Buscar

Declaração de Santa Fé de Bogotá.

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO 
GABINETE DO MINISTRO 
 
REUNIÃO DOS MINISTROS 
DE EDUCAÇÃO DOS PAÍSES 
IBERO-AMERICANOS 
NA COLÔMBIA 
HEDIM CÉSPEDES 
Ministro da Educação da Bolívia 
MURÍLIO HINGEL 
Ministro da Educação e do Desporto 
CARLOS HOLMES TRÚJILLO GARCIA 
Ministro da Educação da Colômbia 
EDUARDO PENA TRIVIÑO 
Ministro da Educação do Equador 
ALBERTO VARILLAS MONTENEGRO 
Ministro da Educação do Peru 
PEDRO BEAUPERTHUY Ministro 
da Educação da Venezuela 
 
• Reconhecem: o significativo avanço realizado pelos 
países ibero-americanos no desenvolvimento de 
processos de desconcentração, descentralização ou 
ambos, mediante instrumentos estabelecidos em 
função da realidade de cada um deles. 
• Concordam somar-se às comemorações que em hon-
ra de Tiradentes realiza a Nação brasileira e reco-
menda que nos manuais escolares dos países ibero-
americanos se ressalte sua figura e seu exemplo. 
• Retomam o projeto da Universidade do Amazonas-
UNAMAZ. 
"É certo que a enorme tradição centralizadora, 
herança do processo colonizatório, sempre se 
colocou como um forte obstáculo às tentativas 
inovadoras de descentralização educativa". 
Ministro da Educação e do Desporto 
Prof. Murílio Hingel 
Sumário 
DISCURSO DO MINISTRO 
MURÍLIO HINGEL............................................ 9 
DECLARAÇÃO DE SANTA FE DE 
BOGOTÁ SOBRE DESCENTRALIZAÇÃO 
DA EDUCAÇÃO ................................................19 
MOÇÕES DA II CONFERÊNCIA IBERO- 
AMERICANA SOBRE TIRADENTES..............25 
ATA DA REUNIÃO INFORMAL SOBRE 
COOPERAÇÃO ENTRE PAÍSES 
AMAZÔNICOS .................................................27 
Discurso 
A DESCENTRALI-
ZAÇÃO EDUCA-
TIVA NO BRASIL 
Ministro Murílio Hingel 
O Brasil aspira a um sistema descentralizado de 
educação desde a primeira metade do século XIX. Es-
sa aspiração, em sucessivos movimentos de avanços e 
recuos, foi ganhando forças até atingir o estágio atual 
de irreversibilidade. A dimensão continental do país e 
a sua diversidade econômica e cultural apontaram e 
apontam insistentemente para a instauração de uma 
pedagogia da diferença. 
E certo que a enorme tradição centralizadora, he-
rança do processo colonizatório, sempre se colocou 
como um forte obstáculo às tentativas inovadoras de 
descentralização educativa. Esta herança concorreu de 
forma acentuada para o fortalecimento do poder cen-
tral e de práticas de clientelismo político. 
Apesar dos obstáculos, que historicamente surgi-
ram para a formação de uma progressiva consciência 
da necessidade de maior comprometimento das bases 
locais na luta por patamares mínimos de desenvolvi-
mento social, o país foi gradativamente incorporando 
avanços no plano político-administrativo em termos de 
maior autonomia aos estados e municípios na condu-
ção e execução de políticas públicas de desenvolvi-
mento. 
No caso da área educacional, tanto a Constitui-
ção Federal de 1934 quanto a de 1946, como também 
as Leis números 4.024/61 e 5.692/71. deram importan- 
 
 
tes passos, não só em termos pedagógicos como tam-
bém administrativos, no fortalecimento do papel dos 
estados e municípios. Todavia, caberia à Constituição 
Federal de 1988, que teve trajetória bem sucedida de 
ampla participação da sociedade civil, em sua elabora-
ção, registrar avanços no plano do financiamento da 
educação. A partir de sua promulgação, estados e mu-
nicípios passaram a contar com maior aporte de recur-
sos. Além disso, a Constituição de 1988 explicitou 
mais claramente a função educativa do município, de-
terminando de forma prioritária a sua atuação no ensi-
no fundamental e na educação pré-escolar. 
"A decisão política de reformar o Estado, 
diminuir seu tamanho e aumentar sua 
eficiência, são perspectivas concretas em 
direção à descentralização da educação. A 
descentralização que se busca precisa tornar 
as escolas e os órgãos regionais de ensino os 
verdadeiros centros de decisão." 
Decorridos quatro anos desse diploma legal, os 
seus efeitos no campo educacional já são visíveis atra-
vés de inúmeros exemplos de iniciativas inovadoras 
que se verificam hoje no município brasileiro. Pode-se 
mesmo afirmar que a reforma educacional brasileira 
está se iniciando pelos municípios. Experiências de 
gestão educacional, de organização de cooperativas de 
pais e/ou de professores, de ciclos básicos de alfabeti-
zação para superar o problema crônico da repetência, 
de atenção integral à criança mediante projetos inte-
grados de saúde, educação, alimentação, esporte, cul-
tura.... com mobilização das comunidades para a parti-
cipação, e tantas outras iniciativas, estão em curso 
hoje nos municípios brasileiros. 
 
O estágio atual de descentralização educativa no 
Brasil se promissor por um lado, por outro, apresenta 
ainda uma longa trajetória a percorrer. A tradição cen-
tralizadora do Estado brasileiro é ainda muito forte, 
existindo uma complexa burocracia que emperra e 
compromete a qualidade da administração pública da 
educação. Embora seja crescente a consciência política 
sobre a importância de conferir maior autonomia às 
instâncias que executam a política educacional des-
centralização e desconcentração ainda se confundem 
em muitos casos no Brasil. 
No entanto, a decisão política de reformar o Es-
tado brasileiro, diminuir seu tamanho e aumentar sua 
eficiência são perspectivas concretas em direção a um 
novo cenário de descentralização no campo da educa-
ção. A descentralização que se busca como já obser-
vou uma estudiosa da educação brasileira, "precisa 
sair da retórica dos discursos para efetivamente tornar 
as escolas e os órgãos regionais de ensino - estaduais 
e municipais - os verdadeiros centros da decisão, com 
autonomia orçamentária, pedagógica e administrativa. 
observadas as diretrizes gerais de uma política educa-
cional flexível, que reconheça a diversidade nos pon-
tos de partida e assegure a equidade nos pontos de 
chegada. Descentralizar enfim significa, trocando em 
miúdos, delegar decisão e competência, garantir recur-
sos e autonomia e cobrar a responsabilidade avaliando 
os resultados" (1). 
Isto não significa, contudo, diminuição da res-
ponsabilidade do Governo Federal. Ao contrário, pela 
primeira vez na história da educação brasileira, o Go-
verno chama a si a tarefa maior de liderar o processo 
de construção da cidadania brasileira pela adoção de 
políticas efetivas de atenção integral à criança e aos 
adolescentes, e de transferência de recursos financei- 
 
ros destinados aos programas de alimentação escolar e 
de capacitação de recursos humanos, entre outros. O 
que se tem em vista, no período que se inicia, com 
amplo respaldo da opinião pública e dos poderes Le-
gislativo e Judiciário, é a necessidade, que tende a se 
concretizar, de uma responsabilidade compartilhada 
entre a União, os estados, o Distrito Federal e os mu-
nicípios, com forte participação da sociedade civil, em 
combate organizado e substantivo à crise crônica que 
assola a educação básica brasileira, representada por 
alarmantes índices de repetência e de fracasso escolar: 
de 1.000 crianças que ingressam na 1ª série do ensino 
fundamental obrigatório de 8 anos, apenas 45 chegam 
ao fim dessa etapa mínima sem nenhuma repetência. 
"A descentralização só produzirá seus efeitos 
plenos tendo, por princípio, a prática de uma 
democracia participativa. A política de 
educação básica procura mobilizar a 
comunidade para uma participação que tenha 
desdobramentos importantes, como definir as 
metas da escola e fiscalizar a aplicação dos 
recursos públicos. 
Dessa forma, a descentralização que se busca não 
representa um fim em si mesma, mas uma estratégia de 
articular as três esferas de governo - federal, estadual 
e municipal - na formulação
das políticas de educação 
e na distribuição de competências e responsabilidades. 
Neste novo paradigma, a sociedade civil tem um papel 
fundamental a cumprir. Quanto mais ela participar e 
exigir dos poderes públicos equidade e qualidade da 
educação básica, tanto mais se apressará a edificação 
de um sistema educacional capaz de assegurar à crian-
ça a atenção integral que ela necessita como direito 
natural à conquista de uma cidadania plena. 
 
A Declaração de Guadalajara. reafirmada pela 
Declaração de Guadalupe de que "la contribución al 
fortalecimiento de la democracia en nuestra región" se 
debe vincular con el compromiso para conseguir "el 
acceso general a servidos mínimos en las áreas de sa-
lud. nutrición, vivienda, educación y seguridad", re-
presenta hoje um compromisso público do Governo 
brasileiro, tanto no plano interno, com o objetivo de 
garantir padrões mínimos de qualidade de vida, quanto 
no externo, em respeito aos compromissos internacio-
nais reafirmados. 
É preciso ter presente, no entanto, que a descen-
tralização só produzirá seus efeitos plenos, se ela se 
instaurar, tendo, por princípio norteador de sua confi-
guração operacional, a prática de uma democracia par-
ticipativa. Sob esse aspecto, a política brasileira de 
educação básica procura e tem procurado, por vários 
meios e estratégias, mobilizar a comunidade para a 
participação, seja através do estímulo à generalização 
dos conselhos municipais de Educação, seja pelo for-
talecimento da autonomia da escola com a participação 
de novos atores sociais. Não somente a comunidade de 
pais. como também de outros segmentos, inclusive dos 
setores produtivos. Não se trata mais de buscar uma 
participação camuflada, mas uma participação que te-
nha desdobramentos importantes, como ajudar a defi-
nir as metas da escola e de seu projeto pedagógico e 
fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. 
A descentralização educativa complementa-se 
com um promissor movimento em prol de maior grau 
de autonomia da instituição escolar. Alguns estados e 
municípios já executam projetos concretos nesta dire-
ção. Esta nova tendência possui uma enorme força 
inovadora. Parte-se da premissa de que a qualidade de 
oferta dos serviços públicos de educação requer uma 
 
escola que tenha condições mínimas de elaborar e exe-
cutar o seu projeto pedagógico, sem precisar submeter 
o cotidiano da vida escolar a instâncias superiores da 
burocracia educacional. O maior grau de autonomia 
que começa a ser praticado é de natureza pedagógica e 
financeira, condição considerada importante para que a 
escola amplie a sua liderança e o seu compromisso 
com a comunidade. 
O Governo Federal, através do Ministério da 
Educação e do Desporto, tem procurado estimular es-
ses tipos de inovações, nos estados e nos municípios. 
Não somente incentivar, como também, acompanhar. 
avaliar e difundir as iniciativas inovadoras que estão 
em curso. 
"A descentralização supõe uma política 
equitativa de financiamento. Uma equidade 
entre os estados; nestes, entre os municípios; e 
nos municípios, entre as comunidades. Tudo 
isso tendo em vista a equidade entre as 
escolas. Não faz mais sentido uma democracia 
só do acesso à escola. Precisamos de uma 
democracia da qualidade." 
A avaliação de resultados tem importância deci-
siva num sistema descentralizado de educação. Esta é 
uma tarefa que deve estar centralizada no Estado, não 
necessariamente em sua execução, mas sobretudo em 
sua coordenação e financiamento. Esta avaliação terá 
de ser pública. A comunidade precisa conhecer a qua-
lidade dos serviços educacionais. Conhecer, discutir e 
contribuir para a solução dos problemas diagnostica-
dos. O Ministério da Educação e do Desporto do Bra-
sil está estruturando um sistema nacional de avaliação. 
através do apoio a centros de excelência e centros 
emergentes, públicos e privados. 
 
A descentralização supõe, ainda, uma política 
equitativa de financiamento da educação. Uma equida-
de entre os estados: nestes, entre os municípios: e nos 
municípios, entre as comunidades. Tudo isso tendo em 
vista atingir a equidade entre as escolas, que cosntitui 
um dos objetivos maiores da política de educação. A 
descentralização educativa é imprescindível na busca 
dessa equidade. Não se pode mais ignorar o fato de 
que uma comunidade de periferia precisa também de 
uma escola de qualidade. Não faz mais sentido uma 
democracia só do acesso à escola. Precisamos hoje. e 
com a maior urgência, de uma democracia da qualida-
de. de forma a oferecer a todas as crianças uma opor-
tunidade digna de aquisição organizada de conheci-
mentos considerados imprenscindíveis ao processo de 
modernização de que tanto se fala. 
"Uma descentralização efetiva ensejará 
melhores oportunidades de levar para o 
currículo manifestações da cultura regional. É 
importante admitir um certo grau de 
regionalização curricular com o objetivo de 
não se perder a identidade na diversidade que 
se amplia." 
Modernizar em educação é colocar ao alcance de 
todas as crianças os conhecimentos e condições indis-
pensáveis à busca de uma cidadania plena, nas dimen-
sões individual e social. Não se pode reduzir a moder-
nização a uma racionalidade instrumental e, por con-
seguinte, parcial. A verdadeira modernidade supõe 
uma lógica integral, uma concepção de totalidade da 
vida humana, sem o que. corre-se o risco de mutilar 
valores básicos, tanto no plano nacional quanto no ci-
vilizatório. Daí a importância que assume o princípio 
 
da atenção integral à crianças e adolescentes a ser ofe-
recida por serviços integrados de defesa de direitos, 
promoção da saúde, creche, pré-escola, escola, esporte 
e lazer, cultura e educação para o trabalho, apoiados 
em ações complementares de alimentação, teleducação 
e gestão participativa. Assim, a atenção integral supõe 
alternativas tais como a construção de espaços físicos 
integrados (sempre que a demanda de serviços sociais 
o justifique), a ampliação e adequação de espaços físi-
cos pré-existentes ou, ainda, a articulação de serviços 
isolados existentes em determinada comunidade. 
A ação do Ministério da Educação e do Desporto 
no Brasil, incluindo também os níveis e graus ulterio-
res, orienta-se no sentido da descentralização e na di-
reção da integração de esforços e recursos, sustentan-
do-se fortemente em recursos humanos capacitados e 
qualificados - os educadores. 
Numa discussão dos processos de descentraliza-
ção, não pode deixar de ser mencionado, ainda, o pro-
blema da identidade cultural. Uma descentralização 
efetiva ensejará melhores oportunidades de levar para 
o âmbito do planejamento curricular manifestações 
próprias da cultura regional. Se isto é desejável, por 
um lado, por outro, a observação de Casassus. um es-
pecialista da UNESCO, é importante. Afirma este es-
tudioso que o currículo local não conduz nem à unidade 
nacional, nem ao acesso aos conhecimentos universais 
relacionados ao desenvolvimento da ciência. Pelo 
contrário, tende a limitar a mobilidade do educando, 
fixando-o em sua cultura local. A multiplicação de 
programas locais exige uma articulação com o progra-
ma nacional, em proporções a serem determinadas (2). 
Posto isso, é importante admitir um certo grau de re-
gionalização curricular com o objetivo de não se per-
der a identidade na diversidade que se amplia. Esta te- 
 
se é também válida no plano civilizatório. Como dizia 
Fernando de Azevedo, os fins da educação devem ser 
também determinados a partir de uma ótica civilizató-
ria. no caso, a civilização latina. 
Por último, uma reflexão se impõe. Ela surge de 
uma indagação: o que se pode esperar da descentrali-
zação educativa? Esta pergunta deverá estar presente 
nas nossas discussões. Certamente que, para os diver-
sos cenários educacionais
presentes à Conferência da 
OEI, as respostas poderão variar. Entretanto, alguns 
pontos comuns parecem destacar, sobretudo os que, di-
retamente, se relacionam com o fato de que, sem uma 
educação básica de qualidade, o processo de moderni-
zação. tanto social quanto econômica, estará compro-
metido. Espera-se da descentralização uma contribui-
ção decisiva para esse novo cenário em construção. 
(1) Guiomar Namo de Mello. Social democra-
cia e educação. S. Paulo. Cortez/A. Associados, 
1990. 2ª ed. pág. 76. 
(2) Juan Casassus. Descentralização e des-
concentração dos sistemas educacionais na 
América Latina: fundamentos e critica. Cadernos 
de Pesquisa, número 74. S. Paulo. F. C. Chagas. 1990. 
pág. 18. 
 
CONSIDERANDO: 
RECONHECEM: 
Declaração de 
Santa Fe de Bogotá sobre 
Descentralização da Educação 
Os Ministros de Educação e Chefes de Delega-
ção dos países Ibero-Americanos, reunidos na II Con-
ferência Ibero-Americana de Educação convocada pelo 
Ministério da Educação da Colômbia e a Organização 
dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a 
Ciência e a Cultura, celebrada em Santa Fe de Bogotá. 
Colômbia, nos dias 4 a 6 de novembro de 1992. 
As ações destinadas a incrementar a cooperação 
ibero-americana para modernização das administrações 
educativas mediante programas de "descentralização 
educativa", definidas na Conferência Ibero-Americana 
de Ministros de Educação realizada em Guadalupe 
(Espanha) entre 19 a 21 de junho de 1992. 
O compromisso com a democracia e a necessida-
de de buscar um desenvolvimento equilibrado e justo 
com benefícios que alcancem a todos, ratificado pelos 
Chefes de Estado e de Governo na Segunda Reunião 
de Cúpula Ibero-Americana, reunida em Madrid nos 
dias 23 e 24 de julho de 1992. 
O significativo avanço realizado pelos países ibe-
ro-americanos no desenvolvimento de processos de 
desconcentração, descentralização ou ambos, mediante 
instrumentos estabelecidos em função da realidade de 
cada um deles. 
 
MANIFESTAM: 
A responsabilidade que corresponde à educação 
na consolidação da democracia, na integração das co-
munidades e no aprimoramento social, político e eco-
nômico dos povos. 
A intenção de melhorar as estruturas e procedi-
mentos das adminstrações educativas com o fim de 
conseguir uma maior eficácia e eficiência na gestão e 
uma efetiva participação das sociedades na educação. 
Ambos os objetivos são premissas indispensáveis para 
elevar os níveis de qualidade da educação em todos os 
seus aspectos. 
A necessidade de manter e fortalecer a vontade 
de cooperação entre os países ibero-americanos para 
enfrentar solidariamente as inovações que os sistemas 
educativos requerem. 
A validade dos princípios fundamentais da con-
centração e descentralização, sem que esses processos 
constituam modelos ideais de organização para sua 
aplicação generalizada. Nesse sentido, as opções ado-
tadas por alguns países não constituem modelos trans-
feríveis mecanicamente a contextos distintos. 
Todo o processo de desconcentração e descen-
tralização requer uma adequação no montante, distri-
buição e aplicação dos recursos que se destinam à 
educação. 
A firme decisão de avançar nos processos de 
desconcentração e descentralização, para lograr incre-
mentos quantitativos e qualitativos, através de enten-
dimentos entre os distintos agentes sociais. 
Que, paralelamente ao processo de descentraliza-
ção, se devem fortalecer os mecanismos de articulação 
 
 
e coordenação que garantem a unidade nacional, e de 
seu sistema educativo assim como a igualdade de 
oportunidades e possibilidades. 
O interesse por modernizar os sistemas de gestão 
da educação em suas diferentes estruturas, modalida-
des e níveis. 
A intenção de implantar estratégias para a efetiva 
vinculação das comunidades, de acordo com as carac-
terísticas específicas de cada país, para a identificação 
dos problemas e a busca de soluções com suas neces-
sidades e aspirações. 
A necessidade de adotar e reforçar metodologias 
participativas nos distintos aspectos da gestão educati-
va. 
A desconcentração e descentralização devem 
constituir instrumentos para a equidade e qualidade na 
prestação do serviço educativo. 
A importância de formular programas de racio-
nalização de recursos de todo tipo que façam possível 
sua ótima utilização. Igualmente, deve-se estimular a 
participação regional e local no financiamento dos ser-
viços educativos. 
A conveniência de incrementar recursos técnicos 
e financeiros para estabelecer, consolidar e coordenar 
sistemas de informação, que facilitem a tomada de de-
cisões em todas as instâncias políticas e técnico-admi-
nistrativas. 
A necessidade de identificar e consolidar meca-
nismos de coordenação inter-setorial com o objetivo de 
promover planos integrais de desenvolvimento, que 
 
otimizem os recursos e incorporem ações para o me-
lhoramento da qualidade de vida. 
O processo de descentralização para ser completo 
requer o fortalecimento da instituição escolar, no sen-
tido de dispor das condições que lhe permitam o de-
senvolvimento de seu projeto pedagógico. 
RECOMENDAM À 
SECRETARIA-
GERAL DA OEI: 
* Assumir e implementar todas as recomendações 
formuladas nas reuniões sub-regionais de consulta so-
bre o tema, realizadas até o presente. 
* Facilitar a cooperação bilateral e multilateral 
entre os países dessa área, promovendo o intercâmbio 
de informações e experiências. 
* Dar assistência e cooperação para a evolução e 
o seguimento sistemático dos processos de desconcen-
tração e descentralização e de outros aspectos do pro-
cesso educativo, relacionados com os mesmos que 
realizam os Estados Membros. 
* Propiciar a organização de atividades para a 
formação, capacitação e atualização de funcionários e 
especialistas em administração da educação nos pro-
cessos de descentralização e desconcentração educati-
va. 
* Colaborar na busca de financiamento e apoio 
técnico de diferentes organismos internacionais, agên-
cias de cooperação e governos para os países dessa 
área que implementam processos de desconcentração e 
descentralização educativa. 
* Coordenar com outros organismos internacio-
nais e intergovernamentais ações de cooperação em 
matéria de desconcentração e descentralização. 
 
* Criar um banco de informações documental e 
bibliográfico sobre o tema da desconcentração e des-
centralização à disposição dos países Ibero-America-
nos. 
* Realizar reuniões técnicas e ministeriais cen-
tradas na apresentação e análise de planos, programas, 
projetos e atividades que demonstrem os esforços por 
desconcentrar e descentralizar a sua incidência no 
melhoramento da qualidade da educação. 
 
Moções da II Conferência 
Ibero -Americana sobre 
Tiradentes 
Considerando a exemplar união e a identidade histó-
rica verificada desde sempre entre os povos ibero-ame-
rícanos; 
Considerando que o estudo da história deve consti-
tuir-se em fator de união e de integração entre os po-
vos; 
Considerando que Joaquim José da Silva Xavier 
(vulgarmente conhecido por "Tiradentes") é uma figura 
preponderante na tomada de consciência da impor-
tância da educação como forma de progresso e desen-
volvimento dos povos; 
Considerando seu papel destacado de representante 
dos ideais de ilustração que teve "Tiradentes" entre os 
povos da língua portuguesa; 
Considerando a importância de "Tiradentes" no pro-
cesso da emancipação americana; 
* Concorda somar-se às comemorações que em honra 
de "Tiradentes" realiza a Nação brasileira e recomen-
da que nos manuais escolares dos países ibero-ameri-
canos se ressalte sua figura e seu exemplo. 
 
Ata da Reunião Informal sobre 
Cooperação entre Países 
Amazônicos 
Os Ministros de Educação dos Países Signatários do 
Tratado
de Cooperação Amazônica, presentes à Se-
gunda Conferência Ibero-Americana de Educação, 
realizada em Santafé de Bogotá entre os dias 3 e 6 de 
novembro de 1992, reuniram-se para intercambiar 
pontos de vista sobre a cooperação em matéria educa-
tiva na região amazônica. 
Os Ministros de Educação coincidiram em assinalar a 
relevância das culturas autóctones e dos ecossistemas 
amazônicos do ponto de vista da sua diversidade bio-
lógica, bem como na necessidade de conservá-los e 
desenvolvê-los. 
Assinalaram, igualmente, a importância da Associação 
de Universidades Amazônicas-UNAMAZ como enti-
dade que tem permitido a intensificação dos contatos 
entre as instituições de ensino e pesquisa e o desen-
volvimento dos recursos humanos nas universidades e 
institutos de pesquisa da região amazônica. 
Nesse sentido, expressaram a conveniência de se estu-
dar a criação, no âmbito do Tratado de Cooperação 
Amazônica, de uma Comissão Especial de Educação, a 
exemplo das que já existem em outras áreas (Meio 
Ambiente, Ciência e Tecnologia, Saúde, Turismo, As-
suntos Indígenas, Transportes, Comunicações e Infra-
Estrutura), iniciativa que será submetida às instâncias 
competentes. 
 
Os Ministros de Educação manifestaram seu interesse 
para que se desenvolva um sistema de bolsas de estudo 
no nível de pós-graduação, que inclua o intercâmbio 
de docentes e pesquisadores dos países amazônicos. 
Concordaram em continuar apoiando a UNAMAZ na 
criação de programas destinados a capacitar e a formar 
professores de espanhol e de português, sem prejuízo 
do desenvolvimento das línguas nativas. Manifestaram, 
ademais, seu interesse na realização de estudos e pes-
quisas de caráter multinacional, prioritariamente nas 
áreas de história, geografia, antropologia, linguística. 
literatura e ecologia amazônicas. 
Santa Fe de Bogotá, 5 de novembro de 1992.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando