiltração de agentes 
- Conceito: É um meio de obtenção de prova por meio da qual um agente é introduzido 
dissimuladamente em uma organização criminosa, passando a agir como um de seus 
integrantes, ocultando sua verdadeira identidade, com o objetivo precípuo de identificar 
fontes de prova e obter elementos de informação capazes de permitir a desarticulação 
da referida associação. 
- Características: agente policial; atuação disfarçada; prévia autorização judicial; inserção 
de forma estável; fazer-se passar por criminoso; objetivo de identificar fonte de prova. 
- Requisitos: depende de prévia autorização judicial, prova da existência de organização 
criminosa; indispensabilidade da infiltração (se a prova não puder ser produzida por 
outros meios disponíveis – art. 10, §2º da lei) e anuência do agente policial. 
- Prazo: de até 6 meses, prorrogável desde que comprovada a necessidade. 
 
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- Acesso a dados cadastrais dos investigados 
- De acordo com o artigo 15, caput da Lei 12.850/2013: “O delegado de polícia e o 
Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos 
dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a 
filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições 
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito”. 
 
- Crimes previstos na Lei 12.850/2013: 
- Comentários sobre o artigo 18 da Lei 12.850/2013: 
 Classificação: Crime comum, de ação múltipla, formal, doloso, comissivo, 
instantâneo, admite tentativa. 
 Sujeito ativo:qualquer pessoa, por ser crime comum. 
 Sujeito passivo: o agente colaborador. 
- Comentários sobre o artigo 19 da Lei 12.850/2013: 
 Classificação: crime comum, formal, doloso, admite tentativa. 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa, por ser crime comum. 
 Sujeito passivo: a Administração da Justiça e a pessoa imputada. 
- Comentários sobre o artigo 20 da Lei 12.850/2013: 
 Classificação: Crime comum, formal, doloso, comissivo, instantâneo, admite 
tentativa. 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa, por ser crime comum. 
 Sujeito passivo: A Administração da Justiça e o agente infiltrado. 
 
- Comentários sobre o artigo 21 da Lei 12.850/2013: 
 Classificação: Crime comum, formal, doloso, comissivo na conduta “recusar” e 
omissivo na conduta “omitir”, só admite tentativa na conduta “recusar”. 
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 Sujeito ativo: qualquer pessoa, por ser crime comum. 
 Sujeito passivo: A Administração da Justiça. 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
(Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: Delegado de Polícia) 
A partir da regência legal sobre organização criminosa e os poderes gerais da 
requisição, assinale a alternativa correta. 
a) O Ministério Público tem poder de requisitar da autoridade policial a instauração 
de inquérito, a realização de diligência investigatória e o indiciamento de quem 
entenda ser autor do fato. 
b) O delegado de polícia poderá determinar a condução coercitiva do indiciado 
quando suspeitar que este não atenderá ao seu chamado. 
c) Podem realizar acordo de delação premiada o delegado de polícia, o Ministério 
Público e o Juiz. 
d) O delegado de polícia terá acesso independentemente de autorização judicial, 
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a 
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas 
telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de 
cartão de crédito. 
e) O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de 
autorização judicial, das informações relativas a chamadas originadas e recebidas do 
telefone do indiciado. 
 
 
R: Alternativa D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
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Capítulo 5 Lei do Abuso de Autoridade (Acréscimo) 
 
5.1. Previsão Legal 
A lei que trata do abuso de autoridade é a Lei nº 4.898/1965. 
 
5.2. Disposições Gerais 
 
- Bem Jurídico Tutelado: Há dois bens jurídicos tutelados. O primeiro é a regularidade 
do funcionamento da Administração Pública. O segundo são os direitos e as garantias 
fundamentais disciplinadas na CRFB/88. 
- Sujeito ativo: a autoridade pública. 
- Sujeito passivo: o Estado, na posição de sujeito passivo mediato e a vítima do abuso, 
na posição de sujeito passivo imediato. 
- Competência: compete à Justiça Comum, Estadual ou Federal o processo e 
julgamento do crime de abuso de autoridade. 
 
 
 
 
 
- Direito de Representação: possui previsão no artigo 1º da Lei 4.898/1965. Tem índole 
constitucional disposta no artigo 5º, XXXIV da CRFB/88. 
 
 
Observação: quando o sujeito ativo for um militar, a competência para o processo e julgamento 
do crime de abuso de autoridade continua sendo da Justiça Comum, Estadual ou Federal, pois 
o crime em questão é comum. 
Súmula 172 do STJ: Compete a justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de 
autoridade, ainda que praticado em serviço. 
 
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IMPORTANTE! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) os delitos elencados no artigo 3º da Lei 4.898/1965 são classificados como crimes de 
atentado, ou seja, são aqueles que já trazem a figura da tentativa como elemento do tipo 
penal. 
2) em todas as alíneas do artigo 3º da Lei 4.898/1965, o crime é próprio, pois só pode ser 
praticado por autoridade pública. Não obstante tal natureza, cabe lembrar que é possível 
que um particular aja em concurso de pessoas com a autoridade pública no cometimento 
do crime. Nessa hipótese é necessário que o particular saiba da condição da autoridade 
pública, nos termos do artigo 30 do CP. 
3) conforme o artigo 12 da Lei 4.898/1965, conclui-se que as instâncias administrativa, 
penal e civil são independentes. 
4) o prazo para oferecimento da denúncia é de 48 horas. 
 
(Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia) 
No que diz respeito ao direito de representação e ao processo de responsabilidade 
administrativa civil e penal nos casos de abuso de autoridade, assinale a alternativa 
correta, conforme o disposto na Lei n.º 4.898/1965. 
a) Configura crime de tortura, e não de abuso de autoridade, a execução de medida 
privativa da liberdade individual sem as formalidades legais. 
b) O delegado de polícia que submete pessoa sob sua guarda a situação vexaminosa 
pratica crime de tortura, e não de abuso de autoridade. 
c) A lei não prevê, como abuso de autoridade eventual, atentado ao livre exercício do 
culto religioso. 
d) Para fins da lei mencionada, considera-se autoridade quem exerce cargo, emprego 
ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem 
remuneração. 
e) A conduta de um delegado de polícia que deixe de comunicar, imediatamente, ao 
juiz competente a prisão de determinada pessoa poderá configurar prevaricação, mas 
não abuso de autoridade. 
 
R: Alternativa D 
 
 
 
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Capítulo 6 Lei dos Crimes Ambientais (Acréscimo) 
 
6.1. Previsão Legal 
A lei que trata dos crimes ambientais é a Lei nº 9.605/1998. O fundamento 
constitucional encontra-se disposto no artigo 225, §3º da CRFB/88: “As condutas e 
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas 
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados”. 
 
6.2. Disposições Gerais 
- Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica. Entretanto, há alguns crimes 
que só poderão ser cometidos por determinadas pessoas – crimes próprios -, como por 
exemplo, crimes contra a administração ambiental (artigos 66 e 67 da Lei nº 
9.605/1998), os quais se referem de forma expressa ao funcionário público. 
 
 
 
- Fixação da pena base: o artigo 6º da Lei nº 9.605/1998 dispõe a respeito dos critérios 
próprios a serem observados pelo julgador: 
a) gravidade do fato; 
b) antecedentes ambientais do infrator; 
c) situação econômica do infrator. 
 
Observação: Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica: a matéria é controvertida, 
mas a doutrina majoritária e os Tribunais Superiores admitem a responsabilidade 
penal da pessoa jurídica em crimes ambientais. 
 
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- Penalidades: 
Penas aplicáveis às pessoas físicas Penas aplicáveis às pessoas jurídicas 
Pena privativa de liberdade Multa 
Pena restritiva de direitos Restritivas de direitos 
Multa Prestação de serviços à comunidade 
 
- Circunstâncias atenuantes: dispostas no artigo 14 da Lei nº 9.605/1998. 
- Circunstâncias agravantes: dispostas no artigo 15 da Lei nº 9.605/1998. 
- Observação: Suspensão condicional da Pena – No artigo 77, caput do CP o instituto 
para a aplicação da suspensão condicional da pena aplica-se nos casos de pena privativa 
de liberdade nãosuperior a dois anos. Já o artigo 16 da Lei nº 9.605/1998 prevê o 
instituto aos casos de pena privativa de liberdade não superior a três anos. Os demais 
pressupostos são os mesmos enumerados no artigo 77 do CP, quais sejam: o condenado 
não seja reincidente em crime doloso (inciso I); que a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias, 
autorizem a concessão do benefício (inciso II). 
 
 
 
 
 - Ação Penal: de acordo com o artigo 26 da Lei nº 9.605/1998, nas infrações penais 
previstas na referida lei, a ação penal é pública incondicionada. 
 
 
 
Artigo 17 da Lei nº 9.605/1998: A verificação da reparação a que se refere o §2º do 
art. 78 do CP será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as 
condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio 
ambiente. 
 
Artigo 27 da Lei nº 9.605/1998: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, 
a proposta de aplicação imediata da pena restritiva de direitos ou multa, prevista no 
art. 76 da Lei nº 9.605/1998, somente poderá ser formulada desde que tenha 
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o artigo 74 da mesma 
lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
 
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- Suspensão condicional do processo: de acordo com o artigo 28 da Lei nº 9.605/1998, 
o Ministério Público poderá oferecer a denúncia e propor a suspensão condicional do 
processo nos casos de crimes ambientais de menor potencial ofensivo, desde que 
respeitados os seguintes requisitos: 
a) A pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano; 
b) O acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro 
crime; 
c) O acusado não seja reincidente em crime doloso; 
d) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, autorizem a concessão do benefício; 
e) Não seja indiciada ou cabível a substituição prevista no artigo 44 do CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A declaração de extinção da punibilidade dependerá de laudo de constituição de 
reparação do dano ambiental (exceto nos casos de impossibilidade de reparação do 
dano), consoante dispõe o artigo 28, I da Lei nº 9.605/1998. 
 
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Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia) 
Se uma pessoa física e uma pessoa jurídica cometerem, em conjunto, infrações 
previstas na Lei n.º 9.605/1998 — que dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá 
outras providências —, 
a) as atividades da pessoa jurídica poderão ser totalmente suspensas. 
b) a responsabilidade da pessoa física poderá ser excluída, caso ela tenha sido a 
coautora das infrações. 
c) a pena será agravada, se as infrações tiverem sido cometidas em sábados, 
domingos ou feriados. 
d) a pena será agravada, se ambas forem reincidentes de crimes de qualquer 
natureza. 
e) será vedada a suspensão condicional da pena aplicada. 
 
R: Alternativa A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
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Capítulo 7 Lei dos Crimes de “Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos ou Valores” 
(Acréscimo) 
 
7.1. Previsão Legal 
A previsão legal encontra-se na Lei nº 9.613/1998, com alteração conferida pela 
Lei nº 12.683/2012. 
 
7.2. Disposições Gerais 
- Principais alterações dadas pela Lei nº 12.683/2012: 
 Extinção do rol taxativo de infrações penais antecedentes; 
 Aprimoramento das medidas assecuratórias – exemplo: artigo 4º, §1º da Lei nº 
9.613/1998; 
 Ampliação das pessoas físicas e/ou jurídicas responsáveis pela comunicação de 
operações suspeitas – artigo 9º da Lei nº 9.613/1998. 
 
- Fases da lavagem de capitais: 
a) Colocação: consiste na introdução dos valores ilícitos no sistema financeiro, 
dificultando a identificação da origem dos valores, de modo a evitar qualquer ligação 
entre o agente e o resultado obtido com o cometimento da infração penal antecedente. 
b) Dissimulação ou Ocultação: são realizadas diversas movimentações financeiras com 
o objetivo de dificultar o rastreamento dos valores ilícitos. 
c) Integração: com a aparência lícita, os valores são reintroduzidos no sistema 
econômico. 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
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- Sujeito ativo: é classificado como crime comum, ou seja, pode ser praticado por 
qualquer pessoa física. A pessoa jurídica só terá punição administrativa. 
- Causas de aumento de pena: conforme o artigo 1º, §4º da Lei nº 9.613/1998: “A pena 
será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta lei forem cometidos 
de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa”. 
- Colaboração Premiada: o artigo 1º, §5º da Lei nº 9.613/1998 prevê benefícios legais 
se o autor, coautor ou partícipe colaborar de forma espontânea com as autoridades, 
Observação: os processos criminais são independentes. Os processos da infração penal 
antecedente e do crime de lavagem de capitais podem tramitar separadamente. De 
acordo com o artigo 2º, II da Lei nº 9.613/1998: “independem do processo e julgamento 
das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz 
competente para os crimes previstos nesta lei a decisão sobre a unidade de processo e 
julgamento”. 
 
(Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: Delegado de Polícia) 
A fase da lavagem de capitais, de acordo com as definições do COAF, em que são 
realizados diversos negócios e movimentações financeiras, a fim de impedir o 
rastreamento e encobrir a origem ilícita dos valores é denominada pela doutrina 
de: 
a) ocultação. 
b) colocação 
c) destinação 
d) evaporação 
e) integração. 
 
R: Alternativa A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
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através de esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à 
identificação dos autores, coautores e partícipes ou à localização dos bens, direitos ou 
valores objetos do crime. 
 Quais são esses benefícios? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Redução da pena de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou 
semiaberto, facultando-se ao julgador deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer 
tempo, por pena restritiva de direitos.

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