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Estudo Dirigido Curso: PEDAGOGIA Disciplina: CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – 44 h Módulo: 5 Aula 07: EDUCAÇÃO AMBIENTAL ENQUANTO TEMA TRANSVERSAL EXEMPLO Lixo nosso de cada dia Um olhar sobre nosso lixo Na natureza, as plantas e animais mortos apodrecem e se decompõem, sendo destruídos por larvas, bactérias, fungos e minhocas. Os nutrientes que eles contêm voltam para a terra quando serão usados novamente por plantas e animais. Nos jardins, quando folhas, frutos e plantas mortas caem no chão, decompõem-se e formam o húmus ou adubo – esse processo é chamado de compostagem e é a reciclagem natural. Na natureza não existe lixo pois esse é novamente usado e transformado em substâncias aproveitáveis. O mesmo não acontece em centros urbanos... Após o consumo, papel, plástico, metal, vidro e alimentos entre outros, viram lixo chamado tecnicamente de resíduo sólido significando, na linguagem popular: tudo o que não se quer mais ou “matéria-prima fora do lugar”. Mas se a gente olhar com atenção podemos identificar tipos diferentes de lixo: lixo úmido ou molhado (restos de comida, cascas de frutas e legumes), lixo seco (papel, metal, vidro, plástico, folhas e galhos, lixo tóxico (pilhas, baterias, embalagens de tintas, inseticidas, desinfetantes), lixo verde (folhas e galhos), lixo hospitalar dentre tantos outros. A geração de lixo é um dos principais problemas ambientais considerando que cada pessoa em média produz 1 kg de lixo por dia e só no Brasil são produzidos 150 mil toneladas/dia. Problemas Social • Presença de seres humanos nos depósitos de lixo a céu aberto revirando o lixo a procura de embalagens e alimentos em condições insalubres é um dos principais problemas sociais. Famílias inteiras se sustentam do lixo e há alguns anos o Projeto “Criança no Lixo Nunca Mais” do UNICEF vem erradicando o trabalho infantil nesses depósitos. (Ecomarapendi). • Profissionais que trabalham em cooperativas e sucateiros/ferro-velho na recuperação de materiais recicláveis do lixo vivem em condições precárias de trabalho (pois não usam equipamentos de proteção individual podendo contrair doenças) e de vida (um percentual são pessoas com auto-estima baixa e alcoólatras). Político – fiscalização falha, falta de sensibilização quanto à questão ambiental por parte dos políticos; falta de um posicionamento responsável por parte dos cidadãos (ir além do colocar o lixo ensacado no dia do caminhão de coleta ou separar seu lixo e se preocupar em consumir somente o necessário evitando o desperdício, falta de uma propaganda sobre o descarte correto do lixo (“cidade limpa é aquela que menos se suja”). Cultural – vivemos na Era do descartável onde a mídia (TV, rádio, internet) reforça o consumo, o usar e jogar fora; falta de educação. Econômico – grandes investimentos na recuperação de áreas degradadas, corpos dágua contaminados, gastos na saúde da população; grande desperdício de matérias- primas totalizando 4,6 bilhões (Sabetai) e de emprego. Ambiental - Desperdício de matérias primas, pois além de cada embalagem vir de um recurso natural: Papel (árvores), Plástico (petróleo), Vidro (areia), metal (minério) etc, a produção desses materiais requer água e energia. • Longo tempo para se degradar: Papel (3 meses a 2 anos); plásticos (até 500 anos); lata de aço (10 anos); alumínio, borracha e vidro (indeterminado) filtro de cigarro (3 a 5 anos), etc. • escassez ou inexistência de áreas para a disposição final do lixo. • grande volume de lixo descartado nas ruas e não em lixeiras pela população (na cidade do Rio de Janeiro 40% da coleta é das ruas) gerando entupimento de bueiros e conseqüente enchentes na época das chuvas, além de maior gasto com a limpeza das ruas do que se o lixo fosse coletado nas lixeiras (R$135,00 reais a ton/dia versus R$45,00 reais a ton/dia) acarretando menos recursos para as áreas da Saúde e da Educação. • presença de urubus em áreas próximas a aeroportos quando a disposição final é incorreta. • destinação final inadequada (lixão – 76%, aterro controlado - 13%, aterro sanitário – 10%). (OBS: Lixão: disposição do lixo sobre o solo sem medidas de proteção ao meio ambiente e a saúde pública; Aterro controlado: disposição do lixo sobre o solo com cobertura de uma camada de material de argila na conclusão de cada jornada de trabalho e Aterro sanitário: o terreno de um aterro sanitário é impermeabilizado, há um sistema de captação do chorume e do gás metano, além do recobrimento do lixo com uma camada de terra. • poluição do ar: provocada pelo mal cheiro, pela queima do lixo; emissão de o CO2 (gás carbônico) e o CH4 (gás metano) que são produtos da decomposição do material molhado e os principais responsáveis pelo efeito estufa ou aquecimento global. • poluição visual • poluição do solo e da água: provocada pelo chorume - líquido preto, produto da decomposição da matéria orgânica altamente tóxico e mal cheiroso. Ressalta-se que 50% do nosso lixo é orgânico e que como a disposição a céu aberto é predominante no Brasil (56% dos municípios brasileiros) quando chove, aumenta a velocidade de formação do chorume. Além disso, resíduos de fontes especiais como os industriais, radioativos, agrícolas e de saúde nem sempre são dispostos adequadamente apesar da existência de legislação a respeito. • doenças transmitidas por diferentes vetores constituindo problema sanitário de importância quando não recebe os cuidados convenientes. Seguem alguns deles: Vetores Formas de transmissão Enfermidades Rato e pulga Mordida, urina, fezes e picada Leptospirose, peste bubônica e tifo mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva Tifo, cólera, amebíase, disenteria, giardíase, ascaridíase mosquito Picada Febre amarela, dengue, leishmaniose barata Asas, patas, corpo e fezes Tifo, cólera e giardíase Gado e porco Ingestão de carne contaminada Teníase, cisticercose (vermes) Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose Fonte: BARROS (1995) in: FUNASA, 2002 Frente a isso tudo, as soluções vão desde: Redução do consumo (1º e mais importante) (adquira apenas o indispensável, consuma bens mais duráveis e de qualidade, recuse descartáveis, use dois lados da folha de papel, ponha no prato só o que você vai comer) - Disposição correta (sacos fechados e colocados somente nos dias da coleta) – cidade limpa é aquela que menos se suja. Segundo Carregal, 1992, a população não está preocupada com o destino final do seu lixo nem com a limpeza de sua cidade: “o brasileiro não vê a rua como espaço seu, e sim do governo...” isso acarreta um custo diário de: R$ 135,00/tonelada pelo lixo recolhido das ruas e R$ 45,00/tonelada por aquele retirado das lixeiras (Comlurb), sem falar que o dinheiro utilizado na limpeza das ruas poderia estar sendo aplicado em outros setores como a Educação e a Saúde. - Separação prévia dos materiais para posterior: Reutilização (2º passo) - dar nova utilidade para materiais que seriam descartados - ou encaminhamento para a reciclagem (3º passo) - transformação industrial dos materiais recicláveis. Vantagens de praticarmos os 3 erres: Reduzir, Reutilizar e Reciclar economia de recursos naturais; disponibilidade de áreas para outros fins; melhoria da qualidade de vida dos catadores - Os catadores são reconhecidos como verdadeiros agentes ambientais, responsáveis por 90% de todo material que chega as indústrias de reciclagem. (MMA/IDEC, 2002 in: Programa Lixo e Cidadania). Quando organizados em cooperativas, trabalham em condições mais dignas e produzem mais e melhor! Prolongamento da vida útil dos depósitos de lixo; redução do consumo de energia e água na produção; geração de renda pela comercialização dos recicláveis podendo apoiar atividades assistenciais; reforço do espírito de equipe através de uma atividade sadia, praticada igualmente por todos os funcionários; Como encaminhar para a reciclagem? utilizarmos cores padronizadas nos coletores para facilitar a separação e posterior encaminhamento dos materiais (Padrão de cores segundo a Resolução CONAMA nº 275 (25 de abril de 2001): AZUL: papel/papelão; LARANJA: resíduos perigosos VERMELHO: plástico; BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde VERDE: vidro; ROXO: resíduos radioativos AMARELO: metal; MARROM: resíduos orgânicos PRETO: madeira CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação Primeiro: identificamos o que é reciclável do que não é: RECICLÁVEL NÃO RECICLÁVEL Papel Jornais e revistas; folhas de caderno; caixas em geral; aparas de papel; cartazes; embalagens cartonadas (Longa Vida) Etiqueta adesiva; papel carbono; fitas adesivas; papéis sanitários; guardanapos; tocos de cigarro; fotografias Metal Latas de folha de flandres (lata de óleo, leite em pó, salsicha...); latas de alumínio; panelas; fios de cobre; clips e grampos Esponjas de aço Vidro Recipientes em geral; garrafas de vários formatos; copos Espelhos; vidros planos; lâmpadas*; cerâmica; porcelana; tubos de TV Plástico Embalagens de refrigerante, de material de limpeza; copos plásticos, canos e tubos; sacos plásticos em geral Cabo de panela; tomadas e interruptores Implantação de programas de coleta seletiva Em primeiro lugar entender o caminho dos recicláveis: Caminho ideal dos recicláveis é serem separados previamente para não se misturarem com o lixo molhado ou tóxico. A partir daí são entregues a um catador, cooperativa, armazenados em lixeiras próprias, coletados por caminhões diferenciados da limpeza pública. Após a coleta, o material é levado para depósitos e separados novamente pelos catadores por tipo (papel, plástico, vidro, metal). Em seguida são vendidos para sucateiros que por sua vez revendem às indústrias na forma de fardos numa quantidade bem grande (toneladas). Nas indústrias os materiais são transformados em outros materiais novos. O segundo passo é conhecer a realidade local: quantidade e composição de lixo gerada diariamente; quem coleta e se existe algum catador de materiais recicláveis; local e recursos materiais (latões, tambores e etc) para armazenagem do material; pessoal que trabalha na limpeza e coleta e sua rotina (freqüência, horários, etc); mercado: preços, compradores, doadores; qual o perfil do público-alvo (levantamento das demandas, desejos e necessidades de informações necessárias para a implantação do projeto), promoção de encontros diversos com todos através de debates, vídeos, exposição de materiais recicláveis. O terceiro passo é montar a parte operacional: quais materiais serão coletados; quem fará a coleta; onde será estocado o material; para quem será vendido; qual a freqüência do recolhimento; quem será o responsável pela coordenação do programa; como será feita a mobilização / manutenção do fluxo de informações com retorno financeiro e com retorno da quantidade de lixo que está sendo descartado e quantidade de material que está sendo encaminhado para reciclagem. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995. DIAS, G. F. Atividades interdisciplinares de educação ambiental. São Paulo: Global, 1994. FIGUERÓ, Mary. A viabilidade dos temas transversais à luz da questão do trabalho docente. Revista de Psicologia educacional e institucional. Universidade de Londrina, 2000. 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