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Traumatologia Forense “É a parte da medicina legal que estuda os traumas e suas implicações jurídicas” Traumatologia -TRAUMA- “É a atuação de uma energia externa sobre o corpo da pessoa, com intensidade suficiente para acusar desvio da normalidade,” - LESÃO- É a alteração estrutural decorrente de uma agressão ao organismo. -AGENTE- Instrumento, objeto, meio -AÇÃO- Forma como a energia é transferida Questões para serem solucionadas Nexo causal Nexo temporal (cronologia) Extensão do dano Quantificação do dano Responsabilidade profissional Causa Jurídica Produção intra-vitam ou post-mortem Dinâmica do evento Energias Vulnerantes Física -Mecânica e não mecânica Química -Cásticos (coagulantes e liquefacientes) Biológicas -Venenos Psíquica e Emocional Mista - Asfixias - Sevícias - Doenças parasitárias Energias de ordem Física As NÃO Mecânicas são: - Barométrica - Elétrica - Térmica - Radiante Energia Química -Cáusticos - Venenos Energia Físico-química -Asfixias Energia Bioquímica -Doenças: Parasitárias Infecciosas Carenciais Energia Biodinâmica (Conseqüentes aos grandes traumas) -Choques - Anemia aguda -Distúrbios neuropsíquicos Energia Mista -Emocional Energias de ordem Física - Concentração Atuam por transferência de energia cinética - Fórmulas Ø Ec= 1/2mv² Ø P= F/S Ø I= Ft - Classificações Ação ativa X ação passiva X ação mista Ação direta X indireta - Agente Ação ativa X ação passiva X ação mista AÇÃO APLICAÇÃO DA ENERGIA MECANISMO LESÃO EXEMPLO Perfurante Ponto Pressão + Penetração + Percussão Punctória ou casa de botão Alfinete, Agulha, Sovela, Prego Cortante Linha Deslizamento Incisa Navalha/ Gilete Contundente Área Deslizamento ou pressão Contusa Pau, Pedra, Taco, Cassetetes Perfuro-cortante Ponto + linha Pressão, deslizamento Perfuro-Incisa Pexeira, Faca perfuro-contundente ponto+ Área Pressão + Penetração Perfuro – contusa PAF, Vergalhões, Flechas Corto-Contundente Linha + Massa Pressão + Esmagamento Corto-contusa Machado, dente, foice, unha, facão Ação Perfurante Ação perfurante é a transferência de energia sobre um ponto do corpo humano. - Instrumentos Perfurantes Exemplo de instrumentos: Pequeno Calibre: Agulha, Prego, Garfo Médio Calibre Picador de gelo, Florete, Estilete - Atuam por percussão (bater, ferir) ou pressão. Lesões Produzidas por Ação Perfurante - Feridas Punctórias (puntiformes) ou Casa de Botão (fenda ou fusiforme) Características das feridas: Abertura estreita Sangram pouco Diâmetro menor que o instrumento Trajeto =túnel estreito Saída mais irregular, menor diâmetro e bordas Instrumentos perfurantes de médio calibre 1ª Lei de Edouard Filhos – SEMELHANÇA A solução de continuidade dessas feridas são semelhantes às produzidas por instrumentos de dois gumes - Casa de botão 2ª Lei de Edouard Filhos – PARALELISMO Lesões produzidas em região onde as linhas de força tem o mesmo sentido, são paralelas. Lei de Karl Ritter Von Langer- FORMAS DIVERSAS Lesões prouzidas em região onde as linhas de força tem sentidos diferentes e assumem formas diversas Conceitos Básicos -Fibras Musculares -Linhas de força Feridas em acordeão (Lacassagne) Descritas por Lacassagne. Revela que o trajeto do instrumento pode ser maior que seu cumprimento. -Perfurante ou pérfuro-cortante. -Instrumento aplicado com força -Depressão dos tecidos -Extensão da lesão maior que o tamanho do instrumento Ação Cortante É a transferência de energia de um instrumento com gume afiado atuando por deslizamento sobre uma linha do corpo humano. Exemplos: Navalhas, bisturi, fragmentos de vidro, lâminas de barbear, facas, folha de papel. - Características da ferida Forma linear Regularidade de bordas Regularidade de fundo Ausência de vestígios traumáticos no entorno Hemorragia abundante Predominio do comprimento sobre a profundidade Afastamento das bordas das feridas (retração elástica no vivo) Presença de cauda de escoriação Centro mais profundo que extremidade Paredes lisas e regulares Ausência de traves teciduais - Lesões produzidas por ação cortante Sinal de chavigny; Define a sequência em que foram produzidas duas lesões que se cruzam; Interesse clínico e pericial Formas especiais de ação cortante: Esquartejamento Esposteijamento Decapitação Haraquiri – Ferida abdominal profunda Esgorjamento Degola - Degola X Esgorjamento Esgorjamento Suicídio X homicídio - Inclinação da lesão Suicídio (Oblíqua) Homicídio (Horizontal) Mecanismo de morte Anemia aguda Asfixia Embolia Ação contundente - Ação contundente é a transferência de energia da área superficial de um instrumento sobre uma região do corpo humano; - Atuam por meio geralmente sólido, podendo ser líquido ou gasoso. Lesões Produzidas por ação Contundente - Agem por pressão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, contra-golpe e formas mistas. Exemplos: Mãos, pés, pedra, pau, paredes, solo - Produzem feridas denominadas contusões; - Manifestam-se de diversas modalidades: a) Rubefação Hiperemia -Vasodilatação -Liberação de histamina Fugaz- cerca de 10 min b)Escoriação Forma Tempo Ante X post-mortem Crosta-Serosa - Sero-sanguinolenta - Sanguinolenta ou hemática Mordidas normalmente são corto-contundentes c)Equimose Éa sufusão hemorrágica difusa que se infiltra nos tecidos. Equimonas ou sufusões - Considerar: Forma Localização e Cronologia Tipos especiais: sugilação, vibice e petéquias Espectro equimótico de Legrand Du Saulle (Vr) Vermelho ------------------ 1º dia Viláceo ----------------------2ºe 3º dias Azul --------------------------4º ao 6º dias Verde-------------------------7º ao 10º dias Amarelo---------------------12º dia até sumir entre o 15º dia e 20º dia d)Hematoma e)Tumefação Trauma um pouco mais intenso Elevação e palidez da pele Surge junto com a rubefação, que sempre a acompanha Tríplice Reação de Lewis -Hiperemia no ponto de impacto -Pequena extensão da hiperemia para o entorno e, depois, -Palidez da zona central causada pelo edema Edema Traumático Aumento do líquido extracelular e extravasamento provocando distensão com limites nítidos, por vezes com a forma do instrumento. f)Bossa Bossas Sanguíneas ou linfáticas Coleção líquida (linfa ou sangue) Plano ósseo resistente g)Ferida Contusa h)Esmagamento i)Fratura Fechada ou exposta – quanto a exposição ao meio Completa ou incompleta- quanto a solução de continuidade Simples, múltipla ou cominutiva- quanto ao numero de fragmentos Direta e indireta – quanto ao mecanismo de ação j)Luxação distensão dos ligamentos k)Entorse l)Explosão m)Rotura de vísceras Geralmente causados pelo aumento da pressão que faz explodir vísceras ocas ou repletas de líquido. n)Encravamento o)Empalamento Tipo especial de encravamento no ânus ou região perineal Laceração - Promove esgarçamento ou dilaceração dos tecidos; - Parecem corto-contusas sem a nitidez dos bordos causada pelo gume; - As lesões lacero-contusas mostram as seguintes características: Irregularidade das bordas, em geral, amplamente laceradas e tranjadas; Contusões de margens que, às vezes, são apenas perceptíveis; Descolamento dos tecidos lacerados e contundidos dos planos anatômicos subjacentes, com formação de anfractuosidades. Porvezes, o integumento é destacado e ocorrem verdadeiras áreas de esfolamento (escoriação) vizinhas; Retração das bordas, que é tanto maior quanto mais intenso o deslocamento; Presença de pontes de tecidos que se estendem entre as margens do ferimento; Fundo irregular, contuso e hemorrágico. Ação perfuro-cortante - Agem por pressão + deslizamento - Atuam sobre um ponto + linha -Lesão perfuro incisa Facas, canivetes Características das feridas:• 1.Penetrantes- entram em cavidades pré-existentes: pleural, pericárdica, peritoneal; • 2.Perfurantes- penetram parte maciça do corpo, sem saída; • 3.Transfixantes- atravessam um órgão ou uma parte do corpo; • 4.Em fundo-de-saco- perfuram , atingem um obstáculo resistente e não penetram além do comprimento. Ação pérfuro-cortante Apanágios da lesão • "Feridas mais profundas do que largas, que têm a maioria dos elementos das lesões incisas (bordas margens, vertentes, fundo) • Botoeira ou “casa de botão”, com uma comissura aguda (gume) e a outra arredondada (costas ou dorso); • Duas comissuras em ângulo agudo (instrumentos com dois gumes); • Estrelada, quando a “lâmina” tem mais de dois gumes. • Cauda de andorinha (movimentação da mão que empunha o instrumento). 1, 2 e 3 gumes Instrumentos pérfuro-cortantes de dois gumes • 1ª Lei de Edouard Filhos- semelhança A solução de continuidade dessas feridas são semelhantes às produzidas por instrumentos de dois gumes “Casa de botão” – FERIDA EM ACORDEÃO OU SANFONA - Descritas por Lacassagne; • Revela que o trajeto do instrumento pode ser maior que seu comprimento; • Perfurante (França) ou pérfuro-cortante Lesões produzidas por ação pérfuro-contundente • Atuam por meio de uma ponta romba, por pressão • criam cavidade em túnel – entrada irregular, borda invertida, equimose e escoriação periférica – saída irregular, borda evertida, equimose periférica - Vg • PAF • Arpão • Flecha • Vergalhão • Ponta de um guarda-chuva Balística Ciência que estuda o movimento dos projéteis Interna : mecanismos da arma; (dentro da arma) Externa : trajetória; (fora da arma) Terminal :entrada, trajeto e saída. (alvo) Trajetória x Trajeto Trajetória é a distância que inicia-se no fim do cano da arma e termina ao tocar o alvo; Trajeto é a distância percorrida pelo projétil dentro do alvo. Classificação quanto as distâncias dos disparos (Vr) 1. tiros apoiados ou encostados- distância zero; 2. tiros próximos, a curta distância ou à “queima roupa ” ; 3. tiros a distância. Moacyr: se não há pelos, não se diferencia o tiro á queima roupa do à curta distância. Lesão de entrada Efeitos primários do tiro • Orla de enxugo • Orla de escoriação = Anel de Fisch • Orla de equimose Efeitos secundários do tiro • Zona de queimadura • Zona de esfumaçamento ou tisnado • Zona de tatuagem Lesão de entrada Moacyr Sinais decorrentes do projétil: orlas • Orla de enxugo, sinal de Chavigny • Orla de contusão, sinal de Thoinot - escoriação - equimose Sinais decorrentes da carga explosiva: zonas • Compressão de gases • Chamuscamento • Esfumaçamento ou falsa tatuagem • Tatuagem Trajeto • Cavidade (ou túnel) Permanente – deixado pela passagem do projétil. – produzido pelo efeito esmagador (pressão) e cortante (laceração) do projétil. • Cavidade Temporária ou Temporal – É o limite do deslocamento temporário dos tecidos pelo efeito hidrostático, quando da passagem do projétil. Ferimento de Saída • Orifício maior que o de entrada, face aos fragmentos arrastados pelo projétil; • Número de orifícios de saída pode ser igual, maior ou menor que os de entrada; • Orifício de borda irregular; • Bordas evertidas e estreladas; • Sem orlas de enxugo; • Pode, contudo, apresentar orla equimótica ou orla de contusão (Vr). Sinal do Telão de Raffo • decorrentes da combustão da carga do cartucho e dos gases produzidos, observadas sobre as vestes, que servem de anteparo: – sinal do desfiamento“ em cruz ” (tiro encostado), – sinal do cocar e – sinal do decalque Sinal do funil de Bonnet O osso da calota craniana apresenta um orifício circular com bordas talhadas em bisel, de modo a formar um vazio em forma de cone Sinal de Benassi Esfumaçamento da tábua externa dos ossos do crânio, em casos de tiro encostado. Boca de mina de Hoffman -orifício de grande tamanho, -estrelado, -de bordas evertidas e irregulares, -aspecto de uma câmara de mina -paredes escurecidas nos disparos encostados Moacyr Sinal de Rojas - evidenciado nos tiros à queima-roupa e curta distância, apresentando rotura cruciforme. Sinal da escarapela de Simonin -evidenciado nos tiros à queima-roupa e curta distância, apresentando impregnação de fuligem nas vestes. Sinal de KronleinBalfour- tiros encostados, que provocam disjunção das suturas cranianas devido à força expansiva dos gases da combustão. Lesões produzidas por ação corto-contundente • Mecanismo pressão + esmagamento • O ferimento cortocontuso pode ser causado por facão, machado, foice, unhas e DENTES • Instrumentos dotados de grande massa, transferem sua energia por meio de um gume • Decorre da aplicação de energia sobre uma linha + massa Lesões produzidas por ação corto-contundenteVanrell ENERGIAS FÍSICAS (Não mecânicas) -Elétrica -Barométrica -Radiológica -Térmica Classificação quanto à Origem - Natural, cósmica, queraquântica - Artificial, industrial - Biológica (ex: peixe elétrico) Ações da energia elétrica sobre o corpo Eletricidade (Natural ou Artificial) • Ação luminosa – lesar as córneas, – gerar cefaléias, – náuseas, – vômitos – sintomas de ordem psíquica (irritabilidade e ansiedade). • Ação térmica – O efeito Joule é a transformação da energia elétrica em energia térmica; – Quanto maior a resistência maior a produção de calor; – Gera queimaduras dos diversos graus. OBS: podem causar ondas de choque geradas pela ionização do ar, semelhante ao blast proveniente de explosões, que produzem contusões. Tecidos x condutibilidade – Melhores condutores no corpo: sangue e músculos (apresentam menor resistência); Rmúsculo<Rosso<Rpele OBS: Em um sistema de resistores em paralelo a Intensidade da corrente será maior no condutor de menor resistência. NATURAL – Fulminação (letal) – Fulguração (não letal) • Sinal arboriforme de Lichtenberg Sinal Arboriforme de Lichtenberg • Vermelhas; • Formadas por uma linha central de onde partem ramificações laterais irregulares que formam ângulos agudos; • Sempre “craniocaudal ” ; • Mais frequente no tórax, pescoço e abdômen; • Desaparecem em até 24h em acidentes não letais. ARTIFICIAL – Eletroplessão • Marca elétrica de Jellinek – Eletrocussão Marca elétrica de Jellinek Depende da resistência da pele e do tempo de contato; É considerada uma forma especial de queimadura; Evolui sem exsudação e não tem tendência a infectar – Vasos termicamente coagulados; Costuma ser pequena mas atingir grande profundidade; Pode ser circular ou elíptica; Branco-amarelada; Firme; Bordas elevadas e fundo retraído Pode imitar a forma do condutor, reproduzindo em baixo relevo sua superfície; Conforme aumenta o calor o fundo pode passar do amarelo ao pardo e ao negro; A presença de um halo de hiperemia ao redor da marca endurecida resulta da expulsão do sangue do interior dos vasos da pele afetada; O halo de hiperemia não representa reação vital; Está mais associados aos casos letais segundo Hygino. Metalização:Por fusão e impregnação no tecido. Causa jurídica da Morte - Quase sempre é acidental; -Há casos de suicídio; -Execução (Vr-Eletrocussão). ENERGIAS BAROMÉTRICAS • Nível do mar - 1 ATM ou 760mmHg, - Concentração dos gases, - lei de Henry= variando a [ ] de um dos gases respirados a [ ] no sangue varia proporcionalmente. >Reação ao aumento da altura (diminuição da pressão atmosférica) – 2000m algumas pessoas apresentam sintomas – 3048m ou + (Moacyr) Grande altura, tendência a sintomatologias – 8000 ou + Incapacidade de adaptação orgânica; >Mecanismos fisiológicos de readaptação 1. Aumento da amplitude dos movimentos respiratórios - Coordenado pelos corpúsculos carotídeos e aórticos 2. Poliglobulia - Os rins estimulam a produção do hormônio eritropoetina, que age na medula óssea aumentando a produção dos glóbulos vermelhos 3. Maiorteor de Mioglobulina - Os habitantes das grandes alturas possuem maior teor desta PTN que carreia O2 para dentro das células musculares Energia Radiante - Radiação Refere-se a ondas ou partículas de alta energia emitidas por fontes naturais ou artificiais (geradas pelo homem). FONTES: – Rx ,rádium , bombas de cobalto, aceleradores lineares, reatores nucleares. Mecanismo de Ação - Promove ionização dos tecidos, levando à mudanças histoquímicas imediatas ou tardias, conforme a quantidade e o tempo de exposição. - Sobre o DNA - Sobre as gônadas, tecidos linfóides e medula óssea ENERGIA TÉRMICA "O calor consiste nos diminutos movimentos das partículas de um corpo. (Newton)" Calor é a energia cinética das moléculas. Dobre um pedaço de ferro para um lado o para o outro varias vezes Risque um fósforo. Enquanto ele se queima, a energia química da madeira se transformará em calor. Faça uma corrente elétrica passar pelo filamento de uma lâmpada. As cargas elétricas, movendo-se por entre os átomos do metal, produzirão calor. Fenômeno de Troca de Calor -Sempre que dois corpos entram em contato, o mais aquecido cede calor ao menos aquecido. -Dissipação do calor: Ocorre por contato entre os corpos; Sob forma de energia radiante; Por meio da covexão. Homeotermia • É a capacidade orgânica de manter temperatura corporal quase que constante. • Em condições normais, está reduzida a uma faixa de 3°C. Homeotermia> A exposição corporal a temperaturas muito altas ou a temperaturas muito baixas , e que superem a capacidade adaptativa do organismo, acabará por provocar alterações nos processos metabólicos e/ou lesões teciduais, que poderão tornar-se irreversíveis, e até conduzirem ao óbito. Exposição corporal à Temperatura muito alta • AÇÃO DIFUSA- Termonoses - Insolação- a fonte é o sol; - Intermação- fonte de calor artificial (fornalhas, caldeiras). Fatores externos ao Organismo A temperatura ambiente torna-se agressiva quando ultrapassa os 30°C, principalmente quando se acompanha de umidade relativa do ar superior a 60/70%, na ausência de ventilação ou com esta deficiente. Estes elementos colaboram para a inibição da dispersão calórica através da transpiração e da respiração Fatores internos ao Organismo Devem ainda ser consideradas: -a idade (extremos), -gravidez, -fadiga, -obesidade, -eventuais doenças sistêmicas (cardíacas, renais, hepáticas) e -intoxicações crônicas (alcoolismo). Mecanismos Fisiológicos de Diminuição da Temperatura Vasodilatação; Sudorese; -Perda de água; -Perda de eletrólitos. Inibição da produção de calor - Diminuição do metabolismo; -Diminuição do tônus muscular. Sintomatologia • Inicia com aumento da temperatura corporal, que pode atingir 43/44°C. • Evolui para taquicardia, aumento da pressão sistólica e aumento da pressão diferencial por diminuição da diastólica. Congestão cutânea (hiperemia), secura da pele e mucosas, distúrbios visuais e auditivos, vertigens, taquipnéia, extra-sístoles e convulsões. Exposição corporal à Temperatura muito alta AÇÃO DIRETA- Queimaduras - por contato direto, através de chama ou de sólido, de gás ou de líquido quentes • 1º grau - Eritema (rubor) • 2º grau - Flictena ("bolha"), • 3º grau - Escarificação (necrose) • 4º grau – Carbonização Classificação das lesões quanto à profundidade Hoffmann e Lussena 1° GRAU – ERITEMA (RUBOR) -Provocada pela dilatação dos capilares superficiais. -A recuperação é total, depois de um período de descamação 2° GRAU – FLICTENA ( “BOLHA ”) -Formações repletas de líquido seroso, onde a presença de albumina e cloretos dá Sinal de Chambert positivo. -Suspendem o estrato córneo da epiderme, podendo variar em número e volume. -A base de cada flictena encontra-se rodeada por uma halohiperêmico. -Do ponto de vista médicolegal, a formação de flictenas é um sinal de reação vital. 3° GRAU – ESCARIFICAÇÃO (NECROSE) -A área necrótica exibe uma consistência firme e maior do que a dos tecidos vizinhos não queimados, discretamente deprimida, de cor castanha. -Pode ocorrer a formação de quelóides. 4° GRAU – CARBONIZAÇÃO -Quando a carbonização é parcial, podem encontrar-se regiões vizinhas com outras formas de queimadura mais leves, como a necrose coagulativa e a formação de flictenas -O calor produz a calcinação dos ossos, que se transformam em um material branco-acinzentado, bastante friável. Exposição corporal à temperatura muito baixa • AÇÃO DIFUSA- RESFRIAMENTO OU HIPOTERMIA • AÇÃO DIRETA- GELADURA Mecanismos Fisiológicos de Aumento da Temperatura • Vasoconstrição; • Ereção de pelos (inibe a convexão); • Tremores; • Aumento do metabolismo. Fatores Agravantes • Crianças e anciãos, • pessoas extenuadas ou fatigadas • intoxicados – pessoa alcoolizada, se exposta ao relento durante a madrugada, tem grande possibilidade de ir a óbito por hipotermia. Evolução Clínica • 1ª FASE – COMPENSAÇÃO (adaptação) ⇒ alterações circulatórias – vasoconstrição –periférica, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca; • 2ª FASE – DESCOMPENSAÇÃO ⇒ inicialmente reversível e ao final, irreversível, devido ao início do comprometimento da atividade bulbar. -Geladura>Ação local EVOLUÇÃO DA REAÇÃO LOCAL 1º- constrição vascular e conseqüente isquemia que o frio causa aos tecidos (inicialmente, evita a dissipação do calor). 2º- vasodilatação paralítica (o resultado é uma hipóxia periférica com trombose vascular, aumento da permeabilidade capilar e edema). 3º- A fase terminal consiste em um quadro de gangrena úmida (se a oclusão vascular é incompleta) ou de gangrena seca (se a trombose vascular é completa). CLASSIFICAÇÃO DE CALISSEN 1° GRAU – ERITEMA (RUBOR) Observam-se regiões de coloração roxo-violácea, edematosas, frias e dolorosas. Podem ocorrer lesões epidérmicas, com aparecimento de fissuras sangrantes; 2° GRAU – VESICAÇÃO -VESÍCULAS (BOLHAS OU FLICTENAS) O edema torna-se mais marcante, ensejando a formação de flictenas contendo líquido viscoso, seroso ou sero-sanguinolento. A pele circunjacente “as flictenas mostra um halo cianótico. 3° GRAU – GANGRENA (NECROSE) Ao nível dérmico, formam-se escaras circunscritas, que atingem o tecido celular subcutâneo e planos mais profundos, como músculos e ossos. Por vezes, ocorre gangrena seca ou úmida. • As lesões por congelamento são pouco dolorosas. Todavia, ao ser tentado o reaquecimento, origina-se uma exacerbação da sintomatologia dolorosa. • Os congelamentos e as lesões que decorrem dos mesmos freqüentemente acarretam severas seqüelas anatomofuncionais, caracterizadas por atrofias, distrofias, pigmentações, distúrbios vasculares e neurites. Aspectos médico-legais a maioria das lesões são resultantes de acidentes de trabalho. Energia Físico-Química ASFIXIAS Asfixiologia • Sphyxis- grego –significa ausência de pulso. Asfixiologia Fisiopatologia da Asfixia: Redução de teor de oxigênio (hipóxia) e aumento do teor de gás carbônico (hipercapnia) no sangue arterial, concomitantemente. Estuda os fenômenos que impedem a função respiratória – Impedindoa chegada do ar aospulmões – Impedindoa troca metabólica de O2 e CO2 já dentro da intimidadedosalvéolos. Classificação Quanto às Modalidades Sufocação direta Oclusão - direta dasnarinas e da boca -Oclusão dosorifícios da faringe e da laringe Sufocação indireta –Impedimentodos movimentos torácicos. Constrições cervicais Enforcamento - -Estrangulamento –Esganadura. Modificações do Meio AmbienteOxiprivas - (Confinamento) -Soterramento -Afogamento SinaisGerais de Asfixia Sinais Externos Lento resfriamento Espuma na boca e nos orifícios respiratórios; Hipóstase precoce, extensas e escuras Rigidez e putrefação precoces Equimose – subconjuntivas e petéquias na face, nuca e conjuntiva decorrentes do derrame capilar – Petéquias hemorrágicas de Casper ou MANCHASDE TARDIEUPontilhadoexterno nítido, na face, pescoço e porção superior do tronco. • Exoftalmia com dilataçãodas pupilas• Cianose – lábios, unhas, pele e mucosas arroxeadas devido à hemoglobina reduzida noscapilares. Ocorre quando existem mais de 5 g de hemoglobina não-oxigenada por100 ml de sanguecapilar – Le Dentut- cianose cérvico-facial – MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN- cérvico-facial e torácica, mais freqüente na asfixia porcompressão tóracoabdominal, é acompanhada de equimosesexternas ou petéquias amplamente disseminadas no rosto, pescoço e região superior do tórax. Sinais Internos • Sangue fluido (liberação de fibrolizinas em morte rápida) e escuro (falta de O2) no coração e nos vasos; • Manchasde Paultaufou de Tardieu- hemorragias lenticulares nas pleuras, pericárdio, ... • Congestão Polivisceral (mais evidente esta no fígado chamadopor Étienne Martin como fígado asfíxico) • Modificações no PHdo sangue • Diminuição do pontocrioscópico do sangue na cavidade direita • Ocorre hiperglicemia após cerca de 6h de óbito Classificação Quanto às Modalidades 1- Sufocação direta Oclusão - direta dasnarinas e da boca -Oclusão dosorifícios da faringe e da laringe 2- Sufocação indireta -Impedimentodos movimentos torácicos. 3- Constrições cervicais Enforcamento - -Estrangulamento -Esganadura 4Modificações do Meio Ambiente Oxiprivas - (Confinamento) -Soterramento –Afogamento Asfixia por sufocação direta • É a obstrução devida aoimpedimentode entrada dear pela boca e/ou narinas oupela oclusão das vias dafaringe e dalaringe a glote. • Conhecida geralmente como “ engasgo ” nasua forma acidental, nohomicídio freqüentemente é o uso dealmofadas e travesseiros, nos acidentes observa-sebrincadeiras com sacose asfixia auto erótica • Por vezessão encontradas equimosese marcas ungueais naface além dos sinais gerais de asfixia. Exame necroscópico • Cianosedaface, pescoçoe porção superior do tórax (máscara equimótica deMorestin ou cianose cérvico-facial deLe Dentut), podendo essa cianose complementar-se com: • equimoses subconjuntivais; • petéquias naface e pescoço; • equimoses puntiformes nos lábios; • Estigmas ungueais, como escoriações lineares, nos homicídios; • Equimoses digitais em torno daboca,regiões bucinadoras e asas donariz, quando a obstrução daentrada dear se deu com o auxílio demão; • Sangramentopelosorifíciosnasais; • Epistaxe; • Exoftalmia; • Fratura donariz; • Equimoses oulesões corto-contusas na mucosa daface vestibular dos lábios, pela pressão contra os elementos dentários; • Fratura dedentes; • Ferimentos dalíngua; • Corpo estranho nalaringe outraquéia (se for acidental) Asfixia por sufocação indireta • Modalidade onde ocorre o impedimentodos movimentos torácicos: • Geralmente acidental (Vg: Desmoronamentos, criança que se enterra naareia dapraia). • Pode ser homicida. • Nos crucificados. • Nos casosdeação elétrica. Sinais: Presença damáscara equimótica de Morestin. • A necropsia observa-sefratura dos arcos costais, lesões e roturas dos pulmões e os demais sinais gerais das asfixias. • O exame externo pode revelar outras lesões decorrentes deação contundente. Asfixia por Constrição Cervical A-Enforcamento B-Estrangulamento C-Esganadura Enforcamento • É a modalidade contundente e constritiva, que atua nopescoço, por intermédio deuma laçada, ativada pelo próprio peso davítima. • Quanto à suspensão, poderá ser: completa ou incompleta (parcial). Exame do cadáver • Cianose daFace (máscara equimótica de Morestin oucianose cérvico-facial deLe Dentut). • Projeção daLíngua • Exoftalmia • Petéquiasconjuntivais • Livores dehipóstase acima dosulco • Livores dehipóstase nas porçõesdedeclive • Semi-ereção penianapode ser encontrada • Cianose dos leitosungueais, equimoses subconjuntivais,petéquias naface e no pescoço, otorragia, escoriações dos cotovelos e joelhos. • Anisocoria desigualdade dediâmetro entreas pupilas. Bastante encontrada, embora nem sempre procurada peloslegistas. • Escoriações ungueais tentativa dedefesa instintiva e ineficaz. Estudo do sulco • Típico, quando o nós e encontra posteriorizado medianamente e Atípico quando em outras localidades cervicais. • Características do sulco – tem a espessura do material utilizado para a confecção da laçada, – oblíquo, – interrompido na altura do nó e – com profundidade ora menor, próximo ao nó, ora maior, quando diametralmente oposto ao nó. Exame do pescoço • equimoses no tecido celular subcutâneo e músculos cervicais, • fratura do osso hióide ou da cartilagem tireóide, • rupturas das cordas vocais na laringe; • fraturas dos anéis cartilaginosos da traquéia. • Juridicamente: – suicídios, – acidentes e – execuções penais. Estrangulamento • É a modalidade da ação constritiva contundente que atua no pescoço, por intermédio de uma laçada, pela força muscular do oponente ou pela própria vítima. • Classicamente podemos dizer que a ação se dá, por qualquer força diversa ao peso da vítima. • Considerar o animus do agente o tempo necessário de constrição ininterrupta exigido para alcançar o objetivo(cerca de 10minutos). Exame do pescoço • sulco horizontalizado, contínuo, de profundidade regular, a forma do agente impressa na região cervical abaixo da cartilagem tireóide; • Podemos encontrar tantos sulcos quantas forem as laçadas • a laçada, sendo horizontal,não empurra a glote para cima inexistindo a projeção da língua. • Estigmas ungueais na margem do sulco, principalmente próximo à borda superior, como defesa; • Face vultuosa e cianótica (máscara equimótica de Morestin ou cianose cérvico facial de Le Dentut); • Protrusão da língua e cogumelo de espuma (menos intenso que no enforcamento); • Exoftalmia; • A cianose cérvico-facial (máscara equimótica de Morestin) é um IMPORTANTE sinal vital que, soma do aos outros mencionados, oferece a certeza deque o indivíduo estava vivo quando teve o pescoço comprimido pelo laço. • A protrusão da língua e o cogumelo de espuma são evidentes. • Podem ser encontradas fraturas da cartilagem tireóidea pela compressão ou hematomas retro faríngeos (equimose retro faríngea de Brouardel) por contusão dessa estrutura com as partes moles da retro faringe. • Observam-se lesões na túnica adventícia e na íntima da carótida comum. • A marca de França (rupturas longitudinais, em forma de meia-lua, na túnica íntima da carótida primitiva), não é encontrada. Causa jurídica -A figura jurídica que mais sobressai é a do homicídio seguido de acidente. - Excepcionalmente suicida. Esganadura • É a figura contundente constritiva efetivada pelas mãos do agressor, podendo atuar concomitantemente os pés, joelhos enfim é a modalidade restrita ao uso dos segmentos corporais do oponente para efetivação do ato. Causa jurídica • Habitualmente, homicídio. • Extremamente raro o acidente • Tem dehaver desproporção deforça física. Asfixia por Modificações do Meio Ambiente Oxiprivas Soterramento Afogamento Oxiprivas -Confinamento Acidental, geralmente por depleção de O2, ocorre em lugares demasiadamente cheios, desmoronamentos etc. - Exposição aos gases inertes Ex: nitrogênio,hidrogênio, carbono, metano, etano e propano. Monóxido de Carbono • Uma das formas mais freqüentes, de asfixia gasosas. • o CO é 200 vezes mais firme na sua combinação com a Hb (carboxihemoglobina- COHb). • Pele e mucosas apresentando cor carmim. • Amostras de sangue de verão ser recolhidas para realizar a espectroscopia (espectroscopia mostrará as bandas de absorção características da carbixihemoglobina) Ácido Cianídrico • Morte mais rápida; • Método de eleição pelos suicidas(usado como veneno); • Cadáver exala odor característico de “amêndoas amargas ” ; • Análises na terra de inumação podem revelar, longo tempo depois, reação positiva ao radical cianeto. Soterramento • Formas de morte em que o indivíduo fique coberto completamente por escombros de desmoronamento. • Mecanismos de morte 1)Compressão torácica- intensa cianose da cabeça, do pescoço e da metade superior dotórax. 2)Sufocação direta - obstrução das vias aéreas por material granular. 3)Confinamento 4)Ação contundente Soterramento • Alterações externas -Lesões contusas pelo impacto do material soterrante; -Resíduos do meio (terra, areia etc). • Alterações internas -Sinais gerais de asfixia -Presença de sólidos nas vias aéreas. Causa jurídica : na maioria dos casos são acidentes, a hipótese de homicídio não pode ser descartada. Afogamento • É a modalidade de asfixia, na qual ocorre a troca do ar respirável por líquido, que adentrando na árvore traqueo-brônquica impede a Hematose. • Pode haver ou não a submersão completa. Fases do afogamento: • Luta • Apnéia voluntária (fase cortical) • Dispnéia respiratória (fase bulbar) • Convulsão • Morte propriamente dita Sinais Externos • Pele anserina (mãos de lavadeira) • Rigidez muscular precoce • Resfriamento precoce • Livores precoces devido à fluidez do sangue, localizado na cabeça e reg. anterior do tórax • Cogumelo de espuma • Erosões nos dedos dorso das mãos,pés, face e testa por arrastamento no fundo • Corpos estranhos nas unhas • Maceração epidérmica • Lesões postmortem por peixes e crustáceos. Sinais Internos • Espuma traqueobrônquica; • Enfisemaaquoso (pulmão com consistênciade esponja molhada), • sinal de Valentin hiperdistensão e aumento de volume pulmonar; • Manchas de Paltauf • Estômago e alças intestinais com água abundante • Lesões na base do crânio; Hemorragia temporal sinal de Niles e Hemorragia etmoidal Sinal de Vargas Alvarado CAUSA JURÍDICA • A grande maioria dos afogamentos decorre de acidentes • sendo alta a incidência homicídio quando há extrema diferença entre o agressor e a vítima, • acontecendo raramente no suicídio. “O homem só sabe o que pratica e somente é bom orador na medida em que faz o que diz.”
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