Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA DOS ANESTESICOS LOCAIS PARTE 1 (INTRODUÇÃO + VASOCONSTRICTORES) INTRODUÇÃO: - Conteúdo do Tubete: Anestésico Local (2%, 3%, 4%, 0,5%...); Vasoconstrictor (1:100.000, 1:200.000...); Conservante do vasoconstrictor (antioxidante): Bissulfito de Sódio Cloreto de Sódio (isotonicidade); Água destilada estéril; Metilparabeno: Conservante bacteriostático, retirado devido ao aumento de reações alérgicas e uso único dos tubetes. - Classificação: Ésteres (antigamente era mais utilizado, mas perdeu espaço para as amidas por conta da sua alergia) Ésteres do Ácido Benzóico: Cocaína; Benzocaína (uso tópico); Tetracaína; Piperocaína; Hexilcaína; Butacaína. Ésteres do Ácido Para-Aminobenzóico: Procaína; Propoxicaína; Cloroprocaína. Amidas (as mais utilizadas) Lidocaína (intermediária duração); Prilocaína (intermediária duração); Mepivacaína (intermediária duração); Articaína (intermediária duração); Bupivacaína (longa duração); Etidocaína Ropivacaína; Dibucaína Quinolinas (não é utilizada muito em odontologia) Centbucridina - Absorção: Via Oral Tocainida Os outros anestésicos não têm efeito caso o paciente engula Via Tópica Benzocaína; Lidocaína (gel a 2% e pomada a 5%); EMLA (mistura de lidocaína com prilocaína de ação tópica sobre a derme) Injeção (Subcutânea, intramuscular ou Intravenosa) - Distribuição: Órgãos altamente perfundidos: Cérebro; Fígado; Rins; Pulmões; Baço. Obs 1: É importante nós sabermos durante a anamnese, se as funções dos órgãos que o anestésico passará estão funcionando corretamente - Metabolismo (Biotransformação): Ésteres: Anestésico Local (Éster) Pseudocolinesterase plasmática (enzima presente no plasma) Ácido Para-Aminobenzóico (PABA) Excreção nos rins Obs 2: Um dos problemas do éster era que o paciente podia ter um defeito enzimático na Pseudocolinesterase (chamada de Pseudocolinesterase Atípica), logo ele não degrada o éster de forma adequada, levando a uma maior toxicidade. Obs 3: Outro problema dos ésteres era o alto potencial alérgico do PABA Obs 4: Todos esses problemas não estão relacionados ao seu uso tópico (Ex: Benzocaína) e sim quando é injetado, pois quando ele é aplicado sobre a pele ou mucosa, uma de suas propriedades é a de não absorção tópica, logo, não ocorre a entrada na corrente sanguínea, ficando sem toxicidade. Amidas: Anestésico Locas (Amida) Fígado (o pulmão também sofre influência nos casos do uso da Prilocaína) Biotransformação Excreção nos rins. VASOCONSTRICTORES - Objetivos: Diminuição do fluxo sanguíneo local; Diminuição da absorção do anestésico local para o sistema cardiovascular; Diminuição do risco de toxicidade; Diminuição do sangramento; Aumenta a duração da ação dos anestésicos locais. Obs 5: Todos esses objetivos servem de explicação para que sempre se utilize vasoconstrictor, entretanto há raras exceções como por exemplo, procedimentos muito simples em pediatria (Ex: raspagem), e mesmo assim nesses casos é possível utilizar com vasoconstrictor sem problemas. - Diluição dos Vasoconstrictores: Proporção 1:1000 Significa que 1g ou 1000mg da droga, diluído em 1000ml da solução = 1mg/ml Proporção 1:100.000 Significa que 1g ou 1000mg da droga, diluído em 100.000ml da solução = = = 0,01mg/ml O tubete possui 1,8ml, portanto: 0,01mg/ml x 1,8ml = 0,018mg de vasoconstrictor (adrenalina, noradrenalina...) dentro de 1 tubete. Proporção 1:200.000 Significa que 1g ou 1000mg da droga, diluído em 200.000ml da solução = = = 0,005mg/ml O tubete possui 1,8ml, portanto: 0,005mg/ml x 1,8ml = 0,009mg de vasoconstrictor (adrenalina, noradrenalina...) dentro de 1 tubete. Proporção 1:50.000 Significa que 1g ou 1000mg da droga, diluído em 50.000ml da solução = = = 0,02mg/ml O tubete possui 1,8ml, portanto: 0,02mg/ml x 1,8ml = 0,036mg de vasoconstrictor (adrenalina, noradrenalina...) dentro de 1 tubete. Proporção 0,03UI/ml O tubete possui 1,8ml, portanto: 0,03UI/ml x 1,8ml = 0,054UI de vasoconstrictor (felipressina) dentro de 1 tubete. UI = Unidades Internacionais Obs 6: Dente a escolha de anestésicos locais no mercado, é interessante a compra da Lidocaína com Adrenalina 1:100.000, e a Mepivacaína com Levonordefrina 1:20.000. Na questão de vasoconstrictores, a de primeira escolha sempre será a Adrenalina, a de segunda escolha ficaria entre a Levonordefrina e Felipressina, e a última escolha é a Noradrenalina. - Seleção do Vasoconstrictor: Duração do procedimento odontológico; Necessidade de hemostasia; Estado clínico do paciente (ASA 1, 2, 3, 4...). - Classificação: Adrenérgicos ou Simpaticomiméticos (receptores α e β estimulados): Catecolaminas: Adrenalina; Noradrenalina; Levonordefrina; Isoproterenol; Dopamina. Não-catecolaminas: Andetamina e Metanfetamina; Afedrina; Felinefrina; Outros. Não-Adrenérgicos: Felipressina. - Tipos de Receptores Adrenérgicos: α1 e α2: Vasoconstricção periférica (hemostasia) - Bom. β1 e β2: Estimulação cardíaca - Ruim; Vasodilatação coronariana - Bom; Broncodilatação - Bom. Droga α1 α2 β1 β2 Adrenalina +++ +++ +++ +++ Noradrenalina ++ ++ ++ + Levonordefrina + ++ ++ + Obs 7: A Noradrenalina possui uma estimulação alfa prolongada, e não potente. Essa duração prolongada pode gerar a necrose no palato pelo fato de sua constrição ficar um tempo maior do que o necessário, logo o tecido sofre necrose por não receber uma vascularização adequada. Portanto, por mais que a Noradrenalina seja a menos potente, a sua duração é a mais demorada, por isso leva ao problema. - Adrenalina (Epinefrina): Adicionada ao Bissulfito de Sódio; Diluições: 1:50.000, 1:100.000, 1:200.000; Atuação potente em α e β: Aumenta o débito e frequência cardíaca - Ruim; Aumenta a frequência de disritmias cardíacas - Ruim; Aumenta a PA - Ruim; Vasoconstricção em arteríolas e pré-capilares - Bom; Broncodilatação - Bom. Obs 8: Percebe-se que a Adrenalina causa diversos problemas aos cardiopatas, mas isso só ocorre quando ela é usada de forma inadequada. Ou seja, quando a anestesia causa dor, a estimulação adrenérgica endógena (produzida pela suprarrenal) vai ser maior do que a que tem dentro do tubete, por isso é necessário fazer um controle da redução do estresse, utilizar carpule com refluxo, evitar injeção intravascular, agulha longa... Eliminação: Recaptação por nervos adrenérgicos; Catecol-O-metiltransferase (COMT); Monoamina oxidase (MAO). Existem alguns inibidores dessa enzima, como por exemplo, em casos onde o paciente utiliza antidepressivo tricíclicos. Classificação de ASA (American Society of Anesthesiologists): ASA Definição do Estado Físico Modificações no Tratamento I Paciente saudável. Nenhuma, Protocolo de Redução de Estresse (PRE). II Paciente com doença sistêmica leve a moderada. PRE, Outras modificações. III Paciente com doença sistêmica severa que limita atividade, mas não é incapacitante. PRE, Pareceres médicos, Possíveis modificações rigorosas. IV Paciente com doença sistêmica severa, que limita a atividade e é uma ameaça constante à vida Tratamento eletivo contra-indicado Tratamento não-invasivo no consultório, Tratamento invasivo no hospital, Parecer médico necessário. V Paciente moribundo cuja sobrevida esperada é inferior a 24 horas com ou sem cirurgia. Hospitalizado, Tratamento odontológico limitado ao paliativo somente. VI Paciente com morte cerebral aguardando transplante de órgãos. -------------- Obs 9: Exemplos de paciente ASA II: Diabético Não-Insulino Dependente (Tipo II), Hipertenso Estagio I, Grávidas, Obesos, Tabagistas, Ansiosos... Obs 10: Os Pareceres Médicos são em casos onde é necessária uma avaliação de um médico antes da nossa atuação, como por exemplo, explicar para o médico qual será o procedimento que iremos realizar, a droga que será usada, a concentração e o volume da droga, a explicação do porque é necessária essa avaliação (Ex:pois o paciente apresenta uma hipertensão de 200 por 150), todas essas informações são necessárias para que o médico consiga controlar ou amenizar o problema para que nós possamos realizar o futuro procedimento. Dose Máxima: Pacientes ASA I e II – 0,2mg 5,5 tubetes - 1:50.000 (dentro de 1 tubete tem 0,036mg); 11 tubetes - 1:100.000 (dentro de 1 tubete tem 0,018mg); 22 tubetes - 1:200.000 (dentro de 1 tubete tem 0,009mg). Pacientes ASA III e IV – 0,04mg 1 tubetes - 1:50.000 (dentro de 1 tubete tem 0,036mg); 2 tubetes - 1:100.000 (dentro de 1 tubete tem 0,018mg); 4 tubetes - 1:200.000 (dentro de 1 tubete tem 0,009mg). - Noradrenalina (Noraepinefrina): Adicionada à acetona-bissulfito de sódio; Ação quase que exclusiva sobre α (90%); Apresenta ¼ da potência da adrenalina; Vasoconstricção prolongada – Necrose de Palato; Eliminação similar à Adrenalina; IFDAS (Internacional Federation of Dental Anesthesiology Societies) Eliminação da Noradrenalina como vasoconstrictor nos anestésicos locais. Dose máxima: Pacientes ASA I e II – 0,34mg 5,6 tubetes - 1:30.000 (dentro de 1 tubete tem 0,06mg); 9,4 tubetes - 1:50.000 (dentro de 1 tubete tem 0,036mg); 18,8 tubetes - 1:100.000 (dentro de 1 tubete tem 0,018mg). Pacientes ASA III e IV – 0,14mg 2,3 tubetes - 1:30.000 (dentro de 1 tubete tem 0,06mg); 3,8 tubetes - 1:50.000 (dentro de 1 tubete tem 0,036mg); 7,7 tubetes - 1:100.000 (dentro de 1 tubete tem 0,018mg). - Levonordefrina: Adicionada ao bissulfito de sódio; Estimulação maior em α (75%) e menor em β (25%); Possui 15% da ação vasopressora da adrenalina; Efeito de hemostasia menor que o da adrenalina; Afeitos sistêmicos similares à adrenalina, só que em menor grau; Eliminação similar à adrenalina; A concentração de 1:20.000 oferece os mesmos efeitos que a adrenalina 1:50.000 ou 1:100.000; Dose tóxica: Para todos os pacientes – 1mg 11 tubetes - 1:20.000 (dentro de 1 tubete tem 0,09mg) - Felinefrina: É o vasoconstrictor mais fraco empregado em odontologia (5% da potência da adrenalina); Bastante barato; Não produz boa hemostasia (ruim para procedimentos cirúrgicos); Poucos efeitos sistêmicos; Usado na diluição de 1:2.500 (equivale à concentração de 1:50.000 da adrenalina). Dose máxima: Pacientes ASA I e II – 4mg 5,5 tubetes - 1:2.500 (dentro de 1 tubete tem 0,72mg). Pacientes ASA III e IV – 1,6mg 2,2 tubetes - 1:2.500 (dentro de 1 tubete tem 0,72mg). - Felipressina (Octapressin): É um análogo sintético do ADH (vasopressina); Não é um vasoconstrictor adrenérgico (baixa influência sobre o sistema cardiovascular); Redução de fluxo sanguíneo coronariano (prejudica os pacientes com risco de angina e infarto); Não é usado nos EUA; No Brasil ele só é associado à Prilocaína Não produz boa hemostasia (ruim para procedimentos cirúrgicos); Bom vasoconstrictor para procedimentos clínicos; Contra-indicação relativa para gestantes, pois a felipressina é um estimulador da contração uterina; Diluição em 0.03UI/ml; Dose toxica: Paciente ASA I e II – Não é denominada (não há valor específico) Nesse caso, se considera como dose máxima o volume do anestésico local. Pacientes ASA III e IV – 0,27UI 5 tubetes - 0,03UI/ml (dentro de 1 tubete tem 0,054UI).
Compartilhar