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LUANA TRINDADE SOUSA DE OLIVEIRA MANEJO DO PACIENTE COM TUBERCULOSE Medicina – UNIPTAN – 5º Período No atendimento realizado na terça-feira dia 20 de março de 2018, na ESF Bandeirante, por Yasmim, Gabriel e eu (Luana), abordamos um paciente que estava com suspeita de tuberculose. Na anamnese, sua história clínica estava muito parecida com o quadro de tuberculose, pois o mesmo apresentava: Tosse produtiva de início com evolução para tosse seca há mais de 21 dias; Febre vespertina (não aferida pelo paciente) acompanhada de calafrios; Sudorese noturna; Dispneia e dor ventilatório-dependente; Perda de peso (cerca de 9kg referido pelo paciente). No final de semana anterior (dia 17 de março), o paciente teve piora dos sintomas e procurou a UPA da cidade. O médico plantonista fez o pedido do BAAR para o paciente que foi realizado na segunda feira dias 19 de março, o resultado irá sair no dia 26 de março. Na UPA o paciente realizou uma radiografia de tórax de demonstrou uma cavitação em ápice pulmonar direito, com bordas espessas que podem indicar uma tuberculose em atividade. Pedimos ao paciente para retornar à ESF na próxima semana, para confirmarmos o diagnóstico com o resultado do exame em mãos. Já iniciamos o tratamento do paciente com a antibioticoterapia específica para o caso, e assim como o tratamento é demorado e demanda uma extrema colaboração do paciente, escolhi escrever sobre o manejo do paciente com tuberculose. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) que pode atingir várias partes do corpo humano, tendo o microrganismo um maior tropismo pelos pulmões. Constitui um grande problema de saúde pública mundial e a OMS, no ano de 2014 traçou estratégias para que em 2035 o mundo esteja livre da doença. (Ministério da saúde, 2017). De acordo com o Ministério da Saúde (2017) no Brasil, no ano de 2015 mais de 69 mil pessoas adoeceram com tuberculose, desse número, 4,5 mil morreram com a doença . 6,8 mil pessoas que são infectados pelo vírus do HIV desenvolveram a tuberculose e 1.077 desenvolveram a tuberculose drogarresistente. Esses números são alarmantes, o que faz com os profissionais de saúde aprendam a melhor lidar com os pacientes acometidos pela doença. Assim que identificarmos um paciente com suspeita de Tuberculose, devemos pedir ao paciente para utilizar a máscara cirúrgica, e realizar os pedidos dos exames radiológicos (radiografia de tórax) e microbiológicos (BAAR e cultura). Se o paciente não conseguir realizar a coleta de escarro, devemos realizar a broncoscopia. Em casos de BAAR + paciente deve permanecer com a máscara cirúrgica e devemos repetir o exame com mais duas amostras. Com a positividade dos exames, devemos utilizar a máscara N95. A conduta proposta é de se iniciar o tratamento o mais precocemente possível , pois além de se quebrar a cadeia de transmissão e evita as complicações que a doença pode acarretar em seu portador. No Brasil, é recomentado o Tratamento Diretamente Observado (TDO) que visa diminuir as taxas de abandono do tratamento, para que não ocorra casos de resistência ao tratamento convencional além de fortalecer o vínculo entre o paciente e o profissional de saúde. O TDO pode ser realizado na casa do paciente ou na própria unidade de saúde, o que for melhor para o paciente deve ser priorizado. A unidade de saúde deve (Sampaio, 2012): Identificar e ordenar local na unidade para o acolhimento do paciente e observação da tomada dos medicamentos; Viabilizar incentivos e facilitadores para o processo do tratamento, já que é um tratamento prolongado e de difícil conclusão; Realizar um controle diário do tratamento do paciente, com anotações que fiquem na ESF e outras em um cartão para o controle do próprio paciente; Em casos de falta, entrar em contato por algum meio (telefone e /ou visitas domiciliares), no mesmo dia. Os fármacos utilizados para o tratamento são: Rifampicina 150 mg, Isoniazida 75 mg – ambos possuem um grande poder bactericida, Pirazinamida 400mg, Etambutol 275mg que é um bacteriostático. Esse medicamento é em dose fixa, VO, 24/24 horas, por 2 meses. A dose é conforme o peso do paciente: 20-35 Kg: 2 comprimidos/dia; 36-50 Kg: 3 comprimidos/dia; Acima de 50 Kg: 4 comprimidos/dia. Após os 2 meses com o esquema inicial, alterar para o esquema de manutenção, com Rifampicina 150 mg e Isoniazida 75 mg, por 4 meses com a dose conforme o peso, indicada acima. Devemos explicar claramente ao paciente que o tratamento é duradouro, que pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dor abdominal, urina avermalhada, dores articulares, cefaleia, ansiedade, prurido, a rifampicina interfere na ação dos contraceptivos orais, dentre outros efeitos; orientar sobre a adesão ao tratamento para a melhora e cura da doença. Todas as pessoas que mantiveram contato com o paciente com a tuberculose ativa devem ser rastreados e devem ir a unidade de saúde para serem examinados. Podemos pedir o exame de prova tuberculínica nesses casos, em contatos assintomáticos. Já paciente sintomáticos respiratórios, devemos solicitar BAAR e radiografia de tórax. Se após o convite os contatos não comparecem a unidade realizar uma busca ativa. Com essa pesquisa e experiência vivida na aula de MGFC, percebi o quão importante é o conhecimento de todos os membros da equipe de saúde, sobre o manejo do paciente com tuberculose, já que o acompanhamento demanda muito dos profissionais e do próprio paciente. Pretendo em minha vida profissional, estar sempre alerta em todos os casos de doenças infectocontagiosas, colocando a educação em saúde, visando sempre a promoção de saúde, sempre como prioridade para os pacientes que frequentam a unidade de saúde, para melhorar a comunicação e auxiliar na eficácia dos tratamentos quando são necessários. REFERÊNCIAS Sampaio, TC. Tuberculose. In: Gusso, G; Lopes, JMC. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. 2ed. Porto Alegre – 2012. Ministério da Saúde. Brasil Livre da Tuberculose. 1ed. Brasília – DF, 2017 – acesso em 24 de março de 2018, disponível em : http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/fevereiro/24/Plano-Nacional-Tuberculose.pdf Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Brasília, DF ; 2011.
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