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ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-1 VI.1 - Introdução Método para desenvolver e selecionar projetos alternativos de manutenção, baseados em critérios econômicos, de segurança e operacionais. “RCM” utiliza uma perspectiva do sistema para análise das funções do sistema, das falhas das funções e da prevenção dessas falhas. MSG-1 • Em 1968, representantes de várias linhas aéreas, de fabricantes e o governo americano organizaram o MSG-1 (Maintenance Steering Group). • Objetivo: Estabelecer um procedimento adequado de manutenção para o “Boeing-747” e do “Lockheed L1011”, de modo a reduzir o tempo de paralisação para manutenção, reduzir os custos de manutenção e melhorar a segurança do vôo. • Resultado: MSG-1 (Maintenance Evaluation and Program Development) • Conteúdo: Estabelecia novos critérios para os programas de manutenção, mudando conceitos que vinham sendo utilizados por mais de 60 anos nas empresas de aviação civil (Reengenharia da Manutenção nas Empresas de Aviação). • Antes: A manutenção era desempenhada sobre cada unidade do equipamento sem considerar a importância daquela unidade para a função do sistema. • No MSG-1: Reconheceram que as aeronaves apresentavam sistemas complexos com alto índice de redundância. A orientação mudou do exame da função do equipamento para o exame da função do sistema. MSG-2 • Em 1970, um segundo grupo foi formado (MSG-2 - Airline Manufacturer Maintenance Program Planning Document). Este comitê generalizava os procedimentos específicos de manutenção do MSG-1 de modo a torná-lo aplicável para todas as aeronaves. • Neste documento foi incorporada a “Árvore de Decisão”. Uma árvore de decisão é um diagrama que fornece uma seqüência hierárquica de perguntas acerca de uma série de possíveis eventos e de suas saídas. A saída de um evento conduz para uma ação a ser tomada ou para uma próxima pergunta. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-2 A falha afeta a segurança do sistema ? Falhas não detectáveis apresentam efeito adverso para a segurança ? A degradação conduz a falhas detectáveis pela manutenção ? Há afinidade entre a idade do equipamento e a sua confiabilidade ? M enhuma programação é requerida. Programar atividades ou modificar projeto Programar atividades Checar operações frequentemente Programar atividades Inspeções periódicas frequentes ou testes. Programar atividades Substituição com base no tempo fixo. Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não O sucesso da RCM na indústria de aviação foi sem precedentes. Nos 16 anos que se seguiram a sua implementação, as linhas aéreas não aumentaram os custos de manutenção por aeronave, embora o tamanho e complexidade das aeronaves tenham aumentado enormemente durante este período. Sobre o mesmo período, os registros mostram que a segurança das aeronaves melhorou bastante. MSG-3 • Em 1980, o conhecimento acumulado durante a última metade da década de 70 foi usado para atualizar os procedimentos do MSG-2. Este trabalho foi desempenhado por um grupo similar ao MSG-2 e foi publicado como “MSG- 3”. VI.2 - Aplicações da “RCM” • Na área militar. Em 1974, o Departamento de Defesa adotou a abordagem da RCM como um padrão para manutenção dos sistemas de aeronaves militares. Durante a segunda metade da década de 1970, a “RCM” foi integrada dentro de todos os programas de manutenção das Forças Armadas Americanas. • Na indústria nuclear. Se o método era válido para sistemas de aeronaves civis e militares, então era aceitável também para instalações nucleares. Em 1984, três instalações nucleares nos Estados Unidos, iniciaram uma série de instalações piloto sob a coordenação do “Eletric Power Research Institute”. A “EDF” na França também utilizou a “RCM” no desenvolvimento de programas de manutenção nas suas instalações nucleares. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-3 A partir de então, diversas aplicações foram conduzidas em diversos setores, tais como: área marítima, conversão de energia solar, terminais de grão, minas de carvão, geração e distribuição de energia elétrica, ferrovias, fabricantes de automóveis, alimentação, petróleo, papel, bancos, cigarro, metrôs, ... . Exemplo do MSG-1 Suponha que há “oito” válvulas hidráulicas de controle numa aeronave. Para que haja perda da função “Controle Hidráulico”, todas as “oito válvulas” devem falhar. O fabricante das válvulas recomenda que essas válvulas devem ser substituídas a cada 2000 horas de vôo. Se uma política de manutenção orientada para o equipamento é seguida, todas as oito válvulas deverão ser substituídas a cada 2000 horas, mesmo que provavelmente elas estejam em plenas condições de executar a sua função. Uma manutenção orientada para a “Função do Sistema”, reconhece o fato que 2000 horas é um tempo médio para cada válvula e não um limite absoluto de segurança. E, portanto, podemos considerar que a probabilidade das oito válvulas falharem ao mesmo tempo é infinitesimal (muito pequena). Uma política de manutenção orientada para o sistema incorpora a redundância inerente da segurança das válvulas dentro de sua formulação. Logo, somente uma válvula é trocada a cada 2000 horas, selecionando-se sistematicamente uma válvula diferente (localização) por vez, até que todas as oito válvulas sejam substituídas. O processo é então reiniciado na posição em que foi efetuada a primeira substituição. Como resultado, haverá pelo menos uma válvula com pouco menos que 2000 horas de uso. Com este procedimento economiza-se tempo e dinheiro e tem provado ser uma estratégia altamente segura e eficaz. É importante lembrar que o processo deve ser conduzido por pessoas que conhecem o sistema. “RCM” é um método que provou ser capaz de otimizar a utilização de pessoal de manutenção, tempo e dinheiro. VI.3 - Reliability-Centered Maintenance (RCM) Objetivo Básico: Desenvolver programas de manutenção baseados na “redundância funcional” presentes na maioria dos sistemas. Redundância Funcional Considere o sistema abaixo: ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-4 A função do sistema acima é bombear um produto enquanto estiver de acordo com os parâmetros de fluxo específico (pressão de carga-descarga e taxa de fluxo). O sistema consiste de duas bombas de igual capacidade. A unidade reserva é acionada por um sensor de pressão no lado da descarga da unidade primária. Manutenção Tradicional: Manutenção desempenhada em ambos (motor e bomba) do mesmo modo, sem considerar as diferenças de suas funções dentro do sistema. A manutenção tradicional foi desenvolvida com pouca ou nenhuma consideração para “como cada item do equipamento contribui para o processo global”. Manutenção Centrada na Confiabilidade: A freqüência e as atividades de manutenção são desenvolvidas observando “como cada item contribui para manter a função do sistema”. No caso das bombas, isto significa que a unidade “backup” poderá ter um programa de manutenção diferenciado da unidade principal. Pode ter, no caso, as mesmas atividades de manutenção mas com freqüência diferenteou pode ter um conjunto de atividades de manutenção totalmente diferente da unidade principal. A importância do equipamento para manter a função do sistema é que deve ser utilizada no desenvolvimento de um projeto de manutenção. A “RCM” fornece um mecanismo para que as pessoas decidam que manutenção necessita ser desempenhada e também que manutenção não necessita ser feita (julgamento e experiência são vitais na tomada de decisão). O método “RCM” tem muitas variantes e cada uma deve ser visualizada considerando os princípios básicos do método. O método não é a cura de todas os males ou uma bola mágica para resolver todos os problemas industriais. O sucesso de cada aplicação depende sobretudo do apoio gerencial, da criatividade da equipe na utilização do método e do grau de cooperação do pessoal da instalação envolvidos com os sistemas. VI.4 - Terminologia da “RCM” Sistema Um conjunto de equipamentos e/ou componentes que juntos fornecem uma ou mais funções e podem ser consideradas unidades funcionalmente independentes dentro do sistema. As unidades têm fronteiras físicas e entradas e saídas quantificáveis, B M B B Unidade Reserva Unidade Principal Chave de Pressão ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-5 chamadas “interfaces de entrada” e “interfaces de saída”. Matematicamente falando, a interseção de todos os subsistemas é “zero” e a união de todos os subsistemas é “um”. Falha Funcional Cada subsistema desempenha certas funções. As “falhas funcionais” descrevem como as falhas de cada função podem ocorrer. Essas descrições geralmente não denotam problemas específicos do equipamento, mas descrevem problemas funcionais, tais como: perda parcial ou total de energia, leitura errada de tensão, nível alto de pressão, .... . Modo de Falha Um modo de falha identifica cada condição específica do equipamento que pode causar a perda da função do subsistema. O modos de falha descrevem de que maneira as falhas dos equipamentos devem ocorrer para provocar as falhas funcionais. Exemplo: Falha Funcional ⇒ Perda de Pressão Modo de Falha ⇒ Falha da Bomba Primária e da Chave de Pressão Para sistemas altamente redundantes a identificação de todos os possíveis modos de falha pode consumir uma quantidade significativa de tempo e trabalho. O ponto a ser considerado neste caso é estabelecer um nível de análise de falhas (árvore de falhas ou árvore de eventos) compatíveis com as atividades pertinentes de manutenção. Cada modo de falha pertence especificamente para aquela falha funcional que está contida em um subsistema específico do sistema global. A figura abaixo mostra como os componentes funcionais estão relacionados: Todos os componentes funcionais estão inter-relacionados. Cada modo de falha pertence a uma falha funcional que está contida num subsistema específico de um sistema global. SISTEMA SUBSISTEMA 2SUBSISTEMA 1 FALHA FUNCIONAL 1 FALHA FUNCIONAL 2 FALHA FUNCIONAL 1 MODO DE FALHA 2 MODO DE FALHA 1 ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-6 VI.5 - Os 5(cinco) Passos da RCM O método “RCM” consiste em se tomar um grande sistema, subdividi-lo em sistemas menores, independentes e mais simples, chamados de “subsistemas” e determinar a função de cada subsistema e o que pode conduzir a falha de cada função. Este processo é chamado de “Decomposição da Função do Sistema” (Passo 1 a 3). No passo 4, as falhas são categorizadas de acordo com a sua “criticidade” ou “importância”. No passo 5, são definidas as tarefas de manutenção e os programas necessários para reduzir ou eliminar o efeito das falhas. Passo 1: Definir as Fronteiras “Sistema X Subsistema” O sistema é subdividido em subsistemas mutuamente exclusivos e com fronteiras separadas e não sobrepostas. Tudo aquilo que atravessa essas interfaces (fronteiras) deve ser identificado. Cada subsistema tem “interfaces que entram” indicando o que está entrando no subsistema e “interfaces que saem” indicando o que sai do subsistema. Tudo aquilo que entra ou sai do subsistema deve ser identificado, quer seja um produto, vapor sob pressão, corrente ou tensão elétrica, sinal de controle ou qualquer outra coisa. As fronteiras artificiais nos ajudam a assegurar que todos os equipamentos importantes, necessários para a função do sistema, estão incluídos nas análises. As fronteiras dos subsistemas não devem se sobrepor. Isto pode trazer grande dificuldade quando da definição das interfaces. O conceito da “interface” é fundamental para o método. Em sistemas fisicamente pequenos, tal como uma aeronave, a definição dos subsistemas é mais fácil pois os itens estão fisicamente próximos uns dos outros. No caso de aplicações industriais, os subsistemas podem cobrir muitos quilômetros. Passo 2: Definir as Interfaces dos Subsistemas, Funções e Falhas Funcionais Para cada subsistema, as “interfaces que entram” são transformadas para em “interfaces que saem” pelas funções do subsistema. Essas funções e como elas podem falhar são enumeradas neste passo. As falhas funcionais descrevem os diferentes modos que um subsistema pode falhar ao desempenhar suas funções e não necessariamente identificam equipamentos ou componentes. A análise de falhas funcionais (FFA - Failure Functional Analysis) identifica o modo específico das “interfaces que saem” que não podem ser produzidas e as falhas funcionais que são internas ao subsistema. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-7 Passo 3: Definir os Modos de Falhas para cada Falha Funcional As falhas de equipamento ou componentes específicos que causam cada falha funcional são identificadas. É neste nível na hierarquia funcional onde o equipamento e componentes são normalmente conduzidos para dentro da análise. Os modos de falhas dominantes são identificados por meio da FMEA (Análise dos Modos e Efeitos das Falhas). A “FMEA” fornece informações de Causa/Efeito e identifica as condições específicas que devem ser prevenidas pela ação da manutenção preempitiva. Este é o nível mais detalhado da decomposição funcional. Deve ser desempenhado de maneira apurada e completa, pois é a partir destas características identificadas que as ações de manutenção preventiva e preditiva serão determinadas. Passo 4: Categorizar as Atividades de Manutenção Para cada modo de falha, uma série de perguntas do tipo “sim” ou “não” são respondidas. Baseado na seqüência de respostas, os modos de falha são casados com o tipo de tarefas de manutenção. Logo em seguida, o nível de conseqüência é estabelecido para cada modo de falha. O conjunto de perguntas é o mesmo para todos os modos de falha, indiferente da sua falha funcional e da localização do subsistema. Este procedimento aplica um padrão uniforme para classificação de tarefas, o que nos ajuda a assegurar um tratamento adequado de todos os modos de falha, indiferente de quem esta desempenhando a categorização. Os níveis de conseqüência são rotulados como “classes de criticidade” e são uma função daqueles caminhos seguidos na seqüência de respostas. Árvore de Decisão (RCM - Eletric Power Research Intitute / EPRI NP-4795) A ocorrência da falha é visivel para o operador enquanto desempenha suas atividades normais ? A falha tem efeito adverso sobre a segurança ? SIM NÃO A falha afeta a capacidadeoperacional ? Há MP / MPd, aplicável e efetiva, disponível para prevenção das falhas ? As tarefas para localização de falha(s) é justificável ? Descreva e classifique as tarefas. Descrever e classificar as tarefas. Nenhuma tarefa é requerida. SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO É possível modificar o projeto ? SIM NÃO NÃO Modificar o projeto. Aceitar o risco. SIM Há MP / MPd, aplicável e efetiva, disponível para prevenção das falhas ? Descreva e classifique as tarefas. Nenhuma tarefa é requerida. SIM NÃO Há MP / MPd, aplicável e efetiva, disponível para prevenção das falhas ? Há MP / MPd, aplicável e efetiva, disponível para prevenção das falhas ? Descreva e classifique as tarefas. Nenhuma tarefa é requerida. Descreva e classifique as tarefas. SIM SIM NÃO NÃO A B C D ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-8 A primeira pergunta é determinar se a falha é observável. Falhas ocultas (dormentes) são identificadas principalmente em equipamentos “standby” , que funcionam como equipamentos reservas para o sistema principal, ou quando certas condições operacionais ativam sua função, como por exemplo uma válvula de emergência de alívio de pressão, um disjuntor ou um sistema de emergência contra incêndio. Devido a natureza desses sistemas as tarefas padronizadas de manutenção não são apropriadas, pois o sistema só opera quando é requisitado. Muitas vezes só é necessário que opere em situações de emergência. No melhor caso, eles nunca são usados durante todo o seu ciclo de vida. Por outro lado, eles somente precisam operar uma vez para evitar perdas severas e justificar as despesas de todo o seu ciclo de vida. As tarefas de manutenção para esses sistemas são denotadas por “Descobrindo Falhas - Failure Finding”, sendo que estas falhas geralmente são descobertas através de testes do sistema. Na figura acima, as letras em negrito denotam as “classes de criticidade” a qual cada modo de falha é atribuído em cada uma das categorias. Categoria “A” Modos de Falha que afetam a segurança Categoria “B” Modos de Falha que não afetam a segurança, mas afetam a operação Categoria “C” Modos de Falha que não afetam a segurança e nem a operação, mas potencialmente podem ser evitadas pela manutenção e, portanto, podem conduzir a redução de custos. Categoria “D” Modos de Falha apropriados para atividade do tipo “Descobrindo Falhas” - Teste do Sistema A árvore de decisão fornece um formato padrão que combina os modos de falha dos subsistemas e as tarefas de manutenção necessárias para evitá-las. O modo de falha da “Categoria A” não pode ser combinado com as tarefas efetivas de manutenção, há duas escolhas possíveis: aceitar as perdas ou desempenhar modificações nos projetos. O objetivo da modificação do projeto é remover o modo de falha ou, então pelo menos, modificar a classificação da criticidade. O tipo e freqüência das tarefas são variáveis que são definidas por pessoas envolvidas com a análise. Não há equações, fórmulas especiais ou programas de computadores para este processo. A construção para a “RCM” fornece uma estrutura de trabalho para decidir essas coisas, mas a decisão final está baseada no julgamento e experiência da engenharia. O resultado da aplicação desta lógica é uma correlação dos modos de falhas combinados com as tarefas de manutenção a serem implementadas de uma maneira mais eficiente. Há outra lista igualmente importante, ou seja, a dos modos de falha que “não” necessitam de um programa de manutenção. A força da metodologia “RCM” para a engenharia é que esta fornece uma justificativa para desempenhar ou não manutenção preventiva ou preditiva baseada na função de cada sistema ou subsistema e os possíveis modos de falha. Muitas vezes, manutenção excessiva pode na verdade reduzir a confiabilidade de um sistema. Sabendo-se onde ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-9 alocar e não alocar os recursos de manutenção é algo essencial para o sucesso de um projeto de manutenção. Passo 5: Implementar as Tarefas de Manutenção Nesta fase, as tarefas de manutenção requeridas já foram definidas. A última etapa do método “RCM” é agrupar as tarefas e combiná-las com os recursos disponíveis de trabalho. Este processo indica o tamanho da força de trabalho requerida e fornece as informações acerca das habilidades necessárias para a manutenção programada. Se os requisitos necessários não podem ser efetivamente combinados com as tarefas de manutenção, então as penalidades de custo podem ser estimadas ou uma reavaliação das tarefas de manutenção requeridas podem ser desempenhadas. Se os disponíveis excedem os requisitos necessários, então os recursos excedentes podem ser desdobrados. Se o número de pessoal disponível é menor que o número requerido para as tarefas de manutenção, os custos de reparo e de perda de produção resultantes podem ser expressivos, devido ao alto número de modos de falha, para o qual nenhuma manutenção preventiva ou preditiva é desempenhada. O propósito desta parte é muito mais do que um simples problema de atribuição de trabalho. É um procedimento muito poderoso que mede a eficiência de um programa de manutenção. Este tipo de medida não é uma computação de fórmula, mas um sofisticado processo compreensivo que considera o projeto inerente de um sistema, a tecnologia de manutenção disponível e os recursos de mão-de-obra disponível no contexto do custo global de operação. VI.6 - A Codificação do Sistema Há uma hierarquia natural gerada pela dependência funcional de um sistema para seus subsistemas, falhas funcionais e modos de falha. Cada modo de falha é único para uma falha funcional, cada falha funcional é única para cada subsistema e cada subsistema é único para cada sistema. A codificação é utilizada para simplificar o rastreamento de grandes volumes de dados estruturados, permitindo identificar rapidamente itens, tais como: subsistema, falhas funcionais e modos de falha. O índice hierárquico para as dependências funcionais de um grande sistema está baseado no uso de seis dígitos. O dígito da esquerda identifica o sistema. Os próximos dois dígitos identifica o subsistema. Os dígitos “4 e 5” identificam a falha funcional do subsistema. Os últimos dois dígitos referem-se ao modo de falha de uma falha funcional. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-10 x xx xx xx Sistema Subsistema Falha Funcional Modo de Falha 1000000 ===> Sistema 1 1020000 ===> Subsistema 2 - Sistema 1 1020300 ===> Falha Funcional 3 - Subsistema 2 - Sistema 1 1020304 ===> Modo de Falha 4 - Falha Funcional 3 - Subsistema 2 - Sistema 1 VI.7 - Aplicação da “RCM” O sistema escolhido para análise deverá satisfazer um ou mais dos seguintes critérios: • O sistema contribui significantemente para a disponibilidade da instalação. • Ganhos econômicos são esperados com a implementação da RCM. • A falha do sistema afeta a segurança da instalação. • O sistema é novo e requer um plano de manutenção. • Há normas e regulamentos relacionados com a operação do sistema. • A falha do sistema conduz a risco ambiental. • O sistema tem apresentado uma grande proporção de trabalho e/ou tempo de paralisação. • Dados estão disponíveis (não é muito importante). • .... . VI.8 – Resultados da Aplicaçãoda “RCM” A implementação da “RCM” conduz muitas vezes a mudanças das atividades na manutenção, tais como: • Mudanças na tarefa “baseada no tempo de operação do equipamento” para “baseada nas condições do equipamento (manutenção preditiva)”. • Mudança no conteúdo das tarefas correntes e/ou freqüência das tarefas. • Adição de novas tarefas. • Exclusão de tarefas. • Modificação do projeto para certos equipamentos ou componentes. Abaixo são apresentados alguns casos reais: ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE VI – MANUTENÇÃO CENTRADA NA CONFIABILIDADE Eduardo de Santana Seixas - Abraman Pág: VI-11 Florida Power Light: Sistema de Resfriamento de Água Objetivos ◊ otimizar as tarefas de manutenção preventiva ◊ reduzir a quantidade de manutenção corretiva ◊ reduzir os custos com a manutenção Observação Utilizando-se a metodologia da “RCM”, foram identificadas 66 funções envolvendo 180 falhas funcionais e 350 modos de falha dominantes, sendo que 50 modos de falha foram considerados como os mais importantes. Custo do Estudo Foi desenvolvido durante dois anos devido a complexidade do sistema. Benefícios ◊ redução dos custos de manutenção preventiva (mão-de-obra e material) em torno de 35%. Muitas tarefas de manutenção preventiva foram convertidas para manutenção preditiva, em outros casos, as freqüências da manutenção preventiva foram reduzidas. ◊ com a redução das paradas do sistema, espera-se obter um ganho de aproximadamente US$ 700,000.00 por dia. Lições Aprendidas ◊ a aplicação da metodologia foi um sucesso. ◊ a “RCM” não precisa ser aplicada para todos os sistemas. Os candidatos para análise deverão ser aqueles que apresentam um grande histórico de manutenção corretiva e preventiva de modo a se obter o máximo benefício com relação aos custos. ♦ Wisconsin Eletric Power Company: Sistema Pulverizador de Carvão Objetivos ◊ reduzir os custos de manutenção sem afetar a segurança e a disponibilidade do sistema ◊ determinar a necessidade para implantação de novas tecnologias de manutenção preditiva ◊ otimizar as tarefas de manutenção preventiva de modo a investir em novas tecnologias de manutenção preventiva Descrição Sistema Pulverizador de Carvão das Unidades “7” e “8” para análise da “RCM” foi identificado pelo Sistema Computadorizado para Gerenciamento da Manutenção como o sistema com o maior número global de horas de Manutenção. Com um histórico de falhas de 6 anos, uma abordagem quantitativa foi tomada, incorporando análise estatística, para desenvolver um programa de manutenção com o melhor custo-efeivo possível. Custo US$ 32,000.00 (800 Homens.hora para análise) Benefícios Economia de US$ 177,000.00/ano. Lições Aprendidas ◊ um projeto de “RCM” pode ser conduzido por uma pequena equipe, coordenada por uma pessoa que tenha boa capacidade de análise e comunicação ◊ o estudo da “RCM” permitiu reduzir os custos de manutenção sem degradar o desempenho do sistema e justificou a introdução de quatro novas tecnologias de manutenção
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