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1 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA – ESTUDO DIRIGIDO _________________________________________________ Referência: (GUIESELER JUNIOR, Luiz Carlos; PEREIRA, José Henrique Cesário; VENERAL, Débora Cristina. (Orgs.). Coleção Direito processual Civil e Direito Ambiental. Teoria da Constituição e do Estado e Direitos e Garantias fundamentais. Curitiba: lnterSaberes, 2014.). Observem que este material “Estudo Dirigido” é de autoria de nossa Instituição e destinado ao estudo dos alunos a ela vinculados, portanto sua reprodução, divulgação ou uso indevido poderá ser objeto de aplicação dos procedimentos e penas relativas à Lei dos Direitos Autorais. Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize- os da melhor maneira possível. Bons estudos! 2 Teoria da Constituição e do Estado Constitucionalismo Para que o Estado venha a existir é necessário haver uma Constituição. No entanto, essa inovação requer um processo de evolução da sociedade, um processo de luta, e o constitucionalismo mostra-se fundamental nessa busca. Por essa razão que o constitucionalismo surge com o intuito de inserir na lei suprema as normas materialmente constitucionais como limites à atuação estatal. Teoria da Constituição e do Estado Perspectivas constitucionalistas na Antiguidade e na Idade Média. Conforme descrito por Lenza (2012, p. 57), durante a Idade Média, a Magna Carta de 1215 representa o grande marco do constitucionalismo medieval, estabelecendo, mesmo que formalmente, a proteção a importantes direitos individuais. Na Idade Média surgiu o primeiro limite da atuação do Estado, o princípio da legalidade, o qual limitava ou condicionava a cobrança de tributos a uma lei prévia, não mais ao alvitre do rei. Teoria da Constituição e do Estado O Estado moderno definição e elementos constitutivos. O Estado Moderno trouxe uma nova realidade de controle e limitação do poder, como ensina Paulo Bonavides (2004, p. 68): o Estado moderno em verdade significa uma nova representação de poder grandemente distinta daquele que prevaleceu em um passado mais remoto ou até mesmo mais próximo, como foi o largo período medieval. Observou-se que o Estado Moderno é, assim, um método de organizar a administração da coisa pública de forma impessoal. Ocorrendo três elementos ou características essenciais do Estado Moderno, sendo eles, a Soberania, o Povo e o Território. Teoria da Constituição e do Estado O modelo constitucionalista francês No constitucionalismo francês, percebeu-se com maior nitidez os momentos de ruptura institucional como momentos de manifestação do Poder Constituinte ordinário. As lutas que redundaram na Revolução Francesa 3 demonstraram essa evolução do constitucionalismo na França. E, o grande marco da primeira Constituição Francesa de 1791 foi a inserção do ideal da Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão. Teoria da Constituição e do Estado. A virada do estado social e democrático de direito Com a virada do Estado social e democrático de direito era necessário superar o papel desempenhado pelo Estado, que antes apenas garantia a liberdade dos cidadãos. Nesse contexto, no Estado social e democrático de direito surgiu o chamando Estado Social, que em seu conteúdo inclui todas as classes como polo de proteção. Tendo em vista a doutrina do bem-estar-social, verifica-se então que os deveres do Estado em relação à doutrina consiste em que o Estado deve garantir não somente as liberdades, mas também o bem-estar dos seus cidadãos, por meio de prestações positivas em busca de garantias que possibilitem o desenvolvimento humano. Teoria da Constituição e do Estado. A Constituição de 1824. Com a Constituição de 1824 e com o chamado “grito do Ipiranga” teve início o processo de emancipação do Brasil e o surgimento do Império brasileiro. Surgiu daí a necessidade de uma Constituição. A Constituição de 1824 apresentou algumas curiosidades, sendo como o chamado “voto censitário, ou seja, somente podia votar quem tivesse uma renda mínima. Teoria da Constituição e do Estado. Classificação quanto a estabilidade Em razão do Poder Constituinte derivado, as constituições podem ser alteradas de acordo com as mudanças sociais. Há, contudo, normas constitucionais chamadas cláusulas pétreas, as quais são normas constitucionais imutáveis, que forma o seu “núcleo duro”. Teoria da Constituição e do Estado. Cenários políticos de manifestam do Poder Constituinte O Poder Constituinte derivado manifesta-se de acordo com os anseios da sociedade, sem, contudo, modificar as normas materialmente constitucionais 4 – ou seja, o cenário político de manifestação do Poder Constituinte derivado reside no fenômeno da autopoiese do direito, ou seja, o direito interage com a sociedade na medida em que, alterando-se a sociedade, altera-se o direito. Teoria da Constituição e do Estado. Poder Constituinte originário No momento em que não se encontram limites para a criação de uma nova ordem jurídica constitucional, se está diante do Poder Constituinte originário. Sua manifestação ocorre em momentos de rompimento institucional com a ordem constitucional vigente: o povo não mais acredita nas instituições postas e, por isso, quebra o vínculo que mantém com esse modelo. Importante frisar sobre o diálogo do Poder Constituinte originário com o chamado “princípio da vedação ao retrocesso social”, que consiste em proibir a retirada de direito fundamentais, consagrados na ordem constitucional, pois eles devem ser mantidos mesmo em momentos de ruptura institucional. Teoria da Constituição e do Estado. Poder Constituinte derivado ou reformador O poder constituinte originário manifesta-se sempre em momentos de ruptura institucional, ou seja, quando a ordem jurídica constitucional colocada não atende aos anseios da sociedade a qual rompe com as instituições estatais. Já o poder constituinte derivado manifesta-se de acordo com os anseios da sociedade, sem, contudo, modificar as normas materialmente constitucionais. Observando-se que as emendas constitucionais se materializam como poder constituinte derivado. Teoria da Constituição e do Estado. Com a promulgação da Constituição Federal relativa ao ano 1988 retomou-se o processo de redemocratização brasileira com desafios, perspectivas e esperanças renovadas, via-se uma euforia popular com o novo texto, observando-se uma abertura do regime com perspectivas liberais. Todavia, o Brasil não deixou de adotar controles de constitucionalidade para esta nova carta magna, sendo designados dois controles, o controle de constitucionalidade difuso e o controle de constitucionalidade concentrado. Em relação ao controle de constitucionalidade difuso e ao controle de constitucionalidade concentrado, estes controles são realizados por Órgãos, sendo que o Controle de constitucionalidade difuso é realizado por todos os órgãos do Poder Judiciário. E, o Controle de constitucionalidade concentradoé realizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 5 Direitos e garantias fundamentais. Evolução histórica dos direitos fundamentais. Os direitos fundamentais, atualmente inseridos e reconhecidos nas constituições, são resultado de uma evolução histórica, impulsionada por meio de lutas, revoluções e rupturas sociais que miravam a exaltação da dignidade da pessoa humana, e foram causa de incalculáveis mortes, necessárias para esse reconhecimento. Evidenciando-se que os direitos e garantias fundamentais surgiram para limitar o Estado em defesa dos indivíduos. Direitos e garantias fundamentais. Magna carta (1215) A Magna Carta de 1215 trata de um dos marcos do início da derrocada do regime feudal, pois limitou o poder do rei. Pela primeira vez, deixa-se implícito que o próprio rei estava subordinado às leis por ele editadas, surgindo assim a responsabilidade legal. Quanto ao documento de “responsabilidade legal trata-se de um pacto elaborado para proteger os privilégios dos chamados homens livres que compunham a classe dominante da época. Direitos e garantias fundamentais. Elementos formadores Para que um direito possa ser tido como fundamental são necessários três elementos: Estado; Indivíduos; Texto normativo. Direitos e garantias fundamentais. Petition of Rights Habeas Corpus Amendment Act (1679) Na evolução histórica dos direitos fundamentais apresenta-se eventos importantes como a Magna Carta (1215), a Petition of Rights (1628), Habeas Corpus Amendment Act (1679), Bill of Rights (1689), Constituição/Declaração norte-americana (1787), Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado (1918), Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU (1948), entre outros. Os direitos e as garantias fundamentais claramente nasceram da universalização de inúmeros direitos humanos que foram fundamentados no direito constitucional das nações” 6 O “Habeas Corpus” dá fim à prisão arbitrária, exercida principalmente pelos tiranos que ocupavam o trono. O Habeas Corpus Amendment Act (1679) é como se chama o documento inglês que deu fim à prisão arbitrária. Direitos e garantias fundamentais. Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU A Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU (1948), trata de uma declaração de direitos humanos com 30 artigos, precedidos de um preâmbulo com 7 considerações. A declaração consagrou três objetivos fundamentais: a certeza; a segurança e a possibilidade. 1. A certeza de direito, devendo haver uma fixação prévia e clara dos direitos e deveres. 2. A segurança dos direitos, havendo normas que garantam que, em qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados. 3. A possibilidade dos direitos, devendo-se assegurar a todos os indivíduos os meios necessários para a fruição dos direitos fundamentais. Direitos e garantias fundamentais. Teoria geral dos direitos fundamentais Na Teoria geral dos direitos fundamentais é importante enfatizar que os direitos e as garantias fundamentais, embora sejam a positivação constitucional dos direitos humanos, devem ser dirigidos aos indivíduos e garantidos pelo Estado. O conflito que ocorre na “teoria da eficácia horizontal dos direitos humanos, se dá entre os entes privados que se encontram no mesmo patamar, ou seja, sem relação de superioridade. Direitos e garantias fundamentais. Historicidade Os direitos e as garantias fundamentais tiveram origem em inúmeras convulsões sociais e, em virtude disso, apresentaram variantes conforme as circunstâncias históricas de sua época. Para que se entenda a importância dos direitos e das garantias fundamentais é necessário observar o momento de concepção dos direitos e garantias fundamentais e a visão humanística que se desenvolveu em seu período de surgimento. 7 Direitos e garantias fundamentais. Universalidade Além dos direitos e garantias que não se encontram inseridos no Título II da Carta Magna de 1988, existem os direitos fundamentais que são positivados em nosso sistema constitucional, mas que não estão no texto da Constituição. Os direitos fundamentais são universais por serem inerentes à condição humana. Direitos e garantias fundamentais. Proibição de retrocesso Os direitos e garantias fundamentais, uma vez criados, não podem retroagir, eles somente podem avançar nas prerrogativas e na proteção dos indivíduos, sendo que no Brasil esse efeito trata-se de um princípio, o qual Canotilho (1993, p. 336) ensina que qualquer medida tendente a revogar os direitos sociais já regulamentados sem que haja a criação de outros meios alternativos capazes de compensar a anulação daqueles benefícios, é medida inconstitucional. Essa característica é chamada pelo direito alemão de efeito cliquet, sendo que no Brasil este efeito é conhecido como princípio da vedação do retrocesso. Direitos e garantias fundamentais. Evolução dos direitos fundamentais (geração de direitos) Os direitos fundamentais, garantias fundamentais e remédios constitucionais, muitas vezes estes são confundidos como se fossem somente um enunciado de norma fundamental. Observe-se a definição para cada um destes enunciados: DIREITOS FUNDAMENTAIS - São bens e vantagens prescritos na norma constitucional em favor dos indivíduos de determinado Estado. GARANTIAS FUNDAMENTAIS - São disposições assecuratórias que fornecem mecanismos de proteção e exercício dos direitos fundamentais. REMÉDIOS FUNDAMENTAIS - São instrumentos processuais constitucionais, são uma das espécies do gênero garantia. 8 Direitos e garantias fundamentais. Inviolabilidade da moradia A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, para prestar socorro ou, durante o dia, por determinação judicial. Há casos que não se constituem crime quanto à entrada ou permanência em casa alheia, sendo estes casos quando: um crime está sendo praticado ou na iminência de sê-lo, ou, ainda, em uma emergência para prestar socorro. Direitos e garantias fundamentais. Inviolabilidade de correspondência e comunicação telegráfica e telefônica É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados radiofônicos e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação e criminal ou instrução processual pena (BRASIL, arti. 5º, XII). Observando-se que para correio eletrônico (e-mail) este pode se assemelhar à correspondência, podendo ocorrer a quebra de sigilo, e em havendo esta hipótese o responsável responderá penalmente pelo ato. No caso de o funcionário usar o correio eletrônico de empresa (e-mail institucional), e quando este funcionário usuário for devidamente avisado que o seu uso é monitorado, tal fato não representa quebra de sigilo. Direitos e garantias fundamentais. Limites à retroatividade da Lei Como regra, conferindo estabilidade às relações jurídicas, o legislador constituinte originário estabeleceu que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Em relação à coisa julgada se trata de uma decisão judicial da qual não caiba mais recurso. Direitos e garantias fundamentais. Provas ilícitas As provas obtidaspor meios ilícitos são inadmissíveis no processo. 9 Quanto ao princípio da chamada “teoria dos frutos da árvore envenenada, decorre que as provas derivadas de meios ilícitos também estarão maculadas pelo vício da ilicitude, sendo, portanto, inadmissíveis. Direitos e garantias fundamentais. Ampla defesa. Quanto às garantias fundamentais do processo, várias são as garantias relacionadas ao processo, mas algumas delas têm especial implicação por seu significado; além disso, por serem fundamentais, não podem ser reveladas pelas normas infraconstitucionais. Quanto à “ampla defesa” todos devem ter o direito de apresentar suas alegações, bem como propor e produzir todas as provas que, a seu juízo, possam lhes servir para o acolhimento de sua pretensão ou para o não acolhimento da postulação da parte adversa. Direitos e garantias fundamentais. Mandado de segurança coletivo Os remédios constitucionais correspondem a uma das espécies do gênero garantia constitucional e abrangem os seguintes mecanismos colocados à disposição dos cidadãos: mandado de segurança (individual e coletivo), mandado de injunção, habeas corpus, habeas data e ação popular. Com o mandado de segurança coletivo, há possibilidade de representação, ou seja, a possibilidade de uma entidade, em nome próprio, pugnar pelo direito líquido e certo de seus representantes. As formas pelas quais o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado são: por partido político ou por organização sindical, entidade de classe ou associação. Direitos e garantias fundamentais. Hermenêutica constitucional É fundamental a adequada intepretação e leitura da Constituição Federal, observando-se que há uma ciência que busca ferramentas para a interpretação da Constituição, ou seja, trata-se da forma de interpretação do direito constitucional em relação às normas e aos princípios constitucionais, a qual denomina-se hermenêutica constitucional. 10 Direitos e garantias fundamentais. Princípios constitucionais explícitos e implícitos. Na Constituição Federal de 1988 existem os princípios constitucionais implícitos e os princípios constitucionais explícitos. Sendo que os princípios constitucionais explícitos estão anexos à própria norma constitucional, e os princípios constitucionais implícitos se traduzem da leitura e da interpretação integral da Constituição Federal/1988. Quanto ao princípio da razoabilidade é considerado um princípio constitucional implícito.
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