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Presidente da República Federativa do Brasil João Figueiredo Ministro da Educação e Cultura Esther de Figueiredo Ferraz AVALIAÇÃO BIOMÉTRICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FlSICA E DESPORTOS - SECRETARIO GERAL DO MEC Sérgio Mário Pasqualí - SECRETARIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS Péricles Cavalcanti - SUBSECRETARIO DE DESPORTOS (SUDES) Antonio Celestino Silveira Brocchi AVALIAÇÃO BIOMETRICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ROMEU RODRIGUES DE SOUZA Professor Assistente Doutor Departamento de Anatomia Universidade de São Paulo JOSÉ ARI C. OLIVEIRA APRESENTAÇÃO AVALIAÇÃO BIOMÉTRJCA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, antes de ser uma obra dedicada ao campo da Medicina, é uma orientação didática na área da Educação Física, propiciando ao estudante a assimilação de maneira clara e obje- tiva. Não obstante ser uma obra didática, ela permite a treinadores e prepa- radores físicos, através da mensuração, uma segura mostragem evolutiva do atleta nos sentidos qualitativo e quantitativo do treinamento. Este trabalho demonstra pois, a preocupação de seus autores em aten- der a especialistas e estudiosos do assunto. PROF. HÉLIO JOSÉ MAFFIA Diretor da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí Preparador físico do Esporte Clube Corinthians Paulista Ex-preparador físico do Paulista Futebol Clube de Jundiaí Ex-preparador físico do São Paulo Futebol Clube Ex-preparador físico da Sociedade Esportiva Palmeiras Ex-preparador físico do Guarani Futebol Clube Ex-preparador físico da Seleção Brasileira Í N D I C E Pág. 7 13 17 23 37 77 83 93 103 107 127 133 141 CAPITULO I Generalidades sobre medição e avaliação em Educação Física CAPITULO II Agrupamento dos dados: Ficha Biométrica CAPITULO III Seleção das medidas. Técnica geral das medidas CAPITULO IV Análise e Interpretação dos dados: Noções de Estatísticas CAPITULO V Avaliação das dimensões e proporções externas do corpo e seus segmentos CAPITULO VI Avaliação do Estado Nutritivo: Medida da espessura de pregas cutâneas e peso CAPITULO VII Medida da capacidade vital e cardiocirculatória. Força muscular CAPITULO VIII Avaliação do crescimento CAPITULO IX Biotipologia: Aspectos gerais CAPlYULO X Teorias biótipológicas CAPITULO XI Biotipologia infantil CAPÍTULO XII Diferenciação sexual CAPITULO XIII Importância da avaliação Biotipológica em Educação Física CAPITULO I GENERALIDADES SOBRE MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA EDUCAÇÃO FÍSICA: OBJETIVOS A Educação Física, como ciência, é educação global: educação do físico, da mente e educação social. A educação do físico subentende desenvolver no indivíduo aptidão física, ou seja, estabilidade emocional, saúde, desempenho eficiente em atividades motoras e um corpo esteticamente bem constituído. O desenvolvimento da aptidão física vai possibilitar ao indivíduo exercer melhor suas tarefas diárias e sentir-se melhor ao final de cada dia. Ao lado da aptidão física, a Educação Física visa também desenvolver no jovem a capacidade para a recreação, ou seja, participar com gosto de atividades recreativas, e a aptidão social, isto é, a capacidade de dar-se bem com os outros. Entretanto, a Educação Física só poderá atingir seus objetivos em relação a um indivíduo, se ela puder fazer um programa específico de acordo com suas necessidades, especialmente, se for uma criança. A aplicação de tal programa exige conhecimento prévio das condições físicas, fisiológicas e psicológicas atuais da pessoa a quem ele é dirigido. Este conhecimento, o professor de Educação Física pode obter através de técnicas de avaliação e medi- ção. De posse das informações obtidas, elas podem ser utilizadas, para que o pro- grama a ser elaborado seja o mais efetivo possível ás necessidades individuais. Em outras palavras, necessitamos medir antes, aquilo que pretendemos desen- volver para, a seguir, aplicar um trabalho de desenvolvimento; por outro lado, para sabermos se estamos conseguindo resultados satisfatórios, temos que medir continuamente os parâmetros que queremos desenvolver. Em resumo, é preciso saber inicialmente em que situação se encontra nosso aluno, para depois aplicar-lhe um programa adequado à sua situação. Mais tarde, voltamos a analisar suas condições para podermos avaliar os resultados. Todas estas fases requerem medições. NECESSIDADE DE SE MEDIR EM EDUCAÇÃO FÍSICA Entre outras razões que podem explicar a necessidade de medidas, serão citadas apenas as seguintes: divisão em turmas homogéneas, determinar o estado de aptidão atual de um aluno, acompanhar o progresso de um trabalho. Agrupar homogeneamente facilita a quem ensina e a quem aprende. As doses e intensidade do trabalho a ser realizado ficam mais objetivas e especificas. A determinação das aptidões e qualidades de um aluno é muito importante para se conduzir um trabalho físico pois assim este poderá ser o mais adaptado possível às necessidades dos alunos. A medida do progresso obtido em um trabalho é fundamental visto que quando sabemos que estamos melhorando, nossa motivação aumenta. A avaliação do progresso permite ainda mudanças e adaptações no trabalho, visando sempre atingir nossos objetivos. A ciência que trata das medidas corporais é a Biometria, cujo conceito vere- mos a seguir. CONCEITO DE BIOMETRIA Para se esclarecer o conceito de Biometria, vamos iniciar estas considerações com a análise deste termo. Biometria é uma palavra composta por dois radicais gregos, bios e metria, que significam, respectivamente, vida e medida. Temos assim um primeiro conceito de Biometria que é "a medida da vida". Entretanto, é um problema muito complexo definir o que é a vida em todas as suas manifestações e a medida de todas elas não cabe nos limites de um curso. Gomes de Sá (1975) classifica esta definição de simplista e a critica por levar a interpretações ambíguas, preferindo entender Biometria como "a ciência que procura traduzir numericamen- te os fenómenos biológicos, estabelecendo relações entre os dados assim obtidos, com o fim de determinar as leis que os regem". Esta é, sem dúvida, uma definição mais coerente, porém falta especificar os três níveis morfológico, fisiológico e psico- lógico, os quais estão subentendidos na expressão "fenómenos biológicos" e que são os níveis em que será estudado o indivíduo. Hegg e Luongo (1971) definem Biometria como "o ramo da Biologia que estuda os caracteres mensuráveis dos seres vivos, amparado pela análise matemá- tica e estatística". Assim, quando medimos a altura de um grupo de alunos estamos fazendo Biometria. O mesmo se pode dizer quando determinamos a frequência cardíaca ou a respiratória dos alunos em relação com a intensidade de um certo exercício. A Biometria começou em 1901, na Inglaterra. Pode-se dizer em um sentido geral que a Biometria é a ciência que estuda quantitativamente os fenómenos vitais. Objetivos deste compêndio A Biometria humana tem pois um campo muito amplo, compreendendo de modo geral o estudo das mais variadas medidas relacionadas ao corpo humano. Entretanto, nas páginas seguintes, serão abordados somente os aspectos relaciona- dos a certo grupo de mensurações, especialmente aquelas que apresentem alguma importância para a Educação Física. A Biometria Geral estuda aspectos métricos ligados aos seres vivos em geral, tanto animais quanto vegetais. A Biometria Especial estuda aspectos mensuráveis particulares do seres vivos. Aqui está incluída a Biometria humana que estuda o Homem sob os pontos de vista: morfológico, fisiológico e psicológico. A Biometria Estática estuda os aspectos mensuráveis do indivíduo em um determinadoinstante sem se preocupar se estes variam ou não no tempo. A me- dida da altura de um indivíduo em um dado momento representa um exemplo. A determinação da frequência respiratória, em um determinado instante, é outro exemplo. A Biometria Dinâmica estuda as relações entre vários aspectos biométricos e um trabalho físico em função do tempo. Um exemplo típico é o estudo da variação da frequência cardíaca com doses de um determinado exercício. Os resultados vão mostrar se o exercício está sendo muito ou pouco intenso, permitindo assim, acertar a dose ideal. Outro exemplo seria a variação do peso, de um ou mais indivíduos quando submetidos a uma determinada dieta. Depois de um certo tempo, poderemos veri- ficar se o peso está diminuindo ou não com essa dieta. IMPORTÂNCIA DA BIOMETRIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA A ciência evolui quando os fenómenos estudados podem ser medidos. Ao realizar um trabalho físico, aspectos importantes como a altura, peso, batimentos cardíacos só terão valor se puderem ser medidos, para que possamos analisar, comparar, construir tabelas, etc. Claude Bernard afirmava mesmo que só pode haver ciência quando se pode medir os fenómenos. Em Educação Física, os exercícios aplicados só produzem efeitos benéficos quando bem dosados em qualidade e em quantidade. Precisamos pois conhecer bem o indivíduo a quem dirigimos o trabalho físico. Neste conhecimento estão incluídos os aspectos mensuráveis do indivíduo. DIVISÕES DA BIOMETRIA A chave seguinte resume as divisões da Biometria: De acordo com os objetivos do trabalho biométrico De acordo com o modo de abordar os fenómenos em relação ao tempo e espaço Aqui estão dois exemplos da aplicação de conhecimentos biométricos em esporte: a. ao aplicar um trabalho físico, procuramos formar turmas homogéneas e para isso necessitamos classificar os indivíduos usando parâmetros como a altura e o peso; b. para acompanhar os progressos de um grupo submetido a um trabalho físico, pode-se utilizar a medida de certos parâmetros como o pulso e a frequência respiratória por exemplo. Como se sabe, os fenômenos biológicos caracterizam-se por sua grande varia- bilidade. A Biometria, ao estudar os indivíduos seja do ponto de vista morfológico, fisiológico ou psicológico procura verificar a existência de semelhanças entre eles dando ideia dos fenômenos comuns a determinados grupos. A formação de grupos com características semelhantes é importante pois. como vimos, a homogeneização de grupos facilita a aplicação de um trabalho físico. OBJETIVOS DO TRABALHO BIOMÉTRICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA Estes aspectos foram já esboçados em item anterior, mas devido a sua impor- tância, serão aqui estudados com mais pormenores. Os objetivos principais do trabalho biométrico em Educação Física são os seguintes: a. Determinar a condição física do indivíduo; Deste modo, pode-se dosar os exercícios físicos que serão aplicados. São feitas várias medidas e exame médico no indivíduo. Com isto, tem-se uma ideia do seu estado físico atual. b. Determinar o valor físico do indivíduo; Através da aplicação de provas específicas, podemos classificar os indiví- duos em normais, selecionados e poupados. Os normais obtém nessas provas resultados previsíveis, os selecionados, re- sultados melhores que os previsíveis e os poupados não atingem estes valores esperados. No caso de escolares, utiliza-se ainda o item inapto ou dispensado àqueles alunos que não são capazes de realizar nenhuma atividade física. c. Detectar assimetrias de forma; O professor de Educação Física poderá, no exame de seus alunos, detectar algumas assimetria de forma, o que é de grande importância pois assim ele poderá encaminhar o aluno para tratamento adequado. Algumas assimetrias podem inclusive ser corrigidas através da aplicação correta de exercícios adequados. d. Detectar deficiências físicas; Através de exames periódicos do indivíduo pode-se detectar certa falta de adaptação do organismo frente a determinados exercícios, que exigem novos esforços. Pode-se descobrir assim, deficiências que geralmente se traduzem por cansaço ou fadiga. Estas deficiências serão então tratadas convenientemente antes que produzam lesões mais graves e irreversíveis no organismo. e. Determinar o tipo constitucional (biótipo ou somatotipo). O conhecimento do tipo constitucional de um indivíduo permite orientá- lo para determinadas atividades físicas mais indicadas para aquele tipo de indivíduo. São amplamente conhecidos os três tipos constitucionais da Escola Bio- tipoiógica Italiana (Viola e Pende): normolíneos, brevilíneos e lingilíneos. Os brevilíneos e os longilíneos são os tipos extremos e o normolíneo é o tipo médio. Os primeiros tem maior desenvolvimento no sentido longitu- dinal enquanto os brevilíneos desenvolvem-se mais no sentido transversal. Classificar um determinado indivíduo em um destes grupos é muito importante em Educação Física, quando se pretende administrar exercí- cios ou orientar e selecionar para práticas desportivas. Este assunto será mais bem estudado posteriormente. Aqui veremos apenas alguns aspectos. Cada um destes tipos constitucionais possui em graus diferentes os elemen- tos da sigla VARF (velocidade, agilidade, resistência e força). Assim, os brevilíneos, devido a sua maior massa corporal, têm maior resistência e força; nos longilíneos, ao contrário, predominam a velocidade e a agilida- de, devido ao maior desenvolvimento dos membros que apresentam estes indivíduos. Nos normolíneos há equilíbrio destas quatro qualidades. Assim sendo, os brevilíneos devem ser orientados para esportes que reque- rem força e resistência, tais como: arremesso do martelo e levantamento de peso; os longilíneos adaptam-se melhor com esportes que exigem veloci- dade e agilidade, como corridas de velocidade e saltos. Bem orientados, os indivíduos terão um melhor rendimento, com menor gasto de energia. Daí a importância do trabalho biométrico bem realizado f. Dosagem dos exercícios e avaliação dos resultados. Através de exames biométricos poderemos acompanhar a dosagem dos exercícios, adaptando-os às necesidades de cada indivíduo ou grupo. Além disso, pode-se ter ideia do rendimento e dos resultados que se está obtendo com a aplicação daqueles determinados exercícios em função da finalidade que se tem em vista. CIÊNCIAS AFINS À BIOMETRIA Algumas ciências estão muito relacionadas com a Biometria, pois também são ramos da Biologia: Anatomia, Fisiologia, Psicologia e Bioquímica. Particularmente importantes para a Biometria são a Matemática e a Estatís- ticas; a variabilidade dos fenómenos biológicos torna os indivíduos diferentes uns dos outros. Daí a necessidade de se utilizar ciências Matemáticas, como a Estatística, para se realizar estudos biométricos. Depois de coietadas, as medidas devem ser analisadas e interpretadas. Isto requer conhecimentos básicos de Estatística que serão apresentados mais adiante. CAPITULO II AGRUPAMENTO DOS DADOS: FICHA BIOMÉTRICA Como já sabemos, são várias as mensuraçôes possíveis no corpo humano, e assim sendo temos que escolher certas medidas de acordo com os objetivos que temos em vista. Esta escolha depende então da finalidade que se tem na realização do trabalho físico. Depois de escolhidas, as medidas a serem obtidas são agrupadas em uma ficha denominada ficha biométrica que será preenchida quando da realização do exame do aluno. CONCEITO DE FICHA BIOMÉTRICA A ficha biométrica é portanto um documento que contém informações morfológicas, fisiológicas e psicológicas sobre um determinado indivíduo e que permite fazer um julgamento sobre suas condições de saúde e suas aptidões atuais. Alguns denominam a ficha biométrica de médico-biométrica porque vários dados devem ser colhidos exclusivamentepelo médico. Uma ficha biométrica poderia conter inúmeros dados, mas, como já vimos, devem ser selecionadas algumas medidas convenientes ao trabalho que vamos rea- lizar. Itens fundamentais de uma ficha biométrica Entre os itens fundamentais de uma ficha biométrica, serão apresentados os seguintes: identificação, antecedentes, exame clínico geral e especial e exame biométrico. a. Identificação: aqui são colocados o nome, idade e outros dados pessoais. b. Antecedentes: refere-se aos antecedentes pessoais e familiares. c. Exame clínico geral e especial: consiste no exame dos vários sistemas orgânicos (respiratório, digestivo e outros). Deve ser orientado de acordo com a idade e modalidade desportiva do indivíduo. Aqui incluem-se também exames de laboratório e outros que se fizerem necessários. d. Exame biométrico: as medidas a serem tomadas vão depender da finalidade que se tem em vista. Geralmente são colhidos obrigatoriamente, o peso e a altura. Entretanto, as medidas a serem colhidas enquadram-se nos três níveis: morfológico, fisiológico e psicológico. Análise dos dados obtidos Através da análise dos dados da ficha biométrica, poderemos tirar conclu- soes a respeito do aluno e que são os mesmos objetivos do trabalho biométrico: a. Determinar a condição física — Com base nos resultados do exame feito o indivíduo será considerado, apto, poupado ou inapto. O indi- víduo apto tem condições tais que pode praticar qualquer tipo de esporte, aqui podemos relembrar o que já foi dito sobre este assunto: os aptos serão considerados normais ou selecionados segundo os re- sultados obtidos em provas específicas sejam os esperados ou superem estes resultados. 0 indivíduo poupado, apresenta alguma deficiência que o limita para atividades desportivas. Esta deficiência pode ser transitória ou perma- nente. O inapto ou dispensado é o indivíduo que não pode exercer atividades físicas, de nenhuma forma. b. Detectar assimetrias de forma — Quando em presença de uma assimetria de forma o professor de Educação Física deverá orientar o aluno conve- nientemente. Em alguns casos, pode ser prescrita a ginástica corretiva. c. Determinar o somatótipo — A determinação do somatótipo ou tipo constitucional vai permitir compreender e orientar melhor cada aluno. d. Dosar exercícios - Através da análise e interpretação dos dados obtidos na ficha, podemos adequar os exercícios em duração e intensidade ás necessidades individuais. e. Avaliar resultados - Aplicado um trabalho físico, é necessário verificar como o organismo está reagindo e que resultados estamos obtendo, de acordo com a finalidade que se tem em vista. f. Selecionar para a competição — Através da análise dos dados constantes da ficha biométrica, podemos saber quais as possibilidades de cada aluno em diversos esportes com fins competitivos. Dados do exame biométrico As medidas e dados constantes da ficha biométrica, como já sabemos, são de ordem morfológica, fisiológica e psicológica. É preciso saber quais são estes dados para que possamos analisá-los. Os dados morfológicos constituem uma série de informações que pertencem em última análise a uma ciência mais ampla, a antropologia física. Este é o estudo do desenvolvimento físico do homem e utiliza como métodos de estudo, a antro- posposcopia e a antropometria. A primeira estuda aspectos não mensuráveis do homem, como a cor da pele, dos olhos e dos cabelos. A antropometria é o estudo dos aspectos mensuráveis do homem. Entre os aspectos não mensuráveis do indivíduo, destacam-se alguns relacio- nados ao conceito de raça. O estudo dos tipos raciais tem importância pois eles estão ligados aos tipos morfológicos ou somatotipos dos indivíduos, e a raça determina, em parte, o tipo morfológico. Assim, podemos compreender raça como um grupo de indivíduos com características semelhantes, transmitidas hereditariamente e que se repetem no grupo de modo a imprimir-lhe um aspecto diferente de outros grupos. Como a raça determina o t ipo morfológico, o seu estudo tem importância pois os tipos morfológicos estâo relacionados com o desempenho atlético. Uma série de aspectos externos e medidas caracterizam cada grupo racial. Alguns destes aspectos são: a cor da pele, cor dos olhos, dos cabelos e a forma dos cabelos. a) Cor da pele — Pode ser determinada pela simples observação, classificando- a neste caso em branca, negra, amarela, parda e vermelha. Pode-se determinar também a cor da pele comparando-a com quadros re- presentativos dos diversos matizes (escala cromática). Deve-se, em qual- quer caso, examinar uma parte que habitualmente é coberta pela roupa. b) Cor dos olhos — Pela simples observação, podemos classificar a cor dos olhos em castanho, preta, verde e azul. Pode-se também comparar com modelos de olhos de vidro, com cores diferentes. c) Cor dos cabelos - Através da observação podemos classificar os cabelos em castanhos, pretos, louros e avermelhados. Existe também uma escala cromática constituída por fios coloridos. d) Forma dos cabelos — Quanto à forma os cabelos são classificados em lissótricos, ulótricos e cimatótricos. Lissótricos são cabelos lisos; ulótricos são cabelos encarapinhados, pró- prios da raça negra. Os cimatótricos são os cabelos ondulados. As medidas morfológicas a serem colhidas serão grupadas sob o t í tu lo geral de medidas biométricas somáticas ou morfológicas. As medidas fisiológicas referem-se aos sistemas orgânicos em geral, e mais especificamente ao funcionamento dos sistemas respiratório, circulatório e mus- cular. São também englobados neste item as medições relativas ao crescimento, ao estado nutrit ivo e à maturação sexual. Os dados de ordem psicológica constantes da ficha biométrica referem-se apenas a uma "impressão" a respeito do estado do indivíduo, pois medidas em Psicologia, fazem parte de uma ciência mais ampla, a Psicometria. SELEÇÃO DAS MEDIDAS. TÉCNICA GERAL DAS MEDIDAS A escolha das medidas a serem utilizadas depende dos objetivos que se tem em vista, que, como vimos, podem ser resumidos nos seguintes: determinar a situa- ção física atual, detectar deficiências, elaborar um programa de trabalho de acordo com os resultados e acompanhar a evolução do trabalho. Vamos estudar pois quais são as medidas que podem ser obtidas, de acordo com a finalidade a atingir. CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS BIOMÉTRICAS Várias medidas podem ser obtidas durante o trabalho biométrico. Pode-se ainda complementar as medidas através dos denominados índices. índices são relações numéricas centesimais entre as medidas. Olivier (1960) considerou 34 medidas e 40 índices. Serão abordados aqui apenas as principais medidas e índices. As medidas biométricas podem ser classificadas em dois grandes grupos, de acordo com o tipo de avaliação que se quer fazer: a) medidas que permitem avaliar as dimensões e proporções externas do corpo e seus segmentos (medidas biométricas somáticas); b) medidas que visam avaliar o estado funcional de alguns sistemas orgânicos (medidas biométricas funcionais). Medidas biométricas somáticas São medidas que permitem avaliar as dimensões e proporções externas do corpo. Estas medidas caracterizam-se por serem de fácil execução e por não neces- sitarem a participação ativa do examinando. As medidas biométricas somáticas podem ser subdivididas, de acordo com a finalidade a atingir, em: a. medidas que visam avaliar as proporções do corpo; b. medidas que permitem avaliar o estado de nutrição, e c. medidas destinadas a apreciar o estado de maturação sexual. CAPITULO III Medidas que visam avaliar as dimensões e proporções externas do corpo e seus segmentos. São: altura, altura tronco-cefálica, envergadura, comprimento dos membros, comprimento do tronco e perímetrocefálico. Medidas que permitem avaliar o estado de nutrição: São as seguintes: peso, espessura da dobra cutânea, perímetro torácico, pe- rímetro dos membros e diâmetro do tórax. Medidas destinadas a apreciar a maturação sexual São: diâmetros bi-acromial, bi-umeral, bi-crista ilíaca e bi-troncantérico e o grau de desenvolvimento dos genitais. Medidas biométricas funcionais Estas medidas são as que permitem avaliar funções orgânicas específicas, como a força muscular e a capacidade cardio-circulatória. As medidas funcionais exigem instrumentos especiais e são de mais d i f íc i l execução. Resumo das medidas biométricas mais importantes em Educação Física. Medidas biométricas somáticas Medidas que visam avaliar as proporções do corpo Medidas que permitem avaliar o estado de nutrição Medidas destinadas a apreciar a maturação sexual Capacidade vital Capacidade cárdio-circulatória Força muscular Medidas biométricas funcionais Altura Altura tronco-cefálica Envergadura Comprimento dos membros Comprimento do tronco Perímetro cefálico Peso Espessura da dobra cutânea Perímetro torácico Perímetros dos membros Diâmetro do tórax Diâmetro bi-acromial Diâmetro bi-crista ilíaca Diâmetro bi-umeral Diâmetro bi-tocantérico Desenvolvimento dos genitais TÉCNICA GERAL DAS MEDIDAS BIOMÉTRICAS Cuidados que se deve tomar ao colher as medidas biométricas Para se evitar ao máximo a influência dos fatores de erro ao se obter as medidas biométricas, deve-se atender a uma série de requisitos dentre os quais destacam-se os seguintes: a. Instrumentos aferidos e calibrados. b. 0 indivíduo deve estar o mais despido possível durante a realização das medidas. c. Os instrumentos não devem pressionar a pele mas apenas tocá-la. d. Antes de iniciar as medidas, reunir os indivíduos em grupos homogéneos, de mesmo sexo e idade. e. As medidas devem ser tomadas em locais bem iluminados. Principais instrumentos de medida usados na obtenção das medidas biométricas somáticas Os principais instrumentos utilizados na realização destas mensurações são os seguintes: antropômetro de Rudolf Mart in; compasso de barras; compasso de corre- diça; compasso de toque ou de pontas rombas e a fita métrica. Antropômetro de Rudolf Martin É utilizado para tomar medidas no sentido vertical (Fig. 3.1). Consta de uma haste de metal graduada de zero a 2000 milímetros, sobre a qual desliza um cursor, onde se coloca uma régua terminada em ponta e disposta perpendicularmente à haste graduada. Compasso de barras Destina-se á tomada de medidas tais como: diâmetros transversos, do tronco e comprimentos dos membros. Consta também de uma haste metálica graduada, de zero a 950 milímetros e um cursor com uma régua que pode se deslocar; apresen- ta ainda uma outra régua, fixa, na extremidade da haste graduada (Fig. 3.2). Compasso de corrediça É utilizado para tomar medidas pequenas como as da face. Consta de uma régua de 25 centímetros, com uma haste fixa na extremidade zero da escala e um cursor que pode deslizar ao longo da régua (Fig. 3.3). Figura 3.3 — Compasso de Corrediça Compasso de toque ou de pontas rombas Este compasso é utilizado para tomar diâmetros do tronco e medidas da cabeça. Consta de duas hastes metálicas que se articularm em uma das extremida- des. As hastes são retas nas metades próximas ao ponto onde se articulam e curvas nas metades restantes, que terminam em pontas rombas. Uma das hastes tem uma régua graduada a ela fixada e que permite fazer a leitura da medida encontrada. A maior distância que se pode medir é de 30 cm (Fig. 3.4). Fita métrica Destina-se à medida dos perímetros. É representada por uma fita de metal ou l inho, graduada. Outros instrumentos serão descritos nos itens correpondentes ao estudo que será feito mais adiante, de cada uma das medidas biométricas. Outros elementos necessários para se colher as medidas biométricas, além de instrumentos adequados Além de instrumentos adequados é necessário ainda conhecer certos pontos de reparo existentes no corpo e que servem como pontos de referência para se obter as medidas. Estes pontos são denominados pontos antropométricos e serão também descritos juntamente com cada uma das medidas biométricas. Figura 3.4 - Compasso de Pontas Rombas Os principais instrumentos utilizados no trabalho biométrico e algumas medi- das que podem ser obtidas com estes instrumentos estão resumidos na tabela se- guinte: Instrumento Medidas (altura, altura tronco-cefálica) tronco e comprimento dos membros das da cabeça CAPITULO IV ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS: NOÇÕES DE ESTATÍSTICA INTRODUÇÃO Para estabelecer relações e leis entre os fenómenos, é necessário que eles possam ser medidos. A própria repetição de experiências só é possível se for contro- lada através da medição dos dados. Trabalhando por exemplo com um grupo de alunos, poderíamos perguntar: a. Como se encontra este grupo em relação a uma determinada medida? Neste caso, veremos que certas medidas, tais como a média, podem ser representativas do grupo; por outro lado, a variabilidade dos valores pode ser medida, como veremos, através do desvio padrão. b. Qual a situação de um determinado aluno, dentro do grupo? c. Como agrupar de maneira mais homogénea? Veremos que muitos tipos de medidas distribuem-se segundo uma curva denominada curva normal, a qual mostra as frequências com que aparecem os vários tipos. As respostas a estas e outras questões semelhantes pertencem ao domínio de uma ciência denominada Estatística. A Estatística é a ciência que procura tirar conclusões a partir de observações de dados numéricos. Devido às suas relações com a Biometria, é necessário algum conhecimento desta ciência. Parâmetro — Universo — População — Amostra Parâmetro é um número que caracteriza um conjunto de medidas. Por exem- plo: um atleta faz um percurso várias vezes, cada vez em um tempo diferente. A média destes tempos é um parâmetro. Todos os tempos podem ser substituídos por um único que é o tempo médio. Se um grupo de alunos faz um percurso, podemos calcular o tempo médio do grupo que também é um parâmetro. Ao conjunto de alunos chamamos univer- so e se dividirmos o universo (grupo todo) em subgrupos, teremos as populações, que são subconjuntos. A população é pois um grupo de alunos ou objetos que possuem caracterís- ticas semelhantes dentro do mesmo universo. Ao realizar um trabalho estatístico, geralmente utilizamos um conjunto de elementos e não a população toda. Este conjunto é a amostra. Variáveis contínuas e discretas A medida da altura de um grupo de escolares é um t ipo de variável. Neste caso, as medidas podem ter qualquer valor e sempre pode haver uma medida que se interponha entre duas outras. Por exemplo, entre 1,10m e 1,12m podemos ter um valor de 1,11m. Trata-se de uma variável contínua. A variável é discreta quando os valores se comportam de modo que se suce- dem em saltos. Assim, por exemplo, o número de alunos por grupo ná"o pode ter valores parciais: 2,5 por grupo ou 1,3 por grupo. Grupamento de dados Ao realizar um trabalho biométrico, utilizando a Estatística, precisamos frequentemente separar os indivíduos segundo certas características. Podemos por exemplo separar os alunos por categorias. Neste caso, a divisão deve obedecer a um único critério, por exemplo, divisão segundo o sexo, idade, t ipo constitucio- nal, etc. Os alunos podem também ser divididos segundo uma classificação hierár- quica. Por exemplo: em pequenos, médios e grandes. Neste caso, os grupos são separados de acordo com uma certa ordem. APRESENTAÇÃO DOS DADOS Os dados obtidos em um experimento podem ser apenas enumerados sempreocupação de ordem. Suponhamos que determinamos o peso de 5 alunos e que os resultados tenham sido os seguintes: 30, 35, 32, 28 e 30. Estes valores assim apresentados são difíceis de serem interpretados. Uma melhor maneira é ordená-los em sequência ascendente ou descendente e verificar se há valores que se repetem e quantas vezes se repetem. Construímos assim, a distribuição de frequências dos dados, que consiste em colocá-los em uma coluna ordenada e com as frequências com que cada valor ocorre. Tabela 4.1 - Distribuição de frequência de 5 observações (escores). Escores 28 29 30 31 32 33 34 35 Frequência 1 0 2 0 1 0 0 1 Observando a tabela 4.1 conclui-se imediatamente que os pesos máximo e mínimo obtidos são respectivamente 35 e 28; o peso mais frequente foi 30 (2 vezes) e que houve valores de peso que não aparecerem, sendo sua frequência zero. Os dados obtidos podem ainda ser agrupados em classes. No caso de peso, o professor podem querer agrupar os 5 alunos em 3 classes: peso alto, médio e baixo, por exemplo. A diferença entre os valores máximo e mínimo nos dá a amplitude de distribuição (A): A = 35 - 28 = 7 Como se decidiu por três classes, o intervalo de classe (I) será: I (intervalo) = 7/3 = 2,33 Como o número obtido é fracionário, o intervalo passa a ser o número inteiro mais próximo (no caso =2). Então os valores serão agrupados em intervalos de am- plitude igual a 2 (tabela 4.2). Tabela 4.2 — Distribuição de frequências de dados agrupados Classes 28 a 30 31 a 33 34 a 36 Frequência 3 1 1 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS Às vezes é mais interessante apresentar os resultados obtidos, por meio de um gráfico. O gráfico é construído utilizando-se dois eixos perpendiculares entre si, um vertical (eixo das ordenadas, representado geralmente pela letra Y) e um ho- rizontal (eixo das abcissas, representando geralmente pela letra X). O ponto onde ocorre a intersecção dos dois eixos é o ponto zero. A partir deste, os valores aumen- tam à medida que dele se afastam, seja ao longo da ordenada, seja ao longo da abcissa. No eixo das abcissas coloca-se os valores da variável independente, ou seja a variável dividida em classes de invidivíduos ou objetos; o eixo das ordenadas, re- presenta a variável dependente, com as frequências com que cada medida aparece. Um dos tipos mais comuns de gráficos é o histograma. As classes são coloca- das ao longo da abcissa e na ordenada situam-se as frequências com que aparecem os valores. As frequências de cada classe serão representadas por uma barra, com linhas laterais levantadas a partir dos limites de cada classe, a partir das abcissas. Um histograma construído a partir da tabela 4.2, seria a figura 4.1. Figura 4.1 — Histograma da distribuição de frequência do peso de 5 alunos. DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS A figura 4.2 é o gráfico representativo de duas distribuições de frequências. Examinando os gráficos, vê-se logo que as duas distribuições diferem quanto â posição (tendência central) mas são semelhantes na forma (variabilidade). Diferem quanto à posição, pois a méida dos valores da distribuição II é maior que a média da distribuição I ou seja, em II, os valores concentram-se em torno de 11, ao passo que em I, eles estão concentrados em torno de 5. Figura 4.2 - Gráfico de duas distribuições de frequências Podemos ter o caso inverso ou seja, distribuições de frequências com a mesma tendência central, mas diferentes na forma (na variabilidade). A figura 4.3 é o gráfico destas distribuições. Figura 4.3 - Distribuição de frequências com mesma tendência central Quando a distribuição de frequência tem um ponto de frequência mais elevada, é denominada de unimodal. Se houver dois destes pontos, ela será bimo- dal. A figura 4.4 é um gráfico representativo deste tipo de distribuição. Figura 4.5 - Distribuição bimodal Curva normal As curvas das distribuições de frequências podem ter as mais variadas formas. Existe entretanto um t ipo de curva que por sua importância deve ser estudada com maior destaque: ela tem a forma de um sino, é simétrica e contínua (figura 4.5). É a chamada curva normal ou curva de Gauss que representa a distribuição normal. Em Biologia, muitas variáveis contínuas apresentam esse t ipo de distribui- ção. A altura é um t ipo de variável com distribuição normal. No eixo das abcissas (X) a variável pode ir de menos inf ini to a mais infini- t o : a curva nunca chega a tocar na base. Importância da curva normal em Biometria Em Biometria, a importância da curva normal é grande pois todas as vezes que se fala em classificar alguma coisa, uma das primeiras preocupações é se lo- calizar o "no rma l " , para depois posicionar aquilo que dele se distancia. Normal foi colocado entre aspas por ter um sentido preciso em Biometria, que é o re- lacionado com o mais comum enquanto as formas que dele se distanciam são expressões menos comuns, ou melhor que mantém relações, em suas medidas, com diferenças mais acentuadas. Trabalhando com as diferenças individuais observamos que estas obedecem ao t ipo de distribuição em que a maior parte dos indivíduos mantém as medidas próximas de uma média e que a partir deste ponto há uma distribuição decrescen- te para ambos os lados, que graficamente, obedece à distribuição semelhante á de Gauss (curva normal). Figura 4.5 - Curva normal MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL As medidas de tendência central mais utilizadas em Estatística são a moda, a mediana e a média aritmética. Moda (M) É o valor que aparece com maior frequência, em uma série de medidas. Exem- plo: na série seguinte de valores, a moda é o valor 8 pois é o que mais vezes aparece. 6 - 8 - 8 - 1 6 - 8 - 1 0 - 8 - 6 - 1 0 - 8 - 1 8 - 8 - 6 - 1 2 Neste caso, a série é unimodal porque tem uma única moda. Mas ela pode ser bimodal, multimodal ou ainda amodal, quando não possui moda. Exemplos: Série bimodal (possui 2 modas): 6 - 1 0 - 1 0 - 1 0 - 1 0 - 1 8 - 2 0 - 2 0 - 2 0 - 2 0 - 1 5 As modas são: 10 e 20. Série multimodal (possui várias modas): 4 - 6 - 5 - 8 - 6 - 5 - 8 - 5 - 6 - 8 - 3 - 9 As modas são: 5, 6 e 8. Série amodal (não há moda, pois todos os valores aparecem com igual fre- quência): 6 - 1 0 - 1 6 - 8 - 4 - 2 o u : 4 _ 4 _ 5 _ 5 _ 2 _ 2 _ 7 _ 7 _ 3 _ 3 . As curvas representativas das distribuições de frequências das séries estão na figura 4.6. Mediana (Me) Em uma série de rnedidas, colocadas em ordem crescentes a mediana é o valor precedido e seguido pelo mesmo número de valores. Exemplos: Séries Mediana a - 2 - 3 - 5 - 7 - 1 8 5 b - 1 - 5 - 8 - 1 5 - 2 1 6,5 c-1 - 3 - 5 - 5 - 2 0 - 2 4 5 Quando o número de valores é impar, o cálculo da mediana pode ser feito usando a fórmula: N + 1 (N =número de valores). 2 Figura 4.6 — Vários tipos de distribuição de frequências Assim, na série a: A mediana é o 39 valor (5). Quando o número de valores é par usa-se a fórmula sendo P1, (N =número o número que ocupa a posição obtida por: Na realidade, as três medidas que estudamos (moda, mediana e média) não são exclusivas mas se complementam. A média "equi l ibra" uma série de medidas. Em uma série de medidas da altura dos alunos, passamos a considerar cada aluno como se tivesse aquela medida (média). A medida, tal como a mediana, é também um valor que nem sempre consta da série de medidas. A mediana, por sua vez, facilita localizar um determinado aluno no grupo: sua altura estará acima ou abaixo daquele valor e portanto ele estará em um ou outro grupo, ou seja entre os 50% mais altos ou entre os 50% mais baixos. A muda nos informa qual é a altura mais frequente no grupo. É um valor que existe realmente na série e por sinal é o que maisaparece. Se, em uma série de medidas da altura, por exemplo, a média, a mediana e a moda forem muito diferentes entre si, significa que houve muitas alturas di- ferentes na série, ou seja, os valores estão "esparramados". Quando as três me- didas forem próximas ou semelhantes, é que houve menor variação. É também chamada de média, simplesmente. Consiste na soma dos valores dividido pelo número de valores. Assim, no conjunto de medidas: Média aritmética (X) No caso da série b, observa-se que a mediana (6,5) é um número que não consta dos valores obtidos na série. Mas por convenção, esta é a mediana. O significado da mediana é que ela é um valor que divide o conjunto em dois grupos: um acima e outro abaixo daquele valor. Por exemplo, fazendo uma série de medidas da altura em grupo de crianças, se a mediana for, por exemplo 1,40 m significa que existe metade das crianças com altura acima e metade com altura abaixo deste valor. de casos). Assim na série b: (3ª posição); 3 + 1 =4 (4ª posição). Portanto, (Mediana =6,5) Na série a„ temos o mesmo número de casos. Portanto: (Mediana = 5). Na figura 4.7 temos as curvas representativas de três tipos de distribuição de frequências; uma simétrica e duas assimétricas, onde se indicam as posições das três medidas que estudamos (média, moda, mediana). MEDIDAS DE DISPERSÃO Geralmente os conjuntos de medidas apresentam certa dispersão ou variabili- dade. Já estudamos uma característica desses tipos de distribuição de frequência, que são as medidas de tendência central (moda, média e mediana). Duas distribuições podem ter a mesma média, mediana ou a mesma moda mas as medidas dos valores variam de modo diferente. Por exemplo, dois grupos de alunos podem ter a mesma média de altura, mas os valores individuais em cada grupo podem ser muito diferentes. Embora tenham a mesma média, esta medida nada informa quanto à homo- geneidade dos dois grupos: um pode ter indivíduos todos mais ou menos da mesma altura, ao passo que o outro grupo pode ter alguns indivíduos muito baixos e a maioria, mais altos. É necessário pois introduzir medidas de dispersão que informem o grau de variabilidade dos valores em cada grupo. Uma das medidas de dispersão ou varia- bilidade mais utilizada na prática é o desvio padrão. Figura 4.7 - Distribuições de frequências: simétrica e duas assimétricas Desvio padrão O seguinte problema permitirá introduzir o conceito de desvio padrão. Suponhamos que queiramos determinar o peso médio dos indivíduos perten_ centes, a uma determinada comunidade. Começamos, determinando o peso de, por exemplo, 10 indivíduos tomados ao acaso. Os pesos, em Kg, são os seguintes: 70 80 60 50 70 60 65 80 75 85 A média aritmética desses 10 dados é 69,5 kg. Os valores que se afastam desta média são chamados desvios. Os desvios em relação a esta média são: 0,5 10,5 - 9,5 19.5 0.5 - 9 . 5 - 4 . 5 10,5 5,5 15,5 Os desvios são calculados diminuindo-se da média, cada valor observado. A raiz quadrada da soma dos desvios ao quadrado, dividido por N — 1, sendo N, o número de observações (10, no caso) nos dá o desvio padrão (s). Assim: Portanto, podemos dizer que a estimativa do peso médio do grupo é 69,5 kg e que o desvio padrão dos valores observados é 10,9 kg. Quanto maior for o desvio padrão, maior será a variabilidade dos valores. O desvio padrão indica pois o grau de variação dos valores da amostra. A fór- mula para se calcular o desvio padrão é pois: sendo X, cada valor observado; X, a média dos valores e N, o número de valores. Em Biotipologia, porém, o desvio padrão é calculado a partir da moda e não da média aritmética. Este assunto será abordado mais adiante. Aplicação da curva normal As medidas corporais utilizadas em Educação Física geralmente tem uma dis- tribuição que segue a curva normal. Através de ca'lculos matemáticos pode-se obter as áreas que estão sob a curva quando ela é dividida em segmentos, através de linhas verticais (f ig. 4.8). A linha do meio representa a média. As outras três linhas de cada lado rela- cionam-se a unidades de desvio padrão. O lado direito a partir da média é positivo ou seja indica os escores mais altos da distribuição. 0 lado esquerdo é negativo: aqui estão os valores mais baixos da distribuição. A curva normal é dividida em seis desvios-padrão sendo três de cada lado da média. Assim, na curva normal, um desvio padrão acima da média contém cerca de 34,00 por cento dos escores; isto significa que a área situada entre um desvio padrão de cada lado, em torno da média, vale aproximadamente 68 por cento. A área compreendida entre 1 e 2 desvios-padrão vale aproximadamente 14 por cento. Estes conhecimentos são importantes para determinar, por exemplo, o núme- ro de alunos que obtiveram um determinado escore, em uma distribuição normal. Suponhamos que 200 alunos foram submetidos a um determinado t ipo de exercício e tenham obt ido escores com distribuição normal, sendo a média 100 e o desvio-padrão igual a 20. Figura 4.8 - Área sob a curva normal Como a média é 100, sabe-se que 100 alunos obtiveram 100 ou mais e 100 alunos obtiveram 100 ou menos. Quantos alunos tiveram um escore de 140? Sendo o desvio-padrâb igual a 20, o valor 140 encontra-se 2 desvios-padrão acima da média. A área compreendida entre 2 desvios padrão acima e abaixo da média corresponde a 95% e então sobram 5% dos casos, sendo 2,5% acima e 2,5% abaixo de dois desvios-padrão. Em outras palavras, apenas 2,5% dos alunos obtiveram es- cores superiores a 140 na prova realizada (fig. 4.9). Figura 4.9 - Área sob a curva normal CORRELAÇÃO Às vezes em Educação Física é importante saber como varia uma determinada medida ou fenómeno em relação a outra, isto é, se existe ou não correlação entre essas duas variáveis, e se existe, saber se essa correlação é positiva ou negativa. Será positiva quando aumentando uma variável, a outra também aumenta, ou diminuin- do uma, a outra também diminui. A correlação é negativa quando ao aumentar uma variável, a outra diminui ou vice-versa. Existe, por exemplo, correlação entre o Q.l. dos alunos e as notas obtidas, ou seja, quanto mais elevado o Q.l. mais altas são as notas obtidas pelos alunos. Mas não existe correlação, por exemplo, entre a altura e as notas obtidas nas provas. Através de fórmulas específicas, pode-se determinar a correlação entre duas variáveis, calculando o chamado coeficiente de correlação. Este assunto não será porém aqui abordado. Mais pormenores podem ser obtidos em tratados de Estatís- tica. TESTES DE SIGNIFICÂNCIA Suponhamos uma situação em que submetemos dois grupos diferentes de alunos a um mesmo trabalho físico e gostaríamos de compará-los, para saber em qual grupo, o aproveitamento fo i melhor. Depois de obtidos os valores, as médias de cada grupo deveriam ser comparadas, uma com a outra. Se houvesse uma dife- rença entre estas medias, que medem o desempenho de cada grupo, esta diferen- ça teria de ser testada para verificar se ela é verdadeira ou se houve qualquer t ipo de interferência que determinou a diferença. Existem vários tipos de testes estatísticos que permitem determinar se essa diferença entre médias é real ou não. Um dos testes mais fáceis e mais utilizados na prática é o chamado teste " t " . Util izando os valores das médias e desvios-padrão, calcula-se o valor de " t " , através de fórmulas próprias, o qual é depois comparado com valores constantes de tabelas e que nos dão o resultado ou seja, se as médias dos dois grupos diferem realmente ou não. Este assunto poderá ser melhor compreendido, consultando-se livros de Estatística. CAPITULO V AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES E PROPORÇÕES EXTERNAS DO CORPO E SEUS SEGMENTOS INTRODUÇÃOO corpo humano como dos vertebrados em geral, apresenta um princípio de construção chamado antimeria: o corpo é constituído por duas metades, os antímeros direito e esquerdo, separados pelo plano sagital mediano (Fig. 5.1). Figura 5.1 ~ Plano sagital mediano Os antímeros são simétricos apenas aparentemente, ou seja não existe uma simetria perfeita: os antímeros não são exatamente iguais, nem externamente, nem internamente. Existe pois externamente, uma simetria aparente mas uma assimetria real. Exemplos destas assimetrias serão vistos em seguida. Assimetrias externas Os dois lados da face não são simétricos: a linha que une as fendas palpe- brais, bem como a linha que une as comissuras dos lábios são oblíquas e não pa- ralelas (Fig. 5.2). O pavilhão da orelha é maior e está em nível mais alto do lado esquerdo. O antímero direito do tronco é mais desenvolvido que o esquerdo, quando examinado por trás, ocorrendo o inverso quando se o examina anteriormente. Os membros superiores, na maior parte dos indivíduos são assimétricos. Nos indivíduos dextros, o membro superior direito é mais desenvolvido que o esquerdo: o comprimento, perímetro, volume e força dos músculos são maiores do lado direito. Cerca de um terço dos indivíduos apresentam assimetrias nos membros inferiores. Quando o membro superior de um lado é mais desenvolvido, o inferior mais desenvolvido será o do lado oposto. A coluna vertebral quando examinada de frente mostra curvaturas normais. Geralmente, quando o membro superior direito é mais desenvolvido que o esquer- do, a região torácica da coluna apresenta uma curvatura de convexidade também para a direita, enquanto que a coluna lombar exibe uma curvatura de convexidade para a esquerda, para compensar (Fig.5.3). Estas curvaturas são conhecidas como es- colioses. Figura 5.3 — Escolioses da coluna vertebral. Esquema da coluna em vista posterior. As curvaturas estão exageradas propositalmente. Além destas assimetrias morfológicas observam-se também assimetrias fun- cionais: a maioria dos indivíduos usa com maior habilidade o membro superior direito em trabalhos com as mãos. Existe também maior acuidade no uso da visão e audição de um lado que do out ro . Há casos em que a musculatura de uma parte do corpo apresenta hipotonia ou hipertrofia, conferindo aspecto anti-estético ao seu portador. Nestes casos, são indi- cados exercícios especiais para sua correçáb. Após esta breve introdução, estudaremos algumas das principais medidas que avaliam as proporções do corpo. MEDIDAS QUE PERMITEM AVALIAR AS DIMENSÕES E PROPORÇÕES EXTERNAS DO CORPO HUMANO Como já vimos, estas medidas são denominadas medidas biométricas somáti- cas. Serão apresentadas na seguinte ordem: altura, altura tronco-cefálica, envergadu- ra, medidas da cabeça, do tronco e dos membros. ALTURA Conceito de altura Altura ou estatura é a distância em linha reta entre dois planos, um tangente à planta dos pés e outro tangente ao ponto mais alto da cabeça, estando o indiví- duo em pé, na "posição fundamental" (Fig. 5.4). Fig. 5.4 - Al tura Fatores de variação da altura A altura varia fisiologicamente de acordo com os seguintes fatores: posição do corpo e hora do dia, fase da vida, e com o passar dos séculos. Cada um destes aspectos será analisado a seguir. a) Posição do corpo e hora do dia — A medida da altura na posição em pé pode deferir em até 3 cm da medida na posição deitada. A ação da gravi- dade, o peso do corpo e o achatamento dos discos intervertebrais são os responsáveis por este fenómeno. No decorrer das 24 horas do dia, a altura varia em 2,5 cm em média (Fig. 5.5). Em consequência, deve-se usar o termo altura para definir a medida longitudinal, obtida na posição em pé. Quando se mede o indivíduo na posição deitada, fala-se em distância ou comprimento. Esta posição é utilizada para medir crianças até 3 anos. Figura 5.5 — Variações da altura durante 24 horas (segundo Backman) b) Variação da altura com a fase do crescimento, segundo o sexo e a idade - O quadro seguinte mostra a variação da altura nos primeiros anos de vida. Após os três anos, a criança cresce em média 6 cm por ano. Observa-se que os meninos crescem sempre mais que as meninas, na mesma raça. Na puberdade porém, as meninas crescem mais que os meninos e na idade adulta estes recuperam e ultrapassam aquelas, em altura. Na idade adulta, a média de altura é de 130 a 199 cm. A mulher tem geralmente 10 cm, em média, menos que o homem, de mesma idade. c) Variação da altura com a fase da vida - Durante a vida, a altura passa por uma fase em que há uma elevação dos valores e que vai do nascimento até os 25 anos aproximadamente. A seguir, os valores se mantém até os 50 anos, quando começam a diminuir devido a procesos que afetam os discos intervertebrais. d) Variação da altura com a passar dos séculos — Segundo alguns autores, a altura média do ser humano tem aumentado ao longo dos séculos. Outros porém, também baseados em dados experimentais, afirmam que não tem havido aumento da altura. Classificação dos indivíduos segundo a altura Existem várias classificações, mas uma das mais conhecidas é a que considera os indivíduos como pertencentes a um dos três grupos: Fatores que determinam a altura Entre os fatores internos, destacam-se o genético, o neuro-endócrino e as doenças; os fatores externos mais importantes são: nutrição, clima, condições sócio-econômicas e temperatura. Fase Masculino Feminino Recém-nascido 50 cm 49 cm 12 meses 75 cm 74 cm 24 meses 85 cm 84 cm 36 meses 95 cm 84 cm Masculino Feminino Pequena altura 130-160 cm 121-149 cm Média altura 161-169 cm 150-158 cm Grande altura 170-199 cm 159-187 cm Importância da medida da altura O estudo da altura é muito importante porque esta medida se relaciona com quase todas as medidas somáticas, além de ser importante para estudos biotipoló- gicose raciais. Atletas de grande altura são mais indicados para esportes como corrida de meio fundo, natação, salto em altura e á distância e ciclismo; esportes como corrida de velocidade e boxe são apropriados para indivíduos de altura média, enquanto corridas de fundo, luta livre e arremesso de peso, por exemplo, são indicados para indivíduos de pequena altura. Instrumento util izado para medir a altura O instrumento que se utiliza para medir a altura é o antropômetro. A técnica de medida da altura é simples: a haste vertical do instrumento é colocada junto ao dorso do aluno enquanto a haste horizontal toca a cabeça. Os calcanhares devem estar unidos. A cabeça fica em posição tal que o aluno olha para frente (Fig. 5.4). A L T U R A TRONCO-CEFÁL ICA Conceito É a distância entre um plano tangente ao ponto mais alto da cabeça e um plano que passa pelos ísquios, estando o indivíduo sentado. Fatores de variação da altura tronco-cefálica Esta medida varia com a posição do corpo e hora do dia, tal como a altura e devido aos mesmos motivos. A altura tronco-cefálica é maior no sexo feminino que no masculino, maior nos amarelos que nos brancos e maior nestes que nos pretos. Entretanto, estas diferenças são pequenas. Marcondes e cols. (1970) estudaram a evolução da altura tronco-cefálica em relação à altura, em crianças brasileiras de 0 a 12 anos (Tabela 1). Segundo Godin, a altura aumenta antes da puberdade, devido principalmente ao crescimento dos membros inferiores e durante e depois dessa fase, devido ao crescimento maior da altura tronco-cefálica. O anos 50.10 34,18 68.22 49,15 33,61 68,38 3 meses 60,06 39,08 65,06 59,03 38,36 64,98 6 meses 66,43 43,03 64,77 65,10 41,88 64,33 9 meses 70,94 45,60 64,27 69,15 44,20 63,91 12 meses 74.45 47,07 63,22 73,26 46,26 63,14 18 meses 80.66 49,81 61,75 79.37 49,15 61,922 anos 85.14 51,95 61,01 84,11 51,04 60,68 3 anos 93,58 55,27 59,06 91,94 54.26 59.01 4 anos 100,13 57,33 57,25 99,14 56,93 57.42 5 anos 106,40 60,16 56.54 105.95 59.57 56.22 6 anos 112.77 62.87 55,75 112,22 62,35 55,56 7 anos 118.52 65.24 55.04 117.17 64,23 54,80 8 anos 122,86 67.01 54.54 122,55 66,50 54,26 9 anos 128,37 69.15 53.86 127,35 68,45 53.74 10 anos 132,82 71,02 53,47 131,70 70,24 53,33 11 anos 137.19 72,59 52,91 135,59 71,96 53,07 12 anos 139.81 73,60 52,62 138,06 73,13 52.96 Tabela 1 — Evolução da altura tronco-cefálica, em relação à altura (Marcondes e cols., 1970) Idade Altura Altura tronco- cefálica Porcentagem da altura Al tura Altura tronco- cefálica Porcentagem da altura Meninos Meninas Utilidade da medida da altura tronco-cefálica Esta medida permite calcular os denominados indice esquélico de Monouvrier e indice córmico; o primeiro é dado pela relação centesimal entre o comprimento dos membros inferiores e a altura tronco-cefálica: Indice esquélico de Monouvrier Este índice permite apreciar, indiretamente, o desenvolvimento dos membros inferiores. O índice córmico (termo criado por Vallois) se obtém relacionando a altura tronco-cefálica e a altura (fórmula criada por Giuffrida-Ruggieri): De acordo com este índice, pode-se classificar os indivíduos em: Braquicórmicos menos que 51 (tronco pouco desenvolvido) Metriocórmicos 51 a 53 (tronco médio) Macrocórmicos mais que 53 (tronco muito desenvolvido) 0 índice córmico permite avaliar o desenvolvimento do tronco. Ele é um pouco mais elevado no sexo feminino que no masculino. Em seleçãb desportiva, os braquicórmicos são mais indicados para esportes de velocidade (corridas e saltos), ao passo que os macrocórmicos possuem mais resistência e mais força. Instrumento utilizado para se medir a altura tronco-cefálica Para se medir a altura tronco-cefálica, utiliza-se o antropômetro, estando o indivíduo sentado (Fig. 5.6). Figura 5.6 - Altura tronco-cefálica ENVERGADURA Conceito de envergadura É a distância em projeção entre as extremidades dos dedos médios, estando o indivíduo em pé, com os membros superiores estendidos horizontalmente, ao lado do corpo (Fig. 5.7). Figura 5.7 — Envergadura Variação da envergadura com a idade, o sexo e a raça A altura é maior que a envergadura desde o nascimento até os 10 anos. Daí até a fase adulta, a diferença vai diminuindo, até que no adulto, a envergadura ultrapassa a altura em 5 a 10 cm, no homem e 5 cm na mulher. Na raça negra a envergadura é maior que na amarela. Importância da medida da envergadura Em seleçâb desportiva, os atletas que possuem grande envergadura têm melhor desempenho em esportes como:ténis, remo, arremesso e box. Técnica de medida da envergadura Utilíza-se, para medir a envergadura, um quadro mural ou prancha, graduada horizontalmente. A pessoa fica em pé, encostada na prancha e com os membros superiores estendidos horizontalmente, ao lado do corpo. Tendo estudado os principais aspectos sobre as medidas biométricas: altura, altura-tronco-cefálica e envergadura, passaremos a seguir a analisar alguns pontos importantes sobre medidas dos segmentos corporais, ou seja, da cabeça, do toráx, abdome, pelve e dos membros. MEDIDAS DA CABEÇA principais medidas e índices da cabeça Podemos resumir as principais medidas e índices da cabeça, como se segue: Principais medidas da cabeça índices da cabeça Entretanto, antes de iniciarmos o estudo destas medidas e índices, temos que definir alguns pontos antropométricos da cabeça, ou seja, pontos que servem de reparo para se obter as medidas deste segmento. Figura 5.8 — Pontos cefalométricos Figura 5.9 - Pontos cefalométricos Principais pontos antropométricos da cabeça Para estudar as medidas da cabeça, é necessário conhecer antes alguns pontos antropométricos desse segmento, que neste caso são denominados pontos cefalo- métricos. Os principais são: glabela, násio, gnácio, opistocrânio, êurio e zígio (Figs. 5.8 e 5.9). Definição destes pontos cefalométricos Glabela — É o ponto situado entre as sobrancelhas. Násio — Situa-se na parte central da sutura entre os ossos frontal e nasais. Gnácio — É o ponto mais saliente do bordo inferior da mandíbula. Opistocrânio — É o ponto mais saliente na parte posterior da cabeça. Êurio — É o ponto mais saliente na parte lateral da cabeça. Zígio — Corresponde ao ponto mais saliente do arco zigomático. A glabela, o násio, o gnácio e o opistocrânio são ímpares e o êurio e o zígio são pontos pares. Tendo compreendido os principais pontos cefalométricos, podemos estudar algumas medidas da cabeça. A cabeça é dividida em crânio e face. Várias medidas podem ser feitas nestas duas partes. Entretanto, estudaremos apenas as mais importantes, que já foram citadas. Comprimento da cabeça É a distância entre a glabela e o opistocrânio. Corresponde ao diâmetro ânte- ro-posterior da cabeça (Fig. 5.10). Figura 5.10 — Comprimento da cabeça Largura da cabeça É a distância entre o êurio de um lado e o outro do lado oposto. Corresponde ao diâmetro transverso da cabeça (Fig. 5.11). Altura da face É a distância que vai do násio ao gnácio. Largura da face Corresponde ao diâmetro bi-zigomático, ou seja, à distância entre o zfgio de cada lado. Figura 5.11 — Largura da cabeça Principais índices da cabeça Os índices da cabeça são: o cefálico e o facial. índice cefálico A relação entre os diâmetros da cabeça constitui o índice cefálico: Classificação dos indivíduos de acordo com o índice cefálico De acordo com este índice, podemos classificar os indivíduos em: Dolicocéfalos (de cabeças estreitas ou longas): índice cefálico menor que 76,0. Mesocéfalos (de cabeças intermediárias): índice de 76,0 a 80,9. Braquicéfalos (de cabeças arredondadas): índice maior que 81,0. índice facial A relação entre as medidas da face fornece o índice facial: Instrumento utilizado para se obter as medidas da cabeça até agora estudadas As medidas da cabeça até agora estudadas (comprimento e largura da cabeça e altura e largura da face) são obtidas util izando os compassos de pontas rombas ou de corrediça. Perímetro cefálico É a medida da circunferência da cabeça utilizando o plano que passa pela glabela e pelo opistocrânio. Ao nascer, o perímetro cefálico mede, em média, 35 cm; aos 12 meses, 47 cm; aos 24 meses, 49 cm e aos 36 meses, mede 50 cm. Em crianças brasileiras, foram obtidos os seguintes valores (cm) para o perí- metro cefálico (Marcondes e cols.): Masculino Feminino Idade 35.0 34,26 Recém nascido 45,84 44,80 1 ano 47,93 46,98 2 anos 48.9 47,87 3 anos Instrumento utilizado para se medir os perímetros Os perímetros são medidos com a fita métrica. Importância das medidas da cabeça Os diâmetros e índices da cabeça são mais usados em estudos de antropolo- gia racial, ou seja, estudos ligados ao desenvolvimento do homem desde seu apare- cimento, com relação aos grupos raciais. O perímetro cefálico é importante até os três anos de idade, pois permite avaliar o desenvolvimento do volume da cabeça e detectar possíveis anomalias. Quando o valor do perímetro cefálico é muito elevado, há uma macroce- falia e se é muito baixo, uma microcefalia. Em relação à face, pode haver o chamado prognatismo, que é a projeção da face para frente. Ele pode ser to ta l , quando tanto a maxila como a mandíbula se projetam para frente. O prognatismo parcial superior e o inferior ocorrem quando somente a maxila ou somente a mandíbula, respectivamente, se projeta para frente. MEDIDAS DO TRONCO Introdução Neste estudo são consideradas as medidas do toráx, abdome e pelve. O estudo do troncoé muito importante pois seu exame nos informa sobre vários aspectos em relação ao indivíduo. Um tronco bem desenvolvido já indica um bom desenvolvimento orgânico. Quando há doenças em órgãos contidos no tórax ou abdome pode haver deformi- dades correspondentes. As doenças que afetam os segmentos do tronco podem se assentar em sua parede, em órgãos contidos em suas cavidades ou na coluna vertebral. Além disso, o tronco é uma parte do corpo que nos permite acompanhar os progressos obtidos com um esquema de treinamento físico. Assim sendo, no exame do tronco observamos o seu desenvolvimento e suas simetrias, através do estudo de seus comprimentos, diâmetros e perímetros. Principais medidas e índices do tronco Antes de iniciarmos o estudo destas medidas, temos que conhecer os princi- pais pontos antropométricos do tronco, ou seja, pontos de reparo, utilizados para se obter as medidas. Principais pontos antropométricos do tronco Os principais pontos antropométricos do tronco são (Figs.: 5.12, 5.13 e 5.14): jugular, xifoideano, umbilical e pubiano (ímpares); acromial, mamilar, ílio-cristal, ílio-espinhal anterior e troncanterion (pares). Altura anterior do tronco Diâmetro bi-acromial Diâmetro transverso do tórax Diâmetro sagital do tórax índice torácico de Godin Diâmetro bi-crista ilíaca Diâmetro bi-trocantérico Perímetro torácico Coeficiente torácico Perímetro do abdome Altura do tórax Altura total do abdome Principais medidas do tronco As principais medidas e índices do tronco estão resumidos na chave seguinte: Figura 5.12 - Pontos antropométricos do tronco Figura 5.13 — Pontos antropométricos do tronco Figura 5.14 - Pontos antropometr ia» do tronco Localização dos pontos antropométricos do tronco Os pontos antropométricos do tronco estão situados: — jugular: no centro da incisura jugular do esterno; — xifoideano: no centro da base do processo xifóide do esterno; — umbil ical: no centro da cicatriz umbil ical; — pubiano: no centro da parte superior da sínfise púbica; — acromial: ponto mais saliente lateralmente, do acrômio da escápula; — mamilar: no centro do mamilo; — ílio-cristal: no local onde a crista ilíaca mais se projeta lateralmente; — ílio espinhal: no local onde a espinha ilíaca ântero-superior mais se projeta anteriormente; — trocanterion: no ponto onde o trocanter maior do fémur mais se afasta lateralmente. Altura anterior do tronco É a distância em projecão (em linha reta) entre o bordo superior do esterno (ponto jugular) e o bordo superior da sínfise púbica (ponto pubiano). Mede-se com o antropômetro estando o indivíduo em pé. Pode ser decomposta em altura anterior do tórax e altura total do abdome. Altura anterior do tórax e sua importância É a distância em linha reta entre a borda superior do esterno (ponto jugular) e a borda superior do apêndice xifóide (ponto xifoideano) (Fig. 5.15). Segundo os estudos de Viola, esta medida permite apreciar o desenvolvimento do tórax em relação ao abdome. Figura 5.15 — Altura do tórax Altura total do abdome É a distância que vai do ponto xifoideano à sínfise púbica (ponto pubiano). Tanto a altura do tórax como a do abdome, mede-se com o antropômetro ou compasso de barras e na posição ereta (Fig. 5.16). Estas medidas quando realizadas na posição deitada sao chamadas compri- mentos ou distâncias. Figura 5.16 — Altura do abdome Diâmetro bi-acromial e seus valores médios É a distância entre os bordos laterais dos acrômios das escápulas, ou pontos acromiais (Figs. 5.13 e 5.17). Seus valores médios sâo: 37 a 44 cm no homem e 34 a 38 cm na mulher. Figura 5.17 — Diâmetro bi-acromial Diâmetros transverso e sagital do tórax e seus valores médios Para a maioria dos autores, estes diâmetros devem ser medidos entre dois pontos situados em um plano transversal ao eixo do tórax, passando pela base do apêndice xifóide, na fase intermediária entre a inspiração e a expiração (Figs. 5.18 e 5.19). O valor médio do diâmetro transverso no homem é 30 cm e do sagital é 20 cm. Na mulher, eles valem cerca de 2 cm menos. Diferenças entre estes diâmetros menores que 5 cm ou maiores que 12 cm, traduzem tórax cilíndrico ou deformado. índice torácico de Godin — A relação entre os diâmetros torácicos fornece o índice torácico de Godin, que permite apreciar a forma do tórax: índice torácico de Godin Figura 5.18 - Diâmetro transverso do tórax Figura 5.19 - Diâmetro sagital do tórax Diâmetro bi-crista ilíaca e seus valores médios É a distância em linha reta entre os pontos mais laterais das cristas ilíacas (ponto ilío-cristal) (Fig. 5.20). Vale, em média, 28 cm no homem e 27 cm na mulher. Diâmetro bi-troncantérico e seu valor médio É a distância máxima, em linha reta, entre os pontos mais laterais dos tro- canteres maiores dos fémures (trochanterion) (Fig. 5.21). Vale 32 cm, em média. Relação entre os diâmetros bi-trocantérico e bi-crista ilíaca Os diâmetros bi-trocantérico e bi-crista ilíaca estão intimamente ligados. O bi-trocantérico vale, em média, 3,5 cm mais que o bi-crista ilíaca. Os estudos de Vague (1953) mostram que, no homem, o diâmetro bi-acromial e os da pelve (bi-crista ilíaca e bi-trocantérico) desenvolvem-se proporcionalmente, enquanto na mulher, a partir da puberdade ocorre um aumento progressivamente maior dos diâmetros da pelve em relação ao bi-acromial. Figura 5.20 — Diâmetro bi-crista Figura 5.21 — Diâmetro bi-trocantérico A relação entre estes diâmetros permitiria avaliar o grau de feminilidade e masculinidade do indivíduo. Tanner (1951) propõe, para esse fim, a seguinte fór- mula: 3 x diâmetro bi-acromial — diâmetro bi-crista Os valores médios para os sexos masculinos e feminino são, respectivamente, 93 ± 5 e 78 ± 5. Valores acima ou abaixo destes indicariam maior ou menor virilidade ou fe- minilidade. Importância dos diâmetros do tronco e instrumentos utilizados para medi-los Os diâmetros, de modo geral, são importantes para avaliar o desenvolvimen- to horizontal do corpo no sentido transversal ou ântero-posterior e sâo obtidos com os compassos de toque ou de pontas rombas. Perímetro torácico É a medida da circunferência do tórax. Pode ser obtido em vários níveis do tórax. Os mais utilizados sâo o perímetro mamilar (ao nível dos mamilos, no homem) e o perímetro xifoideano (ao nível da articulação xifo-esternal). Este último geralmente é 3 cm menor que o mamilar (Fig. 5.22). Figura 5.22 - Perímetro torácico mamilar Técnica para medir os perímetros torácicos Os perímetros torácicos são obtidos ao fim de uma expiração normal. Pode-se também determinar um valor médio realizando duas medidas: uma no fim da ins- piração e outra no fim da expiração. Elasticidade torácica A diferença entre as medidas dos perímetros torácicos depois de uma inspi- ração profunda e uma expiração forçada fornece a chamada elasticidade torácica. Coeficiente torácico. Classificação dos indivíduos de acordo com este parâmetro A medida do perímetro torácico indica o grau de desenvolvimento do tronco. Brugsh classifica o tórax em estreito, médio e largo, relacionando o perímetro torácico com a altura, através do coeficiente torácico: Tórax estreito Coeficiente torácico menor que 51 Tórax médio Coeficiente torácico entre 51 e 56 Tórax largo Coeficiente torácico maior que 56 Alguns fatores que influenciam no valor do perímetro torácico 0 perímetro torácico é geralmente maior no sexo masculino e nos indiví- duos que praticam esporte, especialmente nos fundistas, arremessadores de peso e halterofilistas. Certas doenças diminuem o perímetro torácico enquanto outras como a asma e o enfisema o aumentam. Perímetro do abdome. Instrumento utilizado parase obtê-lo Perímetro do abdome é a medida da circunferência do abdome obtida em um ponto situado à meia distância entre o rebordo costal e a crista ilíaca. A medida dos perímetros do tronco é feita com fita métrica. Utilidade da medida dos perímetros do tronco O perímetro torácico informa sobre o desenvolvimento do tronco em largura e sobre o estado nutritivo do indivíduo. Existe geralmente relação diretamente proporcional entre perímetro torácico e peso. Os perímetros abdominais indicam o grau de adiposidade que o indivíduo possui. No adulto, a diferença entre os perímetros torácico e abdominal deve estar situada em torno de 14 cm. Se esta diferença for maior que 14 cm, indica estado de magresa e se for menor que esse valor, indica obesidade. Semi perímetros Como já vimos, o perímetro é a linha de contorno de uma figura. Semiperímetro é a metade dessa linha, quando traçada sobre um plano transversal a um segmento do corpo. 0 objetivo é comparar uma metade do corpo com a outra para deduzir informações sobre simetrias e assimetrias. Assim, na cabeça e no tronco as metades direita e esquerda são tidas como simétricas, externamente. Ao determinar os semiperímetros desses segmentos corporais, queremos verificar a presença ou ausência de simetria. Não se aplica semiperimetria nos membros, pois no caso destes segmentos, o importante é verificar a simetria entre um membro e outro e não no mesmo lado. Em Educação Física, utilizamos a semiperimetria mais para o tronco e neste, interessa o estudo dos semiperímetros do tórax, onde são mais frequentes os pro- blemas de simetria. A semiperimetria do tórax visa não só detectar assimetrias como também permite acompanhar a evolução de tratamento dessas mesmas assimetrias com o uso de ginástica corretiva. Mede-se os semiperímetros de um lado e de outro do tórax e compara-se as medidas. Para medir os semiperímetros utiliza-se o chamado centímetro simétrico de Rosenthal que nada mais é que uma fita métrica, caracterizada por ter o zero da escala no centro da fita e não em uma das extremidades (fig. 5.22). A fita é gradua- da em milímetros a partir do zero, nos dois sentidos das extremidades. No caso da medida dos semiperímetros do tórax, por exemplo, coloca-se o zero sobre os processos espinhosos da coluna e tracionamos as extremidades da fita até junto à linha média na face anterior do esterno, onde fazemos as leituras. Se as medidas forem iguais dos dois lados, há simetria. Figura 5.22-a — Centímetro simétrico de Rosenthal Ângulo de Louis ou ângulo do esterno É o ângulo entre o corpo e o manúbrio do esterno. É bastante obtuso e seu vértice está voltado anteriormente (fig. 5.23). É facilmente palpado como uma saliência no osso esterno. Sua importância reside no fato de estar situado ao nível da união da segunda cartilagem costal com o esterno. Assim, quando que- remos localizar e saber que costela estamos palpando, por exemplo, é só situar a segunda, por meio do ângulo de Louis e a seguir percorrer as demais até atingir a que nos interessa. Figura 5.23 - Ângulo de Louis, em vista lateral do osso esterno Angulo de Charpy ou ângulo subcostal É o ângulo formado pelas cartilagens da décima, nona, oitava e sétima cos- telas que se unem ao esterno, junto ao processo xifóide (fig. 5.13). Este ângulo tem importância em Biotipologia para classificar os indivíduos em somatótipos. MEDIDAS DOS MEMBROS INTRODUÇÃO Os membros são apêndices destinados à locomoção e preensão. Os membros superiores são também chamados torácicos e os inferiores, abdominais. Os membros superiores na verdade servem não somente para a preensão e o tato mas também para manter o equilíbrio do corpo durante a locomoção. Os membros inferiores sustentam o peso do corpo, tanto em posição está- tica, quanto durante a locomoção. Daí serem mais desenvolvidos que os superio- res. Nos membros são estudados os comprimentos e os perímetros. Antes porém temos que conhecer seus pontos antropométricos. Pontos antropométricos dos membros No membro superior, destacam-se os seguintes pontos antropométricos (fig. 5.24). — Acromial — Já descrito no estudo do tronco — Dactilium - É o ponto mais distai do dedo médio — Dobra do punho — Situado na parte central da prega que se forma quan- do o punho é flexionado. Às vezes o número de pregas que se formam é par. Neste caso, o ponto situa-se entre as duas pregas centrais. — Radial — Situado na extremidade proximal do rádio — Stylion - Situa-se no ápice do processo estilóidedo rádio Figura 5.24 — Pontos antropométricos do membro superior No membro inferior, destacarn-se os seguintes pontos antropométricos (fig. 5.25). — Mio-espinhal anterior- Já descrito no estudo do tronco — Pubiano — Já descrito no estudo do tronco — Tibial — Ponto mais medial da linha interarticular do joelho — Maleolar — Situa-se no maléolo medial Figura 5.25 — Pontos antropométricos do membro inferior Principais medidas e índices dos membros A chave seguinte resume as principais medidas e índices dos membros: Medidas e índices dos membros Comprimento do membro superior índice do comprimento do membro superior Comprimento do braço índice do comprimento do braço Comprimento do antebraço índice do comprimento do antebraço Comprimento do membro inferior índice do comprimento do membro inferior Comprimento da coxa índice do comprimento da coxa Comprimento da perna índice do comprimento da perna Perímetros do braço, antebraço e mão Perímetros da coxa, perna e pé índice ósseo. Comprimento do membro superior É a distância entre o ponto acromial e o dactilium, em linha reta, estando o indivíduo em pé, na posição fundamental (fig. 5.26). O membro superior direito é mais comprido que o esquerdo em mais ou menos 1cm. Figura 5.26 - Cumprimento do membro superior índice do comprimento do membro superior Relacionando esta medida com a altura, obtém-se o índice do comprimento do membro superior que é dado pela fórmula: Classificação dos indivíduos através do índice do comprimento do membro superior Através deste índice, classificam-se os indivíduos em: Membro superior curto até 44,9 Membro superior médio de 45 a 46,9 Membro superior longo maior que 47 Na raça negra, predomina o membro superior longo, enquanto nas raças branca e amarela, o membro superior curto. No sexo feminino, em geral, o comprimento do membro superior é 1cm menor que no masculino. Comprimento do braço O comprimento do braço ó a distância em projeção entre os pontos acromial e radial (fig. 5.27) O índice do comprimento do braço é obtido, utilizando a fórmula: De acordo com este índice, classificam-se os indivíduos em: Braço curto até 18,9 Braço médio de 19 a 19,9 Braço longo maior que 19,9 Figura 5.27 - Comprimento do braço Comprimento do antebraço É a distância em linha reta entre os pontos radial e stylion (fig. 5.28) Figura 5.28 — Comprimento do antebraço 0 índice do comprimento do antebraço obtém-se pela fórmula: índice do comprimento do antebraço Classif icam-se os indivíduos, de acordo com este índice, em: Antebraço curto até 14,9 Antebraço médio de 15,0 a 15,9 Antebraço longo maior que 15,9 Comprimento da mão É a distância em linha reta, entre o stylion e o dactilium Comprimento do membro inferior É a distância em linha reta, que vai do bordo superior da cabeça do fémur, até um plano que passa pela planta do pé. Esta medida nâb pode ser obtida direta- mente pois o bordo superior da cabeça do fémur não é acessível. Por esse motivo, utilizam-se pontos de reparo que fornecem a medida aproximada do comprimento do membro inferior. Estes pontos de reparo são: a espinha ilíaca ântero-superior e
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