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O problema da escassez O termo “escassez” em economia, assim como em microeconomia, diz respeito ao que está limitado ou ao que é econômico, em oposição ao limitado ou livre. O problema de toda e qualquer organização econômica está na essência, que pode ser representada por: Uma sociedade, Uma Nação e Uma Empresa. Esse conceito (relativo) está relacionado à disparidade que existe entre os desejos existentes dos agentes econômicos e os meios disponíveis para satisfazer a tais desejos. A escassez é o princípio fundamental da ciência econômica. Provavelmente, os problemas econômicos não existiriam, se os recursos para se produzir bens e serviços não fossem escassos frente às necessidades ilimitadas das pessoas. Devido a essa condição, as unidades econômicas são forçadas a fazer escolhas entre as diversas alternativas existentes para tentar resolver as seguintes questões: Quais bens e serviços devem ser produzidos ? Como produzi-los? Como distribuí-los? Assim, para ajudar as unidades econômicas a fazer escolhas e para melhor ilustrar o problema da escassez de recursos, os economistas desenvolveram o modelo da curva ou fronteira de possibilidades de produção, conforme veremos a seguir nesta aula. Definição e análise gráfica A curva de possibilidades de produção pode ser definida como o conjunto representativo de pontos das quantidades máximas de dois produtos (x e y) que as unidades econômicas podem gerar num determinado período de tempo, admitindo uma disponibilidade constante de fatores de produção, dado certo grau de conhecimento tecnológico. A CPP é a fronteira máxima que a organização econômica pode produzir de x e y, dados os recursos produtivos limitados. Melhor dizendo, mostra as alternativas de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente empregados. Os pontos da CPP representam as possíveis combinações dos fatores de produção na obtenção das quantidades dos bens x e y. A partir daí, observamos que se uma unidade de produção ou empresa tivesse todos os seus recursos aplicados na produção do produto x (ou seja, xmax), não teria produzido nenhuma quantidade de y (y = 0), porém, x estaria em abundância. Por outro lado, se a empresa empregasse todos os recursos na produção de y (isto é, ymax), ela não estaria produzindo nenhuma quantidade do bem x (x = 0). Custo de oportunidade O modelo da curva de possibilidade de produção demonstra claramente a principal lição de que a elevação na produção de x somente pode ocorrer com a redução na produção de y e vice-versa, em virtude da limitação dos recursos produtivos e da tecnologia utilizada pela organização social. Deslocamentos da CPP Vamos imaginar que a empresa KZW, produtora dos bens x e y, inicialmente possuía 50 trabalhadores e 3 máquinas em um determinado período de tempo t1 e no tempo t2 resolve contratar mais 5 trabalhadores e comprar mais 2 máquinas. A ampliação da dotação desses recursos por essa empresa irá ampliar suas possibilidades de produção. Por outro lado, no tempo t3, a empresa KZW passou a utilizar também técnicas de produção mais avançadas derivadas, por exemplo, da implantação de um sistema de controle de qualidade computadorizado. Logo, esta incorporação feita pela empresa irá permitir que ela produza uma quantidade maior dos dois bens com a mesma dotação de fatores produtivos de t2. No desenrolar desses momentos de tempo discriminados, observamos que pela expansão dos fatores de produção disponíveis e pela geração de inovações tecnológicas, a empresa KZW obteve, portanto, um crescimento econômico ou uma maior quantidade de produtos x e y. Tais acontecimentos produzem deslocamentos positivos (para a direita) da CPP. Mas havendo, por exemplo, redução, sucateamento ou progressiva desqualificação dos fatores de produção disponíveis, haverá deslocamentos negativos (isto é, para a esquerda) da curva de possibilidades de produção. Noções Introdutórias a respeito da Microeconomia A microeconomia é o ramo da ciência econômica que se preocupa com a análise do comportamento das unidades econômicas, como os consumidores, as famílias e as empresas, por exemplo, na formação dos preços em mercados específicos. Na verdade, o aspecto microeconômico observa, seja no âmbito econômico, mas também da administração, a atuação das diversas unidades econômicas como se fossem unidades individuais nestes mercados. Sobre o mercado, o preço, as funções e o equilíbrio: > O mercado é o local ou contexto no qual compradores e vendedores tendem a comprar e a vender produtos. No caso da microeconomia, tem-se um mercado para cada bem e/ou serviço no sistema econômico. > Os preços são formados nos mercados específicos. O preço de um determinado bem e/ou serviço é a sua relação de troca pelo dinheiro, isto é, a quantidade de reais (R$) necessários para ser transacionada uma unidade da mercadoria (bem e/ou serviço). > De acordo com este contexto de mercados específicos, apresentam-se funções que demonstram relações entre compradores e vendedores, ou seja, uma função mostra a relação entre duas ou mais variáveis; indicando como o valor de uma variável (chamada dependente) depende e pode ser calculado pela especificação do valor de uma ou mais variáveis (definidas como variáveis independentes). > O equilíbrio é uma condição de um mercado que, uma vez atingido, tende a persistir. O equilíbrio, de acordo com o que veremos nestas aulas, resulta do balanceamento das forças do mercado. A respeito da hipótese em latim “coeteris paribus” (tudo o mais permanece constante) refere-se ao chamado efeito líquido (ou puro) que cada uma variável tem em relação à outra variável qualquer especificamente. Teoria de mercado Um mercado específico caracteriza-se como sendo um lugar qualquer onde grupos de pessoas (físicas e jurídicas) se encontram para tentar comprar e vender alguma “coisa” (algum bem e/ou serviço). Com os modernos meios de comunicação, com a internet e com a diversificação do comércio, tais pessoas não precisam estar necessariamente em contato direto. Porém, desde que sejam “conhecedoras” dos preços e das possibilidades de entrega, procede-se o intercâmbio e, a partir daí, caracteriza-se o mercado de trocas. A lei da demanda As trocas são realizadas nos mercados (interno e externo). Nestes atuam (conjuntamente) as forças da demanda e da oferta por mercadorias (ou produtos – bens e/ou serviços). Como os recursos são escassos, os compradores e os vendedores tendem a entrar em um acordo sobre os preços dos produtos, de tal forma que sejam feitas as transações das quantidades dessas mercadorias por uma determinada quantidade de dinheiro (ou moeda). Nesse contexto, os preços dos produtos (ou das mercadorias) podem ser definidos, na verdade, como a quantidade de reais (R$) necessários para poder obter em troca uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos (bens e serviços e mesmo para os fatores de produção), o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade de um sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda, que é uma peça-chave no funcionamento de toda a economia (de mercado) e onde tende-se a se obter o que definimos como sendo o equilíbrio de mercado. Pela visão microeconômica, o funcionamento de um mercado e a formação de preços ocorre devido às relações entre demanda e oferta. A demanda (ou procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto X indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço desse produto, num determinado período de tempo. Cabe destacar que efetivamente a quantidade Qx do produto no mercado não é somenteinfluenciada pelo preço Px. Existe uma série de outras variáveis (ou fatores) que também afetam a demanda deste produto. Desta forma, segundo Vasconcellos, mais tradicionalmente em termos quantitativos, os fatores mais significativos que acabam afetando também a demanda dos consumidores na sua maioria dos mercados são: Qx = f (Px, Py, Pz, R)/t Onde: Qx = quantidade procurada (demandada) do produto X Px = preço do produto X Py = preço do produto substituto Pz = preço do produto complementar R = renda (média) do consumidor /t = significa num dado período de tempo (dias, meses etc.) 1. No que diz respeito à oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado), esta é a quantidade de um produto X (Qx) que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a vender, a determinado preço, em um período de tempo. Pelo gráfico abaixo, podemos observar o comportamento da quantidade ofertada de um produto X (Qx). Com o nível de preço elevado (Px), os produtores tendem a ofertar uma quantidade maior do produto. Se o preço estiver em Px = R$10,00, a quantidade a ser colocada no mercado será de Qx = 15.000 Kg. Mas, se o nível de preço cair para Px = R$4,00, muitos produtores deixarão de ofertar a mercadoria, e a este preço teremos uma oferta de Qx = 8.000 Kg, ocasionando uma queda na quantidade ofertada. 2. Podemos perceber pela figura acima que há uma relação direta entre a quantidade ofertada do produto X e o seu respectivo preço. Mas, por que isso tende a acontecer? A resposta a esta questão, coeteris paribus, reflete em um procedimento no qual um aumento de Px no mercado irá instigar o aumento das produções das empresas. Devido a isso, novas empresas poderão ser atraídas para a produção deste produto, aumentando, portanto, a quantidade ofertada do produto X. 3. É claro que além do preço do produto X, outros fatores irão influenciar no nível da oferta deste produto no mercado. E entre eles, destacam-se: os custos com os fatores de produção, as alterações no nível de tecnologia, o aumento da quantidade de empresas no mercado etc. Qualquer modificação do Px gera o que chamamos de mudanças na quantidade ofertada, isto é, mudanças do nível da oferta ao longo da própria curva; e toda e qualquer variação nos custos dos fatores e no nível tecnológico, por exemplo, coeteris paribus, acaba acarretando um deslocamento da curva de oferta (ou modificações na oferta de mercado). Equilíbrio de mercado Dadas as curvas de demanda e de oferta já estudadas anteriormente, se fizermos o cruzamento destas curvas irá se determinar o que se chama de equilíbrio de mercado, formando o preço e a quantidade de equilíbrio, como está demonstrado no diagrama a seguir. Nesta situação, há uma "harmonia" entre oferta e demanda. Teoricamente, neste ponto, o nível de preço não está nem muito alto nem muito baixo, satisfazendo tanto a consumidores quanto a produtores. Mas: • Se tiver algum preço abaixo do preço de equilíbrio, haverá aí um excesso de demanda (ou uma escassez de oferta). • Por outro lado, ocorrendo um preço acima do preço de equilíbrio, surgirá um excesso de oferta (ou uma escassez de demanda). Também não podemos nos esquecer que havendo uma modificação da renda dos consumidores e/ou aumento dos custos dos fatores de produção, por exemplo, acarretará alteração no ponto de equilíbrio de mercado. Introdução aos aspectos da atuação do setor público na esfera microeconômica Em primeiro lugar, cabe ressaltar que nesta aula iremos nos preocupar com os principais aspectos da atuação do setor público ao nível microeconômico, ou seja, com o controle de preços. Mas antes de entramos nessa discussão, é importante entendermos como a incidência de um imposto modifica o equilíbrio de mercado. De uma maneira geral, o imposto pode ser de dois tipos: • De quota fixa, ou imposto específico. • De um percentual sobre as vendas, definido como imposto ad valorem. Esses dois tipos de impostos são chamados de impostos indiretos. Eles incidem sobre (os atos) de despesas feitas no mercado, afetando tanto os consumidores, quanto os produtores, e com isso, consequentemente, alteram o nível de preços. No primeiro caso, tem-se um valor (em R$) fixo por unidade vendida, independente do preço do bem. Por exemplo, se no caso de um bem X, a quota é de R$ 10,00/kg, esse será o valor fixo cobrado, não importando se o preço original do bem seja de R$ 100,00/kg ou R$ 150,00/kg. Com o estabelecimento de um imposto com essa característica, são apresentadas duas curvas de oferta, uma antes da existência do imposto (S0) e outra após a incidência do imposto (S1). Como podemos perceber, a incidência de um imposto acaba funcionando como um custo adicional para os produtores (ou vendedores), o que tende deslocar a curva de oferta para a esquerda e para cima, igual, verticalmente, ao montante do imposto (I), conforme a figura a seguir. 1. A curva de oferta representa as quantidades do bem X que serão ofertadas pelos produtores (ou vendedores) em relação aos preços praticados no mercado. Nesse sentido, para qualquer nível de preços P de mercado, os produtores diminuem o valor do imposto (I), ficando, então, com a diferença, ou seja, receberá o valor P2 sendo dado por P2 = P1 – I 2. Com o estabelecimento do imposto de quota fixa, a curva de oferta de mercado faz o deslocamento de S0 para S1 e forma-se, por conseguinte, um novo ponto de equilíbrio dado através da interseção entre S1 e a curva de demanda de mercado (D). 3. O ponto de equilíbrio anteriormente apresentado revelava que P0 e Q0 eram, respectivamente, o preço e a quantidade de equilíbrio. Mas, com a nova interseção entre S1 e D, o equilíbrio se dá em P1 e Q1. Do preço P1, os produtores receberão apenas P2 (= P1 – I). Como P2 < P0, a oferta do mercado cai para Q1. 4. Com a instituição de um imposto específico, haverá, portanto: Aumento do preço pago pelos consumidores em ΔP1 = P1 - P0 Diminuição do valor recebido pelos produtores em ΔP2 = P0 – P2 Redução da quantidade transacionada no mercado de Q0 para Q1. No caso de um imposto ad valorem, como é o caso do ICMS, o valor do imposto varia com o preço do produto, pois ele incide sobre o valor das vendas. O percentual do imposto também aumenta o preço de mercado e reduz a quantidade de equilíbrio. Os produtores receberão i% menos, não importando o preço de vendas. Ao mesmo tempo, os consumidores pagarão mais pelo produto e receberão menor quantidade do produto X no mercado. O controle de preços Geralmente, o controle de preços é aplicado quando os formuladores de políticas acreditam que o preço de mercado de um bem ou serviço é injusto para o comprador, ou mesmo para o produtor (ou vendedor). Nesse contexto, tal controle é feito por uma fixação de preços realizada pelo governo de duas formas. A primeira delas se dá através da fixação de um teto (ou preço) máximo legal para o preço de venda de um bem. A segunda, pela formação de um piso (ou preço) mínimo legal para o preço de venda desse mesmo bem. Política de preço (ou de teto) máximo Esta política de preços tem como objetivo proteger o consumidor através do tabelamento de preços abaixo do preço de equilíbrio. O chamado preço-teto é o preço máximo legal, ou tabelado, que pode ser cobrado por um determinado bem. Conforme a figura, o preço-teto tende a criar escassez de oferta (ou um excesso de demanda). Nesse sentido, destaca-se que ao se ter um preço máximo obrigatório (P1), os consumidores estariam disponíveis para consumir maior quantidade (qd), mas os vendedores não irão colocar à venda tanta quantidade assim (qs). As consequências desse tipo de política são as de que deixa-se de ter mercadoria disponível. Pode, ainda, haver uma certa degradação da qualidade do produto e surgir um mercado paralelo em que as relações econômicas acontecem a umpreço maior que o valor máximo imposto pelo governo, o chamado mercado negro. Nas situações de imposição de uma política de preço (ou teto) máximo, o mercado vai ficar fora do “normal”. Se não houvesse o tabelamento, surgiriam pressões para os preços aumentarem até o equilíbrio (p0), fazendo desaparecer o excesso de demanda. Mas com essa imposição, os preços não podem subir, gerando desequilíbrios entre os níveis das quantidades de oferta e de demanda. Política de preço (ou de um piso) mínimo A política de preço mínimo objetiva proteger o produtor (ou vendedor), aumentando a sua lucratividade pela imposição de um preço acima do preço de equilíbrio. Ao adotar tal política, o governo estabelece que o preço cobrado por determinado produto não ficará abaixo de um determinado valor. O estabelecimento de preços mínimos tem sido frequente nos mercados agrícolas, visando assegurar a renda dos agricultores. Antes do período do plantio, o governo divulga um preço mínimo. Com isso, garante a compra da safra após a colheita. Nesse contexto, vamos supor que o preço mínimo (Pm) seja maior do que o preço de mercado. Veja o gráfico a seguir.
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