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9. Medicina na Idade Média

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Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2011. 
 
MEDICINA NA IDADE MÉDIA 
 
 
Elaine Alves 
Paulo Tubino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A medicina na Idade Média, período compreendido desde a desintegração do Império Romano 
do Ocidente no ano 476 (século V) até o século XV, com a queda de Constantinopla em 1453, foi 
praticada em meio a grandes epidemias com centenas de milhares de vítimas. A partir do século V, os 
Bárbaros (povos de origem germânica que habitavam as regiões norte e nordeste da Europa e 
noroeste da Ásia) periodicamente devastavam a Europa e havia uma insegurança generalizada. . As 
 Além das epidemias, contra as quais não existia tratamento eficaz, havia miséria e fome. A 
instabilidade política e as perturbações sociais levaram a um rápido desaparecimento da cultura, de um 
modo geral, e a uma desmoralização da medicina. Cresceu a desconfiança nos médicos e as pessoas se 
voltaram para os ritos mágicos e as crenças sobrenaturais. Nessa época, a igreja católica foi a única 
instituição que se manteve íntegra graças, sobretudo, à vida monástica. Na Idade Média Antiga (476-
1000) o homem instruído era quase sempre um membro do clero. . c 
 O cristianismo, com seus conceitos de caridade e amor ao próximo, era a oportunidade de 
salvação para os humildes e mais desesperados. Nas epidemias, por um dever de caridade, os cristãos 
atendiam e cuidavam dos enfermos a despeito do perigo de contágio. Mas, embora a medicina 
religiosa cristã combatesse os tratamentos mágicos, não havia preocupação com os problemas 
médicos ou com a investigação das causas das doenças, porque se aceitava que era a vontade de Deus. 
A oração, a unção com óleo sagrado e a cura pelo toque da mão de um santo eram os principais 
recursos terapêuticos. Posteriormente, esta medicina religiosa sofrerá a influência do Oriente e se 
transformará na medicina monástica. 
 O culto aos santos foi parte importante da medicina religiosa cristã. Entre os primeiros 
médicos cristãos que foram beatificados estão os irmãos gêmeos Cosme e Damião. São Cosme e São 
Damião viveram no século III, na Cilícia, Ásia Menor (atual Turquia). Médicos, eles exerciam a 
medicina por caridade e curavam por meio da fé; cristãos, foram perseguidos pelo imperador 
Diocleciano e decapitados em 303. Um dos milagres mais famosos dos gêmeos teria sido a 
substituição da perna ulcerada de um sacristão de cor branca pela perna de um etíope morto 
recentemente, tema que serviu de inspiração para muitas pinturas e iluminuras (figura 1). Juntamente 
com o apóstolo Lucas e São Pantaleão, São Cosme e São Damião são os santos padroeiros dos 
médicos. 
 A ideia de que o doente é impuro e deve ser evitado dominou a Idade Média, como pode ser 
comprovado, por exemplo, pelo isolamento dos leprosos. A doença era essencialmente um castigo, 
mas também era fonte de purificação e redenção. Considerava-se que o sofrimento era “amigo” da 
alma, conceito que através dos tempos prejudicou consideravelmente o tratamento da dor. 
 
 “A história da Medicina se identifica com a história da Humanidade. Do 
empirismo dos povos primitivos até as últimas descobertas do Nobel, a evolução 
da Medicina reproduz a evolução do pensamento humano. Percorrer este longo 
caminho é como viver uma inesperada e fascinante aventura.” 
Giuseppe Penso 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
2 
 
 
MEDICINA BIZANTINA 
 
 Enquanto isso, no Império Romano do Oriente ou Império Bizantino (figura 2), de língua 
grega, as atividades se concentravam cada vez mais em Bizâncio (depois Constantinopla), que se 
tornou o centro da cultura bizantina. 
 
 
 
 
 A civilização bizantina era uma combinação de cultura grega clássica, leis romanas, cristianismo 
e influências artísticas orientais. Constantinopla era conhecida como “Nova Roma”. A medicina 
bizantina floresceu de 400 d.C. a 1453 d.C., sob a autoridade suprema da Igreja católica e das Sagradas 
Escrituras. Não fez inovações, mas reuniu o essencial das obras antigas, em particular a de Galeno. 
Figura 1 – Milagro de los Santos Cosme y Damián. 
Atribuído a Fernando del Rincón (final do século 
XV/início do século XVI). Museu do Prado, 
Madri. 
Figura 2 – Divisão do Império Romano, 
depois da morte do imperador Teodósio 
(395), em Império Romano do Ocidente 
e Império Romano do Oriente. Esta 
divisão vai levar a dois caminhos 
diferentes da medicina, após a invasão do 
Império Romano do Ocidente pelos 
Bárbaros. 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
3 
 Os médicos bizantinos frequentemente compilavam e padronizavam o conhecimento médico 
existente em livros de texto bem ilustrados. Dentre esses médicos destacaram-se ORIBÁSIO DE 
PÉRGAMO (c. 325-405), AÉCIO DE AMIDA (c. 502-575), que foi médico do imperador Justiniano I e 
PAULO DE EGINA (c. 625-690). É de particular importância o Epitome Medicale Libri Septem 
(Compêndio Médico em Sete Livros) escrito por PAULO DE EGINA, médico e cirurgião. O 
compêndio foi escrito no final do século VII e permaneceu em uso como livro de texto padrão por 
cerca de 800 anos. O sexto livro (dedicado à cirurgia) é de especial interesse e marco na história da 
cirurgia. Entre outras, há descrições originais de litotomia, trepanação, tonsilectomia, paracentese, 
mastectomia, cirurgia ocular e para correção de anquiloglossia e ânus imperfurado. 
 Uma contribuição importante do Império Bizantino foi a de ser o primeiro império em que os 
estabelecimentos dedicados à medicina – os hospitais – se desenvolveram. Embora existissem 
estabelecimentos similares na Antiguidade, especialmente em Roma, chamados valetudinária, eram 
geralmente instituições para uso de militares. O primeiro hospital em Bizâncio foi construído por 
Basílio de Cesareia (c. 329-379), na Capadócia (atualmente na Turquia), no final do século IV. 
 A conservação de muitos textos clássicos gregos, inclusive de medicina, se deve aos nestorianos. 
Estes seguiam a doutrina preconizada por Nestório, Patriarca de Constantinopla, de que em Jesus não 
havia duas naturezas e sim duas pessoas completas e distintas, a humana e a divina, que constituiam 
dois entes independentes. Consequentemente, consideravam que Maria não era mãe de Deus, pois 
gerara apenas o Cristo-homem. Excomungados como hereges no ano 431, fugiram para o Oriente e 
mais tarde, em 489, alguns se refugiaram em Gundishapur (ou Jundi-shapur, literalmente “jardins 
bonitos”), capital da Pérsia na época. Entre eles havia médicos e outros homens de ciência, que 
levaram consigo grande número de obras científicas escritas em grego e as traduziram, primeiro para o 
siríaco (dialeto do aramaico, língua semítica falada no Oriente Médio) e depois para o árabe. Em 529, 
com a finalidade de erradicar completamente o paganismo, o imperador bizantino Justiniano ordenou 
o fechamento da famosa escola de filosofia de Atenas, o que provocou outra migração de sábios 
gregos para Gundishapur. A cidade também recebeu fugitivos de Antióquia e de Edessa, tornando-se 
o refúgio para os intelectuais de várias regiões. Fundada em 271 pelo rei Shapur (Sapor) I, 
Gundishapur foi o centro intelectual do império sassânida (dinastia que governou a Pérsia entre 224 e 
651) e sede do mais antigo hospital de ensino que se conhece, que também compreendia uma 
biblioteca e uma universidade. Localizava-se na atual província iraniana do Khuzistão. Quando a 
cidade foi conquistada pelos árabes, em 636, a escola de Gundishapur era um renomado centro 
médico que reunia o conhecimento grego, siríaco e indiano. A universidade foi preservada e a escola 
de medicina, com seu hospital, se tornou o principal centro de educação médica no mundo árabe. No 
século VII se estabeleceu em Gundishapurum centro de ensino superior conhecido como Academia 
Hipocrática. No século VIII, os árabes conquistam o norte da África e invadem a Península Ibérica. 
Enquanto grande parte da Europa ocidental ainda vivia em cabanas, a civilização brilhava no Oriente, 
em Bizâncio ou em Bagdá. As medicinas bizantina e islâmica foram os elos que permitiram a volta da 
medicina clássica à Europa ocidental. 
 
 
MEDICINA NO MUNDO ISLÂMICO 
 
 Os árabes iniciaram sua expansão em 634, depois da conversão de toda a Arábia à fé islâmica. 
Derrotaram os persas e os bizantinos e conquistaram a Síria, a Palestina, a Mesopotâmia, o Egito, 
Tunis e a Península Ibérica (em 711). Os povos conquistados foram integrados ao império, mantendo 
alguns direitos quanto à manutenção de suas culturas e religiões. O árabe tornou-se a língua oficial 
comum a todo o império islâmico, incluindo a literatura filosófica e científica. A medicina árabe era 
pouco desenvolvida no início da expansão do Islã e se baseava principalmente nos saberes gregos, aos 
quais foram acrescentados os conhecimentos médicos da Pérsia, Síria, Índia e do Império Bizantino. 
 Os califas al-Mansur, Harun al-Rashid (que ficou famoso pelas histórias das “Mil e uma 
noites”) e al-Ma’mun destacaram-se por patrocinar o ensino e a medicina. O apoio dos governantes 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
4 
islâmicos à medicina grega dos médicos nestorianos costuma ser relacionado à cura de um problema 
gástrico do califa de Bagdá al-Mansur, que governou de 734 a 775, pelo médico cristão (de língua 
siríaca) JURJIS IBN JIBRA'IL IBN BAKHTISHU`, que atuava no hospital nestoriano de Gundishapur. 
Seu filho também foi chamado para Bagdá em 787, onde permaneceu até morrer em 801, como 
médico do califa Harun al-Rashid. Da terceira geração dessa família de médicos cristãos, JIBRA'IL IBN 
BAKHTISHU`, foi médico de Harun al-Rashid e dos dois califas que o sucederam em Bagdá. Por oito 
gerações, até a segunda metade do século XI, doze membros da família Bakhtishu`serviram aos 
califas como médicos e conselheiros, patrocinando a tradução dos textos clássicos e escrevendo seus 
próprios tratados. No final do século VIII o centro cultural de Gundishapur foi transferido para 
Bagdá, onde o califa abássida al-Ma’mun fundou a “Casa da Sabedoria”, na qual se traduziram todas as 
obras científicas de médicos e filósofos da Antiguidade como Aristóteles, Hipócrates, Galeno e 
Dioscórides. Em meados do século IX os árabes já conheciam o Corpus Hipocraticum na íntegra, a obra 
monumental de Galeno e vários textos de Aristóteles. 
 A medicina islâmica foi uma medicina hipocrática clássica. Os médicos persas e árabes 
recolheram a herança grega e recusaram explicações sobrenaturais para as doenças. A partir do século 
X, embora tomassem por base os pressupostos de Galeno, enriqueceram a medicina clássica de 
origem grega com suas próprias observações. Essa tradição médica se expandiu por todo o mundo 
islâmico, da Pérsia (atual Irã) até a Espanha, na época sob domínio muçulmano. A medicina islâmica, 
no período entre a morte do profeta Maomé (632) e a reconquista de Granada pelos espanhóis (1492), 
ostenta uma longa lista de nomes imortais, dos quais destacaremos: 
 
 RASIS (865-925) 
 Abū Bakr Muhammad ibn Zakarīya al-Rāzi (Rhazes ou Rasis, em latim), persa, autor de 56 
livros médicos, dentre os quais o livro Kitab al-mansuri – traduzido por Gerardo de Cremona (1114-
1187) com o nome de Liber de medicina ad Almansore – que trata em dez partes de toda a teoria e a 
prática da medicina como se conhecia na época. A tradução latina da obra tornou-se livro de consulta 
obrigatória durante toda a Idade Média e até o final do século XVI. Como os outros médicos 
islâmicos, aceitava a teoria hipocrático-galênica dos humores para explicar a doença, embora com 
alguns questionamentos como os citados no livro “Dúvidas sobre Galeno”. Rasis teria isolado o ácido 
sulfúrico e o álcool, iniciando seu uso na medicina. Introduziu o unguento mercurial e instrumentos 
como almofarizes, espátulas e frascos usados nas farmácias até o início do século XX. 
 Foi médico e professor famoso, tendo escrito sobre medicina, filosofia, religião, matemática, 
astronomia e ciências naturais. A ele é atribuída a primeira descrição conhecida da varíola. Foi o 
primeiro médico a diagnosticar a varíola e o sarampo e a distinguir as diferenças entre as duas doenças. 
Descreveu a asma alérgica, a rinite sazonal (febre do feno) e foi também o primeiro médico a escrever 
um tratado sobre alergia e imunologia. Foi o primeiro a compreender que a febre é um mecanismo 
natural de defesa do organismo e a descrever a reação pupilar à luz. 
 
 AVICENA (980-1037) 
 Abu Ali al-Hussayn ibn Abd-Allah ibn Sina, médico, filósofo e cientista persa, nascido em 
Bucara (atualmente no Uzbequistão), é considerado o maior dos médicos da era islâmica. Escreveu 
cerca de 450 livros sobre diversos assuntos, principalmente de filosofia e medicina. Sua obra máxima 
foi o Kitab al-Qanun fi al-Tibb, que se conhece em latim como Liber canonis medicinae (Cânone da 
Medicina ou Cânone de Avicena). O Cânone da Medicina foi escrito em cinco volumes e compreendia 
toda a medicina, apresentada em ordem rigorosa da cabeça aos pés. Avicena adotava a teoria humoral 
da enfermidade e nessa obra a expõe e comenta com detalhes, mas sem qualquer modificação. O 
Cânone de Avicena foi o texto médico padrão na Europa ocidental durante quase cinco séculos. 
 
 ABULCASIS (936-1013) 
 Abu al-Qasim al-Zahrawi, médico e cirurgião hispano-árabe nascido em Córdoba, 
considerado o “pai da moderna cirurgia”. Seus textos, nos quais combinava ensinamentos clássicos 
greco-latinos com os conhecimentos da ciência do Oriente Próximo, foram a base dos procedimentos 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
5 
cirúrgicos europeus até o Renascimento. Sua maior contribuição foi o Al-Tasrif, uma obra de trinta 
volumes sobre a prática médica, que foi posteriormente traduzida para o latim e usada nas escolas 
médicas europeias e muçulmanas por séculos. 
 
 IBN AL-NAFIS (1213-1288) 
 Ala-al-din abu Al-Hassan Ali ibn Abi-Hazm al-Qarshi al-Dimashqi, conhecido como 
Ibn al-Nafis, foi um médico árabe nascido em Damasco (Síria) que deu importante contribuição ao 
conhecimento dos princípios da circulação pulmonar. Foi o primeiro a questionar a afirmação de 
Galeno que o sangue passaria através do septo interventricular do coração, considerando que todo o 
sangue que chegava ao ventrículo esquerdo passava através dos pulmões. Também considerava que 
deveria haver pequenas comunicações ou poros (manafidh em árabe) entre a artéria e a veia pulmonar, 
antecedendo em cerca de 400 anos a descoberta dos capilares pulmonares por Marcello Malpighi. 
 
PROGRESSOS OBTIDOS PELA MEDICINA ISLÂMICA 
 
 A medicina árabe trouxe progressos como novas observações clínicas, especialmente em 
doenças infecciosas e oculares, a ampliação da farmacopeia e a construção de hospitais. 
 Os árabes tinham um nível elevado de conhecimentos no campo da farmácia e foram 
responsáveis pela ampliação da farmacopeia, acrescentando três ou quatro centenas de drogas às cerca 
de mil drogas medicinais conhecidas na Antiguidade clássica. Foram os primeiros a separar as artes do 
boticário (farmacêutico) e do médico com a criação de estabelecimentos para a venda de drogas e 
medicamentos, em Bagdá, no final do século VIII: as primeiras farmácias de propriedade privada. 
Assim, a botica é uma criação dos povos da península Arábica. A partir do século IX já havia técnicos 
de alta qualificação, os sayadila, dedicados exclusivamente à preparação dos medicamentos e que 
atuavam nos centros hospitalares. Como os médicos, havia mais de um tipo de farmacêutico: artesãos 
envolvidos no comércio de drogas e especiarias, boticários e confeiteiros (nas farmácias preparavam-
sexaropes, mas também doces e conservas). Não existia uma separação profissional clara, de modo 
que todos os médicos, desde os sábios aos praticantes poderiam preparar os seus próprios 
medicamentos sem ter que recorrer ao serviço dos sayadila. Desde essa época há evidências de 
inspeção e regulamentação governamental dos farmacêuticos e vendedores de drogas e ervas. 
 Deve ser destacada a criação dos chamados “locais para doenças”: os BIMARISTANS, pequenos 
hospitais para atendimentos primários e também para portadores de doenças mentais. Os tratamentos 
eram baseados em análises científicas dentro da tradição hipocrática. Os bimaristans eram centros de 
assistência e também de ensino que concediam as licenças oficiais para a atividade médica; eram 
construídos para proporcionar um ambiente que fosse o mais confortável possível, com muitas fontes 
e água corrente cujo murmúrio ajudava a relaxar e a dar conforto aos pacientes, especialmente os 
pacientes psiquiátricos. Desde os tempos do califa Harun al-Raschid, no século IX, que havia sido 
fundado um hospital em Bagdá seguindo o modelo de Gundishapur (provavelmente um bimaristan). 
No total, existiram por volta de 34 hospitais no território dominado pelo Islã, que eram centros de 
assistência e de ensino. Ao terminarem seus estudos, os alunos deviam ser aprovados em um exame 
aplicado pelos médicos mais velhos. 
 Já no século IX, a medicina praticada no mundo islâmico combatia o charlatanismo, propiciava 
uma formação geral do médico, estimulava a observação, fomentava a saúde pública e defendia um 
controle central da medicina. Mas havia semelhanças com a medicina ocidental: sujeição aos autores 
considerados autoridades; abandono dos estudos anatômicos; desinteresse pela cirurgia; apego à 
cauterização; observância da tese de Galeno sobre a supuração em cirurgia (pus laudabilis, que seria um 
produto natural que favorecia a cura das feridas). Em meados do século XIII o poderio do Islã 
começou a declinar. Em 1236 o rei Fernando de Castilla conquistou Córdoba e, em 1258, Bagdá foi 
destruída pelos mongóis. Mas em uma época de grandes problemas no Ocidente, os médicos 
islâmicos conservaram a tradição médica clássica. 
 
 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
6 
MEDICINA MONÁSTICA 
 
 No Ocidente, o fundador da Medicina Monástica foi SÃO BENTO DE NÚRSIA (480-547), 
monge que criou a Ordem dos Beneditinos. Fundou, em 529, o monastério de Monte Cassino, na 
Itália, berço da Ordem dos Beneditinos. Fundou depois mais onze monastérios, dentre os quais o de 
Subiaco dedicado a São Cosme e São Damião. Criou a “REGRA DE SÃO BENTO”, composta de 73 
capítulos e um prólogo. No capítulo 36 (“Dos irmãos enfermos”), está estabelecido: “Antes de tudo 
e acima de tudo deve tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva como verdadeiramente ao 
Cristo, pois Ele disse: ‘Fui enfermo e visitastes-me’ e ‘Aquilo que fizestes a um destes pequeninos, a 
mim o fizestes’.” 
 Consequentemente surgiu a necessidade de que os monges tivessem conhecimentos médicos, 
uma vez que atender um enfermo não era mais apenas dar de comer ou beber, mas também aliviar 
suas dores e tratar suas doenças. Assim, o ensino médico foi instituído nos mosteiros. Também foram 
criados centros de prática e estudo da medicina na França (Chartres e Tour), Inglaterra (Oxford e 
Cambridge), Alemanha (Fulda e São Galo, atualmente na Suíça) e Irlanda, entre outros. 
 Os monges tiveram o mérito de guardar, conservar, traduzir e copiar os antigos textos de 
medicina. Nos mosteiros, os religiosos traduziram os textos médicos gregos para o latim, destacando-
se CASSIODORO “O ERUDITO”. Cassiodoro (c. 490-581) fundou o mosteiro de Vivarium na Calábria 
(555), em cujo scriptorium (que serviu de modelo para os outros monastérios) foram resgatadas, 
traduzidas e copiadas as obras de Hipócrates, Dioscórides, Celso, Galeno e muitos outros. De início a 
assistência médica era dada dentro do mosteiro. Depois, o monge (monge/médico/enfermeiro) saia 
do mosteiro para curar os enfermos entre a população e no campo. A medicina monástica foi 
desaparecendo durante o século X, por várias causas. Uma delas, paradoxalmente, foi seu êxito. Os 
monges se afastavam cada vez mais de seus mosteiros para atender à crescente demanda médica, o 
que interferia com seus deveres religiosos. Nos Concílios de Reims (1131), Tours (1163) e Paris (1212) 
as atividades médicas dos monges foram restringidas e finalmente proibidas. 
 Cabe aqui uma observação a respeito de certas afirmativas, repetidas ao longo do tempo e até 
mesmo atualmente, de que a Igreja Católica teria impedido todo o espírito de pesquisa, proibindo ou 
dificultando as dissecções e também condenando a cirurgia, considerada uma prática bárbara. De fato 
o papa Bonifácio VIII (c. 1235-1303) emitiu a bula papal De sepulturis em 1300, na qual proibia o 
costume conhecido como Mos teutonicus (ou “costume alemão”). O Mos teutonicus era um método de 
descarnização usado a partir da Segunda Cruzada (1145–1149) em que o corpo era eviscerado, 
desmembrado e fervido em vinho, vinagre ou água até que as partes moles se destacassem dos ossos. 
Enquanto que a carne e os intestinos eram em geralmente enterrados in situ, por vezes cremados, os 
ossos limpos eram envolvidos em peles de animais para a viagem. Essa prática era extremamente 
popular entre os nobres europeus e só cessou no século XV. 
 O documento papal foi considerado, por alguns, o “princípio dos males da anatomia”. 
Entretanto, de sua leitura não se depreende que o trabalho dos anatomistas estivesse incluído na 
disposição proibitiva. A bula somente proibia os desmembramentos feitos com o propósito de 
preservar os corpos dos cruzados para sepultamento em local distante. Por outro lado, a famosa frase 
“ecclesia abhorret a sanguine” (“a igreja abomina o sangue”) não é encontrada em nenhum 
documento eclesiástico; é de autoria do médico e economista francês François Quesnay (1694-1774) 
em seu livro sobre a história da cirurgia na França, escrito no ano de 1744. EN FRANCE. 
 No final do século VIII, houve uma primeira tentativa de reerguimento da cultura do Ocidente. 
Carlos Magno (c. 747-814) conseguira reunir grande parte da Europa sob seu domínio e para unificar e 
fortalecer o seu império decidiu reformar a educação. Carlos Magno foi sucessivamente: rei dos 
Francos (de 771 a 814), rei dos Lombardos (a partir de 774) e primeiro Imperador do Sacro Império 
Romano (coroado no ano 800 pelo Papa Leão III), restaurando o antigo Império Romano do 
Ocidente. O monge inglês ALCUÍNO DE YORK (735-804) foi convidado pelo monarca para ajudá-lo e 
elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico. Estabeleceu os 
programas de estudo a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
7 
dialética) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir de 
787, foram emitidos decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas 
e a fundação de novas. As novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; 
catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes. No ano de 805, Carlos Magno ordenou 
que a medicina fosse incluída nos programas de estudo das escolas, que até então só compreendiam o 
trivium e o quadrivium. Nos séculos XII e XIII, muitas das escolas que haviam sido fundadas, 
especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de universidades medievais. 
 
 
HOSPITAIS MEDIEVAIS 
 
 No Ocidente, eram comunidades religiosas cujos cuidados estavam a cargo de monges e freiras. 
Um termo antigo francês para hospital é Hôtel-Dieu. Alguns eram ligados a mosteiros; outros eram 
independentes. Alguns tinham múltiplas funções enquanto que outros tinham objetivosespecíficos, 
como cuidar dos leprosos ou servir de refúgio para os pobres ou peregrinos; nem todos cuidavam de 
doentes. Na verdade, inicialmente, os hospitais europeus funcionavam mais como abrigos. Os doentes 
eram recebidos apenas na medida em que fizessem parte de um grupo específico: pobres, peregrinos, 
viajantes, idosos, órfãos e outros destituídos. Para esses, a caridade cristã provia “hospitalidade”, 
especialmente comida e abrigo. Assim, os hospitais no início da Idade Média raramente eram 
dedicados ao tratamento dos enfermos. Geralmente os doentes eram recebidos para o atendimento de 
suas necessidades corporais e espirituais até que estivessem recuperados para retornar à vida normal. 
 Merece ser mencionado que por volta de 1048, quando Jerusalém estava sob domínio 
muçulmano, comerciantes da cidade italiana de Amalfi conseguiram permissão para construir um 
hospital e um albergue para os peregrinos que iam à Terra Santa. O hospital foi dedicado a São João 
Batista e era dirigido por um monge beneditino conhecido como beato Gerardo. Em 1099, quando os 
cruzados conquistaram Jerusalém, o hospital acolheu os que foram feridos. Alguns cruzados se uniram 
aos religiosos e constituíram uma Ordem que foi autorizada pelo Papa Pascoal II, em 1113, com o 
nome de Ordem Hospitalar de São João de Jerusalém. Em 1530, com a transferência de sua sede para 
a ilha de Malta, passou a se chamar Ordem de Malta. 
 
 
ESCOLA MÉDICA DE SALERNO 
 
 É considerada a mais antiga escola médica da civilização moderna e embora não se saiba ao 
certo a data de sua fundação, acredita-se que já era conhecida por volta de 757 d.C. Mas a longa 
tradição médica de Salerno começou durante o período greco-romano, no ano 540 a.C, em uma 
colônia grega chamada Eléia, situada na costa leste de Salerno, quando Parmênides decidiu fundar 
uma escola médica. PARMÊNIDES (c. 510-450 a.C) nasceu em Eléia na Magna Grécia (hoje Vélia, no 
sul da Itália). Foi um dos mais importantes filósofos pré-socráticos, e também teria sido médico. A ele 
é atribuída a frase: “Dê-me uma oportunidade para criar uma febre e eu curarei qualquer doença.” 
Durante a era romana, as cidades de Salerno e Eléia tornaram-se famosas por seus tratamentos 
médicos e numerosos pacientes se reuniam nessas cidades. Conta-se que próprio imperador Augusto 
(63 a.C.-14 d.C.), que ficou muito doente no ano 23 a.C., para lá se dirigiu com um provável abscesso 
hepático (febre tifóide?), sendo curado por ANTONIUS (ANTÔNIO) MUSA com compressas frias (ou 
banhos frios). 
 A medicina grego-romana de Hipócrates e Galeno deu os fundamentos para o método de 
ensino usado na Escola de Salerno, que foi a primeira escola do ocidente a conceber e a colocar em 
prática tratamentos médicos livres da influência das estrelas. A fama de Salerno aumentou a partir do 
século X, chegando ao apogeu no século XII. Salerno deu uma contribuição notável para a formulação 
do currículo médico nas universidades medievais. Caracterizou-se pela convivência pacífica e 
integração entre as culturas grega, latina, árabe e judaica. Era fundamentalmente prática e se dedicava 
ao tratamento dos enfermos, com pouco interesse nas teorias e nos livros clássicos. Ainda que, em 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
8 
820, os monges beneditinos tenham fundado um hospital em Salerno onde praticavam a medicina, os 
médicos laicos foram se liberando do controle clerical e no ano 1000 o ensino da medicina era 
completamente secular. 
 CONSTANTINO O AFRICANO (c. 1010-1087), muçulmano nascido em Cartago que se tornou 
monge beneditino, chegou a Salerno no século XI e foi o principal difusor dos conhecimentos 
islâmicos, graças às traduções que fez dos textos árabes para o latim. Alguns textos que os estudantes 
de Salerno liam foram conservados e tiveram grande influência nas outras escolas. Um famoso 
professor de cirurgia de Salerno, ROGERIUS SALERNITANO (Rogério de Salerno), escreveu o livro: 
Practica Chirurgiae (“A Prática da Cirurgia) por volta de 1180. É também chamado Chirurgiae Magistri 
Rogerii (“A Cirurgia do Mestre Rogério"). Foi o primeiro livro-texto medieval de cirurgia que dominou 
o ensino da matéria por mais de um século, inclusive nas novas universidades que foram criadas. “A 
Cirurgia do Mestre Rogério” é um livro tipicamente salernitano: claro, breve e prático, sem citações 
longas e tediosas. Cada afecção cirúrgica é descrita de forma sumária e o tratamento é discutido com 
parcimônia. 
 Entretanto, o livro mais famoso de todos produzidos em Salerno foi o Regimen Sanitatis 
Salernitanum (também conhecido como Flos medicinae Salerni). É um texto versificado, em latim, que 
começou 362 versos e terminou com cerca de 3520. É uma série de observações simples e conselhos 
racionais. O livro foi traduzido pelo menos em oito idiomas e em 1846 já havia sido editado 240 vezes. 
Consta de 10 seções: higiene, drogas, anatomia, fisiologia, etiologia, semiologia, terapêutica, 
classificação das doenças, prática da medicina e epílogo. Um de seus conselhos famosos é: 
 “Se te queres sentir bem e viver com saúde, larga as preocupações 
 Uma lauta ceia é a pena máxima para o estômago 
 Para que a noite te seja leve, tua ceia será parca 
 A sesta deve ser curta porque do contrário pode causar fadiga, dores de cabeça e febre 
 Se tens falta de médicos, sejam eles: mente alegre, descanso e dieta moderada.” 
 Como exemplo da liberdade que havia em Salerno está o fato de que lá TRÓTULA DE 
RUGGIERO (? - 1097), filha de uma nobre família salernitana, pôde estudar e depois ensinar na mesma 
Escola Médica. Chamada de sapiens matrona tinha idéias inovadoras: considerava a prevenção o aspecto 
principal da medicina e enfatizava a importância da higiene, da alimentação equilibrada e da atividade 
física para a saúde. 
 Em 1224, Frederico II ordenou que para exercer a medicina nas Duas Sicílias era necessário 
passar por um exame feito pelos professores da Escola de Salerno. Com a criação da Universidade de 
Nápoles, a Escola de Salerno começou a perder sua importância. Seu prestígio, com o passar do 
tempo, foi obscurecido pelo das universidades mais jovens: Montpellier, Pádua e Bolonha. Em 1811 
foi fechada por Joachim Murat, rei de Nápoles sob as ordens de Napoleão. 
 
 
UNIVERSIDADES MEDIEVAIS 
 
 Instituições consideradas universidades pelo alto nível de seus ensinamentos se estabeleceram 
na Itália, França e Inglaterra nos séculos XI e XII para o estudo das artes, leis, medicina e teologia. As 
mais antigas são as de: Bolonha, Itália (1088); Paris, França (1150); Oxford, Inglaterra (1167); Módena, 
Itália (1175); Palencia, Espanha (1208); Cambridge, Inglaterra (1209); Salamanca, Espanha (1218); 
Montpellier, França (1220); Pádua, Itália (1222); Toulouse, França (1229); Orléans, França (1235); 
Siena, Itália (1240) e Coimbra, Portugal (1288). Em 1137 foi fundada a Escola de Medicina de 
Montpellier, na França. Entre 1200 e 1400 foram fundadas 52 universidades na Europa, 29 delas 
erguidas por papas. 
 Na Universidade de Bolonha existiam professores de medicina desde 1156 e foi onde se 
iniciaram as dissecções anatômicas no princípio do século XIV. GUILHERME DE SALICETO (1210-
1280), professor de cirurgia em Bolonha, escreveu um texto de cirurgia em que rechaçava o uso do 
cautério (que era favorecido pelos árabes) e preferia o bisturi. Nesse livro também combatia a idéia de 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
9 
que a supuração é benéfica para a cicatrização das feridas. MONDINO DE LUZZI (LIUZZI) (c. 1276-
1326), anatomista e também professor da Universidade de Bolonha, executou – depois de mais de 
1700 anos – uma das primeiras dissecções em um corpo humano. De acordo com os relatos dispo-
níveis, tratava-se de uma mulher executada em 1315 e a dissecção foi feita em benefício dos estudantes 
de medicina,assim como para o público. Mondino compilou um dos mais antigos livros de anatomia: 
De Omnibus Humani Corporis Interioribus Membris Anathomia; na verdade, o tratado dedicava-se mais às 
técnicas de dissecção do que aos estudos anatômicos. Embora terminado em 1316, o livro foi 
publicado pela primeira vez em 1487, em Pádua. GUY DE CHAULIAC (1298-1368) foi outro grande 
cirurgião medieval. Estudou em Bolonha, Paris e Montpellier, onde trabalhou até que se mudou para 
Avignon, onde foi médico da corte papal. Escreveu o livro Chirurgia Magna, que foi o texto definitivo 
de seu tempo. Descreveu a utilização da tração contínua para a redução e tratamento de fraturas do 
fêmur e foi um dos primeiros a fazer anotações sobre o tratamento de feridas por arma de fogo. 
 
 
A PRÁTICA DA MEDICINA 
 
 Até fins do século XV os conhecimentos teóricos da medicina não haviam avançado mais do 
que época de Galeno. Prevalecia a teoria humoral das doenças. A anatomia começava a ser estudada 
no cadáver, embora poucos médicos tivessem visto mais que uma dissecção na vida. O tratamento se 
reduzia a quatro medidas gerais: sangria, dieta, purga e o uso de drogas (digestivas, laxantes, diuréticas, 
analgésicas etc.). 
 A sangria era feita quase sempre por flebotomia, mas também eram usadas sanguessugas, com 
a finalidade de: (a) eliminar o humor excessivo responsável pelo desequilíbrio (discrasia), e nesse caso 
era feita no lado anatômico onde se localizava a doença; (b) derivar o humor de um órgão para outro, 
sendo feita então no lado oposto ao da doença. As indicações da sangria eram complicadas pois 
incluíam não só o local e a técnica, mas também: condições astrológicas favoráveis (mês, dia e hora); 
número de sangrias anteriores; quantidade de sangue obtida em cada procedimento. Dependiam ainda 
do temperamento do paciente, da estação do ano, da localização geográfica etc. 
 A dieta era prescrita para evitar que, a partir dos alimentos, continuasse sendo produzido o 
humor responsável pela doença. Às vezes a restrição alimentar era absoluta, causando desnutrição e 
até caquexia. 
 A purga, por meio de purgantes ou enemas, era indicada para facilitar a eliminação do excesso 
do humor causador da doença. Baseava-se em uma antiga idéia egípcia de que seria gerado um 
princípio patológico no intestino, de onde passaria para o resto do organismo, produzindo mal estar e 
padecimentos. Essa talvez tenha sido a medida terapêutica mais antiga e duradoura; considerada 
eficiente desde o século XI a.C. no Egito, ainda era usada em meados do século XX da era cristã. 
 As drogas eram obtidas principalmente das plantas. Com frequência as receitas continham mais 
de 20 componentes distintos. A preparação favorita era a “teriaga, triaga ou teríaca” (mistura de cerca 
de 60 substâncias usada como preventivo e remédio contra diversas enfermidades, além de antídoto 
contra a mordedura de animais venenosos). Atribuída a Andrômaco de Creta, médico de Nero, foi 
usada até o século XVIII. Um dos componentes da teriaga era o ópio, o que talvez explique sua 
popularidade. 
 Também eram feitos tratamentos baseados em poderes sobrenaturais. Os exorcismos eram 
usados no manejo dos transtornos mentais, epilepsia e impotência. Acreditava-se no poder curativo 
das relíquias e rezava-se a santos especiais para o alívio de doenças específicas. A partir de 1056 e 
durante cerca de nove séculos, especialmente na França e na Inglaterra, acreditava-se que a 
tuberculose ganglionar cervical ulcerada (escrófula) podia ser curada com o toque da mão do rei. 
 Na Idade Média praticava-se a uroscopia e o símbolo da medicina era o frasco com urina 
(figura 3), uma vez que se pensava ser possível avaliar o estado dos quatro humores cardinais (bile 
negra, bile amarela, flegma e sangue) pela inspeção da urina. Na época, havia o conceito de que a urina 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
10 
era constituída de nutrientes que sobravam após a produção do sangue pelo fígado e, portanto, 
refletiria o estado da saúde. 
 
 
 
 Por volta de 1100 foi escrito o primeiro livro detalhando cor, densidade, qualidade e 
sedimentos encontrados na urina. Havia cartas de uroscopia, com amostras de urina em várias 
gradações de cor e aspecto, com indicações para o médico sobre quais doenças as produziriam. 
O médico observava o aspecto, o cheiro e/ou o sabor da urina e fazia diagnósticos e prognósticos. O 
interessante é que não havia necessidade de examinar o paciente, a uroscopia era suficiente para o 
diagnóstico diferencial. 
 Os médicos não praticavam a cirurgia, somente os cirurgiões e os barbeiros. Os cirurgiões não 
frequentavam a universidade, não falavam latim e eram considerados gente pouco educada e de classe 
inferior. Muitos iam de cidade em cidade operando hérnias, cálculos vesicais e cataratas, drenando 
abscessos e tratando de feridas e fraturas. Seus principais competidores eram os barbeiros que, além 
de cortar o cabelo, vendiam unguentos, arrancavam dentes, aplicavam ventosas, enemas e faziam 
sangrias. Em 1365, os cirurgiões de Paris criaram a Irmandade de São Cosme com duas finalidades: 
poder frequentar a Faculdade de Medicina de Paris e impedir que os barbeiros praticassem a cirurgia. 
Depois de dois séculos conseguiram seus objetivos, mas tiveram que incorporar os barbeiros como 
membros da Irmandade. Na Itália a distinção entre medico e cirurgião nunca foi muito acentuada e 
desde 1349 existem estatutos que se aplicam igualmente a médicos, cirurgiões e barbeiros; todos 
deviam se registrar e fazer exames nas escolas de medicina das universidades. Somente em 1540 é que 
os barbeiros e cirurgiões de Londres se unem na Companhia dos Barbeiros Cirurgiões, que em 1800 
se transformaria no Royal College of Surgeons. 
 Assim, embora tenha havido uma aparente estagnação dos estudos médicos na Alta Idade 
Média (século V ao século X), a medicina clássica continuou sendo praticada, sobretudo nos mosteiros. 
A partir do século XII, o estudo da medicina é introduzido nas universidades e define-se um novo 
status do médico. Com a retomada dos estudos anatômicos (sobretudo a partir do século XIV) e com 
as novas traduções dos textos médicos da Antiguidade, a medicina chega ao Renascimento e à Idade 
Moderna. 
 
Figura 3 – Constantino o Africano, examinando a 
urina dos pacientes (imagem em domínio público). 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
11 
Referências/Literatura selecionada sugerida 
Alves EMO, Tubino P. Proibição das dissecções anatômicas: mito ou realidade? In: XIII Congresso 
Brasileiro de História da Medicina, 2008, Fortaleza, CE. Jornal Brasileiro de História da Medicina 
(Suplemento 1). São Paulo: Sociedade Brasileira de História da Medicina, 2008. v.12. p.63-4. 
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2007; 27:220-1. 
Amr SS, Tbakhi A. Abu Bakr Muhammad Inb Zakariya Al Razi (Rhazes): Philosopher, Physician and 
Alchemist. Ann Saudi Med. 2007; 27:220-1. 
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Penso G. La medicina medioevale. Noceto: Edizioni Essebiemme;2002. 
Persaud TVN. Early history of human anatomy. From Antiquity to the beginning of the Modern Era. 
Springfield: Charles C. Thomas; 1984. 
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Piñero JML. La medicina en la historia. Madrid: La Esfera de los Libros; 2002. 
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Weisz GM. The papal contribution to the development of modern medicine. Aust N Z J Surg. 1997; 
67:472-5. 
 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
12 
ANEXO I 
 
PESTE NEGRA 
 
 A Peste Negra (também chamada “Grande Peste”) foi uma epidemia que atingiu a Europa, a 
China, o Oriente Médio e outras regiões do Mundo durante o século XIV (1347-11350) e dizimou 
cerca de 30% a 60% da população européia, provocando 25-50 milhões de mortes. A Peste Negra teve 
consequências duradouras sobre a civilização da Europa, até porque a doença continuou a reaparecer 
nos vários países afetados. A peste, em uma época em que medicina não dispunha de conhecimentos e 
nem capacidade para controlar as epidemias, causou importantes problemas econômicos, sociais e 
religiosos como, por exemplo: a falta de mão de obra, particularmente na agricultura; o abandono das 
cidades e da terra; revoltas populares e o aparecimento de grupos de fanáticos que procuravam 
encontrar culpados e perseguiam minorias inocentes, como os doentes de lepra e os judeus, acusados 
de serem a causa da peste. 
 As pessoas que tinham a doença eram obrigadas a sair das cidades. Algumas ordens religiosas 
recolhiam os doentes e os tratavam enquanto estavam isolados. Uma das maiores dificuldades era dar 
sepultura aos mortos. Guy de Chauliac, famoso cirurgião e médico do Papa Clemente VI, sobreviveu 
à peste e fez o seguinte relato: “A epidemia era tão contagiosa que se propagava rapidamente de uma 
pessoa a outra; o pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera por completo.” 
 As pessoas que tinham a doença eram obrigadas a sair das cidades. Algumas ordens religiosas 
recolhiam os doentes e os tratavam enquanto estavam isolados. Uma das maiores dificuldades era dar 
sepultura aos mortos. Guy de Chauliac, famoso cirurgião e médico do Papa Clemente VI, sobreviveu 
à peste e fez o seguinte relato: “A epidemia era tão contagiosa que se propagava rapidamente de uma 
pessoa a outra; o pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera por completo.” 
 A doença voltou a cada geração à Europa até o início do século XVIII. Cada epidemia matava 
os indivíduos susceptíveis, deixando os restantes imunes. Só quando uma nova geração não imune 
crescia é que havia novamente suficiente número de pessoas vulneráveis para a infecção se propagar. 
Entretanto nenhuma dessas epidemias foi tão mortal como a primeira. 
 A peste (também chamada no Brasil de “febre do rato” ou “doença do rato”) é causada pela 
bactéria Yersinia pestis, comum entre roedores, e pode ser transmitida por suas pulgas (Xenopsylla cheopis) 
para o ser humano. Se não tratada com antibioticoterapia (idealmente nas primeiras 15 horas após o 
início dos sinais e sintomas), dependendo da forma clínica, pode matar em 50% a 100% dos casos. A 
transmissão da peste se dá em geral pelas picadas das pulgas dos roedores, quando infectadas, 
ocorrendo às vezes por intermédio das pulgas humanas (Pulex irritans) que se tenham infectado, por 
repasto, em animais ou pessoas com a forma septicêmica da doença. As bactérias ficam no 
proventrículo (pequena bolsa) do estômago da pulga, onde se reproduzem causando obstrução parcial 
ou total do tubo digestivo. As pulgas nessa condição não conseguem se alimentar direito e ficam em 
um estado de fome permanente, que as impele a atacar os animais vorazmente. O proventrículo 
parcialmente bloqueado faz com que haja refluxo do sangue contido no estômago da pulga; assim, 
quando a pulga se alimenta regurgita (para o interior do corpo do animal que está sendo picado) o 
sangue infectado com bacilos que não consegue ingerir.1 
 A via mais comum de infecção é por meio da picada da pulga infectada, originando a peste 
bubônica. O bacilo também pode penetrar no hospedeiro por via sanguínea, pela pele, pela conjuntiva 
ocular ou através das mucosas do aparelho respiratório e digestivo. A inoculação do bacilo através da 
conjuntiva ocular determina a peste septicêmica, enquanto que as vias percutânea e subcutânea 
reproduzem a peste bubônica; pela via intratraqueal desenvolve-se a peste pulmonar. 
 Peste bubônica: os sinais e sintomas aparecem depois de um período de incubação de dois a 
seis dias: mal-estar geral, prostração, cefaleia intensa, calafrios, febre alta, dores generalizadas, anorexia, 
náuseas, vômitos, confusão mental, olhos avermelhados por congestão das conjuntivas, pulso rápido e 
irregular, hipotensão arterial e linfadenite regional (inflamação e tumefação dos linfonodos 
superficiais: bubões). 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
13 
 Peste septicêmica: ocorre quando a bactéria se multiplica no sangue. Pode ser a manifestação 
inicial (não há bubões) ou como complicação da peste bubônica ou pulmonar. Há prostração, febre 
alta, calafrios, cefaleia intensa, dores generalizadas, anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental, 
congestão das conjuntivas, hipotensão arterial, dispneia, estado geral grave, dificuldade na fala, 
hemorragias na pele ou em outros órgãos, necrose dos membros, choque e morte. Assim como a 
peste bubônica, não se propaga de uma pessoa para outra (a menos que haja contato com o pus do 
bubão supurante). 
 Peste pulmonar: ocorre quando a Yersinia pestis infecta os pulmões. O período de incubação é 
de um a três dias. Além dos sinais e sintomas comuns às outras duas formas clínicas, há dor no tórax, 
respiração curta e rápida, dispnéia, cianose, expectoração sanguinolenta (rica em bactérias), delírio, 
coma e morte. Sem tratamento é fatal em, praticamente, 100% dos casos. Este grave tipo de peste 
pode propagar-se de pessoa a pessoa através do ar e é altamente contagioso. 
 Existe uma forma benigna da peste bubônica, encontrada geralmente em regiões onde a peste 
é endêmica: peste benigna (pestis minor). Caracteriza-se por febre, cefaleia, linfadenite e prostração que 
regridem espontaneamente dentro de uma semana.1 
 O ser humano pode contrair a infecção no campo ou em sua própria habitação. As epizootias1 
dos animais silvestres podem atingir as habitações humanas por meio dos roedores ou dos animais 
domésticos A Xenopsylla cheopis é considerada o principal vetor da peste (pelo bloqueio do 
proventrículo, larga distribuição geográfica e grande avidez em picar o homem), mas outras espécies 
de pulgas são capazes de transmitir o bacilo da peste. Nos focos do Nordeste brasileiro, há evidência 
de transmissão pelas pulgas dos roedores silvestres (Polygenis tripus e jordani) e pela Pulex irritans. 
 Cães e gatos são infectados, experimentalmente, pela Y. pestis. Mas enquanto os cães 
apresentam um quadro clínico benigno, os gatos desenvolvem uma forma mais grave da doença, 
muitas vezes fatal. Ambas as espécies produzem anticorpos contra o bacilo da peste que permanecem, 
pelo menos, por 300 dias. Admite-se que, em condições naturais, a contaminação dos carnívoros pela 
peste ocorra mais provavelmente por via oral (pela ingestão de roedores infectados) do que pela 
picada de pulgas. Entretanto, no curso da doença, eles podem se tornar fonte de infecção para as 
pulgas que os parasitam.Há casos documentados de contaminação humana por carnívoros 
domésticos. Gatos podem desempenhar papel importante na disseminação da peste, seja 
transportando carcaças de roedores e/ou pulgas infectadas ou contraindo eles próprios a infecção e 
transmitindo-a diretamente ao homem ou outros animais. 
 O contágio humano pode ser direto pela manipulação de animais com lesões cutâneas 
purulentas abertas, ricas em Y. pestis, ou pelas secreções oronasais dos animais infectados. Nas regiões 
onde não há evidência de peste recente, os carnívoros domésticos (cães e gatos) podem ser testados, 
sorologicamente, como indicadores da presença ou ausência da peste entre os roedores. Inquéritos 
sorológicos em cães e gatos são valiosos na detecção de atividade pestosa nos focos.2 
 A peste chegou ao Brasil pelo porto de Santos em outubro de 1899, onde ocorreu o primeiro 
caso humano. Em seguida várias cidades do litoral foram infectadas, tendo se registrado em 1900 o 
primeiro caso em Fortaleza. A partir de 1907 a infecção avançou para o interior do País, tendo se 
estabelecido em focos naturais espalhados nas áreas rurais de vários estados do Nordeste (CE, RN, PB, 
PE, AL, BA), nordeste de Minas Gerais e Rio de Janeiro.3 
 No Brasil, atualmente, existem duas principais áreas de focos independentes: focos do 
Nordeste, abrangendo uma extensa área que se estende do estado do Ceará ao norte de Minas Gerais 
e outra área de foco localizada no estado do Rio de Janeiro, na Serra dos Órgãos, nos limites dos 
municípios de Teresópolis e Nova Friburgo. 
 Entre os anos de 1993 a 2006, foram notificados 75 casos de peste humana no Brasil, 
originários dos focos do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Minas Gerais.4 
 
 
 
1 Epizootia: doença que apenas ocasionalmente se encontra em uma comunidade animal, mas que se dissemina 
com grande rapidez e apresenta grande número de casos. 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Média, 2013. 
 
14 
 
 
 
Esquema da transmissão da peste1 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
1. Almeida A, Leal NC, Balbino TCL, Sobreira M. Peste - Serviço de Referência. Centro de Pesquisa 
Aggeu Magalhães, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), 2002. Acesso 
em 02/maio/2008. Disponível em http://www.cpqam.fiocruz.br/aggeu/doc/manual_peste.pdf 
2. Almeida AMP, Brasil DP, Melo MEB, Leal NC, Almeida CR. Importância dos carnívoros domésticos 
(cães e gatos) na epidemiologia da peste nos focos do Nordeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública 
1988; 4(1):49-55. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/csp/v4n1/04.pdf 
3. Brazil V. A peste bubonica em Santos. Revista Medica de São Paulo 1899; 2 (12): 343-55. 
4. Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde. Peste. Acesso em 03/maio/2008. Disponível 
em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=27317 
 
 
* Lagomorfos (latim: Lagomorpha) constituem uma ordem de pequenos mamíferos herbívoros, que inclui 
coelhos e lebres. 
 
 
 
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