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ANAIS do I Congresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais

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M I N I S T É R I O D A E D U C A C Ã O E C U L T U R A 
C A M P A N H A NACIONAL DB EDUCAÇÃO DOS CEGOS 
A Campanha Nacional de Educação dos Cegos, órgão 
do Ministério da Educação e Cul tura d i r e t amen te subordi-
nado ao Ministro de Es tado da Educação e Cul tura foi 
Instituído de acordo com os decretos n°s, 14.236, de l / 8 / 5 8 
e 48.252, de. 31/5/60. para promover, no seu mais amplo 
sentido, a educação e a r eab i l i t a r ão dos deficientes visuais, 
de a m b o s os sexos, em Idade pré-escolar , escolar e adu l ta , 
em todo o te r r i tó r io nacional . 
P a r a cumpr i r seus objetivos, a C a m p a n h a Nacional de 
Educacão dos Cegos tem procurado oferecer condições téc-
nicas. mate r ia l e f inanceira, a tendendo às necess idades e 
r ea l idades regionais , en t rando em conta to e co laborando 
com as o rgan izações pa r t i cu la res e oficiais de educação de 
cegos, já existentes no pais, estimulando novas iniciativas. 
onde se fizerem necessár ias , P rocu rando a t ing i r seus obje-
tives, no mais curto espaço de tempo, promove as seguintes 
atividades : 
1) Concessão de bolsas de estudos para treinamento 
de professores, ass i s ten tes sociais, psicólogos, técnicos em 
a t iv idades da vicia d iár ia , técnicos em locomoção fisiote-
r a p e u t a s e t c , or iundos de todos os Estados do Brasil 
Profissionais assim preparados e esclarecidos, podem 
iniciar programas de educação e reabilitação de deficientes 
visuais, e desenvolver esforços, para modificar conceitos, 
r esu l t an tes dos estereót ipos sociais ligados à cegueira, a ju-
dando, ass im, o deficiente visual a encon t ra r o seu lugar na 
sociedade. 
2) Concessão de bolsas de reabilitação, com o objetivo 
de proporcionar a pessoa cega, as condições necessár ias de 
p r e p a r a ç ã o e o r i en tação para funcionamento no rma l na 
comunidade em que vive. 
3) Realização e Participação em Congressos, simpó-
sios, Encontros Regionais, Conferências com o objetivo de 
da r cont inuidade ao t raba lho desenvolvido pela Campanha 
Nacional de Educação dos Cegos, no sent ido de esclarecer 
as comunidades sobre o problema da cegueira e as possibi-
l idades de educação e reabi l i tação dos seus por tadores , 
bem como, g a r a n t i r a a tua l i zação e in te rcâmbio de conhe-
cimentos e exper iências dos técnicos, em exercício no campo 
da educação e reabi l i tação de deficientes visuais. 
4) Distr ibuições de ma te r i a i s especiais p a r a uso de 
deficientes visuais , obje t ivando a p a r e l h a r dev idamente os 
serviços oficiais e pa r t i cu la res de educação especializada 
e proporc ionar ao educando melhores condições de a p r e n -
dizagem. 
5) Assistencia técnica às escolas residenciais e serviços 
oficiais e particulares, existentes no pais, no sentido de 
es t imulá- los ao preparo e à e laboração de p l ane jamen to 
adequado ao campo especial izado e fazer execu ta r pro-
g r a m a s estabelecidos nos a r t igos 88 E 89 da Lei de Dire-
t r izes e Bases da Educação Nacional . 
ti) Es tudos para e laboração de projetos de leis que 
ANAIS 
DO 
I CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO 
DE DEFICIENTES VISUAIS 
COMISSÃO DE REDAÇÃO 
PROF.11 JUREMA LUCY VENTURINI 
DR. JOSÉ RODRIGUES LOUZÃ 
CORRESPONDÊNCIA 
Ministério da Educação e Cultura 
Campanha Nacional de Educação dos Cegos 
Grupo de Trabalho Técnico em São Paulo 
Rua Dr. Diogo de Faria, 558 — Vila Clementino 
São Paulo — Brasil 
CAMPANHA NACIONAL DE EDUCAÇÃO DOS CEGOS 
MINISTÉRIO DA EDUCACÃO E CULTURA 
ANAIS 
DO 
I CONGRESSO BRASILEIRO 
DE EDUCAÇÃO DE 
DEFICIENTES VISUAIS 
DE 9 A 13 DE NOVEMBRO DE 1964 
ANFITEATRO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA 
SÃO PAULO 
BRASIL 
1 9 6 6 
Í N D I C E 
PREFÁCIO 7 
COMISSÕES DO CONGRESSO 9 
HOMENAGEADOS 11 
PARTICIPANTES 13 
Dia 9 de novembro 
SESSÃO DE ABERTURA: 
Comissão Executiva 18 
Palavras do Dr. Zeferino Vaz, Presidente da Sessão 20 
Palavras de D. Dorina de Gouvêa Nowill, Presidente da 
"O Lugar da Pessoa portadora de deficiências físicas e 
mentais na Sociedade" .— Dr. Antônio dos Santos Clemente 
Filho 25 
l .a SESSÃO PLENÁRIA: 
"Progresso e necessidade da educação de cegos" — Profa. 
Luzia Lopes Lima 35 
"Programa Educacional para atender às necessidades dos 
Deficientes Visuais" — Profa. Josefa Calazans da Cruz . . . 42 
"Sorobã — Aparelho de cálculo para cegos" — Sr. Joaquim 
Lima de Moraes 48 
2.a SESSÃO PLENÁRIA: 
"Formação de Pessoal" — Profa. Maria de Lourdes Gomes 
Guerra 56 
"Determinação e Extensão do Problema da Cegueira no 
Brasil" — Dr. Maury Atanes 64 
"Treinamento Sensorial, Educação e Reabilitação, em função 
da experiência sensível" — d. Mathilde Neder 68 
Dia 11 de novembro 
3.a SESSÃO PLENÁRIA: 
"Mobilidade e Locomoção" — Sylas Fernandes Maciel . . . . 80 
"A Família como unidade bio-social. A Família e a 
Escola" — d. Nizia Lopes de Figueiredo 89 
4.a SESSÃO PLENÁRIA: 
"Atividades Sociais para os educandos deficientes visuais" 
— prof. Flora Barro de Albuquerque 96 
"Problemas Técnico-Formais e suas implicações na educação 
dos Deficientes Visuais" — Prof. Luiz Geraldo de Mattos .. 106 
Dia 12 de novembro 
5.a SESSÃO PLENÁRIA: 
"A Orientação Profissional de Educandos Deficientes Vi-
suais Sr. Haroldo Pedreira 119 
"O Instituto Perkins" — Dr. Edward Materhouse 129 
Dia 13 de novembro 
6.a SESSÃO PLENÁRIA: 
"Considerações sobre a educação dos retardados mentais 
portadores de Deficiência Visual" — Profa. Wanda Ciceone 
Pascboalick 135 
"Considerações sobre educação de deficientes áudio-visuais" 
— Profa. Nice Tonhosi Saraiva 154 
7.a SESSÃO PLENÁRIO: 
"A Importância da Avaliação dos Casos" — Mary Franklin 
de Andrade 167 
"Legislação no Campo da Cegueira" — Profa. Dra. Nair 
Lemos Gonçalves 179 
"A Educação do Público" — Prof. Silvino Coelho de Souza 
Netto 186 
"Educação do Público em Geral" — Da. Sarah Couto 
César 189 
"A Educação do Público" — Dr. Jairo Moraes 191 
SESSÃO DE ENCERRAMENTO: 
Palavras do Prof. Dr. Flávio Supliey de Lacerda, Presidente 
da Comissão Executiva 197 
Palavras da D. Dorina de Gouvêa Nowill, Presidente da 
Comissão Exesutiva 199 
Palavras do Dr. Adhemar de Barros, D.D. Governador do 
Estado de São Paulo 202 
Palavras do Prof. Dr. Flávio Supliey de Lacerda, Presi-
dente da Comissão Executiva 204 
PREFÁCIO 
Os Anais do I Congresso Brasileiro de Educação de Defi-
cintes Visuais, realizado de 9 a 13 de novembro de 1964, na 
Capital do Estado de São Paulo e patrocinado pela Campanha 
Nacional de Educação dos Cegos, do Ministério da Educação 
e Cultura, reúnem todos os trabalhos apresentados pelos edu-
cadores e técnicos. Esses representam o pensamento e por 
vezes, as atividades dos técnicos que presentemente militam 
no campo da educação de deficientes visuais. 
O conclave teve como objetivo oferecer aos professores e 
técnicos especializados, uma oportunidade para conhecerem as 
iniciativas ora em desenvolvimento em nosso país, através das 
organizações particulares e órgãos oficiais. Por outro lado já 
se fazia sentir a necessidade de uma troca de experiências e 
de um ensejo para que educadores de norte a sul pudessem 
expressar seus pensamentos e suas aspirações neste campo da, 
educação especializada. 
O Ministério da Educação e Cultura contou com a cola-
boração integral dos diferentes Estados da União por inter-
médio de suas organizações oficiais e particulares, assim 
como, dos educadores que participaram do conclave, quer 
pela apresentação de trabalhos quer pelo interesse demons-
trado durante as sessões de discussão dos problemas inerentes 
à educação de deficientes visuais neste país. 
Através das discussões e trabalhos pudemos depreender 
que embora incipiente, a educação de cegos no Brasil já é uma 
realidade, ficando a sua implementação e desenvolvimento 
dependentesdos esforços e dinamismo dos educadores espe-
cializados, presentemente vinculados a este ramo da educação. 
Os nossos agradecimentos às entidades cooperadoras, que 
não mediram esforços para o sucesso deste conclave. 
DORINA DE GOUVÊA NOWILL 
Diretora Executiva 
da 
Campanha Nacional de Educação dos Cegos 
I CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO DE 
DEFICIENTES VISUAIS 
PROMOVIDO PELA 
CAMPANHA NACIONAL DE EDUCAÇÃO DOS CEGOS 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
PRESIDENTE 
Sua Excelência 
Prof. Dr. Flávio Suplicy de Lacerda 
DD. Ministro da Educação e Cultura 
COMISSÃO EXECUTIVA 
Presidente: Dorina de Gouvêa Nowill 
Assessora Técnica: Luiza Banducci Isnard 
Vice-Presidente: Júlia Collet e Silva 
Edy Pinheiro Alves 
Dr. Jairo Moraes 
Secretária Geral: Teresinha Fleury de Oliveira Rossi 
l .a Secretária: Jurema Lucy Venturini 
1.° Tesoureiro: Dr. Rogério Vieira 
2.° Tesoureiro: Dr. José Rodrigues Louzã 
Divulgação e Relações Públicas: Roberto José Moreira Isnard 
ASSESSORIA DA COMISSÃO EXECUTIVA 
Dr. Rubens Belfort Mattos 
Luiza Banducci Isnard 
Maria Lúcia de Toledo Moraes 
Dra. Nair Lemos Gonçalves 
Dr. Armando de Arruda Novaes 
Rosa Florenzano 
Manoel da Costa Carnahyba 
ENTIDADES COOPERADORAS 
Instituto de Reabilitação da Universidade de São Paulo 
Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Federação Nacional das APAES 
Instituto Padre Chico 
Centro do Professorado Paulista 
Liga do Professorado Católico 
Associação Paulista de Medicina 
Lions Club 
Departamento de Educação Física do Estado de São Paulo 
I CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO DE 
DEFICIENTES VISUAIS 
PROMOVIDO PELA 
CAMPANHA NACIONAL DE EDUCAÇÃO DOS CEGOS 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
COMISSÃO TÉCNICA 
Joel Martins 
Yone Krahembull 
Mathilde Neder 
Dolores Molina Munhoz 
Sylas Fernandes Maciel 
Thomazia Dirce Perez Lora 
Geralda Amaral de Moura Estevão 
Miriam Paiato 
COMISSÃO DE RECEPÇÃO E HOSPEDAGEM 
Coordenador: Maria Figueira Andrade 
Membros: Teresinha da Rosa Goulart 
Nylsa Sampaio Coelho 
Roberto José Moreira Isnard 
Cecília Maria Martinelli de Oliveira 
Maria Orgarita de Moraes 
Noêmia Pereira Neves 
Lucy Osório 
COMISSÃO SOCIAL 
Coordenador: Ângelo Margarido 
Membros: Rosa de Aquino Belfort Mattos 
Helena de Athayde Vasone 
Tarcylla de Andrade Novaes 
Maria Carolina Pinto Coelho Carvalho 
Olímpia Ana Sant'Ana Sawaya 
Dr. José Manoel Monteiro de Gouvêa 
Elza Corrêa Granja 
Teresinha Von Zuben 
Maria Luiza Sanchez da Costa 
Rosa Helena Affonso dos Santos 
Guiomar Costa Manso 
Ceneide Maria de Oliveira Cerveny 
EXPOSIÇÃO TÉCNICA 
Coordenador: Regina Pirajá da Silva 
Membros: Maria Stella Zullo 
Lourdes Martins 
Isabel Calazans de Cruz 
Norma da Silva Monteiro 
Inês Rossi Câmara 
HOMENAGEADOS 
Sua Excelência Senhor 
Mal. HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO 
DD. Presidente da República 
Sua Excelência Senhor 
D. ANTONIO MARIA ALVES SIQUEIRA 
Arcebispo Vigário Capitular da Arquidiocese de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. AURO SOARES DE MOURA ANDRADE 
D.D. Presidente do Senado Federal 
Sua Excelência Senhor 
DR. PASCOAL RANIERI MAZILLI 
D.D. Presidente da Câmara Federal 
Sua Excelência Senhor 
DR. RAIMUNDO DE BRITO 
D.D. Ministro da Saúde 
Sua Excelência Senhor 
DR. ADHEMAR PEREIRA DE BARROS 
D.D. Governador do Estado de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. CYRO DE ALBUQUERQUE 
D.D. Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. FRANCISCO PRESTES MAIA 
D.D. Prefeito da Capital 
Sua Excelência Senhor 
Gal. AMAURY KRUEL 
D.D.Comandante do 2.° Exército 
Sua Excelência Senhor 
DR. LUIZ ANTONIO DA GAMA E SILVA 
Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. OSVALDO ARANHA BANDEIRA DE MELLO 
Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. ZEFERINO VAZ 
D.D. Presidente do Conselho Estadual de Educação 
Sua Excelência Senhor 
DR. JOSÉ CARLOS DE ATALIBA NOGUEIRA 
D.D. Secretário de Estado dos Negócios da Educação 
Sua Excelência Senhor 
DR. JOSÉ SALVADOR JULIANELLI 
D.D. Secretário da Saúde e Assistência Pública do Estado 
Sua Excelência Senhor 
DR. LUIZ DOMINGUES DE CASTRO 
D.D. Presidente da Câmara Municipal de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. CARLOS DE ANDRADE RIZZINI 
D.D. Secretário da Educação e Cultura da Prefeitura de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. SEBASTIÃO SAYAGO LAET 
D.D. Secretário da Higiene da Prefeitura de São Paulo 
Sua Excelência Senhor 
DR. EDWARD WATHERHOUSE 
D.D. Presidente da Conferência Internacional de Educadores de 
Jovens Cegos 
Sua Excelência Senhor 
DR. ERIC T. BOULTER 
D.D. Presidente do Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos 
PARTICIPANTES 
BAHIA 
Ana Maria Rodrigues de Castro — Bolsista CNEC 
PARA 
Nazaré Leão — Escola José Alvares de Azevedo 
BRASÍLIA 
Aracy Vaillatti Mafra — Superintendência Departamento de Educação 
Maria do Rosário Penedo — Superintendência Departamento de Educação 
Pia Ignez Pieri — Secretária da Educação da Prefeitura do Distrito 
Federal 
Moema de Almeida Andrade — Secretária da Educação da Prefeitura 
do Distrito Federal 
Ezilda Teresa R. Pereira — Ensino Médio do Distrito Federal 
Verônica dos Santos Lamosa — Ensino Médio do Distrito Federal 
GUANABARA 
Dirce Ferreira da Cunha Pires — Instituto Oscar Clark 
Yacy de Oliveira Nery — Departamento de Educação Primária 
Lygia Costa de Menezes — Departamento de Educação Primária 
Altair Barbosa Ferreira — Cruzada de Recuperação e Assistência aos 
Cegos Fluminenses 
Marialva Feijó Frazão — Departamento de Educação Primária 
Elisionete S. Lima Cajazeira — Instituto Oscar Clark 
Wanda Rodrigues Maio — Instituto Oscar Clark 
Thomaz Bernardo Costa Filho — Instituto Oscar Clark 
Luiz Antônio Milleccof — Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille 
Rosa Abi Ramia Haddock Lobo — Governo do Estado do Rio 
Irmã Maria das Graças — Sodalício da Sacra Família 
Irmã Maria da Apresentação — Sodalício da Sacra Família 
Carlos Coelho Lousada — Conselho Estadual para o Bem-Estar dos Cegos 
Waldemar Pinto Ferro — Instituto Oscar Clark 
Francisco José da Silva — Associação Brasileira de Professores de 
Cegos e Amblíopes 
MATO GROSSO 
Cristino P. Barbosa — Instituto Mato Grossense para Cegos 
Nazareth Pereira Mendes — Instituto Mato Grossense para Cegos 
Maria Garcia Pereira — Instituto Mato Grossense para Cegos 
MINAIS GERAIS 
Virgínia Amanda Lage — Hospital Carlos Chagas 
Anita M. da Cunha — Secretaria da Educação 
Naly Burnier Pessoa de Melo Coelho — Instituto São Rafael 
Maria Mercês Marques Almeida — Instituto São Rafael 
Ambrosina Viotti Azevedo — Instituto São Rafael 
Edith de Abreu Souza — Instituto São Rafael 
Dalva Guido Fernandes — Instituto de Cegos Brasil Central 
Aparecida Garcia — Instituto de Cegos Brasil Central 
Efigênia Elias Vidigal — Secretaria da Educação 
Maria das Mercês Fonseca — Secretaria da Educação 
Ruth Soares Ferreira — Secretaria da Educação 
Irmã Margarida Maria Soares — Colégio Imaculada Conceição 
Irmã Catarina Mourão — Colégio Imaculada Conceição 
PARANÁ 
Eliza Maria Annunziatto — Instituto Luiz Braille 
Dalcio Annunziatto — Centro de Reabilitação Luiz Braille 
Tenente José Almeida — Centro de Reabilitação Luiz Braille 
Brasílio Starepravo — Centro de Reabilitação Luiz Braille 
PERNAMBUCO 
Maria José Carneiro — Instituto de Cegos do Recife 
Maria Clivia Calábria — Bolsista CNEC 
RIO GRANDE DO SUL 
Nilton Monti — APAE 
Iula Herve — Instituto Santa Luzia 
Getulio Vargas Zauza — Instituto Santa Luzia 
Irmã Helena Barbosa — Instituto Santa Luzia 
Irmã Rosa Catharina Carollo — Instituto Santa Luzia 
Susana Costa — SOEE — Centro de Reabilitação 
Walquirio Ughini Bertoldo — E .R .G .C . 
Nélida Rosa Zorzan — Escola Antonio Francisco Lisboa 
Haidée C.Zorzan — Escola Antônio Francisco Lisboa 
Wilma Portuguez Kortz — Escola Antônio Francisco Lisboa 
Eclair Silveira — Bolsista CNEC 
Marlene Oliveira Ramos — Bolsista CNEC 
RIO DE JANEIRO 
Dalka Viena de Moraes 
Admar Augusto de Mattos — Associação Fluminense de Amparo aos 
Cegos 
Ana Regina Abi Ramia Pereira — Classe Especializada 
Solange Ribeiro do Rosário — Cruzada de Recuperação e Assistência 
aos Cegos Fluminenses 
Violeta de Saldanha da Gama — Cruzada de Recuperação e 
Assistência aos Cegos Fluminenses 
SANTA CATARINA 
Therezinha Seleme — Ginásio Estadual Almirante Barroso 
lolanda Pieczarka — Ginásio Estadual Almirante Barroso 
Ana Augusta Correira — Bolsista CNEC 
Teresinha Darci Gevaerd — Bolsista CNEC 
SÃO PAULO 
Maria Conceição S. Lima — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Ester Macedo — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Kiyoe Okamoto — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Jairo de B. Freire — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Fernanda Teixeira de Camargo — Fundação para o Livro do Cego 
no Brasil 
Ivone Marilene Antonio — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Elisa Toma — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Keiko Tanagaki — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Noêmia Rezende de A. Ramos — Fundação para o Livro do Cego 
no Brasil 
Regina Maria Ignarra — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Marlene P. Rodrigues Silva — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Margot C. P. de Barros Souza — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Maria Lúcia Telles de Siqueira — Fundação para o Livro do Cego 
no Brasil 
Maria Luiza de Oliveira Lima — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Victalina Ribeiro Manrique — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Ana Carmelita Ferreira — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Norica Saito — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Maria Elisa de Oliveira Geribelo — Fundação para o Livro do Cego 
no Brasil 
Maria José Savi Massaini — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Lucy Reinert — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Yvone Pranuvi — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
José Ferreira Martins Júnior — Associação dos Cegos de Ribeirão 
Preto 
Dolores Munhoz Dini — Associação dos Cegos de Ribeirão Preto e 
Escolas para Cegos Helen Keller 
Clotilde Pinto Miranda — Instituto Caetano de Campos 
Wilma Pires de Miranda — Instituto Caetano de Campos 
Atilio João Fumo — Lions Club de São Paulo — Penha 
Dr. Marcos Zlochevski — Lions Club de São Paulo — Pacaembú 
Francisco D'Alvia — Lions Club de São Paulo — Santo Amaro 
Marilda Bossi — Biblioteca Infantil Municipal 
Maria Cecília — de C. Ferraz — Biblioteca Infantil Municipal 
Maria Aparecida Bianco — Secretaria de Educação 
Maria do Carmo Ayres — Secretaria da Educação 
Nely Garcia — Delegacia de Ensino Santo André 
Dr. Antonio dos Santos Clemente — Federação das APAES 
Yara de Oliveira Celentano — APAE 
Aída Moreira Estrazulas — APAE 
Ignez Aos. Enfeldt — APAE de Jundiaí 
Azaury da Cruz Tiriba — Lar das Moças Cegas 
Rosette Nazareth Oliva — Lar das Moças Cegas 
Maria Helena Nolf — Lar das Moças Cegas 
Elisa da Silva Leme — Instituto Padre Chico 
Pedrina Sampaio Silveira — Instituto Padre Chico 
Terezinha Silva Malta — Instituto Padre Chico 
Luzia Aparecida Daniel — Instituto Padre Chico 
Marina Pimentel de Mello — Instituto Padre Chico 
Maria Ribeiro Magalhães — Instituto Padre Chico 
Irmã Apoline Camargo — Instituto Padre Chico 
Irmã Teresa Pontes — Instituto Padre Chico 
Daisy Maria Belfort Fúria — Instituto Padre Chico 
Helena Augusta de Souza Mello — Instituto Padre Chico 
Elza Silveira — Instituto Padre Chico 
Isabel Teresa Guimarães Alves — Instituto Padre Chico 
Yone Krahenbuhl — Instituto Padre Chico 
Iida Victória T. N. Lima — Instituto Padre Chico 
Hortência Almeida de Carvalho — Instituto Padre Chico 
Sylvia Rodrigues Teixeira — Instituto Padre Chico 
Mariza Delia Santa — Instituto Padre Chico 
Olenka Reda Macedo Pio — Instituto Padre Chico 
Luci Osório Torres — Instituto Padre Chico 
Vera Alice Carvalho Martins — Instituto Padre Chico 
Célia Narciso Gomes — Instituto Padre Chico 
Maria José Conrado Pereira 
Thereza Adelina B. Tavares — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Ercilia G. Ferraz 
Thereza Ablas Sandoval de Andrade 
Orlando Cândido de Mello 
Cinira Roca Dordal 
Maria Isabel F. Santos 
Arisla Claudete dos Santos — Curso de Especialização 
Luzia Ciscato — Instituto Padre Chico 
Teresa Elisabee Ceccarelli — Fundação para o Livro do Cego no 
Brasil 
Dr. Álvaro de Figueira F. de Siqueira 
Dr. Osvaldo Badeto Campanari 
Ruh Maeralhíes Ferreira — Fundação para o livro do Cego no Brasil 
Rubens Frada 
Deinze Apparecida Cizotto — Fundação para o Livro do Cego no Brasil 
Severina Arcuri — Instituto Profissional Paulista para Moças Cegas 
Angelina De Lucca Souza — Instituto Profissional Paulista para 
Moças Cegas 
Carlos Souza — Sociedade Organizadora de Trabalhos para Cegos 
Therezinha Baungartner — Instituto de Puericultura 
Helena Lavander — Instituto de Reabilitação 
Ester Jorge — Curso de Especialização no Ensino de Cegos 
Anary Gomes Morgan — G. E. Amenaide Braga de Queiroz 
Deusiana Dias Bicalho — G. E. Prof.a Inah Mello 
Maria Heloísa de Sousa Mello — G. E. Prof.ª Inah Mello 
Adalgisa Therezinha J. Matta — G. E. Prof.ª Inah Mello 
Julha Nakamura — G. E. Rural Alberto Torres 
Eliana Barreta Saad — G. E. Rural Cel. Guido Junqueira 
Cristina Midori Yamaga — G. E. Cel. Joaquim José 
Marlene Bicha — 1a Un. Cl. Esp. para crianças Defeituosas 
Rute Savastano — Lar Escola São Francisco 
Vera Maria Leite de Souza — Prefeitura Municipal de Santos 
Anna Lazzati — Instituto de Reabilitação do Hospital das Clínicas 
Anibal Sandano — SENAI 
Geraldo Sandoval de Andrade — SENAI 
Bartley Patrick Gordon — Embaixador da U .S .A. 
SERGIPE 
José Sobral — Centro de Reabilitação "Ninota Garcia" 
ARGENTINA 
Ema M. C. de Chavanne — Instit. Chaqueiro para Cegos 
Maria Angela Gracia de Bassi — Inst. Chaqueiro para Ciegos 
Dora I. Saavedra — Pres. do 1o Centro de Copistas 
PORTUGAL 
Ana Maria Bernard Costa — Centro Helen Keller — Lisboa 
Maria Lucilia Freitas Lopes do Rego — Centro de Reabilitação Nossa 
Senhora dos Anjos 
URUGUAI 
Isabel Arruza Aguirre — Escuela Residencial de Ciegos y Amblíopes 
Maria Antonia Mintegui de Olhagaray — Escuela Residencial de 
Ciegos y Ambliopes 
SEGUNDA FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 1964. 
20,30 HORAS. 
SESSÃO SOLENE DE ABERTURA 
Prof.a DORINA GOUVÊA NOWILL. Presidente da Co-
missão Executiva do Congresso: 
"Sras. e Srs. temos a grata satisfação de declarar aberto o 
I Congresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais. Passaremos 
agora, à composição da mesa que dirigirá os trabalhos desta noite: 
of. Dr. Zeferino Vaz, Magnífico Reitor da Universidade de Brasília e 
Presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo; Dr. Edson 
Raymundo Pinheiro de Souza Franco, Secretário da Educação do Estado 
do Pará; Dr. Edward Waterhouse, Presidente da Conferência Interna-
cional de Educadores de Jovens Cegos e Diretor da Perkins School for 
the Blind; Dr. Rogério Vieira, membro da Comissão de Campanha 
Nacional de Educação dos Cegos do Ministério da Educação e Cultura; 
Sr. Roberto Isnard, membro da Comissão da Campanha Nacional de 
Educação dos Cegos do Ministério da Educação e Cultura; Dr. Jairo 
de Moraes, Diretor do Instituto Benjamin Constant do Ministério da 
Educação e Cultura; Dr. Agenor Prado Moreira, Chefe de Gabinete de 
Sua Excia, o Sr. Governador do Estado de São Paulo; D .D . Repre-
sentante do Exmo. Sr. Comandante do 2.° Exército; D.D. Represen-
tante do Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo; D .D . 
Representante de Sua Excia, o Secretário do Trabalho Indústria e 
Comércio do Estado de São Paulo; D . D . Representante de Sua Excia, o 
Secretário da Justiça e Negóciosdo Interior; D.D. Representante do 
Sr. Diretor Geral do D .E .A; D.D. Representante do Diretor Geral do 
Departamento de Educação do Estado de São Paulo; D.D. Represen-
tante do Sr. Diretor do Serviço de Higiene Mental da Secretaria da 
Educação do Estado de São Paulo; Revmo. Pe. Corbeil, membro do Con-
selho Estadual de Educação do Estado de São Paulo; D . D . Repre-
sentante do Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado de Mato 
Grosso; D. Edy Pinheiro Alves, Diretora do Setor de Educação de 
Excepcionais da Secretaria de Estado de Educação e Cultura da Gua-
nabara; Da. Júlia Collet e Silva, Presidente do Instituto para Cegos 
Padre Chico, de São Paulo; Dr. José Rodrigues Louzã, Médico-Assistente 
Administrativo do Instituto de Reabilitação da Universidade de São 
Paulo; Dr. Antônio dos Santos Clemente Filho, Presidente da Federa-
ção Nacional das APAES, Diretor Executivo da Campanha Nacional do 
Educação e Reabilitação dos Deficitários Mentais e nosso orador desta 
noite." 
(Execução do Hino Nacional Brasileiro pela Banda da Guarda 
Civil de São Paulo). 
Prof.a Dorina de Gouvêa Nowill: 
"Sras. e Srs., autoridades presentes, antes de passar a 
presidência dos trabalhos ao Magnífico Reitor da Universi-
dade de Brasília, que hoje nos honra com a sua presença, que 
me seja permitido, como presidente da Comissão Executiva 
do I Congresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais. 
dirigir nesta noite uma saudação entusiasta e carinhosa, pela 
contribuição, que a presença de todos os senhores traz nesta 
noite a este Congresso, e seguramente trará para o desenvol-
vimento e o progresso da Educação de Cegos em todo Brasil. 
A Campanha Nacional de Educação dos Cegos, que patrocina 
este Congresso, há três anos, vem estendendo todos os seus 
esforços, a todas as regiões do país, procurando, estimular 
novos serviços e incrementar os serviços de educação de defi-
cientes visuais existentes. Notamos, porém, que se fazia ne-
cessária uma tomada de consciência do que existe em todo o 
Território Nacional em prol da educação de cegos. Precisáva-
mos encontrarmo-nos educadores, técnicos e todos aqueles que 
trabalham na educação e na reabilitação de cegos, neste país 
imenso e que por vezes encontramos inúmeras dificuldades, 
para através do nosso intercâmbio, trocar experiências em 
favor do desenvolvimento dos programas existentes. Esta foi 
a razão pela qual convocamos o Congresso, que hoje os senho-
res vêm abrilhantar. Piratininga, tocou a reunir, e o Brasil 
respondeu presente. Do Pará aos Pampas, da Lagoa do 
Abaeté até Cuiabá, todos aqui estão, representando os serviços 
existentes no Brasil e o desejo imenso de todos, de que os 
nossos serviços possam progredir e satisfazer as necessidades 
da educação de cegos. Em nome dos educadores paulistas, de 
coração aberto, srs. Congressistas, a nossa saudação: que 
nosso trabalho seja profícuo, que tenhamos em mente o 
"slogan" deste Congresso: "Educar é promover" — Promo-
ver recursos para a educação e a reabilitação daqueles para 
os quais destinamos todos os esforços e serviços; educar é 
elevar, educar sim, é elevar os educandos: elevar o homem 
para que possa atingir o fim sublime para o qual foi criado; 
e educar srs. Congressistas é acima de tudo libertar, libertar 
a infância e a juventude, dos preconceitos e das contingências 
que lhe impedem a realização integral; educar é libertar, a 
inteligência da obscuridade, da inércia e da ignorância; e, 
educar srs., é sim, para nós educadores, libertar o espírito 
para que através do amor aos nossos semelhantes, possamos 
nós deslumbrar à grandeza de Deus. Finalmente, tenho a 
satisfação de passar a presidência dos trabalhos ao Prof. 
Dr. Zeferino Vaz." 
Prof. Dr. Zeferino Vaz: 
"Exma. Sra. D. Dorina de Gouvêa Nowill, ilustre presi-
dente da Comissão Executiva do I Congresso Brasileiro de 
Educação de Deficientes Visuais; Exmo. Sr. Prof. Edson 
Raymundo Pinheiro de Souza Franco. D.D. Secretário da 
Educação do Estado do Pará, cuja presença entre nós, sobre-
modo nos honra; Exmo. Prof. Agenor Prado Moreira. Chefe 
de Gabinete de Sua Excia. Sr. Governador do Estado de São 
Paulo e que representa o Sr. Governador do Estado neste 
Congresso, lamentando Sua Excia, o Sr. Governador não estar 
presente como desejava ardentemente, porque por motivos de 
ordem protocolar, deve estar esta noite em palácio: Exmo. 
Sr. Coronel João Batista Pereira, D.D. Representante do 
Sr. General de Exército Amaury Kruell, comandante do 2.° 
Exército; Exmo. Sr. Dr. Edward Waterhouse; demais com-
ponentes da mesa; Exmas. Sras. e meus Senhores: O Presi-
dente do Conselho Estadual de Educação do Estado de São 
Paulo deseja, antes do mais, agradecer a honra imerecida. 
que lhe conferiu a Presidente da Comissão Executiva deste 
Congresso, oferecendo-lhe a presidência desta sessão solene 
de abertura. Devo inicialmente confessar que me sinto pos-
suído da mais intensa humildade ao ver, que pessoas excep-
cionalmente bem dotadas de alma, entenderam de dedicar a 
sua vida ao trabalho de reabilitação funcional, daqueles que 
não possuem esse dom precioso que é a visão. Sinto-me to-
mado da mais intensa humildade, e quero afirmar-vos que 
guardarei a lembrança desta noite, como de um dia inesque-
cível da minha vida. Falo-vos não apenas como Presidente 
do Conselho Estadual de Educação, profundamente interessa-
do, em todos os problemas de reabilitação funcional e psico-
lógica de todos, de todos aqueles, que tem deficiências físicas 
ou que têm deficiências de ordem mental ou espiritual. E 
falo-vos também na qualidade de médico, médico que se sente 
orgulhoso de ter sido o pioneiro no estabelecimento de um 
nôvo tipo de educação médica, e da formação de médicos que 
não tenham apenas a mentalidade, que se desenvolveu até 
agora na educação médica, de que o médico há de cuidar de 
um momento da doença, do momento clínico da doença. Mas 
estabeleceu o Instituto de Educação Médica, pelo qual se de-
senvolve e se incute nos jovens estudantes, que a função do 
médico, é conhecer antes, como se desenvolve a doença até o 
momento clínico, para que entenda o que é prevenção verda-
deiramente, e que, depois do momento clínico, se preocupe 
com a terceira fase, a reabilitação, a readaptação do indivíduo 
que adquiriu qualquer tipo de deficiência, seja ela de visão, 
seja de locomoção, seja ela da respiração ou seja ela, defi-
ciência pior do que estas físicas as deficiências psíquicas, as 
deficiências psicológicas, aquelas que são capazes de trans-
formar o homem num dependente, dependência que o deprime, 
dependência que o degrada, dependência que o entristece, 
dependência que o leva ao sofrimento. Este I Congresso de 
Educação de Deficientes Visuais é como primeiro Congresso, 
uma chamada de consciência da nacionalidade, para a exis-
tência de um problema grave, do problema de dar ao defi-
ciente visual uma função e uma utilidade, para que ele se 
sinta capaz de progredir, para que ele se sinta capaz de ser 
útil e não apenas um dependente. E os votos que faço agora 
como educador é que Congressos deste tipo, se realizem, se 
concretizem, e daí se tirem medidas práticas para todos os 
tipos de deficiências. A deficiência da visão é aquela, que 
talvez, chame mais a atenção, é talvez a mais gritante, mas, 
há muitas outras, muitas outras talvez mais graves. Eu estou 
me lembrando de um indivíduo que adquiriu a lepra, por 
exemplo, e que fica estigmatizado, ainda depois de curado, 
clinicamente, bateriològicamente. Estigmatizado pela socie-
dade e pior do que isso, estigmatizado na própria alma. Re-
cuperar este homem para o trabalho, recuperar este homem 
para sentir-se útil e capaz de dar de si, porque cada um de 
nós só se realiza e sente satisfação profunda, quando é capaz 
de dar de si, um pouco para os demais. E eu me sinto hu-
milde, quando vejo deficientes visuais, não apenasreabilita-
dos, mas trabalhando intensamente, ardorosamente, com toda 
a alma, no sentido de sentir, no sentido de ver se estender a 
outros deficientes, aquele espírito, aquela satisfação interior 
profunda daqueles que são capazes de dar de si, daqueles que 
são capazes de realizar a caridade, não a caridade de dar 
pecúlia, muito mais do que isso, a caridade no sentido alto 
que lhe deu São Paulo, na epístola aos Coríntios, a caridade 
de dar de sua alma, a caridade de dar de seu sangue, a cari-
dade de dar de seu coração, fazendo algo em benefício de 
alguém. Quero desejar ardentemente, que deste primeiro 
Congresso saia um grito de alarma, uma tomada de consciên-
cia, para que os podêres públicos, para que os educadores, 
para que os responsáveis pela saúde pública, prestem atenção, 
não apenas à educação dos deficientes visuais, mas sobretudo, 
para que numa campanha de profilaxia, promovam o levan-
tamento das deficiências visuais tão freqüentes nas nossas 
crianças. Quantas e quantas crianças neste país, tem defei-
tos e deficiências visuais, de que não têm consciência, porque 
não sabem o que é a visão normal. Compete aos educadores, 
associados com os homens da saúde, promover uma campanha 
de levantamento dessas deficiências visuais, em grande nú-
mero de casos facilmente corrigíveis, defeitos ortóticos de 
fácil correção e que quando não corrigidos podem conduzir 
à perda irreparável da visão. Que desse primeiro Congresso. 
saia o grito de alarma, que desperte a consciência de gove-
nantes e governados, de educadores e de homens de saúde. E 
ao encerrar as minhas palavras quero cumprimentar viva-
mente os organizadores deste primeiro Congresso, desejan-
do-lhes um trabalho profícuo e útil, que reverterá em bene-
fício da nossa pátria. Agora vou solicitar a secretária que 
proceda a leitura dos telegramas e mensagens enviadas ao 
Congresso". 
Secretária Geral: 
"Recebemos as seguintes mensagens enviadas para o I Congresso 
Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais: Sou muito grato pelo 
convite que me foi enviado para a sessão solene de abertura deste 
Congresso formulando os votos revista todo o êxito, realização con-
clave. a) Ranieri Mazzilli, Presidente da Câmara Federal; Ao I Con-
gresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais, no momento em 
que na Capital do Estado de São Paulo se instala o I Congresso Bra-
sileiro de Educação de Deficientes Visuais, quero manifestar em nome 
do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, não só o mais caloroso 
aplauso a esta iniciativa, como ainda os votos mais sinceros de que 
os trabalhos deste Congresso produzam os resultados que almejam 
quantos se interessam pelo desenvolvimento pessoal dos deficientes 
visuais e pela sua perfeita integração na vida social. Deve merecer 
em verdade apoio decidido tanto do poder público como das entidades 
privadas e de todos quanto possuem sensibilidades para os grandes 
problemas humanos, a questão concernente ao amparo de que são 
credores os deficientes visuais. É preciso para isso incentivar o esta-
belecimento de programas e sistemas educacionais que confiram aos 
deficientes visuais condições para serem úteis a si mesmos, às suas 
famílias e à sociedade. Mediante providência adequada, poderão eles 
ser integrados de tal forma na vida social que aí se sentirão a vontade, 
pois, não figuraram como dependentes dela, na qualidade de benefi-
ciários de favores, mas como participantes no desempenho do encargo 
que lhes fôr confiado, da tarefa comum de contribuir para o bem estar 
geral. Estou certo assim, de que o I Congresso Brasileiro de Educação 
de Deficientes Visuais marcará em nosso país nova etapa na Campanha 
Nacional de Educação dos Cegos, estando fadada a produzir os frutos 
que todos nós governantes e governados, ardentemente esperamos. 
Porto Alegre, 9 de novembro de 1964. a) Francisco Solano Borges, 
Governador do Estado em exercício — Porto Alegre — Rio Grande do 
Sul; Em nome do Sr. Governador tendo a satisfação de acusar o 
recebimento de seu expediente datado de 7 de outubro do corrente 
ano, via do qual sua ilustre presidente endereçou ao Sr. Governador 
convite para participar da solenidade de abertura do Congresso da 
Campanha Nacional de Educação dos Cegos a ser realizado em São 
Paulo no dia 9 de novembro próximo na Associação Paulista de Me-
dicina às 20:30 horas. O governador por intermédio desta secretaria 
agradece a gentileza do convite o qual foi encaminhado à Secretaria 
de Educação e Cultura de Goiás para os devidos fins. Nesta oportu-
nidade renovo a V. Excia, os protestos de minha real estima e apreço, as) 
José Cizenando Jayme, Secretário Particular — Goiânia — Goiás; 
Agradecendo o gentil convite para participar do importante conclave 
apresento dignos organizadores do I Congresso Brasileiro de Educação 
de Deficiente Visuais cumprimentos mui cordiais, certeza mesmo rever-
tir-se-á grande brilho, bem como, terá resultados úteis e compensa-
dores: a) Ozair Motta Marcondes, Deputado Estadual — São Paulo — 
São Paulo; Pelo presente venho expressar os meus agradecimentos 
pelo amável convite para assistir a sessão solene de abertura do I Con-
gresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais que será realizado 
de 9 a 13 do corrente ao mesmo tempo formular votos de êxito no 
desenrolar do referido conclave. Aproveito a oportunidade para apre-
sentar a V . S . os meus protestos de distinta consideração e elevado 
apreço: as) Otávio Braga — Gabinete do Prefeito — São Paulo; Venho 
pela presente agradecer o convite de V .S . para participar do I Con-
gresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais. Lamento pro-
fundamente que devido aos compromissos assumidos anteriormente e 
apesar de grande interesse que teria, não será possível assistir ao 
Congresso, tendo a UNESCO dois peritos em educação trabalhando 
junto ao Centro de Pesquisa Educacionais de São Paulo, estudarei com 
eles a possibilidade de representarem a organização na sessão de abertura 
estarei sempre interessado em receber as resoluções e recomendações 
tomadas pelo Congresso, bem como outros documentos relativos ao 
assunto. Aqui permaneço ao inteiro dispor de V.Sa. e aproveito a 
oportunidade para enviar minhas mais cordiais saudações: a) Pierre 
Henquet, Chefe da Missão da UNESCO no Brasil: Sra. Presidente, em 
nome do Sr. Dr. Germano Jardim, diretor deste Escritório Organização 
dos Estados Americanos, Escritório Regional da União Panamericana, 
que ora se encontra ausente do país em objetivo de serviço é me 
grato acusar o recebimento do seu ofício SP 606/64 de 29/9 próximo 
passado, referente a realização nesta Capital no período de 9 a 13 de 
novemhro próximo vindouro do I Congresso Brasileiro de Educação 
de Deficientes Visuais. Agradeço-lhe ao mesmo tempo o convite que 
teve a gentileza de transmitir ao diretor do escritório o qual lhe 
dispensará a merecida atenção quando de seu regresso ao Brasil. 
Valho-me do ensejo para renovar-lhe as expressões do meu elevado 
apreço: as) Valdemar Lopes, Diretor Adjunto da Organização dos 
Estados Americanos. Recebemos ainda, moções, telegramas e congra-
tulações de Da. Helena Dias Carneiro, da Sociedade Pestalozzi do Rio 
de Janeiro; do Sr. Inácio Satustregue, diretor da Organização Nacional 
de Cegos de Espanha Ministério da la Governation; de Maria Teresa 
Túlio, Superintendente do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos 
Anjos, do Ministério de Saúde e Assistência. Lisboa; de Maria Anto-
nieta Taeschiler, Representante da American Foundation for Overseas 
Blind em Santiago — Chile. Luiz Pirega Gimenez, diretor do Insti-
tuto Nacional de Cegos — Peru — Lima; Deputado Juvenal Rodrigues 
de Moraes — Secretário do Governo do Estado de São Paulo; Aminésio 
V. da Silva — Serviço de Orientação e Educação Especial da Secretaria 
da Educação do Rio Grande do Sul; Prof. Godoy Moreira, diretor do 
Instituto de Reabilitaçãoda Universidade de São Paulo; Instituto de 
Cegos da Paraíba "Adalgisa Cunha"; Dr. Renato da Costa Bonfim; 
Dr. Richard Kanner e do Gerente do Departamento de Capacitacione e 
Seguritad Industrial Cordoba. Acabamos de receber também, uma carta 
do sr. Adido Cultural Adjunto da Embaixada dos Estados Unidos da 
América do Norte, que infelizmente, devido a compromissos inadiáveis, 
o Sr. Embaixador Lincoln Gordon não poderá comparecer a cerimônia, 
no entanto, ele faz votos de completo êxito ao I Congresso." 
Prof. Dr. Zeferino Vaz: 
"Vou ter agora a grata satisfação de oferecer a palavra 
ao Dr. Edward Waterhouse, presidente da Conferência Inter-
nacional de Educadores de Jovens Cegos. 
Prof.a Dorina de Gouvêa Nowill: Eu tentarei interpretar 
Dr. Waterhouse, e ele diz que lhe foi solicitado dizer algumas 
palavras e ele vai começar pelo que os srs. ouvirão. 
Dr. Edward Waterhouse: 
"É uma grande honra estar representando, não apenas, a 
mais antiga escola de cegos- dos Estados Unidos, fundada em 
1829, mas também a Conferência Internacional de Educado-
res de Jovens Cegos, que tem doze anos de vida. O mundo 
parece estar despertando repentinamente, para tomar cons-
ciência do que as pessoas deficientes podem realizar. Este é 
o século em que estamos aprendendo a colaborar. Sei que 
há, aqui esta noite, representantes de várias organizações 
particulares, representantes de governos e serviços governa-
mentais, e eu espero que tenhamos uma excelente semana de 
trabalho, e estou muito orgulhoso de aqui estar com os se-
nhores." 
Prof. Dr. Zeferino Vaz: 
"Muito obrigado Dr. Edward Waterhouse. E agora tenho a honra 
de dar a palavra ao meu caro e eminente colega Dr. Antônio dos 
Santos Clemente Filho que é Presidente da Federação Nacional da 
Associação de Pais e Amigos de Excepcionais e Diretor Executivo da 
Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficitários Mentaisr 
do Ministério da Educação e Cultura. A conferência versará sobre o 
tema "O lugar da pessoa portadora de deficiência físicas e mentais 
na sociedade". Tem a palavra o Dr. Antônio Clemente Filho". 
O LUGAR DA P E S S O A PORTADORA DE 
DEFI CIÊNCIAS FÍSICAS E MENTAIS 
NA SOCIEDADE 
DR. ANTÔNIO DOS SANTOS CLEMENTE FILHO 
(Presidente da Federação Nacional das APAES, Diretor 
Executivo da Campanha Nacional de Educação e Reabili-
tação dos Deficitários Mentais). 
"Srs. representantes das autoridades, srs. componentes 
da mesa, srs. congressistas, que aqui vieram, acorrendo de 
vários pontos do país, enfrentando dificuldades de toda ordem. 
as menores das quais não são sem dúvidas, a distância e o 
abandono de outros afazeres. Eu os saúdo. Falando a pessoas 
que têm por aspiração e tarefa, a reabilitação de deficientes 
visuais, parece-me que nada poderia ser mais importante que 
responder a estas perguntas. Para que desenvolver ao máxi-
mo a capacidade de suplência do sentido ou aptidão que foi 
negado ao deficiente? Com que objetivo fazê-lo? que destino 
deverá ele forjar com esta capacidade que nós lhe recuperar-
mos? por que posto deverá ele lutar dentro da sociedade? 
Todos quantos participam da responsabilidade de fixar pro-
gramas de reabilitação, sabem como é importante esta ques-
tão. Nós preparamos os deficientes, sejam sensoriais, men-
tais ou do aparelho locomotor, para integrá-los na sociedade, 
mas em que grau de integração, até que ponto serão eles 
aceitos pela sociedade? Como tem afinal a sociedade rece-
bido os deficientes? Quando a humanidade se abrigava em 
cavernas, que tinham apenas coberto o forro, eliminava os 
seus deficientes tão logo os percebia. Esta conduta que eufe-
misticamente poderíamos chamar de eugênica, ainda se en-
contra em todas as sociedades primitivas. Menos fácil de se 
entender é no entanto, que a antigüidade clássica, e em espe-
cial a civilização greco-romana. eliminasse da mesma forma 
os deficientes, inspirada agora pelo ideal de perfeição. Homero. 
se Homero, realmente existiu, foi uma feliz excessão a esta 
regra, a mais notória entre outras excessões que a história 
registra. O desenvolvimento dos sentimentos religiosos, pouco 
melhorou a sorte dos deficientes, pois, a ignorância impediu 
que a sua integração social se processasse, e continuava como 
regra a sua marginalidade absoluta dentro da sociedade. A 
renascença viu florecer um renovado interesse na figura hu-
mana, e agora já despido do ideal de perfeição clássica, de 
tal forma que o deficiente começa a aparecer nos documentos 
da humanidade, embora é claro desconheçam representações 
anteriores. São também mais numerosos os exemplos de defi-
cientes físicos, que conquistam lugares de destaque, vencendo 
a marginalização que a sociedade lhes impõe. Não se pode 
dizer que a sociedade aceitava esses deficientes, antes reco-
nhecia aqueles que a duras penas impunham à sociedade este 
reconhecimento. Seria o caso de lembrarmos, por exemplo, 
Milton e outros grandes, grandes com G maiúsculo com todas 
as letras maiúsculas, privados do sentido da visão, e que 
ajudaram a escrever a história desse período do renascimento 
dos conhecimentos. Os séculos posteriores que se designam 
por idade moderna, viram crescer o interesse pelos deficientes 
físicos e mentais, e as primeiras tentativas de reabilitação. 
Mas ainda no fim deste período que atinge os primeiros anos 
do século vinte, a tônica de todos os programas de reabilita-
ção, era antes a segregação dos deficientes, numa tentativa 
que não sabemos se pretendia proteger, antes o deficiente, ou 
proteger a sociedade contra o deficiente. No caso específico 
dos deficientes visuais, os progressos no sentido da total acei-
tação social, foram muito sensíveis nesse período. A reabili-
tação ganhou forma de cidadania e a educação especial foi 
em muitos países tornada obrigatória, mas o progresso não 
foi geral e outros grupos de deficientes, os auditivos, os do 
aparelho locomotor, e o grupo maior dos deficientes mentais, 
continuaram marginalizados. Mas até que ponto esses defi-
cientes reabilitados, eram aceitos na sociedade? até que ponto 
se integravam, abriam caminho, ombreavam com os mais 
afortunados chamados normais? É um caminho longo e ár-
duo. O esforço despendido não está nunca na proporção dos 
resultados obtidos, mas pouco a pouco, ganha o direito, ganha 
a voz para exigir os direitos que são inerentes a todas as 
pessoas humanas, pouco a pouco se desperta a consciência 
social, e se admite a participação dos deficientes na sociedade. 
Lutamos pela integração. Que o deficiente faça parte do com-
plexo social, com os encargos e privilégios, que disso advém 
aproveitando ao máximo a sua capacidade, desenvolvida por 
métodos que a sociedade tem obrigação de fornecer. É preci-
so que o deficiente integre a sociedade, que ela dependa do 
seu trabalho, como ele depende dela. Que o esforço enorme 
que realiza, embora para produzir minguados resultados, ve-
nha enriquecer o acervo social, como o trabalho de qualquer 
um dos cidadãos. Que se meça o esforço despendido, e não 
tanto os resultados obtidos. Os deficientes não pedem muito. 
querem ser apenas ajudados para poder ajudar, para poder 
ajudar como qualquer outro participante da sociedade na 
medida das suas forças, com o melhor de seus esforços. Se 
por um lado vimos como evoluiu a sociedade no sentido da 
aceitação do deficiente e da sua recuperação, não é menos 
verdade, que a sociedade evoluiu também das formas mais 
simples para um organismo complexo, e isso também influi 
na integração dos deficientes. É relativamente mais comum 
e fácil, a integração de um deficiente numa comunidade rural 
primitiva, do que a sua aceitação numa comunidade urbana 
mais desenvolvida. Isso nos põe diante da necessidade de 
considerar a integração do deficiente, na sociedade atual, na 
sociedade em que vivemos, limitada pelos conceitos de nação, 
país, e a tentativade antever como será o deficiente aceito 
na sociedade para a qual caminhamos. Já foi de várias for-
mas visto, que a sociedade atual se distancia mais da socie-
dade do século precedente, que essa da sociedade do primeiro 
milênio depois de Cristo. A civilização mecanotecnológica que 
a humanidade forjou é sob certos aspectos radicalmente dis-
tinta de tudo o que conhecemos antes, e dentre suas caracte-
rísticas a mais evidente é a permanente mudança; fatos, 
coisas, instituições evoluem, e se transformam de tal forma 
que nenhum grupo de conceitos pode ser fixo. As mudanças 
tecnológicas vão em velocidade crescente transformando a 
fisionomia social e as formas de conceitos sociais para serem 
válidos se alteram e adaptam a cada passo. Quando pensa-
mos no futuro, quando imaginamos a estrada que segue a 
frente na trilha da humanidade, os fatos parecem delinear 
os contornos do caminho, a conquista do espaço pelo homem 
e a automatização das máquinas, e a medida em que estas 
duas conquistas, possam afetar o destino humano. O homem 
libertado da prisão terrena, lançado no espaço, se engrandece 
e ombreia com os Deuses, no controle do espaço e do tempo, 
os ideais de aptidão física dos nossos dias são os requeridos 
para os astronautas, e os de habilitação intelectual são os que 
se exigem dos físicos nucleares e dos cientistas do espaço. 
Automatização multiplica o trabalho da máquina e liberta o 
homem, drasticamente reduzindo a necessidade de mão-de-
-obra, quiçás levando a um ócio construtivo, se soubermos 
aproveitar a oportunidade, ou ao desemprego e a fome e 
necessariamente a maginalização da mão-de-obra menos de-
senvolvida, se não soubermos aproveitar a oportunidade que 
se nos depara. No Brasil o relativo subdesenvolvimento, nos 
permite apreciar os perigos da evolução como ela se processa 
nos outros países, e quem sabe corrigi-los nos anos de espera, 
que esse subdesenvolvimento nos dá. Mas de uma forma ou 
de outra, para lá caminhamos, e se queremos obter o máximo 
das nossas possibilidades, devemos planejar o futuro, isto é, 
antever os problemas e procurar dar-lhes solução. A conquis-
ta do espaço traz consigo aspectos positivos, que militam em 
favor do excepcional. Um primeiro é a propensão que temos 
para acertar compromissos antigos, sempre adiados às véspe-
ras das viagens. A humanidade sente-se hoje as vésperas de 
uma grande viagem, a viagem do espaço, e volta-se para com-
promissos sempre adiados, compromissos consigo mesma, para 
com os seus elementos menos favorecidos, para o problema 
da subnutrição de meia humanidade, para o problema do 
desenvolvimento econômico inadequado de dois-terços da hu-
manidade e tantos outros entre os quais, não em último lugar 
está o problema dos portadores de deficiências físicas ou 
mentais. O renovado interesse que se nota hoje em todos os 
continentes, pela sorte dos excepcionais, parece traduzir a 
vontade de resolver velhos problemas sempre adiados, antes 
da grande viagem. Outro aspecto da conquista do espaço, é 
a reavaliação das dimensões humana diante dos próprios olhos 
da humanidade. Hoje o homem não se pode mais julgar o 
inconteste senhor do universo, talvez não seja o ponto máximo 
da evolução, o ápice da criação, mas apenas, um entre outros, 
num universo que talvez seja, um entre muitos outros, habi-
tados quem sabe porque vidas, quem sabe porque evolução 
maior. Daí talvez volta-se o interesse para o próprio desen-
volvimento, para o desenvolvimento do homem interior, daí 
talvez a necessidade de nos conhecermos melhor, nas nossas 
capacidades e deficiências, para desenvolvê-las ou corrigi-las. 
Desenvolve-se a consciência de que o subnormal, e normal são 
pontos de uma escala cujos limites nos escapam, e na qual 
se podem admitir graus diversos de desenvolvimento de uma 
mesma qualidade ou atributo desde o deficiente até o super 
dotado. Todo problema das deficiências físicas ou mentais 
está sendo reavaliado, numa tentativa de obter o máximo da 
capacidade humana, que se espera expandir e desenvolver. 
Por outro lado quando as vistas se voltam para fora da terra. 
não faltam os que lembram, que nem tudo está feito aqui, 
que é praticamente necessário fortalecer as bases terrenas 
antes de nos abalançarmos a outras conquistas. Não partici-
pamos do medo de que a automatização diminua os empregos. 
ao contrário, todo o avanço tecnológico sempre resultou em 
última análise na expansão do mercado de empregos. Também 
não cremos que a automatização corte as possibilidades da 
mão-de-obra menos dotada, barre o caminho ao trabalho do 
deficiente. A evolução da máquina, tem sido sempre no sen-
tido da complexidade crescente das suas funções e na simpli-
ficação das alterações, embora isso não se obtenha às vezes 
em início. Tanto isso é verdade, que o treinamento requerido 
hoje para operação de um tear mecânico, altamente automa-
tizado é menor que para operar os primitivos teares manuais. 
Há fábricas na Holanda, onde retardados mentais, com quo-
ciente intelectual abaixo de cinqüenta, montam aparelhos de 
precisão altamente complexos, apenas porque foi feita uma 
conveniente análise das operações necessárias e elas foram 
rearranjadas, dentro de um nôvo conceito, segundo um plano 
que o montador pudesse entender. Quando falamos do lugar 
do deficiente na sociedade, queremos significar o lugar que 
lhe compete integrado na sociedade, e não à sua margem; 
queremos dizer integração social dos deficientes. Esta inte-
gração não é rápida, nem é fácil, começa na família, trauma-
tizada no seu íntimo pela presença do deficiente, e por isso 
mesmo, propensa a rejeitá-lo de início. Da rejeição inicial 
caminha para aceitação passiva e egoística, e desta para a 
aceitação ativa, o esforço consciente para recuperação e inte-
gração familiar e social dos deficientes. Nem todas as fa-
mílias atingem essa terceira fase; é claro que não se poderá 
pretender posição social, para alguém que é marginalizado 
dentro da própria família. Por isso, nenhum programa de 
recuperação, e integração social dos deficientes, será válido, 
se não contiver o núcleo central, um programa de educação 
familiar, de educação dos pais. Realizada a integração fami-
liar resta a tarefa maior da integração social dos deficientes. 
É através do trabalho produtivo, que o indivíduo se integra 
na sociedade; nenhum programa educativo será completo, sem 
0 treinamento vocacional e profissional, sem dotar o indivíduo 
para prover a sua subsistência na medida em que esta sub-
sistência puder ser atingida pelas suas capacidades. A sim-
ples escolarização não é um fim em si mesma, mas apenas 
um meio para o prosseguimento do aprendizado em bases mais 
práticas, das quais se derive a possibilidade de ganhar o pró-
prio sustento. Creio que será mais difícil conseguir hoje, 
misteres e ocupações para os deficientes, dentro do complexo 
de produção e serviços da nossa sociedade. Não creio tam-
bém que para o futuro isto venha a ser menos fácil; ao 
contrário, é minha crença que o progresso da ciência e da 
tecnologia nos levará ao melhor conhecimento e domínio dos 
métodos de aprendizados e análise de trabalho, que afinal 
possibilitarão maior desenvolvimento das aptidões, e maior 
rendimento dos trabalhos do excepcional. A integração social, 
o lugar que aos excepcionais está reservado na sociedade, terá 
sempre a medida do sucesso dos nossos esforços; os deficien-
tes terão em poucas palavras aquilo que nossos programas de 
reabilitação lhes puderem dar, daí a responsabilidade que 
pesa sobre os ombros de quantos se ocupam dos excepcionais, 
onde quer que trabalhem e a que grupo de deficientes se 
dediquem. Do esforço de cada dia, da extensão dos progra-
mas de que participem, da isenção, da dedicação e do amor 
com que interpretam as restrições relativas de seus educandos. 
resultará o menor ou o maior aproveitamento social dotra-
balho que realizarem e a sua menor ou maior integração so-
cial. Sabem todos que não tenho qualificações para falar-lhes 
como técnico, e por isso me sinto pouco a vontade para adver-
ti-los ou orientá-los, mas permitam umas poucas palavras, 
derivadas da experiência alheia e própria que me parecem 
justas nestas considerações. Precisamos usar palavras, para 
designar coisas, indivíduos, qualidade, conjuntos de aptidões 
etc. Para isso se cunharam terminologias especiais adaptadas 
a cada grupo. É preciso lembrar sempre, no entanto, que as 
palavras usadas para rotular um deficiente indicam sempre 
apenas impropriamente, um conjunto de impressões, obtidas 
de testes aplicados em determinada ocasião, com determinado 
objetivo, não devem nunca ter limitação, critério de rejeição 
de oportunidades para os deficientes aos quais são aplicados. 
Não podemos acorrentar os deficientes com palavras, lembro 
apenas um caso citado na literatura, e permitam que lembre 
casos, sempre referentes aos problemas de deficientes mentais 
com os quais estou mais familiarizado, de uma mongolóide 
de 26 anos, com o quociente intelectual igual a 35 na escala 
de Binnet e com idade mental de 6 anos e que ganha sua vida 
trabalhando oito horas por dia numa oficina de costura, cos-
turando à máquina com a perfeição necessária para fazer 
trabalhos para fora e expor seus trabalhos na vitrina da loja. 
Alguns critérios classificariam esta jovem em nível que não 
lhe concederia absolutamente a oportunidade do aprendizado 
que resultou na sua realização e na sua integração social. 
Ocorre-me mencionar também que a superproteção traz con-
sigo uma substima das aptidões do excepcional levando, por-
tanto a restrição das oportunidades desde educação e treina-
mento, e também, acentuar a necessidade de nos interessar 
por todos os excepcionais, todos os deficientes, não só pela 
ocorrência de deficiências conjugadas, como também para 
conseguirmos, para todos eles as medidas de proteção e auxí-
lio de que todos necessitam. Ao encerrar lembro que jamais 
substimaremos a força interior que move e anima cada indi-
víduo, e o que leva a superar o físico e o ambiente, força 
que dá vista aos cegos, voz aos mudos, que levanta e faz 
andar o paralítico. Entre nós, sentimos a presença desta 
força, nas pessoas que superaram suas deficiências, e privados 
da vista se transformaram em guias e em vez de buscar apoio 
e proteção estendem os braços, amparam os menos favore-
cidos. São o exemplo vivo das possibilidades da natureza 
humana. Perenes agradecimentos, àqueles pioneiros que pri-
meiro acenderam a lâmpada de esperança que ilumina a vida 
dos deficientes. Penso nos trabalhadores de ontem e de hoje, 
aqueles que enfrentaram tabus e resistências sociais para 
levar avante a tarefa de educação e recuperação dos deficien-
tes físicos e mentais e que os ajudam a ocupar o lugar que 
lhes cabe na sociedade. Mas não mencionarei nomes, alguns 
dos quais são especialmente reverenciados em nosso coração. 
Que seja este Congresso o esforço, o trabalho, e a dedicação 
de que foi e será feito a homenagem que lhes dedicamos. Eu 
gostaria de merecer a homenagem e a honra que me foi con-
cedida no momento em que me convidaram para lhes dirigir 
estas palavras, embora não merecida essa honra me foi pro-
fundamente cara, e eu agradeço. Muito obrigado." 
Prof. Zeferino Vaz: 
"Ao manifestar o quanto nos emocionou a sua brilhante oração, 
cheia de profundidade e conhecimento, mas cheia sobretudo de calor 
humano, desta chama sagrada de ideal, que conduz . o homem, que 
supera todas as deficiências, este colega que é uma inspiração para 
todos nós. é um brilhante radiologista, um homem que merece da 
classe médica o mais profundo respeito, como profissional, e que 
poderia dedicar toda a sua vida à sua profissão, que não lhe sobraria 
tempo, - soube todavia, dirigir parte substancial da sua vida em bene-
fício de um ideal, do ideal da reabilitação dos deficientes de qualquer 
tipo, de qualquer grau. certo de que em todos eles se encontrará 
sempre alguma qualidade, que lhe permita produzir bem no serviço, 
que lhe permita sentir se capaz na sociedade humana. Muito, muito 
obrigado Dr. Antônio dos Santos Clemente Filho. E agora vou ter 
a satisfação de devolver a presidência da sessão a sua legítima pre-
sidente D. Dorina de Gouvêa Nowill." 
Prof.a D. Dorina de Gouvêa Nowill: 
"Temos neste momento, a satisfação de fazer uma menção muito 
especial às organizações que muito contribuíram para a realização 
deste Congresso. Organizações que colaboraram com o Ministério 
da Educação e Cultura e a Campanha Nacional de Educação dos Cegos. 
São elas: a Federação Nacional das APAES; o Instituto de Reabili-
tação da Universidade de São Paulo; o Centro do Professorado de 
São Paulo; a nossa Fundação para o Livro do Cego no Brasil: e 
muito, muito especialmente, o nosso agradecimento a este punhado de 
homens, que sabem realmente cumprir o que prevê os estatutos da 
sua organização, o Lions Club de São Paulo, e quando dizemos, Lions 
Club de São Paulo, permitam os senhores, é um dever, queremos 
mencionar, especialmente o sr. Ângelo Margarido." 
Prof. Zeferino Vaz: 
"Eu consulto a sra. Secretária se há algum aviso, alguma comu-
nicação ou alguma participação aos srs. congressistas ? Nada. Então 
amanhã às 9 horas estão convidados todos os srs. congressistas à 
dar início ao trabalho efetivo. E encerrando esta sessão, eu quero 
agradecer aos srs. participantes da mesa e aos srs. congressistas, a 
honra que nos concederam em vir prestigiar, com presenças tão 
ilustres, os trabalhos e a sessão solene deste I Congresso Brasileiro 
de Educação de Deficientes Visuais, que eu estou certo há de realizar 
obra duradoura, o obra útil à sociedade e a coletividade Brasileira. 
Está encerrada a sessão." 
TERÇA FEIRA, 10 DE NOVEMBRO DE 1964. 
9,00 HORAS. 
l.a SESSÃO PLENÁRIA 
Presidente: Dr. ROGÉRIO VIEIRA 
Secretaria: MARIA ORGARITA DE MORAES 
M. ELISA DE OLIVEIRA GERIBELLO 
Ata da primeira sessão plenária do I Congresso Brasileiro de 
Educação de Deficientes Visuais — São Paulo. Aos dez dias do mês 
de novembro de 1964, no Anfiteatro da Associação Paulista de Medi-
cina, situado à Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, 278, 8.° andar, teve 
início a primeira sessão Plenária do I Congresso Brasileiro de Educação 
de Deficientes Visuais, sendo presidida pelo Dr. Rogério Vieira, membro 
da comissão da Campanha Nacional de Educação dos Cegos, que tomou 
palavra, declarando aberta a sessão, e justificando a troca de Presi-
dentes. Declarou que a Comissão Executiva do Congresso solicitava ao 
Professor Eliziário Rodrigues de Souza — Coordenador do Plano 
Trienal de Educação do Ministério da Educação e Cultura em São 
Paulo, permissão para tomar o lugar do Dr. Laerte Ramos de Car-
valho — Diretor do Centro Regional de Pesquisas Educacionais d« 
São Paulo, pois o Prof. Eliziário que havia vindo substituí-lo, encon-
trava-se afônico. Apresentou-se, o Dr. Rogério Vieira, como membro 
da Campanha Nacional de Educação dos Cegos e Tesoureiro do I Con-
gresso Brasileiro de Educação de Deficientes Visuais. Concedeu a 
palavra à Secretária Geral do Congresso, D. Teresinha de Oliveira 
Rossi, que fêz os seguintes avisos: 1.°) As adesões para o jantar 
dos Congressistas, deverão ser feitas na Secretaria do Congresso; 2.°) 
Por gentileza do Instituto Brasileiro do Café, haverá nos intervalos 
à disposição dos congressistas "cafezinho" no décimo-primeiro andar; 
3.°) .Encontra-se na secretaria lista de inscrições para visitas às 
Instituições, no período da tarde do dia doze, com ônibus à disposição. 
partindo deste prédio as três horas e trinta minutos. Retomou a 
palavra o Sr. Presidente da Sessão, dizendo que, antes de iniciar os 
trabalhos da Primeira Sessão Plenária, leria o regulamento do Con-
gresso, e procedeu a leitura: 
REGULAMENTOArt 1.° — O Primeiro Congresso Brasileiro de Educação de Defi-
ficientes Visuais é promovido pela Campanha Nacional de Educação dos 
Cepos, órgão do Ministério da Educação e Cultura, no período de 9 à 
13 de novembro de 1964, na cidade de São Paulo. 
Art. 2.° — A direção do Congresso está a cargo da Comissão 
Executiva designada pela Campanha Nacional de Educação dos Cegos. 
Art. 3.° — São membros do Congresso todas as pessoas cuja ins-
crição tiver sido aceita pela Comissão Executiva e as que por ela 
tenham sido convidadas. 
Art. 4.° — Os membros do Congresso classificam-se em: 
a) convidados 
b) individuais 
§ 1.° — Os membros individuais estão sujeitos ao pagamento de 
taxa de inscrição no valor de Cr$ 1,500,00 (hum mil e quinhentos 
cruzeiros). 
§ 2.° — Os membros convidados estão isentos do pagamento da 
taxa de inscrição. 
Art. 5.° — Só é permitido ingresso nos recintos destinados ao 
Congresso às pessoas possuidoras de comprovante de membro do 
Congresso. 
Art. 6.° — As atividades do Congresso se desenvolvem em: 
a) Sessão solene de abertura no dia 9 de novembro às 20,30 horas, 
no Anfiteatro da Associação Paulista de Medicina, Av. Brigadeiro Luiz 
Antônio, 278 — 8.° andar. 
b) Sessões plenárias destinadas à apresentação de temas oficiais, 
no Anfiteatro da Associação Paulista de Medicina — 8.° andar de 
acordo com o programa. 
c) Sessão solene de encerramento e entrega de certificado no 
dia 13 de novembro, às 17 horas, no Anfiteatro da Associação Paulista 
de Medicina, 8.° andar. 
Art. 7.° — Cada um dos relatores de tema oficial, dispõe de 30 
(trinta) minutos para a sua apresentação. 
§ 1.° — Após a apresentação de todos os relatores de uma sessão, 
há uma hora, para respostas às perguntas formuladas, por escrito à 
mesa, que se reserva o direito de selecioná-las. 
§ 2.° — Os relatores dispõem de 3 (três) minutos para responder 
cada pergunta. 
Art. 8.° — Só serão aceitas perguntas formuladas por pessoas 
regularmente inscritas no Congresso. 
Art. 9.° — As apresentações dos trabalhos podem ser ilustradas 
com documentação cinematográfica, dispositivos, gravuras, gráficos etc., 
porém sob nenhum pretexto podem ultrapassar o prazo estabelecido 
neste regulamento. 
Art. 10 — Os trabalhos inscritos regularmente e cujos autores 
não comparecerem às sessões para a qual tiverem sido programados, 
poderão ser apresentados no todo ou em parte por outro congressista, 
quer previamente indicado pelo autor, quer designado pela mesa. 
Art. 11 — A mesa diretora em cada sessão plenária é constituída 
de um presidente e dois secretários convidados pela comissão executiva. 
Parágrafo único — O presidente tem plenos poderes para cassar 
a palavra, adiar discussões, suspender a sessão, proibir diálogos, apartes 
ou debates de caráter pessoal, político e religioso, decidindo como 
melhor lhe aprouver para marcha construtiva e disciplinar dos 
trabalhos. 
Art. 12 — Os casos omissos neste Regulamento serão resolvidos 
pela comissão executiva. 
Ao final fêz um apelo para que este fosse cumprido. Prosseguindo 
nos trabalhos, justificou a troca de oradores: A palestra de D. Celina 
Junqueira, que versará sobre "A Formação Integral do Educando" 
e que seria o terceiro trabalho do dia, foi transferida, para o dia treze 
do corrente. Em substituição do Sr. Joaquim Lima de Moraes, Chefe 
da Oficina Protegida de Trabalhos para Cegos da Fundação para o 
Livro do Cego no Brasil — São Paulo — São Paulo, apresentará um 
trabalho sobre "Sorobã — Aparelho de Cálculo para Cegos." A 
primeira oradora d. Luzia Lopes Lima — Professora Especializada 
do Instituto São Rafael — Belo orizonte, Minas Gerais, apresentou-se 
ao plenário. Faltando cinco minutos para as dez horas iniciou a sua 
oração, cujo tema foi "Progresso e necessidades da Educação de Cegos", 
a que deu por terminada às dez horas e dezoito minutos. 
PROGRESSO E NECESSIDADES DA 
EDUCAÇÃO DE CEGOS 
PROFa . LUZIA LOPES LIMA. 
(Prof. especializada do Instituto São Rafael — Belo 
Horizonte — Minas Gerais). 
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO 
Ao tratarmos da educação de cegos, julgamos necessário 
remontar a tempos longínquos. Entretanto parece-nos mais 
interessante comparar pessoas e épocas, em vez de citar cro-
nologicamente os fatos. 
Assim, procuraremos destacar o que de mais importante 
se passou em relação à educação de cegos, como atitudes, con-
ceitos e idéias revolucionárias; procuraremos ainda situar o 
cego em cada época, aceitando as condições que se lhe ofere-
ciam ou se rebelando contra elas. 
Nosso trabalho se iniciará da antigüidade, quando, já 
encontraremos atitudes várias. Em Roma. toda a educação 
girava em torno do físico; visava aperfeiçoar o corpo e, por 
isso, aqueles que não pudessem dar à Pátria um trabalho 
físico perfeito, eram eliminados. Anteriormente, na Grécia, 
a educação espartana já apresentava as mesmas caracterís-
ticas. Atenas, se não exterminava os deficientes físicos. 
abandonava-os, sendo as crianças colocadas à margem doa 
caminhos. 
A mentalidade hebraica interpretava a existência de de-
feitos físicos como castigo divino; procuravam as famílias 
ocultar os portadores de deficiências, porque viam-nos como 
uma espécie de maldição dos céus. Falando pois dos hebreus, 
já podemos confrontar as épocas antiga e atual: conceitos e 
atitudes semelhantes nas camadas sociais, onde é diminuta a 
compreensão dos problemas relativos ao deficiente físico. Não 
é muito raro portanto, depararmos com alguém que julgue ser 
o defeito físico um castigo do céu. 
Com o advento do Cristianismo, começa a fase de amparo 
às pessoas fisicamente defeituosas, construindo-se asilos e foi 
essa a preocupação de S. Jerônimo, Santo Agostinho e outros 
Padres da Igreja. A Idade Média, com o predomínio da 
religião, tendo a caridade entre as virtudes essenciais, foi 
época propícia ao aparecimento de maior número de casas de 
amparo. Dessa forma, surgiu a primeira idéia segregacio-
nista, acentuada mais tarde, quando se pretendeu separar os 
cegos de outros deficientes. Construiam-se então asilos para 
os cegos, espécie de confrarias, onde os membros se diziam 
irmãos, tinham lugares próprios para se exibir e em algumas 
regiões, tinham até uma língua própria. E, porque a mendi-
cância constituía um privilégio a ele concedido, o cego passou 
a ser explorado; era propriedade de alguém. Não mui rara-
mente encontramos em nossos dias essa modalidade de trata-
mento dispensado ao cego. Exploradores muito discretos. 
fingindo caridade, ainda são notados com relativa freqüência. 
Os asilos tinham até aí finalidade de mero amparo, quan-
do surgiu na Itália uma instituição chamada "Santa Maria dei 
Siege", na qual foi introduzido o ensino da música. Talvez 
já naquela época se pensasse (como até hoje se julga), que 
todo o cego tem ouvido treinado para a música. 
O século XVIII, considerado século da segregação e da 
mendicância, foi apesar disso, marcado por um acontecimento 
importante: a primeira tentativa de educar o cego, dando-lhe 
instrução elementar. Foi quando, em 1784, Valentin Haüy 
fundou em Paris o "Instituto Nacional para os Jovens Cegos". 
Surgiu dessa forma, a primeira escola residencial das muitas 
hoje existentes, das quais mais abaixo falaremos. Antes po-
rém, será interessante tratarmos de pessoas cegas que se 
evidenciaram por atitudes notáveis, contrariando o espírito 
da época. Remontando-nos ao século IV da era cristã, vamos 
encontrar Didimus, em Alexandria. Estudou, apenas ouvindo 
as lições, teologia e filosofia humana, chegando a ser pro-
fessor de teologia. Na Grécia lembramos a figura de Homero. 
cuja imaginação fértil, produziu os notáveis poemas Ilíada e 
Odisséia. Mais tarde, só o 18.° século nos monstra exemplos 
de cegos ilustres. Foram eles capazes de se libertar dos pre-
conceitos segregacionistas, que como dissemos, acentuaram-semais nessa ocasião. Na Inglaterra surgiram dois vultos: 
Nicollas Saunderson, que se instruiu profundamente, estudou 
e difundiu a teoria de Newton sobre luz e côr e foi hábil 
defensor da Universidade de Cambridge. John Netcalft, cuja 
cultura foi inferior a de Saunderson, mas que se destacou pela 
maneira de se conduzir: procurou viver com naturalidade 
entre videntes, viajando muito e praticando a natação. A 
história, se não o supervalorizava, conta-nos que ele observou 
serem péssimas as estradas inglesas, sugerindo pavimentá-las 
com pedregulho. Na Alemanha lembramos Jacob de Netra. 
inventor de um sistema de escrita com letras de madeira, 
formando então a primeira biblioteca para cegos, queimada, 
aliás, após sua morte. Em Portugal, no século XIX, muito se 
distinguiu o famoso escritor Antônio Feliciano de Castilho, 
imortalizado por magníficas obras literárias. Apenas a cita-
ção desses nomes e predicados, vem provar o quanto valeu a 
esses cegos a força de vontade muito mais necessária naquela 
época que agora, quando a civilização é mais evoluída. Res-
ta-nos ainda esclarecer que, se a sociedade daquele tempo via. 
de modo geral, o cego apenas como um ser fisicamente defei-
tuoso, do meio dela surgiram pessoas que o observaram e 
aceitaram-no como indivíduo, como criatura humana, da mes-
ma forma que, dentre os segregados, emergiram os persona-
gens que acabamos de citar. 
Primeiramente Diderot, a quem se deve muito, pois foi 
o maior vulto de seu tempo. Estudou o problema do cego 
sobre o ponto de vista da psicologia, estabelecendo teorias 
interessantes a respeito da percepção tátil e visual. Seus es-
critos foram de grande valia e revolucionários pelas idéias 
neles contidas. Depois Valentin Haüy, fundador do Insti-
tuto Nacional para os Jovens Cegos, em Paris. Haüy entu-
siasmou-se com os trabalhos de Rosseau sobre a educação e 
os do abade L'Eppé sobre a educação dos cegos surdos. De-
pois de viajar muito e tomar conhecimento com a pianista 
cega Maria Tereza Von Paradis, iniciou a escola com um 
grupo de jovens e inventou um sistema de escrita em relevo 
ni ~pãpél. üm rios alunos de Haüy foi Louis Braille, inventor 
do" sistema de leitura para cegos atualmente usado. 
Após a escola de Paris, Haüy fundou ainda outra em 
S. Petersburg Leningrado na Rússia e daí em diante todas 
as grandes capitais da Europa, foram suas escolas, baseadas 
na obra valiosa de Hauy. Também na América o movimento 
tomou vulto; surgiram nos Estados Unidos, quase no mesmo 
tempo três Instituições: Instituto Perkins de Boston, Instituto 
de Filadélfia e Instituto de Cegos de New York. O Brasil 
também cria suas escolas: no Rio de Janeiro, o Instituto 
Imperial dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Cons-
tant, em 1854; o Instituto São Rafael de Belo Horizonte, 
1926; depois o Instituto Padre Chico, em São Paulo, em 1928 
e outros. Foi esse o panorama que pudemos observar por 
muito tempo no tocante à educação de cegos. As escolas 
residenciais, o melhor sistema educativo que até então se po-
deria oferecer ao cego, não cuidavam nem cuidam apenas do 
ensino de leitura e escrita, mas também da parte profissional 
e musical. De fato delas saíram elementos de realce: do 
Instituto Benjamin Constant o professor Aires da Mota Ma-
chado Filho, nas letras; do Instituto São Rafael o pianista 
Arnaldo Marchezotti. Com o correr do tempo, mais um passo 
foi dado na evolução da educação de cegos: as escolas residen-
ciais possuem somente os cursos primário e ginasial, e então 
muitos cegos que desejavam continuar os estudos começaram 
a freqüentar escolas comuns. Percebia-se já que o cego po-
deria instruir-se entre os que vêem, bastando-lhe apenas 
capacidade para aceitar suas limitações e vontade para adap-
tar-se ao ambiente de colégio. 
É o que tem acontecido na época atual, com muita inten-
sidade, embora não nos devamos esquecer dos exemplos anti-
gos. O Brasil possui um grande número de defiríentnes 
visuais que estudam em escolas comuns. 
Alguns grandes centros, porém, deram nôvo impulso ao 
processo de educação de cegos. Talvez o comportamento de 
muitos invidentes no convívio com pessoas que enxergam te-
nha inspirado a tentativa de fazer com que a criança cega 
não se isolasse da sociedade a que pertence, por outras pala-
vras: pretendeu-se que era desnecessário separar a criança 
da família, porque a limitação não a impediria de ter como 
as crianças de sua idade o mínimo de instrução. A tentativa 
se tornou coisa real, provada e aprovada. 
Esse sistema educativo (educação integrada), requer 
logicamente um grupo de pessoas que oriente os educadores 
no sentido de proporcionar à criança cega um ambiente agra-
dável, sim, mas sem exageros de consideração. Nosso país 
também acompanhou o movimento: D. Dorina de Gouvêa 
Nowill, paulista, professora diplomada pelo Instituto de Edu-
cação Caetano de Campos, estudou durante um ano nos Esta-
dos Unidos, de onde trouxe rica bagagem de conhecimentos, 
a respeito do problema que ora tratamos. Regressando, cria-
ram, ela e mais colaboradores, a Fundação para o Livro do 
Cego no Brasil, obra que assiste o cego amplamente facilitan-
do-lhe o material para estudos e orientando-o em vários setores. 
Criou-se depois, pertencente ao Instituto de Educação 
Caetano de Campos e funcionando na Fundação, o curso de 
Especialização em Ensino de Cegos. Atualmente a Campa-
nha Nacional de Educação dos Cegos, órgão federal, promove 
estágio na Fundação para assistentes sociais e psicologistas. 
elementos indispensáveis ao movimento de educação inte-
grada. 
Há hoje em São Paulo muitas crianças cegas que se 
educam junto de irmãos e vizinhos no Grupo Escolar. E o 
Estado da Bahia também deu início a esse tipo de educação 
SITUAÇÃO ATUAL 
Do exposto, podemos observar que considerados desde 
tempos longínquos, os conceitos e atitudes com respeito ao 
invisual, esse progresso tem sido lento, comparado ao que a 
civilização tenha atingido noutros aspectos. 
Tratemos rapidamente da situação atual dos cegos, pois 
a análise dos problemas de hoje, nos facilitará a conhecer o 
que precisamos para resolvê-los. Falaremos especialmente do 
Brasil, porque nos interessa mais de perto. Outrossim, a 
situação brasileira é muitíssimo semelhante à de outras na-
ções. Dois aspectos podem ser considerados: educacional e 
profissional. 
a) No campo educacional. 
Além das escolas residenciais já mencionadas, existem 
ainda: Instituto de Cegos da Bahia, em Salvador; Instituto 
Santa Luzia, em Porto Alegre; Instituto de Cegos do Brasil 
Central, em Uberaba e outros. 
Há em Pelotas, Rio Grande do Sul, uma escola mantida 
pela prefeitura; nessa escola os alunos são externos e assim, 
embora mantendo classes especiais para cegos, ela se aproxima 
do ideal de educação integrada, uma vez que a criança que lá 
estuda não perde o contato com a família. 
O maior número de estudantes invisuais na escola comum. 
constitui-se de egressos de colégios para cegos, que ali desejam 
completar seus estudos. Uma minoria faz o curso primário 
em Grupo Escolar, realizando-se esses, como dissemos, em 
São Paulo e na Bahia. 
b) No campo profissional distinguimos: 1 — pessoas 
que procuram emprêgo baseadas em suas reais qualidades: 
são orientadas profissionalmente e preparadas para o serviço. 
2 — pessoas cegas que reclamam emprêgo, pedindo ao empre-
gador atenção à sua deficiência física. Sua carta de recomen-
dação é pura e simplesmente a cegueira. 3 — grupos de pes-
soas cegas que possuem uma oficina de vassouras, espanado-
res e coisas do gênero, vendidas nas feiras livres ou nos 
mercados. 
Existem ainda casas de amparo em que são ensinados o 
Braille e alguns trabalhos manuais. 
Notamos, pois, que no que respeita a cegos, o Brasil tem 
ainda muito a desejar. O que possuímos de melhor se res-
tringe a uma pequena parte do

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