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Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Físico-Química Experimental II 1 1. Identificação Experimento: Determinação da Concentração Micelar Crítica (CMC) Autores: Luiza Anderson e Scarlet Tuchtenhagen Professor responsável: Tito Sant’anna Cadaval Júnior. Data: 26 de março de 2018 2. Resumo Concentração Crítica Micelar (CMC) é o momento em que há a menor concentração possível de micelas em uma solução. No gráfico, ela é determinada na súbita diminuição do coeficiente angular, considerando que a condutividade iônica cresce linearmente com a concentração do tensoativo iônico até o valor da CMC. No presente experimento, a CMC se apresentou após o acréscimo de 19 ml de SDS na solução. É possível então, a partir desse dado, obter variação da Energia Livre de Gibbs de Micelização no estado padrão (ΔGmic) e o Grau de Dissociação do Contra-Íon (αmic). 3. Introdução Surfactantes ou agentes tensoativos são moléculas anfifílicas, que se associam espontaneamente em solução aquosa, a partir de uma determinada concentração. Apresentam uma região apolar e outra polar, ou iônica, e podem ser divididos em neutros ou iônicos. Os tensoativos iônicos podem ser catiônicos ou aniônicos ou, ainda, anfóteros, quando ambas as cargas estão presentes no surfactante. [1] Tais moléculas apresentam uma concentração micelar crítica, acima dessa concentração, as moléculas do tensoativo formam grandes agregados moleculares de dimensões coloidais. A esses agregados, que geralmente contem 60 a 100 moléculas do tensoativo, dá-se o nome de micelas. [2] Quando a CMC é atingida, as micelas são formadas e uma vez que são maiores que os monômeros e, portanto, apresentam coeficiente de difusão menor que os monômeros livres, reduzindo a condutividade iônica do sistema. Os contra-íons do tensoativo, Na+ no caso do SDS, se associam parcialmente às micelas formadas, contribuindo em menor grau para a condutividade. Desse modo, a condutividade específica da solução acima da CMC continua aumentando linearmente com o aumento da concentração de tensoativo, porém numa taxa menor do que abaixo da CMC. Um gráfico de medidas de condutividade específica em função da concentração de um tensoativo iônico apresenta, portanto, uma mudança de inclinação na região da CMC. Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Físico-Química Experimental II 2 Os dados de condutividade específica, em função da concentração, também permitem estimar o grau de dissociação do contra-íon (αmic). O grau de dissociação indica a porção relativa de contra-íons que estão neutralizando as cabeças polares e que estão livres (dissociados) em solução. A razão entre os coeficientes angulares das retas, nos gráficos de condutividade específica em função da concentração, após e antes da CMC, fornece uma estimativa do valor de αmic: 𝛼𝑚𝑖𝑐 = 𝑆2 𝑆1 (1) sendo: S2 e S1 = coeficientes angulares das retas após e antes da CMC, respectivamente. Quanto mais próximo de 1 for o valor de αmic , maior é a quantidade de contra-íons dissociados da micela. Vale ressaltar que nesta aproximação, a contribuição da micela à condutividade total da solução é considerada como sendo muito baixa em relação à contribuição dos monômeros do tensoativo, o que pode levar à superestimativa do grau de dissociação. [3] A partir da CMC, também é possível obter a variação da Energia Livre de Gibbs de Micelização no estado padrão (ΔGmic), através da seguinte equação: ∆𝐺°𝑚𝑖𝑐 = 𝑅𝑇𝑙𝑛 𝐶𝑀𝐶 𝐶° , onde C°= 55,56 mol.L-1(concentração de H2O) (2) 4. Metodologia Primeiramente, adicionou-se 50 mL de água destilada em um béquer de 100 mL mais um agitador. Em seguida, foi acrescentado 25 mL de solução do tensoativo padrão SDS - Dodecil sulfato de sódio (50 mmol.L-1) em uma bureta volumétrica para a titulação da água destilada. Com o auxílio de um condutivímetro, media-se a condutividade iônica da solução a cada 1 ml de SDS adicionado. A titulação ocorreu até que houvesse uma diminuição na variação das condutividades. 5. Resultados e Discussões Através dos dados obtidos pelos pequenos volumes adicionados de tensoativo padrão, (condutividade e concentração) é possível construir o gráfico k (µS.cm-1) versus 10-3M (mol.L-1) que, a partir deste obtêm-se o Grau de dissociação de contra-íon (αmic), a energia livre de Gibbs de micelização (ΔGmic). Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Físico-Química Experimental II 3 Tabela 1- Dados obtidos com a adição de tensoativo padrão Volume (mL) Condutividade k (µS.cm-1) Concentração 10-3M (mol.L-1) 0 5,74 -- 1 73,73 0,9804 2 131,70 1,9823 3 197,30 2,8302 4 265,00 3,7037 5 334,90 4,5454 6 368,40 5,3571 7 426,00 6,1403 9 452,10 6,8965 10 477,40 7,6271 11 499,8 8,3334 12 520,10 9,0164 13 541 9,6774 14 560,30 10,3175 15 576,10 10,9375 16 593,40 11,5385 17 611,60 12,1212 18 627,50 12,6866 19 655,8 13,2353 O ponto de volume 8mL foi desprezado pois seu valor difere dos demais devido aos erros experimentais. Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Físico-Química Experimental II 4 Abaixo observa-se o gráfico, onde o ponto em que o coeficiente angular da reta diminui é o próprio CMC da solução: Figura 2 - gráfico k (µS.cm-1) vs 10-3M (mol.L-1) Ao analisar o gráfico é visto que o CMC é 6,1403 mmol.L-1. Usando a equação 2, a temperatura constante de 23,1°C têm-se ∆𝐺°𝑚𝑖𝑐 = −22,436 𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1, que se aproxima do resultado teórico de ∆𝐺°𝑚𝑖𝑐 = −21𝑘𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1 á 25°C. Para calcular o Grau de dissociação de contra-íon (αmic) é necessário saber o coeficiente após e antes do ponto de CMC, para isso foram construídos dois gráficos como mostra a seguir: Figura 3 – Gráfico após a CMC y = 48,206x + 79,701 R² = 0,9484 0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 2 4 6 8 10 12 14 k (µ S. cm -1 ) 10-3M (mol.L-1) y = 28,533x + 281,24 R² = 0,999 350 400 450 500 550 600 650 700 6 7 8 9 10 11 12 13 14 k (µ S. cm -1 ) Concentração 10e-3 mol/L Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Físico-Química Experimental II 5 Figura 4 – Grafico antes da CMC Com os coeficientes angulares após (S1=28,533) e antes (S2=72,915) o CMC, caclula-se: αmic= 0,39. Comparando-o com o resultado teórico αmic=0,7 se vê uma diferença significativa, pode ser pela diferença de temperatura de 25°C a 23,1°C e, também, aos erros manuais e matérias da prática. 6. Conclusão Através do experimento foi possível entender a formação de micelas de uma mistura, e a maneira como se comporta o gráfico de condutividade vs concentração e como essas grandezas se relacionam. Houve divergência nos valores obtidos comparados com os teóricos, uma vez que a temperatura de referência não era a mesma, e também, pelos erros experimentais que ocorreram no processo, tais quais a dificuldade de adição de volumes corretos e a agitação da solução. O intuito da prática foi concluído com êxito, considerando os recursos do laboratório. 7. Referências [1] Rizzatti, I. M.; Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, 2003. [2] Maniasso, N.; Quim. Nova 2001, 24, 87.[3] Material de apoio. y = 72,915x - 0,9437 R² = 0,9979 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 0 1 2 3 4 5 6 k (µ S. cm -1 Concentração 10e-3 mol/L
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