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Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 210 Unidade IV 7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E RELAÇÕES SINDICAIS 7.1 O processo de segurança e qualidade de vida O processo de segurança visa estabelecer disciplina e segurança, bem como qualidade de vida no trabalho. Inclui higiene e segurança do trabalho e as relações sindicais. POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS influências ambientais externas influências organizacionais internas processos de RH processos de agregar pessoas processos de aplicar pessoas processos de recompensar pessoas processos de desenvolver pessoas processos de manter pessoas processos de monitorar pessoas recrutamento e seleção desenho de cargos, avaliação de desempenho remuneração, benefícios e serviços treinamento, mudanças, comunicação disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida, relação com sindicatos banco de dados, sistema de informações gerenciais Resultados finais desejáveis práticas éticas e socialmente responsáveis produtos e serviços competitivos e de alta qualidade qualidade de vida no trabalho Fonte: Menezes (2007) Unidade IV Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 211 GESTÃO DE PESSOAS Desde o início do século, a racionalização do trabalho a partir de métodos científicos foi uma tendência dominante. O objetivo maior era a elevação da produtividade. Essa preocupação permanece até os nossos dias, porém se tende a um tratamento mais humanizado. Segundo Fernandes (1996, p.40), “apesar de a preocupação voltada para organizar o trabalho ter sido uma constante desde o advento da administração científica, só recentemente as empresas vêm-se preocupando com a satisfação do trabalhador na execução de suas tarefas, como requisito para atingirem altos índices de produtividade”. A noção de QVT surgiu no início da década de 50, na Inglaterra, por meio de Eric Trist e colaboradores, que estudaram um modelo para agrupar o trinômio “indivíduo/trabalho/organização. Para Nadler; Lawler (1983, p.20), QVT “é a grande esperança das organizações para atingirem alto nível de produtividade, sem esquecer a motivação e satisfação do indivíduo”. A ciência comportamental, tratando especificamente de aspectos ligados ao bem-estar das pessoas em situação de trabalho, desenvolveu uma linha de pesquisas cujo foco central era o questionamento das formas a serem adotadas, “para que os cargos se mostrem mais produtivos e satisfatórios, com vantagens para as pessoas e organizações, mediante a reformulação de desenho de cargos e postos de trabalho” (Walton, 1974, p.52). A tecnologia da QVT pode ser utilizada para que as organizações renovem suas formas de organização do trabalho, a fim de que, ao mesmo tempo em que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve também a produtividade das empresas, como resultado de maior participação dos empregados nos processos relacionados ao seu trabalho. As reformulações em nível do trabalho constituem o objetivo implícito das ações de QVT, visando garantir maior 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 212 Unidade IV eficácia e produtividade e, simultaneamente, o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores, como enfatiza Walton (1973, p.11). O conceito de QVT é, de certa forma, abrangente e precisa ser definido com clareza, uma vez que, como afirmam Werther; Davis (1983, p.36), “os cargos / postos de trabalho representam não apenas uma fonte de renda para os trabalhadores, mas um meio de satisfazerem suas necessidades de toda ordem, com reflexos evidentes em sua qualidade de vida”. Os trabalhadores têm no trabalho uma fonte de realização pessoal, principalmente quando fazem aquilo de que gostam e, consequentemente, o fazem com prazer. Segundo Fernandes (1996, p.40), “quanto à expressão Qualidade de Vida no Trabalho, (...) não se pode atribuir uma definição consensual. O conceito engloba, além dos atos legislativos que protegem o trabalhador, o atendimento a necessidades e aspirações humanas, calcado na ideia de humanização do trabalho e na responsabilidade social da empresa”. A princípio, pode-se pensar que as exigências por melhor qualidade de vida se referem apenas à remuneração. Mas, especialmente no que tange à melhoria das condições de trabalho e da organização psicossocial, é que existe demanda por mudanças no comportamento organizacional, isto é, trata-se de atender às necessidades humanas. Esse seria o ponto de partida para qualquer programa de QVT, uma vez que sua gestão é flexível, porque organizações e pessoas mudam constantemente, e cada empresa tem a sua realidade. De acordo com Fernandes (1996, p.46): “pouco resolve atentar-se apenas para fatores físicos, pois os aspectos sociológicos e psicológicos 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 213 GESTÃO DE PESSOAS interferem igualmente na satisfação dos indivíduos em situação de trabalho; sem deixar de considerar os aspectos tecnológicos da organização do próprio trabalho que, em conjunto, afetam a cultura e interferem no clima organizacional com reflexos na produtividade e na satisfação dos empregados”. É preciso atentar para uma gama de fatores que, quando presentes numa situação de trabalho, se refletem na satisfação e na participação do indivíduo, mobilizando suas energias e atualizando seu potencial. Dessa forma, pode-se dizer que há fatores intervenientes na qualidade de vida das pessoas, quando em situação de trabalho. Dependendo de seu competente gerenciamento, eles proporcionarão condições favoráveis, imprescindíveis aos melhores desempenho e produtividade. Ao se estudar a produtividade de uma empresa, não se pode, apenas, concentrar atenção nos processos de trabalho e na tecnologia a ser aplicada. O fator humano é uma ferramenta relevante dentro deste processo; portanto, deve ser dada a ele uma atenção toda especial. Segundo Lima (1998, p.41): “ao planejar a capacidade de produção de um grupo de pessoas é preciso levar em conta sua motivação, a qual depende (...) de sua satisfação com a empresa (...). A tecnologia da QVT (Qualidade de Vida no Trabalho) pode ser utilizada exatamente para que as pessoas queiram fazer mais, como decorrência de um envolvimento maior com o trabalho que realizam (...) sintam-se estimuladas e motivadas a produzir, satisfazendo seus anseios e necessidades, e ao mesmo tempo indo ao encontro dos objetivos organizacionais”. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 214 Unidade IV Nos dias atuais, a preocupação das empresas está voltada para os aspectos que possam ajudar o trabalhador a ter melhor qualidade de vida,também, no trabalho. Nota-se que o mercado hoje está voltado para quem conseguir obter maior eficiência em produzir mais, melhor e em menos tempo. Tudo isso sem prejudicar a saúde, no sentido amplo do termo, dos funcionários, pois ela é fundamental ao processo produtivo. Cipriani (1998, p.12) afirma: “Acredito que investimentos em proteção e prevenção do funcionário sejam indispensáveis no mercado que busca produtividade, competitividade e asseguramento de liderança”. Empresas que têm esse tipo de preocupação podem desfrutar de vantagens oferecidas pela QVT, com o retorno do capital investido, ao tentarem proporcionar o melhor ambiente de trabalho. Como observa Lima (1998, p.11), “um programa de qualidade de vida representa custos. No entanto, vale a pena se a empresa tem a intenção de melhorar a sua produtividade, sua imagem, ter funcionários contentes convivendo em um ambiente saudável”. Segundo Harck apud Rodrigues (1999, p.25): “compreende-se que não se pode desprezar o aspecto financeiro da questão, já que as empresa precisam investir dinheiro para manter esses programas, e precisam aferir alguma forma de retorno. Quando bem desenhados e dirigidos ao público certo na dosagem certa, esses programas têm bom custo- benefício”. Um dos fatores almejados pelas empresas atuais é a formação de uma imagem positiva, em relação não só ao cliente interno como também ao externo. Uma boa imagem a ser alcançada por uma empresa que procura proporcionar melhor QVT poderá ser altamente benéfica para sua lucratividade, como prêmio desse investimento. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 215 GESTÃO DE PESSOAS A melhoria dos fatores físicos ou tangíveis nas condições de trabalho, tais como flexibilidade de horário, modificação do local dos equipamentos, entre outros, pode acarretar uma melhora de desempenho. Conforme Huse; Cummings apud Rodrigues (1994, p.91), “com a melhoria das condições de trabalho, os operários tornam-se mais satisfeitos com seus serviços. A QVT afeta positivamente a produtividade de forma indireta1.” 7.1.1 Produtividade e QVT A QVT e a produtividade são componentes do mundo organizacional que estão estreitamente interligados. Podem representar tanto para o indivíduo quanto para a organização uma fonte desenvolvimento ou de estagnação. Mas para que isso ocorra, é preciso que as condições oferecidas atendam ou não às exigências humanas e organizacionais necessárias à melhoria da qualidade de vida no trabalho que, por sua vez, afeta o nível de produtividade. Assim, a qualidade de vida no trabalho pode ser um fator de desenvolvimento humano, mas pode também constituir-se em um fator de instrumentação somente para aumentar o nível de produtividade, sem uma preocupação mais profunda e sincera com o indivíduo. Hackman; Oldham apud Rodrigues (1994, p.124) entendem que a QVT tem muito a ver com produtividade e também com a relação de satisfação entre o indivíduo e a organização na qual trabalha. Nesse sentido, desde a origem dos estudos sobre QVT, percebe-se que a mesma nasceu voltada para as questões relativas à produtividade. Autores como Werther; Davis (1983) constatam que os esforços para melhorar a qualidade de vida do trabalhador, na verdade, devem atender às necessidades de produção da organização. 1 Disponível em http://www.moraesjunior.edu.br/pesquisa/cade7/ qualidade.doc 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 216 Unidade IV 7.1.2 QVT Rodrigues (1994) oferece uma compreensão da QVT como um meio para beneficiar simultaneamente o indivíduo e a organização, por meio da melhoria do desempenho humano e consequentemente do aumento do nível de produtividade. Em consequência é possível inferir que ela, ainda que propicie benefícios para o homem, é principalmente um instrumento da produtividade necessária às organizações. A melhoria das condições de trabalho envolve flexibilidade de horário, modificação do local, entre outros, que podem tornar os indivíduos mais satisfeitos e consequentemente melhores em seus serviços. Mais uma vez observa-se que a QVT afeta a produtividade, ainda que indiretamente, como pode ser visto na figura acima. Conforme pode ser observado nessa figura, sua melhoria desenvolve positivamente, de imediato, a coordenação, a capacidade e a motivação, que são fatores do interesse da organização, pois são pré-requisitos para um melhor desempenho e, consequentemente, uma maior produtividade. 7.1.3 Conceito de QVT O termo Qualidade de Vida no Trabalho engloba motivação, satisfação, condições de trabalho, estilos de liderança, dentre outros. Relacionados a esses aspectos, a lista de fatores que se constituem em pontos positivos e negativos do trabalho é bem ampla. Um dos principais expoentes no estudo da questão, Walton (1973) afirma que a ideia de QVT é calcada em humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o entendimento de necessidades e aspirações do indivíduo, por meio da reestruturação do desenho de cargos e de novas formas de organizar o trabalho, aliado a uma formação de equipes com um maior poder de autonomia e uma melhoria do meio organizacional. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 217 GESTÃO DE PESSOAS Fernandes (1996) sugere que o termo sustenta-se sobre quatro pontos básicos: 1. a resolução de problemas com o envolvimento de todos os funcionários (participação, sugestões, inovações); 2. a reestruturação da natureza do trabalho (enriquecimento de tarefas, redesenho de cargos, rotação de funções, grupos autônomos ou semi-autônomos); 3. a inovação no sistema de recompensas (remunerações financeiras e não-financeiras); 4. a melhoria do ambiente organizacional (clima, cultura, ambiente físico, aspectos ergonômicos e assistenciais). 7.1.4 Programa de QVT No Brasil, na década de 90, falar em QVT não passava de simples utopia. Hoje se percebe que esse quadro mudou substancialmente, não em função de um “modismo”, mas por determinantes de sobrevivência num cenário competitivo. Tanto que Silva; De Marchi (1997, p.12) destacam que no Brasil os programas de QVT têm despertado grande interesse nos últimos anos e que as empresas perceberam que ela está inteiramente ligada a maior produtividade e vantagem competitiva. Para Fernandes (1996, p.59), em primeiro lugar convém lembrar que QVT, na prática, não dispensa em absoluto a teoria, ou seja, é preciso a fundamentação advinda de conhecimentos interdisciplinares e em especial ligados à ciência comportamental, pois não se pode implantar um programa sem um forte apoio teórico e técnico sobre o tema. Por outro lado, mesmo que cada experiência de implantação de projetos de QVT seja única, é possível, a título de sistematização, se estabelecerem algumas fases que, independentemente das características particulares, se aplicam a todas as empresas. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: Már ci o - 05 /0 6/ 09 218 Unidade IV Alguns autores têm feito recomendações sobre a implantação de programas de QVT. Vellozo (1996, p.68) diz que não existem fórmulas prontas para implantá-los. Em cada organização existe um processo particular que deve ser analisado cuidadosamente. A autora entende QVT como uma política de trabalho que deve ser definida e adotada após minucioso levantamento de necessidades, devidamente analisadas de forma consciente e comprometida com as mudanças que se fizerem necessárias. Em empresas cujo estágio organizacional seja pouco desenvolvido, dificilmente um programa será efetivo sem o apoio de uma nova filosofia gerencial, sem o aval e o apoio da administração superior. Ou seja, os responsáveis pela área de RH das organizações têm que convencer a todos – especialmente as principais lideranças – de que QVT é responsabilidade de todos e não apenas de alguns. Mesmo porque iniciativas e/ou esforços particulares, ainda que da área própria, não terão capacidade de obter resultados efetivos. 7.1.5 Modelo de Walton para avaliar a QVT Existem diversos métodos desenvolvidos por estudiosos, visando identificar os aspectos presentes no trabalho e que estão relacionados à QVT. O modelo proposto por Walton (1973) permite analisar as práticas adotadas nas melhores empresas para trabalhar no Brasil e as dimensões de QVT. As dimensões e os seus respectivos indicadores apresentados por Walton (1973) são as exibidas no quadro abaixo. Essas oito dimensões permitem ao pesquisador apreender os pontos percebidos pelos trabalhadores como positivos ou negativos na situação de trabalho. Possibilitam analisar tanto o conjunto de condições e práticas organizacionais, quanto aspectos relacionados às satisfação e percepção dos empregados sobre os fatores positivos no trabalho (Silva; Tolfo, 1995). 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 219 GESTÃO DE PESSOAS Categorias conceituais de QVT Critérios Indicadores de QVT 1 - Compensação justa e adequada equidade interna e externa justiça na compensação partilha dos ganhos de produtividade proporcionalidade entre salários 2 - Condições de trabalho jornada de trabalho razoável ambiente físico seguro e saudável ausência de insalubridade 3 - Utilização e desenvolvimento de capacidades autonomia autocontrole relativo qualidades múltiplas informações sobre o processo total do trabalho 4 - Oportunidade de crescimento e segurança possibilidade de carreira crescimento pessoal perspectiva de avanço salarial segurança de emprego 5 - Integração social na organização ausência de preconceitos igualdade mobilidade relacionamento senso comunitário 6 – Constitucionalismo direitos e proteção do trabalhador privacidade pessoal liberdade de expressão tratamento imparcial direitos trabalhistas 7 - O trabalho e o espaço total de vida papel balanceado no trabalho estabilidade de horários poucas mudanças geográficas tempo para lazer da família 8 - Relevância social do trabalho na vida imagem da empresa responsabilidade social da empresa responsabilidade pelos produtos práticas de emprego Fonte: Walton (1973, p.11) 7.1.6 QVT e sua prática nas empresas Os resultados positivos de pesquisas que avaliam a QVT, especialmente no Brasil, têm sido fonte de desconfiança por parte de estudiosos mais críticos. Concebida na sociedade americana, preocupada com as condições de trabalho e os seus reflexos sobre o bem-estar do trabalhador, encontra um contexto social bastante diferenciado nos países menos desenvolvidos. 5 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 220 Unidade IV Isso pode ser vislumbrado nos resultados da presente análise, em que anualmente foram selecionadas muitas empresas, mas poucas receberam avaliação máxima em relação à metade ou mais dos itens considerados essenciais para que elas sejam consideradas um excelente lugar para trabalhar. Pode-se inferir, então, que é muito reduzido o número de empresas atuando no país que efetivamente põem em prática ações que visem a QVT do seu pessoal. Nesse sentido, concorda-se com Drucker (1995, p.51), quando ele assinala que hoje todas as organizações dizem: “as pessoas são o nosso maior ativo”. Entretanto, poucas praticam aquilo que pregam e menos ainda acreditam nisso. A maioria ainda acredita, embora talvez não conscientemente, naquilo que acreditavam os empregadores do século XIX: as pessoas precisam mais de nós do que nós delas. 7.1.7 Indicadores de QVT Eis alguns indicadores de QVT: Orgulho de trabalhar na empresa. Um item muito representativo da QVT é o orgulho do trabalho e da empresa. Isso significa que os funcionários avaliam positivamente a imagem da empresa na sociedade. Os empregados das empresas consideradas excelentes lugares para trabalhar percebem que essa possibilidade é decorrente, em primeiro lugar, do papel social do trabalho. Segurança e confiança na gestão. A segurança e a confiança na gestão são aspectos também muito valorados pelos empregados. As chefias vêm desenvolvendo cada vez melhor os conceitos introduzidos com as novas formas de organização e que prescrevem a elas um papel de articuladores de equipes, com vistas ao alcance dos objetivos organizacionais. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 221 GESTÃO DE PESSOAS Oportunidades de carreira e treinamento. As oportunidades de carreira e treinamento (que, para Walton, significa possibilidade de crescimento e segurança) são valorizadas (especialmente quando avaliada a carreira em separado) como um dos itens mais importantes para que uma organização seja excelente para se trabalhar. Por outro lado, existe farta literatura que sinaliza o fim do emprego e da carreira (Bridges, 1995; Tomei apud Davel e Vasconcelos, 1996). Os resultados permitem inferir que existe aí um ponto de divergência entre aquilo que os empregados esperam das organizações e a perspectiva que vem sendo destacada de um tipo de carreira mais horizontalizada, frente ao modelo vigente até pouco tempo atrás. Salários e benefícios. Os salários e benefícios aparecem entre os aspectos menos contemplados pelas empresas avaliadas como um lugar excelente para trabalhar no Brasil. Este item pode ser relacionado ao fator descrito por Walton (1973) como compensação justa e adequada, que compreende a renda pertinente ao trabalho realizado, a equidade interna e a equidade externa. Tal questão é amplamente estudada e comporta diversas possibilidades. Se buscarmos a origem nos estudos da psicologia, a contribuição de Herzberg apud Bergamini (1993) continua importante, quando confere ao salário uma função higiênica: a remuneração e os benefícios não são fonte de motivação, mas evitam a desmotivação. O quadro a seguir apresenta os indicadores apontados com maior destaque pelo conjunto de chefias e trabalhadores das empresas consideradas como melhores locais para se trabalhar no Brasil. Ele mostra bastante diversidade, se compararmos os três anos estudados. 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão: F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 222 Unidade IV Indicadores de QVT mais identificados pelos empregados das melhores empresas 1999 2000 2001 • orgulho do trabalho e da empresa; • segurança e confiança na gestão; • oportunidade de carreira; • camaradagem no ambiente de trabalho; • treinamento; • inovação no sistema de trabalho; • benefícios; • clareza e abertura na comunicação interna; • salários. • oportunidade de carreira e treinamento; • segurança e confiança na gestão; • orgulho do trabalho e da empresa, • salários; • benefícios; • responsabilidade social; • clareza e abertura na comunicação interna. • segurança e confiança na gestão; • camaradagem no ambiente de trabalho; • orgulho do trabalho e da empresa; • clareza e abertura na comunicação interna; • oportunidade de carreira e treinamento; • salários; • benefícios; • responsabilidade social. Fonte: Tolfo; Piccinini (2003) 7.2 Segurança no trabalho Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração Aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção Contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de segurança do trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e enfermeiro do trabalho. Esses 5 10 15 20 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 223 GESTÃO DE PESSOAS profissionais formam o que chamamos de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Também os empregados da empresa constituem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil2. 7.2.1 Direitos de quem se acidenta no trabalho Conceitos fundamentais3: Acidentes de trabalho – São situações que ocorrem pelo exercício do trabalho; a serviço da empresa; acidente por doença profissional ou do trabalho e ainda acidente de trajeto, que é aquele que ocorre no percurso entre a residência do empregado e o local de exercício profissional, ou entre dois locais de trabalho. Recai sobre o empregador, ou o órgão gestor de mão de obra, a responsabilidade pela emissão, em seis vias, da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e o seu envio à Previdência, mesmo que o acidente não justifique afastamento do trabalho e concessão de benefícios. A empresa que não informar acidentes de trabalho está sujeita a multa. Doenças laborais – No caso dos trabalhadores que desenvolvem doenças relacionadas ao trabalho, a empresa deve também emitir a CAT em seis vias e enviar à Previdência. 2 Disponível em: http://www.areaseg.com/seg/ 3 Disponível em: http://www.opas.org.br/saudedotrabalhador/ Arquivos/Sala311.doc 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 224 Unidade IV 7.2.2 Benefícios pagos pela Previdência Auxílio-doença – É o benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar, devido a doença ou acidente, por mais de 15 dias consecutivos. Os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador. No caso de contribuinte individual (como empresários, profissionais liberais e autônomos), a Previdência paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). Tem direito ao auxílio-doença acidentário o empregado, o trabalhador avulso, o médico residente e o segurado especial. O benefício não é concedido quando, mesmo doente, o trabalhador tem condições de permanecer em atividade. A concessão do auxílio-doença acidentário não exige tempo mínimo de contribuição. O auxílio deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício é trocado pela aposentadoria por invalidez. Auxílio-acidente – É um benefício concedido, como forma de indenização, ao segurado empregado, ao trabalhador avulso urbano e rural e ao segurado especial quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resulte em sequela definitiva que impeça as atividades laborais. Essa regra não inclui o trabalhador doméstico, o contribuinte individual e o segurado facultativo. Caso o segurado não se reabilite em 15 dias, deve solicitar o benefício. Aposentadoria por invalidez – Concedida aos trabalhadores que, por doença ou acidente, forem considerados incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar do agravamento da enfermidade. Quem recebe aposentadoria por invalidez deve passar por perícia médica de dois em dois anos. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade. Para ter direito, o trabalhador tem que 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 225 GESTÃO DE PESSOAS contribuir por no mínimo 12 meses, no caso de doença. Se for acidente, esse prazo não é exigido, mas é preciso estar inscrito na Previdência. Aposentadoria especial – Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. O trabalhador deve comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido (dependendo do agente, 15, 20 ou 25 anos). A comprovação será feita em formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCA), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Pensão por morte – Os dependentes de segurado que recebia benefício como aposentadoria ou auxílio-doença e faleceu podem requerer a pensão por morte4. 7.3 Liberdade sindical De acordo com Siqueira Neto (2008), a liberdade sindical e a representaçãodos trabalhadores nos locais de trabalho nos moldes consagrados pelo direito internacional ocupam, indiscutivelmente, um papel determinante na configuração dos sistemas de relações de trabalho nos países de democracia consolidada. As ideias de um sindicalismo livre e sua concepção foram cristalizadas nos países de democracia consolidada e de industrialização avançada no segundo pós-guerra, assim permanecendo até os dias atuais, sem qualquer objeção significativa, mesmo diante das constantes crises dos últimos decênios e da investida conservadora dos anos 80 e de meados dos anos 90 na Inglaterra. O resultado disso é que os direitos de associação sindical e de representação dos trabalhadores por 4 Disponível em: http://www.opas.org.br/saudedotrabalhador/ Arquivos/Sala311.doc 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 226 Unidade IV local de trabalho são direitos fundamentais para equilibrar a desigual distribuição de poder nas relações de trabalho. E, uma vez estruturados de forma livre, sem interferência limitadora da autonomia por parte do Estado e dos empregadores, com garantia de efetivo exercício da ação coletiva, transformam-se no centro de gravidade mais evoluído do direito do trabalho. Funcionando, assim, como ponto de partida da negociação coletiva entendida em seu sentido mais moderno, e, por conseguinte, de todo o sistema de relações de trabalho. Siqueira Neto (2008) afirma ainda que a liberdade sindical e a representação dos trabalhadores nos moldes consagrados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, pelos pactos internacionais dela decorrentes, sobre os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos, ambos de 1966, e pelos instrumentos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), indiscutivelmente, jogam um papel determinante na configuração orgânica dos sistemas de relações de trabalho nos países de industrialização avançada e de democracia participativa consolidada (Estados Unidos, Japão e países da Europa Ocidental). Segundo o autor, no âmbito internacional, o primeiro ato com repercussões trabalhistas foi a Declaração de Filadélfia, de 1944, que ampliou o campo de ação da OIT. Em seguida, diversos tratados e documentos internacionais versaram sobre a liberdade sindical ou temas a ela ligados. Nesse rol podemos destacar: • a Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU) de 1948; • as convenções da OIT de nº 87 (sobre liberdade sindical e a proteção do direito sindical) de 1948 e nº 98 (sobre a aplicação dos princípios do direito de sindicalização e de negociação coletiva) de 1949; 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 227 GESTÃO DE PESSOAS • a Convenção Europeia dos Direitos Humanos e Liberdade Fundamentais de 1950; • a Carta Social Europeia de 1961; • o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos da ONU e de 1966; • as Convenções da OIT de nº 135 (sobre proteção e facilidades a serem dispensadas a representantes de trabalhadores na empresa), nº 141 (sobre organizações de trabalhadores rurais e seu papel no desenvolvimento econômico social) e 154 (sobre a promoção da negociação coletiva). No Brasil a liberdade sindical foi tratada pelo art. 8º da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, inserido no Título II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo II, Dos Direitos Sociais. Os dispositivos específicos, entretanto, comportam contradições incompatíveis com a liberdade sindical consagrada no direito internacional, e por isso incapazes de gerar um sistema de relações de trabalho realmente harmônico. Pela importância do assunto, achamos oportuno transcrever o art. 8º da CRFB, para depois apresentar o nosso entendimento sobre suas principais consequências. “Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 228 Unidade IV III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- se às organizações de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer”. 7.3.1 Representação dos trabalhadores Pela primeira vez, em 1988, uma constituição brasileira consagrou a Representação dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho. O art. 11 da CFRB assegura, nas empresas de mais de duzentos empregados, a eleição de um representante deles com a finalidade de promover seu entendimento direto com os empregadores. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 229 GESTÃO DE PESSOAS Trata-se, portanto, de uma representação dos trabalhadores e não representação sindical. A Constituição não assegurou a estabilidade ao representante dos trabalhadores, já que o art. 11 é, quanto a isso, omisso e o inciso VIII do art. 8º refere-se apenas a dirigentes e a representantes sindicais. O objetivo da representação dos trabalhadores nos locais de trabalho é promover o entendimento direto com o empregador. Assim, o representante dos trabalhadores não tem poderes para assinar acordos coletivos de trabalho. A representação é por empresa e não por estabelecimento. O dispositivo constitucional enfocado não depende de lei alguma para vigorar, apesar de não existir qualquer impedimento à edição de uma lei a respeito. São raros os representantes eleitos desde a promulgação da Constituição de 1988. O legislador constituinte distinguiu claramente a representação dostrabalhadores nos locais de trabalho da co-gestão e da participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Tanto é que regulou esses dois últimos institutos em artigo distinto (art. 7º, inciso XI). O sistema de representação dos trabalhadores nos locais de trabalho: “é aquele instituído por lei, com representação geral, autônoma e independente dos sindicatos, mas com respeito à atividade sindical nos moldes do direito internacional, com competência para todos os assuntos ligados direta ou indiretamente aos interesses dos trabalhadores nos locais de trabalho, composto unicamente por trabalhadores na proporção da força de trabalho, eleitos pelo voto direto dos representados, com atuação singular ou colegiada conforme o tamanho da empresa, com funções e atribuições de informação, de consulta e de negociação coletiva nos limites estabelecidos pela lei e pela contratação coletiva de categoria, com mecanismos internos à disposição dos trabalhadores 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 230 Unidade IV e dos sindicatos mais representativo, de controle da instituição e da eleição dos organismos, assim como do mandato dos representantes”5. 7.3.2 Relação de trabalho Para Siqueira Neto (2008), a relação de trabalho é uma relação de poder, e o principal escopo da legislação do trabalho sempre foi — e sempre será — aquele de constituir uma força balanceadora destinada a neutralizar a disparidade contratual imanente dessas relações. O trabalhador individualmente considerado é constrangido a aceitar as condições que o empregador lhe oferece. Para ele, o poder é somente coletivo. O empregador individual, ao contrário, constitui-se em um complexo de recursos materiais e humanos. Socialmente falando, a empresa é em si mesma um “poder coletivo” em tal senso. As relações de trabalho somente são equilibradas quando o contra-poder coletivo dos trabalhadores se manifesta. Sem isso, ele concentra-se exclusivamente nas mãos do empregador. É certo que o Estado pode impor, como de fato impõe, condições mínimas de trabalho. Porém, se esse mesmo Estado não dotar os organismos coletivos dos trabalhadores de prerrogativas e de garantias suficientes para realizar o acompanhamento efetivo das manifestações quotidianas das relações de trabalho, o “standart” mínimo trabalhista imposto pela ordem jurídica somente se prestará à burocratização das relações entre empregados e empregadores. O equilíbrio do poder nas relações de trabalho, portanto, não vem da lei trabalhista protetiva em si, porém da existência de sindicatos livres, autônomos, atuantes e independentes. A lei trabalhista, sem sindicatos livres, não protege o trabalhador, tampouco limita o poder do empregador. Dessa maneira, o Estado, além de reconhecer o direito de associação sindical, deve passar a protegê-lo (dos trabalhadores 5 Disponível em http://library.fes.de/fulltext/bueros/saopaulo/ 00658004.htm 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 231 GESTÃO DE PESSOAS e das organizações) do poder e da influência indevida do empregador, como forma de assegurar o equilíbrio do próprio sistema de relações de trabalho. Os dispositivos da Convenção nº 98, da OIT, de 1949, identificam perfeitamente tais preocupações. 8 RESULTADOS RELATIVOS À GESTÃO DE PESSOAS 8.1 Área de RH e sua contribuição O processo de monitoração visa saber como os indivíduos executam as atribuições que lhes são confiadas na organização, identificando pontos fortes e fracos. Seu objetivo também é dar subsídio à alta administração, para a implementação das políticas de incentivo, de treinamento e de substituição. Ele é conhecido como auditoria de pessoal ou avaliação de desempenho. POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS influências ambientais externas influências organizacionais internas processos de RH processos de agregar pessoas processos de aplicar pessoas processos de recompensar pessoas processos de desenvolver pessoas processos de manter pessoas processos de monitorar pessoas recrutamento e seleção desenho de cargos, avaliação de desempenho remuneração, benefícios e serviços treinamento, mudanças, comunicação disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida, relação com sindicatos banco de dados, sistema de informações gerenciais Resultados finais desejáveis práticas éticas e socialmente responsáveis produtos e serviços competitivos e de alta qualidade qualidade de vida no trabalho Fonte: Menezes (2007) 5 10 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 232 Unidade IV Oliveira et alli (2001) afirmam que em ambientes competitivos a gestão de pessoas assume um papel de maior importância em grande parte das organizações. Nesse contexto, a avaliação de resultados de RH torna-se primordial para que os administradores possam verificar se os objetivos da gestão de pessoas estão sendo cumpridos, e como a área poderia melhorar seu alinhamento com as metas globais da empresa. A área de RH assume cada vez mais uma importância primordial e merece esforços cada vez maiores no sentido de desenvolver suas políticas e práticas. Um dos campos onde há grandes possibilidades para seu desenvolvimento é o alinhamento das práticas da área com os objetivos globais das empresas, de maneira a explicitar o papel que ela exerce sobre os resultados almejados pelas organizações. Essa foi uma das principais conclusões de uma pesquisa realizada por Wright et al (2001) com 14 empresas americanas e que analisou a percepção que os executivos de linha (59 entrevistados) tinham sobre a contribuição dessa área para os objetivos da empresa. A pesquisa comparou os resultados desse público com as percepções que os executivos da área de RH (44 entrevistados) tinham sobre a mesma questão. Descobriu-se que os executivos de RH acreditavam que a área tem uma eficácia maior do que afirmaram os executivos de linha. Os pontos mais contrários nos dois públicos foram em relação aos aspectos mais importantes ou ligados diretamente ao cumprimento de metas. Embora a amostra da pesquisa tenha sido pequena, é de alguma significância, já que duas das empresas pesquisadas fazem parte da classificação das “100 melhores empresas para se trabalhar”, da revista “Fortune”, e outras 5 fazem parte das “100 empresas mais admiradas de 1997”, segundo outra publicação da mesma revista (Wright et al, 2001). Sabendo-se que os resultados não podem ser generalizáveis, pelo tamanho da amostra, a pesquisa apresenta, entre suas conclusões, indícios de que: 5 10 15 20 25 30 35 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 233 GESTÃO DE PESSOAS • há espaços e necessidade de se promover uma maior integração entre as ações de RH e a estratégia global das empresas; • há necessidade, também, de se avaliarem os resultados da área de RH. A pesquisa demonstra que, hoje emdia, em muitas empresas, a área de RH ainda exerce um alto volume de atividades rotineiras que, embora sejam de importância vital para o dia-a-dia, não garantem necessariamente melhores resultados, principalmente financeiros. A avaliação desses resultados tem, nesse sentido, um papel importante em ambientes competitivos. Esse papel seria o de auxiliar os gestores de negócios e profissionais de RH a administrar o nível de eficácia desejado para as práticas de gestão de pessoas, possibilitando a realização de ações que contribuam para a diferenciação das empresas em ambientes competitivos. Por meio da avaliação, consideráveis ganhos poderiam ser obtidos pela área de RH e, consequentemente, pela empresa. Um dos mais significativos seria a possibilidade de direcionar os investimentos para os resultados que agreguem valor real para a organização, alinhando a gestão de pessoas aos objetivos e metas da empresa (Sammartino, 1995). No entanto, dizem Oliveira et alli (2001), avaliar esses resultados não é uma tarefa simples. Tomando-se os programas de treinamento, desenvolvimento, Universidades Corporativas, planos de remuneração e de benefícios, programas de QVT, como apenas exemplos das atividades que podem ser desenvolvidas pela área de RH, percebe- se que, muitas vezes, os resultados decorrentes não estão ligados diretamente com a obtenção de valores financeiros, contrariamente ao que ocorre com as práticas de vendas de uma empresa (Chiavenato, 1996). 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 234 Unidade IV Essa dificuldade de se relacionar os programas de RH com os ganhos que eles trazem para a empresa faz com que muitos profissionais da área deixem em segundo plano a tarefa de avaliar o que resultou do que foi investido. Existe, conforme afirma Fitz-enz (1995), um mito de que os resultados da área não podem ser avaliados, a não ser muito subjetivamente. Esse mito é uma das causas prováveis da pequena difusão dessa prática de avaliação. Becker, Huselid; Ulrich (2001) acrescentam uma nova dimensão à avaliação dos resultados em RH. De acordo com eles, muitos chegam a coletar dados sobre as operações do dia a dia, tais como o índice de rotatividade de pessoal ou a porcentagem da receita investida em treinamento. Mas poucas empresas correlacionam esses dados com as atividades de RH que estariam influenciando as operações da organização consideradas mais importantes para seus objetivos globais. Para Oliveira et alli (2001), há relativamente poucas pesquisas e casos escritos sobre metodologias de avaliação de resultados em RH. 8.2 Banco de dados e sistema de informação e auditoria de RH Banco de dados é um conjunto de informações relacionadas entre si que se referem ao mesmo assunto, organizadas de uma forma prática para que o usuário possa obter as informações facilmente. O sistema de informação é o gerenciamento do fluxo de dados na organização e tem como objetivo principal auxiliar no planejamento, na implementação e no controle dos processos, no caso específico do trabalho de RH. Nesse sentido, a auditoria é a verificação das políticas e práticas do pessoal da organização por meio da análise da conformidade das mesmas. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 235 GESTÃO DE PESSOAS As informações que devem conter em um banco de dados para atender aos recursos humanos são: • Avaliação de desempenho – informações com base nas competências que os cargos exigem: avaliação individual ou geral dos funcionários, armazenamento da série histórica das competências e do desempenho do funcionário. • Administração de treinamento – informações das necessidades de treinamentos com base no perfil do cargo. • Avaliação e pesquisa – informações da eficácia dos treinamentos com base em pesquisas de opiniões e demonstrações de como se encontra o clima organizacional. • Provisão de pessoal – informações que possibilitem a visualização dos currículos cadastrados, possibilidade de triagem de candidatos por perfil estabelecido, agenda de entrevistas e acompanhamento do processo de seleção. De acordo com Chiavenato (2004), na área de RH, os vários bancos de dados interligados permitem obter e armazenar dados a respeito de diferentes estratos ou níveis de complexidade, como: 1. dados pessoais sobre cada empregado, formando um cadastro; 2. dados sobre os ocupantes de cada cargo, formando um cadastro; 3. dados sobre os empregados de cada seção, departamento ou divisão, formando um cadastro; 4. dados sobre os salários e incentivos salariais, formando um cadastro de remunerações; 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 236 Unidade IV 5. dados sobre os benefícios e serviços sociais, formando um cadastro de benefícios; 6. dados sobre candidatos (cadastro de candidatos), sobre cursos e atividades de treinamento (cadastro de treinamento). Entrada de dados Cadastro de pessoal Cadastro de cargos Cadastro de seções Cadastro de remuneração Cadastro de benefícios Cadastro de médico Saída de informações Banco de dados Fonte: Chiavenato (2000) Um sistema de informação de recursos humanos requer análise da organização ou de seus subsistemas e das respectivas necessidades de informação. Um sistema de informação deve identificar e envolver toda a rede de fluxo de informação para ser projetado para cada grupo de decisão. A ênfase deve ser colocada na necessidade de informação e não no uso da informação, como convencionalmente se faz. No fundo, o sistema de informação é a base do processo decisório da organização. Para Chiavenato (1997, p.117), um sistema de informações utiliza como fonte de dados elementos fornecidos por: a. banco de dados de recursos humanos; b. recrutamento e seleção de pessoal; c. treinamento e desenvolvimento de pessoal; d. avaliação de desempenho; e. administração de salários; f. higiene e segurança; g. estatísticas de pessoal; h. registros e controles de pessoal, a respeito de faltas, atrasos, disciplina etc. 5 10 15 20 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 237 GESTÃO DE PESSOAS O ponto de partida de um sistema de informação de RH, segundo Chiavenato (2004), é o banco de dados. O objetivo final de um sistema de informação é abastecer as gerências de informações sobre seu pessoal. Um sistema de informação é, por definição, um sistema por meio do qual os dados são obtidos, processados e transformados em informações, de forma esquematizada e ordenada, para servirem de subsídio ao processo de tomada de decisão. O sistema de informações recebe entradas (inputs) que são processadas e transformadas em saídas (outputs) sob a forma de relatórios, documentos, índices, listagens, medidas estatísticas de posição ou tendências. O quadro abaixo demonstra os dados processados e incorporados ao sistema de informações de RH. Boletim de inclusões de cadastro Boletim de alterações decadastro Boletim de exclusões de cadastro Cartões de ponto Vales emitidos Plano de contas Programas (softwares) Outras entradas Entradas Folha de pagamento e relatórios Relatórios legais (INSS, IR, FGTS etc.) Relatórios do efetivo por seção Relatórios do efetivo por cargo Relatório de faltas e atrasos e índice de absenteísmo Relatório de rotação de pessoal e motivos Relatório de situação de férias por seção Outros relatórios Saídas Dados Informações Processamento e memória Banco de dados Cadastro de pessoal Cadastro de seções Cadastro de cargos Cadastro de acumulação de dados Fonte: Chiavenato (2004) 5 10 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 238 Unidade IV 8.3 Auditoria de recursos humanos Auditoria compreende um “exame pericial que segue o desenvolvimento das operações” e que tem por objetivos revisar e controlar o programa em desenvolvimento, analisar as políticas adotadas pela organização e avaliar o seu funcionamento, assim como, informar à administração a atual situação dessa perícia, mostrando sua eficiência e eficácia. A auditoria em RH, segundo Mee apud Chiavenato (1994, p.483), pode ser definida “como análise das políticas e práticas de pessoal de uma organização, e avaliação do funcionamento atual, seguida de sugestão para melhoria”. A empresa busca se conhecer melhor, para poder assim alcançar seus resultados de uma maneira mais eficiente. Chiavenato (1997, p.124) alega que o “propósito principal da auditoria de recursos humanos é mostrar como o programa está funcionando, localizando práticas e condições que são prejudiciais à organização ou que não estão compensando o seu custo, ou ainda práticas e condições que devem ser acrescentadas”. As funções da auditoria podem ser indicar as falhas e problemas, determinar as possíveis soluções e sugestões, bem como salientar os aspectos positivos e tentar melhorá- los. Segundo Chiavenato (1997, p.124), a auditoria de RH, dependendo da política da organização, poderá ser bastante profunda, focando em um ou todos os seguintes níveis de profundidades: • resultados: estão relacionados com as realizações, bem como com os problemas existentes; • programas: incluem práticas e procedimentos detalhados que compõem o programa; • políticas: podem ser tanto as explícitas quanto as implícitas; 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 239 GESTÃO DE PESSOAS • filosofia: da administração, seus valores, objetivos, etc.; • teoria: que possa explicar a filosofia, as políticas, práticas e os contínuos problemas. Os principais aspectos que a Auditoria de Recursos Humanos (ARH) permite verificar são: • objetivos e expectativas quanto à administração de RH, em relação a quantidade, qualidade, tempo e custo; • contribuição do RH aos objetivos e resultados da organização; • eficiência e eficácia quanto ao treinamento, desenvolvimento de pessoas, bem como remuneração, benefícios sociais, relação sindical entre outros; • clima organizacional; • política de RH. Para desenvolver auditoria, em geral, as organizações preferem contratar consultores externos. Porém, as melhor estruturadas formam comissões de auditoria. Tanto os auditores externos quanto internos são profissionais capacitados para analisar operações trabalhistas, direitos e deveres do empregado e do empregador. Yoder apud Chiavenato (1997, p. 127) afirma que as principais mudanças que alteraram o cenário da ARH são: • Mudança nas filosofias e teorias administrativas, o empregado passa a ter influências positivas e significativas no incentivo e no êxito da organização; • mudança no papel do governo - aumenta a intervenção desse, a fim de propiciar a segurança econômica e o pleno emprego; o governo passa a proteger mais os empregados; 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 240 Unidade IV • expansão dos sindicatos; • elevações salariais, aumento dos custos da mão de obra e também maiores oportunidades de vantagem competitiva na administração de pessoal; • competência internacional mais agressiva. Quanto maior e mais descentralizada a organização, tanto maior a necessidade de uma cobertura sistemática de auditoria, diz Chiavenato (2004). Muitas vezes, a auditoria serve como reforço ao treinamento dos executivos que atuam na área de RH. Deixando de lado seu caráter fiscalizador, a auditoria pode desenvolver forte impacto educacional, pois permite relacionar a qualidade da administração de recursos humanos com os diversos indicadores de eficiência da organização. Ainda, segundo Chiavenato (2004), a auditoria permite verificar até que ponto a política de RH baseia-se em uma teoria aceitável; até que ponto a prática e os procedimentos são adequados às política e teorias adotadas. 8.4 Principais indicadores de desempenho relativo a RH Um indicador de desempenho, de acordo com Meireles (2001), é uma medida que quantifica a forma como a empresa faz alguma transformação. Nesse sentido é um indicador dinâmico. De Paula; Ichikawa (2002) afirmam que os indicadores de desempenho podem ser classificados de várias formas. A classificação mais comumente utilizada é estabelecida em qualidade e produtividade. Enquanto os indicadores de qualidade estão relacionados com a satisfação do cliente, os de produtividade medem o desempenho dos diferentes processos de uma organização e estão relacionados com a maneira pela qual são utilizados os recursos disponíveis. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 241 GESTÃO DE PESSOAS Os indicadores de desempenho são úteis por várias razões, conforme defendem Warrack et al (2001, p.170): a) eles permitem comparar os resultados com padrões previamente estabelecidos; b) avaliam quantitativamente o nível de desempenho de resultados desejados, sejam eles de natureza quantitativa ou qualitativa; c) oferecem a oportunidade de serem tratados como alvo de permanente desafio. De acordo com Zilber; Fischmann (2002), o sistema de indicadores de uma organização deve conter alguns pressupostos: • Os dados e informações a serem utilizados para elaboração dos indicadores devem ter consistência e fidedignidade e estarem disponíveis dentro de prazos rígidos para refletir comportamentos em períodos de tempo previamente definidos. • As áreas da empresa devem estar envolvidas na produção, no manuseio e na disposição dos dados e informações. • As áreas da empresa devem estar treinadas e preparadas para a produção desses dados e informações, e posterior utilização dos indicadores com eles construídos, como instrumento da gestão estratégica da companhia. • Os indicadores a serem construídos deverão refletir os principais objetivos estratégicos dimensionados dentro do processo de planejamento da empresa. • Após a construção do sistema de indicadores, este deverá ser utilizado como base para a própriaelaboração do planejamento estratégico da empresa. • Os indicadores devem refletir valores e variações reais do desempenho. • Os indicadores devem representar sempre uma relação matemática, normalmente computando divisões, 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 242 Unidade IV proporções ou multiplicações. Assim um valor puramente não deve ser entendido como indicador, mas como um dado, informação ou informação gerencial. • Os cálculos deverão possibilitar análise de tendência dos indicadores. • A estrutura dos índices deve possibilitar avaliações ligadas às funções empresariais e aos objetivos estratégicos. Zilber; Fischmann (2002) apontam que os indicadores referentes a RH devem contemplar, entre outros: • índice de empregados totais; • salário médio; • índice de frequência de acidentes; • índice de gravidade de acidentes; • índice de gastos com treinamento; • índice de treinamento efetivo; • índice de rotatividade global. 8.4.1 O que são indicadores e para que servem? O sistema de indicadores numa organização é um conjunto articulado de quantificadores de parâmetros referentes às partes interessadas dela, importantes ou potencialmente importantes para o sistema de informações usado para compreendê-la, avaliá-la e administrá-la. Os indicadores existentes numa organização não só devem capacitar os gerentes e os operadores para que compreendam e avaliem a empresa, como devem possibilitar a gestão da mesma. E o que é administrar uma organização? Herbert Simon (1965) afirma que “decidir é sinônimo de administrar”. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 243 GESTÃO DE PESSOAS Um indicador organizacional, de acordo com Meireles (2001), é um quantificador de descritores funcionais de objetos pertinentes às partes interessadas da organização (funcionários, fornecedores, acionistas, consumidores, concorrentes, oponentes, sindicatos, coletividade, governo, organizações não-governamentais, órgãos da imprensa etc.) importantes ou potencialmente importantes para o sistema de informações, usado para compreender e avaliar, e, portanto, de interesse de diversos grupos funcionais, como a alta administração, a gerência e a operação. Numa organização os indicadores podem estar associados a parâmetros descritores de objetos de input, de output ou de processo. Land (1971) distingue estes três tipos de indicadores: 1. indicadores descritivos de produto (output), isto é, medidas dos produtos finais dos processos; 2. indicadores descritivos que fornecem dados sob a forma de medidas de insumos (inputs); 3. indicadores de fluxo (throughput). Por exemplo: Indicadores de input: • qualidade da matéria-prima; • índice de defeitos da matéria-prima; • prazo de entrega dos fornecedores; • desempenho de fornecedores de serviço de manutenção; • índice de lotes entregues com atraso; • quantidade de horas paradas por falta de energia elétrica. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 244 Unidade IV Indicadores de processo associados a objetos referentes aos processos organizacionais: • produtividade operacional; • redução de resíduos (ou perda de matéria-prima); • redução de custos por inovações ou melhorias; • tempo de ciclo do processo. Indicadores de output associados a objetos que saem da organização: • número de reclamações de consumidores; • satisfação do consumidor; • qualidade do produto; • índice de defeitos do produto; • prazo de entrega aos consumidores; • índice de lotes entregues com atraso. Os indicadores de input são referentes aos insumos do processo e medem, habitualmente, o custo, a conformidade e a disponibilidade da entrega; os indicadores de processo referem-se ao processo de transformação em si, e têm foco na mão de obra, máquinas, meio ambiente, métodos e medidas. Tais indicadores referem-se ao custo do processo, às suas anomalias, ao valor agregado, à produtividade, à velocidade e à flexibilidade, incluindo a funcionalidade da mão de obra: custo dos retrabalhos, custo das devoluções motivadas, autonomia do operador, envolvimento, solução de anomalias, solução de não-conformidades, velocidade e prontidão. Os indicadores de output referem-se à excelência do output do processo: custo, conformidade e disponibilidade, por exemplo. 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 245 GESTÃO DE PESSOAS 8.4.2 Indicadores de desempenho segundo FNPQ O Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) realizou seu primeiro processo de premiação em 1992, adotando integralmente os critérios do Prêmio Malcolm Baldrige, de 1991. A escolha desse modelo decorreu de amplo estudo dos prêmios existentes no Brasil e no exterior, partindo do precursor de todos, o Deming (1980), do Japão. O modelo Baldrige teve preferência sobre os demais por estabelecer seus critérios de avaliação com base nos referenciais de excelência da Gestão da Qualidade Total. Sem, com isso, prescrever metodologias específicas para sua implementação. Além disso, ampla bibliografia disponível sobre o mesmo facilitou a aplicação. Em 1993, o PNQ aproximou-se da EFQM, administradora do prêmio europeu, o que possibilitou uma coleta adicional de valiosos subsídios e, em 1994, do SIQ e MFQ, que administram, respectivamente, os prêmios sueco e francês. Também em 1994, foram acrescidos tópicos das normas NBR ISO 9004. Alguns prêmios sulamericanos forneceram subsídios adicionais. Os critérios do PNQ formam o embasamento para a premiação e a retroalimentação das empresas candidatas. A isso somam-se três outros importantes papéis no fortalecimento da competitividade: • auxiliar a melhoria das práticas de desempenho e de capacitação das organizações; • facilitar a comunicação e o compartilhamento das melhores práticas entre todos os tipos de organizações; • servir como ferramenta de trabalho para entender e pôr em prática a gestão do desempenho, para planejamento, treinamento e avaliação. Diversas organizações vêm utilizando internamente os critérios de excelência do PNQ, induzindo a melhorias nos seus sistemas de gestão a partir dos resultados advindos da auto- avaliação, inclusive com a criação de premiações internas, como no caso de Furnas, Petrobrás, Gerdau, Serpro, SENAI, Delegacias 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 246 Unidade IV Federais de Agricultura, Siemens, Sadia, dentre outras. Os critérios de excelência do PNQ nasceram da observação de empresas bem-sucedidas, em meados dos anos 80. À medida que novos valores de gestão de organizações excelentes são desenvolvidos e identificados, os fundamentos da excelência passam por atualizações. Os critérios estãodivididos em 7 grandes grupos, que formam na verdade um sistema, que tem como resultado a excelência da empresa, caso sejam todos observados. De acordo com o modelo, as boas práticas de liderança da empresa darão origem a estratégias e planos de sucesso, que deverão ser apoiados por informações e conhecimentos coletados e disseminados nela. Essas práticas dão origem e sustentação ao tripé que originará os resultados: a relação da empresa com os seus clientes e a sociedade, apoiada por uma gerência de processos e de pessoas. Modelo de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade Uma visão sistêmica da organização Fonte: Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade 5 10 15 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 247 GESTÃO DE PESSOAS É importante notar, também, que as empresas ganhadoras do prêmio possuem não só esses critérios muito desenvolvidos dentro da organização, como também instrumentos de mensuração de resultados para cada um dos grandes grupos. A medição dos resultados por índices consistentes é um dos fatores que somam pontos na avaliação geral da empresa candidata ao prêmio. Dentro do grupo “pessoas” são avaliados indicadores de desempenho dos sistemas de trabalho, capacitação e desenvolvimento, e qualidade de vida. Esse critério examina como são proporcionadas condições para o desenvolvimento e a utilização plena do potencial das pessoas que fazem parte da força de trabalho, em conjunto com as estratégias organizacionais. O critério também examina os esforços para criar e manter um ambiente de trabalho e um clima organizacional que conduzam à excelência do desempenho, à plena participação e ao crescimento pessoal e da organização. Os fatores avaliados pelo prêmio no quesito qualidade de vida são: • Como são identificados e tratados os perigos e riscos relacionados à saúde, à segurança e à ergonomia? • Como são identificados e tratados os fatores que afetam o bem-estar, a satisfação e a motivação da força de trabalho? • Como o clima organizacional é mantido propício ao bem- estar, à satisfação e à motivação das pessoas? • Como é verificado se os padrões de trabalho das práticas de gestão relatadas estão sendo cumpridos e como as ações decorrentes são implementadas? • Como é feita a avaliação das práticas de gestão e padrões de trabalho desse item? 5 10 15 20 25 30 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 248 Unidade IV • Como as principais inovações ou melhorias decorrentes da avaliação das práticas de gestão e dos respectivos padrões de trabalho são implementadas? É importante relembrar a relação que existe entre os programas de desenvolvimento e capacitação e a qualidade de vida, na medida em que aqueles contribuem para o desenvolvimento pessoal e de maneira indireta para a qualidade de vida dos profissionais, como aponta o modelo de Limongi- França (1996). Com relação ao aspecto “pessoas”, a FPNQ considera que um determinado conjunto de práticas seja levado a cabo. Tal conjunto propicia a existência de indicadores. Com relação a “pessoas”: 1. As pessoas são consideradas como parceiros e conduzem os negócios da empresa, utilizam as informações disponíveis, aplicam suas habilidades e seus conhecimentos e tomam as opções mais adequadas para garantir e obter os resultados desejados? 2. A organização faz uso de memos, circulares, boletins, manuais de instrução, publicações etc., para promover a comunicação descendente e de relatórios de feedback para a comunicação ascendente de resultados? 3. Os sistemas de trabalho estão definidos de forma a propiciar a iniciativa? 4. Os sistemas de trabalho estão definidos de forma a propiciar a criatividade? 5. Os sistemas de trabalho estão definidos de forma a propiciar o pleno desenvolvimento do potencial das pessoas? 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 249 GESTÃO DE PESSOAS 6. Os sistemas de trabalho são sistemática e periodicamente avaliados por indicadores especificamente projetados para tal fim e ações corretivas são tomadas face a resultados indesejáveis ou incompatíveis com as metas? 7. A estrutura de cargos está definida de forma a propiciar a iniciativa? 8. A estrutura de cargos está definida de forma a propiciar a criatividade? 9. A estrutura de cargos está definida de forma a propiciar o pleno desenvolvimento do potencial das pessoas? 10. A seleção de pessoas permite a compatibilização dos requisitos de desempenho dos cargos com os profissionais? 11. A contratação de pessoas permite a compatibilização dos requisitos de desempenho dos cargos com os profissionais? 12. A organização possui formas de incentivar as pessoas a alcançarem as metas estabelecidas? 13. A organização possui formas de reconhecimento das pessoas por alcançarem as metas estabelecidas? 14. As formas de remuneração da organização ou o sistema de recompensas levam em conta o desempenho pessoal e o das equipes, reforçando o desempenho e o aprendizado? 15. O processo de capacitação das pessoas atende às necessidades da organização? 16. O processo de capacitação das pessoas atende às necessidades das pessoas? 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 250 Unidade IV 17. Decisões, treinamento e desenvolvimento são compartilhados entre colaboradores e gerentes de outras áreas, levando em conta as necessidades dos funcionários e dos negócios da empresa, qualificando os funcionários para o desempenho de funções futuras alinhadas com os objetivos da organização? 18. O desenvolvimento das pessoas, incluindo treinamento e conhecimento, é periodicamente avaliado e ações corretivas são tomadas face a resultados indesejáveis ou incompatíveis com as metas? 19. A organização identifica os fatores que podem afetar a saúde das pessoas? 20. A organização trata dos fatores que podem afetar a saúde das pessoas? 21. A organização identifica os fatores que podem afetar a segurança das pessoas? 22. A organização trata dos fatores que podem afetar a segurança das pessoas? 23. Os fatores que promovem o bem-estar das pessoas são identificados? 24. Os fatores que promovem o bem-estar das pessoas são desenvolvidos? 25. O bem-estar das pessoas concernente ao nível de comodidade das instalações, segurança, grau de participação, comprometimento da liderança, é promovido continuamente? 26. Os fatores que afetam o bem-estar das pessoas, tais como nível de comodidade das instalações, segurança, 5 10 15 20 25 Re vi sã o2 00 9: D an ie l - D ia gr am aç ão : F ab io 0 1/ 06 /0 9 // / 2 ª R ev is ão : D an ie l / C or re çã o: M ár ci o - 05 /0 6/ 09 251 GESTÃO DE PESSOAS grau de participação, comprometimento da liderança, são identificados e implementados com vista a melhores resultados? 27. Os fatores que promovem a satisfação das pessoas são identificados? 28.
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