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EDIVANE BRUM 2018 DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Juízo de admissibilidade O prazo para cumprir a irregularidade apontada pelo juiz, será de 15 dias, o prazo não será peremptório, podendo o juiz estende-lo de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Mesmo após a citação do réu e a apresentação da defesa, o juiz, verificando que há alguma irregularidade na petição inicial, poderá oportunizar ao autor que corrija o vício. Ex: verificação de irregularidade de capacidade postulatória do autor, após a apresentação da contestação, art. 76, CPC. Após intimado, caso não seja sanado o vício, o juiz indeferirá a petição inicial, por meio de sentença (indeferimento total) ou decisão interlocutória (indeferimento parcial). O indeferimento da petição inicial é decisão judicial que impede liminarmente o prosseguimento da causa, pois não se admite o processamento da demanda, conforme as situações enumeradas no art. 330, CPC. O indeferimento é uma hipótese especial de extinção do processo, se dá por falta de pressuposto processual, não resolve o mérito da causa, limita- se a reconhecer a impossibilidade de sua apreciação. Assim o juiz pode, desde logo, indeferir a Petição Inicial, desde que não haja possibilidade de correção do vício ou, se houver, tiver sido conferida oportunidade para que o autor a emende e este não tenha atendido satisfatoriamente à determinação. O indeferimento pode ser total ou parcial. Será parcial quando o juiz apenas rejeitar parte da demanda – cumulação de pedidos, o juiz verifica a inépcia de um deles. O art. 331, CPC, dispõe que, havendo apelação contra sentença que indefere a petição inicial, poderá o juiz, retratar-se, no prazo de cinco dias. Se o indeferimento for total, o recurso cabível é a Apelação; se o indeferimento for parcial, o recurso cabível é o Agravo de Instrumento (art. 354, parágrafo único do CPC). Hipóteses de indeferimento: inépcia da inicial, ilegitimidade da parte, falta de interesse processual e o não atendimento ao disposto nos arts. 106 e 321. Artigo 330 Inépcia: está prevista no §1º, do art. 330 e gira em torno de defeitos vinculados à causa de pedir e ao pedido, impedindo o julgamento do mérito da causa, ou seja, são defeitos que não apenas dificultam, mas impedem o julgamento de mérito da causa. A inépcia pode ocorrer em quatro situações: ausência de pedido ou causa de pedir – exige-se clareza na exposição, a ausência desses elementos impossibilita a limitação da demanda; pedido indeterminado – salvo as hipóteses em que é possível a formulação de pedidos genéricos; quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão – a petição deve ser coerente, vedada a contradição; cumulação de pedidos incompatíveis entre si – nos casos de cumulação imprópria de pedidos. Ilegitimidade da parte: art. 330, II, CPC – a ilegitimidade se configura com a impertinência subjetiva da ação, fato da ação não pertencer a quem alega o direito material; Falta de interesse processual: art. 330, III, CPC – deve ser analisada a partir do binômio necessidade-utilidade: tem interesse processual quem tem necessidade da tutela jurisdicional e para quem a tutela é útil; tem necessidade quem viu seu direito violado; Não atendimento ao disposto nos arts. 106 e 321, CPC – O artigo 106 determina que se indique na peça exordial o endereço para a intimação do advogado, o número de inscrição na OAB e a sociedade de advogados da qual participa. Já o art. 321 positiva o que já mencionamos: sendo sanável o vício, o juiz deve determinar a emenda da Inicial, no prazo de 15 dias, sob pena de indeferimento. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. A retratação por parte do juiz já era prevista no Código de Processo Civil de 1973, porém o novo Código traz um prazo maior para o magistrado: em vez de 48 horas, serão 5 dias que o juiz terá para reformar sua decisão. A grande novidade, no entanto, diz respeito à expressa previsão de que o réu apresente contrarrazões à Apelação, o que no CPC de 73 não ocorria. Portanto, com essa nova sistemática, é indispensável a citação do réu para responder ao recurso, de forma que, sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para contestação inicia-se somente quando da intimação do retorno dos autos. Por fim, não recorrendo o autor da decisão que indeferiu a petição inicial, haverá o trânsito em julgado da sentença. A improcedência liminar do pedido é a decisão que, antes da citação do demandado, julga improcedente o pedido formulado pelo demandante. O art. 332 disciplina as hipóteses excepcionais em que, constatando-se de antemão não haver necessidade de fase instrutória, o magistrado está autorizado a proferir sentença de improcedência, liminarmente, para tanto o pedido deve encaixar-se em uma das hipóteses previstas parágrafo 1º ou nos incisos I a IV, art. 332. O artigo congrega dois diferentes grupos de hipóteses. Prevê casos em que o núcleo da disputa reside unicamente em uma questão jurídica que já foi resolvida, em julgamento precedente ao qual o ordenamento confere especial valor, contrariamente à pretensão do autor; (art. 332, I a IV). E também admite a rejeição da demanda em seu mérito quando for possível, de plano, constatar-se haver prescrição ou decadência (art. 332, § 1º). Os dois grupos têm em comum a circunstância de que é absolutamente desnecessária a produção de qualquer prova para um julgamento contrário ao autor. O objetivo aqui é a aceleração do processo, pois em situações de manifesta improcedência do pedido é dispensada a citação do demandado. IMPORTANTE: Se houver qualquer questão fática que dependa de elucidação – seja para definir se o caso é mesmo enquadrável na hipótese já enfrentada pelos precedentes, seja para aferir o termo inicial ou o efetivo curso do prazo prescricional ou decadencial – não é aplicável a técnica da improcedência liminar do pedido. Ainda deverá ser observado o disposto nos artigos 926 e 927 do Código de Processo Civil. Pedido contrário a precedente obrigatório: nos casos em que o pedido contrariar determinados precedentes judiciais estabelecidos no art. 332, I a IV, CPC, no intuito de garantir a segurança jurídica, a igualdade e a duração razoável do processo. Reconhecimento de prescrição ou decadência: Admite-se a improcedência liminar do pedido quando o magistrado reconhece de ofício a decadência ou prescrição, art. 332, § 1º, CPC. Hipótese atípica de improcedência liminar do pedido: O art. 332, CPC não prevê expressamente a possibilidade de rejeição liminar do pedido em situação atípica. Como exemplo, o ingresso de demanda para reconhecimento de usucapião de bem público, ou situação ilógica, autorização para matar uma pessoa. O art. 332 não constitui uma regra relativa à vinculação em sentido estrito, trata- se, de uma regra de simplificação procedimental fundada na existência do precedente. Assim é conferido ao juiz o poder de impedir que inúmeros processos sobre casos análogos seguissem inutilmente todo o longo itinerário procedimental, para só muito depois chegar a um resultado desde o início já previsto, com total segurança. Prestigiam-se os princípios da economia processual e da duraçãorazoável do processo. Quanto ao reconhecimento liminar da prescrição ou decadência: O julgamento liminar de improcedência do pedido pode também fundar-se na direta constatação da ocorrência de decadência ou prescrição, sem propiciar o contraditório (art. 332, § 1º). O julgamento prima facie do mérito nesses casos é permitido também em homenagem aos princípios da celeridade e economia processual. Se o juiz constatar possível prescrição ou decadência em momento posterior à citação, deverá abrir vista às partes, antes de pronunciar-se sobre o tema (art. 487, par. ún.). Nesse momento, se desejar, o réu poderá exercer sua renúncia à prescrição – hipótese em que o juiz estará impedido de decretá-la. Natureza da decisão e recurso cabível O pronunciamento de rejeição liminar do pedido é sentença (art. 203, § 1º), passível, portanto, de apelação (arts. 332, §§ 2º e 3º, e 1.009). Como resolve o mérito da causa (art. 487), tal sentença faz coisa julgada material (art. 502). Juízo de retratação Tal como na apelação contra a sentença de indeferimento da inicial, o recurso contra a sentença de improcedência liminar também comporta juízo de retratação do juiz, em cinco dias (art. 332, § 3º). Havendo retratação, o processo será retomado, com a determinação de citação do réu para contestar – e terá curso o procedimento comum em primeiro grau de jurisdição. Citação do réu para acompanhamento da apelação Se o magistrado não se retratar, antes de encaminhar os autos ao tribunal ele deverá determinar a citação do réu para responder ao recurso (art. 332, § 4º). As contrarrazões do réu terão conteúdo análogo ao de uma contestação, tendo em vista que será sua primeira manifestação no processo. Mas buscará reforçar a argumentação do magistrado, em defesa da sentença prolatada. Sendo o caso de reforma da sentença, estando o processo em condições de julgamento não havendo necessidade de produção de provas, o tribunal poderá desde logo examinar o mérito e julgar procedente a demanda – inclusive quando em primeiro grau se havia afirmado a prescrição ou decadência (art. 1.013, § 4º). Comunicação do resultado do julgamento ao réu Como se trata de decisão definitiva, havendo o trânsito em julgado, deve-se comunicar ao réu o resultado desse julgamento, a fim de que tenha conhecimento de uma sentença que lhe favorece e que está acobertada pela coisa julgada material (art. 332, § 2º c/c art. 241). Não se trata, propriamente de uma citação, pois o réu recebe a notícia de um processo já findo; ele não integrará a relação processual (que se extinguiu antes de se tornar trilateral); ele não é chamado para defender-se. Rejeição liminar e parcial do pedido É possível a rejeição liminar de apenas um ou alguns dos pedidos cumulativamente feitos pelo autor ou de parte de um pedido que seja decomponível. Isso acontecerá quando o pressuposto para a improcedência liminar ocorrer apenas em relação a uma parte do mérito. A possibilidade dessa rejeição liminar parcial extrai-se inclusive do art. 356 do CPC. Contra tal capítulo decisório caberá agravo de instrumento (arts. 356, § 5º, e 1.015, II), que comporta também juízo de retratação (art. 1.018, §1º). A citação é o ato processual de comunicação pelo qual se convoca/convida o réu e interessado para integrar o processo, art. 238, CPC. A citação é condição de eficácia do processo em relação ao réu, art. 312, CPC/2015, e requisito de validade dos atos processuais que lhe seguirem, art. 239, CPC. Comparecimento espontâneo do citando: O citando pode comparecer espontaneamente ao processo e alegar somente a inexistência ou a invalidade da citação. Pessoalidade da citação: A citação será pessoal, devendo ser realizada na pessoa do citando, regra geral, ou ainda, poderá ser feita na pessoa do representante legal do citando, (citação do incapaz), ou de seu procurador, com poder especial, art. 242, CPC, art. 105, caput, CPC. Local da citação: A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o citando, art. 243, CPC. Impedimento legal para a citação: Não poderá ser realizada a citação, salvo se para evitar o perecimento do direito, art. 244, CPC: a quem estiver participando de ato de culto religioso; ao cônjuge, companheiro ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, no dia do falecimento e nos sete dias seguintes; aos noivos, nos três primeiros dias seguintes ao casamento; aos doentes, enquanto grave o seu estado. A citação (válida) possui três efeitos processuais: prevenção, litispendência e litigiosidade, e dois efeitos materiais: interrupção da prescrição e constituição em mora. - Prevenção: critério de fixação de competência para um juízo quando outros com a mesma competência. - Litispendência: nasce para o autor com a propositura da demanda e para o réu, com a citação válida. - Coisa Litigiosa: a litigiosidade, decorrente da citação válida, faz manter o bem jurídico atrelado ao deslinde da causa. A citação produz também, efeito preclusivo: impede o autor de alterar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu. A citação válida também produz efeito no âmbito do direito material, constitui em mora o devedor, mesmo que ordenada por juízo incompetente. A citação e a interrupção da prescrição pelo despacho citatório: Embora a interrupção da prescrição seja pelo despacho citatório, a lei determina a retroação na data da propositura da ação, art. 312, CPC; devendo para tanto que o julgador tenha feito um juízo positivo, a verificação da existência dos pressupostos processuais. A citação pode ser de duas formas: real ou ficta. Regra geral, ressalvados os casos de citação por meio eletrônico, art. 246, §§ 1º e 2º, CPC; não depende de requerimento da parte. A citação postal pode realizar-se em qualquer comarca do país, independentemente de carta precatória, art. 247, caput, CPC. O art. 247, CPC, enumera os casos que são inadmissíveis a citação postal: ação de estado, como na ação de interdição; quando o citando for incapaz; quando o citando for pessoa jurídica de direito público; quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliais de correspondência; quando o autor, justificadamente, requer outra forma. A citação postal é ato complexo, ela se aperfeiçoa com a juntada aos autos do aviso de recebimento, data a partir da qual começa a fluir o prazo para a resposta, art. 231, I, CPC. A citação por oficial de justiça, também chamada de citação por mandado. A citação por oficial de justiça cabe nas hipóteses do art. 247, CPC, ou quando se frustra a citação postal, os requisitos da citação por oficial de justiça, estão estabelecidos no art. 250, CPC. São formalidades que devem ser observadas na citação por oficial de justiça, sob pena de invalidade: a) leitura do mandado pelo oficial; b) entrega de contrafé; c) certidão de recebimento ou recusa de contrafé; d) obtenção da nota de ciente ou certidão. A citação por oficial de justiça, também é ato complexo, ela se aperfeiçoa com a juntada aos autos do aviso de recebimento, data a partir da qual começa a fluir o prazo para a resposta, art. 231, II, CPC. A citação por mandado com hora certa (citação ficta), é modalidade especial de citação por oficial de justiça, esta regulada nos art. 252-254, CPC. Para que se admita a citação por hora certa, é preciso que se preencham alguns pressupostos: procura do citando, sem êxito, por duas vezes, em dias distintos, em seu domicilio ou residência; deve haver suspeita de ocultação. Se o citando comparecer em cartório, o escrivãoou chefe de secretaria pode fazer a citação, art. 152, II, e art. 246, III, CPC, trata-se de regra que simplifica o procedimento citatório. A citação pode ser feita por edital (citação ficta), quando: desconhecido ou incerto o paradeiro do réu; quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra; nos casos expressos em lei, art. 256, CPC. A parte que requerer, dolosamente, a citação por edital, fazendo afirmação falsa quanto ao preenchimento dos pressupostos para a sua realização, incorrerá em multa de cinco vezes o salário mínimo, que reverterá em benefício do citando, art. 258, CPC. A lei n.11.419/2006 criou e regulamentou o processo em autos eletrônicos, o Poder Judiciário vale-se de sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas. A prática de atos processuais em geral por meio eletrônico será admitida mediante uso de assinatura eletrônica, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme o disciplinado pelos órgãos competentes. Não sendo o caso de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido, o juiz determinará a citação do réu e designará audiência de conciliação ou mediação, art. 334, caput, CPC. O réu deve ser citado com no mínimo vinte dias de antecedência em relação à data da audiência, na carta ou no mandado de citação, o réu será intimado para comparecer, acompanhado de advogado ou defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento. A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado art. 334, § 3º, CPC. A audiência é de conciliação ou mediação, pois vai depender do tipo de técnica que será aplicada, e o tipo de técnica vai depender do tipo de conflito existente. Diferente do que acontecia no CPC/1973, a audiência de conciliação ou mediação será realizada antes do oferecimento da defesa; é realmente, uma audiência preliminar. A audiência deve ser conduzida por conciliador ou mediador, conforme o caso, se não houver, em caráter excepcional poderá ser conduzida pelo juiz. Em duas hipóteses a audiência de conciliação ou mediação não deverá ser designada, art. 334, § 4º, CPC: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II – nos processo em que não se admita a autocomposição. Comparecer à audiência de conciliação ou mediação é um dever processual das partes, o não comparecimento injustificado, é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado, conforme o processo esteja tramitando na Justiça Federal ou na Justiça Estadual, art. 334, § 8º, CPC. A autocomposição será homologada pelo juiz e, tendo ela abrangido todo o objeto litigioso, processo será extinto com resolução do mérito, art. 487, III, CPC. Se não for alcançada a autocomposição, o prazo para a resposta do réu começa a correr da data da audiência, art. 335, I, CPC. O Código de Processo Civil 2015 prima por trazer novas técnicas para as soluções de conflito. Nesse passo, emergem a mediação e a conciliação. Há uma substancial diferenciação entre Mediação e Conciliação. Em síntese, aduz- se que a mediação é a forma de solução dos conflitos de interesse onde uma terceira pessoa, denominada mediador, atua no sentido de composição da lide. Na mediação, o mediador se mantém imparcial e atua de forma com que as partes busquem a solução do litígio. O mediador não propõe uma solução à controvérsia. A solução é proposta pelas próprias partes envolvidas no litígio. Existe prévio contato entre as partes (relações familiares). Já a conciliação é a forma de solução dos conflitos de interesse onde uma terceira pessoa, dita conciliador, atua ativamente para a solução da controvérsia, ou seja, o conciliador propõe uma solução à controvérsia. Não existe contato anterior entre as partes (acidente de trânsito). Juízo de admissibilidade
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