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Sobre o Artigo 111 do CTN 
Para Sacha Calmon Navarro Coelho, a interpretação literal não é interpretação mesquinha 
ou meramente gramatical, mas, sim, interpretação estrita sem utilização de interpretação 
extensiva. As exceções devem ser compreendidas com extrema rigidez. 
O elemento literal é absolutamente insuficiente, já o afirmamos. A regra do Artigo 111 há 
de ser entendida, consoante ensina Hugo de Brito Machado, no sentido de que as normas 
reguladoras das matérias ali mencionadas não comportam interpretação ampliativa nem 
integração por equidade. Sendo possível mais de uma interpretação, razoáveis e ajustadas 
aos elementos sistemático e teleológico, deve prevalecer aquela que mais se aproximar do 
elemento literal. 
Para Ricardo Lobo Torres, a interpretação literal é um limite para atividade do intérprete, ou 
seja, tendo por início o texto do direito positivo o intérprete encontra o seu limite no sentido 
possível daquela expressão linguística. Ir além do sentido possível das palavras da lei, é 
adentrar o intérprete no campo da integração e da complementação do direito. O que o 
CTN está no Artigo 111, é impedindo o uso de analogia e equidade ao prescrever a 
interpretação literal para as isenções, homenageando assim o princípio da legalidade. 
Ricardo Lobo Torres, porém, admite que a interpretação literal é vista pela doutrina com o 
sentido de uma interpretação restritiva. 
No julgamento do REsp 251-257 (20/10/2004). IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS EM NAVIO 
DE BANDEIRA BRASILEIRA. A relatora, ministra ELIANA CALMON, lembrou que, para 
proteger o transporte marítimo nacional, o Decreto-Lei 666/69 veio instituir uma espécie de 
reserva de mercado para os navios de bandeira brasileira, oferecendo aos seus usuários 
favor fiscal consubstanciado na isenção do IPI. 
Entretanto, afirmou a ministra, não pôde o legislador, mesmo naquela época, esquecer 
uma situação que, passados mais de 30 anos, ainda não se alterou, que é a insuficiência 
de navios de bandeira nacional. 
"Por isso mesmo, o referido decreto-lei contemplou algumas exceções, dentre elas, a 
utilização de navios estrangeiros sob a forma de afretamento, exigindo o mesmo diploma, 
que a exceção fosse adredemente autorizada, por ser medida excepcional". 
A ministra Eliana Calmon ressaltou que a jurisprudência do STJ é rica em precedentes, 
todos no sentido de só contemplar o benefício para as mercadorias transportadas em 
navios de bandeira brasileira. 
"Entendo que a hipótese não comporta interpretação extensiva por duas razões: primeiro, 
estamos diante de uma norma isencional, a qual deve ter interpretação literal, como 
estabelecido está no artigo 111, I, do CTN; segundo, a utilização de transporte por navio 
afretado é regra do DL 666/69, de caráter excepcional".