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Imunonutrição I

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imunonutrição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
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Imunonutrição 
 
MÓDULO I 
 
Tutora: Mirelle Lomar Viana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
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SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
1.0 Introdução ....................................................................................................................4 
2.0 Sistema Imunológico - visão geral .............................................................................5 
2.1 Citocinas.......................................................................................................................9 
3.0 Estrutura e função de barreira da mucosa intestinal .............................................13 
4.0 Resposta Inflamatória Sistêmica..............................................................................17 
5.0 Imunonutrição – conceitos básicos .........................................................................19 
6.0 Nutrientes com função imunológica ........................................................................20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
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1.0 Introdução 
 
A nutrição desempenha importante papel na imunidade, pois as reações do 
sistema imunológico também necessitam de energia e de vários nutrientes, a fim de 
formar as células e outras substâncias envolvidas no sistema de defesa. Quando um 
organismo está com seu estado nutricional deficiente, acaba ficando mais suscetível a 
adquirir infecções e a resposta imunológica acaba comprometida. 
Assim, o relacionamento entre nutrição e sistema imunológico tem se tornado o 
foco de diversos estudos, e tem ganhado cada vez mais atenção, a partir do momento em 
que inúmeros substratos estão sendo identificados por cumprirem função 
imunomoduladora, com capacidade de alterar a resposta do organismo ao trauma e 
infecção, além de atuar na prevenção ou atenuação do intenso catabolismo. 
A fim de facilitar o entendimento, a defesa imunológica pode ser subdividida em 
três sítios de ação que se constituem em alvos potenciais de substratos nutricionais 
específicos. São eles: a função de barreira intestinal, a defesa celular e adaptativa do 
hospedeiro (principalmente a celular) e a inflamação local ou sistêmica (Figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
5 
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Desta forma veremos detalhadamente, cada uma destas três áreas para posterior 
entendimento de como os nutrientes específicos atuam. Serão ainda descritos conceitos 
de imunomodulação e de forma geral, os principais imunonutrientes em estudo até o 
presente momento. 
 
 
2.0 Sistema Imunológico - visão geral 
 
 Para melhor entendimento da finalidade da prática da imunonutrição, inicialmente 
deve-se compreender o funcionamento do sistema imunológico. 
O sistema imunológico é uma complexa rede de tecidos, órgãos, células e 
substâncias que protegem o nosso corpo de infecções e doenças. Como o corpo está 
constantemente em contato com microorganismos, esse complexo sistema é responsável 
por proteger o hospedeiro de patógenos e para isso, conta com a resposta imunológica 
inata (natural e não específica) e adquirida (adaptativa e específica). Esses dois sistemas 
se correlacionam intimamente através de citocinas e moléculas sinalizadoras. 
Todas as células do sistema imunológico têm origem na medula óssea e incluem 
células mielóides (neutrófilos, basófilos, eosinófilos, macrófagos e células dendríticas) e 
Função de 
barreira 
intestinal 
Imuno 
nutrientes 
Função de defesa 
celular e adaptativa 
Resposta 
Inflamatória 
Sistêmica 
 
Figura 1: Representação esquemática das 3 áreas da defesa imunológica afetadas 
por imunonutrientes (SUCHNER et al., 2000) 
 
 
 
 
 
6 
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linfóides (linfócitos B, linfócitos T e natural killer) (figura 2). A célula progenitora mielóide 
na medula óssea gera eritrócitos, plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos e células 
dendríticas enquanto a célula progenitora linfóide gera células do tipo natural killer, células 
T e células B. Para o desenvolvimento de células T, o precursor destas deve migrar ao 
timo, aonde sofre a diferenciação em dois tipos distintos de células T, as células T helper 
do tipo CD4+ e as do tipo CD8+. Dois tipos de células T helper são produzidas no timo, as 
do tipo Th1, que ajudam as células CD8+ pré-citotóxicas a se diferenciarem em células 
citotóxicas e as células Th2, que auxiliam as células B a se diferenciarem em plasmócitos 
secretores de anticorpos. 
O sistema imunológico inato é a nossa primeira linha de defesa contra organismos 
invasores. Como demonstrado na figura 3, o sistema imunológico inato é constituído de 
componentes celulares e barreiras físicas. Dentre os componentes celulares, estão os 
fagócitos (monócitos e macrófagos), células dendríticas, granulócitos polimorfonucleares 
(neutrófilos, eosinófilos, basófilos), mastócitos, células natural killer (NK), plaquetas e 
fatores humorais incluindo o complemento, lisozimas, proteínas C-reativas e interferons. 
As barreiras físicas são: a pele, camada celular endotelial no trato respiratório e 
trato gastrintestinal, sendo as principais o tecido linfóide associado à mucosa – MALT e o 
tecido linfóide associado ao intestino - GALT. Estas estruturas estão localizadas em áreas 
de entrada de patógenos, tais como o trato respiratório, gastrointestinal e genitourinário. O 
sistema resticuloendotelial é constituído principalmente de células fagocíticas que são 
importantes em eliminar infecções (FIELD et al., 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
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Figura 2: Células do sistema imunológico (FIELD et al., 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sistema imunológico inato 
Componentes celulares 
Fagócitos Células natural 
killer 
Macrófagos Neutrófilos 
Barreiras físicas Sistema reticuloendotelial 
Pele Membranas mucosas 
GALT MALT 
 
Figura 3: Sistema Imunológico Inato (FIELD et al., 2000). 
 
 
 
 
 
8 
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Quando a infecção não pode ser completamente eliminada pela imunidade inata, a 
resposta imunológica adaptativa é ativada para destruir agentes infecciosos(figura 4). O 
sistema imunológico adaptativo (adquirido) consiste de linfócitos T, linfócitos B e fatores 
humorais. Como visto na figura 2, a medula óssea é primariamente responsável pela 
hematopoiese e linfopoiese, enquanto o timo é requerido para o desenvolvimento de 
células T. O baço, os tecidos linfóides e os tecidos linfóides muco-associados nos tratos 
respiratório, gastrintestinal, reprodutivo e outros órgãos, são tecidos linfóides secundários. 
Como cada linfócito carrega receptores de superfície para um único antígeno, a resposta 
imunológica adquirida é altamente específica. Este sistema se torna efetivo, dias após o 
estímulo inicial e possui memória imunológica. 
 
 
 
Figura 4: Sistema Imunológico adquirido (FIELD et al., 2000). 
Os linfócitos B são únicos na sua capacidade de produzir e liberar anticorpos 
específicos na imunidade humoral. Esses anticorpos podem neutralizar microorganismos 
(incluindo vírus) ou toxinas, por se ligarem a elas, ativar as proteínas do complemento no 
plasma para a destruição de bactérias por fagócitos, imobilizar bactérias e opsonizar 
vários patógenos (figura 5). 
Os anticorpos são altamente efetivos contra patógenos extracelulares. Em 
contraste, as células do hospedeiro infectadas com patógenos intracelulares (vírus e 
bactérias) são geralmente eliminadas por linfócitos T citotóxicos (CD8) depois que os 
fragmentos de patógenos e o complexo de histocompatibilidade principal são 
apresentados na superfície do hospedeiro e processados pelas células T (LIN et al., 
2007). 
 
 
 
 
 
9 
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Figura 5: Ação dos linfócitos B (LIN et al., 2007). 
 
 
Quando os patógenos escapam da imunidade humoral, eles viram alvos da 
imunidade mediada por células, que envolve a produção de citocinas e outras proteínas 
citotóxicas, pelos linfócitos T. 
 
2.1 Citocinas 
 
As citocinas formam um grupo diversificado de proteínas de sinalização 
intercelular, que regulam respostas inflamatórias e imunológicas locais e sistêmicas e são 
liberadas pelas células imunológicas em resposta a uma variedade de estímulos. 
Elas são importantes, pois regulam o tipo de resposta que o hospedeiro terá a um 
agente infeccioso. Uma determinada citocina pode ser secretada individualmente ou como 
parte de uma resposta coordenada, induzindo a secreção de outras citocinas ou 
mediadores, produzindo uma cascata de efeitos biológicos. 
As citocinas são divididas em dois grupos, aqueles produzidos por linfócitos T CD4 
do tipo Th1 ou do tipo Th2. 
 
 
 
 
 
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As células Th1 produzem principalmente a IL (interleucina)-2, TNF (fator de 
necrose tumoral)-alfa e INF (interferon)-gama, os quais geralmente são responsáveis pela 
resposta imunológica mediada por células. 
 
IL-2: 
 
• Produzida por linfócitos, quando estimulados por antígenos; 
• Ação: aumento da produção de linfócitos T e de células natural killer (NK), sendo 
capaz de restaurar a competência imunológica em certas situações de deficiência; 
• Atua na cicatrização de feridas por meio da ativação de fibroblastos e monócitos; 
• Não é produzida por células T em repouso, mas apenas pelas células estimuladas. 
 
TNF-alfa: 
 
• principal mediador da lesão inflamatória aguda por GRAM (-); 
• Fonte: fagócitos mononucleares ativados, células T antígeno-estimuladas, células 
natural killer e mastócitos; 
• Principal ação: estimula o recrutamento de neutrófilos e de monócitos para sítios de 
infecção. 
 
INF-gama: 
 
• Secretado por quase todas as células T CD8+, por algumas células T CD4 e por 
células NK; 
• Potente ativador de macrófagos; 
• Ativa neutrófilos, células NK e células endoteliais vasculares. 
 
As células Th2, por sua vez, são responsáveis pela produção de IL-4, IL-5, IL-10 e 
IL-13, que desencadeiam a resposta imunológica humoral. O balanço entre essas duas 
respostas pode explicar como o sistema imunológico responde adequadamente a uma 
infecção (FIELD et al., 2000). 
 
 
 
 
 
11 
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IL-4: 
 
• Produzida por linfócitos T; 
• Estimula os macrófagos para produção de fator de necrose tumoral e 
imunoglobulinas G e E; 
• IL-4 suprime indução e função de células TH1. 
 
IL-5: 
 
• Aumenta a produção de linfócitos B, aumentando a produção de anticorpos; 
• Estimula a produção e a função de eosinófilos. 
 
IL-10: 
 
• Produzida tardiamente no processo de ativação por células TH2, células T CD8, 
células B ativadas e monócitos; 
• Inibe a produção de citocinas por linfócitos T ativados. 
• Promove a produção de anticorpos por céls. B. 
 
IL-13: 
 
• Produto das céls. T, que aumenta a produção de IgE; 
• Possui propriedades que se superpõem àquelas de IL-4. 
 
 (LAZARO et al., 1999) 
 
 
 Em adição às citocinas, existem muitos outros mediadores da função imunológica 
dentre eles destacam-se: 
 
 
 
 
 
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- Hormônios do estresse: epinefrina, glucagon e cortisol que possuem efeitos 
imunossupressivos sobre o sistema imunológico; 
 
- Óxido nítrico: gás solúvel produzido por células endoteliais, macrófagos e alguns 
neurônios no cérebro. Como a sua meia vida é de apenas alguns segundos, age somente 
próximo aos locais onde é produzido. 
Promove: 
- Relaxamento da musculatura lisa; 
- Vasodilatação; 
- Redução da agregação plaquetária; 
- Ação citotóxica para determinados microorganismos. 
 
 O óxido nítrico desempenha papel importante na resposta inflamatória vascular e 
celular. É secretado em níveis elevados por neutrófilos e macrófagos ativados. 
Vasodilatador potente reduz a agregação plaquetária e regula o recrutamento de 
leucócitos. Em condições normais, o bloqueio na sua produção promove o rolamento e 
adesão leucocitária nas vênulas. Já sua presença reduz o recrutamento leucocitário. 
Assim, a produção de óxido nítrico é um mecanismo compensatório endógeno que reduz 
as respostas inflamatórias. 
Tem-se observado ainda, que NO possui papel fundamental na regulação da 
fisiologia do TGI e na resposta ao stress (Figura 6). A produção basal de NO minimiza a 
disfunção das barreiras mucosa e microvascular, prevenindo o aumento da 
permeabilidade intestinal. Ainda, NO aumenta a secreção de muco, modula o transporte e 
secreção de cloreto e fluidos, mantém o fluxo sanguíneo, inibe a atividade motora 
muscular e a agregação de neutrófilos, inativa metabólitos reativos do oxigênio e modula 
o reparo da mucosa, controlando sua permeabilidade (WIEST & RATH, 2003). 
Apesar de possuir apresentar funções benéficas ao organismo, como por exemplo, 
importante função microbicida, ressalta-se que a produção descontrolada de óxido nítrico 
por macrófagos ativados numa infecção sistêmica pode desencadear vasodilatação 
periférica maciça, gerando instabilidade hemodinâmica e CHOQUE. 
 
 
 
 
 
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Figura 6: Ações do óxido nítrico(NO) sob a mucosa intestinal (WIEST & RATH, 2003). 
 
3.0 Estrutura e função de barreira da mucosa intestinal 
 
Além de suas conhecidas funções na digestão e absorção de nutrientes, o trato 
gastrointestinal também assume importância na resposta imunológica, definindo a barreira 
entre o hospedeiro e o meio externo. 
O trato gastrointestinal é habitado por uma grande variedade de microorganismos 
que estão contidos dentro do lúmen intestinal e separados do interstício corporal pelo 
epitélio. Esta barreira protege o hospedeiro da invasão da sua própria flora ou toxinas e 
disseminação de bactérias e outros patógenos pelo organismo. 
A função de barreira é mantida por mecanismos de defesa imunológicos, e físicos 
(CLAYBURGH et al., 2004; THOMAS et al., 2001). A eficácia desta barreira pode ser 
 
 
 
 
 
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verificada considerando-se a grande concentração bacteriana no lúmen intestinal, que 
corresponde a 1012 organismos/mL de fezes no ceco, enquanto linfonodos mesentéricos, 
sangue portal e outros tecidos, são geralmente mantidos estéreis (GATT et al., 2007). 
Mecanismos físicos: a arquitetura especializada do epitélio intestinal forma uma 
barreira contra a penetração de microorganismos. Para isso, dois componentes são 
essenciais: as microvilosidades da borda em escova e as junções do tipo tight. Mucinas 
também interagem com polissacarídeos da superfície celular de bactérias, que ficam 
envolvidas no fluxo mucoso, sendo então eliminadas através do peristaltismo. 
Mecanismos imunológicos: o sistema imunológico da mucosa intestinal é composto 
pela IgA secretória, linfócitos intra mucosos, placas de Peyer e linfonodos mesentéricos. É 
denominado GALT. 
 A defesa do hospedeiro requer uma interpretação acurada do micro ambiente, a fim 
de distinguir microorganismos comensais dos patógenos e regular as respostas 
subseqüentes. A superfície dos enterócitos secreta mediadores imunológicos em resposta 
a antígenos, são eles: peptídeos antibacterianos, imunoglobulina A (IgA) e quimiocinas. A 
detecção imunológica de conteúdos intestinais requer a amostragem de antígenos através 
de células M especializadas e a apresentação por células apresentadoras de antígenos 
que incluem células dendríticas e macrófagos (Figura 7). Ao serem apresentadas a aos 
linfócitos T indiferenciados, a resposta imunológica pode seguir as vias de citocinas 
produzidas por células do tipo Th1 e Th2 (O’HARA & SHANAHAN, 2006; SHANAHAN, 
2002). 
 Enquanto as células do tipo Th1 secretam as citocinas interferon-gama (INF-γ) e 
fator de necrose tumoral (TNF), que estimulam a resposta pró-inflamatória, as células do 
tipo Th2 secretam interleucina-4 (IL-4), IL-5, IL-9 e IL-13 e algumas delas como IL-10 e IL-
4, por exemplo, induzem a resposta anti-inflamatória. No indivíduo saudável, a mucosa 
intestinal se encontra em um estado inflamatório controlado, uma vez há uma regulação 
destas respostas (NEURATH et al., 2002; SHANAHAN, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 7: Detecção e amostragem de bactérias intestinais (O’HARA & SHANAHAN, 
2006). 
 
 
 No entanto, sabe-se que esta barreira intestinal é especialmente vulnerável a 
condições patológicas como choque, trauma ou estresse cirúrgico, nas quais podem ser 
observadas a translocação bacteriana e a liberação de endotoxinas na circulação 
sistêmica (THOMAS et al., 2001). 
A translocação bacteriana é definida como a passagem de microorganismos 
viáveis e não viáveis e seus subprodutos, através da mucosa epitelial, para o interior da 
lâmina própria e então, para os linfonodos mesentéricos e corrente sanguínea (GATT et 
al., 2007; HUA & MOOCHHALA, 2000). 
É considerada um evento espontâneo em humanos, importante para amostragem 
de antígenos à mucosa, estímulo à produção de IgA secretória que propicia proteção 
física ao intestino, e desta forma, a otimização da função de barreira intestinal. Entretanto, 
o estresse fisiológico pode transformar este processo homeostásico em patológico, uma 
vez que a passagem de bactérias patogênicas de origem intestinal para a corrente 
sanguínea é um fator crucial na patogênese da sepse e falha múltipla de órgãos (SAMEL 
et al, 2002; NADLER et al., 2000). 
Muco
Células 
apresentadoras de 
antígeno 
Células 
dendríticas 
Célula M 
Células T efetoras Th1/Th2 
Células 
epiteliais 
intestinais 
Flora intestinal 
 
 
 
 
 
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Tem sido proposto que estas bactérias intestinais, potencialmente patogênicas, ou 
suas endotoxinas possam iniciar ou perpetuar o estado de septicemia, levando ao 
desenvolvimento de falência múltipla orgânica. Esta hipótese pode explicar o 
desenvolvimento de infecções bacterianas em pacientes que não apresentam focos de 
infecções. 
 Assim, o rompimento da barreira intestinal provocado por uma injúria inicial, induz 
a passagem de conteúdos luminais, inclusive bactérias e outros patógenos através da 
barreira epitelial, promovendo uma via alternativa de ativação de macrófagos e 
conseqüente produção da IL-12, que induz a resposta de citocinas Th1 (figura 8). O INF-γ 
produzido por linfócitos Th1 induz a ativação de macrófagos e estes, a produção de TNF-
α, com a finalidade de promover a resposta inflamatória. TNF-α e INF-γ, também 
influenciam a barreira epitelial por meio da contração da actomiosina, e abertura das 
junções tight, o que leva a uma contínua perda da função de barreira e aumento da 
permeabilidade intestinal. Simultaneamente a tentativa de regulação desta resposta por 
meio de citocinas do tipo Th2 como a IL-10 permite que a inflamação se amplie e persista 
por tempo maior que o usual, continuando o ciclo de progressão da doença (SHANAHAN, 
2002; CLAYBURG et al., 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abertura junções 
tight 
Bactérias 
patogênicas 
Dano à mucosa 
APC 
Regulação 
 
TH1 
 
 
 
 
 
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Figura 8: Mecanismos e componentes imunológicos envolvidos no processo de 
translocação bacteriana. (CLAYBURG et al., 2004). 
 
 
4.0 Resposta Inflamatória Sistêmica 
 
 A inflamação em um primeiro momento é positiva, uma vez que visa livrar o 
organismo da lesão inicial ou infecção. No entanto, a exacerbação da resposta 
inflamatória pode causar sérios danos ao hospedeiro. 
A síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) é assim denominada, pois 
ocorre devido a uma resposta inflamatória descontrolada a determinado insulto, como por 
exemplo, cirurgia, queimadura ou traumas em geral. Como característica marcante e 
invariável da SIRS, ocorre uma indução e liberação de citocinas e proteínas de fase 
aguda, tanto pró-inflamatórias quanto antiinflamatórias, cujos níveis séricos se elevam 
durante a resposta inflamatória. Vários estudos têm documentado que as principais 
citocinas (TNF-alfa, IL-1, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12 e IL-18) e alguns de seus receptores 
solúveis (por exemplo, receptor TNF-R55) estão aumentados. 
Geralmente, caracteriza-se a SIRS a partir da presença de duas ou mais das 
seguintes condições: 
a) temperatura > 38°C ou < 36°C; 
b) freqüência cardíaca > 90batimentos/ minuto; 
 c) freqüência respiratória > 20 movimentos/ min ou PaCO2 < 32 mmHg (< 4,3 
kPa); e 
d) leucócitos > 12.000 células/mm3, ou < 4.000 células/ mm3, ou > 10% de formas 
jovens. 
A sepse é a manifestação da SIRS em resposta à infecção (presença de 
microorganismos) ou em combinação à mesma. Assim, a resposta imunológica causada 
por um trauma, como uma intervenção cirúrgica, por exemplo, poderia ser responsável 
 
 
 
 
 
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pelo aumento da susceptibilidade a complicações sépticas subseqüentes. De acordo com 
a literatura, o risco de mortalidade por sepse é em torno de 20%, além do que promove 
predisposição à falha de órgãos, o que por sua vez, eleva a taxa de mortalidade 
(CALDER, 2007). 
A resposta inflamatória pode ser vista como uma resposta equilibrada entre 
mediadores pró-inflamatórios (responsáveis pela resposta inflamatória sistêmica - SIRS) e 
anti-inflamatórios (resposta anti-inflamatória compensatória-CARS). Os mediadores ou 
citocinas pró inflamatórias, tais como INF-gama, TNF-alfa, IL-1 ativam o sistema imuno-
inflamatório do hospedeiro, o qual pode então ser desativado pelos mediadores anti-
inflamatórios como IL-10, IL-4 e IL-13. Em doentes críticos, após grandes traumas ou em 
casos de sepse, a produção regulada de mediadores SIRS e CARS é perdida. Nessas 
enfermidades, ocorre a produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias, a qual é 
contrabalançada pela produção também exagerada de citocinas anti-inflamatórias. 
Durante esta fase, devido à imunossupressão observada, ocorre um aumento da infecção 
que pode gerar choque séptico devido à deficiência do sistema imunológico em responder 
a estes insultos, o que piora o prognóstico e potencialmente resulta no desenvolvimento 
da falha múltipla de órgãos (ANDERSSON et al, 2006) (figura 9). 
 
 
 
 
 
 
 
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5.0 Imunonutrição – conceitos básicos 
 
Para que haja um controle da resposta inflamatória exacerbada, seja ela intestinal 
ou sistêmica, é importante o conceito de imunomodulação e o uso de nutrientes 
imunomoduladores. 
Pacientes bem-nutridos possuem menos complicações e se recuperam mais 
rapidamente do que pacientes desnutridos. O fato é que a desnutrição protéico-calórica 
se desenvolve rapidamente durante a doença aguda, que se for prolongada ou 
progressiva, prejudica as defesas imunológicas e anti-bacterianas do hospedeiro e produz 
mudanças na arquitetura e massa da mucosa intestinal (MACFIE, 2004). 
A imunossupressão é de origem multifatorial e a desnutrição é um desses fatores. 
Muitos são os estudos que mostram que há reversão da imunossupressão tão logo ocorra 
Progressão da 
doença 
TNF 
INF 
IL-10 
IL-4 
Choque séptico/falha múltipla de órgãos 
Homeostase 
TNF 
INF 
IL-10 
IL-4 
Figura 9: SIRS e CARS (BURAS et al, 2005). 
 
 
 
 
 
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melhora no estado nutricional, obtida pelo fornecimento de dietas hipercalóricas e 
hiperprotéicas. 
Em situações de desnutrição calórico-protéica, o fornecimento de calorias não 
protéicas em quantidades suficientes, em geral 35 a 55 kcal/kg de peso atual/dia, tem sido 
adequado para a recuperação da imunocompetência. Entretanto, nem sempre a simples 
recuperação da deficiência nutricional é suficiente para reverter um quadro de 
imunossupressão. Do ponto de vista nutricional, é inquestionável a necessidade de 
reabilitar o enfermo desnutrido. Porém, em muitos casos, como coadjuvante do 
tratamento clínico global, tem-se proposto que a dieta seja suplementada com os 
nutrientes de ação imunomoduladora objetivando modular a resposta imunológica 
(BAXTER, 2005). 
Por definição, imunonutrientes são aqueles nutrientes ou substâncias nutricionais 
identificadas e selecionadas especificamente para estimular a resposta imunológica. 
Muitos estudos investigando o uso de imunonutrientes têm sido conduzidos e revisados. 
 A imunonutrição envolve a administração de nutrientes pelas vias enteral ou 
parenteral. Durante a imunonutrição, os nutrientes são oferecidos em quantidade que 
ultrapassa a normalmente ingerida, afim de que alcancem efeito farmacológico em um ou 
mais componentes da resposta imune à cirurgia, trauma ou infecção (GRIMBLE, 2005). 
A capacidade dos nutrientes em modular a resposta imunológica e em afetar o 
prognóstico clínico, se tornou um assunto importante na prática clínica e saúde pública. 
No entanto, até agora, ainda não são provados benefícios consistentes da imunonutrição, 
uma vez que os resultados são extremamente contraditórios, com alguns estudos 
mostrando melhorias no prognóstico de pacientes críticos, enquanto em outros, não são 
detectadas alterações ou verfica-se até pioras no quadro clínico (MACFIE, 2004). 
Desta forma, é importante o estudo e conhecimento das particularidades de cada 
nutrientes, para a compreensão de quais são benéficos e em quais situações clínicas 
estão indicados, uma vez que seus efeitos e conseqüências já foram parcialmente 
elucidados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6.0 Nutrientes com função imunológica 
 
Em linhas gerais, os principais imunonutrientes estudados até o momento e suas 
funções são: 
 
 
Tabela 1: Nutrientes imunomoduladores e sua função. 
Imunonutriente Função 
Ácidos graxos poliinsaturados ω-3 Atua como agente anti-inflamatório, 
revertendo a inflamação. 
Arginina Substrato para a síntese de óxido 
nítrico, estimula a síntese de hormônio 
do crescimento e melhora o número de 
células T. 
Glutamina Nutriente para as células imunológicas, 
melhora a função de barreira e atua 
como precursor da glutationa. 
Nucleotídeos Precursor de RNA e DNA, melhora a 
função de células T. 
Antioxidantes Manutenção da defesa antioxidante. A 
vitamina E melhora a imunidade 
mediada por células. 
Probióticos Embora não seja classificado como 
imunonutriente, possui atividade 
imunomoduladora, aumentando a 
fagocitose e níveis de IgA. 
 (GRIMBLE, 2005) 
 
 
Nas próximas unidades, cada imunonutriente será descrito de forma detalhada, a 
fim de subsidiar a decisão e o uso do nutriente adequado às diversas situações clínicas.

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