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Diagnóstico Bucal 2 – Josi – 23/11/2017 Aula 10 – Infecções Bacterianas - Tuberculose - Sífilis - Actinomicose cervicofacial - Gonorreia - Noma - Hanseníase - Impetigo - Escarlatina Tuberculose - Doença infecciosa crônica granulomatosa (toda doença granulomatosa faz diagnóstico diferencial com CCE) - Agente etiológico Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch), aeróbio estrito - 1/3 da população mundial infectada - Brasil é o 6º país em casos novos no mundo (SP, RJ, Recife) - É uma doença muito relacionada ao HIV e AIDS 2 motivos para explicar o aumento de casos - Tem tido resistência a vários antibióticos - Transmissão por via aérea, respiratória (gotículas, perdigotos e aerossóis) - Risco de infecção relacionado a presença de bacilos no ar inspirado, frequência, duração e intensidade dos contatos com o agente infeccioso - Em superfícies, o bacilo pode ficar viável por até 6 semanas (!!!) – importante fazer limpeza e desinfecção de instrumentos e superfícies - O ser humano é facilmente infectado, mas é resistente à doença (5-10% manifestam a doença) Fatores de Risco - Exógeno: concentração do bacilo no ar inspirado, precárias condições de vida, lugares insalubres com pouca luz e ventilação, duração, frequência e intensidade dos contatos com o agente infeccioso - Endógeno: subnutrição e desnutrição, mal estar geral de saúde (comprometimento do estado imunológico), estresse, idosos, alcoolismo (consumo é barato, muitas pessoas bebem para não sentirem fome), gravidez, doenças que causam imunossupressão Agravamento - Empobrecimento da população, assistência precária a saúde e expansão da epidemia de AIDS - Multirresistência do bacilo através de mutações - Grande parte da população carrega o bacilo - Falta de adesão ao tratamento, lenta duração do tratamento (6 meses), efeitos colaterais desagradáveis, rápido desaparecimento dos sintomas (1 mês) - a pessoa acha que já está bem e abandona o tratamento, mas continua transmitindo Testes - Reação de hipersensibilidade do tipo celular às proteínas do bacilo de Koch, que se estabelece após 2-4 semanas do contato - Teste cutâneo à tuberculose (PPD) A tuberculose é uma doença modelo por conta do tipo de evolução que ela apresenta patologicamente. É granulomatosa verdadeira, onde o granuloma é formado por linfócitos e células gigantes multinucleadas que circundam o bacilo. Com o tempo, ocorre a necrose caseosa evoluindo para liquefação e cavitação do pulmão (por isso que com o tempo os doentes começam a tossir sangue – sinal de progressão) e proliferação do bacilo Sintomas - Mal estar, tosse noturna, perda de peso, tosse produtiva com escarro purulento e/ou com sangue, febrícula todo dia sempre no mesmo horário - Acomete o pulmão em 85% dos casos - Doença sistêmica via corrente sanguínea (pele, ossos, articulações, rins, baço, trato gastrointestinal, meninges, linfonodos e boca) Tuberculose Primária (primo infecção, assintomática) - Infecção pulmonar primária - Formação do complexo primário: cicatriz com fibrose e calcificações visíveis na radiografia (granuloma calcifica) Tuberculose Secundária (reativação tardia do bacilo devido ao comprometimento imunológico) - AIDs, diabetes descompensada, idosos, drogas imunossupressoras, condições precárias de vida Tuberculose Miliar (comprometimento de outros órgãos além do pulmão) - Escrófula: aumento do volume dos tecidos linfoides orofaringeanos e dos linfonodos submandibulares e cervicais com dor e supuração - Linfonodos calcificados podem ser confundidos com sialolito em tomada radiográfica Lupus vulgaris (tem envolvimento da pele, principalmente da face) Lesões Bucais - Pouco frequente, extremamente raras - Primárias: gengiva, amigdalas, sem envolvimento pulmonar, crianças e adolescentes, úlceras indolores, bordas hemorrágicas, linfadenopatia satélite, geralmente desaparecem em 2-3 semanas sem deixar cicatriz - Secundárias: adultos de meia idade, língua, palato, lábios, mucosa jugal e gengiva, úlceras indolores (CCE), crescimento lento, rodeadas por manchas amareladas na periferia (“grânulos de Trelat”), gengivite granulomatosa, proliferativa, difusa, com formação de nódulos ou pápulas Obs: as infecções (diferente do CCE) geralmente não são únicas, acontece o comprometimento de mais de um sitio simultaneamente! Aspecto Microscópico No granuloma nós temos as células epitelioides, linfócitos e células gigantes multinucleadas (intensivo infiltrado inflamatório crônico) circundando uma região central onde temos o bacilo. Na região central mais rosada já começa necrose caseosa, que vai levar a liquefação e destruição tecidual local. - 32% de letalidade: AIDs - Doença que mais mata jovens e adultos - Bacilo acompanha a pessoa por toda a vida, podendo se manifestar a qualquer hora - Infecção pelo ar, com menos chance de proteção, somente a identificação e diagnóstico precoce do doente - Estágio inicial é confundido com gripe, bronquite, sinusite, alergia respiratória e outras doenças pulmonares – a pessoa acha que não é nada e não procura atendimento Diagnóstico - Radiografia do pulmão - Cultura do escarro ou de um tecido (identificação do bacilo) Tratamento - Terapia com drogas por meses ou anos (depende do grau de resistência bacteriana do bacilo) Piranizamida, isoniazida, rifampicina, etambutol (tratamento leva 8 meses) Isoniazida e rifampicina (16 semanas) Isoniazida e eritromicina (6 meses) - Quimioprofilaxia (quimioprevenção com a isoniazida) – quando já tem contato com o bacilo, já teve a primo infecção - Imunização com vacina da BCG – cuidado que o bacilo pode sofrer mutações Sífilis (DST) - Infecção crônica - Agente etiológico: Treponema pallidum (espiroqueta) - Anaeróbio / microaerófilo - Homem é o único hospedeiro natural e exclusiva fonte de infecção - No ambiente sobrevive alguns minutos/horas quando protegido por secreção - No sangue, a temperatura de geladeira, resiste cerca de 36h - Transmissões: contato direto sexual, transfusão, transmissão vertical podendo ocorrer por meio da passagem pela barreira placentária ou durante o parto normal - Não é transmitido por objetos inanimados (tem alta sensibilidade a agentes físicos e químicos) Possui 3 fases de evolução Inicial ou primária Secundária Terciária Primária - Período de encubação de 2 semanas a 3 meses, assintomático, mas já pode estar coexistindo com o Treponema - Aparecimento de lesão mucosa/cutânea (cancro duro – 1ª manifestação da sífilis primária) no local de inoculação do microrganismo e linfadenopatia - 85% genital, 10% anal, 4% boca e 1% outros - Cicatriza espontaneamente depois de 25 dias a 2 meses - Lesões se iniciam como pápulas, evoluem para erosão e úlceras indolores, bordas elevadas, exsudato rico em bactérias (Treponema) - Fase altamente contagiosa - Disseminação via hematogênica ou linfática para todo organismo Boca: Lábios e língua, mucosa jugal, palato, gengiva e amigdalas Úlcera indolor ou nódulo vascularizado (semelhante ao granuloma piogênico) Gotículas de saliva contaminadas e o exsudato da lesão podem ser veículo de transmissão Obs: Junto do cancro primário, vem junto uma linfadenopatia regional associada. A sífilis sempre está junto de linfadenopatia (menos a terciária). Se a úlcera é genital, vai ter linfadenopatia regional. Se for na boca, mesma coisa. Secundária - Comprometimento após 1-6 meses do aparecimento do cancro duro inicial - Sinais e sintomas parecidos com os da gripe, dor de garganta, cefaleia, dores articulares, febre, perda de apetite, anorexia, linfadenopatia e exantema mucocutâneo generalizado - Exantema: rash cutâneo (placas avermelhadas distribuídas pela pele) maculopapular difuso, áreas (manchas e placas) de hipo ou hiperpigmentação cutânea Assintomático ou com leve prurido, altamente contagioso, pode sofrer resolução espontânea lenta - A sífilis é uma doença que mais tem variação no aspecto clínico, ela podese manifestar de diversas maneiras - Essa fase tem duração média de 2 anos (1-4 anos) e pode ter fases de exacerbação e fases de melhora Boca: Placas mucosas (30-70%): colorações de carne crua ou acinzentada Úlcera (necrose epitelial superficial no centro das placas) Língua, palato e mucosa jugal Lesões múltiplas Altamente contagiosa, pode sofrer resolução espontânea (3-12 semanas), com recorrência (fases de reativação) Pode ser confundida com candidíase - Após manifestação secundária, o paciente entra em fase latente (pode ter uma cura espontânea, pode sofrer reativação das manifestações da secundária ou evoluir para terciária) ou clinicamente inativa - As características generalizadas desaparecem, como se o paciente nunca tivesse nada - Porém a sorologia permanece ativa, ou seja, ele ainda pode transmitir a doença Terciária - Destruição dos órgãos e tecidos (inflamação crônica), geralmente após 10 anos - Gona sifilítica: lesão granulomatosa destrutiva que pode atingir qualquer sitio Palato (perfuração para cavidade nasal) e língua (glossite intersticial) Glossite sifilítica: DOPM, atrofia difusa e perda das papilas linguais dorsais (deformidade anatômica da língua) Boca: língua e palato Obs: Sífilis tardia Neurosífilis, sífilis cardiovascular Sífilis Congênita - Mulheres que pegam sífilis e engravidam ou que pegam enquanto estão grávidas - Agente etiológico presente atravessa a placenta (após o 4º mês de gestação) - Maioria das manifestações/infecções ocorrem no 6º mês - Morte fetal, mal formação e infecções latentes - Muitas vezes há manifestações clínicas ao nascimento Obs: é pior/mais grave para o feto quando a mãe pega sífilis quando já está grávida Dividida em Recente: sintomas aparecem nos primeiros 2 anos de vida (1º ao 3º mês) – mais grave Tardia: sintomas aparecem a partir do 2º ano, ocasionando deformação de dentes, surdez, alterações oculares, dificuldade de aprendizagem, retardo mental – sintomas mais brandos Boca: Envolvimento dos dentes e tecidos bucais Incisivos de Hutchinson e molares em amora Tríade de Hutchinson: incisivos afetados, ceratite intersticial (pode levar a cegueira) e surdez (comprometimento do 8º nervo craniano, nervo vestíbulo coclear) – presença do Treponema no folículo dentário – não é obrigatório todos aparecem simultaneamente Diagnóstico - Exames laboratoriais: raspado da lesão e microscopia em campo escuro (fase inicial), teste sorológico VDRL (quando a doença é tratada ele deixa de dar positivo), FTA-ABS (permanece reagente/positivo pelo resto da vida) - Quem já teve sífilis e não sabe se está com sífilis de novo, é melhor biopsiar de novo ou pedir o VDRL (VDRL: quanto maior a titulação, pior) - Prevenção: sexo seguro Obs: sífilis facilita a infecção pelo HIV Tratamento - Antibiótico Penicilina G-benzatina (doxiciclina em caso de alergia, tetraciclina, eritromicina, ceftriaxona) Dose única (menos de 1 ano do aparecimento do cancro duro) 3 doses semanais (tempo desconhecido do aparecimento do cancro duro inicial) - Controle clínico e sorológico por 2 anos Actinomicose Cervicofacial - Infecção bacteriana - Pode ocorrer em qualquer lugar do corpo - Agente etiológico: Actinomyces israelli - Actinomicetos: bactérias gram+ anaeróbias filamentosas, vivem saprofitamente na mucosa bucal (convivemos em harmonia), podendo ser encontrado em regiões de tecido alterado: cáries, sulco gengival, bolsa periodontal, lesões periapicais, dentes com necrose pulpar - Trauma ou cirurgia prévia fazem com que a bactéria penetre os tecidos em profundidade e instala uma infecção crônica - Crônica (por anos, associadas a fibrose) Características Clínicas - Tumefação extraoral em área de mandíbula (pescoço e face na região do temporal, assintomático) - Nódulos múltiplos (micetonas) - Múltiplas fístulas com drenagem espontânea de pequenos grânulos amarelados de enxofre ou sulfúricos (colônias de microrganismo) - Raramente ocorrem intraoral - Diagnóstico diferencial: abscesso dentoalveolar – porém sem sintomatologia dolorosa e geralmente não tem manifestação dentro da boca Diagnóstico - Clínico - Identificação do agente: teste micológico direto, citologia esfoliativa, biópsia incisional ou cultura e antibiograma Tratamento Antibioticoterapia prolongada - Doses elevadas de penicilina G-benzatina por longo tempo - Amoxicilina + ácido clavulânico, tetraciclina - Drenagem - Remoção cirúrgica das fístulas Colônias de actinomices com aspecto raiado (de rosetas) em área de fibrose periférica, com cinturão de infiltrado inflamatório crônico (plasmocitário e linfocitário).
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