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4 HERMENÉUTICA ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO Aula 2

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TIPOS DE INTERPRETAÇÃO
- ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO - 
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INTERPRETAÇÃO
Hermenêutica (hermeneuein) = interpretação.
Deus Hermes – tinha a função de trazer e traduzir as mensagens divinas.
Antiguidade – discussão de poetas, religiosos, profanos, jurisconsultos.
Reforma e Contra-reforma.
FRIEDRICH SCHLEIERMACHER – séc. XIX - Hermenéutica: arte e técnica da interpretação.
WILHELM DILTHEY (1833–1911) ciências do espírito (compreender) e ciências da natureza (explicar).
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Hermeneutas
Carlos Maximiliano (1873-1960)
Robert Alexi
Ronald Dworkin
Klaus Günter
Hans-Georg Gadamer
Rodolfo Viana Pereira
Lênio Luiz Streck
Luís Roberto Barroso
Friedrich Müller
Peter Häberle 
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QUALIDADES DO HERMENEUTA
Para ser hermeneuta completo, é mister entesourar “profundo conhecimento de todo o organismo do Direito e cognição sólida, não só da história dos institutos, mas também das condições de vida em que as relações jurídicas se formam”. (Roberto di Ruggiero)
“A interpretação das leis é obra de raciocínio e de lógica, mas também de discernimento e bom-senso, de sabedoria e experiência.” (Demolombe)
Um código, porventura teoricamente ótimo, sempre exige, para a sua perfeita observância, aplicadores exornados de grandes dotes intelectuais. (Rumpf)
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Hermenêutica Jurídica
Hermenêutica – interpretação do sentido das palavras.
Hermenêutica Jurídica – teoria científica da arte de interpretar; aplicar e integrar o direito.
INTEGRAÇÃO DO DIREITO – a lei pode apresentar lacunas, sendo necessário preencher tais vazios, a fim de que possa dar sempre resposta jurídica ante o desamparo de lei expressa.
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CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO
INTERPRETAR é fixar o verdadeiro sentido e alcance de uma norma jurídica. É indagar a vontade atual da norma e determinar seu campo de incidência.
ELEMENTOS QUE INTEGRAM O CONCEITO DE INTERPRETAÇÃO: 
Revelar seu sentido – descobrir a finalidade da norma jurídica;
Fixar o seu alcance - delimitar o seu campo de incidência;
Norma Jurídica - gênero (leis, jurisprudência, costumes, negociais)
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INTERPRETAÇÃO 
ato de intelecção e ato de vontade
A INTERPRETAÇÃO É TAREFA PELA QUAL SE PROCURA, EM PRIMEIRO LUGAR, CONHECER A LEI NA SUA MAIS EXTENSA E RECÔNDITA SIGNIFICAÇÃO DE MODO A EXTRAIR DELA A SUA CAPACIDADE NORMATIVA EXPLÍCITA E IMPLÍCITA E, EM SEGUNDO LUGAR, TRAÇAR O CAMPO DA LIBERDADE DE DECISÃO DE QUEM A APLICA.
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NECESSIDADE DA INTERPRETAÇÃO
CORPUS JURIS CIVILIS – a interpretação cabia ao imperador.
Código Napoleão de 1807 – proibia a interpretação
Código da Baviera de 1841 – proibia a interpretação.
PRINCÍPIO – “in claris cessat interpretatio” – 
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TEMAS A PRIORI
1) CERTEZA E SEGURANÇA JURÍDICA;
2) PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES;
3) CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO;
4) IMPARCIALIDADE E NEUTRALIDADE;
5) A COISA JULGADA (Art. 467, CPC);
6) MONISMO E PLURALISMO JURÍDICO
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.
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ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
quanto à origem ou fonte de que emana 
AUTÊNTICA – emana do próprio poder que fez o ato cujo sentido e alcance ela declara. (Se opera por meio da lei);
JUDICIAL – resulta das decisões prolatadas pela justiça (jurisprudência);
ADMINISTRATIVA – elaboradas pela própria administração por seus órgãos e consultorias: pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias;
DOUTRINÁRIAS – realizada cientificamente pelos doutrinadores, jurisconsultos, juristas através de suas obras. (Intepretação privada).
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LEI INTERPRETATIVA
Para alguns autores a lei interpretativa é corretiva da anterior, portanto, lei nova que a revoga, conforme LINDB, Art. 1, §4º:
“As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.”
A lei interpretativa retroage à data da lei interpretada para atingir os casos pendentes, muito embora não atinja a coisa julgada por força de determinação constitucional (Art. 5º, XXXVI).
OBS: Art. 106, do Código Tributário Nacional.
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ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
quanto à natureza
LITERAL OU GRAMATICAL – toma como ponto de partida o exame do significado e alcance de cada uma das palavras da norma jurídica. Ela se baseia na letra da norma jurídica;
LÓGICO-SISTEMÁTICA – busca compreender a norma como parte integrante de um todo, em conexão com as demais normas jurídicas que com ela se articulam logicamente;
HISTÓRICA – indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma jurídica.
TELEOLÓGICA – busca o fim que a norma jurídica tenciona servir ou tutelar, e que constitui a chamada ratio legis.
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INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
A interpretação gramatical consiste numa análise morfológica e sintática do texto normativo. Por ela, se procuram os verba legis. Essa era a única interpretação admitida pela Escola de Exegese na França.
Código Tributário Nacional - CTN:
“Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I – suspensão ou exclusão do crédito tributário
II – outorga de isenção
III – dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.”
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O PROCESSO GRAMATICAL EXIGE A POSSE DOS SEGUINTES REQUISITOS*
1) conhecimento perfeito da língua empregada no texto, isto é, das palavras e frases usadas em determinado tempo e lugar; propriedades e acepções várias de cada uma delas; leis de composição; gramática;
2) informação relativamente segura, e minuciosa quanto possível, sobre a vida, profissão, hábitos pelo menos intelectuais e estilo do autor, orientação do seu espírito, leituras prediletas, abreviaturas adotadas;
3) notícia completa do assunto de que se trata, inclusive a história respectiva;
4) certeza da autenticidade do texto, tanto em conjunto como em cada uma das suas partes.
*Bernardino Carneiro
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PRECEITOS ORIENTADORES DA EXEGESE LITERAL
1) Cada palavra pode ter mais de um sentido; e acontece também o inverso – vários vocábulos se apresentam com o mesmo significado; por isso, da interpretação puramente verbal resulta ora mais, ora menos do que se pretendeu exprimir.
2) O juiz atribui aos vocábulos o sentido resultante da linguagem vulgar; porque se presume haver o legislador, ou escritor, usado expressões comuns; porém, quando são empregados termos jurídicos, deve crer-se ter havido preferência pela linguagem técnica.
3) Presume-se que a lei não contenha palavras supérfluas; devem todas ser entendidas como escritas adrede para influir no sentido da frase respectiva
4) Na dúvida, prefere-se o significado que torna geral o princípio em a norma concretizado, ao invés do que importaria numa distinção, ou exceção.
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CRÍTICA À INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
Como o Direito evolve e a finalidade varia, altera-se o sentido das normas sem se modificar o texto respectivo; portanto a interpretação exclusivamente filológica é incompatível com o progresso. Conduz a um formalismo retrógrado; não tem a menor consideração pela desigualdade das relações da vida, à qual deve o exegeta adaptar o sentido da norma positiva. A linguagem, como elemento de Hermenêutica, assemelha-se muitas vezes a certas rodas enferrujadas das máquinas, que mais embaraçam do que auxiliam o trabalho. Motivos de sobejo têm tido os mestres para cobrir de ridículo a preferência retrógrada: apelidaram à exegese puramente literal – interpretação judaica; e também – analítica, elementar, inferior, em contraposição à lógica – sintética, ideológica, superior. Como instrumento para transmitir ideias, as palavras se lhes antolham – inadequadas, imperfeitas, sem a necessária dutibilidade, verdadeiros parquidermes da ordem intelectual.
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INTERPRETAÇÃO LÓGICA
O PROCESSO LÓGICO propriamente dito consiste em procurar descobrir o sentido e o alcance de expressões do Direito sem o auxílio de nenhum elemento exterior com aplicar ao dispositivo em apreço um conjunto de regras tradicionais e precisas tomadas de empréstimo à Lógica geral. Pretende do simples estudo das normas
em si, ou em conjunto, por meio do RACIOCÍNIO DEDUTIVO, obter a interpretação correta.
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PROCESSO LÓGICO: ATITUDE FORMAL, que procura solucionar eventuais incompatibilidades pelo estabelecimento: 
a) de regras gerais atinentes à simultaneidade de aplicação de normas, que introduzem os critérios de sucessividade (lei posterior revoga a anterior), de especialidade (lei especial revoga a geral), de irretroatividade (lei posterior não pode atingir direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada), ou de irretroatividade (lei posterior, em certos casos, interfere em relações já normadas, para dar-lhes solução mais justa);
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PROCESSO LÓGICO: ATITUDE FORMAL
b) De regras alusivas ao problema da especialidade, tendo em vista a aplicação de normas válidas em territórios diversos, mas que, por certas razões, cruzam-se nos seus âmbitos, que introduzem os critérios da lex loci (a forma dos negócios jurídicos é a do local de sua celebração; o seu cumprimento obedece à lei do lugar de sua execução; o direito real disciplina-se pela lei do local em que a coisa está situada) e da lex personae (as relações familiares, matrimoniais, regem-se pela lei do domicílio; também as questões de estado e capacidade das pessoas).
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PROCESSO LÓGICO: ATITUDE PRÁTICA
Atitude prática, que visa evitar incompatibilidade à medida que elas se forem apresentando, repensando as disposições normativas, atendo-se à situação. Por exemplo, as regras jurisprudenciais, que vislumbram as situações conforme os critérios de justiça, buscando uma solução mais equitativa para os conflitos, reinterpretando a norma conforme as exigências de uma decisão justa. O mesmo se diga das regras de interpretação dos negócios jurídicos. Por exemplo, as que determinam se atenda mais à intenção dos contratantes do que à letra das normas; que, em caso de conflito, a incompatibilidade prejudique o outorgante e não o outorgado; que as cláusulas duvidosas sejam interpretadas em favor de quem se obriga e não do que se obriga.
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PROCESSO LÓGICO: 
ATITUDE DIPLOMÁTICA
ATITUDE DIPLOMÁTICA, que recomenda ao intérprete, tentando evitar incompatibilidade em certo momento e em determinadas circunstâncias, invente uma saída que solucione, mesmo provisoriamente, apenas aqueles conflitos. Por exemplo, as ficções interpretativas, consistentes num pacto, admitido pelas partes, pelas conveniências sociais, pela equidade, que permite raciocinar como se certo fato ocorrido não tivesse acontecido e vice-versa. É a hipótese do juiz que, para fundamentar uma decisão que reputa justa, admite como existente uma declaração volitiva que não houve, reinterpretando, para o caso em tela, o sentido de um elemento do conteúdo de uma norma (exigência de declaração volitiva para a validade contratual).
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DIVISÃO DA INTERPRETAÇÃO RACIONAL
1) O MENS LEGISLATORI: procura identificar o que o legislador desejou dizer;
2) O MENS LEGIS: procura identificar o que o legislador efetivamente disse;
3) O OCASIO LEGIS: procura identificar o conjunto de circunstâncias que determinaram a criação da norma objeto da interpretação;
4) O ARGUMENTO A CONTRARIO SENSU: conclui-se o significado da norma por exclusão;
5) O ARGUMENTO A FORTIORI: (pela razão mais forte, ou mais importante) conclui-se o significado da norma pelo preceito de que “quem pode o mais pode o menos.
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PROCESSO SISTEMÁTICO
Consiste o Processo Sistemático em comparar o dispositivo sujeito a exegese, com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto.
Por umas normas se conhece o espírito das outras. Procura-se conciliar as palavras antecedentes com as consequentes, e do exame das regras em conjunto deduzir o sentido de cada uma.
A interpretação sistemática consiste, assim, no propósito de resolver eventuais conflitos de normas jurídicas, examinando-a sob a ótica de sua localização junto ao direito que tutela.
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Exemplo de interpretação sistemática
A interpretação do art. 15 da Lei de Alimentos – Lei nº 5.478, de 25.07.1968 – (que afirma expressamente que a sentença concessiva de alimentos não faz coisa julgada material (1ª parte do artigo), podendo ser, em qualquer tempo revista, desde que haja mudança na situação fática do requerente (2ª parte), pode ser analisada e resolvida sob a ótica sistemática. Em princípio, dada a literalidade da lei, o intérprete é levado a concluir, de imediato, que a sentença que concede alimentos não faz coisa julgada material. Sem dúvida, numa mera interpretação isolada, utilizando-se dos meios lógicos, outra não poderia ser a conclusão mais apropriada.
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Interpretação sistemática
Ocorre, entretanto, que, pela Sistemática do Código de Processo Civil, havendo modificação na situação fática das partes (o mesmo dispositivo que a Lei de Alimentos utiliza para afirmar que a sentença concessiva não faz coisa julgada), qualquer sentença (e não só a relativa a alimentos) pode ser alterada, sem que isso importe em prejuízo à existência da coisa julgada material (dispositivo expresso do art. 471 do CPC de 1974). 
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Interpretação sistemática
Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
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Interpretação sistemática
Nessa forma, conjugando sistematicamente os dois dispositivos, verifica-se que a sentença concessiva de alimentos faz, de fato, coisa julgada material e que o art. 15 da Lei de Alimentos, em vista do art. 471 do CPC e da Sistemática do Processo Civil Brasileiro, é dispositivo redundante que só está presente na referida lei, em face de esta dispor de direitos materiais e adjetivos, considerando a técnica legislativa empregada.
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DIREITO COMPARADO
O Processo Sistemático, levado às suas últimas consequências, induz a por em contribuição um elemento moderníssimo – O DIREITO COMPRADO. Efetivamente, deve confrontar-se o texto sujeito a exame, com os restantes, da mesma lei ou de leis congêneres, isto é, com as disposições relativas ao assunto, quer se encontrem no Direito nacional, quer no estrangeiro; procura-se e revela-se a posição da regra normal no sistema jurídico hodierno, considerado no seu complexo.
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INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
A interpretação histórica também se traduz em outro meio importante de conhecer a lei e seu verdadeiro significado. Este método de interpretação consiste basicamente em considerar o conhecimento evolutivo (e, portanto, histórico) da linguagem utilizada na redação do texto legal para se chegar à essência do dispositivo normativo, buscando o verdadeiro significado da lei, eventualmente camuflado nas expressões antigas presentes no texto legal.
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exemplo interpretação histórica
O melhor exemplo deste meio de interpretação está presente no art. 502 do Código Civil de 1916, que prevê o chamado “desforço em contingência” .
 Segundo a interpretação histórica, o termo “em contingência” quer dizer exatamente, “logo”, “imediatamente”, pela razão específica de que tal dispositivo é mera réplica de um dispositivo romano, que assim previa a possibilidade da apelidada “legítima defesa civil”, e estipulava os requisitos, dentre eles a repulsa imediata (equivalente, pois, à legítima defesa penal, que prevê o mesmo requisito, ou seja, repulsa, logo em seguida à injusta agressão.
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INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA
Este meio de interpretação, também conhecido pelo nome de interpretação sociológica, busca, em última análise, interpretar as leis, objetivando sua melhor aplicação na sociedade a que estão voltadas. 
Por esta razão, deve ser sempre observado em último lugar, evitando os elevados riscos que o interprete acabe por se confundir com o próprio legislador,
criando normas jurídicas onde não existam ou, no mínimo, deturpando o verdadeiro significado das já existentes.
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DA INTERPRETAÇÃO INTEGRAL 
A interpretação integral não é exatamente um meio de interpretação das leis. Trata-se, claramente, de um procedimento a ser observado obrigatoriamente pelo intérprete quando na realização da interpretação das leis, quanto aos meios (ou métodos)
Em primeiro lugar a intepretação literal, em seguida, observar as interpretações lógica, sistemática, histórica e teleológica, concluindo, afinal, pela integralização de todos esses meios e consequentemente, pelo conhecimento do verdadeiro significado e conteúdo da norma jurídica.
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ARGUMENTOS ANALÓGICOS
ARGUMENTO A PARI (por analogia) – aplica-se uma norma conhecida a casos não previstos;
ARGUMENTO A CONTRARIO (ao contrário) – se ocorrendo duas hipóteses radicalmente inversas, a lei só previu uma, regulando-a de uma certa maneira, conclui-se que quis dispor de maneira diferente para a outra.
ARGUMENTO A MAJORI AD MINUS (da maior para a menor) – Se a lei prevê uma hipótese atendendo determinado motivo mais prevalecente para uma hipótese não prevista, a esta também é aplicável a sua disposição.
ARGUMENTO EX ABSURDO (partindo do absurdo) – se uma norma legal pode ser entendida de duas maneiras contraditórias e uma delas conduz a absurdo, dir-se-á que a outra traduz a interpretação adequada.
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ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
quanto aos efeitos
EXTENSIVA - o interprete conclui que o sentido e alcance da norma são mais amplos do que indicam seus termos Ex: diz filho, significando descendente;
RESTRITIVA – (plus scripsit quam louit) – o interprete restringe o sentido da norma ou limita sua incidência, concluindo que o legislador escreveu mais do que realmente pretendia dizer. Ex. Art. 114 do CC;
DECLARATIVA OU ESPECIFICADORA – o interprete chega à conclusão de que as palavras expressam, com medida exata, o espírito da lei, cabendo-lhe apenas constatar essa coincidência;
ESTRITA - as normas aplicam-se no sentido exato; não se dilatam, nem se restringem. 
INTERPRETAÇÃO AB-ROGANTE – quando há antinomia, resulta da interpretação sistemática.
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ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO
- SISTEMAS INTERPRETATIVO - 
Um sistema interpretativo é uma organização dos procedimentos do intérprete ligados à interpretação, aplicação e integração do Direito, segundo uma ideologia político-jurídica que o orienta. 
Todas as escolas de hermenêutica fizeram a proposta de um sistema interpretativo, embora existam várias propostas é possível asseverar que guardam afinidade com um dos QUATRO sistemas adiante indicados.
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SISTEMAS PARADIGMÁTIDOS DE INTERPRETAÇÃO
DOGMÁTICO – Escola da Exegese na França;
HISTÓRICO-EVOLUTIVO – a lei é uma realidade histórica
LIVRE INVESTIGAÇÃO CIÊNTÍFICA DO DIREITO – construção artística do Direito (à matéria se imprimiria a forma)
ESCOLA DO DIREITO LIVRE – ampla liberdade ao juiz
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SISTEMA DOGMÁTICO
O sistema dogmático foi estabelecido pele Escola da Exegese na França, que surgiu para “interpretar” o Código Civil Napoleônico.
Defensores: Demolombe, Laurent, Marcadé, Aubry-Rau e Baudry Lacantinerie.
Características:
a) A Teoria da Plenitude da Lei; 
b) A interpretação literal (exegese textual);
c) Apego à vontade do legislador;
d) O Estado como única fonte de Direito 
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SISTEMA HISTÓRICO - EVOLUTIVO
Os defensores do sistema histórico-evolutivo entendiam a lei como uma realidade histórica e não como projeção de uma regra da razão pura. Assim, a lei deveria seguir o fluxo do tempo.
Representantes: Gabriel Saleilles (França) e Windscheid (Alemanha)
ESCOLA HISTÓRICO-EVOLUTIVA – deve-se observar não só o que o legislador quis, mas também o que ele quereria, se vivesse na atualidade e tomasse conhecimento do caso em apreço
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	ESCOLA DA LIVRE-INDAGAÇÃO
Francois Geny – Eugen Ehrlich
Atribui ao juiz liberdade ampla, relativamente criadora, em falta de disposição escrita ou costumeira; portanto, autorizam-no a agir praeter legem.
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ESCOLA DO DIREITO JUSTO
Armínio Kantorowicz -
 A luta pela Ciência do Direito (Der Kampf um die Rechtswissenchaft) (1906) 
Teoria do Direito Justo (Zur Lehre vom, Richtigen Recht)
– induz o magistrado a buscar o ideal jurídico, o DIREITO JUSTO (richtiges Recht), onde quer que se encontre, dentro ou fora da lei, na ausência desta ou – a despeito da mesmo, isto é, a decidir praeter e também contra legem
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JUSTIÇA PELO CÓDIDO OU APESAR DO CÓDIGO
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ESCOLA DO DIREITO JUSTO
“não se preocupe com os textos; despreze qualquer interpretação, construção, ficção ou analogia; inspire-se, de preferência, nos dados sociológicos e siga o determinismo dos fenômenos, atenha-se à observação e à experiência, tome como guias os ditames imediatos do seu sentimento, do seu tato profissional, da sua consciência jurídica. A doutrina revolucionária olha demasiado para o foro íntimo, quando deveria, como os moderados e a escola histórico-evolutiva, tomar por ponto de partida a lei, interpretada e compreendida não somente à luz dos preceitos lógicos, mas também de acordo com as idéias, aspirações e interesses legítimos da coletividade.”
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CONCLUSÃO
No Brasil, a maior parte dos autores se considera adepto do sistema Histórico-Evolutivo, muito embora, o que se defenda seja uma síntese do sistema Histórico-Evolutivo com o sistema da Livre Investigação Científica do Direito. Assim, sob a influência do primeiro, se admite uma interpretação evolutiva e, inclusive, sociológica (art. 5º, da LINDB), e, dentro da orientação do segundo, se estabelecem os meios de integração e as fontes supletivas (art. 4º da LINDB).
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ESCOLA LIVRE-PESQUISA DO DIREITO
ESCOLA HISTÓRICO-EVOLUTIVA – deve-se observar não só o que o legislador quis, mas também o que ele quereria, se vivesse na atualidade e tomasse conhecimento do caso em apreço
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Feitos da LIVRE-INDAGAÇÃO
a) generalizar o método teleológico, a preocupação com os fins sociais nos trabalhos de Hermenéutica, e conciliar com aquele processo a rígida dogmática;
b) matar de vez, a preferência pelo método gramatical, ou filológico, de interpretação, já combatido por Jhering e seus discípulos;
c) selar o túmulo do – in claris cessat interpretatio;
d) acabar com o – Fiat justitia, pereat mundus;
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FEITOS DA ESCOLA DA LIVRE-INDAGAÇÃO
e) reduzir aos limites do razoável o uso das Pandectas, das Institutas e do Código de Justiniano, em todos os pretórios, e valorizar o moderno Direito Comparado;
f) combater, vantajosamente, o excesso de erudição clássica e o desprezo pelos fatos econômicos, na educação profissional dos juristas;
g) deixar clara a necessidade, reconhecida, aliás, por vários povos cultos, de atribuir algum poder discricionário ao juiz, tanto nos feitos civis, como ao aplicar a pena dentro dos limites máximos e mínimos fixados no código
i) dar o golpe de graça, definitivo, na Escola da Exegese.
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ESCOLA CRIMINAL POSITIVA
Alguma semelhança com os ideais da Livre-indagação tinham os da Escola Criminal Positiva, que propugnava também maior liberdade para o juiz ao punir os réus, porém o sistema era diverso: os próprios Códigos deveriam ser menos casuísticos, deixar margens largas, sobretudo quanto às dirimentes, agravantes e atenuantes, e o magistrado, imbuído de profundos conhecimentos de psicologia e sociologia, teria um campo vasto para fazer verdadeira justiça e graduar o afastamento do convívio social conforme a temibilidade do deliquente. Não julgaria contra legem: os próprios textos, pelos termos da sua redação, permitiriam amplo alvedrio aos tribunais ao defender a coletividade contra o crime.
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O PROCESSO GRAMATICAL EXIGE A POSSE DOS SEGUINTES REQUISITOS*
1) conhecimento perfeito da língua empregada no texto, isto é, das palavras e frases usadas em determinado tempo e lugar; propriedades e acepções várias de cada uma delas; leis de composição; gramática;
2) informação relativamente segura, e minuciosa quanto possível, sobre a vida, profissão, hábitos pelo menos intelectuais e estilo do autor,
orientação do seu espírito, leituras prediletas, abreviaturas adotadas;
3) notícia completa do assunto de que se trata, inclusive a história respectiva;
4) certeza da autenticidade do texto, tanto em conjunto como em cada uma das suas partes.
*Bernardino Carneiro
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“Deve-se evitar a supersticiosa observância da lei, que olhando só a letra dela, destrói a sua intenção.”
“age em fraude da lei aquele que, ressalvadas as palavras da mesma, desatende ao seu espírito” Paulo, Digesto
“A letra mata; o espírito vivifica” (Littera occidit; spiritus vivificat) Apostolo Paulo
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Os extremos do apreço pelo processo dogmático, rígido, silogístico, tornaram-no fonte de erros (despautérios e injustiças; desacreditaram-no deveras.)
No meio-termo está a virtude: os vários processos completam-se reciprocamente, todos os elementos contribuem para a descoberta da verdade e maior aproximação do ideal da verdadeira justiça. Aos fatores verbais aliem-se os lógicos, e com os dois colaborem, pelo objetivo comum, os sociais, bem-modernos, porém já pressentidos pelos jurisconsultos clarividentes da Roma antiga. Todos os exageros são condenáveis; nenhum exclusivismo se justifica. Devem operar os três elementos como forças sinérgicas, conducentes a uma resultante, segura, precisa.
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PROCESSO SISTEMÁTICO
Consiste o PROCESSO SISTEMÁTICO em comparar o dispositivo sujeito a exegese, com outros do mesmo repositório ou de leis diversas, mas referentes ao mesmo objeto.
Por umas normas se conhece o espírito das outras. Procura-se conciliar as palavras antecedentes com as consequentes, e do exame das regras em conjunto deduzir o sentido de cada uma.
Em toda ciência, o resultado do exame de um só fenômeno adquire presunção de certeza quando confirmado, contrasteado pelo estudo de outros, pelo menos dos casos próximos, conexos: à análise sucede a síntese; do complexo de verdades particulares, descobertas, demonstradas, chega-se até à verdade geral.
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“incivile est, nisi tota lege perspecta, uma aliqua particula ejus proposita, judicare, vel respondere” (é contra Direito julgar ou emitir parecer, tendo diante dos olhos, ao invés da lei em conjunto, só uma parte da mesma.) 
Não se encontra um princípio isolado, em ciência alguma; acha-se cada um em conexão íntima com outros. O Direito objetivo não é um conglomerado caótico de preceitos; constitui vasta unidade, organismo regular, sistema, conjunto harmônico de normas coordenadas, em interdependência metódica, embora fixada cada uma no seu lugar próprio. De princípios jurídicos mais ou menos gerais deduzem corolários; uns e outros se condicionam e restringem reciprocamente, embora se desenvolvam de modo que constituem elementos autônomos operando em campos diverso.
Cada preceito, portanto, é membro de um grande todo; por isso do exame em conjunto resulta bastante luz para o caso em apreço.
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