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Diário de campo Inclusão real X inclusão ideal

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
BÁRBARA CRISTINA MARTINELLI DE JESUS, 1219773
PORTFÓLIO
UTA EDUCAÇÃO E TRABALHO
MÓDULO A – FASE I
MOGI DAS CRUZES
2018
INCLUSÃO IDEAL X INCLUSÃO REAL
Como professora de educação infantil por oito anos e de ensino fundamental há três, tenho me deparado com diversas situações, envolvendo a inclusão na sala de aula, por tanto neste diário de campo, colocarei minhas observações das escolas nas quais leciono atualmente e algumas referências sobre experiências passadas de escolas onde já lecionei.
Atualmente sou professora na rede municipal de ensino da minha cidade, e criei dois nomes fictícios para representar as escolas que trabalho. A primeira escola é a “Escola municipal Ômega Um*”, em um 2º ano, com 32 alunos. Esta é uma escola de tempo integral com 700 alunos em média num bairro da periferia da cidade. A escola possui estrutura física acessível e atende Educação Infantil e Ensino Fundamental nos anos iniciais.
A outra escola onde sou professora é a “Escola Municipal Beta Dois*”, em um 1º ano, com 26 alunos. Esta é uma escola de período parcial com 200 alunos em media também em um bairro da periferia da cidade. A escola possui estrutura física acessível na parte interna, já na área externa que contempla o parque, não e, também atende Educação Infantil e Ensino Fundamental nos anos iniciais.
Nas duas escolas, existem diversos alunos de inclusão, alguns já com laudos finalizados e outros ainda com laudo inconclusivo, e tantos outros sem atendimento especializado, onde em sua maioria a família se recusa a buscar o atendimento necessário negando os “problemas” do filho.
Na primeira escola, iniciei o ano de 2018 (o aluno foi transferido pra uma escola mais próxima de sua residência) com um aluno portador de necessidades especiais em minha turma, o aluno possuía TEA (Transtorno do Espectro Autista) e atraso no desenvolvimento. Minha visão como professora deste aluno, é que ele não se favorecia da inclusão real, já que ele era totalmente dependente e não tinha um acompanhante ou cuidador, além de estar numa sala lotada e barulhenta. O aluno usava fraldas, não se alimentava sozinho, interagia apenas com a professora e ainda assim muito pouco, e não se comunicava de forma entendível, além de não realizar atividades, mesmo as lúdicas e concretas que pesquisei e montei no intuito de ajudá-lo. A estrutura física da escola o atendia perfeitamente, pois usávamos a rampa devido a sua dificuldade de locomoção, e não havia degraus nos demais espaços, mas o aluno passava o dia de cabeça baixa na mesa e não queria interagir com a turma (que sempre o acolheu da melhor maneira possível), o único momento em que o aluno demonstrava alegria era na hora de ir embora quando via a mãe ou a avó e, sua família queria que o aluno frequentasse o período integral, mesmo consciente das dificuldades da criança e da falta de cuidador ou acompanhante, mesmo a lei assegurando isso à criança, o município dizia não dispor de pessoal para esse atendimento, e que competia ao professor da sala fazê-lo. Então por muitas vezes, na tentativa de atender a esse aluno, deixei o restante da turma de lado, pois ele necessitava de muita atenção, e também tivemos momentos em que ele teve “crises”, onde gritou e jogou coisas, assustando os colegas que não entendiam muito bem o que estava acontecendo.
Mas temos que pensar que para que a inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino. Essas mudanças deverão levar em conta o contexto socioeconômico, além de serem gradativos, planejadas e contínuas para garantir uma educação de ótima qualidade (Bueno, 1998).
Na segunda escola, não tive em minha turma nenhum aluno com necessidades especiais, mas observei as colegas. A professora de outro primeiro ano, tem um aluno com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), que também não conta com acompanhante ou cuidador e o aluno por vezes “foge” da sala e fica correndo e gritando nos corredores, e a professora para “encontra-lo” e convencê-lo a voltar, deixa os demais alunos sozinhos, pois mesmo nos ajudando sempre que possível, há momentos em que não há alternativa. Ela sempre se queixa da família que por vezes deixa a criança sem suas medicações e não avisa ou justifica, o que o deixa ainda mais agitado, e da dificuldade em fazer uma aula sem interrupções ou crises do aluno (que segundo ela, são constantes e aparentemente “sem” motivos) o que tem prejudicado o rendimento da turma como um todo.
Estar incluído é muito mais do que uma presença física:
é um sentimento e uma prática mútua de pertença
entre a escola e a criança, isto é, o jovem sentir que
pertence à escola e a escola sentir que é responsável
por ele (Rodrigues, 2003)
Dentro do que a lei nos mostra, acho importante observa o efetivação da inclusão, mas também sua qualidade, não apenas para o aluno portador de necessidades especiais, mas também da turma que o acolhe e da professora que o atende, e pude notar que nessas escolas o estrutura física é atendida em sua maioria, mas o que mais prejudica e impede que a inclusão ocorra, ainda é a falta de um profissional capacitado para acompanhar o aluno, pois na maioria das vezes, os professores não possuem especialização nessa área e nem sabem “ o que fazer com esse aluno”, além de ter de dar conta de resultados exigidos pela gestão sem que haja o suporte necessário para que a educação se efetive. Muitas vezes parece que a inclusão não prioriza o aluno e sua individualidade, e torna-se apenas um lugar para deixar o filho enquanto se trabalha ou resolve outros assuntos, já que os próprios pais, dificilmente se preocupam quanto à qualidade de educação inclusiva que seu filho recebe.
Cheguei à conclusão de que a legislação é atendida apenas nos mais básicos quesitos, como por exemplo, o direito ao acesso, ingresso, e permanência e também sobre a estrutura física em alguns casos, em manter os alunos em salas regulares e coisas do tipo, já naquilo que é essencial e que realmente faria a diferença para esse aluno e sua real inclusão não apenas na escola, mas na sociedade como um todo, a lei atende somente o papel. Não temos profissionais capacitados, nem materiais, nem apoio pedagógico ou administrativo para lidar com esse aluno e sua família, e nem apoio no momento de justificar aos pais dos outros alunos, que sempre nos culpam, pelas perdas e atrasos no desenvolvimento da turma devido ao atendimento precário desse aluno e percebo que enquanto não tivermos profissionais capacitados e suficientes para atender aos alunos com necessidades especiais, a inclusão continuará excluindo mais do que incluindo, e excluindo não apenas o aluno que dela necessita, mas também seus colegas e professores, e também sua família que se sente de mãos atadas por não conseguir resolver coisas que fogem de sua alçada. A legislação existe e é bonita, mas sua real efetivação, ainda é precária.
A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de fundamental importância para o desenvolvimento e a manutenção de um Estado Democrático. Entende-se por inclusão a garantia a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sendo que esta deve ser orientada por relações de acolhimento à diversidade humana, de aceitação das diferenças individuais, de esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida (BRASIL, 2001)
*Nomes inventados para representar as escolas citadas.
Referências Bibliográficas
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Resolução CNE/CEB nº 2/2001)
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 - Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

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