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CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Embora a finalidade da norma penal ambiental seja proteger a higidez do ambiente, é imperioso reconhecer que nem toda a intervenção humana tem a capacidade de gerar dano ambiental, havendo determinadas condutas aceitáveis do ponto de vista ecológico. Além disso, é necessário atentar-se ao fato de que, não poucas vezes, a descrição da conduta incriminada no tipo penal ambiental tem amplitude maior que a necessária para a proteção do bem jurídico em questão.
Em termos singelos, pode-se verificar a grande e intensa preocupação na possibilidade de descriminalização das infrações ambientais, sob o vértice da insignificância, já que o interesse maior ambiental atinge a massiva classe coletiva e difusa de interessados, donde, aparentemente, se mostra inviável a despenalização do agente infrator.
	Nesse sentido, entende-se aplicável o princípio da insignificância aos crimes ambientais, devendo ser consideradas insignificantes e, por conseguinte, atípicas as condutas que não afetam o bem jurídico protegido pela norma penal e que não possam comprometer o equilíbrio protegido constitucionalmente. Por conseguinte, a insignificância de determinada conduta deve ser aferida não apenas em relação à importância do bem jurídico atingido, no caso o meio ambiente, mas especialmente em relação ao grau de sua lesividade, entendida enquanto ofensa significativa ao bem jurídico.
De certo é que caso a caso, e com parcimônia, deve ser analisada a possibilidade ou não de descriminalização da medida, sob pena de aniquilamento e contínua infração ao meio ambiente, cuja objetividade jurídica, repita-se, interessa a número indeterminadamente de pessoas do que o interesse individual do sujeito ativo da ação, mostrando-se, realmente, de difícil aplicação na prática a caracterização do crime ambiental como infração de “bagatela”.
Há que se verificar, assim, a periculosidade social da conduta transgressiva, seu reduzido grau de reprovabilidade e a inexpressividade da lesão jurídica provocada, para somente então, como medida estritamente excepcional, ser reconhecida a atipicidade da conduta pela aplicação do princípio da insignificância.
	Logo, para que se constate a significância de uma intervenção humana, faz-se necessário analisar o contexto ecológico em que tal ato foi produzido. Em sede ambiental não se deve considerar critérios meramente quantitativos ou econômicos, tendo em vista a característica difusa do bem jurídico ambiental e a impossibilidade de sua mensuração. É imperioso considerar uma visão completa do ecossistema atingido, somente estando autorizado o reconhecimento da atipicidade da conduta nas hipóteses em que, comprovadamente, não houver lesão ao bem jurídico tutelado. 
	É nesse sentido que se aponta a fundamental importância da prova técnica, elaborada por profissionais multidisciplinares, de modo a não comprometer a proteção do meio ambiente em virtude de uma análise leiga do caso concreto. É preciso considerar também que mesmo a prova técnica encontra grandes dificuldades, visto que o estabelecimento de nexo de causalidade no dano ambiental representa um desafio de difícil superação. Muitas vezes os danos se estendem para além das fronteiras nacionais ou são constatados anos após a ocorrência do evento que os originou.
	Exige-se, do operador do direito, uma análise acurada das circunstâncias específicas do caso concreto, de modo que haja proporcionalidade entre o dano causado e a pena eventualmente imposta ao agente. Não há espaço, portanto, para argumentos eivados de radicalismo que desconsiderem o equilíbrio de tais vetores. É necessário que a intervenção penal seja realizada de forma coerente com os postulados do Direito Penal, inclusive porque não se mostra razoável manejar um processo criminal com eventual condenação por ato que sequer tem a capacidade de afetar o bem jurídico protegido, a partir de uma suposta necessidade de fazer do caso concreto um exemplo para a coletividade, em uma verdadeira perversão do sentido intimidatório da prevenção geral.
	Cabe destacar que a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais não significa a impunidade do agente que praticou a conduta, tendo em vista que o mesmo deverá ser responsabilizado por meio de imposição de sanção administrativa em decorrência do ato lesivo ou pelo dever de reparar o impacto ambiental gerado. Além disso, deve ser destacado que no que tange à preservação do meio ambiente, o Direito Penal tem pouco a concretamente contribuir, uma vez que os mecanismos que efetivamente podem atuar de forma preventiva cabem a instâncias que extrapolam o âmbito do próprio direito.
	Ademais, a aplicação sensata do postulado da insignificância em sede ambiental contribui para impedir uma intervenção judiciária excessivamente restritiva e desproporcional aos objetivos pretendidos pela norma ambiental. Nesse passo, ainda que uma conduta perfaça a redação do tipo penal ambiental, mas não seja capaz de atacar a proteção visada pela norma, a intervenção pelo direito penal será despropositada.
	Conclui-se que, na falta da essência que legitima o crime ambiental, qual seja, lesão ou risco ao equilíbrio do meio ambiente, não se justifica a intervenção penal, cabendo ao Estado manipular outros recursos para alcançar a preservação do meio ambiente, mantendo-o ecologicamente equilibrado, o que é, de fato, essencial para uma vida saudável. 
	Ademais, conclui-se, neste estudo, que o Princípio da Insignificância é o meio pelo qual o aplicador do Direito torna atípicas condutas consideradas típicas, através da análise da inexistência de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado aplicado a um caso concreto.

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