Buscar

GESTAO PARTICIPATIVA a importancia da familia na escola


Continue navegando


Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �10�
GESTÃO PARTICIPATIVA: A Importância da Família na Escola. 
Maria Cirene Cardoso Pereira�
Jeová Leite Mendes�
	RESUMO
Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre um trabalho desenvolvido com as famílias na Escola Municipal Letícia Carneiro de Sousa. O objetivo foi criar situações didáticas que permitem a integração das famílias na escola, despertado assim, o interesse dos pais na vida escolar de seus filhos. A metodologia possibilitou o desenvolvimento de ações na escola como: visitas domiciliares, exposição de relatórios das atividades realizadas e confecção e entrega de panfletos. A experiência permitiu conhecer melhor as famílias e despertou o interesse dos pais em compreender a relação escola/família.
	PALAVRAS CHAVE: Escola, Família, Aprendizagem. 	
	INTRODUÇÃO
A Escola em sua ampla conjuntura de funções dos seus componentes permite a participação e existência de um profissional especificamente voltado a observar, direcionar e planejar coletivamente com a equipe e comunidade escolar quais ações são de fato relevantes para o sucesso do ensino-aprendizagem. Alguém que dentre outras finalidades seja capaz de informar-se e manter informada a sua equipe de trabalho fazendo com que sejam sempre intensificados os objetivos e metas da Instituição de ensino garantindo desde a sua objetividade à implementação de propostas educativas mais favoráveis
O gestor escolar democrático, exercer no espaço da autonomia que lhe foi conferida, seu papel de elemento-chave na orientação e gerenciamento dos resultados do desempenho escolar obtidos frente às ações devidamente planejadas pela equipe escolar. Na verdade, ele, no seu exercício específico de profissional articulador e mobilizador da equipe escolar, devem está continuamente vivenciando suas atividades intencionais sempre voltadas para a melhoria do andamento da escola.
Este trabalho consiste em um estudo de caso com base em um projeto de intervenção acerca da participação e atuação da família na Escola Municipal Letícia Carneiro de Sousa do município de São Sebastião do Tocantins. O trabalho teve duração de quatro meses. Para tanto utilizou-se como suporte teórico necessário as pesquisa de Paro (2001) e Demo (2001) além de referências como LBD (1996), Libâneo (2001) Luck (2005) a fim de discutir melhor a questão da participação da família na escola. Na escola campo de pesquisa já se desenvolve um trabalho pedagógico desde 2009 e na atualidade trabalhamos na condição de coordenador (a), visto que esta pesquisa ajudará o desenvolvimento dos trabalhos à frente da mesma.
	A gestão democrática, como política de gestão escolar, deve ser assumida pelas escolas como necessária ao trabalho pedagógico, visto que por meio da participação conjunta de pais, alunos e comunidade escolar, é que pode-se construir um projeto escolar que de fato promova educação e aprendizagem.
	Considerando-se que em nossa escola a participação das famílias ainda é pouca e que na escola campo, esta participação dificultava o trabalho da gestão, tomando ainda a gestão democrática como referência, é que realizou-se a referida pesquisa acerca desta temática, na perspectiva de chamar as famílias para dentro da escola e perceberem como se desenvolve a educação de seus filhos.
	Neste sentido, esta pesquisa se propõe a chamar atenção, sobretudo das famílias, para a necessidade de participação na escola e das atividades por ela desenvolvida, como forma de contribuir mais para com a educação de seus filhos, nossos alunos.
	Portanto, o objetivo principal desta pesquisa é de possibilitar a participação das famílias na escola, oportunizando momentos de reflexão sobre a importância de seu papel nas atividades escolares dos alunos, que é parte integrante do PPP da escola, fazendo com que esta participação torne-se um meio facilitador do trabalho da gestão, aproximado assim, os pais à vida escolar de seus filhos.
1 – A importância da família na escola
A família é a instituição primaz no que se refere à educação, pois é dela que se origina a base pedagógica do ato de aprender e da ação da educativa. É primeiramente na família que o individuo vivência, juntamente com os afetos e cuidados, o saber aprender, que logo depois vivência também nas instituições de ensino.
	Neste sentido, o processo de educação escolar vem auxiliar e aliar-se ao processo de educação iniciado no seio da familiar, de modo que juntas Escola e Família resultam na garantia de uma prática educativa que de fato promova ensino e produza bons resultados na formação de cidadãos.
	A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) de 1996 reconhece que “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana (...) e nas movimentações culturais” (art. 1º da Lei 9394/1996). Evidenciando assim, legalmente a base familiar. Porém, um dos grandes desafios das instituições de ensino na atualidade no Brasil, refere-se exatamente, a pouca participação da comunidade, e, sobretudo das famílias, na gestão e nas etapas de ensino desenvolvidas nas escolas.
	A relação gestão escolar e família têm perdido espaço, gerando com isto alguns problemas pedagógicos, dificultando o processo de ensino e de aprendizagem. Nas últimas décadas, tem se constatado que a família é muito importante para o aprendizado das crianças na escola e que sua ausência conseqüentemente gera problemas difíceis de serem sanados somente pela escola�.
	A partir dos anos 80, o movimento em favor da descentralização e da democratização das escolas públicas, encontrou grande apoio e incentivo, através das reformas educacionais e nas proposições do legislativo. A partir do reconhecimento da importância de democratiza a escola, tornando-a assim, participativa, é que se institucionaliza, sob a forma de leis, a participação de todos e principalmente da família na gestão e organização das escolas. E a consolidação dessas leis se efetiva quando em 1996 é aprovada a lei de diretrizes e bases da educação básica (lei nº 9394/96).
	
2 – Educação, dever da Família e do Estado.
	 Educação é um projeto que não se desenvolve sozinho, é necessário o envolvimento de vários setores da sociedade civil, de forma a promover um melhor gerenciamento e direcionamento das fases do ensino e assim alcançar êxito no processo educativo.
	Assim, a família é convidada a estar presente e inserida no contexto das instituições de ensino, pois se constitui de uma representação fundamental dessa participação da sociedade civil.
	A Lei Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB), observando a importância dessa correlação família/escola, já prevê em seu artigo 2º que “A educação, dever da família e do estado (...) tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando (...) e sua qualificação para o trabalho” (LDB, 1996, p. 9) ou seja, os objetivos e finalidades da educação passam necessariamente pela presença e participação da instituição familiar.
	Entretanto, não pretende-se com isto eximir a escola ou mesmo o estado de suas responsabilidades, mas ao contrário, tornar a escola mais eficaz e integral, sendo assim o lar, a continuação das etapas de ensino iniciais na escola. É com base nisto que Bettelheim (1988. p. 64) reconhece o quão importante e, para o bom desenvolvimento dos indivíduos, o bom relacionamento de pais e escola.
O ingrediente essencial para o êxito da maioria das crianças na escola e uma relação positiva com os e com o envolvimento deles em assuntos intelectuais. A criança deseja ter acesso a tudo o que é importante para os pais a quem ama; quer aprender mais sobre as coisas que significa tanto para eles.
	Nesta perspectiva, conforme observamos acima, o que é de interesse e importante para os pais é de fato de referência e relevância para os filhos e assim motivação escolar.
	Para Libanêo (2004) a participação dos pais na escola se dá através da inserção necessária dos mesmos, nos movimentos orgânicos e de legitimidadelegais da comunidade escolar, como os conselhos escolares ou associações de pais.
A presença da comunidade na escola, especialmente dos pais, tem várias implicações. Prioritariamente, os pais e outros representantes participam do conselho de escola, da associação de pais e mestre (ou organizações correlatas) para preparar o projeto pedagógico-curricular e acompanhar e avaliar a qualidade dos serviços prestados. (LIBÂNEO, 2004 pag. 144)
	Observamos que Libâneo (idem) acrescenta outros elementos à discussão acerca da participação familiar na escola para o autor além do suporte no auxilio e desenvolvimento do ensino, os pais também são chamados a contribuírem na construção de uma proposta pedagógica, no acompanhamento e na avaliação das ações desenvolvidas na unidade escolar.
	A necessidade desse trabalho conjunto escola e família têm em vista ainda que assim procedendo, os bons resultados são inevitáveis no processo de ensino. Além disso, a participação familiar corresponde aos ideais pedagógicos da gestão democrática participativa e na compreensão que, o trabalho coletivo, especialmente na unidade escolar, tende a ser muito proveitoso, pois resulta de uma reflexão conjunta, onde a possibilidade de errar é muito menor se comparada à escola quando trabalha sozinha.
	Desta forma, os conselhos escolares, bem como as associações de pais e mestre e/ou outras organizações equivalentes, representam a garantia de práticas pedagógicas que têm a capacidade de realizar um bom processo de ensino e de aprendizagem.
	A escola que caminha sem estes agentes correlatos do ensino, sem dúvida apresenta problemas na executibilidade e sustentabilidade de suas ações pedagógicas e certamente garantem falhas na educação das crianças. Deste problema conjunto é que surgem vários outros entraves como a indisciplina, dificuldades de aprendizagem, timidez, etc.
3 – O trabalho de campo e a pesquisa realizada
Para a realização desta pesquisa, tomamos como modelo de análise a Escola Municipal Letícia Carneiro de Sousa, do município de São Sebastião do Tocantins. A referida escola foi fundada no dia 25 de abril/1990 tendo, portanto 20 anos de trabalho pedagógico. É a única escola municipal do município de São Sebastião do Tocantins, atendendo assim, a alunos de todos os segmentos e camadas sociais. Está localizada na região central do município tendo assim, de modo geral, fácil acesso.
A escola atende a alunos de Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1º ao 7º ano, nos turnos dos matutino e vespertino, além de Ensino de Jovens e Adultos – EJA no período noturno. A unidade possui nove salas de aula sendo uma delas a sala da direção e outra o laboratório de informática. Apesar de a escola ser a única a pertencer à rede Municipal, ainda não possui uma infra-estrutura física de corresponda ao seu projeto pedagógico, pois não possui playground, quadra de esportes para o desenvolvimento de atividades esportivas e culturais, biblioteca refeitório e área de lazer apropriada.
A partir de 2009 tomamos à frente da direção da referida escola na qual observou-se vários problemas que se agravavam, sobretudo pelas dificuldades de relação entre Família/Escola, pois ambas não encontravam um ritmo de sincronismo necessário a prática pedagógica. Nesta escola percebeu-se que a família se mantinha distante ou mesmo ausente da vida escolar dos filhos, trazendo com isto, uma série de problemas relacionados à aprendizagem.
	Neste sentido, procurou-se promover na referida escola, ações que pudessem resgatar dos pais a importância de está presente na vida escolar dos filhos, e ainda assim colaborar com a comunidade escolar no gerenciamento e desenvolvimento de suas atividades educativas. E como ação prática promovemos a reestruturação do PPP com a ajuda dos pais e responsáveis.
	Para o desenvolvimento deste trabalho os pais e responsáveis pelas crianças matriculadas na escola foram convocados à unidade escolar de modo que realizamos quatro grandes reuniões no decorrer de três meses, das quais tivemos uma significativa participação dos mesmos, totalizando 74,6% dos pais. Além disso, realizamos debates sobre o PPP, palestras, oficinas, visitas domiciliares, confecção de panfletos para incentivar a participação da família na escola, distribuição dos panfletos e por ultimo uma exposição de relatórios das atividades, totalizando quatro meses de trabalho de intervenção.
	A partir desses encontros com os pais colocou-se em questão o problema a ser discutido e a sua necessidade de superação, como forma de melhorar e qualificar a aprendizagem dos alunos, colocando como pressuposto fundamental a necessidade de sua participação e de seu envolvimento nas ações a serem desenvolvidas pela escola.
	Todas essas atividades tiveram como objetivo principal chamar atenção dos pais e responsáveis para a necessidade do empenho familiar na caminhada escolar de seus filhos e o quanto a comunidade escolar necessita de apoio para o cumprimento de suas atividades educativas.
	A partir dessas atividades observou-se que houve uma significativa melhora no que se refere à participação dos pais na vida escolar dos filhos e no cotidiano da escola. Como incentivo a esta participação criou-se, na escola, o caderno de visitas, onde se registra a presença dos pais a cada nova visita, e como retribuição a esta participação na escola, os pais que mais tiverem visitas a escola, ganharão um passeio à capital do estado, Palmas-to.
	Outra ação desenvolvida com os pais foram as oficinas. Destas, pode-se destacar a oficina doce, onde a idéia inicial era que os pais escolhessem receitas caseiras de doces e que as trouxessem para uma de nossas reuniões que foram marcadas. Após todos estarem reunidos, selecionamos a melhor receita na opinião dos pais ali reunidos. Como experiência final, percebeu-se que as famílias inicialmente participaram de forma um pouco tímida, mas que logo depois, tornou-se um grande momento de interação.
Os debates, também tiveram grande participação das famílias, visto que todas as discussões tiveram como foco principal assuntos relacionados à educação de seus filhos, assuntos dos quais todos puderam falar e opinar. Como resultado, tivemos grandes debates.
Com o desenvolvimento deste trabalho percebe-se um maior empenho familiar e um maior interesse pelas discussões promovidas pela escola. A cada nova convocação de reunião na escola, observar-se, o empenho em participar e o interesse em querer saber do desempenho dos filhos na escola por parte dos pais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
	A educação no seu contexto compõe-se de princípios normativos viabilizadores para o desenvolvimento psico-sóciocultural e econômico do educando. Educar exige muito mais que conhecimento demasiado dos conteúdos curriculares exige em maior instância segurança, compromisso e afinidade do educador, assim como o reconhecimento das habilidades do educando como meio de priorizar um ensino mais consistente.
	Tendo como perfil idealizador à construção de uma nova visão a respeito de uma educação de qualidade, é correto afirmar que o presente trabalho trouxe contribuições significativas à nossa formação pessoal e profissional. Saber que tais pesquisas, leituras e debates realizados foram bem-vindos ao seio escolar onde se desenvolveram as observações das experiências da escola e família tornou-se cada vez mais gratificante, sendo esta uma análise definida pela escola acolhedora diante da intervenção e auto-prática.
Quando a escola e a família conseguem manter uma relação de parceria harmônica sem perder de vista o melhor desempenho do filho/educando. Fazem-se laços de conquista, significados e estimulo natural indispensável à vida do educando. Embora se descubra que na escola-campo onde se realizou a intervenção ainda falta muito para que de fato se concretize a idéia de Gestão Democrática e participativa como um todo. A todo o momento percebeu-se o envolvimento de grande parte das famílias nas atividades propostas.
O sucesso das etapas desenvolvidasno decorrer deste trabalho trouxe novas perspectivas para visão da escola a respeito da atuação familiar e da família para com o meio escolar uma vez que estabelecidas a necessidades do vinculo família/escola/escola/família passou-se a verificar um maior comprometimento de ambas em relação ao educando. Embora, este ainda não seja o nível de aproximação necessário para a escola, os educandos, os professores, a gestão, a equipe e a comunidade escolar de modo geral.
A escola diante da forte incumbência a qual lhe é proposta precisa estar atentamente voltada às necessidades do seu alunado procurando ainda repercutir os anseios de sua comunidade escolar de modo a trazê-los à tona sobre a importância da participação de cada um de seus componentes rumo a uma educação mais significativa. 
Torna-se imprescindível para o sucesso educacional neste novo milênio a busca por uma melhor relação Escola/Família/Família/ Escola, onde o maior beneficiado é o filho/educando.
A pesquisa de campo realizada na Escola Municipal Letícia Carneiro de Sousa, após quatro meses de intensa pesquisa teórica/prática nos trouxe inúmeros resultados dos quais pode-se caracterizá-los como positivos considerando-se nossa situação inicial. Conseguiu-se, após longo trabalho de pesquisa, discussões e debates, reestruturar o PPP e assim traçar, como ajuda da comunidade escolar e com os pais, o perfil de nossa escola de modo que se facilitaram os trabalhos da mesma 
	Através das palestras, oficinas e das visitas domiciliares conseguimos chamar atenção dos pais para a necessidade de sua presença na vida escola de seus filhos. Como resultado a presença das famílias foi, sem dúvida, um dos grandes aliados neste processo sem o qual não teríamos conseguido realizar todas as atividades propostas no projeto.
	A idéia do caderno de visitas também tem continuado e avançado com êxito, pois tem retribuído às participações das famílias na escola e servido como incentivo cada vez mais para a continuação dessa presença.
	As discussões, debates e estudos realizados no decorrer desta pesquisa, também foram de grande valia, promoveram crescimento para a comunidade escolar em geral. A participação dos pais neste processo, sem dúvida, foi o grande motivador para a continuação e conclusão desta pesquisa. Através das discussões podem-se coletar novas opiniões e perceber um pouco mais como as famílias pensam e refletem o papel da escola, retomando com isto, nossas perspectivas pedagógicas e nosso trabalho na gestão.
	
REFERENCIAS.
BRASIL: LDB: Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9.394, de 1996. 2º ed. 2001.
	
LIBÂNEO, José Carlos: organização e gestão: teoria e pratica / ed. Alternativa. 2001.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 3ª Ed. São Paulo, SP: Editora Ática, 2001.
LUCK, Heloísa. (Et AL.). A escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005
DEMO, Pedro. Participação é conquista: noções de política social. 5ª Ed. São Paulo, SP: Cortez, 2001
BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho: pais bons o bastante. São Paulo, SP: Campus, 1988.
� Pedagoga pela Universidade do Tocantins – UNITINS, coordenadora do Programa Circuito Campeão da Escola Municipal Letícia Carneiro de Sousa do município de São Sebastião do Tocantins.
� Pedagogo pela Universidade do Tocantins – UNITINS e coordenador do Projeto Escola Ativa do município de São Sebastião do Tocantins.
� Estudos de casos brasileiros acerca da participação familiar/comunidade nas escolas: Tereza Benguela, de Cuiabá (MT) e Municipal de Iputinga, de Recife (PE). LUCK (et all), 2005.